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CURSO DE NIVELAMENTO EM
LÍNGUA PORTUGUESA
Professora Sônia Maria Martins Cassiolato
UNIDADE I
Professora Sônia Maria Martins Cassiolato
Neste curso vamos mostrar a vocês a importância da leitura, como tornar-se um leitor crítico e como desenvolver 
procedimentos eficientes para ler o que está nas entrelinhas. Você também aprenderá como melhorar seus textos, 
a começar pelo parágrafo e o tópico frasal. Além disso, encontrará em nosso material sugestões de estratégias 
argumentativas que você poderá utilizar não só no texto escolar, mas em diversas situações diárias.
9ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
A LEITURA DO MUNDO PRECEDE A LEITURA DA PALAVRA
O que você acha que Paulo Freire queria dizer com isso?
Segundo a teoria de Freire, leitura de mundo é tudo aquilo que tem significado para o indivíduo. São os olhares, os 
cheiros, os toques, os gostos, os saberes que temos e acumulamos na nossa vivência diária. 
É aquilo que está intrínseco em nós mesmos. 
Nossa linguagem, aquilo que somos, nossas representações e símbolos, nosso conhecimento historicamente 
acumulado vinculado a nossas opiniões pessoais. 
É através da leitura de mundo que vamos apreender a leitura da palavra.
“A leitura depende mais daquilo que está por trás dos olhos – da informação não-visual – do que da informação 
que está diante deles” (SMITH, 1999, p. 38).
Então, vamos criando nossas percepções e construindo as relações que nos levam ao aprendizado. 
É por isso que na escola, a leitura da palavra só ganha 
significado e significância se ela vier apreendida com a 
leitura de mundo do educando e socializada com o coletivo 
da turma, para que vivenciada as diferenças, aconteçam 
as internalizações e acomodação da aprendizagem, 
propriamente dita.
Você está convencido da relevância da leitura? Se ainda 
não está, listaremos vários motivos pelos quais você deve 
começar ou continuar a ler:
1. Entendimento: uma boa leitura leva a pessoa ao 
entendimento de assuntos distintos. Afinal, o que é entender 
senão compreender, perceber. Como você saberá conversar 
sobre determinado tema se não tem percepção ou se não o 
compreende? 
 
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10 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
2. Cultura: através da leitura temos possibilidade de ter contato com várias culturas diferentes. Sabemos 
como determinado povo se comporta, os motivos pelos quais agem de forma distinta da nossa. Além disso, 
compreendemos melhor o outro quando passamos a saber a história de vida que o cerca. Consequentemente 
lidamos melhor com quem é diferente de nós e não temos uma opinião pobre e geral das circunstâncias. 
3. Reflexivos: lendo, nos tornamos reflexivos, ou seja, formamos uma ideia própria e madura dos fatos. Quando 
temos entendimento dos vários lados de uma mesma história, somos capazes de refletir e chegar a um 
consenso, que nos traz crescimento pessoal. 
4. Conhecimento: através da leitura falamos e escrevemos melhor, sabemos o que aconteceu na nossa história, 
o porquê de nosso clima e do idioma que falamos, dentre muitas outras possibilidades. 
5. Leitura dinâmica: quem lê muito, começa a refletir mais rápido. Logo, adquire mais agilidade na leitura. Passa 
os olhos e já entende sobre o que o texto está falando, a opinião do escritor e a conclusão alcançada. 
6. Vocabulário: esse item é fato, pois quem lê tem um repertório de vocábulos muito mais avançado do que 
aquele que não possui essa prática. 
7. Escrita: com conhecimento, reflexão e vocabulário 
é óbvio que o indivíduo conseguirá desenvolver seu 
texto com muito mais destreza e facilidade. Quem lê, 
se expressa bem por meio da escrita. 
8. Diversão: sim, a leitura promove diversão, pois 
quem lê é levado a lugares que não poderia ir “com 
as próprias pernas”. 
9. Informação: através da leitura ficamos informados 
sobre o que acontece no mundo e na nossa região. 
A leitura informativa mais usual é o jornal impresso.
Quando você for ler um texto pense sempre em: 
Ler as linhas...
Ler as entrelinhas...
Ler por trás das linhas...
Na constatação, o leitor percebe o sentido primeiro do texto...
Na reflexão, conclui que há mais sentidos para o texto...
Na transformação, gera mais sentidos para o texto.
Assim, você pode perceber que toda leitura envolve produção, e não extração, simplesmente, de sentidos, 
constituídos a partir do saber do leitor e das circunstâncias da leitura.
Entendeu por que “os ditos” como os “não ditos” fazem parte do texto? Dessa forma, saber ler significa perceber a 
incompletude do texto e desfazer os efeitos de transparência.
Vamos conhecer os níveis de leitura que se processam, no momento em que lemos.
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11ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
NÍVEIS DE LEITURA
1. LEITURA SUPERFICIAL: neste nível, o leitor lê apenas o que está escrito nas linhas do texto, percebe somente 
o que está explícito na superficialidade das linhas; decodifica as informações, mas não as compreende em sua 
totalidade. 
2. LEITURA ADEQUADA: neste nível, o leitor não fica preso na superficialidade das linhas ou no conteúdo 
literal do texto; o leitor realiza a leitura nas entrelinhas, consegue identificar, no texto, pistas que permitem a 
construção de novos sentidos. 
3. LEITURA COMPLEXA: neste nível, o leitor vai além das linhas e das entrelinhas do texto; ele faz uma leitura 
por trás das linhas, relaciona textos e contextos, constrói mais sentidos ainda. 
Agora, para verificarmos a importância da leitura de mundo, leia a charge a seguir.
Então a partir dela avalie: você tem conhecimento do assunto abordado na imagem? Caso a resposta seja negativa, 
é melhor passar a ler e informar-se sobre os fatos cotidianos.
No intuito de colaborar para que você compreenda a charge exposta anteriormente, apresentamos uma coletânea 
de textos veiculados na mídia a respeito da polêmica causada pela questão abordada nos quadros. Vamos verificar 
qual é ela?
1 - Lula condena greve de fome de cubanos dissidentes.
Para brasileiro, jejum é “insanidade” e a Justiça de Cuba deve ser respeitada. 
Artifício usado por presos políticos não deve servir de “pretexto de direitos humanos para liberar 
pessoas”, diz presidente. 
Fonte: Folha de S.Paulo, 11/03/10
12 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
DA REDAÇÃO 
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem, em entrevista à agência Associated Press, respeito às decisões 
da Justiça cubana e condenou o uso da greve de fome por dissidentes como instrumento para serem libertos da 
prisão. 
“Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano de deter as pessoas em função da legislação 
de Cuba. A greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. 
Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade.” 
Em 23 de fevereiro, um dia antes de Lula visitar Cuba e se reunir com os irmãos Castro, o preso político Orlando 
Zapata Tamayo morreu após fazer greve de fome por 85 dias. Desde então, aumentaram as pressões internas e 
as críticas por parte de EUA, Europa e ONGs, pedindo respeito aos direitos humanos na ilha.
Para honrar a causa de Zapata e reivindicar a libertação de outros 26 presos de consciência doentes, outro 
dissidente, o jornalista Guillermo Fariñas,iniciou greve de fome que hoje completa 15 dias.
“Gostaria que não ocorressem [detenções de presos políticos], mas não posso questionar as razões pelas quais 
Cuba os deteve, como tampouco quero que Cuba questione as razões pelas quais há pessoas presas no Brasil”, 
disse o mandatário brasileiro, lembrando que ele mesmo fez jejum nos anos 1980, durante a ditadura militar 
brasileira, e classificando a prática de “insanidade”.
A posição brasileira contrasta com a francesa -ontem, a Chancelaria da França se disse “cada vez mais preocupada 
com o estado de saúde de Fariñas, muito debilitado por sua greve de fome” e fez um “chamado solene” ao regime 
castrista pela libertação dos presos políticos, que pede que ocorra em caráter de “urgência”.
Carta a Lula
Também ontem, um grupo de dissidentes cubanos disse que a Embaixada do Brasil em Havana não enviou, por 
falta de assinaturas, a carta que eles tinham escrito e endereçado a Lula pedindo a interferência brasileira pelos 
presos políticos da ilha e no caso Fariñas, citando a “credibilidade, liderança regional e interlocução privilegiada” 
do presidente com as autoridades cubanas.
O dissidente Manuel Cuesta Morúa relatou à agência Efe que a carta do “Comitê Pró-Liberdade dos Prisioneiros 
Políticos Orlando Zapata Tamayo”, criado na semana passada, não estava assinada pelos cerca de cem membros 
do grupo, “dada a urgência do caso Fariñas”. Segundo ele, porém, a carta não seria encaminhada pela embaixada 
ao presidente brasileiro até que fosse devidamente assinada. “Então, entre hoje [ontem] e amanhã vamos buscar 
assinaturas”, agregou. 
O segundo-secretário da embaixada, Marcio José Bezerra dos Santos, disse à agência que a representação 
soube da carta pela imprensa e que um jornalista lhe enviou o texto. Só três horas depois, um texto idêntico chegou 
à recepção da embaixada, informou.
(Folha de S.Paulo 10/03/10)
13ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
2 - EDITORIAL
Passou do limite 
Ao defender mais uma vez a ditadura cubana, e equiparar presos políticos a comuns, Lula escarnece dos valores 
democráticos.
NÃO PARECE demais, em nome do registro histórico, reproduzir mais uma vez as palavras do presidente Luiz 
Inácio Lula da Silva em entrevista à Associated Press: “Temos de respeitar a determinação da Justiça e do governo 
cubano de deter as pessoas em função da legislação de Cuba. A greve de fome não pode ser utilizada como 
pretexto de direitos humanos para liberar as pessoas. Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo entrarem 
em greve de fome e pedirem liberdade”.
A declaração é escandalosa -mesmo para os padrões de Lula, que habituou os brasileiros a seus disparates. 
Lembre-se, por exemplo, quando disse, ainda em 2003: “Quem chega a Windhoek [capital da Namíbia], não parece 
que está num país africano. Poucas cidades do mundo são tão limpas e bonitas arquitetonicamente quanto esta”. 
Desta vez, porém, a manifestação não se reveste de nenhuma graça, tosca que seja. E não pode ser atribuída a 
mais um entre tantos deslizes de quem abusa dos improvisos, não esconde o orgulho por falar errado e se diverte 
com as gafes que comete. Não. Lula, este personagem satisfeito com as suas próprias precariedades, desta vez 
passou dos limites na agressão aos valores democráticos. 
Vejamos mais de perto a escalada de impropriedades: Lula endossa uma ditadura que reprime a divergência 
de opinião. Prega “respeito” pela legislação cubana, que autoriza a prisão de pessoas cujo crime é dar sinais de 
“conduta manifestamente em contradição com as normas da moralidade socialista”. 
A seguir, avança outra casa ao qualificar os direitos humanos de “pretexto” dos presos políticos que fazem greve 
de fome. Pretexto? Em 2003, o governo cubano fuzilou três dissidentes que tentaram fugir do país. Outros 75 
opositores foram presos, entre os quais Orlando Zapata. Condenado inicialmente a três, ele teve sua pena ampliada 
para mais de 25 anos de prisão. Morreu após uma greve de fome, no dia em que Lula chegou à ilha, semanas 
atrás, para visitar Fidel Castro pela quarta vez. 
Surpreendido por jornalistas, primeiro alegou desconhecer o apelo que entidades defensoras dos direitos humanos 
haviam feito para que intercedesse por Zapata. Limitou-se, a seguir, a lamentar que “um preso se deixe morrer por 
greve de fome”. 
Como disse ontem à Folha o jornalista e dissidente cubano Guillermo Fariñas, também em greve de fome: “Lula 
demonstra seu comprometimento com a ditadura dos Castro e seu desprezo com os presos políticos”. 
Nada supera, porém, o escárnio da conclusão presidencial: os presos políticos da ditadura cubana são equiparáveis 
aos presos comuns de um país democrático, no caso o Brasil. “Imagine se todos os bandidos presos em São Paulo 
entrarem em greve de fome e pedirem liberdade.” 
Imaginemos, nós, com mais razão, que tal aberração a serviço da defesa de um regime homicida não seja apenas 
14 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
um tropeço, mas, antes, a revelação do real apreço de Lula pela democracia.
(Folha de S.Paulo 11/03/10)
3 - CARLOS HEITOR CONY
Pisada de bola 
RIO DE JANEIRO - Que Lula pisou na bola, pisou. Sua declaração a propósito da greve de fome de um dissidente 
cubano foi infeliz -e, além de infeliz, oportunista e contrária à sua própria biografia.
Infeliz porque se espera de Lula uma coerência mínima com o seu passado, passado de luta na oposição. Ele 
próprio chegou a ser um preso político e sabe melhor do que ninguém a diferença entre um deles e o preso comum. 
A greve de fome é antes de mais nada um recurso à propaganda contra um regime ou contra as condições 
sub-humanas das prisões. É um recurso válido até mesmo para os presos comuns, e muito mais para os presos 
políticos. 
O oportunismo de Lula está claro: as suas relações com o regime cubano são estridentes e até louváveis, pois, 
de certa forma, sem o apelo à violência, a cartilha do petismo não é tão diferente da cartilha castrista, seja ela 
administrada por Fidel ou por Raul. 
Ele sabe compensar essa predileção pelos governos de esquerda indo visitar amistosamente velhos ditadores de 
direita, o que lhe dá uma aura de equidistante, de cidadão do mundo. 
Mas condenar a greve de fome de um dissidente de um regime antidemocrático, como o de Cuba, é ir além da 
imagem que ele procura firmar, de político mais importante do mundo. 
A comparação que ele fez também foi infeliz. Se os presos comuns de São Paulo fizessem greve de fome, não 
deveriam ser soltos, mas atendidos em suas exigências de tratamento carcerário, que, como sabemos, não é lá 
essas coisas. 
Em resumo: a declaração de Lula sobre o dissidente cubano mostra que cada vez mais ele se afasta de suas 
origens pessoais e políticas, tornando-se não um preso comum, mas um político comum.
(Folha de S.Paulo 11/03/10)
15ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
4 - PALAVRAS AO LULA
JOSÉ CARLOS DIAS
Presidente Lula, ex-preso político, como é possível submeter a filtro ideológico a questão do direito de 
oposição, de contestação?
PELA PRIMEIRA vez escrevo algumas palavras que eu gostaria que fossem lidas pelo Lula presidente -Lula que 
conheci quando ele veio ao meu escritório, na década de 1970, para que eu defendesse seu irmão, meu amigo 
até hoje, conhecido como Frei Chico, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, que estava 
preso.
Após esse episódio, encontramo-nos muitas vezes naquela época em que ele era o grande líder sindical dos 
metalúrgicos, e eu, advogado de muitos perseguidos políticos e presidente da Comissão Justiça e Paz de São 
Paulo.
Lembro-me especialmente de uma madrugada na sua casa, e isso ocorreu durante a greve dosmetalúrgicos de 
São Bernardo, em 1980. Lá estava Frei Betto, e a casa tinha sido rodeada por policiais à paisana que esperavam 
para prendê-lo, o que viria a ocorrer ao amanhecer. Logo depois, também Dalmo Dallari foi preso em sua casa. 
Ao sair de casa em direção ao escritório, onde pretendia preparar um habeas corpus para ambos, eu também vim 
a ser preso, na praça Pan-americana, de forma espalhafatosa.
Ficamos no Dops com cerca de 20 prisioneiros. Dalmo, Lula e eu ficamos isolados numa sala. Algumas horas 
depois, após interrogatório, Dalmo e eu fomos libertos. Lula permaneceu preso por muitos dias mais. 
Essas cenas afloraram a memória e lembro que a sua história merece respeito e reverência, mesmo por parte dos 
que se opõem ao seu governo e às suas posições de hoje. 
E por isso mesmo me espanta a notícia de que Lula se solidariza com o governo cubano, não somente naquilo que 
historicamente representa de importante e positivo, mas também naquilo que tem de abjeto, que é o desrespeito 
aos direitos humanos daqueles que se opõem ao regime. 
O nosso presidente chegou ao desplante de comparar os presos políticos de Cuba aos criminosos comuns. 
Condenou Lula a greve de fome ali utilizada, instrumento também adotado por tantos brasileiros que se opuseram 
à ditadura. 
Frei Betto, nosso querido Frei Betto, um dos que heroicamente optaram por se expor à morte, descreve o que foi 
a greve de fome na penitenciária de Presidente Venceslau (SP). 
E, por falar em Frei Betto, lembro-me de frei Tito, morto pela memória da tortura, de frei Giorgio Callegari e de 
todos aqueles mortos na cadeira do dragão, como Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho.
A indignação contra a violência, que levou tantos heróis à morte ou que os expôs à morte, é a mesma que deve 
16 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
estar presente quando os mesmos métodos são adotados por fundamentação ideológica diversa.
Acompanhei, com visitas diárias, vários clientes que sentiram que a greve de fome era o último recurso para que 
fossem respeitados os direitos mínimos que lhes eram sistematicamente negados. Acaso poderiam ser rotulados 
de criminosos comuns também nossos heróis?
Então, presidente Lula, ex-preso político, como é possível submeter a um filtro ideológico a questão do direito de 
oposição, de contestação?
Por que não usou o presidente Lula, pelo respeito à sua história, a força de seu prestígio e de seu carisma para 
influenciar os irmãos Castro a dar um basta à tortura e às violências contra os opositores do regime?
Se queremos apresentar ao mundo o rosto de um país que preserva a democracia, não podemos ser tolerantes 
nem lenientes com a violação de direitos humanos, trocando afagos com os dirigentes de um país que adota a 
tortura ao mesmo tempo em que é enterrado um opositor do regime, morto de inanição como derradeira forma de 
protesto. 
Tive que escrever estas poucas linhas para sentir-me coerente com o compromisso de respeito aos direitos 
humanos que devem ser preservados -qualquer que seja a ideologia do preso e do detentor do poder.
Os tempos mudaram. Um operário corajoso de ontem representa esta República, uma conquista pelo voto 
democrático. Mas o coração que batia em seu peito de metalúrgico deve continuar a bater no mesmo ritmo no 
peito do presidente.
A coerência impõe o dever de expressar com mesmo ímpeto a indignação contra a violência quando ela é praticada 
contra qualquer preso, seja comum, seja político, seja qual for a vertente política do ordenante e do carrasco.
JOSÉ CARLOS DIAS, 70, advogado criminal, foi secretário da Justiça do Estado de São Paulo (governo Montoro) 
e ministro da Justiça (governo FHC). (Folha de S.Paulo 11/03/10)
5 - PAINEL DO LEITOR 
Lula e Cuba
 “Lula comparou os presos políticos cubanos aos bandidos presos em São Paulo. Mas por que aqueles que não 
concordaram com a ditadura no Brasil são considerados heróis e por isso até recebem polpudas indenizações?” 
VASCO PEREIRA DE OLIVEIRA (Sertãozinho, SP)
 “Em relação a Cuba, nosso presidente foi taxativo ao dizer que não se pode interferir em atos de outro país e que 
a soberania de cada nação deve ser respeitada. 
17ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
Pergunto então ao presidente se ele não interferiu nas decisões dos poderes Legislativo e Judiciário de Honduras 
e não desrespeitou a soberania daquela nação?” 
JOSÉ MEIRELLES (São Paulo, SP)
 “Todos os dissidentes políticos ou pessoas contrárias aos regimes ditatoriais -chineses, cubanos, venezuelanos 
ou de qualquer outra nacionalidade- são cidadãos que possuem caráter e força de vontade acima da média da 
população e não se submetem ao ditador de plantão. 
Tal como aconteceu no Brasil durante a ditadura militar, essas pessoas contrárias ao regime não eram bandidos... 
Ou será que alguns eram, porque só visavam estar no poder a qualquer custo?” 
ANTONIO JULIO AMARO (São Caetano do Sul, SP)
(Folha de S.Paulo 11/03/10)
Vamos fazer uma leitura crítica do texto 3, “Pisada na bola”, de Carlos Heitor Cony.
- Assunto: declaração de Lula a propósito da greve de fome de um dissidente cubano.
- Posicionamento: considera infeliz a declaração de Lula, a propósito da greve de fome de um dissidente e, além 
de infeliz, oportunista e contrária à sua própria biografia. 
- Argumentos: “infeliz porque se espera de Lula uma coerência mínima com o seu passado”; “ o oportunismo de 
Lula está claro: as suas relações com o regime cubano são estridentes e até louváveis, pois, de certa forma, 
sem o apelo à violência, a cartilha do petismo não é tão diferente da cartilha castrista”; “a declaração de Lula 
sobre o dissidente cubano mostra que cada vez mais ele se afasta de suas origens pessoais e políticas.”
- Defesa: “A comparação que ele fez também foi infeliz. Se os presos comuns de São Paulo fizessem greve 
de fome, não deveriam ser soltos, mas atendidos em suas exigências de tratamento carcerário, que, como 
sabemos, não é lá essas coisas”.
Através dos dados levantados você 
pode perceber que o leitor crítico produz 
sentido quando lê as linhas. Produz 
mais sentidos ao ler nas entrelinhas 
e muito mais sentido ainda quando lê 
além das linhas.
Relembre o momento político 
mencionado por Cony, leia a letra da 
música de Milton Nascimento e, se 
possível, acesse o link (http://letras.terra.
com.br/milton-nascimento/27700/).
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18 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
CANÇÃO DA AMÉRICA
Milton Nascimento
Composição: Fernando Brant e Milton Nascimento 
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam “não”
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.
Ao ler a letra da música, provavelmente você lembrou que ela foi produzida na época da ditadura militar, então 
relacionou-a com a ideia de presos políticos e ficou mais evidente porque Cony relembra que Lula, também, já foi 
19ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
um deles. Assim, o que o presidente faz, ao compará-los com presos comuns, é esquecer suas origens.
Ao ler o texto e relacioná-locom outras informações você elaborou as etapas de leitura. Vejamos quais são elas. 
ETAPAS DE LEITURA
1 - Decodificação: é o reconhecimento dos 
símbolos escritos e da sua ligação com o 
significado. 
2 - Compreensão: é abstrair a temática do 
texto, depreender o significado de palavras 
novas e captar as informações que o texto 
oferece. 
3 - Interpretação: é uma etapa posterior à 
compreensão, pois é nela que o leitor utiliza 
a sua capacidade crítica e faz julgamentos 
sobre o que lê. 
4 - Retenção: é nessa etapa que o leitor 
armazena o que leu. 
 Agora, leia os textos abaixo.
De aorcdo com uma peqsiusa 
de uma uinrvesriddae ignlsea, 
não ipomtra em qaul odrem as 
Lteras de uma plravaa etãso, 
a úncia csioa iprotmatne é que 
a piremria e útmlia Lteras etejasm 
no lgaur crteo. O rseto pdoe ser 
uma bçguana ttaol, que vcoê 
anida pdoe ler sem pobrlmea. 
Itso é poqrue nós não lmeos 
cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa 
cmoo um tdoo. 
Sohw de bloa.
35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO 
NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! 
R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 
N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 
4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? 
POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 
M3R3C3! P4R4BÉN5! 
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20 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
Quais etapas de leitura você realizou? O QUE VOCÊ PRECISA FAZER PARA COMPREENDER E INTERPRETAR 
TEXTOS? 
Acompanhe como ocorre o processo.
1º Leitura é um TRABALHO ATIVO de compreensão e interpretação do texto. Pensando nisso, Quais são os 
FATORES INDISPENSÁVEIS para a interpretação adequada das questões e dos textos propostos nas avaliações? 
São eles:
- CONCENTRAÇÃO...
- VONTADE DE APRENDER...
- DISPOSIÇÃO PARA A LEITURA... 
- OBJETIVOS BEM DEFINIDOS...
A FALTA DESSES ELEMENTOS LIMITAM SUA CAPACIDADE EM: 
LER COM CRITICIDADE. ALÉM DISSO, PREJUDICA O ENTENDIMENTO DO TEXTO LEVANDO-O A RELER 
VÁRIAS VEZES O MESMO TEXTO. VOCÊ NÃO QUESTIONA O QUE É LIDO. ASSIM FICA COM DIFICULDADES 
EM COMPREENDER E INTERPRETAR O QUE FOI ESCRITO PELO AUTOR E ALÉM DE NÃO CONSEGUIR 
ENTENDER O QUE NÃO ESTÁ EXPLÍCITO NAS PALAVRAS DELE.
2º Leitura é um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de SEUS objetivos. 
3° Leitura é um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de SEUS objetivos... de seu 
conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, enfim de tudo o que sabe sobre a linguagem.
Na sequência apresentaremos alguns Procedimentos de Leitura, com eles temos a intenção de capacitá-lo para 
tornar-se um leitor crítico.
Procedimentos de leitura I
1º passo: pré-leitura. Identificar o tema do Texto.
- De que trata o texto lido?
- Qual é seu foco principal?
Depois identifique a palavra-chave principal de cada parágrafo e as outras palavras que se relacionam com ela.
2º passo: Reler o texto. Leitura crítica.
Selecionar e organizar as informações do texto. Critérios de relevância:
- O que é mais importante?
- O que é menos importante?
21ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
- O que é informação principal?
- O que é informação secundária?
3º Passo: Leitura Interpretativa. Síntese: reconstituir o todo, fixando o essencial. Organizar as próprias 
ideias em relação aos elementos relevantes (palavras-chave):
- Significa colocar em relação: sua avaliação do que foi dito e os seus conhecimentos prévios sobre o tema.
- Concorda? Discorda? Por quê?
4º Passo: Interpretar os dados e fatos apresentados: 
Construir sentido para seu texto. Após a leitura e 
análise, considere todas as informações, argumentos 
e conclusões identificados. Veja se respondem às 
questões:
- Compreensão: Que tese é defendida no texto?
- Análise: Quais as partes constitutivas do texto?
- Síntese: Qual a síntese desse texto?
- Avaliação: As ideias essenciais desse texto merecem crítica? Positiva? Negativa?
- Aplicação: Em que outro contexto podem ser aplicadas as ideias desse texto?
PROCEDIMENTOS DE LEITURA II
1 - PRESSUPOSTOS
Pressuposto: circunstância ou fato considerado como antecedente necessário de outro. Há textos em que nem 
tudo o que importa para a interpretação está registrado. O que não foi escrito deve ser levado em consideração 
para que se possa verdadeiramente interpretar um texto.
Observe o exemplo:
Fo
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e:
 L
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EN
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LA
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22 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
SIGA AS PISTAS E DESCUBRA O QUE NÃO ESTÁ ESCRITO.
Para entendermos os quadrinhos, precisamos nos questionar sobre o que não está escrito.
1 - Qual é a informação óbvia contida no primeiro quadrinho?
2 – O que se pode concluir a respeito do marido de Irma a partir da leitura do segundo quadrinho?
Então, você percebeu como nem tudo o que importa para interpretação está escrito?
2 - IMPLÍCITOS
Implícito: é algo que está envolvido naquele contexto, mas não é revelado, é deixado subentendido, é apenas 
sugerido. Quando lidamos com uma informação que não foi dita, mas tudo que é dito nos leva a identificá-la, 
estamos diante de algo implícito. A compreensão de implícitos é essencial para se garantir um bom nível de leitura.
Um exemplo:
O que podemos concluir da fala da Helga do primeiro quadrinho?E o segundo quadrinho, o que está subentendido? 
Notou que no último quadrinho a informação não está dita, mas tudo que foi dito anteriormente nos leva a 
compreender a cena?
3 - INFERÊNCIAS
Inferir algo pode ser definido como o processo de raciocínio segundo o qual se conclui alguma coisa a partir 
de outra já conhecida. As informações obtidas na leitura de um texto devem ser confrontadas com o nosso 
conhecimento da realidade. É esse o processo analítico que permite a elaboração de conclusões a partir do que 
se infere no texto.
23ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA | Educação a Distância
Leia o quadrinho:
Note a explicação de Hagar a respeito dos chifres. A partir da análise da fala dele é que o leitor tira suas conclusões.
4 - INTERTEXTUALIDADE
É a relação que se estabelece entre dois textos, quando um deles faz referências a elementos existentes noutro. 
Esses elementos podem dizer respeito ao conteúdo, à forma, ou mesmo à forma e ao conteúdo. É fundamental 
verificar o sentido do texto original para, em seguida, procurar determinar com que intenção ele foi referido pelo 
autor do novo texto.
Folha de São Paulo 13/06/02.
Para que você possa entender a mensagem do quadrinho é necessário conhecer os personagens. Trata-se de 
Descartes, Sócrates, Marx, Nietzsche e Sartre. Os próprios filósofos enfrentavam a questão essencial: quem 
somos? Assim a fala final ganha sentido, no contexto das relações estabelecidas entre os vários “textos” evocados 
pela imagem dos filósofos, intencionalmente escolhidos pelo autor da tira. 
Assim terminamos esta unidade retomando a palavra de Paulo Freire mencionada no início: “a leitura do mundo 
precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura 
daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente”. Dessa maneira, a leitura da palavra não pode deixar 
de considerar o conhecimento de mundo que cada leitor possui, adquirido em seu contexto, suas vivências,enfim 
em sua realidade. 
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Portanto, enfatizamos a importância da leitura na formação do sujeito leitor, e a questão será retomada ao longo 
de nosso curso, pois essa leitura estimula o espírito crítico, que é a chave da cidadania.

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