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Linhas de Transmissa˜o Luan Bottin de Toni(246851) 21 de agosto de 2015 Resumo Este relato´rio descreve um experimento cujo objetivo e´ entender a propagac¸a˜o de ondas eletromagne´ticas atrave´s de cabos coaxiais e seus comportamentos ao variar a resisteˆncia em sua extremidade. Mostra- se que e´ poss´ıvel calcular a velocidade de propagac¸a˜o atrave´s de um referencial teo´rico ou um equipamento experimental e que essa veloci- dade e´ cerca de 2/3 da velocidade da luz, evidenciando a utilidade de tais cabos para linhas de transmissa˜o. 1 Introduc¸a˜o Atualmente as frequeˆncias usadas na transmissa˜o de sinais esta˜o cada vez mais altas, levando a perdas importantes nos sinais. Isto faz com que o conhecimento da f´ısica envolvida seja muito importante. O experimento realizado tem como objetivo estudar os aspectos da pro- pagac¸a˜o de ondas eletromagne´ticas em uma linha de transmissa˜o constitu´ıda por um cabo coaxial, medindo sua capacitaˆncia, indutaˆncia e impedaˆncia, assim como analisar a propagac¸a˜o e reflexa˜o de pulsos. Um cabo coaxial e´ uma linha de transmissa˜o que consiste de um centro condutor (geralmente de cobre), um espac¸amento diele´trico, uma malha condutora externa e uma cobertura pla´stica que, ale´m de servir como terra, blinda o sinal de campos eletromagne´ticos externos. E´ razoa´vel supor que uma linha de transmissa˜o se comporta como uma distribuic¸a˜o cont´ınua de capacitores e indutores, da qual isolamos uma ce´lula elementar demonstrada na figura 1. A tensa˜o V0(t) aplicada num extremo introduzira´ um sinal V(x,t) e I(x,t) que se propagara´ ao longo do cabo como uma onda. Na figura 1 ha´ uma queda de tensa˜o provocada pela corrente dada por ∆I/∆t na indutaˆncia L′∆x. Ao considerarmos um cabo ideal sem perdas e aplicarmos a lei das malhas temos que: ∆V (x, t) = −L′∆x∆I(x, t) ∆t Analogamente, a diferenc¸a de corrente e´ dada por: ∆I(x, t) = −C ′∆x∆V (x, t) ∆t 1 vaio Resaltado Figura 1: Ce´lula elementar de extensa˜o ∆x do circuito onde L’ e C’ repre- sentam a indutaˆncia e capacitaˆncia por unidade de comprimento. Tomando o limite ∆x,∆t→ 0: ∂V ∂x = −L′∂I ∂t (1) ∂I ∂x = −C ′∂V ∂t (2) Ao tomarmos a derivada da equac¸a˜o (1) em relac¸a˜o a x e a derivada da equac¸a˜o (2) em relac¸a˜o a t, temos que: ∂2V ∂x2 = −L′ ∂ 2I ∂t∂x ; ∂2I ∂x∂t = −C ′∂ 2V ∂t2 Logo, temos que: ∂2V ∂x2 = L′C ′ ∂2V ∂t2 (3) Como a equac¸a˜o (3) e a equac¸a˜o da onda sa˜o matematicamente a mesma vemos que, de fato, trata-se de uma onda se propagando no cabo com velo- cidade: v = 1√ L′C ′ (4) A capacitaˆncia e indutaˆncia por unidade de comprimento esta˜o relacio- nadas com paraˆmentros geome´tricos dos cabos: C ′ = 2pi�R ln(r2/r1) ; L′ = µ0 2pi ln(r2/r1) (5) onde �R = κ�0 e´ a constante de permissividade do diele´trico do cabo coaxial. Ao aplicarmos uma tensa˜o na extremidade do cabo uma onda e corrente sa˜o geradas, no sentido positivo, de acordo com as relac¸o˜es: V+(x, t) = V0(t− x v ) ; I+(x, t) = I0(t− x v ) 2 vaio Nota adhesiva I também obedece a equação de onda? Substituindo as equac¸o˜es acima em (1) temos que: ∂ ∂x (V0(t− x v )) = −L′ ∂ ∂t (I0(t− x v )) V0(t− x v ) = vL′I0(t− x v ) V+(x, t) = vL ′I+(x, t) (6) Sabendo que a impedaˆncia Z da linha de transmissa˜o e´ o quociente entre a tensa˜o e a corrente: Z = V+(x, t) I+(x, t) = vL′ = √ L′ C ′ Substituindo as equac¸o˜es (5) na relac¸a˜o acima e sabendo que a velocidade da luz e´ dada por c = 1/ √ µ0�0 obtemos a impedaˆncia na forma: Z = ln(r1/r2) 2pi�0c (7) Para uma onda que se propaga no sentido negativo temos: V−(x, t) = V0(t+ x v ) ; I−(x, t) = I0(t+ x v ) E aplicando o mesmo racioc´ınio feito anteriormente para a onda se pro- pagando no sentido positivo: V−(x, t) = −vL′I−(x, t) = −ZI−(x, t) (8) Ao adicionarmos uma resisteˆncia R na extremidade do cabo ha´ uma mudanc¸a abrupta na impedaˆncia caracter´ıstica da linha, fazendo com que a onda propagante sofre uma reflexa˜o. Expressando a tensa˜o e a corrente como a soma dos pulsos refletido e incidido: V (x, t) = V+(x, t) + V−(x, t) I(x, t) = I+(x, t) + I−(x, t) = V+(x, t) + V−(x, t) Z Pore´m, em sua extremidade, x = l onde l e´ o comprimento do cabo, te- mos que V (l, t) = RI(l, t). Substituindo nas equac¸o˜es acima e relacionando- as com a tensa˜o aplicada obtemos: V0(t+ l/v) = R− Z R+ Z V0(t− l/v) (9) Esta u´ltima equac¸a˜o deixa claro que a amplitude do pulso refletido e´ determidado pela resisteˆncia na extremidade, impedaˆncia do cabo e pelo pulso incidido, esses aspectos sera˜o analisados neste experimento. 3 vaio Resaltado - vaio Nota adhesiva Como chegou da equação acima até aqui? vaio Resaltado 2 Materiais Utilizados Foram utilizados os seguintes materiais: • Cabos coaxiais com sa´ıda bnc; • oscilosco´pio de 100 MHz; • gerador de pulso (50ns) com 4 sa´ıdas; • mult´ımetro; • ponte RLC; • potencioˆmetro linear de 100Ω; • fios curtos de 10cm com uma sa´ıda bnc e 2 jacare´s; • paqu´ımetro (precisa˜o de 0,05mm); • trena (precisa˜o de 0,1cm); • T com sa´ıda bnc. 3 Procedimento de coleta de dados O laborato´rio foi dividido em grupos, cada qual com um cabo diferente do outro e, posteriormente, os dados coletados foram trocados entre os grupos. O procedimento de coleta de dados a seguir foi adotado para apenas um dos cabos coaxiais. Foram medidas as dimenso˜es geome´tricas do cabo. Seu comprimento l foi medido com uma trena utilizando uma mesa (100, 00(±0, 05)cm) como refereˆncia. Os diaˆmetros do condutor central (d1 = 2r1) e da malha externa (d2 = 2r2) foram medidos utilizando um paqu´ımetro. Como na˜o e´ poss´ıvel saber o valor de �R, na˜o podemos calcular o valor de C ′ a partir da equac¸a˜o (5), enta˜o utilizou-se uma ponte RLC para medir a capacitaˆncia C do cabo, pore´m, o valor apresentado pelo aparelho estava muito oscilante e a extremi- dade do cabo na˜o encaixava propriamente no ”T”utilizado posteriormente, levantando questo˜es sobre a integridade do cabo. A partir da capacitaˆncia calculada foi obtido C ′ = C/l. Desse modo foi poss´ıvel calcular os valo- res da tabela 1 apresentada mais adiante utilizando as equac¸o˜es deduzidas anteriormente. Feito isso, o grupo montou um equipamento formado por um gerador de pulso, um oscilosco´pio, dois cabos coaxiais, um conector T e um po- tencioˆmetro. O esquema esta´ representado na figura 2. Ondas senoidais de frequeˆncia varia´vel sa˜o produzidas pelo gerador e passam pelo oscilosco´pio de modo que e´ poss´ıvel observar seu tempo de propagac¸a˜o e comportamento 4 utilizando resisteˆncias diferentes na extremidade do cabo. Assim analisamos o comportamento da onda quando o cabo estava em curto (R = 0) utilizando um fio curto com jacare´s presos em suas pontas; com sua extremidade aberta (R =∞); e com o potencioˆmetro ajustado para R ' Z. Figura 2: Esquema de montagem. 4 Dados Experimentais Os dados coletados esta˜o dispostos a seguir. Sendo que o procedimento descrito acima se refere ao cabo 1 das tabelas 1 e 2. Os dados omitidos na˜o foram fornecidos pelo grupo responsa´vel. Tabela 1: Dimenso˜es e especificac¸o˜es dos cabos coaxiais. Cabo 1 Cabo 2 Cabo 3 l(m) 12, 937(±0, 007) 18, 161(±0, 005) 37, 1(±0, 01) 2r1(mm) 0, 95(±0, 03) 0, 80(±0, 05) 0, 90(±0, 05) 2r2(mm) 2, 95(±0, 03) 2, 90(±0, 05) 3, 70(±0, 05) C(nF) 1, 2(±0, 1) 1, 9(±0, 1) - C′(pF/m) 92(±8) 105(±6) 333(±88) �R(pF/m) 16(±1) 21(±1) 39(±11) L′(µH/m) 0, 227(±0, 004) 0, 256(±0, 006) 0, 15(±0, 01) v(108m/s) 2, 2(±0, 1) 1, 93(±0, 06) 1, 4(±0, 2) Z(Ω) 50(±2) 49(±2) 46(±14) Tabela 2: Dados do experimento com o oscilosco´pio. Cabo 1 Cabo 2 Cabo 3 2l(m) 25, 87(±0, 01) 36, 32(±0, 01) 74, 2(±0, 02) tprop.(ns) 131, 0(±0, 1) 182, 0(±0, 1) 150v(108m/s) 1, 975(±0, 002) 1, 996(±0, 001) 4, 93(±0, 03) R = Z(Ω) 48, 6(±0, 1) 62, 3(±0, 1) 44, 2(±0, 1) 5 Notamos que a velocidade medida atrave´s do oscilosco´pio do cabo 3 ultrapassa a velocidade da luz, o que e´ absurdo. Como na˜o se sabe o proce- dimento adotado para as medidas desse cabo, resta supor que a medida do tempo de propagac¸a˜o da onda esta´ equivocado. Desta forma, essa velocidade sera´ desconsiderada na ana´lise dos resultados. 5 Ana´lise dos dados Analisando individualmente o cabo 1, cujos dados foram obtidos atrave´s dos procedimentos descritos, notamos que a velocidade de propagac¸a˜o en- contrada atrave´s da equac¸a˜o (4) difere da obtida experimentalmente dentro dos valores abrangidos pelas incertezas. Considerando que o valor obtido atrave´s dos dados do oscilosco´pio possui uma incerteza consideravelmente menor e que este valor se aproxima mais ao encontrado na literatura para esse tipo de cabo (v = 0, 66c) [2], e´ razoa´vel supor que as medic¸o˜es fei- tas na tabela 1 geraram um erro considera´vel no resultado final (como dito anteriormente, a ponte RLC apresentou grandes oscilac¸o˜es na medida da capacitaˆncia do cabo). Se tomarmos uma me´dia das velocidades das tabelas 1 e 2 (desconside- rando a velocidade medida no oscilosco´pio do cabo 3) e´ poss´ıvel notar que a velocidade de propagac¸a˜o diminui conforme a distaˆncia percorrida aumenta. Se tratando de um cabo na˜o ideal, o material diele´trico, assim como o cobre, possui resisteˆncia na˜o nula, o que pode causar dispersa˜o de energia. Ao realizarmos o experimento com o oscilosco´pio para diferentes re- sisteˆncias na extremidade do cabo notamos comportamentos distintos da onda refletida. Deixando a extermidade aberta (R = ∞) observamos um pulso refletido com a mesma fase do pulso incidente. Figura 3: Reflexa˜o da onda com a extremidade do cabo aberta. 6 A figura 3 confirma o pressuposto da equac¸a˜o (9), pois ao substituir R =∞ temos que V0(t+ l/v) = V0(t− l/v), ou seja, a onda se propagando no sentido positivo de l possui a mesma fase da onda no sentido negativo. Pore´m, ao colocarmos a extremidade do cabo coaxial em curto com o aux´ılio de um cabo curto com jacare´s nas pontas, temos que R = 0 e ,pela equac¸a˜o (9), V0(t+ l/v) = −V0(t− l/v). Ou seja, a onda refletida tera´ fase oposta a` da onda incidente, o que e´ confirmado pela figura 4. Figura 4: Reflexa˜o da onda com a extremidade em curto. Por u´ltimo, acoplando um potencioˆmetro a` extremidade do cabo coaxial e observando o comportamento da onda na tela do oscilosco´pio foi poss´ıvel achar o valor da resiteˆncia para o qual na˜o ha´ onda refletida pelo cabo (no experimento ainda houve reflexa˜o, de modo que foi buscado a menor amplitude poss´ıvel da onda refletida), ou seja, quando R = Z, pois ao substituirmos novamente na equac¸a˜o (9) temos que V0(t+ l/v) = 0. 6 Conclusa˜o Vimos, enta˜o, que e´ poss´ıvel estimar a velocidade de propagac¸a˜o de uma onda eletromagne´tica em um cabo coaxial atrave´s de suas dimenso˜es e equac¸o˜es deduzidas a partir do pressuposto que o cabo se comporto como uma distribuic¸a˜o cont´ınua de capacitores e indutores. Pore´m, esse me´todo mostrou-se bem suscet´ıvel a erros por envolver muitas varia´veis, tornando a medic¸a˜o direta atrave´s de um oscilosco´pio uma maneira mais confia´vel de medir esse valor. Em todos os casos a velocidade de propagac¸a˜o se aproxima de dois terc¸os da velocidade da luz, isso evidencia a utilidade de cabos co- axias como linhas de transmissa˜o. Ao analisar a velocidade me´dia de cada cabo conclu´ımos que a velocidade e´ perturbada conforme a distaˆncia percor- rida pela onda aumenta. Ale´m disso, foi calculada a impedaˆncia dos cabos 7 vaio Resaltado vaio Resaltado de duas formas distintas: matematicamente atrave´s das dimenso˜es dos ca- bos; e variando a resisteˆncia na extremidade do cabo de modo que na˜o haja onda refletida. Refereˆncias [1] WALTER C. JOHNSON, MCGRAW-HILL KOGAKUSHA Transmissi- ons Lines and Networks, Intl. St. Ed. , New York, Ltd. 1950. [2] GOMES, D.O.S. et al. Medida da velocidade de fase da luz em linhas de transmissa˜o. Rev. Bras. Ensino F´ıs., Sa˜o Paulo, v. 33, n. 3, p. 1-3, Set. 2011. [3] H. M. NUSSENZVEIG, Curso de F´ısica ba´sica - vol. 3 - Eletromagne- tismo, editora Edgard Blu¨cher, 1a edic¸a˜o, 1997. [4] D. HALLYDAY, R. RESNICK & J. WALKER, Fundamentos de F´ısica vol.3 - Eletromagnetismo, editora LTC, 8a edic¸a˜o, 2010. 8 vaio Nota adhesiva Como se comparam os valores calculados e medidos? vaio Nota adhesiva Introdução e descrição do experimentonullnull1,8/2,0nullObtenção e apresentação das medidasnullnull1,0/1,0nullDescrição dos pulsosnullnullnullnull2,0/2,0nullVerificação que I e V satisfazem a eq. da onda e cálculo de vnullnullnullnull0,7/1,0nullDedução das eqs. 5, 6 e 7nullnullnull2,0/2,0nullDedução da eq. 10nullnullnullnull0,2/1,0nullnullnullDiscussão dos resultadosnullnullnullnull0,9/1,0nullnullTotal:null8,6/10,0nullnull
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