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Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências Jurídicas e Sociais Unidade Acadêmica de Direito Coordenação de Programas e Estágios Monitora: Hawylla Monteiro de Oliveira Material de Revisão – Dos Títulos de Crédito Teoria Geral dos Títulos de Crédito O crédito A atividade empresarial e, consequentemente, o próprio direito empresarial exigem três pilares fundamentais: a rapidez, a segurança e o crédito. O crédito representa, em uma ideia geral, a confiança no cumprimento das obrigações, o que facilita extremamente as transações comerciais, que nem sempre representam trocas imediatas de valores. Sem o crédito, a atividade empresarial não teria chegado ao nível atual de desenvolvimento. A palavra crédito deriva do latim creditum, que por sua vez advém de credere, que significa confiar, ter fé. Assim sendo, o crédito representaria a confiança que alguém desperta em outrem. Segundo Marlom Tomazette, o crédito se classifica de dois modos: o de garantia real e de garantia pessoal. Crédito com Garantia real: a garantia assenta em determinado bem móvel (penhor) ou imóvel (hipoteca) do devedor ou de terceiro, que fica vinculado ao cumprimento da obrigação. Não havendo o cumprimento da obrigação, o credor poderá receber o produto da venda do bem dado em garantia. Crédito com Garantia Pessoal: a garantia assenta em todo o patrimônio da pessoa e não em um bem determinado; é a chamada garantia fidejussória (aval e fiança). Nesses casos, além do devedor original, soma-se um garantidor, que amplia as chances de recebimento do crédito. Conceito de Título de Crédito O fim do direito empresarial é permitir o bom desenvolvimento das relações de crédito e das atividades econômicas. Dentro dessa concepção, a disciplina dos títulos de crédito ganha importância, na medida em que eles são os principais instrumentos de circulação de riquezas no mundo moderno. Assim, os títulos de crédito talvez representem a principal contribuição do direito comercial para a economia moderna. Outra formulação é feita por Umberto Navarrini, que assevera que o título de crédito “é um documento que atesta uma operação de crédito, cuja posse é necessária para o exercício do direito que dele deriva e para investir outras pessoas desse direito”. O conceito mais clássico é o de Cesare Vivante, pelo qual o “título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado”. 12 Tal conceito é praticamente reproduzido pelo artigo 887 do novo Código Civil, nos seguintes termos: “O título de crédito, documento necessário Ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”. Características dos Títulos de Crédito Em suma, os títulos de crédito possuem função de agilizar e facilitar a circulação de bens e riquezas e assim devem possuir características especiais, a citar: Disciplina pelo Direito Empresarial Os títulos de crédito nasceram de necessidades dos comerciantes para o exercício de sua atividade. Em razão disso, eles foram moldados para satisfazer essas necessidades, isto é, as regras que permeiam a disciplina dos títulos de crédito foram criadas para melhor atender aos direitos e interesses dos comerciantes. Bem móvel O título de crédito é um bem móvel e como tal está sujeito aos princípios gerais que regem os bens móveis. Assim é que a posse de boa-fé dos títulos de crédito equivale à propriedade (LUG – art. 16, II; Lei no 7.357/85 – art. 24). Essa natureza móvel simplifica a circulação dos títulos de crédito, agilizando a transmissão das riquezas, o que é essencial para os títulos de crédito. Títulos de Apresentação Os títulos de crédito são títulos de apresentação, desse modo, “sem a posse do título ou da legitimação judicial em casos de amortização não é possível exercer o direito cambiário”. Para o exercício do direito representado no título, seu titular deve demonstrar esta condição, apresentando o título ao devedor. Obrigação Quesível Como o devedor não tem certeza de quem é o atual credor do título, nada mais lógico do que exigir que o credor o apresente, para poder exigir o seu pagamento. Diante da necessidade de apresentação do documento ao devedor, é óbvio que o título de crédito contém uma obrigação quesível, no sentido de que cabe ao credor dirigir-se ao devedor para exigir o cumprimento da obrigação. Título de Resgate Uma vez apresentado o título ao devedor, deve haver, a princípio, o pagamento. Ao realizar esse pagamento, o devedor deve ter o cuidado de exigir a entrega do título (LUG – art. 39; CC – art. 901, parágrafo único), para evitar que o título volte a circular e, chegando às mãos de um terceiro de boa-fé, a obrigação lhe seja novamente exigida. Em razão disso, diz e que o título de crédito é um título de resgate. Documento creditício e Comercial: é o fruto de um negocio comercial. Declaração universal: só uma parte declara sua vontade e será esta a qual honrará o crédito. Título Executivo Extrajudicial: vide art. 784 do NCPC. É o título constituído fora de um processo judicial. CLASSIFICAÇÃO OBS: A CLASSIFICAÇÃO APRESENTADA A SEGUIR FOI A MINISTRADA EM SALA PELO PROFESSOR. QUANTO AO MODELO: LIVRE: os títulos não comporta nenhum tipo de estrutura a ser seguido. A forma é de livre realização. EXCEÇÃO: Deve seguir os requisitos dos T.C (Títulos de Crédito). EX: nota promissória, letra de cambio. VINCULADO: os títulos possuem uma forma padronizada. A forma é vinculada a uma legislação. EX: cheque, duplicata. QUANTO A ESTRUTURA: ORDEM DE PAGAMENTO: 3 sujeitos. Relação triangular. O emitente, sacador e beneficiário/credor. EX: cheque. Letra de câmbio. PROMESSA DE PAGAMENTO: 2 sujeitos. Relação linear. O promitente/devedor e o beneficiário/credor. EX: nota promissória. QUANTO ÀS HIPÓTESES DE EMISSÃO CAUSAIS: os títulos só podem ser emitidos em determinadas situações fáticas. As relações previstas na lei. EX: duplicata. NÃO CASUAIS: os títulos só podem ser emitidos em qualquer tipo ou tipo de negócio comercial. EX: cheque e nota promissória. LIMITADOS: em regra os títulos são causais, mas que algumas vezes há normas que irá limita-los. QUANTO A CIRCULAÇÃO AO PORTADOR: o título é emitido sem a descrição do beneficiário. Só não tema descrição, mas tem as partes. E a circulação se dará por mera tradição. NOMINAIS: é aquele título emitido com a descrição credor/beneficiário. Só pode ser circulado de duas maneiras: 1° A ordem: se transfere por endosso. 2° Não a ordem: se transfere por cessão civil de crédito. NOMINATIVO: (ART. 921 e 922, cc) é aquele título que está sendo feito que consta no registro de emitente. Sua circulação se dá por termo no registro do emitente e assinado por aquele que emitiu e por aquele que é beneficiário. PRICÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO Os princípios dos títulos de crédito são as normas basilares de toda a sua disciplina. Assim, é fundamental estuda-los, então vamos ao conteúdo! CARTULARIDADE OU INCORPORAÇÃO No conceito de Vivante, diz-se que “título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado”. Diz-se que o documento é necessário, “porque enquanto existe o documento, o credor deve exibi-lo para exercitar todo direito, seja principal, seja acessório, que o título porta consigo e não se pode fazer qualquer mudança na posse do título, sem anotá- la nele”. Dessa forma se apresenta o principio da cartularidade. Quanto à desmaterialização dos títulos de crédito, esta é uma espécie de exceção a esse princípio da cartularidade, haja vista as mudanças tecnológicas de apresentação dos títulos. LITERALIDADE Gladston Mamede assevera que “na face do papel estão inscritos, nos limites disciplinados pela lei, todos os elementos indispensáveis à compreensão jurídica do problema”. Em síntese, a literalidade dá a certeza quanto à natureza, ao conteúdo e a modalidade da prestação prometida ou ordenada. Dada a ampla possibilidade decirculação, meros ajustes verbais não podem influir no exercício do direito ali mencionado, pois quem recebe o título deve saber pelo teor do próprio que direito está recebendo. É o teor literal do documento que irá definir os limites para o exercício dos direitos nele mencionados. Em termos mais simples, vale o que está escrito no título. AUTONOMIA Do título de crédito podem decorrer vários direitos, podem surgir várias relações jurídicas, vale dizer, podemos ter vários devedores (emitente, avalista, endossantes...) e também vários credores sucessivos. Cada um desses credores ou devedores do título possui uma obrigação autônoma, no sentido de que seu crédito ou seu débito não é afetado por questões que digam respeito a outras pessoas. OBS: O PRINCIPIO DA CARTULARIDADE SE SUBDIVIDE EM OUTROS DOIS PRINCIPIOS: Abstração: O título de crédito não se desvincula dos sujeitos que participaram do negócio que lhe deu origem, verificando neste caso apenas a atuação da abstração quando o título é posto em circulação. Inoponibilidade de Exceções Pessoais a Terceiros de Boa-fé: Refere-se à independência entre as obrigações assumidas na cadeia cambial. A consequência desta autonomia é que nenhum dos (co)obrigados pode recusar o pagamento ao portador por meio da oposição de suas relações pessoais com o outro (co)obrigado. 6- TRANSFERÊNCIA DOS TÍTULOS Em linhas gerais, a transferência é o principal meio de utilidade dos títulos de credito, pois se trata de uma sucessão do crédito existente no título. É mera tradição como aponta os arts. 904 e 905 do CC e acontece de alguns modos, a citar: ENDOSSO: ART. 910, CC. É a forma pela qual se transfere o direito de receber o valor que consta no título através da tradição da própria cártula. De acordo com o art. 893 do Código Civil: "a transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe são inerentes" e, por assim dizer, entende-se que não só a propriedade da letra que se transfere, como também a garantia de seu adimplemento. Figuram dois sujeitos no endosso: - Endossante ou endossador: quem garante o pagamento do título transferido por endosso; - Endossatário ou adquirente: quem recebe por meio dessa transferência a letra de câmbio. (IMPORTANTE: É NULA A CLAUSULA DE PRIOBIÇÃO DO ENDOSSO. VIDE ART. 890, CC). Não existe endosso condicional O endosso pode se apresentar como: ENDOSSO EM BRANCO: aquele que não discrimina o endossatário. ENDOSSO EM PRETO: aquele que discrimina o endossatário. ENDOSSO-MANDATO OU ENDOSSO-PROCURAÇÃO: permite que o endossatário aja como representante do endossante, podendo exercer os direitos inerentes ao título. ENDOSSO-CAUÇÃO OU PIGNORATÍCIO: figura como mera garantia ao endossatário de uma dívida do endossante para com ele. Deve sempre conter a cláusula: “valor em garantia” ou “valor em penhor”. AVAL: Versa o art. 30 da LUG, "o pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval". Com isso estabelece-se que aval é a garantia cambial, pela qual terceiro (avalista) firma para com o avalizado, se responsabilizando pelo cumprimento do pagamento do título se este último não o fizer. Poderá o aval se apresentar: EM PRETO: indica o avalizado nominalmente. EM BRANCO: não indica expressamente o avalizado, considerando, por conseguinte, o sacador como o mesmo. É permitido o aval parcial ou limitado, segundo o art. 30 da Lei Uniforme de Genebra. MACETE!!! ENDOSSO= ANVERSO : ASSINATURA + ENDOSSATÁRIO VERSO: SÓ ASSINATURA NOMENCLATURAS NO TÍTULO: ENDOSSO À, CIRCULO À, PASSO À, TRANSIRO À. AVAL= ANVERSO: ASSINATURA VERSO: ASSINATURA + AVALIZADOR NUMENCLATURA NO TÍTULO: GARANTO À. 7- Aval ≠ Fiança Os institutos do Aval e da Fiança, embora muitas vezes confundidos como semelhantes, contém diferenças bastante expressivas, a saber:Aval Fiança É uma garantia cambial É uma garantia civil É uma obrigação autônoma em relação à dívida assumida pelo avalista É uma obrigação acessória Não admite benefício de ordem, podendo o avalista ser acionado juntamente com o avalizado Admite o benefício de ordem, podendo assegurar ao fiador a prerrogativa de somente ser acionado após o afiançado Deve ser prestado no próprio título Pode ser feito em instrumento apartado Aval Fiança É uma garantia cambial É uma garantia civil É uma obrigação autônoma em relação à dívida assumida pelo avalista É uma obrigação acessória Não admite benefício de ordem, podendo o avalista ser acionado juntamente com o avalizado Admite o benefício de ordem, podendo assegurar ao fiador a prerrogativa de somente ser acionado após o afiançado Deve ser prestado no próprio título Pode ser feito em instrumento apartado BONS ESTUDOS PESSOAL!!! Unidade Acadêmica de Direito Monitora: Hawylla Monteiro de Oliveira Orientador: prof. André Gomes
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