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Responsabilidade Técnica em Piscicultura Bacias fluviais do Brasil A Amazônia tem a maior bacia fluvial do mundo. Segundo a FAO, os rios brasileiros representam o dobro de todos os rios da Austrália e da Oceania, são 42% superiores aos da Europa e 25% maiores do que os do continente africano. Reservas subterrâneas Além dos rios, das lagoas, da atmosfera e do regime de chuvas, o Brasil tem ainda duas grandes reservas subterrâneas de água doce representadas pelos aquífero Guarani e aquífero Alter do Chão, este o maior do mundo. Onde há escassez de água no Brasil A maior escassez ainda é no Nordeste, onde a falta de água contribui para o abandono das terras e migração para os centros urbanos, como S. Paulo e Rio de Janeiro, agravando ainda mais o problema da escassez de água nessas cidades. Por que falamos tanto sobre água? Como você pode perceber, neste curso, a água é um elemento muito importante! Sim, porque na aquicultura e piscicultura água é fundamental, assim como a segurança alimentar e a sanidade das espécies criadas na água. Falar da água é uma oportunidade para refletir sobre o valor desse tesouro que está a nosso dispor, absolutamente necessário à vida e uma das maiores reservas proteicas animais do planeta Para começar… um mergulho no universo das águas Vamos iniciar nossa aula visitando o universo das águas, dos peixes e da importância disso tudo na alimentação humana. Afinal, humanidade é azul! Reconhecendo a importância da água para a alimentação humana, não podemos deixar de refletir sobre a necessidade da formação de responsáveis técnicos Médicos Veterinários, para gerenciar e orientar produtores e criações, na condução de técnicas e práticas para aumentar a oferta de alimentos de boa qualidade. Vamos começar falando de aquicultura, depois vamos mais profundo na piscicultura! Afinal, o que é e por que a aquicultura é tão importante? Tanques de criação de peixes em larga escala. A aquicultura é a produção de organismos aquáticos, como peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios, répteis e plantas aquáticas. Vamos ver a seguir um quadro com algumas dessas produções. É uma das atividades que mais tem crescido no mundo nos últimos anos. Desempenha um papel econômico e social de grande importância, através da produção de alimento e geração de emprego, renda e promoção da igualdade social. O extinto Ministeŕio da Pesca e Aquicultura (agora parte do Ministério da Agricultura) definiu aquicultura como o cultivo de organismos cujo ciclo de vida em condicõ̧es naturais se da ́total ou parcialmente em meio aquat́ico. Carcinicultura É a técnica de criação de crustáceos em cativeiro. Dentre os crustáceos, destaca-se a criação de camarões devido ao seu valor nutricional, com consumo em larga escala, sendo uma atividade sócio-econômica, com potencial de crescimento e geração de empregos para comunidades costeiras. Maricultura Engloba a produção de moluscos, algas marinhas, crustáceos e peixes. Malacocultura Técnica de criação de moluscos em cativeiro. Dentre os moluscos, o cultivo de ostras e mexilhões é chamado de malacocultura e mais especificamente em relação às ostras, a ostreicultura. Jacaricultura Criação de diferentes espécies de crocodilianos. Para saber mais sobre o assunto, leia o dossiê técnico Criação de jacaré em cativeiro Ranicultura É uma das atividades agro-pecuárias responsável pela criação de anfíbios. Para saber mais sobre o assunto, leia o texto Ranários & Ranicultura Algicultura É o cultivo de micro e macroalgas sob condições controladas. Para saber mais sobre o assunto, leia o texto A inovação social e o desenvolvimento sustentável na algicultura. Quelonicultura Técnica de criação de quelônios em cativeiro, sendo uma interessante alternativa para as comunidades ribeirinhas, pescadores, cooperativas, associações e assentamentos rurais e, visando a redução da pesca predatória na Bacia Amazônica. Piscicultura Criação de diferentes espécies de peixe. Envolve: Ciprinicultura, Truticultura, Tilapicultura, entre outras. Recomendamos a leitura do livro Piscicultura – Fundamentos e Técnicas de Manejo. O potencial brasileiro para aquicultura O Brasil tem um imenso potencial para a aquicultura. Por isso, vem sendo chamado de celeiro do mundo. Tem condições propícias para a atividade, principalmente quando a água doce do planeta está em franca diminuição. O País conta com uma extensa rede de rios perenes, lagoas, lagos e outros reservatórios, além de uma extensão de costa marinha com cerca de 8.500 km. A escolha da matriz energética brasileira com geração de energia em hidrelétricas, propiciou uma grande lâmina de água doce em reservatórios de usinas hidrelétricas, com cerca de 3,5 milhões de hectares, uma das maiores do mundo, podendo ser utilizada para a criação de peixes. O desafio da aquicultura A cada dia que passa, a aquicultura adquire maior responsabilidade na segurança alimentar, pois nas águas repousa uma das maiores concentrações de proteína do planeta, que pode ser potencializada com a criação de peixes e outras espécies em cativeiro. Com o desenvolvimento acelerado da aquicultura e sem o balizamento do manejo sanitário necessário, uma das principais causas de perda econômica são as doenças infectocontagiosas. O maior desafio da aquicultura se refere à criação saudável das espécies, buscando o desenvolvimento de animais inócuos e próprios para o consumo humano. Com o declínio dos recursos naturais e o aumento da população, a aquicultura representa uma excelente opção para o oferecimento de alimentos para a humanidade. Nosso assunto principal, a piscicultura Falamos da aquicultura, seus desafios e já relebramos que piscicultura refere-se ao cultivo de peixes. Embora a piscicultura tenha ganhado muito espaço nos últimos anos, essa não é uma atividade recente. Há registros históricos de que os chineses já cultivavam peixes há vários séculos antes de nossa era e de que os egípcios já criavam a tilápia-do-nilo há 4.000 anos. Atualmente, a piscicultura é bastante difundida no mundo, representando um importante segmento econômico. Vamos ver, a seguir, os dados mundiais da piscicultura, comparando-os com a produção de carne bovina. Mais informações sobre a piscicultura no Brasil A produção de alimentos vem se tornando uma atividade que a cada dia assume maior importância e adquire novas formas e produtos. Entre esses, o peixe tem lugar de destaque, não só pelo seu valor nutricional, mas também pelas amplas possibilidades de cultivo. No Brasil, a maior parte das atividades relacionadas à piscicultura ainda ocorre em propriedades rurais comuns, em sua grande maioria, em fazendas dotadas de açudes ou represas. Mas as criações sistematizadas, com empresas voltadas à produção de peixes vem aumentando cada vez mais. O Ministério da Pesca pretende mais que dobrar a produção até 2020 com uma geração de 2 milhões de toneladas/ano. O Médico Veterinário RT, auxília na orientação das melhores técnicas e procedimentos para se alcançar os índices de produtividade mais elevados e incrementar a produção. Produção brasileira de peixes Estima-se que seja produzido anualmente no Brasil, cerca de 200 milhões de alevinos, tendo uma estimativa de produção nacional de pescado cultivado da ordem de 60 mil toneladas ano. Sendo que somente 30% dos animais comercializados são abatidos com peso médio de 1 Kg. Apesar dos recursos hídricos que o Brasil dispõe,mais de 50% do pescado que se consome aqui é importado. A carne de pescado vem tendo seu consumo aumentado por seu alto valor nutritivo e o preço competitivo, fruto dos criatórios em fazendas de peixes. Benefícios da carne de peixe A carne de peixe é saudável A carne de peixe é famosa por ser nutritiva e saudável, mas poucas pessoas sabem porque isso é verdadeiro. Em primeiro lugar, a carne de peixe contém uma quantidade elevada de proteína animal, semelhante à quantidade encontrada na carne bovina. Além disso, encontramos as vitaminas A, B1, B2, B6, C, D e E. Ainda, encontramos elementos minerais vitais para o ser humano, como o sódio, ferro, cobre e zinco entre outros. A carne de peixe é rica em ômega 3 A carne de peixe tem esse componente que é muito benéfico à saúde. O ômega 3 é um ácido graxo que ajuda a reduzir as taxas de colesterol e diminuir a incidência de doenças cardiovasculares. Auxilia também na regeneração de células nervosas, influindo no combate à depressão e distúrbios do sono, na diminuição dos triglicerídeos e colesterol e até mesmo no controle da obesidade. Por atuar no sistema nervoso, o ômega 3 também diminui o risco de desenvolvimento do Mal de Alzheimer, demência e cansaço mental. A carne de peixe tem menos gordura e muita proteína Se compararmos a carne de peixe com a carne bovina ou suína, poderemos constatar grandes vantagens dos peixes em termos de qualidade, pois a carne de peixe é muito mais benéfica à saúde. Lembramos que a carne de peixe contém uma quantidade elevada de proteína animal, semelhante à quantidade encontrada na carne bovina. A maior parte das gorduras dos peixes é insaturada e, dependendo da espécie de peixe, a gordura pode representar somente 1% do peso da carne. Peixes ornamentais Além do peixe criado para consumo humano, os peixes ornamentais também fazem parte da piscicultura e representam um mercado em franco crescimento no País. O RT pode emprestar seus conhecimentos em criatórios de peixes ornamentais e também nas empresas que efetuam importações desses peixes. Muitas atividades que envolvem peixes ornamentais devem ser realizadas por médicos veterinários, responsáveis técnicos. Em cativeiro, tanto em criatórios como em lojas de peixes ornamentais, esses animais apresentam os mesmos problemas dos criatórios para abate e necessitam do conhecimento e das ações do Médico Veterinário para manter o plantel inócuo, livre de doenças e gozando de boa saúde. Mas ainda precisamos vencer os desafios. Para aumentar a produção de peixes, precisamos vencer as patologias de origem infecciosa. Estas, quando acometem o plantel são de difícil controle, principalmente as viroses, que muitas vezes dizimam ou deixam portadores. As maiores perdas causadas por epizootias em peixes, são as doenças virais que acometem as criações, principalmente a anemia infecciosa do salmão (ISA). Essas perdas representam um enorme impacto econômico. Nos países asiáticos, por exemplo, as perdas devido à doença superam os 3 bilhões de dólares. Uma das principais razões de sérias epizootias é a introdução de patógeno exótico no plantel, através do comércio internacional de peixes e seus produtos. A busca é o desenvolvimento saudável Para o desenvolvimento saudável da piscicultura, os estabelecimentos produtores devem aplicar boas práticas de produção, profilaxia e biossegurança, pois são ferramentas importantes para o setor, evitando a ocorrência e a difusão de doenças nos cultivos. É importante lembrar que nos dias de hoje, existe um grande mercado internacional para o consumo de peixes, portanto urge a aplicação da sanidade para garantir produção de pescado inócuo, para então poder se dizer que pescado é saúde. Tudo isso ressalta a importância do trabalho do Médico Veterinário, como RT na aplicação das melhores técnicas A criação precisa ser racional A criação racional de peixes, como qualquer atividade agropecuária, pressupõe o conhecimento prévio da adequação de um determinado local para a sua realização, bem como o estabelecimento das espécies mais indicadas, do sistema de produção, entre outros. No caso da criação de alevinos voltada para a indústria, os sistemas de piscicultura intensivos e superintensivos são os mais adequados, devido ao volume de produção expressivo que suportam. Pela sua própria concepção, precisam ser conduzidos com excelência, pois trabalham com cargas elevadas (kg peixes/m3), dependem de água de qualidade e alimentação balanceada. Racionalizando a produção, o plantel permanece inócuo, aumentando consideravelmente a rentabilidade. Os peixes são animais aquáticos, vertebrados, homeotérmicos (que mantém o corpo numa temperatura constante) que podem ou não apresentar escamas cobrindo o corpo. Possuem formas variadas (fusiformes, arredondados, achatados etc.), vivem em diferentes profundidades, mas é da água que tiram o oxigênio para viver. Os peixes apareceram em nosso planeta há milhões de anos, muito antes da espécie humana. Exemplos de peixes cartilaginosos (chondrichthyes) Tubarão (Carcharodon carcharias). Raia (Manta birostris). Cação (Carcharhinus spp). Exemplos de peixes ósseos (osteichthyes) Agrega várias espécies comerciais. Pescadas (Cynoscion spp.). Tainha (Mugil spp.). Meca (Xiphias gladius). Sardinha (Sardinella brasiliensis). Salmão (Salmo salar). Truta (Oncorhynchus spp.). Atum (Thunnus spp.). Pintado (Pseudoplastystoma spp.). Pacu (Piaractus mesopotamicus). Tilápias (Oreochromis spp.). Tambaqui (Colossoma macropomum). É constituído pelo encéfalo e nervos, porém é um sistema pouco desenvolvido. A parte anterior do encéfalo é relacionada ao olfato, que é bem desenvolvido. Esse sistema é constituído pelas brânquias (guelras). As brânquias além da função respiratória, cooperam na excreção da amônia, no caso de peixes de água doce. Alguns peixes podem apresentar pulmões rudimentares. Os peixes pseudo-pulmonados, além das brânquias que sofreram degenerações, possuem pulmões como órgão respiratório e a presença dos pulmões nesses animais representa uma modificação evolutiva. Sistema circulatório Esse sistema, nos peixes é simples e completo, pois o sangue passa apenas uma vez pelo coração e não há mistura de sangue venoso e arterial. O coração dos peixes possui duas cavidades (um átrio e um ventrículo). O sangue venoso, vindo dos tecidos através das veias cavas, entra no coração pelo seio venoso. Daí o o sangue passa para o átrio, depois para o ventrículo, onde é bombeado e vai para o cone arterioso, onde sai do coração e vai para a aorta ventral, que conduz o sangue até as brânquias. Nas brânquias, o sangue passa pelos vasos branquiais aferentes e sai pelas alças coletoras eferentes, indo para a aorta dorsal. A aorta dorsal se ramifica em artérias que distribuem o sangue para todos os tecidos. O sangue venoso dos tecidos é conduzido pelas veias cavas ao seio venoso do coração, onde recomeça o processo. A vesícula gasosa tem função hidrostática, possibilitando o controle da flutuabilidade, tem origem embriológica junto às brânquias. Sua localização é dorsal ao intestino e acumula gases (oxigênio e nitrogênio). É a vesícula gasosa, também chamada de bexiga nadatória, que permite o controle de flutuabilidade do peixe.Alguns peixes emitem sons através da vesícula gasosa, funcionando como caixa de ressonância. Sistema hematopoiético Os peixes apresentam ossos maciços, não têm medula óssea e linfonodos, assim os tecidos mielóides e linfóides estão, geralmente, associados no mesmo órgão. Seu sistema hematopoiéticoé constituído pelo baço, massas linfoides disseminadas, hemácias nucleadas e trombócitos (homólogos a plaquetas). O rim cefálico e o baço são os principais órgãos hematopoiéticos, uma vez que os centros hematopoiéticos desses órgãos são responsáveis pela origem e formação dos eritrócitos, linfócitos, monócitos, trombócitos e granulócitos. A pele é a primeira barreira de proteção dos peixes frente ao meio externo. Permite uma normal função fisiológica interna bem como proteção nos processos de enfermidades É um sistema simples. Podem apresentar dentes que podem ser localizados na boca e na faringe. O esôfago é curto, o estômago varia com hábito alimentar. Nos carnívoros, o estômago é desenvolvido e intestino atrofiado. Nos herbívoros, o estômago é atrofiado e o intestino desenvolvido. Normalmente, o sistema digestório do peixe possui boca, esôfago, estômago, intestino, terminando no ânus além das glândulas anexas como fígado, vesícula biliar e pâncreas que se localizam na porção inicial do intestino. Sistema endócrino O sistema endócrino dos peixes é composto pela glândula hipófise ou pituitária, por tecido tireoideano, adrenal (células cromafins e corpúsculos de Stannius), glândulas ultimobranquiais, pâncreas endócrino, urófise, gônadas e pseudobrânquias. Sistema urinário É composto pelos rins, ureter e bexiga urinária. Os rins são pares, sendo o mesonéfro localizado dorsalmente e o pronéfro, cranialmente. É constituído pelo néfron (glomérulos, túbulos contornados proximais e distais e tubo coletor, que se comunica com os ureteres). A bexiga urinária é simples, não acumula urina e pode estar presente em alguns peixes. O sistema urinário termina no orifício urogenital O sistema reprodutor pode variar de espécie para espécie, sendo dióicos (macho e fêmea distintos) ou hermafroditas (apresentando os dois sexos simultaneamente).Inicialmente, como alevinos, não há diferenciação de sexo, ocorrendo após atingir certa idade. Os peixes cultivados, na sua grande maioria, são dióicos, podendo ser: vivíparos, ovovivíparos e ovíparos. As fêmeas possuem ovários e ducto ovariano e os machos, testículos e ductos espermáticos. Em tubarões e raias, as fêmeas apresentam ovários, úteros, glândulas nidamentais (em espécies de raias que são ovíparas) e os machos apresentam clásperes (modificações das nadadeiras pélvicas). O cultivo de peixe faz parte da nossa história Manter peixes em cativeiro e alimentá-los é uma tarefa que o ser humano realiza há muito tempo. No princípio, as pessoas com mais recursos faziam isto para ter peixe fresco e, possivelmente, por diversão. As pessoas com menos recursos faziam para armazenar a abundância de uma temporada e utilizar posteriormente em períodos de escassez. A piscicultura nasceu quando os lares rurais se deram conta de que a criação de peixes constituía um elemento válido para sua estratégia de sobrevivência e subsistência (FAO, 2009). Historicamente a piscicultura no Brasil também é antiga, iniciada com os primeiros colonizadores holandeses em Pernambuco, a partir de 1630. Tilápia (Oreochromis niloticus ) São nativas da África, mas foram introduzidas em muitos lugares nas águas abertas da América do Sul e sul da América do Norte e são agora comuns na Flórida, Texas e partes do sudoeste dos Estados Unidos, sul e sudeste do Brasil. As tilápias são peixes criados para alimentação humana, sendo a sua carne bastante apreciada, pois é leve e saborosa. A tilápia-do-nilo foi um dos primeiros peixes a serem criados em aquicultura pelos antigos egípcios (4000 anos). Pode ser criada em sistema extensivo, semi-intensivo, intensivo e superintensivo (tanque-rede). Pacu (Piaractus mesopotamicus) Espécie típica do pantanal sul-matogrossense, dos rios amazônicos, bacia do Prata. Originário dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai. Além disso, é caracterizado como onívoro, pois combina a ingestão de alimento de origem animal e vegetal. Criado principalmente no sistema semi-intensivo e intensivo (tanque-rede). A espécie apresenta grande potencial para a piscicultura intensiva devido à adaptabilidade ao cultivo e menor exigência de proteína. Carpa (Cyprinus Carpio) A carpa é um dos peixes mais criados em todo o mundo porque resiste às mais variadas temperaturas, podendo viver desde 0 ºC até 40 ºC. A carpa apresenta as qualidades desejáveis para uma piscicultura: grande resistência, comportamento social, precocidade, facilidade de alimentação, pois são planctófagas, omnívoras e com grande prolificidade. Tambaqui (Colossoma macropomum) O tambaqui é considerado um peixe nobre na Amazônia. O peixe de cativeiro é o mais comprado na região. A espécie pode ser criada em sistema semi-intensivo (tanque- rede). Pintado (Pseudoplastystoma spp.) Peixe de couro; corpo alongado e roliço; cabeça grande e achatada. A coloração é cinza escuro no dorso, clareando em direção ao ventre e esbranquiçada abaixo da linha lateral. Pode ser separada das outras espécies do gênero pelo padrão de manchas: pequenas, pretas e arredondadas ou ovaladas, espalhadas ao longo do corpo, acima e abaixo da linha lateral. Espécie de grande porte, pode alcançar mais de 1m de comprimento total. Por isso é de grande rentabilidade. Surubim (Pseudoplatystoma corruscans) A espécie apresenta grande rentabilidade e carne saborosa. Devido à sua rusticidade, o surubim pode se reproduzir em qualquer ambiente aquático, mas em ambiente lêntico a fecundação ocorre com a utilização de hormônios, por ser um peixe de piracema. Para liberação dos gametas, os abdômens da fêmea e do macho precisam ser comprimidos. Truta (Oncorhynchus spp.) É originária do hemisfério norte, Estados Unidos e Canadá, tendo sido, no entanto, introduzida em todos os continentes. Os primeiros ovos constam terem sido importados da Dinamarca. No Brasil, sua introdução ocorreu principalmente nos rios dos planaltos das regiões Sudeste e Sul, a partir de 1949. É criada geralmente em tanques de alvenaria em sistemas intensivo e semi-intensivo. Bijupirá (Rachycentron canadum) Peixe da Família Rachycentridae, também conhecido como Cobia,apresenta corpo fusiforme, sub-cilíndrico, depremido na região da cabeça. Boca prognata com abertura superior. Os primeiros oito raios duros da nadadeira dorsal são curtos e isolados. A parte ramosa da nadadeira dorsal (raios moles) estende-se desde a porção mediana do corpo até o pedúnculo caudal, quase na inserção da nadadeira caudal, que tem formato lunado. As nadadeiras peitorais são implantadas lateralmente no corpo e apresentam pás alongadas. Viveiros Viveiros são reservatórios de água, feitos em terreno natural e provenientes de escavações em solos impermeáveis ou de barragens de terra em leitos de rios, riachos ou córregos, requerendo assim, menos gastos. Reproduzem o habitat próximo ao que os peixes estão acostumados. Tanques Tanques são construções de alvenaria, podendo ser de forma retangular ou circular, dependendo da espécie a ser criada. Neste caso os peixes devem ser alimentados com ração balanceada. Tanques-rede Tanques-rede são estruturas que flutuam na água e que confinam peixes em seu interior. Permitem um fluxo contínuo de água, que remove os metabólitos e fornece oxigênio. Geralmente são fechados na parte de cima para evitar predadores. Modo de criação | viveiros Os viveiros, geralmente lagos, lagoas ou feitos de terra, reproduzem o habitat próximo ao que os peixes estão acostumados, além de requererem poucos gastos. Devem ser construídos próximos de entrada de água e possibilidade de saída. Ao construir um viveiro, deve-se aproveitaro máximo a topografia do terreno, compactando o fundo e as paredes e tornando o terreno mais estável, livre de erosão e infiltração. O ideal são terrenos planos com declividade de 2%. O fundo deve ter uma declividade em torno de 1,5% em relação ao sistema de escoamento. Quanto à construção dos taludes, esta deve ser feita em camadas, sempre compactando a terra, até completar a sua altura (50 cm acima do nível da água). Isso evita que o viveiro transborde. Modo de criação | tanques Os tanques de formas retangulares são os mais comuns, já que facilitam o manejo e propiciam o bem-estar dos peixes. No entanto, podemos encontrar os que têm formas circulares. Isso irá depender do tipo de peixe escolhido para a criação. Uma grande vantagem é que tanques desse tipo não necessitam de constantes manutenções, além de terem maior durabilidade. Modos de criação | tanques-rede São estruturas retangulares que flutuam na água, confinam peixes e permitem um fluxo contínuo de água, que remove os metabólitos e fornece oxigênio. O formato permite uma melhor passagem e renovação de água dentro das gaiolas, removendo os dejetos produzidos pelos peixes. É constituído basicamente por flutuadores (galões, bombonas, bambu, isopor, canos de PVC etc.) que sustentam submersos na água redes de náilon, plásticos perfurados, arames galvanizados revestidos com PVC ou ainda telas rígidas. Os tanques-rede devem ser cobertos para prevenir a ação de predadores, furtos e oferecer sombreamento que impede a incidência de raios UV e diminuir a visão dos peixes, reduzindo o estresse e melhorando o sistema imunológico dos animais. Tanques- redes ou gaiolas são um sistema de criação intensiva de alta produtividade. Os tanques-rede possibilitam uma piscicultura mais barata comparada à piscicultura em viveiros. As gaiolas podem ser colocadas em represas, lagos e outros corpos d’água. Esse tipo de criação intensiva visa o aumento da densidade de estocagem e da produtividade. São exemplos deste tipo, as criações de salmão na costa norueguesa, no Canadá e Chile. No Brasil a utilização de tanques-rede é recente e a espécie mais utilizada nesse sistema é a tilápia-do-Nilo, originária dos lagos e rios africanos. Vantagens da criação em tanques-rede • menor variação dos parâmetros físico-químicos da água durante a criação; • maior facilidade de retirada dos peixes para venda (despesca); • menor investimento inicial (60/70 % menor que viveiros convencionais); • possibilita o uso ótimo da água com o máximo de economia; • facilita a movimentação e relocação dos peixes; • possibilita a intensificação da produção; • otimiza a utilização da ração, melhorando a conversão alimentar; • facilita a observação dos peixes, melhorando o manejo; • reduz o manuseio dos peixes, facilitando o controle da reprodução; • diminui custos com tratamentos de doenças e possibilita criação de diferentes espécies no mesmo ambiente, permitindo o remanejamento total de toda a criação para outro local, se necessário Desvantagens da criação em tanques-rede • dependência total de ração comercial adequada à exigência da espécie; • risco de rompimento da tela da gaiola e perda de toda a produção; • possibilidade de alteração do curso das correntes aumentando o assoreamento dos reservatórios; • possibilidade de introdução de doenças ou peixes no ambiente, prejudicando a população natural. Principais sistemas de cultivo de peixes Sistema de cultivo | extensivo É a criação em ambientes amplos, tais como açudes, lagos e lagoas, sem que haja possibilidade de controle da água e de realização do manejo adequado, apresentando baixa produtividade. Os peixes são criados de maneira totalmente natural, obtendo seu alimento diretamente do ecossistema encontrado no ambiente da criação. Características: É a criação de peixes em ambientes amplos, tais como açudes, lagos e lagoas, sem que haja possibilidade de controle da água e de realização do manejo adequado. Nesse tipo os peixes não são alimentados; encontram seu alimento na natureza, como quando em liberdade. Espécies indicadas: Curimatã comum, curimatã-pacu, piau, sardinha, tambaqui, pirapitinga, tilápia-do-Nilo e carpa comum. Capacidade e produtividade: A densidade de estocagem poderá atingir até 1.000 peixes por hectare. Apresentam baixa produtividade. Sistema de cultivo | semi-intensivo É a criação de peixes, com o desenvolvimento da atividade, de forma mais profissional, visando obtenção de resultados comerciais, com um nível técnico mais elevado e com isso, obtendo bons resultados. São utilizados viveiros ou tanques, utilizando-se baixa densidade de estocagem (5.000 peixes por hectare). Normalmente, a alimentação dos peixes é feita de maneira natural, pois estes consomem os alimentos e nutrientes encontrados naturalmente dentro dos tanques e, além disso, também consomem alimento artificial Características: É a criação de peixes em viveiros de barragem ou de escavação. É o tipo de criação em que o viveiro possui controle de abastecimento e drenagem. O produtor faz adubação e calagem. Nesse sistema, as espécies podem ser criadas individualmente ou em conjunto e, ainda, consorciadas com outros animais. Espécies indicadas: Tilápia-do-Nilo (macho), tilápia vermelha (macho), tambaqui, pirapitinga e pacu caranha. Capacidade e produtividade: Baixa densidade de estocagem (5.000 peixes por hectare) e sem fornecimento de ração balanceada. Pode chegar a até 16 toneladas por hectare/ano. Sistema de cultivo | intensivo Este é o sistema no qual o criador emprega o maior nível técnico possível. Apenas um tipo ou espécie de peixe é criada em cada tanque e com um grau de adensamento populacional elevado: produções de 10 a 30 toneladas/hectare. Com isso, faz-se necessário que a alimentação utilizada seja totalmente artificial, com rações balanceadas que podem proporcionar o máximo desenvolvimento aos peixes. Características: É o tipo de cultivo de peixes onde há controle total do manejo alimentar e hídrico. O sistema intensivo é desenvolvido em viveiros escavados, segue regras técnicas rigorosas, não sendo adaptado a pequenos açudes, salvo em condições muito particulares. Capacidade e espécies indicadas: Sem aeração artificial, indicam-se as espécies: tilápia- do-Nilo (macho) até 20.000 peixes por hectare; tilápia vermelha (macho) até 20.000 peixes por hectare; e tambaqui, até 10.000 peixes por hectare. Com aeração artificial, indica-se a espécie tilápia-do-Nilo (macho), com densidade de estocagem de até 60.000 peixes por hectare. Produtividade - Com rações balanceadas, produz de 10 a 30 ton/ha. Sistema de cultivo | superintensivo É a criação de peixes em gaiolas ou em tanques-rede, sendo indicada a espécie tilápia- do-Nilo, de preferência o macho, com densidade de até 300 peixes por metro cúbico de gaiola ou tanque-rede flutuantes. Características: É o cultivo de peixes feito em gaiolas ou tanques-rede que flutuam na água e confinam peixes em seu interior. Espécies indicadas: Tilápia-do-Nilo, de preferência o macho Outras espécies, tais como pacu caranha, tambaqui e tilápia vermelha, poderão vir a ser indicadas no futuro. Capacidade: Até 300 peixes por metro cúbico de gaiola ou tanque-rede. Produtividade: Alta, podendo chegar a mais de 30 toneladas por hectare/ano. O Brasil, com mais de 3,5 milhões de hectares de águas represadas, surge como o maior potencial do mundo para esse sistema de cultivo de peixes em água doce. Quais são as boas práticas no cultivo de peixes? Boas práticas no cultivo de peixes | higiene operacional A higiene operacional envolve: • Cuidado com a procedência dos alevinos (certificada).• Manejo sanitário na reprodução e engorda, a administração de alimentos. • Prescrição de medicamentos veterinários. • Despesca. • Manutenção e transporte dos animais. • Abate e o armazenamento do pescado. Boas práticas no cultivo de peixes | qualidade da água A boa qualidade da água deve ser sempre uma exigência e deve atender às necessidades da espécie. Para isso, é necessário realizar análises periódicas da água. E também: • Evitar a entrada de espécies indesejadas colocando filtros no afluente. • Tratar a água do efluente antes que ela alcance o meio ambiente e respeitar protocolos ambientais. Boas práticas no cultivo de peixes | drogas A forma correta de utilização desses produtos é sempre com o diagnóstico e a prescrição do produto, observando-se sempre a dosagem, a espécie e principalmente o registro do produto junto às autoridades competentes. A utilização de terapêuticos está diretamente relacionada à doença e às propriedades farmacológicas do produto, à espécie, às condições ambientais e a qualidade da água. Apresenta farmacocinética diferente para cada produto. O modo de utilizar o medicamento varia com o ambiente onde estão alojados os animais (aquário, tanques- rede, tanques ou viveiros). Boas práticas no cultivo de peixes | medicamentos Os medicamentos podem ser administrados misturados à alimentação, em forma de banhos (de curta ou longa duração), injetáveis e tópicos: Banho: É o método mais comum. Tem a vantagem de não ser estressante e ser de fácil aplicação. A desvantagem está na imprecisão da dosagem a ser utilizada, na repetição de tratamentos e contaminação do ambiente. Injetáveis: As drogas injetáveis apresentam uma degradação rápida e produção de subprodutos tóxicos na água. Na alimentação: A administração do medicamento na ração tem inconvenientes, pois animais doentes não se alimentam e dessa forma não são medicados. Por outro lado, os animais em melhor condição comerão mais alimentos e consequentemente mais medicamento, tornando a dosagem imprecisa. Boas práticas no cultivo de peixes | prevenção Na piscicultura o princípio básico é a prevenção, pois o uso de medicamentos é totalmente contraditório, principalmente quando se trata de animais de produção para o consumo. Vários produtos podem ser utilizados nos tratamentos: antibióticos, quimioterápicos, tranquilizantes, imunoestimulantes e hormônios. Ainda podem ser utilizados vacinas, produtos naturais e sais minerais. A tomada de decisão para o emprego de antimicrobianos deve considerar o seguinte: • Diagnóstico bacteriológico. • Antibiograma. • Custo do tratamento. • Disponibilidade do produto. • Modo de emprego. • Tipo de ação (bactericida ou bacteriostático). • A questão de meio ambiente e segurança alimentar. Boas práticas no cultivo de peixes | manejo sanitário O manejo sanitário é essencial no cultivo de animais aquáticos, pois estes podem em qualquer fase do ciclo produtivo, ter a sua saúde comprometida por bioagressores biológicos ou químicos, por ocorrências nutricionais ou por alterações na qualidade da água, resultando em danos irreparáveis, com a perda do plantel e grandes prejuízos financeiros e ainda comprometer a saúde do consumidor. Segundo a OIE, os estabelecimentos devem aplicar gestão eficaz de saúde e bem-estar dos peixes, dessa forma as sementes, alevinos, larvas e pós-larvas devem estar livres de doenças e ajustar ao código sanitário de 2014. Na atividade aquícola deve se considerar a saúde dos animais, o meio ambiente e a ecologia. Boas práticas no cultivo de peixes | substância química Toda a substância química (fertilizantes, cal, medicamentos) deve ser utilizada de acordo com boas práticas aquíferas a fim de se evitar resíduos na carne. No caso de medicamentos, estes devem ser prescritos por Médico Veterinário e atender às exigências da dose preconizada e espécie afim. Dessa forma conclui-se que quanto mais rápido o diagnóstico mais efetiva será a ação contra os agentes patogênicos. Para obter o contingenciamento de uma determinada doença é fundamental a preparação de recursos humanos e cursos permanentes de atualização para os Médicos Veterinários. Boas práticas no cultivo de peixes | responsabilidade Realizar tratamento em animais aquáticos, destinados ao consumo, exige muita responsabilidade do Médico Veterinário, uma vez que a prescrição envolve, além da cura dos animais, o risco de contaminar a carne e inviabilizar sua futura comercialização. Pode ainda, o fármaco contaminar a água que abastece outras propriedades com sistemas de irrigação, e assim, trazer implicações para o consumo humano devido à contaminação ambiental. No Brasil há liberação apenas do uso do florfenicol para tilápias e seus híbridos, no tratamento de septicemias hemorrágicas causadas por Aeromonas sp. e para estreptococose causada pelo Streptococcus agalactiae. É liberado ainda para o tratamento da doença da boca vermelha em truta arco-íris causada pela Yersinia ruckerii. Mais profundo na biossegurança Já compreendemos que medidas de biossegurança são relevantes na piscicultura para garantir o bem-estar e a saúde dos animais. Além disso, tem a finalidade de diminuir os fatores de risco e os riscos associados ao cultivo, que são eles: • Expansão da atividade sem controle. • Livre comércio (globalização). • Intensificação de cultivos. • Nutrição inadequada. • Baixa produtividade. • Falha na legislação e fiscalização. • Utilização indiscriminada de quimioterápicos. • Transgenia. • Manejo ambiental inadequado. • Pouco investimento humano. Além de sua importância na atividade específica da piscicultura, a biossegurança também tem finalidades de manejo sanitário, sendo elas: • Prevenir exposição a um agente patológico. • Reduzir a frequência e a intensidade da exposição dos agentes causadores de doenças. • Reforçar a eficácia de outras medidas de manejo sanitário. E assim, seu conhecimento é fundamental aos responsáveis técnicos, em qualquer que seja a área de atuação. ver as principais medidas de biossegurança na piscicultura, adiante. A biossegurança na piscicultura deve ser aplicada em todo estabelecimento de forma a garantir a saúde e o bem-estar dos peixes. Principais medidas de Biossegurança na piscicultura Depois de saber as finalidades da biossegurança, vamos elencar as principais medidas, em piscicultura: • Conhecer a origem da água para o manejo hídrico eficiente. • Considerar a característica da espécie quanto à temperatura da água. • Observar a idade dos animais. Levar em conta que os animais mais jovens são menos resistentes ao manejo. Evitar estresse dos animais. • Aplicar melhoramento genético para buscar mais resistência das espécies. • Eliminar os portadores de agentes infecciosos. • Aplicar barreiras sanitárias, impedindo a entrada de agentes patogênicos. Vamos saber mais sobre as barreiras sanitárias na próxima tela. Tipos de barreiras sanitárias e medidas de segurança Barreiras sanitárias | químicas Estão relacionadas com os procedimentos de desinfecção. Passos para a desinfecção: 1. Remover todo o material orgânico 2. Lavar as superfícies com detergentes neutros para a remoção da gordura. 3. Lavar com água. 4. Utilizar desinfetante com doses recomendadas pelo fabricante. Barreiras sanitárias | físicas As barreiras físicas podem ser primárias ou secundárias. | físicas primárias • Distância (física e cronológica), distância da fonte de infecção (população doente, com suspeita ou status sanitário desconhecido). • Restrição de movimento (pessoas, materiais). • Água (fonte, tratamento, efluente). • Movimento (trânsito). • Controle de predadores, vetores,pragas. • Qualidade dos alimentos (insumos). • Controle de fauna silvestre e doméstica. | físicas secundárias • Limpeza. • Retirada de peixes ou ovos mortos. • Desinfecção de roupas, botas e outros equipamentos. Medidas sanitárias | Programas estritos de biossegurança Algumas medidas sanitárias que devem sempre estar presentes no cotidiano do RT em piscicultura: • Código de boas práticas auditáveis. • Técnicas de manejo apropriadas para evitar estresse. • Manejo ambiental e trabalhar de forma sustentável. • Alimentação de acordo com a exigência nutricional. • Manejo genético para promover resistência a doenças. • Capacitação contínua de todos os envolvidos na atividade. Outras medidas sanitárias e programas de vigilância Outras medidas sanitárias devem ser incorporadas no estabelecimento, pois elas são normativas legais, eficazes e consistentes para o transporte, desinfecção e desova. Deve-se ainda trabalhar com áreas de zonificação para incluir zonas de quarentena e vigilância. Os programas de vigilância sanitária contemplam: • Tomada de amostra. • Monitoramento. • Exames laboratoriais. • Registros das ocorrências. Adote medidas de prevenção de risco É responsabilidade do Médico Veterinário, adotar medidas de prevenção, para evitar a introdução de agentes infecciosos no plantel. Assim: • Trabalhar em sistemas fechados ou semifechados (qualidade da água controlada). • Elaborar planos de contingências para os diferentes agentes patológicos. E realizar quarentena assistida. • Fornecer alimentos certificados. • Controlar o trânsito de animais aquáticos (GTA). • Estabelecer protocolo de tratamento da água do transporte. Quais são os fatores que aumentam o risco de introdução de patógenono cultivo de peixes? • Intensificação na movimentação internacional de peixes que aumenta o risco de introdução de produto contaminado. • Material destinado a pesquisa introduzido no país sem o devido rigor. • Uso de alimento vivo ou iscas vivas no cultivo. • Liberação de fuga de formas vivas para o meio ambiente. • Movimentação não autorizada de animais e cultivo não licenciado e ingresso clandestino de espécies. Para manter um plantel sempre saudável, lembre-se: As próprias barreiras físicas naturais do peixe (pele, escamas e mucosas) e fisiológicas (mecanismo de defesa), impedem a invasão do agente (vírus, bactérias, parasitos e fungos). Portanto, animais bem nutridos geneticamente melhorados e submetidos a manejos apropriados são mais resistentes aos agentes patogênicos. Agora, vistas a finalidade e as medidas sanitárias de biossegurança, vamos falar da transmissão de agentes infecciosos e tratamento dessa questão na visão holística, levando em consideração as partes e suas inter-relações. É importante que o Médico Veterinário adote medidas que impeçam atransmissão de agentes infecciosos, essa é uma das responsabiidades do Médico Veterinário RT em piscicultura. Transmissão de agentes infecciosos A transmissão de agentes infecciosos, pode ocorrer vertical (transmissão através dos ovos) e horizontal (direta ou indireta). Na forma horizontal direta, ocorre de peixe a peixe, enquanto que a indireta, ocorre através da água, equipamentos, pessoal, aves silvestres ou plantas). Tríade epidemiológica Antes de tudo, vamos nos lembrar do conceito de epidemia e então poderemos abordar, mesmo que num mergulho mais superficial, a tríade epidemiológica. O que é epidemia? : Epidemia é a incidência, em curto período de tempo, de grande número de casos de uma doença. O que é tríade epidemiológica?: É o estudo das causas e efeitos das doenças infectocontagiosas, avaliando o agente, o hospedeiro e o meio ambiente, porque, em geral, o processo epidemiológico é multicausal. Fique atento aos componentes ecológicos da enfermidade: agente, hospedeiro e meio ambiente. O ambiente deve estar em equilíbrio. Qualquer ação danosa pode expor o hospedeiro à ação do agente. O que fazer com a ocorrência ou suspeita de enfermidades dos peixes? Em caso de suspeita de enfermidades, os produtores devem ser esclarecidos sobre os critérios e formas de notificação. A identificação das doenças é importante para a redução dos riscos sanitários que possam comprometer o plantel dos piscicultores. Nesse contexto, os testes para a obtenção do diagnóstico oficial, por exames laboratoriais, são processados pela Rede Nacional de Laboratórios (RENAQUA), que possui padrões internacionais de qualidade laboratorial. Atualmente a rede de laboratórios dispõe de recursos para a detecção imediata de pelo menos 40 tipos de doença que afetam animais aquáticos. Entre as doenças, 28 são de notificação obrigatória, de acordo com a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE). Exames laboratoriais O uso do laboratório na detecção de doenças é fundamental e é preciso que os exames sejam feitos em instituições que tenham as seguintes características: • Ser credenciado por autoridades competentes. • Dispor de técnicas de diagnósticos (estandarizadas, validadas e homologadas). • Apresentar protocolo especial referente à amostra para certificação, tanto para reprodutores quanto para os animais de produção para determinar a presença ou ausência de patógenos. Com essas garantias o RT pode ficar despreocupado quanto ao resultado dos exames laboratoriais e passar à aplicação dos medicamentos ou procedimentos necessários. O diagnóstico, na piscicultura, é a identificação precisa para o correto tratamento das doenças que podem acometer os peixes. Pode ser feito através de exame clínico no caso de mortalidade maciça (doenças agudas) e de mortalidade acumulativa (doenças crônicas). De um modo geral pelas doenças de peixes apresentarem sintomatologia comum a várias delas, somente o diagnóstico laboratorial é eficaz. Os sinais mais comuns nas diferentes doenças são: inapetência, transtornos respiratórios, natação errática, letargia (estado de inconsciência), escurecimento da pele (melanose), ascite (barriga d’água), exoftalmia (saliencia exagerada do globo ocular), úlceras e inflamações. Raramente temos um quadro patognomônico, por isso é preciso pesquisar. Quando os peixes são importados é importante fazer a quarentena com isolamento. A quarentena pode ser por prazo igual, maior ou menor do que 40 dias, conforme a espécie envolvida. O objetivo do isolamento é verificar de forma preventiva doenças capazes de contaminar outros peixes. É responsabilidade do RT: • Assegurar que a quarentena seja acompanhada por autoridades competentes. • Observar o período de quarentena vigente na legislação para todo novo lote que dê entrada no estabelecimento. • Realizar a quarentena em tanque, viveiro, aquário ou bateria, em ambiente separado e em circuito fechado. A água residual deve sofrer tratamento físico e/ou químico para eliminar possíveis agentes infecciosos e parasitários. Garantir a cadeia produtiva organizada e bem articulada Além da regionalização é preciso Laboratórios credenciados: Estabelecimento de uma rede de laboratórios de diagnóstico credenciada. Treinamento: Treinamento do Grupo de Atendimento a Enfermidades Emergenciais (GEASE) em Animais Aquáticos. Compartimentalização/ Certificação: Compartimentalização/Certificação de propriedades com reprodutores (biossegurança e controle de enfermidades específicas). Diagnóstico positivo para doenças, como erradicá-las? Em geral, as doença acontecem por negligência ou falta de controle. Ressaltamos a importância da prevenção, porque erradicar doenças é mais difícil e oneroso para o produtor. Aerradicação exige ações como: • Notificação da doença infecciosa. • Utilização de laboratórios com metodologias credenciadas. • Destruição do portadores e do estoque infectado. • Desinfecção das instalações (vazio sanitário e uso de sentinelas). • Re-estocagem com peixes de fontes certificadas. Doenças infecciosas São causadas por vírus, bactérias, fungos e podem apresentar transmissão vertical ou horizontal (direta ou indireta). Doenças não-infecciosas Podem ocorrer por desequilíbrio ou ausência de constituintes na ração (doenças nutricionais) ou devido à presença de substâncias tóxicas na água como: aflatoxinas, pesticidas, metais pesados, entre outros. A falta de oxigênio é causa determinante da mortalidade maciça de peixes. Doenças infecciosas virais Necrose Hematopoiética Infecciosa (IHN) Necrose Hematopoiética Infecciosa (IHN) é uma doença aguda severa causada pelo virus hematopoiético necrótico da família Rhabdoviridae (Darlington et al., 1972). Os sinais clínicos nos salmonídeos incluem: inapetência, escurecimento da pele, exoftalmia, abdômen distendido devido a edema, anemia, natação irregular e hemorragias nas nadadeiras peitorais, letargia, movimentos erráticos no meio aquático. A mortalidade pode alcançar 100% (Parisot et al., 1965). A transmissão pode ser através de fezes e urina na água e alimento. Verticalmente se transmite pelo sêmen e fluidos ovarianos. Os sinais clínicos não podem ser considerados como diagnóstico definitivo. Para o qual se requer isolamento do vírus em cultivos celulares, onde efeitos citopáticos são observados. Outros métodos de diagnósticos incluem neutralização do vírus, ELISA, imunofluorescência e biologia molecular. Os órgãos mais afetados pelo IHN são rins e baço. Altos títulos virais pós-infecção podem ser detectados nos rins, cecos pilóricos, baço, fígado e coração, em fluídos. Septicemia Viral Hemorrágica (VHS) Septicemia hemorrágica viral (VHS) é causada por um rhabdovirus. Os sinais clínicos nos salmonídeos incluem: inapetência, escurecimento da pele, exoftalmia, abdômen distendido devido a edema, anemia, natação irregular e hemorragias nas nadadeiras peitorais, letargia, movimentos erráticos no meio aquático. A mortalidade pode alcançar 100% (Parisot et al., 1965). A transmissão de VHS ocorre nos peixes de todas as idades ainda que as infecções são mais severas e mortalidades são mais altas em peixes juvenis. Infecções naturais ocorrem horizontalmente na água. Transmissão vertical não tem sido demonstrada. Transmissão mecânica através de fômites contaminados. A entrada do virus é através das brânquias dos peixes. Herpesvirus: Oncorhynchus Masou Virus (OMV) O Herpesvirus afeta os alevinos e em alguns casos smolts causando inapetência, letargia, hiperatividade, exoftalmia e alta mortalidade. As transmissões horizontal e vertical têm um papel importante na transmissão de OMV. Necrose Hematopoiética Epizoótica (EHN) Existem dois vírus patogênicos para os salmonídeos: o vírus causador da necrose hematopoiética epizoótica (EHN) e o vírus da necrose eritrocítica (VEN). Os sinais clínicos em truta arco-íris não são específicos: inapetência, distensão abdominal, palidez da pele, perdida de equilíbrio e ulcerações na pele. O diagnóstico deve ser confirmado em laboratório com amostras de rim, fígado e de baço, preferencialmente. Necrose Pancreática Infecciosa (IPN) É uma doença aguda e contagiosa dos salmonidos. Afeta principalmente peixes em crescimento. É produzida por um vírus da família dos Birnavirus. Causa altas mortalidades nos peixes em desenvolvimento, porém ocasionalmente afeta peixes de maior tamanho. Os sinais clínicos são: escurecimento da pele, exoftalmia, distensão abdominal e hemorragias superficiais, pode-se observar petéquias nos cecos pilóricos e no fígado. Histologicamente se observa necrose pancreática que compromete os ácinos e as células da ilhota. O diagnóstico presuntivo é feito igualmente a outras doenças virais através da Histologia. O diagnóstico definitivo é feito através do isolamento e identificação do vírus. A transmissão ocorre pelos peixes portadores e infectados que servem como reservatório. A transmissão pode ser horizontal via fezes e por subprodutos e vertical através das ovas e fluídos seminais. Anemia infecciosa do Salmão (ISA) É produzida por um vírus da família Ortomyxoviridae. Os sinais clínicos incluem: ascite, congestão, hepatomegalia, esplenomegalia, hemorragias na gordura perivisceral, congestão no coração. Nos animais doentes observa-se anemia severa na fase terminal. O diagnóstico é feito através de cultivos singulares: imunofluorescência, microscopia eletrônica e reação em cadeia em polimerase (PCR). Viremia Primaveral da Carpa (VPC) É causada pelo Rabdovírus do gênero Vesiculoviruse afeta principalmente ciprinídeos (carpas e kingueos). Os órgão mais infectados são o fígado e o rim. Os reservatórios são animais clinicamente infectados e portadores. Os vetores Argulusfoliaceus (Crustacea, Branchiura) ePiscicola geometra (Annelida, Hirudinea) transmitem o vírus de um peixe doente para um são. A transmissão ocorre principalmente na forma horizontal. Doenças infecciosas bacterianas Furunculose Aeromonas salmonicida subesp. salmonicida (formas “típicas”) causa a furunculose clássica em salmonídeos tanto em água doce como em água de mar. A. salmonicida é uma bactéria gram- negativa. Também afeta peixes não salmonídeos. O termo furunculose foi utilizado pelo tipo de lesões presentes na pele e no músculo dos peixes afetados. A doença pode ocorrer de forma hiperaguda, aguda, subaguda ou infecção crônica variando seus sinais clínicos. A forma hiperaguda se apresenta em juvenis, nos quais evidenciam escurecimento da cor, sinais respiratórios e morte rápida. Formas agudas se apresentam em peixes em crescimento e os sinais são escurecimento da cor, inapetência, letargia, hemorragias na base das nadadeiras e sinais respiratórios sem necessariamente apresentar furúnculos, os peixes morrem em dois ou três dias. Casos subagudos ou crônicos são mais comuns em peixes velhos, reprodutores e não apresentam sinais. A tomada de amostra deve ser feita de: pele, rim, fígado, coração, baço, fluído ovariano e muco cutâneo. É no rim que se encontra o patógeno em maior número. Quando há lesões na pele, as amostras podem ser as próprias lesões. A transmissão vertical de A. salmonicida não tem sido demonstrada. Ocorre transmissão horizontal entre balsas e gaiolas, pela água do mar, equipamentos contaminados, contatos diretos e pelo alimento. Doença Bacteriana do Rim (BKD) Essa doença é causada pela bactéria Renibacterium salmoninarum. A doença pode ser transmitida pelo consumo de vísceras de animais infectados. Ocorre transmissão vertical. Os sinais clínicos da doença são variados e incluem: exoftalmia, distensão abdominal, áreas hemorrágicas e abscessos profundos. No rim e no baço são visíveis lesões granulomatosas e logo tornam-se fibróticas. Os animais que se recuperam tornam-se portadores. Piscirickettsiose O agente causal é Piscirickettsia salmonis, bactéria gram-negativa que causa doença sistêmica. A transmissão horizontal se faz por contato de peixe para peixe pela pele ou pelas brânquias. Os ectoparasitos são tidos como transmissores do agente. Pode ser detectado em fluídos seminal e ovariano. São observadas lesões renais e no baço nos peixes doentes. A visualização da rickettsia pode ser através de coloração de Giemsa. O micro-organismo tem sido detectado nos rins, baço fígado, músculo, pele, coração, cérebro, ovários, fluídos ovarianos, testículos, intestinoe gordura visceral, sendo que o rim é o órgão de eleição para realizar o isolamento de salmões naturalmente infectados. Micobacteriose Doença causada pelo Micobacterium sp. Trata-se de uma zoonose de importância para imunodeprimidos portadores de doença crônica, afetando principalmente manipuladores de aquários. O principal sinal clínico é a perda de peso dos animais. Podem ser observados necrose e cisto em órgãos internos. Podem ser isolados bacilos álcool acido resistentes de quase todos os órgãos. A doença pode ser cronificar e bacilos são encontrados nos granulomas do fígado e do rim. Columnariose O agente causal é a bactéria Flavobacterium sp., afeta principalmente alevinos e juvenis. Os animais acometidos apresentam natação lenta e anorexia, são observadas úlceras na região da cabeça, dorso, brânquias e nas nadadeiras. O diagnóstico é feito através de exame clínico e laboratorial (microbiológico e PCR). Essa doença é responsável por alta mortalidade. Estreptococose Os agentes causais são vários, como exemplos o Streptococcus agalactiae e o Streptococcus iniae que é zoonótico. Acomete peixes jovens e adultos de água doce e de ambientes estuarino e marinho.Os principais sinais clíicos são: lesões, escurecimento dos peixes, exoftalmia bilateral ou unilateral em alguns animais, pequenas lesões de pele com perda de escamas e áreas de petéquias na base das nadadeiras ventrais, natação errática e em movimentos circulares. Essa doença apresenta mortalidade elevada e evolução rápida. Franciselose O agente etiológico da franciselose é a Francisella sp., bactéria gram negatíva, aeróbia, sem flagelo. Sua forma é variada de cocóides a forma alongada. Sua presença é observada principalmente no baço e no fígado, porém pode estar alojada no rim, coração, brânquias e nadadeiras. Afeta peixes de água doce, marinha e estuarina. Edwardsielose O agente causal é a bactéria Edwardsiella tarda. Os sinais clínicos são: pequenas lesões na cabeça, musculatura e cauda, além de abscessos e hemorragias pelo corpo. Em casos de sepse, observa-se ascite, distensão da cavidade visceral, exoftalmia e prolapso anal. Aeromonose É provavel que seja a doença mais comum em cultivo de peixes de água doce causada pela Aeromonas hydrophila. Fatores predisponentes: altas temperaturas, poluição orgânica, hipoxia. Sinais clínicos: Lesões na pele e na base das nadadeiras de coloração avermelhada ou acinzentada (necrose) estender até o músculo, distensão abdominal com líquido sero sanguinolento, exoftalmia, petéquias nas vísceras, anorexia e melanose (+ relacionado com sepse). Doenças infecciosas parasitarias Ictiofitiriose Causada pelo Ichtyophthirius multifilis, constite de inúmeros pontos brancos (cistos) na superfície e nas brânquias. Causa alta mortalidade principalmente em juvenis, porém afeta também adultos. Chilodonelose É causada pela Chilodonella spp. Os peixes acometidos geralmente perdem o apetite, escurecem, fecham as nadadeiras, a sua pele fica esbranquiçada e opaca, quando atingem as guelras o peixe torna-se ofegante e nada próximo à superfície do aquário. Este parasita pode ocasionar infecções secundárias e fungos. Ictiobodose Doença causada pelo Ichthyobodo necator, protozoário flagelado de formato piriforme, parasita obrigatório de superfície do corpo e brânquias em diversas espécies de peixes, entre elas as tilápias. Provoca sintomas onde ocorre a formação de uma película branca na superfície do corpo dos peixes infestados, produção excessiva d e muco, lesões de pele, desde uma simples hiperplasia epitelial chegando até a necrose, presença de zonas hemorrágicas, perda de escamas, perda de apetite, natação irregular e mortalidade em taxas variáveis. Dactilogirose Causada pelo helminto Dactylogirus spp. São parasitas que afetam principalmente brânquias, porém podem ser encontrados na superfície. Afeta qualquer espécie de peixe e são letais para peixes jovens. Girodactilose Causada pelo helminto Gyrodactylus spp. São parasitas que afetam principalmente a superfície, porém podem ser encontrados nas brânquias. Os salmonídeos são afetados pelo Gyrodactylus salaris que causa doença e notificação obrigatória à OIE. Lerneose Causada pelo copépodo Lerneae cyprinacea. Agente introduzido no Brasil quando foram introduzidas as carpas oriundas da Hungria.No Brasil sua presença é disseminada, ocorrendo em várias espécies de peixe. Argulose Causada pelo Argulus sp. Afeta qualquer parte do corpo do animal, porém é mais comum encontrar nas nadadeiras. Alimenta-se principalmente de células sanguíneas e é chamado vulgarmente de piolho-dos-peixes. Doenças fúngicas Dentre as doenças infecciosas, temos também as fúngicas, que têm as seguintes características: • Virulência das cepas. • Fatores inerentes ao peixe (espécie, idade, sexo, maturação gonadal). • Meio ambiente. • Pré-existência de lesões cutâneas. • Presença de parasitas. A saprolegniose, por exemplo, é causada pelo fungo do gênero Saprolegnia. Afeta ovas, peixes com perda de escama e tecido e peixes debilitados além de propagar-se rapidamente. Habilitação e Competência O Médico Veterinário, por ter uma formação generalista, pode ser RT de qualquer empreendimento que atue com peixes e outros animais. Entretanto, recomenda-se firmemente que o MV registre-se como RT unicamente nas áreas em que possua conhecimento específico. Esses profissionais estão habilitados, juridicamente, a cumprirem com a função de RT. É uma iniciativa pessoal a capacitação, adquirir conhecimentos técnicos específicos e competências necessárias para a oferta de bons serviços. Se o MV não possui conhecimentos técnicos necessários e suficientes sobre aquicultura não deve oferecer seus serviços como RT para um empreendedor que atue nessa especialidade. Também não deve atuar como RT em Sanidade na Piscicultura, se essa for uma especialidade na qual não possui formação. Para ser RT em Sanidade na Piscicultura, uma série de conhecimentos técnicos lhe será exigida para desempenhar bem essa função. 1. Registro como RT Para se constituir RT, o profissional MV da especialidade, necessita formalizar um contrato com o empregador. Esse contrato deve ser registrado no CRMV e a atividade do RT é orientada pelo Manual de Responsabilidade Técnica. Lembre-se, nem sempre o CRMV tem um manual. A comprovação da prestação de serviço profissional executado por Médico Veterinário contratado por pessoa física ou jurídica, fica sujeita à Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) a ser efetivada no Conselho Regional, em cuja jurisdição for exercida a atividade, respondendo formalmente, civil e criminalmente pelo empreendimento. 2. Manual de Responsabilidade Técnica Esse instrumento de orientações e procedimentos incorpora conhecimentos gerais e específicos relativos à legislação e à normatização que regulam e orientam a atuação do Responsável Técnico. Habilitação é diferente de competência. Veja ao lado um esquema com o conceito de competência e o RT como um profissional que deve desenvolver competências para uma boa atuação 2.1 Regras de atuação No Manual de Responsabilidade Técnica há um conjunto de regras que orientam a atuação do RT. Essas regras constituem horários, honorários, termos contratuais, atribuições, entre outras informações pertinentes. 2.2 Ferramentas de atuação No Manual de Responsabilidade Técnica há um conjunto de ferramentas que auxiliam o cotidiano de atuação do RT. Essas ferramentas constituem procedimentos de laudo, anotações, relatórios, entre outros.3. Baixa de Registro como RT Para se desligar da responsabilidade técnica de um estabelecimento, o RT deve emitir ao CRMV um documento de cancelamento de contrato e será feita a Baixa da Anotação de Responsabilidade Técnica. A data desse documento representa o momento em que o RT deixa de responder civil e penalmente pela responsabilidade, referente a possíveis danos causados pelo empreendimento ao plantel, funcionários e usuários. Em casos de discordância de procedimento ou questões que ferem as normas e o manual de RT, o profissional deve tomar a iniciativa de se desligar do estabelecimento. Manual de responsabilidade técnica Cada CRMV edita seu Manual de Responsabilidade Técnica (MRT) que rege os compromissos e responsabilidades que o RT deve seguir em seu respectivo estado. "O profissional deverá consultar o manual como material de apoio, lembrando que poderão surgir situações não contempladas em que, o Responsável Técnico deverá resolvê-las com seus conhecimentos técnicos e legislações vigentes." (Manual de RT - CRMV-SP). Obrigações e Contrato O RT deve ter um contrato de atuação profissional registrado no CRMV. É o contrato de Responsabilidade Técnica com o estabelecimento que rege as obrigações, carga- horária e honorários. Carga-Horária A carga horária, para atuar como responsável técnico, deve obedecer as normativas impostas pelos manuais de RT do respectivo estado. Assim, o número de empresas que poderá assumir como RT dependerá da quantidade de horas que consta no contrato de cada uma, bem como do tempo gasto para deslocamento entre uma e outra empresa. Honorários É o contrato registrado no CRMV que rege o valor mensal pago pelo empregador ao Médico Veterinário Responsável Técnico. O valor é regulamentado pela Lei Federal 4950-A/1966 que estabelece Honorários do Médico Veterinário. Fiscalizacão e Penalizações O Médico Veterinário Responsável Técnico responde civil e criminalmente pelos serviços e produtos oferecidos pela empresa podendo ser penalizado por imperícia, imprudência ou negligência. Cabe salientar que o RT e a instituição/empreendedor poderão ser penalizados por acidentes causados ao público pelos animais do plantel. O RT não será responsabilizado pelas irregularidades praticadas pelas Empresas, desde que o profissional comprove ter agido em conformidade com suas obrigações. A fiscalização do exercício da profissão de MV será exercida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, e pelos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária, criados pela Lei 5.517/1968. A resolução CFMV 1069/2014 é uma referência legal relacionada a esse assunto. Livro de Registro O Livro de Registro de ocorrências, obrigatório em alguns estados, é um documento importante que pode ser adotado voluntariamente pelo RT, resguardando-o. Deve ser mantido no endereço do empreendimento e regularmente preenchido pelo RT. A manutenção atualizada desse documento assegura o RT em quaisquer demandas que venham a ocorrer. Laudo Informativo Em casos onde não forem atendidas as recomendações, o passo seguinte do RT deve ser o preenchimento do Laudo Informativo que é encaminhado ao CRMV, o qual fará o acompanhamento do processo junto ao empreendimento e, quando necessário, o punirá. Consulte o modelo no manual de RT do seu estado. Termo de Constatação e Recomendação Se o proprietário do empreendimento causar qualquer dificuldade de implantação das orientações emitidas pelo RT, o mesmo deverá utilizar inicialmente o Termo de Constatação e Recomendação, documento que o empreendedor deve assinar. O documento deve ficar arquivado com o RT. Nesse termo, é estabelecido o prazo para providências à determinada orientação. Consulte o modelo no manual de RT do seu estado. Atuação do RT em piscicultura A atuação do RT é prevista pela Lei Federal 5.517/68, que dispõe sobre o exercício da profissão de Médico Veterinário. A atuação do RT é formalizada por meio de um documento denominado Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) conforme Resolução CFMV 683/2001 que consta nos Manuais de Responsabilidade Técnica editados pelos CRMVs. O RT é exigido em quaisquer estabelecimentos que ofereçam produtos ou serviços veterinários. Resolução CFMV 582/1991, Resolução CFMV 1015/2012, Resolução CFMV 683/2001 e Portaria CFMV 301/1996. O profissional RT, o Médico Veterinário deve observar condições básicas antes de aceitar trabalhar em empreendimento de criação de peixes: • Observar se a legislação ambiental está sendo atendida onde se pretende ou está implantado o estabelecimento. • Observar levantamentos topográficos, geológicos e edafoclimáticos do terreno antes de planejar ou reformar um estabelecimento de piscicultura. • Ficar atento sobre possíveis riscos de implantar o estabelecimento próximo ou a jusante de propriedades agrícolas em função do uso de defensivos agrícolas. • Cercar as áreas destinadas ao cultivo e permitir a entrada apenas de pessoas autorizadas. Visitantes e veículos só devem entrar sob orientação. • Evitar a entrada de animais domésticos e selvagens. Observar padrões de qualidade da água Observar os padrões de qualidade de água estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente para pesca ou cultivo de organismos aquáticos. Realizar verificação da água da(s) fonte(s) de abastecimento e dos efluentes, efetuando análises microbiológicas, de metais pesados, defensivos agrícolas, e/ou outros poluentes de acordo com a região e com periodicidade a critério do RT. Verificar periodicamente parâmetros de qualidade da água Garantir verificação periódica (diária, semanal ou com periodicidade a critério) dos principais parâmetros de qualidade de água nos sistemas aquáticos, como: temperatura; oxigênio dissolvido; pH, amônia (NH3); nitrito (NO2); nitrato (NO3); alcalinidade; dureza; transparência. Os parâmetros devem ser anotados no livro de registros. Orientar sobre o manejo hídrico da propriedade Orientar sobre o manejo hídrico da propriedade quanto ao tratamento da água de abastecimento e tratamento de efluentes e identificar possíveis pontos críticos que podem favorecer a contaminação da água. Zelar para que o sistema hídrico seja individual Zelar para que o sistema de entrada de água seja individual para permitir limpeza e tratamento de cada tanque/viveiro/aquário/bateria/incubadora quando necessário. Orientar sobre o tratamento de efluentes Orientar o tratamento e uso racional dos efluentes e dar destino adequado aos resíduos orgânicos de acordo com a legislação federal, estadual e/ou municipal vigente. Cuidado com a alimentação | manejo alimentar dos animais Os cuidados que devem ser seguidos no que diz respeito à alimentação dos animais são: • Garantir que os alimentos e suplementos nutricionais utilizados tenham registro no órgão competente. • Prestar assistência quanto aos requerimentos nutricionais e características alimentares das espécies de animais aquáticos presentes. • Avaliar periodicamente por meio de medidas de consumo diário, ganho de peso ou crescimento, levando em consideração os parâmetros requeridos para cada espécie e época do ano. • Evitar excesso de alimentos para evitar deterioração/eutrofização da água do tanque/viveiro/aquário/bateria/incubadora. • Estocar os alimentos em local apropriado, seco e fresco, e estabelecer um Protocolo de Programa de Controle de Pragas. Cuidado com o transporte e movimentação dos animais Barrar a entrada de animal aquático de outra propriedade: Impedir a entrada de qualquer lote de animal aquático adquirido de outra propriedade e que não esteja acompanhado daGuia deTrânsito Animal (GTA). Orientar o transporte de animais vivos: Orientar o transporte de animais vivos, indicando os cuidados inerentes ao procedimento nos seus aspectos sanitários, de documentação sanitária e quanto ao bem-estar animal, e assegurar que todos os animais transportados estejam em bom estado de saúde. Notificar o serviço veterinário oficial -SVO: Notificar o Serviço Veterinário Oficial (SVO), e arquivar toda a documentação de registro de trânsito de animais (GTA). Orientar despesca de animais: Orientar procedimentos que envolvam a despesca dos animais, levando-se em conta o bem-estar animal e fazendo uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) compatíveis com sua necessidade. A notar entrada e saída de animais: Anotar no Livro de Registros toda a entrada e saída de animais no estabelecimento. Registrar data, espécie, número de animais e fase de desenvolvimento. Destinar adequadamente a água: Destinar adequadamente, e de acordo com a legislação vigente, a água que acompanha os animais durante o transporte. Anotar toda translocação animal: Anotar no Livro de Registros toda a translocação de animais dentro do estabelecimento. Manter um tanque isolado: Manter no estabelecimento um tanque isolado para ser utilizado quando da entrada de animais novos no estabelecimento (quarentena). Os animais vindos não devem ser introduzidos diretamente nos tanques sem antes passarem por observação e exames sanitários. Estabelecimento de comércio de peixes ornamentais O RT em piscicultura deve: • Orientar os clientes (proprietários) sobre os cuidados básicos higiênicos sanitários e qualidade da água para garantir aos consumidores espécies sadias. • Auxiliar na orientação técnica dos consumidores quanto às necessidades de cada espécie comercializada, como qualidade da água, alimentação e compatibilidades. • Garantir que seja realizada aclimatação adequada dos animais recém-adquiridos pelo estabelecimento para comercialização. • Permitir a comercialização no estabelecimento somente de produtos devidamente registrados nos órgãos competentes, observando rigorosamente os prazos de validade. Estabelecimentos de pesca desportiva | recomendações O RT em piscicultura que atuar em estabelecimento de pesca desportiva, deve seguir as recomendações fundamentais para o RT e registrar toda e qualquer medicação administrada aos animais aquáticos e/ou à água, permitindo a liberação para consumo somente após vencido o prazo de carência. E também deve: • Orientar quanto à manipulação e descarte de produtos e/ou subprodutos. • Não fazer aproveitamento de animais mortos. Responsabilidade Técnica em Sanidade na Piscicultura Texto Complementar 0 ÁGUA NO BRASIL O Brasil é um país privilegiado, pois cerca de 12% da água doce superficial do planeta corre em nossos rios. Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), esse percentual representa o dobro de todos os rios da Austrália e da Oceania, é 42% superior ao da Europa e 25% maior do que os do continente africano. E aproximadamente 90% do território brasileiro recebe chuvas abundantes durante o ano, o que favorece a formação de uma extensa e densa rede de rios. Responsabilidade Técnica em Sanidade na Piscicultura Texto Complementar 1 A SITUAÇÃO DO PLANETA “Quase 97% da água que cobre a superfície da Terra é salgada. Dos 3% restantes, a maioria está em estado sólido - nas geleiras e calotas polares -, de difícil aproveitamento. E, para piorar, grande parte da água doce em estado líquido encontra-se na camada subterrânea”, explica o geólogo Marco Antônio Ferreira Gomes, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente. Lagos, rios e lençóis freáticos menos profundos constituem apenas 0,26% de toda a água potável. E é dessa pequena fração que toda a humanidade depende para sobreviver. A DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL Apesar de abundante, o potencial hídrico do país está mal distribuído. A Amazônia, por exemplo, detém a maior bacia fluvial do mundo, mas é uma das regiões menos habitadas do Brasil. Em contrapartida, as maiores concentrações populacionais encontram-se nas capitais, distantes dos grandes rios brasileiros, como o Amazonas, o São Francisco e o Paraná. O principal problema de escassez ainda é no Nordeste, onde a falta de água tem contribuído para o abandono das terras e para a migração aos centros urbanos, como São Paulo e Rio de Responsabilidade Técnica em Sanidade na Piscicultura Texto Complementar 2 Janeiro, agravando ainda mais o problema da escassez de água nessas cidades. REGIÕES DE ABUNDÂNCIA Quanto ao potencial hídrico do país, merecem destaque: • a Amazônia: é a região que detém a maior bacia fluvial do mundo. Nela está o Rio Amazonas, cujo volume de água é o maior do globo. Por isso, ele é considerado um rio essencial para o planeta. • a Bacia do Tocantins-Araguaia: ocupa 11% do território nacional e tem como principais rios o Tocantins e o Araguaia, que abriga a maior ilha fluvial do mundo – a Ilha do Bananal. • a Bacia hidrográfica do Paraná: ocupa o primeiro lugar em produção hidrelétrica do país. Nessa região estão localizadas as usinas de Itaipu, Furnas, Porto Primavera e Marimbondo. A área é banhada por seis importantes rios: Grande, Iguaçu, Paranaíba, Paranapanema, Tietê e Paraná – o segundo rio em extensão da América do Sul. • — o Rio São Francisco: conhecido como rio da integração social, liga o Sudeste, o Centro-Oeste e o Nordeste. Ele atravessa cinco estados brasileiros: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, mas sua bacia alcança também Goiás e o Distrito Federal. As Responsabilidade Técnica em Sanidade na Piscicultura Texto Complementar 3 hidrelétricas da bacia do São Francisco abastecem grande parte da Região Nordeste. É PRECISO PRESERVAR Estudos e pesquisas do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) apontam para o desperdício mundial anual de aproximadamente 1.500 km³ de água. “Para que não falte no futuro, a água deve ser consumida com consciência”, alerta Gilmar Altamiro, fundador da ONG Universidade da Água. SENDO ASSIM, QUE TAL REAVALIAR SEUS HÁBITOS? • Mantenha a válvula de descarga do vaso sanitário sempre regulada. • Durante o banho, desligue a ducha enquanto se ensaboa. • Ao escovar os dentes, use um copo com água para enxaguar a boca. • Antes de lavar a louça, panelas e talheres, remova bem os restos de comida de todas as peças. Primeiro, ensaboe tudo - mantendo a torneira fechada, claro! -, para, depois, enxaguar de uma só vez. Responsabilidade Técnica em Sanidade na Piscicultura Texto Complementar 4 • Só ligue a máquina de lavar roupas quando estiver cheia. Uma lavadora com capacidade para cinco quilos, em operação completa, gasta, em média, 135 litros de água. • Evite lavar calçadas, quintais e carros com frequência. Se for inevitável, use balde e vassoura no lugar de mangueira ou vassoura hidráulica. Fonte: Vital Unilever - Internet Responsabilidade Técnica em Sanidade na Piscicultura Texto Complementar 0 AQUÍFERO ALTER DO CHÃO É O MAIOR RESERVATÓRIO DE ÁGUA DO PLANETA Pesquisadores do Pará e do Ceará descobriram que a Amazônia tem o maior reservatório subterrâneo de água do planeta. Daniela AssayagManaus O aquífero Alter do Chão já era conhecido dos cientistas. Eles só não sabiam que era tão grande. Em nenhum outro lugar a água é tão farta. Responsabilidade Técnica em Sanidade na Piscicultura Texto Complementar 1 Tirando as geleiras, um quinto da água doce existente no mundo está na Amazônia. Parece muito, mas os rios e lagos do lugar concentram só a parte visível desse
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