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Introdução ao estudo da História todas as aulas

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Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender a função da História como Ciência;
2. aprender qual o ofício do historiador;
Mapa Conceitual: Introdução  aos Estudos da História
Antes de começarmos o Estudo da disciplina Introdução aos Estudos da História, vamos analisar primeiramente o mapa conceitual. 
É importante conhecermos aonde queremos chegar, para darmos a largada.
Introdução ao Estudo da História:
1- Oficio do Historiador - História: uma ciência, Objeto de Estudo, Objetivo da pesquisa, Crítica às fontes, Julgar ou compreender?
2 - Ofício do Historiador no século XIX
3. Escola dos Annales
4. Reflexões
Como pudemos ver no mapa, a História é uma ciência jovem e que continua caminhando, por isso, a forma de ver a História foi modificando nos últimos séculos. 
Já tivemos períodos no qual só estudava-se a Histórica política, outros que se estudava fundamentalmente a economia e, atualmente, que damos atenção a todas as possibilidades de análise, tanto política, como econômica, quanto cultural.
De qualquer maneira é fundamental o domínio do conhecimento histórico para a atuação social dos indivíduos comprometidos com valores humanistas.
Existem muitas pessoas que acreditam que a História é coisa do passado e está apenas nos livros antigos, o interesse é apenas curiosidade, mas a História é viva e está em todos os lugares, desde que você acorda, até a ida ao cinema ou ao futebol. O conhecimento que temos do nosso tempo se dá graças ao estudo da História.
Nesta primeira aula, vamos discutir a construção da disciplina: Introdução aos Estudos da História.  Veja abaixo as perguntas que sempre são feitas:
Como podemos estudar História?
Seria a História apenas uma série de fatos históricos e o conhecimento da História estaria na memorização?
Para que o estudo da História?
Você que está começando o curso, certamente se interessa e se encanta em pesquisar e ensinar História. Já posso chamá-lo então de futuro Historiador. 
O trabalho do Historiador consiste em escolher os assuntos que deseja pesquisar. 
Sem dúvida que os historiadores não produzem um conhecimento absoluto ou total, pois o conhecimento produzido por ele é seletivo e limitado.
“A história consiste num corpo de fatos verificados. Os fatos estão disponíveis para os historiadores nos documentos, nas inscrições, e assim por diante, como peixes na tábua do peixeiro. O historiador deve reuni-los, depois levá-los para casa, cozinhá-los, e então servi-los da maneira que o atrair mais.”
 CARR, Edward. O que é História? São Paulo: Paz e terra, 2011. P. 45.
A ciência História é investigação do passado do homem e, para tanto, como sugerem Marc Bloch e Carlo Ginzburg, assemelha o ofício do historiador com o ofício de um detetive ou de um médico que procuram evidências, pistas e sintomas para solucionar um crime ou diagnosticar uma doença.
Para o desenvolvimento da ciência História, o profissional pode usar vários tipos de fontes, ou seja, variados tipos de documentos para se informar sobre a economia, política e cultura de uma dada sociedade. 
É a partir dos documentos que podemos ter ciência sobre ideias e realizações das pessoas e das sociedades de diferentes épocas e lugares.
Ao reunir informações e interpretar as fontes o historiador pode saber o que mudou ao longo do tempo, seja na economia, nas artes, na política, na maneira de pensar, ou nas formas de ver e de sentir o mundo. No entanto, também estudamos as permanências, aquilo que não foi alterado, mesmo que muitas mudanças tenham ocorrido ao longo dos anos.
A Importância das fontes históricas
Não faz muito tempo em que as fontes escritas eram consideradas as únicas possíveis para a pesquisa histórica. No entanto, hoje, existe uma multiplicidade de fontes não escritas que também podem e devem ser utilizadas para o estudo da história, pois os historiadores entenderam que também são registros importantes da vida do homem.
Escrita: 
Dentre as fontes escritas estão as cartas, jornais, revistas, documentos oficiais, agendas, diários, dentre outros.
Oral: 
É o relato de alguém (famoso ou não), normalmente recolhido por um historiador, contando os aspectos da sua vida.
Material: 
Pinturas, esculturas, roupas, armas, músicas, filmes, fotografias, utensílios e objetos variados, construções.
A produção histórica é fruto de critérios e evidências científicas e verificáveis, porém, contrapondo o senso comum que afirma a neutralidade das ciências em relação ao seu objeto de estudo, é necessário entender o historiador e a sua produção como produtos socialmente construídos.
A seleção do objeto de estudo, da metodologia especifica a ser aplicada, das fontes históricas e da própria escrita da história são produtos de escolha/intervenção do historiador e, por sua vez, estão condicionadas pela formação acadêmica, política, cultural e pelo tempo histórico no qual o historiador está inserido. 
A  suposta neutralidade do historiador e de sua produção deve ser relativizada, o que não invalida o compromisso do historiador e de sua ciência com a verdade histórica. 
A concepção de verdade deve ser entendida como passível de crítica, modificação e superação, o que daria origem às diferentes linhas historiográficas existentes.
Como vimos anteriormente, a História constitui uma ciência e, como tal, a pesquisa precisa surgir da dúvida. 
Assim, o historiador tem de passar pelas dificuldades que espreitam qualquer pesquisa e legitimar suas conclusões com a comprovação.
Todo o historiador deve saber que não existe verdade e que qualquer fonte está sob a influência de quem produziu, seja essa fonte oral, escrita ou material. 
Dessa forma, a pesquisa final está relacionada aos interesses e ao tipo de olhar do pesquisador.
Não existe a pesquisa histórica na qual o historiador se anula completamente como imaginavam e desejavam os positivistas no século XIX. (VEREMOS A ESCOLA POSITIVISTA NA AULA 4) Quando formos analisar uma fonte primária, temos que saber o contexto no qual ela foi produzida e quem a produziu. Tendo isso em mente, o pesquisador estará apto a estudar as causas circunstanciais e indiretas muitas vezes ignoradas à primeira vista.
Hoje o historiador não pode ter mais a pretensão de recolher “todas” as fontes de um determinado período para dar conta do conhecimento de toda a sociedade, ele sabe que ao fazer isso se perderá em emaranhado de fontes que, não tendo objetividade na pesquisa, acabará afogado nas próprias fontes, sem conseguir montar o quebra-cabeça. Embora já tenhamos achado que poderíamos ter o conhecimento de toda uma época, hoje sabemos que não é mais possível.
Ao estudante que hoje deseja conhecer o discurso da História através dos tempos, terá que mergulhar nos textos produzidos por Homero e Tucídides na Grécia clássica, pensar no Historicismo de Leopold Von Ranke, conhecer a vertente marxista influenciada por Karl Marx e Friedrich Engels de análise da sociedade; se aprofundar nas três gerações da escola dos Annales.
São muitos os autores que leremos durante o curso e que são indispensáveis à boa formação cultural e intelectual do historiador. Existem muitas histórias para serem contadas. Sendo a História uma ciência, terá sempre a possibilidade de ser recontada com novas visões, ou novas fontes de estudo.
Como diz Marc Bloch, “a história não apenas é uma ciência em marcha. É também uma ciência na infância: como todas aquelas que têm por objeto o espírito humano, esse temporão no campo do conhecimento racional.” 
Sendo assim, cabe a você, futuro historiador, ajudar a criar e a orientar conosco os rumos dessa ciência que está ainda na infância.
O que é fonte histórica.
Se a História tem o papel de julgar ou compreender.
 
 
Nessa aula você:
Compreendeu a função da História como Ciência;
aprendeu qual o ofício do Historiador;
	
		Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender o olhar do Historiador;
2. entender o objetivo da teoria da História;
3. problematizar as questões da objetividadedo conhecimento histórico.
	
O historiador José D´Assunção Barros, em seu livro Teoria da História, divide em 10 os aspectos que estão envolvidos em um campo disciplinar. 
Segundo ele, podemos dividir essas características em 10:
1 – Campo de interesses
2 – Singularidades
3 – Campo Intradisciplinares
4 – Aspectos Expressivos
5- Aspectos Metodológicos
6 – Aspetos teóricos
7 – Oposição e diálogos interdisciplinares
8 – Interditos
9 - Rede Humana
10 – Olhar sobre si
O primeiro aspecto talvez seja o mais claro e “Campo de interesses” nada mais significa do que o objeto de estudo ou temáticas que devem ser trabalhadas pelos estudiosos daquela disciplina.
No caso da História, é claro que ela está inserida dentro do campo das ciências humanas e sociais, mas mesmo assim seus objetos são sempre “historicizados e “temporalizados.”
O campo de interesses aponta diretamente para a questão da Singularidade, ou seja, o que torna uma disciplina única, específica e justifica sua existência. 
Por exemplo, no caso da História, ela nem sempre se constituiu como nós conhecemos hoje: os gregos entendiam de uma forma, no século XVIII era entendida como Filosofia da História e só no século XIX vamos ter a História como ciência
Toda disciplina tem seus campos de interesse, assim como sua singularidade e todas elas também têm seus campos intradisciplinares. No caso da História, há uma série de campos históricos, fundamentalmente a partir do século XX, e uma série de modalidades de se fazer História, tais como História política, História Cultural, História Econômica, História da vida privada, dentre tantas outras.
No século XX, houve uma tendência à especialização e, de fato, em vários campos, “o que não impede que os efeitos mais criticáveis do hiperespecialismo sejam constantemente compensados pelos movimentos interdisciplinares e transdisciplinares, voltados para uma religação dos saberes em um mundo no qual os campos de produção de conhecimento vivem a constante ameaça do isolamento.” (BARROS, 2011, p.28).
BARROS, José D´Assunção. Teoria da História: princípio e conceitos fundamentais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. p. 28.
Três aspectos fundamentais a serem considerados quando se fala na constituição de um “campo disciplinar” relacionam-se ao fato de que nenhuma disciplina adquire sentido sem que desenvolvam ou ponham em movimento certas teorias, metodologias e práticas discursivas
Todo campo disciplinar precisa de certo repertório teórico e metodológico para ser seguido pelos seus estudiosos. Isso traz legitimidade à disciplina e é claro que esse repertório é digno de críticas e concordâncias. Na medida em que um campo disciplinar  vai se constituindo, se forma também um discurso próprio da disciplina, ou seja, uma variedade de jargões que são facilmente reconhecidos por aqueles que a estudam. Dessa forma, a disciplina constitui um certo discurso. “É por isso que não é possível a ninguém se transformar em legítimo praticante de determinado campo disciplinar, se o iniciante no novo campo de estudos não se avizinhar de todo um vocabulário que já existe previamente naquela Disciplina, e através do qual os seus pares se intercomunicam.”  
No tocante ao campo teórico e metodológico, o campo disciplinar é especialmente importante, pois a teoria pode ser entendida como uma síntese que é aceita por um dado campo de conhecimento. No caso do curso de História, no segundo semestre há a disciplina Teoria da História, que complementará esta e dará o embasamento para o trabalho de conclusão de curso. Embora seja para os iniciantes uma das mais difíceis, ela é de fundamental importância para qualquer um dos conteúdos que venham a estudar.
A ideia da Interdisciplinaridade é de fundamental importância para a história. Como veremos nas próximas aulas, houve uma época em que a disciplina História praticamente não utilizava outras disciplinas, pois a história era apenas memorialística. Já faz bastante tempo que passamos a utilizar a Geografia, a Psicologia, a Antropologia, dentre outras, para melhor fazer História. 
Um dos exemplos mais eloquentes é sobre a História das Mentalidades (você verá o que é História das mentalidades ainda nesta aula), que se utilizou da Antropologia e da Psicologia para a constituição do seu campo de saber. 
Os dois últimos aspectos colocados pelo historiador para o entendimento do campo disciplina é a questão da Rede humana, que são todos as pessoas que praticam a disciplina. 
Todos os que entram no campo de estudo (você está entrando agora) produzem algum tipo de modificação na disciplina. 
Cada obra modifica pouco ou muito e orienta novas direções no campo do conhecimento.
Sempre que escrevemos, estamos escrevendo também para a aprovação dos nossos pares que, no caso, podemos chamar de “comunidade científica”. 
Normalmente estão inseridos em alguma instituição, que pode ser universidade, revista científica*, instituições de pesquisa**, arquivos***, dentre outros.  
* Exemplo de revistas científicas em História: http://www.revistatopoi.org/
revhistoria.usp.br 
www.revistafenix.pro.br
www.cchla.ufpb.br/saeculum/
www.ufjf.br/rehb/
www.hcomparada.ifcs.ufrj.br/revistahc/revistahc.htm
www.unicamp.br/chaa/rhaa
 
** Exemplo de Instituições de pesquisa:
www.cpdoc.fgv.br/
www.fiocruz.br/
www.casaruibarbosa.gov.br
*** Exemplo de arquivos: 
www.arquivonacional.gov.br/
www.arquivoestado.sp.gov.br
www.fpc.ba.gov.br
www.apers.rs.gov.br
www.aperj.rj.gov.br/
http://www0.rio.rj.gov.br/arquivo/
Todo o percurso da disciplina, até se constituir como campo do saber com suas singularidades, tem sua história. O fato de o estudarmos, como fazemos nesta disciplina, é o fato de “Olhar sobre Si”. Como ciência, a História vem atraindo e repelindo um dado conjunto de saberes que podem ter sido considerados periféricos em um dado momento e que, posteriormente, passaram a ser fundamentais para o campo disciplina.
Agora que você já sabe que a História existe como ciência, tendo suas próprias singularidades, poderá se aprofundar na questão mais específica do OLHAR SOBRE SI, ou seja, um olhar sobre o percurso da história através do tempo.  
Os primeiros pensadores da História;
a filosofia da História x A História como ciência;
os principais pensadores da filosofia da História.
 
 
Nessa aula você:
Compreendeu o olhar do Historiador;
entendeu o objetivo da teoria da História;
problematizou as questões da objetividade do conhecimento histórico.
	Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender o significado de filosofia da História;
2. entender o objetivo do estudo da Filosofia da História;
3. problematizar as questões referentes à filosofia da História e do conhecimento histórico.
Como diz José Carlos Reis em seu livro “História e Teoria: historicismo, modernidade, temporalidade e verdade”, no último milênio, os historiadores ocidentais aterrorizados com as guerras, injustiças sociais, epidemias etc. se manifestavam a preocupação com “o destino de uma humanidade universal. Ainda segundo o autor: 
Perguntas metafísicas orientaram as reflexões e pesquisas históricas no Ocidente: quem somos? Para onde vamos? Para que viemos e qual será o nosso destino? Como obter salvação?
 Essas perguntas revelam uma angústia fundamental, a experiência de um permanente mal-estar de ser-no-tempo. O ocidente sofre com a própria ausência e procura construir uma imagem global, reconhecível e aceitável de si mesmo.
REIS, José Carlos. História e teoria: historicismo, modernidade, temporalidade e verdade. Rio de Janeiro: FGV, 2006. p.15.
Da forma como José Carlos Reis expôs, percebemos que a identidade ocidental não existe sem fissuras e tenta se reconhecer em sua totalidade. Assim, nesta aula, você verá as diversas representações da vida e do seu sentido ao longo da história do Ocidente.
Para começarmos a refletir sobre as questões relativas à filosofia da História, vale a pena irmos até aqueles que são considerados os pais da civilização ocidental.Os gregos desenvolveram um tipo de História que se baseava em relatos considerados importantes. A narrativa oscilava entre o sagrado e o profano e na recuperação do passado se misturava a poesia e a mitologia.
A história grega era limitada temporalmente e se apoiava em documentos visuais e orais. Isso significava que só quem presenciava o evento poderia relatá-lo de modo confiável.
Entre os gregos, é importante destacarmos dois filósofos. O primeiro, Heródoto (484 – 425 a.c), é conhecido como o “pai da História”. 
Sua principal obra foi ““As Guerras Médicas” onde relatou o conflito entre os gregos e o Império Persa ocorrido durante o século V a.C. 
Nessa obra, Heródoto procurou separar a narrativa histórica das outras narrativas existentes na época. O grande diferencial do seu trabalho foi à crença do autor de que era preciso conhecer profundamente cada povo para posteriormente realizar sua escrita e, assim o fez, tendo feito diversas  viagens aos locais de conflito. 
Entretanto, em “As Guerras Médicas”, Heródoto, filho do seu tempo, ainda concede uma importância muito grande dos rumos das guerras à vontade divina.
Os gregos tem tradição de  observar a História como relacionada à sua organização. Vide o papel desempenhado pela narrativa homérica em seus trabalhos.  O diferencial de Heródoto é justamente determinar as formas de fazer história. Heródoto determina que a história deve ser feita a partir de fontes consideradas, fidedignas, daí a ideia de conhecimento. Então, a história necessita desse conhecimento. A função do historiador não está nessas fontes, mas sim no JULGAR a história. Esse é o papel do historiador em Heródoto, determinar os erros e acertos, transformando o historiador em juiz. Heródoto não defende a história como a defesa dos deuses, mas, sim, sinaliza sua importância na tradição e nas ações dos homens. Por isso, não é um crítico a Homero como, por exemplo, outros de seus contemporâneos como Thales de Mileto.
O segundo filósofo importante para a nossa reflexão sobre a filosofia da História é Tulcídides. Em sua obra “A Guerra do Peloponeso”, conflito armado entre Atenas e Esparta ocorrido entre 431 a 404 a.C.  A sua  obra difere das, até então, produzidas, pois foi a primeira a deixar de lado o discurso religioso, tanto que na sua conclusão, a motivação principal para  a guerra  foi o crescimento do poderio ateniense e o receio dos espartanos.
Ainda segundo José Carlos Reis, os gregos se interessavam pelo eterno, pelo que não precisa da história para ser. Seus historiadores, ao fundarem a história, desafiavam a própria cultura anti-histórica. A história que fundaram não se interessava pelo futuro, apenas pelo presente e pelo passado (...) Entre os gregos, a ideia de uma história universal não era ainda formulável.”
Os gregos não pensavam em uma história que pudesse ser universal. Essa ideia só começou a tomar corpo com os romanos e é justamente aí que se percebe a ruptura com a concepção de história grega. A história entre os romanos é em um primeiro momento claramente influenciada pelos gregos.  A diferença é o sentido, a história é um exercício de legitimidade, busca a afirmação do poderio de Roma. O historiador Romano perde a noção do cuidado do historiador, como diz Finley, completa os fatos da maneira que melhor lhe convém, desde que marque os ensinamentos que a história precisa trazer. 
O império romano movido pelo seu expansionismo pensa o passado e o futuro como assimétricos e o futuro passa a ser o centro de gravidade da História. Sendo assim, a história universal seria a história da unidade romana sobre todos os outros povos. 
A  ideia do cristianismo que foi inicialmente combatido e depois incorporado e adotado como religião oficial apoiou com o sentimento religioso e o discurso teológico a conquista romana do mundo. Assim, a Igreja Romana e o império romano formaram a ideia de “história universal”, “como vontade de potência universal legitimada por um discurso de salvação da humanidade.”
 
HARTOG, F. Historiadores gregos. In: BURGUIÈRE, A. Dictionnaire dês sciences historiques. Paris: PUF, 1986.
Eneida de Virgílio
 Tito Lívio
Vamos pensar no mito de fundação de Roma.
Poucos documentos de fato existem sobre o período monárquico romano, a maioria dos documentos é de séculos depois, mas contam os eventos de forma reta, mostrando o quão grandioso foi à formação do mundo romano.  
Tanto a Eneida de Virgílio como os relatos de Tito Lívio deixavam claro a origem grega de Roma e sua importância na construção do poderoso império.Poucos documentos de fato existem sobre o período monárquico romano, a maioria dos documentos é de séculos depois, mas contam os eventos de forma reta, mostrando o quão grandioso foi à formação do mundo romano.  
Plutarco e Suetônio
Plutarco e Suetônio apresentam esta mesma tendência, mas tratando de personagens considerados grandiosos que marcam a força do mundo Romano, não à toa o primeiro conta as histórias de Alexandre da Macedônia, ou Alexandre o Grande, e o segundo a Vida dos Doze Césares, ainda que com esforço biográfico, mantendo a mesma proposta de não se ater aos detalhes ou contradições, mas fazendo o que Finley chama de "completar a história".
José Carlos Reis
Dessa forma, como bem diz José Carlos Reis:
“Os romanos iniciaram a aventura ocidental de conquista do mundo imbuídos da fé de que iriam salvá-lo! A ideia de história universal e de um sentido histórico único para toda a humanidade começou a se elaborar como conquista, por um povo, de todos os povos. Os romanos se atribuíam essa missão divina e não poderiam  falhar. 
Eles sintetizavam a tese judaica do ‘povo eleito’ com o universalismo cristão do pagão-também-filho-de-deus. Eles, povo eleito, tinham a missão de levar aos pagãos essa verdade única da história universal: ‘somos todos filhos do único Deus, seu filho dileto, pois Ele veio ao nosso mundo e nos revelou a verdade; temos o direito divino de liderá-los na história da salvação!’”
REIS, José Carlos. Op. cit. p.19 -20.
A  partir da perspectiva romana, a ideia de uma história universal toma corpo. Os valores religiosos aumentavam o desprestígio do que era temporal. O significado do pecado envolvia tudo nesse mundo e só a necessidade de salvação levava a religião a torna-se intemporal. Essa concepção de história universal permaneceu durante séculos e apenas entre os séculos XIII e XVI começou a surgir uma nova consciência no sentido histórico. Na modernidade, a metafísica começa a ser recusada como explicação para a história. De fato, estávamos em um mundo que passava por uma revolução cultural e para acompanhar as estruturas da nova ordem política (Estado burocrático)/econômico( ética do trabalho e empresa capitalista)/social (não  fraternidade religiosa) era preciso que a história do mundo terreno desafiasse a história universal sagrada.
Foi o historiador Le Goff que percebeu que na modernidade passou a existir um conflito entre o tempo da igreja e o tempo do mercador, o que fundou uma nova mentalidade. 
O novo agente, o burguês, passou a ter dois objetivos diferentes: o lucro e a salvação. 
“Ao procurar realizar fins contraditórios, a consciência burguesa perde a unidade que antes a religião garantia. O cristão reformado até confunde seu sucesso nos negócios com a graça de Deus, misturando esferas que não se articulam.”
Voltando à questão referente à filosofia da História, vamos agora destacar a figura de Immanuel Kant. 
Kant nasceu em 22 de abril de 1724 em Königsberg (Prússia). Na casa dos pais, Kant provavelmente teve contato com o pietismo. 
Em 1755, Kant se doutorou e foi se estabelecer em Privatdozet como professor universitário. Durante sua vida, ministrou nas cátedras de lógica e metafísica e também deu preleções sobre matemática, física, geografia, antropologia e de teologia natural, moral e direito natural.
STÖRIG, Hans Joachim. História geral da filosofia. Petropólis, RJ: Vozes, 2009. p. 331-332.
O Pietismo surgiu em fins do século XVII dentro do luteranismo, como oposição à negligênciada luterana para com a dimensão pessoal da religião. O movimento, além da crença, exigia a piedade genuína. Este influenciou  o surgimento de movimentos como o pentecostalismo.
A obra que vamos nos deter por ter oferecido outro entendimento para a ótica da história é “Ideias sobre a história universal sob o ponto de vista cosmopolita”. Nela, Kant afirma que a razão traria a reunificação da humanidade, substituindo a religião, ao se dar como finalidade a construção de uma sociedade moral. Assim, o autor afirma que os acontecimentos históricos, tanto positivos como negativos, sempre seriam vistos pela visão cosmopolita, ou seja, aquilo que traz bem a todos. Com Kant, a Europa passou a pensar a história de uma humanidade universal e o que reunificaria a humanidade seria a razão, mas a história teria um fio condutor, ou seja, a tentativa filosófica da história universal do mundo seria de acordo com um plano da natureza que tinha como objetivo a perfeita união da espécie. Assim, o olhar do historiador precisaria verificar a natureza desde os tempos antigos e perceber um plano e um propósito final, aí então a ideia poderia ser útil e também um fio condutor. Kant se debruçou fundamentalmente sobre os helenos, pois, segundo o autor, todas as outras histórias estariam agregadas a esta. Assim sendo, a grande maioria dos povos somente faria parte da história quando se relacionassem com a cultura ocidental. Com isso, se descobre um fio condutor da história humana, uma perspectiva consoladora para o mundo e esclarecedora, “na qual a espécie humana se elevará finalmente, por seu trabalho, a um estado em que todos os germes que a natureza colocou nela poderão desenvolver-se plenamente e sua destinação aqui na Terra ser preenchida.” 
O pensamento da história de Kant é bastante interessante, mas vale lermos o comentário de José Carlos Reis sobre a filosofia da História que diz:
“As filosofias da História mostram com transparência toda a tensão interna à cultura ocidental. Elas são ambíguas: greco-modernas, pois são uma elaboração racional-profana sobre a história; neojudeo-cristãs, pois dirigem-se ao futuro, prosseguem a espera metafísica da redenção. As filosofias da história expõem a fratura da identidade ocidental: “Fé na Razão!” É como um retorno ao pensamento religioso, em busca de unificação que ele oferecera. 
Mas esse esforço de reunificação e de retorno prevalecia a face moderna, a razão, profana e laica, que jamais conseguiu superar a fragmentação renascentista. As filosofias da história são um pensamento tenso que não reconhece as suas contradições. Elas ignoram pulsões, intuições, instintos, emoções e se imaginam dominadas pela transparência absoluta da razão. A sua convicção inabalável, que se tornou uma obsessão, é de que a ação racional dos homens deve produzir  uma aproximação acelerada do futuro com o presente.”
REIS, José Carlos. Op. cit. p. 30.
Kant de fato revolucionou o pensamento filosófico e, com elogios ou críticas, todos os intelectuais nos séculos posteriores se embasaram no autor. 
A ideia de que o caminho da humanidade unida era o único que levava à sociedade moral influenciou outros estudos que tiveram destaque no século XIX. 
De qualquer forma, no século XVII o mundo ocidental passou a pensar filosoficamente a história universal da humanidade, atribuindo-lhe o sentido da realização de uma finalidade moral.
Por fim, cabe trabalharmos com outro autor que também pensou a filosofia da História. Georg Wihelm Friedrich Hegel nasceu em 1770 em Stuttgart. Ele sempre se interessou por três temas: o estudo da filosofia, o interesse pela antiguidade e o entusiasmo pela Revolução Francesa. 
Durante alguns anos, Hegel foi redator e diretor de um liceu em Nürrenberg. Foi lá que ele concluiu a obra “Ciência da Lógica”, em três volumes. Este belo trabalho lhe valeu a cadeira filosófica em Heidelberg, lugar onde escreveu a “Enciclopédia das ciências filosóficas”, em 1817.
Hegel tornou-se “filósofo do Estado prussiano” e o chefe oficial da filosofia alemã. Ele ministrava aulas das principais disciplinas filosóficas e também de filosofia do direito, da arte, da religião, da história e história da filosofia. (STÖRIG, Hans Joachim. Op. cit. pp. 395-396).
Em Hegel, a modernidade aparece não mais em dívida com o passado grego nem com o cristianismo, ela procura nela mesma sua normatividade. Ela procura ser autoconfiante  e garantir sua fundamentação sobre seus próprios meios. Segundo José Reis, “Hegel revelou o princípio dos novos tempos: a subjetividade.” Em seus textos sobre a história da filosofia, Hegel apontava que a mesma tinha uma contradição interna, qual seja, "a filosofia quer conhecer o imperecível, o eterno, seu fim é a verdade. 
Mas a história conta o que foi numa época e que desapareceu em outra, substituído por outra coisa". Se a verdade é eterna, "ela não penetra na esfera do que passa e não tem história". 
Sendo assim, cada filosofia corresponderia a um momento da história, a uma etapa na conquista do espírito absoluto.  As filosofias não se refutariam, mas se sucederiam e as novas mostram as anteriores como verdades parciais. Para o autor Lyotard, os discursos da modernidade são considerados grandes narrativas pelo fato de se referirem à humanidade como um sujeito universal e pretenderem produzir uma descrição completa do desenvolvimento histórico. O projeto moderno é de uma história que se fragmentou e se descentralizou.
Ao mesmo tempo, durante o século XIX outro movimento pretendia liberta-se da filosofia da História e tornar a disciplina como uma ciência autônoma. Assim, chegaram à conclusão de que a metafísica era impossível de ser analisada, pois os resultados eram impossíveis de serem controlados. A história científica vinha não para discutir o sentido da história, tampouco a história universal, vinha para produzir conhecimento positivo que você verá na próxima aula.
A História como ciência;
o Historicismo e o Positivismo.
 
 
Nessa aula você:
Compreendeu o objetivo da Filosofia da História;
Apreendeu sobre os principais autores que pensaram na Filosofia da História;
AULA 4 INTRODUÇÃO A HISTÓRIA
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: historicismo e positivismo
1. Identificar o contexto histórico presente durante o surgimento do Historicismo e do Positivismo; 
2. compreender o que foi o Historicismo; 
3. entender o que foi o Positivismo; 
4. relacionar e diferenciar historicismo e positivismo; 
5. compreender a relação entre o positivismo e o historicismo e o surgimento da História como disciplina.
Vale lembrar que o século XIX é o período de unificação da Alemanha e da Itália, bem como quando um intenso fluxo de imigrantes sai da Europa vai para América fugindo das guerras e buscando novas oportunidades de trabalho.
As transformações ocorridas na Europa ao longo do século XIX, como a Segunda Revolução Industrial, o Neo colonialismo, o Imperialismo e diversas outras vão proporcionar uma verdadeira transformação no pensamento das ciências, inclusive na História. Dentro desse contexto até esse período, a história não existia como disciplina.
Ela era estudada junto ao currículo de outras ciências, tais como a teologia ou até mesmo o ensino de letras e não possuía uma teoria e um método autônomos que lhe desse uma identidade ou uma singularidade.
A análise histórica elaborada após o iluminismo e até esse período estava muito relacionada, principalmente, à filosofia, que considerava que tanto a natureza quanto o homem tinham uma essência fixa e imutável. Para os autores dessa forma de pensamento, entender o homem e sua história seria descobrir a natureza humana, sua essência.
O racionalismo e o cientificismo em voga na época vão atribuir às ciências ditas exatas e naturais um caráter de maior importância. Não se pode esquecer que esse é um tempo de intensa produção teórica, filosófica, científica, bem como de transformações econômicas e sociais. Nesse momento, a partir de toda a influência do Iluminismo e das mudanças que vinham ocorrendo, ohomem passaria a se enxergar como responsável por suas próprias atitudes, com livre arbítrio.
Um maior afastamento entre ciência e religião tornou-se notável para uma Europa que procurava cada vez mais avançar economicamente e crescer rumo às descobertas da tecnologia e da cientifização, inclusive nos estudos humanos.
É dessa forma que nossa disciplina vai aos poucos ter o seu caráter de ciência fundamentado: contestando a filosofia da história, bem como a história romântica presente nas obras de Michelet. De acordo com os positivistas, a aplicação do método das ciências exatas possibilitaria o conhecimento das leis da história a partir da análise de dados.
Pode-se afirmar que a construção da História enquanto disciplina deu-se graças ao Historicismo e ao Positivismo, duas teorias que, embora ultrapassadas, precisam ser estudadas a fim de que possamos compreender as suas transformações até chegar às análises presentes nos dias de hoje.
O Positivismo foi uma teoria sociológica fundada por August Comte que passou a buscar nas ações humanas as explicações para diversos fatores sociais, contrariando, sobretudo, a teologia e a metafísica e demonstrando que as explicações para diversos acontecimentos não apareciam apenas para as ciências como a matemática, como até então pregava o racionalismo. As explicações de Comte estavam voltadas para a compreensão de acontecimentos práticos e presentes na vida do homem, como as leis, relações sociais e até mesmo a ética. O autor defendia a valorização do homem e a busca pela paz universal. Não podemos nos esquecer que Comte vivia em uma sociedade marcada por guerras e por fortes contestações das classes operárias.
O Positivismo também ficou conhecido como escola metódica, pois propôs métodos para a História, muito valorizada por Comte e, segundo ele, sua análise permitia compreender melhor os princípios que regeram o destino da humanidade. Somente a partir da história seria possível uma melhor organização da sociedade, através da eliminação de suas mazelas.
Sua teoria positivista para a sociedade era formada a partir da compreensão da existência de três estágios para o desenvolvimento do homem, chamados por ele de estágios da evolução humana, que eram:
O estágio teológico, existente na juventude do desenvolvimento humano.
Metafísico ou abstrato - presente na idade adulta da civilização.
Positivo - alcançado na idade madura também chamada de idade da ciência.
O objetivo dessa filosofia consistia em buscar o conhecimento de leis que deveriam reger o desenvolvimento e o destino da sociedade. 
“Ordem e progresso” - a frase existente na bandeira do Brasil - é um dos conceitos fundamentais dos positivistas, pois, segundo eles, esses conceitos seriam imprescindíveis para a organização de uma sociedade.
Um dos historiadores que representou bem os pensamentos de Comte foi o francês Fustel de Coulanges. O que significa que, adotando-se os métodos propostos por Comte, a história assumiria um caráter de ciência pura, real e generalista, capaz de criar lições que pudessem ser aprendidas, a fim de que as sociedades futuras não repetissem erros do passado.
Os historiadores positivistas procuravam uma objetividade na metodologia usada para analisar os fatos históricos. Para eles, a história devia ser escrita através de fontes exclusivamente relacionadas a documentos escritos e legitimados pelo Estado. Para os historiadores, a História precisava separar-se da filosofia da História e da história influenciada pelo romantismo, a fim de que a análise do objeto a ser estudado não sofresse influências de quem estivesse fazendo a pesquisa. A análise positivista deveria propiciar o conhecimento objetivo do fato que, uma vez determinado, não poderia ser desconstruído. A produção do conhecimento histórico deveria limitar-se a reproduzir a informação tal como estava registrada nas fontes, que para eles eram representadas apenas pelos  documentos oficiais emitidos pelo Estado ou, no máximo, pela igreja, embora as de maior confiabilidade fossem as relacionadas apenas ao Estado, que possuía o real caráter de fonte primária. Os historiadores positivistas trataram especialmente da história dos fatos políticos e ideológicos.
Observa-se  que o Positivismo defendia a cientifização do pensamento e do estudo sobre as relações do homem com o objetivo de alcançar resultados gerais e corretos. Seus defensores acreditavam ser possível a neutralidade do olhar do historiador, ou seja, acreditavam na separação entre sujeito/objeto, o que quer dizer; entre o pesquisador e sua pesquisa. As fontes estudadas eram vistas como um retrato neutro e verdadeiro de uma determinada realidade, por isso, só seria possível confiar naquelas ligadas ao Estado.
Para o pesquisador positivista, o documento explicava-se por si mesmo, o historiador era necessário apenas para recuperá-lo e publicá-lo, sem a possibilidade de qualquer interpretação pessoal. Dessa forma, os procedimentos metodológicos aplicados às ciências naturais tornavam-se possíveis de serem utilizados para uma análise social. O historiador, entretanto, deveria manter a total imparcialidade diante de seu objeto de estudo, sendo neutro para que pudesse chegar a uma verdade histórica objetiva.
A análise da forma positivista desse pensamento deveria ser elaborada de forma linear, evolutiva, através da ideia de que o fato histórico estaria presente na linha do tempo e deveria ser analisado cronologicamente. Os documentos deveriam ser catalogados após uma busca incessante de fatos em fontes primárias e oficiais, dessa forma, o fato seria empírico. Pregava-se, para uma maior confiabilidade, a utilização de um grande número de documentos. Dessa forma, seria possível a obtenção da totalidade dos acontecimentos passados e não haveria dúvida no tocante à veracidade. O juízo de valor (ou qualquer análise do historiador) seria condenado, pois alteraria o sentido e a realidade própria dos fatos, modificando, assim, a própria história, que se tornaria comprometida e, portanto, falsa.
Outra escola bem importante para a compreensão da história e da sua consolidação como disciplina foi o Historicismo. Um de seus representantes mais importantes foi o alemão Leopold Von Ranke, que nasceu durante o século XIX em meio a todo o turbilhão pelo qual passava a Europa e em meio também ao período da Restauração. Ele foi o primeiro em sua região a contestar os métodos utilizados pelos historiadores românticos, alegando serem, sobretudo, imprecisos.
A criação da História como disciplina é atribuída a Ranke e ele também foi o responsável pela padronização do ofício do historiador através da normatização entre a academia e aquilo que deveria ser considerado história, ou seja, a academia só poderia ensinar aquilo que fosse produzido por ela. Vale ressaltar que esse autor nasceu na Prússia e viveu entre 1775 e 1886, período em que a Alemanha passou por seu processo de unificação. Assim, sua escrita vai ser marcada pela preocupação em definir e fundar uma história nacional.
De acordo com o historiador Arno Wehling, o Historicismo transformou-se em uma visão de mundo desde a década de 30 do século XIX e, logo, em um método científico e, embora fruto do romantismo, continuou intocado o triunfo do realismo e da ciência.( WEHLING, 1994,  p.115) Pode-se afirmar então que Leopold Von Ranke não foi o único historiador preocupado com o ofício do historiador, podemos citar outros como Ernest Lavisse, Gabriel Monod, Charles Victor Langlois, Charles Seignobos, Gaston Paris, dentre outros. Entretanto, diferentemente dos franceses, que tinham como se identificar através de fronteiras e limites geográficos, além das características culturais, os alemães não possuíam um território demarcado. (A Alemanha só fez sua unificação em 1871). Para se identificar, levavam em consideração, sobretudo, o idioma e os interesses econômicos em comum existentes na região. Ranke escreveu diversos trabalhos através de uma abordagem factual, que contribuíram para a formação da identidade alemã e, portanto, tambémpara a própria construção da nação.
Seu pensamento, embora bastante influenciado pelo Positivismo, apresentou algumas importantes divergências em relação a este, sobretudo, em se tratando de sua metodologia. Não se pode esquecer também que August Comte, embora tenha dado grande importância à história, não era historiador. 
Umas das principais diferenças entre as duas abordagens consistia no fato de que, para Ranke, o historiador possuía contato e, portanto, relação direta com seu objeto de estudo, não havendo a possibilidade de afastamento em relação a ele. Não havia a ideia da imparcialidade absoluta existente no Positivismo.
Ranke almejava alcançar a verdade histórica, chegar o mais próximo possível à realidade dos fatos. Para ele, todos os acontecimentos sociais, políticos ou culturais eram históricos e deveriam ser analisados e compreendidos dentro de seus processos. De acordo com esse autor, cada período da história era único e deveria ser compreendido em seu próprio contexto.  (Hoje se sabe que não existe VERDADE histórica, mas a possibilidade de a ciência ser refutada e modificada)
Em relação aos documentos, estes deveriam ser o principal objeto de pesquisa, classificação, análise e crítica. Existiam os documentos narrativos e os documentos de arquivo, estes sim dignos de credibilidade. Apenas a documentação escrita era considerada fonte e representavam o próprio passado. As fontes primárias eram mais importantes e mais confiáveis do que as secundárias.
Como a história Rankiana estava comprometida com o nacionalismo alemão, não é de se estranhar que a principal abordagem feita pelo autor era a política ou a militar, através da narração de acontecimentos, estratégias e personagens destacados. Uma das características mais marcantes dessa abordagem, que também ficou conhecida, assim como o Positivismo, como escola metódica, pois buscavam a formação de um método de pesquisa e análise para a História, foi a valorização do discurso do acontecimento, ou seja, a narrativa pela enumeração dos fatos reconstituídos; a chamada história factual.
Para Ranke, ao contrário de Comte, existia uma diferença metodológica e epistemológica entre ciências humanas, sociais e as ciências naturais, uma vez que o objeto de estudo de ambas era diferente e não se poderia fazer uma análise idêntica, com os mesmos métodos, de objetos tão diferentes. 
Conforme esse autor, o conhecimento e a pesquisa nunca poderiam ser neutros, pois o sujeito/ historiador faz parte da pesquisa, sendo que tal pesquisa deve estar inserida no curso do processo histórico em evolução.
Ao longo do século XX, tanto a história positivista como o Historicismo passaram a ser alvos de duras críticas. 
O Positivismo fora criticado pelo próprio Ranke com a introdução da interpretação e a adoção do princípio de que todos os aspectos da sociedade humana estavam sujeitos a mudanças e transformações. 
Mais tarde, com o advento dos historiadores dos Annales, que estudaremos na aula 6, se dará a derrocada do Historicismo, acusado de ser factual, político e limitado no uso de suas fontes de pesquisa.
Teletransmitida
Modelos do século XIX
Positivismo foi um sistema filosófico criado pelo pensador francês August Comte, que definiu a ciência como o principal mecanismo de explicação dos fatos históricos. Para os historiadores positivistas, a análise histórica não é uma análise marcada pela subjetividade mas sim uma análise neutra, pura, objetiva e imparcial, historiador fosse capaz de escrever seu texto de forma neutra, com isso a epistemologia dos estudos históricos é marcada nos princípio da objetividade e da neutralidade científica, algo que hoje somos muito críticos, pensamos na produção do conhecimento histórico a partir de uma outra perspectiva não há neutralidade/ imparcialidade, mas sim a total parcialidade, já que todo texto ou conhecimento historiográfico ele tem dimensão autoral e sim ele é contaminado pelos princípios de seu autor
Historicismo: crítica a qualquer proposta de idealização já que é muito marcada pelo princípio do empirismo, no trato com as fontes e não a partir de grandes idealizações filosóficas como no positivismo, 
Ranke foi o responsável pela institucionalização, pela formação de um currículo ou pela metodologia de ensino e pela identidade profissional para o historiador, a historiografia desenvolvida por Ranke teve perfil político, biográfico e esteve comprometida com a fundação do estado nacional alemão, ou seja, nasce com interesses políticos.
AULA 5 INTRODUÇÃO A HISTÓRIA
O MARXISMO E A HISTÓRIA
Marx trouxe o conceito de Revolução para a História e suas análises foram fortemente influenciadas pelo pensamento positivista que rejeitava conceitos metafísicos ou qualquer ideia parecida com o pensamento hegeliano de “espírito da época”. A concepção histórica marxista voltava-se para fatos reais e concretos da existência humana. 
Dessa forma, observa-se a inovação de Karl Marx em relação à filosofia da história: a criação do materialismo histórico, que trazia um conceito novo para a interpretação dos acontecimentos sociais, pois chamava fatores técnicos e econômicos para a leitura e compreensão da história. Na verdade, o idealismo dialético de Hegel foi lido, criticado e transformado no materialismo dialético. (Arte de raciocinar com método. Lógica. Argumentação .sutil. argumentação engenhosa, dialogada.)
 O materialismo histórico de Marx seria o terceiro grande paradigma historiográfico que surgiu no século XIX e que se estende até os dias de hoje como um âmbito teórico em permanente discussão. Ainda de acordo com o autor, trata-se de uma teoria da história cuja influência não se dá à própria historiografia marxista, mas em relação a várias correntes historiográficas, uma vez que diversos dos conceitos consolidados pelo materialismo histórico são hoje parte integrante de repertório da comunidade de historiadores como um todo.
Segundo a concepção da história de Hegel, existia a ideia de um espírito absoluto nas sociedades, que tornou a humanidade apenas uma massa que o possuía e o transportava de forma consciente e inconsciente, por isso, a história da humanidade, para Hegel, estava além da história do homem real, trazia uma ideia metafísica. 
MATERIALISMO HISTÓRICO
Aqui se encontram tudo aquilo que seria mais inseparável do materialismo histórico como campo teórico-metodológico específico que permite compreender a história e a dinâmica das sociedades humanas.
HISTORICIDADE RADICAL
Na parte superior interna do círculo, segundo o autor, estão os fundamentos centrais do materialismo histórico: a “Dialética”, o “Materialismo” e a “Historicidade Radical”. Vale ressaltar que o conceito de dialética refere-se a ideia de conceber a realidade como um dever, onde este aconteceria a partir da existência de contradições, ou seja, esse conceito está diretamente ligado à concepção de transformação.
Marx, crítico dessa concepção, partia da premissa de que toda a história humana é baseada na existência de indivíduos humanos e vivos, e acredita que é fundamental essa compreensão, a fim de que se possa entender a relação existente entre o homem e a natureza.
Para o autor, é a partir dessa percepção que se pode distinguir inclusive o homem da natureza, Enquanto Hegel situava o processo dialético existente na sociedade no Espírito, Marx o situava na matéria, na realidade concreta, como resultado das contradições na qual se encontravam os homens no momento histórico no qual estão inseridos. Por isso, a importância da análise material e objetiva. O conceito de Historicidade Radical está ligado à ideia de que tudo pode ser analisado historicamente. Pois se torna possível perceber que o ser humano apresenta uma concepção de religião e, mais importante, a noção da necessidade de produção do seu meio de subsistência, ou seja, de sua vida material.
Enquanto Hegel propunha um sistema de compreensão da sociedade e do mundo dialético e idealista, Marx formulava sua visão de mundo a partir de um sistema dialético e materialista.De acordo com o historiador José D’Assunção Barros, esse esquema representa uma síntese dos fundamentos e conceitos centrais do materialismo histórico.
PRÁXIS
Existem também três conceitos fundamentais sem os quais não se poderia compreender. A noção de “Práxis” como algo que reúne teoria e prática, ou o pensamento em ação em um todo coerente é, de certo modo, de acordo com Barros, um desdobramento da dialética. O conceito de “Luta de classes” desdobraria-se diretamente da combinação entre historicidade e dialética. E, “Modo de produção” constitui-se um conceito que busca expressar o núcleo mínimo de Materialidade de determinada formação social, embora esse conceito dependa diretamente de dois fatores – a Dialética e a Historicidade.
A partir da compreensão do esquema e de suas explicações, percebe-se que para Marx a concepção de história localizava-se em duas dimensões diferentes, mas relacionadas: a “História da Luta de classes” e a “História da sucessão dos modos de produção”.
Ao fazer essa leitura, em pleno século XIX, no qual predominava uma visão de história ligada a Escola metódica, Marx inaugurava uma nova abordagem historiográfica que trazia a importância da leitura social e econômica e não apenas política para a historiografia.
A partir de agora, você conhecerá alguns dos conceitos mais importantes trabalhados por Marx e Engels e que passaram a compor o materialismo histórico.
O conceito de modo de produção
Marx acreditava que a produção do meio de subsistência de uma sociedade dependia das características dos meios de subsistência já existentes em determinada organização. Dessa maneira, se torna possível compreender de que forma os indivíduos são, pois sua existência estaria ligada à produção. Assim, é imprescindível compreender o que produzem e como produzem. Dessa forma, se torna possível entender quais são as condições materiais de produção que possibilitam a existência e permanência no mundo de determinada organização social.
Cada fase da história possui um resultado material reflexo do somatório de forças de produção, criados entre os indivíduos e a sua relação com a natureza. 
Nesse sentido, cada sociedade herda daquela que a precedeu características produtivas, as transforma e assim o processo histórico se dá evolutivamente em um caráter sucessivo, pois a geração seguinte também herdará determinadas características produtivas e a transformará para as próximas. 
O autor inova com esse pensamento, pois traz para a análise histórica a importância da relação entre o homem e a natureza que, segundo ele, teria sido deixada de lado por outros historiadores preocupados apenas com a política e as sucessões religiosas.
O conceito de modo de produção surge, assim, a partir da combinação entre as forças de produção e as relações de produção existentes em uma sociedade. Para explicar esses conceitos, José D’Assunção Reis utiliza como exemplo o mundo medieval - o chamado “modo de produção feudal” constituído por “relações de produção” e “forças de produção” bem específicas.
No campo das forças de produção estariam a materialidade e força vital, toda a tecnologia e modos de apropriação da natureza e otimização do trabalho de que dispunha o homem medieval para reproduzir a existência de uma sociedade diante das condições que lhe eram oferecidas.
Constituem, por exemplo, a totalidade das “forças de produção” o arado e a charrua. Os meios de produção seriam os ambientes dos quais os homens medievais poderiam extrair materiais para a sua própria vida e também transformar em ambientes para o seu trabalho e, por fim, os “agentes de produção”, coincidiam com a sociedade que trabalhava, no caso da Idade Média, de forma simplificada, os servos.
Instrumentos, técnicas, meios e agentes de produção estão sempre em expansão, às vezes em ritmo mais lento, às vezes em ritmo mais acelerado. 
A certa altura, com a invenção de novas técnicas, ocorre uma melhoria da agricultura que causaria excedentes e melhoria na qualidade de vida, possibilitando com que a quantidade de trabalhadores camponeses fosse diminuindo, abrindo a possibilidade para o desenvolvimento de outras atividades, como o comércio. Isso possibilitaria um desenvolvimento cada vez maior da vontade de transformações nas relações de produção e logo essa organização social teria que dar lugar à outra.
Observe essa citação de Karl Marx existente no Manifesto Comunista: “A história de todas as sociedades, até hoje, têm sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, membro especializado das corporações e aprendiz, em suma, opressores e oprimidos estiveram permanentemente em oposição; travaram uma luta sem trégua, ora disfarçada, ora aberta, que terminou sempre com a transformação revolucionária da sociedade inteira ou com o declínio conjunto das classes em conflito.”(MARX; ENGELS. Manifesto Comunista, 1848)
No trecho que você acabou de ler estão presentes alguns dos principais conceitos para o paradigma marxista: “classe social”, “luta de classe” e “consciência de classe”, pois é a partir deles que se pode perceber como a história caminha, pois são os verdadeiros agentes da história. 
CLASSE SOCIAL: Local em que o sujeito ocupa em uma estrutura produtiva
O modo de produção e as suas transformações estão associados ao macro e à longa duração. Já as relações entre os seres humanos, a relação entre os grupos sociais estaria mais ligada a uma média duração, embora a história desses grupos estivesse diretamente relacionada ao desenvolvimento dos modos de produção.
De acordo com José D’Assunção Barros:
“Uma classe social’, ao menos em uma perspectiva possível, ocupa sempre uma posição específica no “modo de produção”, na formação social a ser examinada. Sua História - a das classes sociais em confronto, aliança e luta- é ditada por um ritmo histórico mais agitado: ela se agita a partir de eventos, assiste à eclosão de revoluções, vê-se atravessada por manifestações ideológicas que podem assumir a forma de produtos culturais específicos.
As lutas dão-se nas ruas, nas relações de trabalho, no confronto cotidiano, mas também por meio de textos, discursos, preconceitos, permanências e inovações. 
O modo de produção é estrutura e cenário para a atuação das classes sociais, verdadeiros sujeitos da história, de acordo com as proposições que fundamentam o Materialismo Histórico.”
Para Marx e Engels, as sociedades são divididas em classes sociais, onde existem as classes dominantes e as classes oprimidas. As ideias das classes dominantes são, para ele, em todas as épocas, as ideias dominantes, ou seja, a classe que controla os meios de produção e a força material dominante também é a que controla a força dominante intelectual e os indivíduos que possuem essa dominação têm a consciência disso.
Embora esses autores não tenham sido os primeiros a formularem essa ideia de classe social, foram eles os primeiros a analisá-las à luz do materialismo histórico, onde o indivíduo possui a consciência de pertencimento a um determinado grupo, diferenciando-se de outro. Na verdade, a ideia de classe social está diretamente relacionada a estratificação social, fruto da divisão do trabalho e da posse dos meios de produção. A existência desse conceito também está ligada a hierarquia e posse de status, privilégios, distribuição de bens, ligação com poder etc.
A definição segundo a concepção marxista para classe seria a de que elas se constituem a partir das relações de produção e são fortemente marcadas pela dicotomia entre os detentores dos meios de produção e os que vendem a força de trabalho, que são representados no capitalismo burguesia e proletariado. O fator econômico é a característica central dessa definição de classe.
Mas, a classe não surge a partir do nada, ela é resultado de experiências comuns (herdadas ou partilhadas) de homens e mulheres e que, a partir desses elementos, geram a identidade de seus interesses entre si. Da mesma forma, esse grupo que se forma ao redor da classe é contra outroshomens cujos interesses diferem dos seus.
 Para o autor inglês Eduard Thompson, a experiência de classe é determinada, em grande medida, pelas relações de produção nas quais os homens nasceram – ou entraram involuntariamente.
A consciência de classe é o resultado dessas experiências. “Se a experiência aparece como determinada, o mesmo não ocorre com a consciência de classe. Podemos ver uma lógica nas reações de grupos profissionais semelhantes que vivem experiências parecidas, mas não podemos predicar nenhuma lei. A consciência de classe surge da mesma forma em tempos e lugares diferentes, mas nunca exatamente da mesma forma.”
THOMPSON, E.P. A Formação da Classe Operária Inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. v. 1. A árvore da liberdade.
Marx produziu uma excelente e inovadora resposta ao contexto Histórico que vivia. Tendo tido a experiência de ver os resultados da revolução industrial, ele articulou as características do pensamento filosófico do século XIX com um detalhado estudo sobre economia. Desta forma, Marx produziu uma proposta filosófica para dar resposta ao seu tempo, mas que continua influenciando vários autores ainda hoje. 
A atualidade de Marx permanece, mesmo sendo um pensador do século XIX. O modo de produção capitalista ainda predomina. Assim, a crítica de Marx foi tão contundente ao sistema capitalista que ainda não foi suplantada.
TELETRANSMITIDA
Costume de associar o Marx ao socialismo, com a ideia da revolução dos trabalhadores, ao princípio de formulador de uma política de esquerda, defensora dos direitos dos trabalhadores e dos mais pobres, de fato ele foi o sistematizador de uma proposta social alternativo do modelo capitalista de produção.
Marx conclui que o capitalismo não era o melhor modelo político para os homens, não é o modelo social capaz de tornar os homens felizes, capaz promover a convivência social pacífica entre os homens. Após esta constatação Marx idealizou uma proposta alternativa ao capitalismo: que foi o socialismo. Ao longo do século XX, alguns países tentaram efetivar a proposta social efetivada por Marx. A partir disso, o Marx (revolucionário, socialista) ficou mais conhecido, principalmente na militância política de esquerda. Foi sobretudo um intérprete dos tempos modernos. (do sistema capitalista de produção).
Segundo Marx, a Inglaterra e seu espaço rural é o berço do sistema capitalista de produção, criou após essa interpretação ( o capitalismo sendo uma criação inglesa) foi amplamente seguida por outros autores, a partir disso foi se produzindo uma sociedade de classes. Daí o surgimento dos conceitos de classes sociais, dialética, ideologia e o modo de produção. Através desses conceitos, tentou interpretar a realidade do sistema produtivo capitalista, o mundo burguês.
Classe social: local que o sujeito ocupa na estrutura produtiva, para Marx a sociedade capitalista ela é marcada pela coexistência conflituosa de duas classes: burguesia e proletariado, daí interpreta o capitalismo como um sistema organicamente dado ao conflito, impossível a ausência de conflito, já que as duas classes que compõem a sociedade burquesa possuem interesses distintos o que as movem para um conflito, pois o burguês é aquele que detêm os meios de produção( tudo aquilo é capaz de multiplicar a riqueza, proletariado é a classe dos despossuídos, em que só tem um único bem, que é a força do trabalho, em que aliena ao burguês( vende)
O burguês tem o interesse de sempre enriquecer, e para isso explora o trabalho do proletariado e por isso o conflito.
Ou seja o capitalismo é um sistema social marcado pelo conflito ( luta de classes). Para Marx a história do capitalismo se baseia na luta de classes( dialética) Arte de raciocinar com método.
Arte de raciocinar com método Lógica.Argumentação . sutil.Argumentação engenhosa,
"dialética", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/dialética 
é o choque entre as classes
o capitalismo para Marx se move pelo embate entre duas forças opostas, a partir dessa constatação pecebeu que o capitalismo é auto destrutivo pois chegará em um momento da história em que o capitalismo se auto destruirá, pois esse conflito se tornará cada vez mais incontrolável, nesse momento há uma revolução, aí sim temos o Marx socialista, revolucionário, sendo o momento pelo qual o proletariado vai promover pela revolução a mudança na estrutura social, esse é o momento da ‘’morte’’ do capitalismo e o surgimento do socialismo, essa é a utopia marxista
Aula 6: A Escola dos Annales: primeira geração
	
		Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Reconhecer qual o contexto histórico presente durante o surgimento da Revista dos Annales; 
2. identificar quais foram as principais transformações trazidas pela revista para o campo da historiografia; 
3. compreender quais foram as principais críticas feitas pelos primeiros historiadores dos Annales à historiografia do século XIX.
Para se entender o surgimento do movimento do Annales, suas características e influências é preciso, antes, compreender o contexto o qual propiciou à March Bloch, Lucien Febvre e outros autores a criação, em 1929, dos Annales d’histoire économique et sociale.
O historicismo, já desde o final do século XIX e início do século XX, passou a sofrer pesadas críticas de diferentes intelectuais que não concordavam com sua metodologia de análise.
Em 1900, o filósofo Henri Berr fundou a Revue de Synthèse historique, pois recusava-se a aceitar que a história era uma simples, como assim acreditava Ranke. Junto com ele outros intelectuais de diferentes disciplinas contribuiram com sua forma de pensar, como o geógrafo Paul Vidal de La Blanche e o sociólogo Émile Durkheim.
Seguindo essa mesma lógica, em 1906 surgiu na França um grupo de historiadores voltado para os estudos econômicos dedicados a pesquisas com temas e metodologias inovadoras, liderado por Paul Mantouz.
Assim, aos poucos e continuamente, iam surgindo novas formas de se pensar a história e a sociedade com características em comum: a crítica, a relação direta estabelecida por Ranke entre a história e a narrativa dos acontecimentos políticos e a negação à valorização da história apenas dos grandes dirigentes e chefes militares.
A história puramente política não era suficiente para atender as demandas explicativas sobre o mundo
Para alguns historiadores como Peter Burke, por exemplo, o surgimento dos annales não estava ligado apenas à fundação de uma revista ou à inauguração de uma escola. Esse surgimento representou um movimento de transformações historiográficas muito maior, chegando a comparar as mudanças trazidas pelo grupo a uma revolução dentro da própria história. Não se pode negar, contudo, que a revista e as inovações atribuídas aos seus intelectuais surgiu, a partir de um ambiente de muitas transformações acadêmicas. Assim, tanto a geografia, a sociologia e a economia inspiraram um modo de pensar a história.
A primeira publicação da revista afirma a vontade de se escrever a história a partir de uma reflexão econômica e social.
March Bloch e Lucien Febvre são os historiadores que mais influenciaram a historiografia e divulgação do movimento
As publicações elaboradas por esses dois autores e demais colaboradores da revista desconstrói a escola historiográfica anterior, na medida em que cria um método para os historiadores, buscando a interdisciplinaridade, o diálogo com as ciências sociais, não se prendendo apenas aos fatos, mas problematizando-os com o objetivo de chegar a um saber racional e científico. Esse objetivo, também presente nos estudos de historiadores metódicos, não fora abandonado.
Nessa medida, a Revista, ao ser lançada, apesar de manter o caráter de cientificidade, toma perceptível a clara ruptura com o historicismo e o positivismo, através de profundas críticas ao uso exclusivo que esta fazia aos documentos escritos. Os intelectuais dos Annales insistiam sobre a diversidade no uso das fontes que deveriam ser usadaspelo historiador em seu trabalho de pesquisa. A observação histórica deveria ser feita através da análise de diversos testemunhos. O historiador, na sua pesquisa, deveria trabalhar fontes não escritas, principalmente as ligadas à arqueologia.
Outro ponto de ruptura com a historiografia do século XIX estava na superação da história nacional e na valorização da história comparada, muito utilizada por Henri Pierre e por Bloch que, para sua utilização, defendia ainda uma maior proximidade entre a história e a antropologia.
A revista também contrariava a objetividade tão valorizada pela geração anterior como garantia para a veracidade e a cientificidade da história.
Os Annales insistiam sobre a influência do historiador, inevitável já no ato da pesquisa. A total separação entre sujeito e objeto de pesquisa era impossível. O papel atribuído ao historiador era completamente diferente, pois caberia a ele a construção da sua pesquisa. Era o pesquisador que deveria buscar, analisar e interrogar seu objeto através das fontes. 
Nessa perspectiva, o homem deveria ser visto como sujeito da sua história, não apenas ligada a fatos, datas e relatos, mas uma história que conseguisse compreender as relações existentes nas entrelinhas dos acontecimentos. Deveria apreender seus problemas e os contextos nos quais estavam inseridos.
O objetivo do historiador era claro: o homem e não apenas o passado, como algo que não tivesse qualquer relação com um determinado período. O passado estudado pelos Annales deveria estar sempre voltado para o presente. Havia uma relação clara entre essas duas temporalidades, pois seriam os questionamentos do presente que levariam ao estudo do passado.
March Bloch e Lucien Febvre renovaram também trazendo à historiografia o interesse pela atualidade. De acordo com o historiador François Dosse, mais de 40% dos trabalhos publicados pela revista entre 1929 e 1941 foram dedicados à historiografia contemporânea.
A história não se apresenta para esse grupo apenas como uma ciência preocupada com um passado distante, até porque não estava mais tão preocupada em legitimar a formação dos Estados Nacionais, assim como aparecia normalmente durante o século anterior.
Nessa aula você:
Entendeu qual o contexto histórico existente à época da fundação da Revista dos Annales; 
identificou quais foram as principais transformações trazidas pela revista para o campo da historiografia; 
compreendeu quais foram as principais críticas feitas pelos primeiros historiadores dos Annales à historiografia do século XIX
 
TELETRANSMITIDA 
Definição
A “Escola” dos Annales foi um movimento historiográfico francês fundado em 1929 por Marc Bloch e Lucien Febvre.
Revista dos annales especializada em pesquisas históricas
Com o passar dos anos, os Annales ganharam prestígio, traduzido na capacidade de exercer influência sobre a comunidade historiográfica internacional, e propuseram um modelo de análise historiográfica que costumamos chamar de história social. 
O grupo até hoje existe mais não tem a mesma influência que nos anos que foi criado
Esse movimento se aglutinou sobre um periódico que era a revista. Esse modelo criou um paradigma de análise que era a história social.
A escola dos annales construíram sua identidade historiográfica através de uma alteridade e foi marcada por uma crítica a um outro modelo, o historicista que os annales vão rotular como velha história, os annales pensam criam e formulam seu modelo a partir de uma crítica e ataque a um modelo historiográfico anterior ( historicismo) 
Durante grande parte da segunda metade do século XX, o movimento historiográfico francês que ficou conhecido como “Escola” dos Annales foi hegemônico na historiografia ocidental.
- Entretanto, a análise da trajetória historiográfica dos Annales não deve ser caracterizada por aquilo que Pierre Bourdieu chamou de “Ilusão Biográfica”; ou seja, não devemos supor que os Annales já nasceram predestinados para o sucesso.
Ilusão biográfica( exemplo do Pelé aos cinco anos com a bola debaixo do braço, achando que era predestinado a ser atleta do século pelo fato de já conhecermos o final de sua biografia), tomar o começo a partir do fim
Podemos situar a origem dos Annales no ano de 1929, quando Marc Bloch e Lucien Febvre fundaram “Revue dos Annales d’Historie social économique et sociale”. Tratava-se ainda de uma jovem e pequena revista dirigida e editada por dois jovens professores. É exatamente esse primeiro momento da trajetória historiográfica dos Annales o tema da aula de hoje.
Marc Bloch (1886-1944) – foi um importante especialista em História Medieval e escreveu trabalhos hoje considerados clássicos como “Os reis Taumaturgos” e a “Sociedade Feudal”. Marc Bloch foi fundamental para a construção da hegemonia historiográfica dos Annales. Essa hegemonia pode ser explicada tanto pelo inegável valor de sua obra como pela martirização de sua figura no pós-guerra
Lucien Febvre (1878-1956) foi um grande especialista no século XVI, destacando-se os seus trabalhos sobre as biografias de Lutero e Rabelais. Outra importante característica do perfil intelectual de Febvre foi sua proximidade com a geografia.
Tanto Lucien Febvre como Marc Bloch definiram a metodologia historicista como “ingênua” e desenvolveram uma abordagem compromissada com a problematização dos documentos.
Contudo, essas críticas não se aplicam plenamente à totalidade do historicismo. Apesar das críticas, os Annales mantiveram o estatuto científico da histórica, que foi tão valorizado pelo historicismo.
	
Por isso, a despeito das divergências, podemos dizer que os Annales e o historicismo podem ser caracterizados como paradigmas que traduzem uma concepção moderna de história.
A “escola dos Annales” precisa ser vista como um movimento historiográfico vitorioso que se consolidou como tal através de estratégias que podem ser historicamente explicadas.
O começo dessa história precisa ser situado em Bloch e Febvre, que fundaram uma revista que dialogou com reflexões históricas que já vinham se desenvolvendo desde o final do século XIX.
A martirização de Marc Bloch foi um elemento fundamental na vitória dos Annales.
Discurso historiográfico inovador, os historiadores que fazem parte desse movimento que integram o grupo, definiram como nova história, contudo não podemos esquecer que o conhecimento não se constrói a partir de rupturas radicais, mas sim a partir de um constante processo de apropriação e transformações das tradições pré-existentes.
Aula 7: Segunda Geração dos Annales
	
		Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1. Compreender os desdobramentos da Escola dos Annales na Segunda Geração; 
2. analisar a importância de Fernand Braudel no interior do movimento. 
Como afirma Peter Burke, em seu livro “A Escola dos Annales 1929-1989 – A Revolução Francesa da Historiografia”
... a história dos Annales pode assim ser interpretada em termos da existência de três gerações, mas serve também para ilustrar o processo cíclico comum segundo o qual os rebeldes de hoje serão os establishment de amanhã, ... BURKE, Peter. A Escola dos Annales 1929 – 1989. A Revolução Francesa da Historiografia. São Paulo: Fundação Editora da Unesp, 1997. p. 13.
A criação da Revista dos Annales marca importante mudança na produção do conhecimento histórico, com a inauguração de uma nova forma de produção da história.
A revista, desde seu início, foi pensada como algo que deveria ser a porta-voz de uma análise nova da história, baseada na interdisciplinaridade.
Compreender a história da Segunda Geração dos Annales passa necessariamente por entender a forma de analisar a história a partir da perspectiva deFernand Braudel.
Elemento importante no desenvolvimento da história como algo global, ainda que esse conceito seja confuso e impreciso, ele concebeu a história total de uma determinada civilização como articulada em níveis de duração, do evento à estrutura e dela ao evento, cuja análise, descrição e articulação seriam fundamentais para a construção do quadro total dessa sociedade.
No momento em que a Escola dos Annles foi gerada, em 1929, Fernand Braudel tinha 27 anos. Ele estudou na Sorbonne e, ao mesmo tempo, ministrou aula de História em uma escola da Argélia. Naquele momento, trabalhava em sua tese, que foi pensada originalmente como um estudo sobre Felipe II e o Mediterrâneo, em outras palavras, uma análise da política externa do soberano; visão bastante tradicional da História.
Fernand Braudel, o mais influente historiador da Segunda Geração dos Annales,  sucedeu Lucien Febvre, assumindo a direção da Revista dos Annales, tornando-se, até sua morte, em 1985, o mais importante e influente historiador francês. Em sua obra, a construção de uma história global é tema constante, principalmente porque, segundo ele, as diferentes ciências deveriam transpor fronteiras e prestar-se a reagrupamentos e não buscar o divórcio entre as mesmas, principalmente ciências afins. Segundo ele:
O desejo de se reafirmar junto aos outros, dá forçosamente lugar a novas curiosidades: negar o próximo pressupõe conhecê-lo previamente. Mais ainda: sem terem explícita vontade disso, as ciências sociais impõem-se umas às outras: cada uma pretende captar o social na sua totalidade; cada uma delas se intromete no terreno de suas vizinhas, na crença de permanecer no próprio. A economia descobre a sociologia, que a rodeia; e a história – talvez a menos estruturada das ciências do homem – aceita todas as lições que lhe oferece a sua múltipla vizinhança e esforça-se por as repercutir.
   A concepção de uma história de longa duração acompanha o trabalho de Braudel ao longo de sua produção acadêmica. Sua principal obra, “O Mediterrâneo e o mundo mediterrâneo à época de Felipe II”, caminha no sentido de criar uma história que abre diferentes perspectivas e olhares para a história e seu diálogo com outras ciências, principalmente com a geografia. Ele busca a interdisciplinaridade com outras ciências, retomando uma ideia central dos primeiros Annales e para ele, a crise existente entre a geografia e a história abriria espaço para o desenvolvimento de um novo conceito, a geo-história, que viria a resolver os problemas de descrição e narração que ambas viviam.   Seu livro é considerado uma obra-prima, pois trabalha tópicos como política, sociedade, geografia e cultura de forma brilhante, o que corrobora sua ideia de construir uma história global, com uma clara abertura das ciências entre si, cada qual contribuindo de alguma forma para o conceito de história total. Suas intenções com a geografia aparecem claras.
O exemplo mais acessível parece ainda o da coerção geográfica. Durante séculos, o homem é prisioneiro de climas, de vegetações, de populações animais, de culturas, de um equilíbrio lentamente construído do qual não pode desviar-se sem o risco de pôr tudo novamente em jogo.
Vede o lugar da transumância na vida montanhesa; a permanência de certos setores da vida marítima enraizados em certos pontos privilegiados das articulações litorâneas; a durável implantação das cidades; a persistência das rotas e dos tráficos; a fixidez surpreendente do quadro geográfico das civilizações.[1]
BRAUDEL, Fernand. Escritos sobre a história. São Paulo: Perspectiva, 2005. p. 50.
A constante presença de aspectos geográficos interagindo com as sociedades despertam a curiosidade de Braudel, que passa a considerá-la como elemento de extrema importância para o estudo de uma dada civilização. Considera a geografia, tanto nos aspectos físicos quanto humanos, o que corrobora sua tese de que o homem ocupou o espaço, tornou-o habitável e imprimiu nele, marcadamente, suas características, tornando-o cenário de suas ações.
Ressalta-se aqui que, para Braudel, a geografia, mesmo com grande importância, era uma ciência subordinada à história, assim como a economia, a sociologia, a antropologia e demais ciências.
Ao retornar de sua viagem ao Brasil, depois de lecionar na Universidade de São Paulo no período de 1935 a 1937, Braudel conheceu Lucien Febvre que escrevia sua tese inicialmente intitulada “Felipe II e o Mediterrâneo”, quando foi convencido por Braudel a inverter o título, o tornando assim “O Mediterrâneo e Felipe II”.
Braudel começou a escrever sua tese durante a Segunda Guerra Mundial enquanto estava preso em um campo perto de Lubeck. Embora não pudesse consultar bibliotecas, sua memória permitiu que iniciasse os rascunhos de “O Mediterrâneo” em cadernos que eram enviados a Lucien Febvre, e assim devolvidos posteriormente. “O Mediterrâneo” é famoso pela forma que foi escrito, marcando uma nova forma de abordagem do passado. O livro foi dividido em três partes, temos a História “quase sem tempo”, que trata das relações entre o homem e o ambiente; a História mutante das estruturas já conhecidas e trabalhadas como economia, política, cultura e campo social; e a terceira parte corresponde à História dos acontecimentos e também corresponde à ideia principal e original de sua tese, a política exterior de Felipe II.
O trabalho de Braudel foi influenciado por diversos historiadores, dentre eles destaca-se o medievalista Henri Pirenne por seu trabalho de estudo sobre a ascensão de Carlos Magno. Assim como o geógrafo Friedrich Ratzel, responsável pelas ideias na área de Geopolítica que fizeram com que Braudel começasse a formular suas próprias ideias sobre essa temática. A principal aspiração de Braudel era a de atingir a “História Total”, porém em seus trabalhos pouco se encontra a respeito de “mentalidades coletivas” e até mesmo sobre valores ou atitudes. Em seus trabalhos também não encontramos muito a respeito de honra, vergonha e masculinidade. Esse sistema de valores, de acordo com o que a Antropologia nos mostra, ainda tem bastante importância no mundo mediterrâneo.
Por tais motivos ou “ausências” ocorre a insinuação de que seu livro não propõe um problema, o que Febvre e Bloch defendem como base da pesquisa histórica, uma História voltada para os problemas. Porém, vemos em Braudel essa preocupação quando diz que “a região é o alicerce da pesquisa, esse alicerce é o problema”. E assim, o único problema para Braudel “é demonstrar que o tempo avança com diferentes velocidades”.
A importância de Braudel para os Historiadores está na sua tentativa em dividir o tempo histórico em tempo geográfico, social e individual. Nos levando assim a Longa Duração, que se baseia no tempo geográfico. E embora ele coloque o meio como um dos pontos mais importantes, sua contribuição para a História está na forma como ele estabelece a complexa interação entre meio, economia, sociedade, política, cultura e os acontecimentos.
E ainda, para ele, a contribuição que o historiador presta às ciências sociais está na consciência de que as “estruturas” são passíveis de mudanças. 
Podemos dividir da seguinte forma a questão temporal em Braudel:
Curta duração- é o tempo dos acontecimentos, é a história dos eventos, é uma história superficial dos fatos.
Média duração - é o tempo das conjunturas, onde visualiza a mutação das estruturas políticas, econômicas, sociais e mentais.
Longa duração- é o tempo da história quase imóvel ou quase sem tempo da relação entre o homem e o ambiente.
Durante as décadas de 50 e 80 Braudel foi o mais importante historiador francês, mesmo depois de sua aposentadoria, em 72. Em 56, devido ao falecimento de Febvre, Braudel se tornou o diretor efetivo de Annales, com isso as relações entre os membros se tornaram instáveis, levando a demissão de Mandrou. Assim, Braudel decidiu recrutar novos historiadores como Jacques Le Goff, Emmanuel Le Roy Ladurie, Marc Ferro, com a finalidade de renovar os Annales. Assim com ocorreu em Annales, Braudel

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