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Radiac¸a˜o de Corpo Negro Fabio Rasera, Luan Bottin De Toni 3 de Julho de 2016 Resumo O presente relato´rio descreve um experimento feito com o intuito de estudar a radiac¸a˜o de corpo negro. Atrave´s de medidas das proprie- dades te´rmicas e luminosas de um filamento de tungsteˆnio foi poss´ıvel analisar como o mesmo irradia em baixas e altas temperaturas. Ao verificar-se que o filamento se comporta analogamente a um corpo negro quando em altas temperaturas foi poss´ıvel, ainda, estimar um valor para a constante de Planck. 1 Introduc¸a˜o O estudo do fenoˆmeno de radiac¸a˜o te´rmica foi de extrema importaˆncia na histo´ria da f´ısica, tendo impactado fortemente as estruturas da teoria vigente na e´poca. Foi na tentativa de descrever matematicamente a radiac¸a˜o de corpo negro que a f´ısica cla´ssica teve suas limitac¸o˜es expostas, levando a` du´vida a validade de fundamentos que sustentavam muitos dos avanc¸os adquiridos ate´ enta˜o. Foi da urgeˆncia de resolver o problema do corpo negro que nasceu um postulado revoluciona´rio, do qual futuramente proliferaram inu´meros avanc¸os. Este postulado propunha a quantizac¸a˜o da energia dos osciladores, e fora apresentado por Max Planck (1858-1947) em seu artigo ”Sobre a Teoria da Lei de Distribuic¸a˜o de Energia do Espectro Normal”, no ano de 1900. A radiac¸a˜o te´rmica e´ aquela emitida por um corpo devido a` sua tempera- tura. Os corpos negros sa˜o corpos que emitem espectros te´rmicos de cara´ter universal, ou seja, que na˜o dependem do material que constitui o corpo. O nome de corpo negro vem diretamente de sua definic¸a˜o: corpos cujas su- perf´ıcies absorvem toda a radiac¸a˜o te´rmica incidente sobre eles. Assim, toda a radiac¸a˜o emitida por um corpo negro e´ radiac¸a˜o te´rmica. 1 2 Referencial Teo´rico 2.1 Espectro de Corpo Negro Os corpos negros sa˜o corpos ideais, mas uma aproximac¸a˜o experimental da radiac¸a˜o de corpo negro pode ser encontrada na radiac¸a˜o de uma cavi- dade.Suponha um corpo com uma cavidade muito pequena, de forma que qualquer radiac¸a˜o que adentre este corpo atrave´s da cavidade devera´ refletir diversas vezes em seu interior antes que possa voltar a sair pela cavidade novamente, tendo, assim, alta probabilidade de ser absorvida neste processo. Isto independera´ do material do corpo e assim a cavidade devera´ irradiar analogamente a um corpo negro, absorvendo praticamente toda a radiac¸a˜o que incide sobre a cavidade. Partindo de uma idealizac¸a˜o deste sistema, Lord Rayleigh (1842-1919) e Sir James Jeans (1877-1946) propuseram a Lei de Rayleigh-Jeans no in´ıcio do se´culo XX, que formulava matematicamente a radiac¸a˜o espectral de uma cavidade. Rayleigh e Jeans obtiveram a seguinte expressa˜o para a densidade de energia no intervalo de frequeˆncia de λ a λ+dλ do espectro de corpo negro de uma cavidade a temperatura T: ICN(λ, T )dλ = 8pik T λ4 dλ (2.1) No limite de baixas frequeˆncias, o espectro cla´ssico se aproxima dos resul- tados experimentais, mas a` medida que a frequeˆncia cresce, esta expressa˜o tende a infinito. Como, por experieˆncia, podemos confirmar que a densidade de energia sempre permanece finita, a previsa˜o da Lei de Rayleigh Jeans e´ absurda, e esta previsa˜o de energia infinitamente crescente ficou conhecida como a ”cata´strofe do ultravioleta”. Max Planck abordou o problema tratando a energia como uma varia´vel discreta ao inve´s de cont´ınua, e admitindo que esta fosse dependente da frequeˆncia, contradizendo as definic¸o˜es bem estabelecidas da f´ısica cla´ssica. A relac¸a˜o que Planck utilizou para quantizar a energia foi: E = hc λ (2.2) Assim surgiu a constante de Planck, hoje reconhecida como uma cons- tante universal. Utilizando a func¸a˜o de distribuic¸a˜o de Boltzmann, como fizera Rayleigh e Jeans, Planck chegou a uma nova expressa˜o para o espectro de corpo negro, devido apenas a` discretizac¸a˜o da energia dos osciladores. O espectro de corpo negro obtido por Planck fora: ICN(λ, T )dλ = 8pihc λ5 1 ehc/λkT − 1dλ (2.3) 2 Figura 1: Radiaˆncia espectral de um corpo negro em func¸a˜o do comprimento de onda para diferentes temperaturas. Na figura 1 vemos o contraste entre a fo´rmula de Planck para diferentes temperaturas e a previsa˜o cla´ssica. A partir da expressa˜o obtida por Planck e´ poss´ıvel derivar a lei de Stefan- Boltzmann, basta integrar a lei de Planck sobre todo o espectro de compri- mento de onda, obtendo assim a energia total irradiada por unidade de a´rea superficial e unidade de tempo. Teˆm-se a seguinte equac¸a˜o: ISB(T ) = σT 4 , (2.4) onde σ e´ a constante de Stefan-Boltzmann. Ao tomarmos a equac¸a˜o 2.3 e analisarmos o que acontece para pequenos comprimentos de onda e baixas temperaturas, veˆ-se que ehc/λkT >> 1, assim, chega-se a aproximac¸a˜o de Wien: S(λ, T ) = 8pihc λ5 e−hc/λkT (2.5) 2.2 Radiac¸a˜o de um Corpo Real Neste relato´rio analisaremos a radiac¸a˜o te´rmica de um filamento de tungsteˆnio, assim, devemos contabilizar a contribuic¸a˜o de diversos fatores que na˜o sa˜o 3 levados em conta na emissa˜o de um corpo negro, que e´ um corpo ideal. Pri- meiramente, sabemos que corpos reais na˜o sa˜o capazes de absorver absolu- tamente toda radiac¸a˜o incidente sobre eles, de forma que a radiac¸a˜o emitida devera´ levar em conta a composic¸a˜o do material. Ale´m disso, como a tempe- ratura ambiente do nosso laborato´rio e´ maior que 0K, enta˜o o corpo estudado tambe´m absorvera´ alguma energia do ambiente. Reescrevemos a equac¸a˜o 2.4 multiplicando pela a´rea para tomar a poteˆncia total de emissa˜o superficial e ajustamos a` condic¸o˜es mais realistas: PSB = εσA(T 4 − T 40 ) , (2.6) onde ε representa a capacidade de emissa˜o por radiac¸a˜o da superf´ıcie do material e A e´ a a´rea superficial do mesmo. O filamento, quando aquecido, devera´ trocar energia com o ambiente por treˆs formas: difusa˜o, convecc¸a˜o e radiac¸a˜o. Assim, podemos generalizar a expressa˜o que descreve a taxa de emissa˜o de energia do filamento de tal forma: P (T ) = D(T − T0) + εσA(T 4 − T 40 ) , (2.7) onde D e´ uma constante relacionada a` difusa˜o te´rmica. Ale´m destas considerac¸o˜es, e´ preciso ter conscieˆncia das aproximac¸o˜es re- alizadas, pois estas sera˜o fontes de erro no experimento. Consideramos que o filamento de tungsteˆnio tera´ temperatura homogeˆnea, pore´m, a corrente, ao passar pelo fio, esquentara´ mais o interior que o exterior. Como utilizamos a temperatura da superf´ıcie do filamento na lei de Stefan-Boltzman, e essa sera´ menor que a temperatura me´dia do fio, isto acarreta um erro a`s medi- das. Outra aproximac¸a˜o e´ a de que o fio estara´ a mesma temperatura ao longo de sua extensa˜o, quando, na verdade, as pontas do fio estara˜o a menor temperatura. O experimento realizado procura verificar a lei de Stefan-Boltzmann, ob- servando que para altas temperaturas o filamento de tungsteˆnio se comporta analogamente a um corpo negro. Iremos tambe´m, estimar experimentalmente a constante de Planck para avaliar a qualidade dos resultados. 3 Relac¸a˜o entre Resisteˆncia e Temperatura Para verificarmos a lei de Stefan-Boltzmann e´ preciso encontrar uma ma- neira de determinar a temperatura de uma laˆmpada incandescente conforme a voltagem aplicada ao filamento, variando seu brilho (poteˆncia) e sua re- sisteˆncia. Sabe-se que, dado um potencial ele´trico V e uma corrente ele´trica 4 i, a poteˆncia pode ser expressa como: P = V i (3.1) A resisteˆncia ele´trica de um fio, que pode ser definida como a capacidade de um corpo qualquer se opor a` passagem de corrente ele´trica, pode ser escrita como: R = V i (3.2) que tambe´m pode ser expressa em func¸a˜o de seu comprimento L, da a´rea de sua sec¸a˜o transversal A, e da resistividade ρ do material de tal forma que: R = ρ L A (3.3) Tais grandezas sa˜o dependentes da temperatura.Sendo α o coeficiente de dilatac¸a˜o linear, L0 e A0 o comprimento e a´rea na temperatura ambiente T0, podemos expressar L e A de forma a considerar a dilatac¸a˜o te´rmica: L = L0(1 + α(T − T0)) (3.4) A = A0(1 + 2α(T − T0)) (3.5) Para analisar a dependeˆncia da resistividade com a temperatura utilizou- se de uma tabela de dados fornecida pelo professor e que pode ser encontrada na literatura [3], tal tabela mostra o valor da resistividade do filamento de tungsteˆnio para va´rias temperaturas. Em posse de tais dados, podemos inserir-los em um gra´fico e ver que tipo de curva melhor descreve tal de- pendeˆncia. Nota-se na figura 2 que o ajuste linear na˜o e´ adequado, pois alguns pon- tos encontram-se relativamente distantes da curva. Ao ajustar uma curva quadra´tica nota-se que a linha de tendeˆncia passa por todos os pontos e, ale´m disso, pode-se verificar que o coeficiente de correlac¸a˜o R2 retornado pelo programa Gnuplot possui valor maior para a curva quadra´tica indi- cando que esta e´ mais adequada. Portanto, pode-se expressar a dependeˆncia da resistividade com a temperatura da forma: ρ = ρ0 + ρ1(T ) + ρ2(T ) 2 , (3.6) onde ρ0 e´ a resistividade quando ∆T = 0, ou seja, na temperatura ambiente. Vejamos, agora, como fica a expressa˜o 3.6 ao isolar a temperatura: T = −ρ1 ± √ ρ21 − 4ρ2(ρ0 − ρ) 2ρ2 5 0 20 40 60 80 100 120 140 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 ρ( µO h m /c m ) T(K) Dados Ajuste quadrático: g(x)=1,88.10−6x2 + 0,0275x − 3,5 | R2=0,99996 Ajuste linear: f(x)=0,0349x − 8,9 | R2=0,99769 Figura 2: Relac¸a˜o da resistividade pela temperatura com curvas linear e quadra´tica ajustadas. Vemos que, apesar de um ajuste satisfato´rio, a relac¸a˜o quadra´tica nos fornece uma expressa˜o complicada para encontrar a temperatura, ale´m de depender das constantes ρ1 e ρ2 que podem ser calculadas a partir da linha de tendeˆncia. Na busca de uma relac¸a˜o mais pra´tica de se trabalhar, e´ suposta uma relac¸a˜o poteˆncia da forma: ρ = ρ0 ( T T0 )γ (3.7) Fazendo tal ajuste para os dados fornecidos (figura 3), encontra-se um valor de γ ' 1, 22 e, ao analisar o coeficiente de correlac¸a˜o, este se mostra menor que o do ajuste quadra´tico, ainda que satisfato´rio, indicando que o presente ajuste e´ menos preciso, apesar de mais pra´tico. 6 0 20 40 60 80 100 120 140 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 ρ( µO h m /c m ) T(K) Dados Ajuste geométrico: f(x)=0.005x1.22 | R2=0.99983 Figura 3: Gra´fico de T x ρ com curva geome´trica ajustada. Para expressar a temperatura em func¸a˜o da resisteˆncia do filamento na forma da equac¸a˜o 3.7, utiliza-se a expressa˜o da resisteˆncia 3.3 e, considerando que o coeficiente de dilatac¸a˜o te´rmica para o tungsteˆnio e´ α = 4, 5.10−6K−1, ou seja, α << 1 e portanto L = L0 e A = A0, obteˆm-se uma expressa˜o para o ca´lculo da temperatura a partir da resisteˆncia medida do filamento: T ′ = T0 ( R R0 )1/γ (3.8) Outra forma de calcular a temperatura do filamento e´ considerando sua dilatac¸a˜o te´rmica, sendo que a expressa˜o acima fica na forma: T ′′ = T0 ( R R0 )1/γ ( 1 + 2α(T − T0) 1 + α(T − T0) ) Para utilizar tal expressa˜o precisamos de uma estimativa da temperatura que se encontra multiplicando o coeficiente de dilatac¸a˜o. Para estima´-lo primeiramente podemos considerar α = 0, ou seja, utilizar a expressa˜o 3.8 como a temperatura T . Fazendo essa substituic¸a˜o, e identificando o primeiro termo da multiplicac¸a˜o como T ′, temos que: T ′′ = T ′ ( 1 + 2α(T ′ − T0) 1 + α(T ′ − T0) ) (3.9) 7 Os dois me´todos para determinac¸a˜o da temperatura apresentados acima baseiam-se no expoente γ determinado a partir do gra´fico 3. Se desprezarmos a dilatac¸a˜o te´rmica na equac¸a˜o 3.3 obtemos: R = R0 +R1(∆T ) +R2(∆T ) 2 (3.10) e R = R0 ( T T0 )g (3.11) Tais expresso˜es sa˜o semelhantes a`s da resistividade, mostrando que pode- se utilizar a mesma representac¸a˜o gra´fica para um conjunto de dados da resisteˆncia e temperatura. Neste caso sera´ encontrado, na ana´lise dos da- dos obtidos, um expoente g diferente de γ por se tratar de um gra´fico da resisteˆncia por temperatura, e na˜o mais da resistividade. Portanto, obte- mos um terceiro me´todo para determinac¸a˜o da temperatura ao isolar T na expressa˜o acima: T ′′′ = T0 ( R R0 )1/g (3.12) onde o expoente g sera´ determinado posteriormente na ana´lise a partir do ajuste no gra´fico da resisteˆncia pela poteˆncia. 4 Materiais Utilizados • Laˆmpada de tungsteˆnio com poteˆncia de 20 W e tensa˜o de 12 V; • Um fotodiodo com filtro de λ = 950(±150)nm; • Treˆs mult´ımetros com escalas e preciso˜es variadas; • Treˆs fontes de tensa˜o de 50V; • Um termopar com precisa˜o de 0, 1◦C. 5 Procedimentos Primeiramente mediu-se a temperatura ambiente T0 com um termopar e a tensa˜o proveniente da luminosidade do ambiente no fotodiodo, a partir de um mult´ımetro associado em paralelo que posteriormente foi utilizado para medir a luminosidade da laˆmpada. O circuito foi montado de forma que um mult´ımetro estivesse em se´rie para medir a corrente ele´trica atuante, e um 8 outro mult´ımetro ligado em paralelo a` lampaˆda para medir a diferenc¸a de potencial aplicada a ela. Procurou-se distanciar o fotodiodo da laˆmpada de forma que o sinal cap- tado por este na˜o passasse de 6V , isso foi feito variando a tensa˜o nas fontes ate´ que chegasse ao valor ma´ximo que seria utilizado no experimento. Na coleta de dados realizadas no laborato´rio (que na˜o corresponde aos dados utilizados), apo´s o circuito pronto e o fotodiodo devidamente distanci- ado comec¸ou a coleta de dados, variando a tensa˜o nas fontes em um intervalo de 1V ate´ que chegasse a 15V , apo´s isso o intervalo foi aumentado para 5V ate´ o valor final de 130V . E´ importante ressaltar que os dados coletados pelo grupo, por na˜o se mostrarem satisfato´rios, foram descartados posteriormente, sendo que o pre- sente relato´rio baseia-se em dados fornecidos pelo professor, mas que foram obtidos de maneira semelhante a` descrita acima. 6 Dados A temperatura ambiente para os dados registrados e´ de T0 = 295K. Os dados fornecidos na˜o possuem a resisteˆncia inicial R0 da laˆmpada medida pelo mult´ımetro. A tabela 1 mostra os valores medidos para a diferenc¸a de potencial V , a corrente ele´trica i e a luminosidade S captada pelo fotodiodo, com suas incertezas experimentais. Nota-se que os primeiros dados possuem um va- lor quase constante para a luminosidade captada, sendo que esta comec¸a a variar apenas com voltagens superiores a 1V , aproximadamente. Este valor mostrado pelo fotodiodo pode ser proveniente, entre outros fatores, da luz ambiente de forma que, para analisar os dados, precisaremos subtrair tal va- lor (aproximadamente S0 = 0, 5mV ) dos dados em uso, ou seja, utilizaremos S − S0. Encontram-se tambe´m na tabela 1 os valores calculados da poteˆncia e resisteˆncia da laˆmpada, a partir das equac¸o˜es 3.1 e 3.3, juntamente com suas incertezas propagadas, calculadas por: δf = √ ( ∂f ∂x )2(δx)2 + ( ∂f ∂y )2(δy)2 (6.1) 9 Tabela 1: Valores medidos experimentalmente (V , i e S) e calculados (P e R) para a laˆmpada. V (±0, 01)(V ) i(±1)(mA) S(±0, 1)(mV ) P (W ) R(Ω) 0, 02 32 0, 5 0, 0006(±0, 003) 0, 6(±0, 3) 0, 04 67 0, 5 0, 0027(±0, 0007) 0, 6(±0, 1) 0, 06 99 0, 6 0, 006(±0, 001) 0, 6(±0, 1) 0, 08 132 0, 6 0, 011(±0, 001) 0, 61(±0, 08) 0, 10 165 0, 6 0, 017(±0, 002) 0, 61(±0, 06) 0, 13 198 0, 6 0, 026(±0, 002) 0, 66(±0, 05) 0, 17 235 0, 6 0, 040(±0, 002) 0, 72(±0, 04) 0, 21 268 0, 6 0, 056(±0, 003) 0, 78(±0, 04) 0, 26 299 0, 6 0, 078(±0, 003) 0, 87(±0, 03) 0, 32 332 0, 6 0, 106(±0, 003) 0, 96(±0, 03) 0, 55 395 0, 6 0, 217(±0,004) 1, 39(±0, 03) 0, 82 455 0, 4 0, 373(±0, 005) 1, 80(±0, 02) 1, 14 515 1, 3 0, 587(±0, 005) 2, 21(∓0, 02) 1, 46 572 6, 7 0, 835(±0, 006) 2, 55(±0, 02) 1, 81 631 18, 5 1, 142(±0, 007) 2, 87(±0, 02) 2, 16 688 38, 4 1, 486(±0, 007) 3, 14(±0, 02) 2, 52 743 67, 4 1, 872(±0, 008) 3, 39(±0, 01) 2, 91 800 110, 3 2, 328(±0, 009) 3, 64(±0, 01) 3, 32 856 167, 6 2, 842(±0, 009) 3, 88(±0, 01) 3, 72 909 237, 6 3, 38(±0, 01) 4, 09(±0, 01) 4, 16 964 327, 6 4, 01(±0, 01) 4, 32(±0, 01) 4, 60 1018 434, 0 4, 68(±0, 01) 4, 52(±0, 01) 5, 07 1072 564, 0 5, 44(±, 0, 01) 4, 73(±0, 01) 5, 54 1124 706, 0 6, 23(±0, 01) 4, 93(±0, 01) 6, 01 1175 865, 0 7, 06(±0, 01) 5, 11(±0, 01) 6, 53 1229 1059, 0 8, 03(±0, 01) 5, 313(±0, 009) 7, 06 1282 1269, 0 9, 05(±0, 01) 5, 507(±0, 009) 7, 57 1331 1489, 0 10, 08(±0, 02) 5, 687(±0, 009) 8, 11 1382 1726, 0 11, 21(±0, 02) 5, 868(±0, 008) 8, 62 1429 1987, 0 12, 32(±0, 02) 6, 032(±0, 008) 9, 19 1478 2267, 0 13, 58(±0, 02) 6, 218(±0, 008) 9, 67 1519 2524, 0 14, 69(±0, 02) 6, 366(±0, 008) 10, 25 1568 2845, 0 16, 07(±0, 02) 6, 537(±0, 008) 10, 83 1615 3175, 0 17, 49(±0, 02) 6, 706(±0, 007) 11, 41 1662 3527, 0 18, 96(±0, 02) 6, 865(±0, 007) 12, 00 1709 3894, 0 20, 51(±0, 02) 7, 022(±0, 007) 12, 64 1757 4280, 0 22, 21(±0, 02) 7, 194(±0, 007) 13, 24 1802 4670, 0 23, 86(±0, 02) 7, 347(±0, 007) 10 7 Ana´lise Analisando os dados e relac¸o˜es descritas ate´ agora determinaremos os valores de temperatura em func¸a˜o da resisteˆncia da laˆmpada de tungsteˆnio, para posteriormente retirarmos informac¸o˜es destas relac¸o˜es. A princ´ıpio, e´ preciso determinar o valor da resisteˆncia do filamento de tungsteˆnio analisado no experimento a` temperatura ambiente. Medir este valor com um mult´ımetro pode acarretar erros a` medida, ja´ que o processo de funcionamento do mult´ımetro consiste em aplicar uma diferenc¸a de potencial que influenciara´ o valor de resisteˆncia medido. Assim, utilizaremos o processo de ana´lise gra´fica para determinar R0. Tomando a equac¸a˜o 2.7 pode-se verificar que para temperaturas muito maiores que a ambiente D(T−T0) << εσA(T 4−T 40 ), considerando as propri- edades do tungsteˆnio[3], e assim a expressa˜o se reduz a` equac¸a˜o 2.6, ou seja, a equac¸a˜o de Stefan-Boltzmann incluindo a emissividade do material. Para temperaturas pro´ximas a` temperatura ambiente, no entanto, D(T − T0) >> εσA(T 4 − T 40 ) e a equac¸a˜o pode ser reduzida a P (T ) = D(T − T0). Por- tanto, ao se considerar apenas temperaturas muito pro´ximas a` T0 e´ poss´ıvel escrever: ∆T = P D Utilizando o resultado acima na equac¸a˜o 3.10, obtemos: R = R0 +R1 P D +R2 P 2 D2 (7.1) Assim, construindo um gra´fico de R x P e ajustando uma curva aos dados podemos estimar R0. Como fora utilizada a fo´rmula reduzida da poteˆncia para temperaturas pro´ximas a` ambiente, foram utilizadas tempe- raturas pro´ximas a` ambiente para determinar R0. Segue abaixo o gra´fico contendo o ajuste. 11 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 R (O h m ) P(W) Ajuste: f(x)= 0,5x2 + 3,67x +0,57 Dados Figura 4: Relac¸a˜o entre R e P para baixas temperaturas e curva de ajuste quadra´tico. Como se pode perceber na figura 4, para temperaturas pro´ximas a` am- biente (295 K) a relac¸a˜o entre R e P e´ pro´xima de uma relac¸a˜o quadra´tica. Assim, conforme o ajuste quadra´tico realizado, a resisteˆncia a` temperatura ambiente e´ R0 = 0, 572± 0, 008. Com o valor de R0 calculado, e´ poss´ıvel estimar a temperatura do fila- mento atrave´s das expresso˜es para T ′(R) e T ′′(R) na sec¸a˜o 3, pore´m, para calcular o valor da temperatura T ′′′(R) utilizando a expressa˜o 3.12 e´ preciso, primeiramente, encontrar o valor do expoente g proveniente da relac¸a˜o entre a resisteˆncia e temperatura. Para isso, consideramos a expressa˜o 2.7 para altas temperaturas, onde esta se reduz a` lei de Stefan-Boltzmann (2.6), onde P = εσAT 4, ou seja: T = ( P εσA )1/4 Ao substituir a equac¸a˜o acima na expressa˜o 3.11 obtemos: R = R0 T g0 (εσA) g/4 P g/4 Indentificando o termo multiplicando P g/4 como uma constante, obtemos uma expressa˜o na forma f(x) = axn onde n = g/4. Assim, ao aplicar o 12 logaritmo natural, obteˆm-se: ln(R) = ln(a) + g 4 ln(P ) , (7.2) onde a e´ a constante citada anteriormente. Deste modo, pode-se fazer um gra´fico com os dados de R e P da tabela 1 em escala logar´ıtma e ajustar uma linha de tendeˆncia linear a fim de encontrar g. 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 2.1 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 ln (R ) ln(P) Ajuste: f(x)=0,30x + 1,031 Dados Figura 5: Relac¸a˜o entre ln(R) e ln(P) para altas temperaturas e linha de tendeˆncia linear. Analisando a linha de tendeˆncia retornada pelo programa no gra´fico 5 e comparando com a equac¸a˜o 7.2, obtemos o valor do expoente desejado como sendo g = 1, 20. Pode-se agora estimar as temperaturas para os dados da tabela 1 utili- zando as expresso˜es 3.8, 3.9 e 3.12. Os valores calculados e suas incertezas propagadas pela equac¸a˜o 6.1 encontram-se na tabela 2. Tabela 2: Temperaturas do filamento calculadas pelos diferentes me´todos apresentados. P (W ) T ′(K) T ′′(K) T ′′′(K) 0, 0006(±0, 0003) 318(±131) 318(±131) 319(±133) 0, 0027(±0, 0007) 306(±63) 306(±63) 307(±64) 13 0, 006(±0, 001) 310(±42) 310(±43) 310(±43) 0, 011(±0, 001) 310(±32) 310(±32) 310(±32) 0, 017(±0, 002) 310(±25) 310(±26) 310(±26) 0, 026(±0, 002) 331(±21) 331(±21) 332(±21) 0, 040(±0, 002) 359(±17) 359(±17) 360(±18) 0, 056(±0, 003) 383(±15) 383(±15) 385(±15) 0, 078(±0, 003) 417(±13) 417(±13) 419(±13) 0, 106(±0, 003) 454(±12) 454(±12) 457(±12) 0, 217(±0, 004) 613(±9) 614(±9) 621(±9) 0, 373(±0, 005) 758(±8) 759(±8) 770(±8) 0, 587(±0, 005) 897(±7) 899(±7) 914(±7) 0, 835(±0, 006) 1008(±6) 1011(±6) 1029(±6) 1, 142(±0, 007) 1109(±5) 1113(±5) 1134(±5) 1, 486(±0, 0007) 1195(±5) 1199(±5) 1223(±5) 1, 872(±0, 008) 1273(±4) 1278(±4) 1304(±5) 2, 328(±0, 009) 1348(±4) 1354(±4) 1382(±4) 2, 842(±0, 009) 1420(±4) 1428(±4) 1458(±4) 3, 38(±0, 01) 1484(±4) 1492(±4) 1525(±4) 4, 01(±0, 01) 1550(±3) 1559(±3) 1594(±3) 4, 68(±0, 01) 1610(±3) 1619(±3) 1656(±3) 5, 44(±0, 01) 1671(±3) 1681(±3) 1720(±3) 6, 23(±0, 01) 1729(±3) 1740(±3) 1781(±3) 7, 06(±0, 01) 1782(±3) 1794(±3) 1836(±3) 8, 03(±0, 01) 1839(±3) 1851(±3) 1896(±3) 9, 05(±0, 01) 1893(±3) 1907(±3) 1953(±3) 10, 08(±0, 02) 1944(±2) 1958(±2) 2006(±3) 11, 21(±0, 02) 1995(±2) 2010(±2) 2059(±2) 12, 32(±0, 02) 2040(±2) 2056(±2) 2107(±2) 13, 58(±0, 02) 2091(±2) 2108(±2) 2161(±2) 14, 69(±0, 02) 2132(±2) 2150(±2) 2204(±2) 16, 07(±0, 02) 2179(±2) 2197(±2) 2253(±2) 17, 49(±0, 02) 2225(±2) 2244(±2) 2301(±2) 18, 96(±0, 02) 2268(±2) 2288(±2) 2347(±2) 20, 51(±0, 02) 2311(±2) 2331(±2) 2391(±2) 22, 21(±0, 02) 2357(±2) 2379(±2) 2440(±2) 23, 86(±0, 02) 2398(±2) 2421(±2) 2483(±2) 25, 23(±0, 02) 2435(±2) 2458(±2) 2522(±2) 14 Para minimizarmos os erros ao extrairmos informac¸o˜es dos dados, e´ pre- ciso reconhecer as limitac¸o˜es das relac¸o˜es entre T e R que obtivemos ate´ enta˜o. Abaixo se pode ver a diferenc¸a para as 3 expresso˜es conforme a tensa˜o varia. 0 500 1000 1500 2000 2500 0 2 4 6 8 10 12 14 T (K ) V(V) T’ T’’ T’’’ Figura 6: Relac¸a˜o entre T’,T” e T”’ e V. Percebe-se que para altas temperaturas existem comportamentos distin- tos, enquanto que para baixas temperaturas todas se comportam analoga- mente. Como T ′′ e´ o u´nico me´todo que leva em considerac¸a˜o o coeficiente de dilatac¸a˜o do tungsteˆnio, supo˜em-se que este seja o mais correto a ser uti- lizado. A expressa˜o de T ′ perde em precisa˜o por desconsiderar a dilatac¸a˜o te´rmica do material, pore´m e´ indispensa´vel para que T ′′ possa ser utilizada, ja´ que esta equac¸a˜o usa o resultado deT ′ num processo iterativo. A equac¸a˜o de T ′′′ e´ obtida ja´ pressupondo que o filamento se comporte como um corpo negro, portanto se sabe que esta na˜o pode ser usada com o fim de demonstrar que o filamento de tungsteˆnio irradia conforma a lei de Stefan-Boltzmann a` altas temperaturas. 7.1 Verificac¸a˜o da Lei de Stefan-Boltzmann Supo˜em-se que para temperaturas altas o suficiente o filamento de tungsteˆnio passara´ a emitir radiac¸a˜o te´rmica em intensidade suficiente para que a ab- sorc¸a˜o de radiac¸a˜o pelo filamento seja desprez´ıvel. Assim, este devera´ irradiar 15 analogamente a um corpo negro e poderemos verificar que seguira´ a lei de Stefan-Boltzmann. Como discutido anteriormente, para este propo´sito na˜o podemos representar a temperatura conforme a expressa˜o de T ′′′ (3.12), por- tanto utilizaremos a expressa˜o de T ′′ (3.9). A lei de Stefan-Boltzmann (2.4) afirma que a poteˆncia total de irradiac¸a˜o da superf´ıcie de um corpo negro e´ proporcional a` quarta poteˆncia da tem- peratura de sua superf´ıcie. Assim, como obtivemos a poteˆncia irradiada pelo filamento e sua temperatura, sabemos que, ao selecionarmos o inter- valo de altas temperaturas em relac¸a˜o a` temperatura ambiente, temos que P ∝ T ′′4. Definindo uma constante C que inclua as propriedades do material e a constante de Stefan-Boltzmann, podemos escrever P = CT ′′4. Aplicando o logaritmo natural em ambos os lados desta equac¸a˜o obtemos: ln(P ) = ln(C) + ln(T ′′)4 = ln(C) + 4ln(T ′′) Como ln(C) e´ uma constante, esta equac¸a˜o descreve uma reta de ln(P ) em func¸a˜o de ln(T ′′) cujo coeficiente angular e´ igual a` 4. Assim, ao constru´ırmos um gra´fico de lnP em func¸a˜o de lnT e ajustarmos uma reta do tipo f(x) = ax+b aos pontos esperamos encontrar um coeficiente angular a ' 4. A seguir o gra´fico com o ajuste realizado para temperaturas maiores que 1100K. 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 7.1 7.2 7.3 7.4 7.5 7.6 7.7 7.8 ln (P ) ln(T’’) Ajuste: f(x)= 3,97x − 27,6 Dados Figura 7: Relac¸a˜o entre lnP e lnT” verificando a lei de Stefan-Boltzmann. Conforme o gra´fico demonstra, a poteˆncia irradiada pelo filamento e´ pro- porcional a` T 3,97 para altas temperaturas. 16 O coeficiente angular calculado pelo ajuste com sua respectiva incerteza e´: a = 3, 97± 0, 02 Verifica-se, portanto, que o coeficiente angular calculado no ajuste esta´ muito pro´ximo do valor previsto pela lei de Stefan-Boltzmann. 7.2 Determinac¸a˜o da constante de Planck Com a demonstrac¸a˜o de que a laˆmpada se comporta como um corpo ne- gro, podemos utilizar a aproximac¸a˜o de Wien para a lei de Planck (2.5) para determinar a constante de Planck h, pois sabemos que o sinal captado pelo fotodiodo e´ proporcional a e hc λkT , assim, ao aplicar o logaritmo na equac¸a˜o, obtemos: ln(S) = C − hc λkT (7.3) Onde C e´ uma constante e λ e´ o comprimento de onda em que o fotodiodo e´ mais sens´ıvel. Sua curva de sensibilidade e´ mostrada na figura 8. Figura 8: Curva de sensibilidade do fotodiodo. Portanto, o comprimento de onda sera´ determinado pelo valor me´dio da curva, acompanhado de uma incerteza que cobre o intervalo em que o fotodiodo e´ sens´ıvel: λ = 950(±150)nm. Ao reconhecermos, na equac¸a˜o 7.3, o termo hc/λk como uma constante a, podemos encontrar seu valor ao ajustar uma curva linear em um gra´fico ln(S) por 1/T . 17 −3 −2.5 −2 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 2 0.0004 0.00045 0.0005 0.00055 0.0006 0.00065 0.0007 0.00075 0.0008 0.00085 ln (S ) 1/T(K −1 ) Ajuste: f(x)= −11058x + 6,29 Dados Figura 9: Gra´fico ln(S) x 1/T para determinac¸a˜o da constante de Planck. E´ importante lembrar que a grandeza utilizada no eixo das ordenadas e´ o valor de S subtra´ıdo de S0, ou seja, foi aplicado a correc¸a˜o da luz ambiente. Deste modo, os primeiros valores igualam-se a 0 de forma que na˜o e´ poss´ıvel aplicar o logaritmo natural para analisa´-los no gra´fico 9. A linha ajustada no gra´fico apresenta o seguinte valor para o coeficiente angular a: a = −hc λk = −11058(±19)K Sendo assim, podemos calcular o valor para h e sua incerteza propagada: h = 4, 8(±0, 8).10−34J.s (7.4) 8 Conclusa˜o Verificou-se que, em altas temperaturas, a laˆmpada de tungsteˆnio obedece a` lei de Stefan-Boltzmann, ou seja, se comporta como um corpo negro. E, a partir disto, foi poss´ıvel estimar o valor da constante de Planck, o qual diferiu do valor conhecido h = 6, 62.10−34. Tal discrepaˆncia pode ter sido originada das fontes de erro e aproximac¸o˜es mencionadas no trabalho, tal como a suposic¸a˜o que o filamento estava em equil´ıbrio termodinaˆmico a uma temperatura uniforme e que tal filamento e´ feito de tungsteˆnio puro. 18 Refereˆncias [1] Eisberg, Robert and Resnick, Robert, F´ısica Quaˆntica, John Wiley & Sons, 29a tiragem, 1985. [2] Tipler, Paul A. and Llewellyn, Ralph A., F´ısica Moderna, W.H. Freeman & Company, 6a ed., 2014. [3] Forsythe, William Elmer and Worthing, AG, The properties of tungsten and the characteristics of tungsten lamps, The Astrophysical Journal, volume 61, 1925. [4] Preston, Daryl W. and Dietz, Eric R., The Art of Experimental Physics, John Wiley & Sons, 1991. 19 Introdução Referencial Teórico Espectro de Corpo Negro Radiação de um Corpo Real Relação entre Resistência e Temperatura Materiais Utilizados Procedimentos Dados Análise Verificação da Lei de Stefan-Boltzmann Determinação da constante de Planck Conclusão
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