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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA RESUMO DE AULA MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA Prof. Mauri Martins Teixeira VIÇOSA 2004 � 1 – Histórico O princípio de funcionamento das máquinas motoras de combustão interna é conhecido há 300 anos. Na metade do séc. XVII, Huygens, Hautefeville e Papin foram os primeiros a concretizar a idéia de utilização do poder expansivo dos gases provenientes da combustão da pólvora, para produzir trabalho mecânico. Em 1860, Lenoir construiu o primeiro motor de combustão interna, usando o gás como combustível. Em 1862, Alpon Beau de Rochas idealizou e patenteou o processo do motor de combustão interna de êmbolos de quatro tempos. Em 1878, Nikolaus A. Otto, a partir das idéias de Beau de Rochas, construiu um motor de combustão interna de quatro tempos que comprimia os gases antes da combustão. Em 1893, Rudolf Diesel desenvolveu o motor de combustão interna, usando o óleo diesel como combustível. 2 – Transformações Termodinâmicas dos Motores Os motores de combustão interna transformam a energia dos combustíveis em trabalho mecânico, pela realização de um ciclo termodinâmico, onde ocorrem variações de volume, pressão e temperatura. Combustão ↓ Energia Térmica ↓ Energia Mecânica (Trabalho) FIGURA 1 – Esquema da Transformação da Energia 3 – Classificação dos Motores de Combustão Interna Os motores de combustão interna podem ser classificados como: 3.1 – Quanto ao combustível: Diesel - Motores de combustão (Ciclo Diesel) Gasolina Álcool Querosene Gás 3.2 – Quanto ao ciclo de funcionamento: 2 tempos 4 tempos Definições: a) Tempo – É o giro correspondente a 180º no eixo virabrequim do motor (1/2 volta). 2 tempos – Uma volta completa no eixo virabrequim. Realiza o ciclo termodinâmico do motor em 360º (1 volta). 4 tempos – Duas voltas do eixo virabrequim. Realiza o ciclo termodinâmico em 720º ( 2 voltas). b) Ciclo – Série de transformações termodinâmicas que ocorrem dentro do cilindro. c) Curso – É o deslocamento do pistão, dentro do cilindro, do PMS ao PMI. PMS – Ponto morto superior PMI – Ponto morto inferior d) Cilindradas – É o volume compreendido entre o PMS e o PMI. Câmara de Compressão – Espaço acima do PMS onde ocorre a combustão ou explosão do combustível. Volume da câmara do cilindro – É o volume correspondente à soma dos volumes, respectivamente, da câmara de compressão e da cilindrada. Volume da Câmara do Cilindro = Câmara de Compressão + Cilindrada 4 – Constituição dos Motores Os motores são constituídos por uma série de componentes tais como: 4.1) Bloco – É a parte estrutural do motor localizado entre o cabeçote e o carter, onde está instalada a maior parte dos componentes do motor. Geralmente é FIGURA 2 – Esquema do Motor (Fonte: MIALHE, L. G.). constituído por uma única peça de um material resistente e com baixo coeficiente de dilatação, como o ferro fundido ou antimônio capaz de suportarem os fortes efeitos de torção e flexão, gerado durante o funcionamento do motor. Atualmente já existem blocos de motores construídos com materiais, como plástico ou cerâmica, com alta rigidez estrutural e sempre buscando a redução de peso do motor. FIGURA 3 – Bloco do motor. 4.2) Cilindro – Consiste de uma cavidade, no bloco do motor, formando um cilindro que serve de guia para o deslocamento do pistão, onde é admitido a mistura combustível nos motores do Ciclo Otto, ou o combustível, apenas, no caso dos motores do Ciclo Díesel. Em alguns motores o cilindro é substituível, não fazendo parte do bloco do motor. FIGURA 4 – Cilindro e biela. 4.3) CÂMARA DE COMBUSTÃO – É o local onde ocorre a combustão. Localiza-se na parte superior do cilindro e está compreendido pelo volume entre a posição mais alta do pistão (PMS - ponto morto superior) e o cabeçote . A câmara de combustão pode ser do tipo: Injeção direta – concavidade na cabeça do pistão. Injeção indireta – Cabeça do pistão reta e injeção combustível na antecâmara. 4.3) Cabeçote – É o local, acima do bloco, que serve de tampa dos cilindros, onde estão localizadas as válvulas, os coletores para passagem de ar, as canaletas de água e a câmara de compressão. FIGURA 5 – Cabeçote do motor 4.4) Cárter – E a tampa da parte inferior do bloco do motor que serve para proteger os órgãos internos e como depósito do óleo lubrificante. 4.5) Pistão e Anéis – Os pistões são êmbolos que deslocam no interior do cilindro do ponto morto superior ao ponto morto inferior. Possui anéis utilizados como elementos de vedação e para a lubrificação das superfícies compreendidas entre o pistão e o cilindro. FIGURA 6 – Esquema do pistão e anéis. O Pistão deve ser de material mais leve possível e de baixo coeficiente de dilatação. 4.6) Biela e virabrequim - Transformam o movimento retilíneo do pistão em movimento circular do eixo de manivelas ou virabrequim do motor. virabrequim – Eixo de manivelas ou virabrequim. Também chamado de eixo do motor e, geralmente, instalado na parte inferior do bloco do motor. Bielas – Elemento rígido de transmissão de movimento, localizado entre o pistão e o virabrequim. FIGURA 7 – Eixo virabrequim. 4.7) Válvulas - Utilizadas para fazer a admissão da mistura de combustível nos motores do ciclo Otto ou, apenas, ar nos motores do ciclo Diesel, bem como a expulsão dos gases da combustão. Existem dois tipos básicos de válvulas: Válvulas de admissão (combustível mais ar – Ciclo Otto). Válvulas de descarga (gases da combustão). Geralmente são usadas nos motores duas válvulas por cilindro. Nos motores de 2 tempos não há válvula e sim janelas. Nota – Nos motores Detroit de 2 tempos (à diesel) possui uma válvula de descarga na câmara de compressão. FIGURA 8 – Esquema do Cilindro de 2 Tempos 4.8) Eixo comando de válvulas. É um eixo dotado de ressaltos que comanda o movimento sincronizado de abertura e fechamento das válvulas, usando para o seu acionamento uma correia dentada, ou corrente ou engrenagem. Podem ser do tipo: Comando de válvulas no cabeçote - OHC (overhead camshaft) Comando de válvulas no bloco – OHV (overhead valve) (a) (b) FIGURA 9 – Sistemas de comando de comando de válvulas, (a) no bloco do motor (OHV) e (b) no cabeçote (OHC). Nos comandos de válvulas montados no bloco do motor têm-se, entre as válvulas e o eixo comandos, o tucho, a vareta, e o balancim. Nos comandos de válvulas no cabeçote usa-se apenas a pastilha, por isso são mais usados devido as seguintes vantagens: componentes mais leves, tamanho reduzido, baixo nível de ruído e permitir uso em motores de alta rotação. 4.9) Bomba de óleo Dispositivo que eleva a pressão do óleo lubrificante fazendo a sua distribuição em todos os órgãos do motor que requerem a lubrificação, como mancais móveis, mancais fixos, interior da camisa do pistão e etc. A bomba pode de engrenagem, mais usada, ou de rotor. 4.10) Bomba de água Dispositivo usado para fazer a circulação de água no interior do motor e, passando pelo radiador, para proporcionar o seu arrefecimento. 5. Órgãos complementares Os MCI possuem uma série de órgãos complementares que tem por finalidade propiciar o perfeito funcionamento dos motores. Os principais órgãos complementares são: lubrificação, arrefecimento, alimentação e ignição. 5.1. Sistema de lubrificação O sistema de lubrificação tem por finalidade manter todas as peças no interior dos motores, sujeitas ao atrito, cobertas por uma película de lubrificante. Basicamente o lubrificante terá por função reduzir o atrito e reduziro calor gerado no interior dos motores. É constituído pelas seguintes partes: Cárter Bomba Filtro Tubulações 5.2) Sistema de arrefecimento Este sistema visa o abaixamento da temperatura no interior do motor. Geralmente é utilizado como fluido refrigerante a água ou o ar ambiente. È constituído por: Radiador Bomba Tubulação Camisa do cilindro Ventilador Termostato Válvula termostática FIGURA 10 – Sistemas de lubrificação Fonte: Manual Técnico, curso Metal Leve de motores de combustão interna FIGURA 11 – Sistemas de Arrefecimento Fonte: Manual Técnico, curso Metal Leve de motores de combustão interna 6.3) Sistema de alimentação Motor a explosão (ciclo otto) Tanque Filtros Bomba alimentadora Carburador (ar + combustível) Tubulações Purificador de ar FIGURA 12 – Sistema de Alimentação do Motor a Explosão (Ciclo Otto) Motor a compressão (ciclo diesel) Tanque Filtros (copo sedimentação) Bomba alimentadora (injetora) Tubo de retorno 6.4) Sistema de ignição Ciclo Otto (Convencional) Bateria Chave Bobina (transferência de tensão) Platinado/condensador (ou ignição elétrica) tampa Distribuidor rotor eixo Cabos Velas Dínamo ou alternador Ciclo diesel Bateria Motor de partida Gerador (dínamo ou alternador) regulador de voltagem FIGURA 13 – Sistemas de ignição convencional Fonte: Manual Técnico, curso Metal Leve de motores de combustão interna 7 – Princípios de funcionamento do motor Para facilitar o entendimento sobre o princípio de funcionamento dos motores apresenta-se a seguir as fases do ciclo termodinâmico para cada tipo de motor. 7.1) Motor a 4 tempos 1º tempo – Admissão 0º PMS válvula admissão aberta 180º PMI válvula desc. fechada Ciclo otto – ar + combustível Ciclo diesel – ar 2º tempo – Compressão 360º PMS válvula admissão fechada 180º PMI válvula desc. fechada taxa compressão c. otto – 7.5:1 c. diesel – 16:1 Temperatura se eleva a 1500 ºC No final compressão ocorre faísca. 3º tempo – Expansão 360º PMS válvula admissão fechada 540º PMI válvula desc. fechada Temperatura altíssima, mais ou menos 2000 ºC Tempo útil do motor Momento de trabalho de vela e da injeção do diesel Pistão na expansão é que executa trabalho acionando o eixo de manivelas 4º tempo – Descarga 720º PMS válvula admissão fechada 540º PMI válvula descarga aberta Temperatura descarga – 500 a 600 ºC 7.2) Motor de 2 tempos. 2 tempos = 1 volta do eixo = 360º Motor é mais simples, não possui sistema de válvulas. 1º tempo: 0º PMS 1) expansão 2) descarga 180º PMI 3) admissão (começa) 2º tempo: 360º PMS 6) compressão (após fechamento da descarga) 5) descarga (fecha a janela) 180º PMI 4) admissão (termina) 8 – Diagramas termodinâmicos São denominados diagramas termodinâmicos as representações gráficas dos ciclos termodinâmicos dos motores, considerando as variações de pressão de volume. 8.1) Motor à 4 tempos Ciclo Otto (Ciclo Real) FIGURA 14 – Diagrama do Ciclo Otto (Motor de 4 tempos). Fonte: Carretero e Elvira (Principios Fundamentales de los Motores y máquinas térmicas) A combustão nos motores do Ciclo Otto ocorre a volume constante (isocórica) e pressão variável. Quanto maior a área útil em relação à área perdida, maior é o rendimento do motor. FIGURA 15 – Ciclo Otto, motor quatro tempos. Fonte: Metal Leve Ciclo diesel (ciclo real) FIGURA 16 – Diagrama do Ciclo Diesel (Motor de 4 tempos). FIGURA 17 – Ciclo Diesel, motores quatro tempos Fonte: Metal Leve A combustão ocorre à pressão constante ( isobárica) e volume variável. No final da compressão ocorre a injeção do combustível. Motor turbinado – É um dispositivo que tem por função propiciar a alimentação do motor pela ação da pressão. A alimentação é mais eficiente o que aumenta o rendimento do motor em aproximadamente 50%. Basicamente consiste de uma turbina acionada pelos gases da combustão, durante o escape, que por sua vez aciona outra turbina responsável pela injeção do ar no interior dos cilindros. Vantagens do turbo alimentador: Diminui a sucção Aumenta injeção de ar FIGURA 18 – Esquema do Motor Turbinado Fonte: Metal Leve 8.2) Motores de 2 Tempos Ciclo Otto FIGURA 19 – Diagrama do Ciclo Otto (Motor de 2 tempos) FIGURA 20 – Esquema do Motor de 2 tempos Fonte: Metal Leve Nota: O ciclo real não difere do ciclo ideal Ciclo Diesel FIGURA 21 – Diagrama do Ciclo Diesel (Motor de 2 tempos) TABELA 1 - Diferenças entre os motores do Ciclo Otto e Diesel Diferença C. Otto C. Diesel Admissão Ar + Combustível Ar Compressão Baixa Compressão (1600 KPa) Alta compressão (3300 Kpa) Ignição Centelha Compressão do ar (maior temperatura) Expansão - - Descarga ±600ºC ±500ºC 9 – Cilindrada É o volume deslocado dentro do cilindro pelo pistão (PMS - PMI), medido em cm³ (cc). FIGURA 22 - Cilindro Cilindrada Total Ex: D = 10 cm L = 8 cm n = 4 cilindros C = ? e CT = ? CT = C.n = 628,3 cm³ . 4 = 2513 cm³ CT = 2513 cm³ - Volume total deslocado pelo pistão nos 4 cilindros. 10 – Taxa de Compressão – TC É a relação entre o volume da câmara do cilindro e a câmara de compressão. Volume da Câmara = Cilindrada + Câmara de Compressão FIGURA 23 – Esquema do cilindro Ex: cilindrada = 80cm3 câmara de compressão = 10 cm3 TC = 80 cm³ + 10 cm³ = 9 : 1 10 cm³ Álcool – 11 : 1 11 – Potência Específica É a relação entre a potência do motor por litro de admissão ou cilindrada total. Ex: Volks 1300 cm³ → 46 cv 1300cm³ = 1,3dm³ = 1,3 L Pot. Esp. = 46 cv = 35,4 cv/L 1,3L - Menor potência específica → motor é menos forçado, menor rotação, maior vida útil. FIAT = 1050 cm³ → 57 cv 1,05 L - 57 cv Pot. Esp. = 57 cv = 54,2 cv/L 1,05L Fórmula 1 = 3000cm³ → 6000cv Pot. Esp. = 600 cv = 200 cv/L → Maior rotação e menor vida útil 3L 12 – Octanagem É a resistência do combustível a detonação a altas pressões. > Octanagem → > resistência a altas pressões sem que ocorra a detonação. Gasolina Amarela – 72 octanas Gasolina Azul – 80 octanas Gasolina Verde (Formula 1) – 130 octanas Álcool – 99 octanas Utilizando combustíveis com maior octanagem pode-se aumentar a taxa de compressão. 13 – Regulagem das Válvulas As válvulas de admissão e descarga do motor são acionadas pelo eixo comando de válvulas, abrindo-as e fechando-as no devido tempo. A regulagem das válvulas varia de motor para motor. FIGURA 24 - Regulagem das válvulas Ciclo Teórico: 720º (4 Tempos) / 4 fases = 180º / cada fase Ciclo Real Válvula de Admissão 20º A.A.A. (Avanço da Abertura Admissão – Antes APMS) 65º R.F.A. (Retardo Fecham. Admissão – DepoisDPMI) Válvula de Descarga 60º A.A.D. (Avanço da Abertura Descarga – APMI) 20º R.F.D. (Retardo Fecham. Descarga – DPMS) Neste caso as duas válvulas estarão abertas simultaneamente 40º. Cruzamento de válvula é igual ao tempo em que duas válvulas estão abertas. FIGURA 25 – Válvulas de descarga Exemplos: 1 – Um motor trabalha a 2000 rpm. Qual o tempo em seguida em que as válvulas ficam fechadas simultaneamente? Dados: Válvulas fechadas (Ex. anterior) Compressão = 115º Expansão = 120º 2000 Rotações –- 60 seg. 1 Rotação – x 360º – 0,03” 235º – y 2 – Trator Valmet ADM DESC Determinar o cruzamento das válvulas Admissão = 180 + 30 = 210º Compressão = 180 – 30 = 150º Expansão = 180 – 30 = 150º Descarga = 30 + 180 = 210º 720º - Logo não há cruzamento de válvula. Ciclo real = 720º Ciclo ideal = 720º 0º 14 – Sistema Elétrico dos Motores Ciclo Otto (Sistema de Ignição por centelha). Circuito Primário (Baixa Tensão) ±2.000V - Bateria - Enrolamento Primário da Bobina - Amperímetro - Platinado - Interruptor-chave - Condensador - Resistência (Proteção) 2) Circuito secundário (Alta Tensão) ±20.000V – baixa amperagem - Enrolamento secundário da bobina - Distribuidor - Cabos - Velas - Bateria – Armazena energia química e a transforma em energia elétrica. É constituída por carcaça, placa positiva, placa negativa e bornes. Geralmente possui voltagem entre 6 A 12 V. Bobina – transformação de voltagem (tensão). O superaquecimento da bobina não permite o faiscamento. Possui dois enrolamentos sendo um denominado primário e o outro o secundário. O enrolamento primário cria um campo magnético na bobina. Platinado – transforma a corrente contínua em corrente pulsante (alternadas). Quando abre – Interrompe o circuito de baixa tensão e descarrega o condensador. O fluxo elétrico é desviado para o enrolamento primário e secundário, induzindo uma força eletromotriz de alta tensão (12 a 14 mil volts). Quando fecha – passa corrente para terra. Carrega o condensador. A corrente do circuito primário produz em torno das espiras do enrolamento primário, um fluxo magnético crescente que atravessando suas espiras induz no enrolamento uma F.E.M de auto-indução com sentido contrário a tensão principal. Simultaneamente nas espiras do enrolamento secundário aparece a F.E.M de indução mutua (2.000 V) que não é suficiente para produzir a faisca, por isso o circuito secundário falta a corrente . O condensador conectado em paralelo aos contatos do platinado se carrega. Quando o eixo de ressaltos do distribuidor abre o platinado o circuito elétrico de baixa tensão é cortado. O condensador descarrega-se ao encontro da F.E.M de auto indução. O fluxo magnético em dissipação atravessa as espiras dos enrolamentos primário e secundário, o núcleo e o circuito magnético exterior no enrolamento primário induz a F.E.M de auto indução e no enrolamento secundário, a F.E.M de indução mútua (12 – 14 mil volts). Esta tensão é suficiente para produzir a faisca na vela. Condensador – reduz o faiscamento do platinado. Evita que a corrente elétrica continue passando no platinado através de um arco voltaico. Ciclo diesel (sistema de ignição para super compressão) Principais componentes. Bateira Motor de arranque Gerador (dínamo ou alternador) Regulador de voltagem Geralmente o sistema elétrico do trator é 12 V. a)Bateria – armazena energia química e transforma em energia elétrica. Aciona o motor de partida. Voltagem = 6 a 12V. Número de baterias = 1 a 2 baterias. b)Motor de partida – motor elétrico de corrente contínua capaz de desenvolver alta potência durante curto espaço de tempo. A finalidade do motor de partida é por em funcionamento o motor, fazendo girar a sua árvore de manivelas (girabrequim). Partes componente: Chave magnética Coletor Escova Sapato polar Induzido Pinhão. c) Gerador – fornece corrente elétrica aos aparelhos consumidores de energia e carrega a bateria. É acionado por uma correia ligado ao eixo do virabrequim. pode ser: Dínamo – usado em motor perkins Alternador – usado em motor M.B.B e Detroit. Possui diodos que fazem a retificação da corrente. voltagem – 12 a 14V. amperagem – 30 a 35 A. d) Regulador de voltagem – regula a voltagem para os aparelhos consumidores e evita que a bateria fique supercarregada. Voltagem – 12 a 14 V. Amperagem – até 35 A. 15 – SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO DOS MOTORES Alimentação dos motores do Ciclo Otto São motores que utilizam como combustíveis a gasolina, álcool, querosene ou gás. O principal componente do seu sistema de alimentação é o carburador, cuja função é preparar e dosar a mistura do ar com a gasolina. O sistema de alimentação pode funcionar por: Pressão – O tanque está abaixo do carburador. É necessário o uso de bomba alimentadora. Gravidade – O tanque está acima do carburador. Sucção – Usado para motores de pequena potência ( ≤ 3 CV). Partes do carburador FIGURA 27 – Partes do Carburador 1 – Agulha 2 – Boia 3 – Cuba – depósito do combustível. 4 – Gigleux, calibre ou vaporizador passagem. 5 – Difusor ou venturi - arrasta a mistura para o coletor. 6 – Vaporizador principal – dosa a quantidade de combustível para o gigleux. 7 – Vaporizador secundário – dosa a quantidade da mistura para a marcha lenta. 8 – Passagem de ar para a marcha lenta. 9 – Afogador – maior ou menor passagem de ar. 10 – Acelerador – maior ou menor passagem da mistura para o motor. Principais defeitos 1) Entupimentos – causa falta de combustível. 2) Bola furada ou encuarcada – afogar o motor. 3) Agulha presa fechada: falta de combustível aberta: afogar motor. 4) Entrada de ar em falso – defeito na junta Mistura ar-combustível Mistura gasolina álcool 1) mistura rica – mais combustível 12:1 11:1 2) mistura normal – menor queima 15:1 3) mistura pobre – menos combustível 20:1 Reconhecimento da mistura Métodos usados: 1 – Vacuometro. 2 – Funcionamento do motor. 3 – Coloração do cano de descarga preto – mistura rica cinza – mistura normal cinza claro – mistura pobre 4 – Coloração da vela preta – mistura rica marrom – mistura normal cinza claro – mistura pobre Alimentação dos motores do Ciclo diesel São motores que utilizam apenas o diesel como combustível. É constituído basicamente pelo tanque ou depósito de combustível, copo de sedimentação, bomba manual, filtros, bicos injetores e bomba injetora. FIGURA 28 – Sistema de alimentação do Ciclo Diesel. Cuidados com sistema de alimentação do motor diesel Nunca deixar o óleo acabar. A tubulação não pode ter ar. Manter em bom estado tubos e conecções. Manter filtros limpos. Cuidados com a bomba injetora e bicos. Sangria – consiste na retirada de ar do sistema de alimentação. Deve ser feita por passos. Afrouxar bujão sangrador do 1º filtro. Acionar bomba manual. Quando parar de sair bolhas, fechar o bujão. Repetir para o 2º filtro. Afrouxar as conexões dos bicos injetores (um de cada vez) com motor ligado 16 – Sistemas de Arrefecimento Mantém o motor a uma temperatura que propicia o seu maior rendimento. Grande parte da energia do combustível (65%) não é utilizado para produzir trabalho, mas sim calor liberado pelo escapamento, e sistema de arrefecimento. Tipos básicos de arrefecimento: a ar a água a óleo Arrefecimento a ar – Usado em motores estacionários ou de veículos com baixa potência.A ventilação pode ser natural ou forçada utilizando ventoinhas Arrefecimento a água – Usado em motores de grande potência. A água circula pôr canaletas no interior do bloco e é refrigerada no radiador. Partes constituintes: Radiador Tampa do radiador Válvula Termostática Bomba d’água Ventilador Correia Grade protetora Mangotes ou mangueiras 17 – Sistemas de Lubrificação As partes móveis do motor estão sujeitas a fricção, choques, e contaminação. Para minimizar estes efeitos existe o sistema de lubrificação dos motores. Partes constituintes: Bomba de óleo - Engrenagem Canaleta Filtro - Elemento de papel poroso Pescador Manômetro Sensor de pressão (cebolinha) 18 – Potência dos motores Potência teórica É a potência que produziria o motor se transformasse em trabalho mecânico toda a energia do combustível. Onde: C = consumo, L/h Pt = potência teórica (cv) ρ = densidade(kg/l) Pc = poder calórico, kcal/kg *1 kcal = 427 kg/m Exemplo: consumo: 8 l/h ρ = 0.8 kg/l (diesel) Pc = 11.000 kcal/kg Pot. teórica (cv) = 8 l/h x 0.8(kg/l) x 11.000kcal/kg x 427 3600 (s) x 75 (cv) Pot. teórica = 111 cv Potência efetiva ou nominal É a potência medida no eixo do motor. Corresponde a 25 à 40% da potência teórica. Potência indicada É a potência medida na cabeça do pistão no momento da combustão. Pode ser medida pelo manômetro de compressão. Também pode ser medida pelo dinamômetro de compressão. pressão = F → pot. = F.v A V = ¶.D.n 60 Onde: n = rpm do eixo D = diâmetro do eixo → curso do pistão (L). Pot. ind. (cv)= P. L . A . N . n 4 tempos 75 x 60 x 2* *4 tempos - cada 2 voltas da árvore de virabrequim há uma combustão 2 tempos - cada volta da árvore há uma combustão. P = pressão efetiva média (kgf/cm2) L = Curso do pistão, (u)(pms-pmi) A = área do pistão (cm2) N = rpm n = nº de cilindros. Perdas de potência Nos motores Perda por altitude – a altitude local afeta a combustão do motor. ( > altitude → ar+rarefeito → <densidade ( <[O2]) ) Perdas devido a altitude Altitude ciclo diesel ciclo otto 300 m 1% 5% 600 m 2% 12% 900 m 4% 16% 1200 m 7% 22% 1500 m 10% 26% Exemplo: trator combustível = diesel pot. = 50cv veloc. do trabalho = 7 km/h altitude = 900 m Qual a força disponível na barra tração? P = F.v v = 7 km/h x 1000m/km 50 cv = F.v 3600s/h F = 50cv.75 kgf/cv = 1929 kgf v = 1.94 m/s 1.94 m/s F = 1929 kgf 900 m altitude → perda 4% (diesel) F = 1928 kgf – ( 1928 – 0.04) F = 1850 kgf 2) Perdas devido a declividade 10 kgf / tonelada – para cada 1% de declividade Exemplo: Trator – 3000 kg perda = 36 x 5 x 10 = 150 kgf Declividade média = 5% 3) Perdas devido as condições do terreno (resistência do solo) Condições Perdas ( kgf/t ) ótimas 0 regulares 22.5 ruins 45 Teor de umidade Temperatura Perdas devido ao rolamento ( kgf/ton. ) Tipo de superfície Roda de ferro Pressão Pneu esteira alta baixa Asfalto 31.8 27.2 31.8 31.8 Terra seca e poeirenta 54.4 45.4 36.3 36.3 Terreno sem arar 77.1 68.0 54.4 45.4 Terreno arado 99.8 86.2 68.0 54.4 Areia solta 140.4 122.5 108.8 77.1 Estrada muito lamacenta 181.4 158.8 145.1 102.0 19 – Rendimentos do motor Rendimento térmico (RT) RT = potência indicada potência teórica Rendimento mecânico (RM) RM = potência efetiva potência indicada c) Rendimento termo-mecânico (RTM) RTM = potência efetiva Motor otto – RTM – 20 à 25% potência teórica Motor diesel – RTM – 30 à 35% Curva características dos motores. FIGURA 29 – Curva Características dos Motores d – Consumo específico (g comb./ cv. H) As fórmulas par determinação da potência de um motor e do torque mostram que estas variam com sua rotação. P = F.V no motor a velocidade será: v = ¶.D.n (m/s) 60 P = F.2.¶.R.n 60x 75 cv/kgf T = força x raio P = 2¶.F.R.n → pot. (cv) = 0,0014 T.n 60x75 Consumo específico – C Exemplo: A maxion apresenta as seguintes especificações técnicas, para trator de pneus modelo 9110. Pot. na TDP = 65,9 kw – 540 rpm Torque max. do motor = 1400 rpm qual o torque disponível na tdp a uma rotação de 540 rpm? qual a potência do motor quando esse fornece torque máximo (expressar em kw). Pot. (cv) = 0,0014 T.n 1 cv = 735,5 w 1 cv = 0,735 kw pot. (cv) = 65,9 kw. cv = 89,6 cv 0,735 kw 89,6 cv = 0,0014. T. 540 rpm T = 118,5 mkgf pot (cv) = 0,0014 T.n pot. (cv) = 0,0014 . 41 nkgf x 1400 rpm pot. (cv) = 80,36 cv pot (kw) = 80,36 cv . 0,735 kw cv pot (kw) = 59,1 kw 20- BIBLIOGRAFIA BALASTREIRE, L. A. Máquinas agrícolas. Editora Manole. São Paulo, SP. 1987. 307 p. BARGER, E. L.; LILJEDAHL, J. B. ; CARLETON, W. M. , McKIBBEN, E. G. Tratores e seus motores. Editora Edgard Blucher LTDA. São Paulo, SP. 1963. 398 p. HUNT, D. Maquinaria Agrícola - Rendimento económico, costos, operaciones, potencia y selección de equipo. Editora Limusa. México, DF. 1991. 451 p. MIALHE, L. G. Máquinas agrícolas: ensaios & certificação. Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz. São Paulo. 1996. 722 p. MIALHE, L. G. Máquinas motoras na agricultura. Editora da Universidade de São Paulo. São Paulo. 1980. V. 1 e 2. 367 p PELLIZZI, G. Meccanica agraria - Le macchine operatrici. Edagricole. Milano. 1988. 327 p. SRIVASTAVA, A. K. ; GOERING, C. E. ; ROHRBACH, R. P. Engineering principles of agricultural machines. American Society of Agricultural Engineers. St. Joseph, Michigan. 1993. 601 p. Motores à explosão (Ciclo Otto) Combustível Calor Ar Anel compressão Camisa do pistão-motor Detroit (2 tempos) D L CT = π D² . L .n / 4 C = Cilindrada unitária (cm³) D = Diâmetro do Cilindro (cm) L = Curso do pistão (cm) C = π D² / 4 . L Onde n = Nº. de cilindros. C = π 10² . 8 / 4 C = 628,3 cm³/cilindros � PMS PMI Cilindrada Rebaixamento do cabeçote > TC > TC => >Potência < Câmara de compressão 7 : 1 12 : 1 Diesel 16 : 1 22 : 1 Potência Específica = CV / Litro Exp Adm Comp Desc PMI PMS Exp Adm PMS PMI Comp Desc 65º 20º 20º Admissão = 180 + 20 +65 = 265º Compressão = 180 - 65 = 115º Expansão = 180 - 60º = 120º Descarga = 180 + 60 + 20 = 260º Ciclo real = 760º Ciclo teórico = 720º Cruzamento de válvula = 760-720 =40º 235º x = 0,03” y = 0,019” 0º APMS 30º DPMI 30º APMI 0º DPMS Tampa RotorP (cv) 30º Desc Comp PMI PMS Adm Exp 30º T (mkgf) C (g/cv.h) h (rpm) T = P (cv) 0,0014.n C = c (l/h) x s (g/l) ρ (cv) � EMBED AutoCAD.Drawing.15 ��� � EMBED AutoCAD.Drawing.15 ��� 60º Janela de admissão do ar apenas � EMBED Paper.Document ��� Explosão Expansão Admissão Expulsão Compressão Combustão Admissão Compressão Descarga Expansão � EMBED PBrush ��� Função de manter o nível de combustível na cuba. � EMBED AutoCAD.Drawing.15 ��� Gasolina FIGURA 26 – Trator Valmet Admissão Compressão Descarga Expansão � EMBED PBrush ��� A PMS B PMI D E Combustão Combustão o E D B A Admissão Compressão Descarga Expansão � EMBED PBrush ��� Anéis de vedação Anel de lubrificação Nível de óleo Árvore de manivelas Árvore de comando das válvulas Janelas Tampa de cobertura dos sistemas de válvulas Válvulas Vela de ignição Cabeçote Pistão Aneis do pistão Canaletas d’água de arrefecimento Biela Cilindro Bloco Cárter �PÁGINA �¡Error!Marcador no definido.� �PAGE �¡Error!Marcador no definido.� �PAGE �8� _1052577407.unknown _1097510589.unknown _1052206538.bin _1052573468.dwg _1052575270.dwg _1052207686/ole-[42, 4D, 86, D4, 01, 00, 00, 00] _1051710281.dwg
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