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Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 90 CONDUTOS LIVRES Seção Transversal Ao contrário dos condutos forçados (encanamento), no qual a seção transversal é sempre circular, a forma da seção do conduto livre (canal) é escolhida pelo projetista, atendendo ao fator econômico, e tendo em vista a finalidade e as condições do local onde será construído o canal. Sob o ponto de vista construtivo podemos dividir os canais em dois grupos: 1º) canais a céu aberto ou, simplesmente, abertos; 2º) canais subterrâneos. CANAIS A CÉU ABERTO São os canais construídos na superfície da terra ou montados com calhas pré- fabricadas, destinados à condução d'água de um modo geral - adução, drenagem, irrigação, etc. As seções adotadas, ordinariamente, são de forma trapezoidal, retangular, semi-circular ou composta. Seções Trapezoidal e Retangular - Os canais abertos em terra, sem revestimentos nas paredes são, em geral, trapezoidais isósceles, com fundo horizontal. Os taludes das paredes laterais dependem da natureza do terreno e são fixados tendo em vista a estabilidade das margens. De acordo com os elementos da Mecânica dos Solos sabemos que a inclinação do talude deve ser inferior ao angulo de atrito do terreno. A tabela abaixo indica os taludes usuais (máximos). Natureza das paredes tg Terra em geral 22º a 11º 1:2,5 a 1:5 Saibro 26º50' 1:2 Terra compacta 33º 1:15 Terra muito compacta 39º 1:125 Rocha estratificada 63º 1:05 Rocha compacta 90º 1:0 Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 91 Como veremos oportunamente a seção trapezoidal deverá ser tão próxima quanto possível do semi-hexágono regular. Os canais abertos em rocha ou construídos com alvenaria de pedra ou de concreto podem ser retangulares e, como estudaremos posteriormente, devem funcionar com o tirante d’água igual à metade da largura. Os canais trapezoidais também podem ser revestidos, sendo esta forma adequada para o revestimento com cascalho ou lajotas de pedra ou de cimento. Seção semicircular Esta forma é adotada nas calhas pré-fabricadas de aço ou de concreto, ou de madeira, empregadas em obras de arte por imposição do traçado do canal, como travessia de vales ou de regiões pantanosas. Seções compostas Nos canais destinados ao esgotamento de águas pluviais a descarga sofre grandes variações, sendo reduzida no período de estiagem. Para atender a variação da descarga adotam-se as seções compostas, com fundo estreito para manter uma velocidade mínima na estiagem, capaz de arrastar as matérias sólidas. As seções compostas mais empregadas têm fundo circular e são revestidas de alvenaria de pedra ou de concreto. CANAIS SUBTERRÂNEOS Os canais subterrâneos são empregados em esgotos de águas servidas ou pluviais e devem resistir à sobrecarga das camadas superiores. Para descargas não muito elevadas empregam-se com freqüência tubos circulares pré-fabricados de concreto ou de grês vidrado, no caso de águas poluídas. Máx. Mín. Máx. Mín. Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 92 A seção circular atende razoavelmente à variação da descarga, mantendo uma velocidade mínima de modo a evitar a deposição de matérias sólidas por ocasião das pequenas descargas. Quando, entretanto, a descarga é muito grande constroem-se galerias subterrâneas, em alvenaria ou concreto, com seção composta por arcos de circunferência, elipse ou ovóide, como indicam sumariamente as figuras abaixo: Traçado Longitudinal Nos condutos livres a linha piezométrica coincide com a superfície livre. A grande limitação imposta ao traçado do perfil dos condutos livres, sempre em declive no sentido do escoamento, obriga muitas vezes a onerosos movimentos de terra com grandes cortes e aterros ou obras de arte. DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADE A resistência de superfície oferecida pelas paredes e pelo fundo, do canal reduz a velocidade junto ao contorno da seção, enquanto a velocidade na superfície livre é influenciada pela resistência da atmosfera e, também, pelos ventos. Assim a distribuição da velocidade nos canais apresenta-se mais irregular do que nos condutos forçados. g v 2 2 L. Energética L. Piezométrica Sup. Livre Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 93 Denomina-se “isótaca” a curva característica do lugar geométrico dos pontos de mesma velocidade. Estudos feitos pelo U.S.Geologlcal Survey indicam que a velocidade máxima ocorre aproximadamente a dois décimos da profundidade e a velocidade média do escoamento é aproximadamente igual à velocidade em um ponto situado a seis décimos da profundidade da seção média do canal. LIMITAÇÕES DE VELOCIDADE A velocidade média nos canais é limitada pelas condições impostas pela sua finalidade ou pela manutenção. O limite máximo é fixado de modo a impedir a erosão do fundo e das margens do canal e depende da natureza do terreno ou do material de revestimento. Sempre que os demais fatores permitirem, o canal deverá ser projetado para funcionar com a velocidade (média) máxima compatível, a fim de se obter os mínimos de área de escavação e de perímetro revestido. Abaixo indicamos sumariamente os limites máximos de velocidade para os diversos tipos de parede. Material das paredes Veloc. Máxima (m/seg) Terreno arenoso .......................................................0.30 Saibro .................................................................... 0.40 Aglomerados consistentes ......................................... 2.00 Alvenaria ................................................................ 2,50 Rocha compacta ...................................................... 4,00 Revestimento de concreto ......................................... 4,50 O limite mínimo da velocidade média é estabelecido para evitar o assoreamento do canal e seu valor depende das matérias sólidas em suspensão. Material em suspensão Veloc. Mínima (m/seg) Lodo ........................................................................ 0,15 Areia fina ................................................................. 0,20 Areia média .............................................................. 0,30 Areia grossa ............................................................. 0,55 Dejetos (esgoto) ....................................................... 0,60 Aluvião..................................................................... 1,00 (a) (b) (1) (a) Vmáx Vméd 0,2H 0,6H H Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 94 A finalidade a que se destina o canal impõe limitações à velocidade cujos valores foram recomendados pela observação de obras em funcionamento com êxito há longos anos. Atendendo à finalidade recomendam-se os seguintes limites para a velocidade média: FinalidadeVel. Limite (m/s) Navegação, sem revestimento............................................. até 0,50 Geral, sem revestimento .................................................. 0,40 a 0,80 Esgoto ........................................................................... 0,60 a 1,50 Como veremos, a declividade é função da velocidade e de outras características do canal, assim as limitações à velocidade impõem limites à declividade. CARACTERÍSTICAS DA SEÇÃO TRANSVERSAL Consideremos uma seção transversal qualquer, por exemplo, a de forma trapezoidal indicada na figura. Definem-se as seguintes grandezas características da seção transversal: Área molhada A - é a área da seção transversal ocupada pelo líquido; no caso, A é a área do trapézio ABCDA. Perímetro molhado P - é a medida do contorno do líquido junto às paredes laterais e o fundo; no exemplo, P é o comprimento da poligonal ABCD, isto é: O perímetro molhado é o perímetro da seção molhada descontado da largura da superfície livre. Raio Hidráulico ou “raio médio” é, por definição, a relação entre a área molhada e o perímetro molhado. O raio hidráulico é homogêneo a um comprimento. Tirante – é a cota do nível de água referido ao ponto mais baixo da seção transversal. CDBCABP y A D B C P A R Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 95 Declividade do fundo S0 – ou “declividade piezométrica" ou simplesmente “declividade" é a tangente do ângulo formado pelo eixo do fundo do canal, com o plano horizontal. No movimento permanente e uniforme, a superfície livre é paralela ao fundo do canal. Como a linha piezométrica nos condutos livres coincide com a superfície livre, confundem-se a declividade do fundo e a declividade piezométrica. No movimento variado, entretanto, é necessário distinguir a declividade do fundo e a linha piezométrica. Na prática a declividade é relativamente pequena, em geral é inferior a 10º, o que permite medir indistintamente o tirante d’água segundo a vertical ou a normal ao fundo, com erro compatível com a precisão oferecida pelo cálculo. EQUAÇÃO FUNDAMENTAL Em 1775, Chezy estabeleceu a expressão da velocidade média nos condutos livres em regime permanente e uniforme, conhecida por “equação de Chezy", ou "equação fundamental dos canais", Sua expressão é: (2) Sendo, C um coeficiente experimental, denominado “coeficiente de resistência” ou “coeficiente de Chezy”. Os primeiros pesquisadores estabeleceram o valor de C supondo-o constante para qualquer forma ou natureza da seção. Em 1828 Tadini encontrou C = 50, escrevendo a equação de Chezy: Atendendo a que Q=AV, a expressão da vazão é: onde I é a inclinação do canal. O coeficiente de Chezy é função das grandezas características da seção, da rugosidade das paredes e das grandezas características do escoamento. Tomando para comparação a seção circular e utilizando a equação de Darcy-Weisbach encontra-se o valor: 00 tgS 0 SRCV 0 50 SRV )3(IRCAQ f g C 8 Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 96 Sendo o coeficiente de atrito f função da rugosidade relativa e do número de Reynolds. Em última análise, o coeficiente de Chezy é função desses parâmetros. C = f (e/D, IR) O cálculo racional baseado nos modernos princípios da Hidrodinâmica não é indicado na prática para a resolução dos canais, porque e grande variedade de formas de seção e a conseqüente distribuição irregular de velocidades, tornam irrealizável a construção de ábacos para o cálculo do coeficiente de resistência. FÓRMULAS EMPíRICAS Dada a impossibilidade do emprego do método racional recorre-se a fórmulas empíricas cujo uso difundido permitiu a verificação dos resultados obtidos. As fórmulas empíricas mais difundidas para o cálculo de canais são as de Ganguillet & Kutter (1869), a fórmula simplifica da de Kutter, a expressão de Manning (1890) e a de Bazin (1897). A fórmula de Ganguillet & Kutter para o coeficiente de Chezy leva em consideração o raio hidráulico, a declividade do fundo e um coeficiente de rugosidade n que depende da natureza das paredes, tabelado para os diversos materiais. Sua expressão é: R n ) I 00155,0 25(1 n 1 I 0155,0 23 C Mais tarde, Kutter simplificou esta expressão para a forma: R R C )1100( 100 Retomando os trabalhos de Kutter, Manning e Strickler, isoladamente, obtiveram uma expressão monômia para o coeficiente de Chezy, utilizando os mesmos coeficientes de rugosidade de Ganguillet & Kutter. A expressão é: 6 1 R C (4) onde η depende da natureza das paredes. Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 97 Bazin, estabeleceu seis categorias para a natureza das paredes, o que é insuficiente para a diversidade existente de materiais. Como a de Ganguillet & Kutter, embora não apresentasse a dificuldade de Bazin, seu emprego é de manejo mais complicado. Como não se justifica o emprego de fórmulas empíricas complexas, a fórmula de Manning ganhou largo uso. Substituindo o valor de C em (4) nas equações (2) e (3) obtemos as equações de Manning: 2/13/2 IR 1 V 2/13/2 IR A Q Para o cálculo de canais vamos dividir em canais circulares e as demais formas. (5) (6) Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 98 CANAL CIRCULAR Tipos de Regime Considera-se Permanente e Uniforme. e Tem que existir Qi e Qf, para garantir a lâmina máxima e mínima. Qi Vazão inicial e Qf Vazão final Para pequenos ângulos: Aplicando Bernoulli: Perda de Carga Unitária: Logo, em um escoamento Permanente e Uniforme: AVQ .CteV L zz I 21 21 zzh f tgI L h f Iradsentg h g VP Hz g VP Hz 22 2 2 2 2 1 1 J L h I L h J L h f IJ f i z1 h Q hf H V2/2g z1 H z2 V2/2g 1 2 π L 2121 zzhehzz f Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 99 Raio Hidráulico Já vimos que o raio hidráulico é a relação entre a Área Molhada e o Perímetro Molhado. Para a Seção Circular Plena Meia Seção Logo concluímos que o raio hidráulico é o mesmo, quer o conduto funcione totalmente cheio,quer trabalhe à meia-seção. Para L=1m Onde T é a Tensão Tangencial m m P A R 2 r R 24 rD R PsenT vP LAv m senLAT m senAT m T P Am Pm D D/2 Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 100 Em 1775, Chezy: Onde c é o coeficiente f (paredes do conduto) Equação de Chezy Usando a Equação da Continuidade Manning: Onde η é o coeficiente de rugosidade. 2 2 1 VP c T m 2 2 1 VP c senA mm m m P A R IJsen RIcV 22 RIcV AVQ RIcAQ m 6/1R c IRV 3/2 1 IRAQ Hm 3/21 3/2 Hm RA I Q Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 101 Analisando a seção transversal abaixo: Já vimos que Chamemos Onde Q [l/s] I [m/m] Exemplos: 1- Calcular o diâmetro de um coletor circular que deverá escoar com uma vazão de 50l/s com uma declividade de assentamento de 0,003 e uma rugosidade de 0,013. D h ar 2 1cos2 2 D Pm 8 2D Am senD R 4 3/2 Hm RA I Q I Q F Am Pm D/2 D/2 h Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 102 2- Dimensionar a tubulação de esgoto: Qi = 40l/s Qf = 100 l/s Dentro do seguinte critério: Sendo: η=0,013 e I=0,004m/m 75,020,0 dh smVsm /0,4/5,0 Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 103 Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 104 Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 105 Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 106 Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 107 Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 108 Coeficientes Relativos para Condutos Parcialmente Cheios (seção circular) Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 109 DEMAIS CONDUTOS FATOR DE CONDUÇÃO A equação (3) de Chezy pode ser escrita sob a forma: RAC I Q O coeficiente C é função da rugosidade da parede e do raio hidráulico R, e este e a área molhada A, dependem das características geométricas da seção transversal. Assim, a relação I Q , homogênea a uma descarga, é função apenas dos elementos da seção transversal e denomina-se "fator de condução", que se representa : RAC I Q O fator de condução traduz a capacidade de escoamento à seção transversal, uma vez que as descargas conduzidas por duas seções sob a mesma declividade são proporcionais aos respectivos fatores de condução. Da equação (8) obtemos, IQ 11 IQ 22 donde, 2 1 2 1 Q Q A noção do fator de condução, introduzida por Bakhmeteff, é de particular interesse no estudo do movimento permanente gradualmente varia em canais, entretanto, no escoamento em regime permanente uniforme presta-se como instrumento de sistematização de cálculo. (7) (8) (9) Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 110 CURVA DE CONDUÇÃO Utilizando a equação de Manning o fator de condução se escreve 3/2R A Escolhida a forma da seção transversal, a área molhada e o raio hidráulico variam exclusivamente com o tirante d’água, isto é, o fator de condução função da rugosidade das paredes e do tirante d’água. )y,(f A forma desta função é em geral complexa mesmo para as seções mais simples. Recorre-se então a construção gráfica, marcando em abscissas e o tirante y em ordenadas. Arbitrando-se valores para y obtém-se A, P e R, o que permite marcar pontos para traçar a "curva de condução" da seção considerada. Exemplo: A seção Transversal de um canal é retangular com 3,0m de largura de fundo, com paredes revestidas de concreto. Pede-se: - Traçar a curva de condução até o tirante d’água de 2,0 m; - Determinar o fator de condução para o tirante de 1,80m; - Determinar o tirante d’água correspondente ao fator de condução igual a 150,0 m3/s. (η=0,02). A = P = R = Calcular para y= 0,5m; 1,0m; 1,5m e 2,0m. Y A P R 3/2R 0,5 1,0 1,5 2,0 (10) 3,00m y Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 111 Marcando em abscissas e y em ordenadas obtém-se os pontos de passagem da curva de condução da seção dada. Fazendo y = 1,80 m lê-se no eixo das abscissas o valor de procurado. = 259 m3/s. Da mesma forma, marcando = 150,0 m3/s. lê-se o tirante d’água correspondente y = 1,28m. O cálculo do fator de condução para determinado tirante d’água pode ser feito pela aplicação da fórmula, sem dificuldade. O problema inverso, entretanto, dado o fator de condução, determinar o tirante correspondente, em geral, não pode ser resolvido diretamente pela aplicação da equação porque recai em uma equação em y sem solução algébrica. O recurso é então construir a curva de condução e proceder como no último item do problema. RELAÇÃO ENTRE FATORES DE CONDUÇÃO DE SEÇÕES SEMELHANTES Quando duas seções transversais são geometricamente semelhantes, pode-se estabelecer uma relação bastante prática entre seus fatores de condução e de grande utilidade no cálculo dos canais. Os perímetros e as áreas molhadas de duas seções semelhantes são linhas e áreas homólogas. Considerando as seções semelhantes (a) e (b) podemos escrever: 00 y y R R E a relação entre as áreas molhadas é: 2 00 y y A A Os fatores de condução respectivos se escrevem: 3/2R A 3/2 0 0 R A y0 b0 y b (a) (b) Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 112 Dividindo membro a membro, 3/2 000 R R A A (11) Substituindo pelas relações anteriores e simplificando, obtemos: 3/8 00 y y (12) Relação entre os fatores de condução de SEÇÕES SEMELHANTES com paredes de mesma natureza. Se tomarmos a seção (a) como o tirante igual a 1,0m, obteremos uma relação de grande utilidade para o dimensionamento de canais: Para y0 = 1,0m (seções semelhantes) 3/80 y (13) Exemplo: Um canal de seção retangular revestida de concreto (η=0,02) funciona com tirante d’água igual à metade da largura do fundo, pede-se: 1 - determinar o fator de condução correspondente ao tirante de 0,80 m; 2 - determinar o tirante d'água da seção semelhante de fator de condução 50,0 m3/s. Fazer o cálculo inicialmente para a seção unitária. Y0= 1,0m: 0b 0P 0A oR 0 fator de condução para o tirante igual a 1,0m. Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 113 Para a seção semelhante com tirante y= 0,80m, o fator de condução será: 3/80 y Para o fator de condução s/m0,50 3 , o tirante será dado por: 0 3/8y EXPOENTE HIDRÁULICO Considerando uma determinada forma de seção transversal vimos que o fator de condução depende de rugosidade e do tirante, isto é: função algébrica de manejo difícil, cuja representação gráfica é a curva de condução. Para resolver determinados problemas de escoamento em canais Bakhmeteff propôs ajustar a curva de condução a uma parábola fazendo: (14) Que corresponde ao grau p=n/2, sendo a um coeficiente e n um expoente a serem determinados pelo ajustamento à curva de condução, n recebeu o nome do expoente hidráulico da seção (necessário não confundir com o coeficiente de rugosidade de parede η). Alguns autores usam o mesmo símbolo. Considerando duas posições de nível de água na mesma seção, com tirantes y e y0, temos: n2 ya n 0 2 0 ya )y,(f y y0 0 n ya2 Observar que as relações (12) e (13) só se aplicam a SEÇÕES SEMELHANTES, não podendo relacionar fatores de condução de mesma seção de um canal com níveis de água em duas posições diferentes. Caso do exercício anterior. Apesar de mesma forma geométrica as seções não são semelhantes. Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 114 Dividindo membro a membro, teremos: n 0 2 0 y y (15) equação que relaciona os fatores de condução na mesma seção transversal. Empregando a fórmula de Manning o expoente hidráulico não depende da rugosidade da parede. De acordo com a equação (10) a relação entre os fatores de condução é: 3/2R A equação (10) 3/2 003/2 0 0 3/2 0 R R A A R A R A Neste caso o expoente hidráulico será função apenas da forma geométrica da seção transversal. Como dito antes, o expoente hidráulico é obtido pelo ajuste da curva de condução a parábola de grau p=n/2 logo, marcando nos eixos coordenados log Λ nas abscissas e log y nas ordenadas, acurva de condução transforma-se (por anamorfose) em uma linha, praticamente, reta, cuja inclinação θ fornece o expoente hidráulico, pela relação: Na realidade a anamorfose não transforma a curva de condução em uma reta, porém os pontos da linha obtida permitem traçar uma reta que define um valor médio de n satisfatório para a prática. Pode-se determinar o valor de n entre dois níveis de água mediante a aplicação da equação (13). log ylog gcot2n Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 115 0 0 y y log log 2n Neste caso o valor obtido não representa o valor médio para todas as posições do nível de água, mas pode ser aplicada com eficiência no intervalo dos tirantes considerados. Exercício: A seção transversal de um canal é retangular com 3,0m de largura de fundo, com parede revestida de concreto. Pede-se: Determinar o expoente hidráulico considerando o intervalo dos tirantes d’água de 1,0 a 1,2m. Determinar o fator de condução para o tirante de 1,14m aplicando o expoente hidráulico. (15) Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 116 SEÇÃO TRANSVERSAL (mais favorável) É aquela que é executada com o mínimo de escavação e revestimento. A seção trapezoidal mais econômica é aquela cuja inclinação no talude é de 60°. A relação da mais favorável: Para θ=90°, b=2y (Semi-hexágono) Utilizando Semelhança: by 2 3 y b b 60º 2 2 tg y b 3/2R A my 0,10 mb 3 32 0 200 0 3 2 3 m yb A mbP 323 00 m P A R 5,0 0 0 0 3/2 0 0 0 R A Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 117 Para seção retangular mais econômica, Determine a expressão geral do fator de condução para as seções trapezoidais mais econômicas com as paredes inclinadas de 45° (talude de 1 para 1). Resposta: 09,1 0 3/809,1 y yb 2 my 0,10 mb 0,20 0A 0P 0R 0 3/814,1 y Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 118 DIMENSIONAMENTO DE CANAIS 1º Problema: Projeto sem limite máximo de declividade. Escolhida a forma geométrica: Exemplos: Um canal de seção trapezoidal de máxima economia com paredes revestidas de alvenaria de pedra (η=0,02) deverá conduzir uma descarga Q=400l/s, sendo a velocidade máxima permitida de 2,0m/s. Determinar as dimensõese a declividade. maxVV V Q A Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 119 Um canal com paredes e fundo de saibro de forma trapezoidal deverá conduzir uma descarga de 160l/s, sabendo que a inclinação máxima das paredes permitida pela natureza é de 26°30’, que a velocidade máxima para evitar a erosão é de 0,4m/s. Pede-se determinar as dimensões e a declividade. Dados: η=0,025 Obs: Um canal aberto em terra sem revestimento (η=0,025) com largura de fundo de 0,40m de uma seção trapezoidal, e paredes com talude de 1 para 2, conduzirá a descarga de 80l/s, sabendo que a velocidade máxima permitida é de 0,2m/s. Calcular y e I. 2 2 tg y b Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 120 2º Problema: Com limite máximo de velocidade. Dados Q, I, e a forma geométrica, determinar b, y Exemplo: No projeto para abastecimento de água de uma cidade, consta um canal de seção trapezoidal de máxima economia revestido de pedras (η=0,03) com declividade de 6,15m/km, destinado a conduzir uma descarga de 1290l/s. Pede-se determinar as dimensões da seção transversal. Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 121 3° Problema: Verificação Dadas as dimensões y, b e I, determinar Q. Um canal de seção trapezoidal com taludes de 1 para 1 e largura de fundo de 0,30m funciona com um tirante de 0,60m. Sabendo-se que a inclinação de assentamento é 0,9x10-3m/m, determine a descarga. Dado η=0,03. Condutos Livres Hidráulica Teórica Página 122 4° Problema: Dada a forma geométrica, I e Q, determinar y. Duas formas: Curva de Condução Expoente Hidráulico Exemplo: Um canal com seção trapezoidal de talude 1 para 1, e largura de fundo de 0,80m tem as paredes revestidas de pedras lisas (η=0,025). Sabendo-se que a declividade do fundo é de 8,1m/km, pede-se calcular o tirante (y) quando a descarga for 1740l/s. I Q
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