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função motora do cerebelo

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CEREBELO – CONTROLE MOTOR, GUYTON – CAP. 56, P. 719
Overview – além do córtex cerebral, o cerebelo também é essencial para a função motora normal. O cerebelo desempenha papéis importantes no ritmo das atividades motoras e na progressão homogênea rápida de um movimento muscular para o seguinte.
O cerebelo e suas funções motoras – o cerebelo foi a muito tempo conhecido como a área silenciosa do cérebro, por não gerar sensação consciente e, raramente, causa movimento motor. Porem a sua remoção causa anormalidades motoras e ele é vital para atividades musculares rápidas, como: correr, digitar, tocar piano e conversar. A perda do cerebelo causa incapacidade de coordenação motora, mas não causa paralisia muscular.
Apesar de o cerebelo não causar contração muscular, ele é essencial no monitoramente e ajustes corretivos nas atividades motoras corporais, enquanto estão sendo executadas, de modo que elas fiquem de acordo com os comandos motores elaborados pelo córtex motor cerebral e outras partes do SNC.
O cerebelo recebe informações da região de controle motor cerebral sobre a seqüência das contrações musculares, das informações sensoriais periféricas do corpo, sobre as mudanças seqüenciais da situação de cada parte do corpo: posição, velocidade de movimento, forças que atuam sobre ela e assim por diante.
Ele compara os movimentos reais com os movimentos originalmente programados, pelo sistema motor. Se houver discrepância entre as duas informações, sinais corretivos subconsciente são transmitidos de volta, para as estruturas ligadas ao controle motor, com o objetivo de aumentar ou diminuir os níveis de ativação de músculos específicos.
O cerebelo também auxilia o córtex cerebral no planejamento do próximo movimento, fração de segundo antes, mesmo executando o movimento atual, permitindo uma progressão homogênea de um movimento para o outro. Alem disso, o cerebelo faz correções no próximo movimento, se caso ele não ocorra como deveria. Para fazer isto, ocorrem alterações da excitabilidade de neurônios cerebelares apropriados, trazendo assim contrações musculares subseqüentes até melhor correspondência com os movimentos pretendidos.
Áreas anatômicas funcionais do cerebelo
 – anatomicamente, o cerebelo é dividido em três lobos por duas fissuras:
1. 
Lobo
 anterior
2. Lobo posterior
3. Lobo 
floculonodular
, é a mais antiga de todas as partes, tendo se desenvolvido junto com o sistema vestibular
Divisões funcionais longitudinais dos lobos anterior e posterior – do ponto de vista funcional, os lobos são organizados ao longo do eixo longitudinal. Abaixo do centro do cerebelo, a região do vermis é separada do restante do cerebelo por sulcos rasos. Nessa área, localiza-se: o controle para os movimentos musculares do corpo axial, pescoço, ombros e quadris.
A cada lado do vermis, existe grande hemisfério cerebelar, fazendo protrusão lateral, e cada um desses hemisférios se divide em zona intermediária e zona lateral.
Zona intermediária - relaciona-se com o controle das contrações musculares, nas partes distais das extremidades superiores e inferiores, especialmente as mãos e os dedos e os pés e artelhos.
Zona lateral do hemisfério – opera em nível mais remoto pois essa área se une ao córtex cerebral, no planejamento global de movimentos motores seqüenciais. Sem essa área, os movimentos individualizados perdem seu ritmo e seqüenciamento, ficando sem coordenação.
Representação topográfica do corpo no vermis e nas zonas intermediárias – as diferentes partes do corpo estão representadas topograficamente, na região do vermis e nas zonas intermediárias do cerebelo.
Partes axiais: fica na região vermiana. As extremidades e as regiões faciais: estão nas zonas intermediárias. Estas representações recebem sinais aferentes de todas as partes do corpo, bem como de áreas motoras correspondentes do córtex cerebral e do tronco encefálico. Por sua vez, enviam sinais motores para as mesmas áreas topográficas do: córtex motor cerebral, núcleo rubro e da formação reticular no tronco encefálico.
As partes laterais não tem representação topográfica. Essas áreas recebem sinais aferentes, praticamente, do córtex cerebral, das áreas pré-motoras do córtex pré-frontal e da área somatossensorial e de outras áreas de associação sensorial. Acredita-se que essa associação permita as porções laterais desempenhar papeis no planejamento e na coordenação motora das atividades musculares seqüenciais rápidas do corpo, que ocorrem uma após outra, em fração de segundos.
Circuitos neuronais do cerebelo – o córtex cerebelar é uma grande lâmina dobrada com cerca de 17 cm de largura por 120 cem de comprimento, com dobras. Essas dobras são chamadas de folhas. Sob o córtex, estão os núcleos cerebelares profundos.
Vias aferentes para o cerebelo
Vias aferentes de outras partes do encéfalo 
Via corticopontocerebelar – se origina nos córtices motor e pré-motor cerebrais e no córtex somatossensorial cerebral. Essa via passa por meio dos nucleos pontinos e tratos pontocerebelares, em dua maior parte para as divisões laterais dos hemisférios cerebelares contralaterais.
Os tratos aferentes se originam a cada lado do tronco encefálico, eles incluem: 
1. trato olivocerebelar, orignado na oliva inferior, dirige-se para todas as partes do cerebelo, que é ativado em sua origem na oliva inferior, por fibras do córtex motor cerebral, dos nucleos da base, de várias regiões da formação reticular e da medula espinhal;
2. fibrasvestibulocerebelares – algumas originam-se diretamente no aparelho vestibular e outras são originadas nos nucleos vestibulares e outras são originadas nos nucleos vestibulares do tronco encefálico - quase todas terminam no lobo floculonadular e no núcleo fastígio do cerebelo.
3. fibras reticulocerebelares – originam-se em porções distintas da formação reticular do tronco encefálico e terminam nas áreas medianas cerebelares.
Vias aferentes da periferia – o cerebelo recebe sinais sensoriais das partes periféricas do corpo, por meio de 4 tratos de cada lado da medula espinhal, dois dos quais têm localização dorsal e dois ventrais. Os tratos mais importantes são: trato espinocerebelar dorsal e trato espinocerebelar ventral.
O trato dorsal chega ao cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior e termina no verme e na zona intermediária do cerebelo, do mesmo lado de sua origem. Os sinais transmitidos vem na maior parte dos FNM e em menor parte pelos OTG, receptores táteis da pele e das articulações.
Todas esses sinais modificam o cerebelo por meio: contração muscular; grau de tensão sobre os tendões musculares, posições e velocidades de movimento das diferentes partes do corpo e das forças que agem sobre a superfície do corpo.
Trato ventral – entra no cerebelo pelo PCS e termina em ambos os lados do cerebelo. Recebem poucas informações de receptores periféricos. Eles são mais excitados por sinais motores que chegam aos cornos anteriores da medula espinhal, vindos: do encéfalo pelos tratos corticoespinhal e rubroespinhal e do geradores de padrão motor interno, na própria medula. Essa via informa ao cereberal sobre quais sinais motores chegaram aos cornos anteriores. Essa info é chamada de cópia de aferência.
As vias espinocerebelares transmitem impulsos com vel de 120m/s. isso permite a notificação instantânea ao cerebelo sobre alteração muscular periférica.
Outros sinais periféricos são transmitirdos pelo sistema coluna dorsal para o nucleos da coluna dorsal do bulbo e depois retransmitidos ao cerebelo. Da mesma forma, sinais são transmitidos pela medula espinhal, pela via espinorreticular, para a formação reticular do TE e, também, pela via espinolivar para o núcleo olivar inferior. Esses sinais são retransmitidos ao cerebelo. Então, embora opere em nível subconsciente, o cerebelo colhe continuamente info sobre posição e movimentos de todas as áreas do corpo.
Sinais eferentes cerebelares 
Núcleos cerebelares profundos e vias eferentes – nucleos cerebelares profundos – denteado, interpósitoe fastígio estão localizados na massa cerebelar. Todos eles recebem sinais do córtex cerebelar e dos tratos sensoriais profundos aferentes para o cerebelo.
O sinal, ao chegar ao cerebelo se divide em duas direções: 1. Direto para um dos núcleos profundos cerebelares; 2. Para a área correspondente do córtex cerebelar. Segundos depois, o córtex cerebelar emite um sinal inibitório, para o núcleo profundo. Com isso, todos sinais de entrada, terminam nos núcleos profundos, sob a forma de sinais excitatórios e segundos depois, sob a forma de sinais inibitórios. Dos núcleos profundos, os sinais de saída partem do cerebelo e são distribuídos para outras partes do SNC.
Plano geral das vias eferentes:
1. via de origem nas estruturas medianas do cerebelo, verme, que passa pelos núcleos fastígios dirigem-se para regiões bulbares e pontinas do TE. Esse circuito está em associado a estruturas envolvidas com o equilíbrio e com os nucleos vestibulares do TE, para controlar o equilíbrio, e também, em associação com a FR do TE, para controlar as atitudes posturais do corpo. 
2. via: zona intermediária do hemisfério cerebelar núcleo interpósito núcleos ventrolateral e ventroanterior do tálamo córtex cerebral linha media do tálamo e então para os núcleos da base e o núcleo rubro e a FR alta do TE. Esses circuito ajuda: a coordenar as contrações recíprocas de Mm. agonistas e antagonistas.
3. via: córtex cerebelar do HL núcleo denteado nucleos ventrolateral e ventroanterior do tálamo córtex cerebral. Essa via tem papel importante para coordenar atividades motoras seqüenciais, iniciadas pelo córtex cerebral.
Unidade funcional do córtex cerebelar – as cells de purkinje e as cells nucleares profundas – cerebelo ~30 mi de unidades funcionais idênticas. Essa unidade funcional é centrada na cell de purkinje e em cell nuclear profunda.
Na figura ao lado é mostrado 3 camadas do córtex cerebelar – camada molecular, camada de 
cells
 de 
purkinje
 e camada de 
cells
 granulosas. Abaixo dessas camadas, estão os 
nucleos
 cerebelares profundos que enviam sinais de saída para outras partes do SN.
Circuito neuronal da unidade funcional
 – é repetido com pouca variação, 30 mi de vezes no cerebelo. A saída da unidade funcional se dá por 
cell
 nuclear profunda. Essa 
cell
 sobre influencia 
excitatória
 (proveniente de conexões diretas com fibras aferentes que entram no 
cerebelo vindas do SNC
 ou da periferia) e inibitória (se origina da 
cell
 de 
purkinje
, no córtex cerebelar)
As aferências para o cerebelo são de dois tipos de fibras – trepadoras e musgosas.
As fibras trepadoras – origem das olivas inferiores do bulbo. Existe 1 fibra trepadeira para cada 5 a 10 cells de purkinje. Após enviar ramos para cells nucleares profundas, a fibra trepadora continua o trajeto até as camadas externas do córtex cerebelar, onde faz cerca de 300 sinapses com o corpo celular e os dendritos de cada cell de purkinje. Um impulso na fibra trepadeira causará em cada cell de purkinje um só potencial de ação peculiar, característico e prolongado, começando por grande potencial de ação seguido por série de potenciais secundários mais fracos. Esse potencial de ação é chamado de espícula complexa.
As fibras musgosas entram pelo cerebelo e tem origem de multplas fontes: prosencefalicas, TC e ME. Essas fibras emitem colaterais para excitar cells nucleares profundas. Seguem para camada granulosa do córtex e faz sinapses com cell granulosa. Estas cells enviam axônios até a camada molecular, na superfície externa do córtex. Ai, o axônio se divide em 2 ramos em direção paralela as folhas. Existem milhões dessas fibras nervosas paralelas por existirem cerca de 500 a 1000 cells granulosas, para cada cells de purkinje. Os dendritos das cells de purkinje se projetam para essa camada molecular e as fibras paralelas fazem sinapses com cada cells de purkinje.
A aferência da fibra msugosa é constituída de sinapses fracas, com isso grande números de fibras musgosas precisam ser estimuladas, ao mesmo tempo, para excitar a cell de purkinje. espícula simples.
As cells de purkinje e as cells nucleares profundas disparam, continuamente, nas condições normais de repouso – cells de purkinje e as cells nucleares profundas disparam continuamente potenciais de ação, cerca de 50 a 100 PA/s. a atividade aferente pode ser modulada positiva ou negativamente.
Balanço entre excitação e inibição nos nucleos cerebelares profundas – fibras trepadeiras e musgosas causam excitação das cells nucleares profundas. Já as cells de purkinje as inibem. O resultado entre esse balanço é elvamente favorável à exictação e com isso, cell nuclear profunda continua constantemente em nível moderado de excitação.
Durante movimentos rápidos, o sinal iniciador vem do córtex motor cerebral ou do TE aumenta a excitação das cells nucleares profundas. Depois, de alguns ms, chega o sinal inibitório de feedback, das cells de purkinje. Primeiro, ocorre um sinal de excitação rápida, das cells nucleares profundas, para a via eferente motora, para aumentar o movimento, que é seguido por pequeno sinal inibitório. Este sinal se assemelha ao sinal de feedback negativo que provoca amortecimento. Então quando o sistema motor está excitado, ocorre sinal de feedback negativo para impedir que o movimento ultrapasse a dimensão programada.
Outras cells inibitórias do cerebelo – as cells em cesto e estreladas são inibitórias. Elas estão presentes na camada molecular do córtex cerebelar, no meio de fibras paralelas e são estimuladas por elas. Essas cells, enviam, seus axônios em ângulo reto com as fibras paralelas e causam inibição lateral das cells de purkinje adjacentes, focalizando o sinal, da mesma maneira que a inibição lateral aumenta o contraste entre sinais, em muitos outros circuitos neuronais do SN.
Sinais eferentes do tipo liga/desliga e desliga/liga do cerebelo: O cerebelo tem como função típica emitir sinais no momento de início e término de um movimento. No início, o cerebelo emite sinais de rápidos de ligar para os músculos agonistas e, simultaneamente, sinais de desligar para os músculos antagonistas recíprocos. No fim do movimento os sinais se invertem: desligar para os músculos agonistas e ligar para os músculos antagonistas. 
No início do movimento o padrão liga/desliga da contração dos agonistas/antagonistas tem começo no córtex cerebral. Esses sinais corticais são transmitidos diretamente do córtex, passando pelo tronco e medula, até os músculos agonistas para o início da contração. Simultaneamente, sinais são transmitidos ao cerebelo pelas fibras musgosas. Um ramo dessas fibras faz sinapses excitatórias com núcleos profundos do cerebelo, os quais enviam um sinal excitatória de volta para o trato motor corticoespinhal cerebral sustentando o sinal de contração muscular que havia sido iniciado pelo córtex cerebral.. Esse sinal pode ser enviado passando pelo tálamo e córtex ou ainda por circuitos no tronco encefálico. Assim, o cerebelo fornece um sinal de suporte secundário extra, potencializando o sinal de ligar.
O sinal de desligar para os músculos agonistas, ao fim do movimento, é resultado do outro ramo das fibras musgosas: o ramo que se dirige às células granulosas, no córtex cerebelar. Essas células, por meio de seus longos prolongamentos (fibras paralelas) realizam sinapse com as células de Purkinje. Contudo, as células granulosas são muito pequenas e possuem axônios com pequeno diâmetro e, portanto, transmitem sinais fracos e muito lentamente. Como resultado disso, é necessário um período de tempo para que os sinais transmitidos pelas fibras paralelas se acumulem e excitem as células de Purkinje, que, uma vez excitada, transmite forte sinal inibitório para as mesmas células dos núcleos profundos que haviam auxiliado a iniciar o movimento. Portanto, essa inibição secundária ajuda a desligar o movimento, após curto intervalo de tempo. A base do ligar e desligar dos músculos antagonistas é a inervação recíproca entre agonistase antagonistas existente na medula espinhal. Assim, o que ocorre com os antagonistas (desligando no início do movimento e ligando no fim do movimento) é um reflexo da atividade nos músculos agonistas.
As células de Purkinje "aprendem" a corrigir erros motores - O papel das fibras trepadeiras: O quanto o início e o término das contrações musculares devem ser sustentados e a temporização das contrações são aspectos que precisam ser aprendidos pelo cerebelo. Durante a realização de um movimento novo, o grau de realce motor promovido pelo cerebelo e a temporização das contrações são quase sempre incorretos para o desempenho preciso do movimento. Com o processo de treinamento, os circuitos cerebelares se adaptam progressivamente. Em especial, as cell de Purkinje adaptam sua sensibilidade em responder a excitação das células granulosas. 
As fibras trepadeiras, fibras vindas do complexo olivar inferior, são as principais responsáveis pela alteração de sensibilidade das cell de Purkinje. Durante o repouso, as fibras trepadeiras disparam cerca de 1 vez por segundo, produzindo uma extrema despolarização da cell de Purkinje durando por, até, 1 segundo (período no qual a cell de Purkinje dispara com um forte potencial eferente seguindo por uma série de sinais decrescentes). Durante a realização de um movimento novo, sinais de feedback dos músculos e proprioceptores articulares sinalizam ao cerebelo o quanto o movimento real deixou de corresponder ao movimento pretendido. Assim, as células trepadeiras alteram a sensibilidade das cell de Purkinje a longo prazo. Essa alteração de sensibilidade, junto com outras possíveis funções de "aprendizagem" do cerebelo, faz com que a temporização, assim como outros aspectos, se aproxime da perfeição e, quando isso ocorre, as fibras trepadeiras já não precisam enviar sinais de "erro" para o cerebelo, para causar alterações adicionais.
Funções do Cerebelo no Controle Motor Global: O SN utiliza o cerebelo para coordenar as funções de controle motor em 3 níveis:
 (1) Vestibulocerebelo: Proporciona circuitos neurais para movimentos associados ao equilíbrio corporal. Consiste nos lobos floculonodulares.
 (2) Espinocerebelo: Responsável por coordenar movimentos das partes distais das extremidades (mãos e dedos). Consiste no verme e partes intermediárias adjacentes ao verme.
 (3) Cerebrocerebelo: Atua no planejamento de movimentos voluntários sequenciais do corpo e das extremidades. Atua em feedback com o sistema sensoriomotor cortical (possui aferência do córtex motor, pré-motor e somatossensorial) no desenvolvimento de imagens motoras dos movimentos a serem realizados.. Consiste nas zonas laterais dos hemisférios cerebelares.
Função do Vestibulocerebelo em associação do Tronco Cerebral e Medula Espinhal para controlar o equilíbrio e os movimentos posturais: Assim como outras maquinarias do tronco encefálico, o vestibulocerebelo atua no controle no equilíbrio e movimentos posturais. Contudo, sua especificidade consiste no controle desses aspectos durante alterações rápidas das posições corporais assim como alterações de direção do movimento (o que estimula os canais semicirculares). Assim, o vestibulocerebelo controla o balanço entre contrações musculares de agonistas e antagonistas da coluna, quadris e ombros. Mesmo quando vias de condução rápida são utilizadas (até 120m/s), o retardo da transmissão dos pés ao cérebro ainda é de 15 a 20 milissegundos. Logo, não é possível que os sinais cheguem ao cérebro ao mesmo instante em que realmente ocorrem. Apesar disso, o cérebro é capaz de saber quando parar um movimento e iniciar o ato sequencial a seguir durante movimentos de execução rápida. Isso é possível, pois os sinais da periferia dizem ao cérebro com que rapidez e em que direção as partes do corpo estão se movimentando. A partir desses dados, o vestibulocerebelo calcula, antecipadamente, onde as partes corporais estarão durante os próximos milissegundos.
Assim, para o controle de equilíbrio, a informação periférica, e do sistema vestibular, são utilizadas pro um circuito de controle por feedback típico, para fornecer correção antecipatória dos sinais motores posturais, necessários para manter o equilíbrio, mesmo durante a movimentação extremamente rápida, o que inclui a alteração da direção do movimento.
Espinocerebelo - Controle por Feedback dos movimentos distais das extremidades, por meio do córtex cerebelar intermediário e do Núcleo Interpósito: Quando um movimento é realizado a zona intermediária de cada hemisfério cerebelar recebe 2 tipos de informações: (1) O plano sequencial do movimento pretendido, para as próximas frações de segundo, e que é transmitido pelo córtex motor cerebral e pelo núcleo rubro e; (2) Feedback das partes periféricas do corpo, especialmente dos proprioceptores distais das extremidades, dizendo ao cerebelo quais movimentos reais resultam.
Após a comparação entre os movimentos reais e os movimentos pretendidos pela zona intermediária, os neurônios dos núcleos profundos do núcleo interpósito enviam sinais de saída corretivos: (1) de volta ao córtex motor cerebral, pelos núcleos de retransmissão do tálamo e (2) para a porção magnocelular (inferior) do núcleo rubro o qual dá origem ao trato rubro espinhal. (via interpósito-rubroespinhal). O trato rubroespinhal une-se ao trato corticoespinhal na inervação dos neurônios motores mais laterais nos cornos anteriores da sub. cinzenta da medula, onde controlam as partes mais distais das extremidades, em especial mãos e dedos.
O espinocerebelo proporciona movimentos coordenados e homogêneos dos músculos agonistas e antagonistas das extremidades distais para realizar movimentos padronizados agudos com finalidade. O cerebelo parece capaz de comparar as "intenções", advindas de níveis mais altos do sistema de controle motor e transmitidas a zona cerebelar intermédia pelo trato corticopontocerebelar, com o "desempenho" das respectivas partes do corpo, transmitidas de volta ao cerebelo pela periferia. De fato, o trato espinocerebelar ventral (espinocerebelar anterior) transmite de volta ao cerebelo uma cópia de "eferência" dos sinais de controle motor reais que chegam aos neurônios motores, informação essa que é integrada aos sinais que chegam dos fusos musculares e outros orgãos proprioceptivos, que chegam ao cerebelo pelo trato espinocerebelar dorsal (espinocerebelar posterior). Sinais comparadores semelhantes também são transmitidos ao complexo olivar inferior e, caso os sinais não sejam comparados favoravelmente, o sistema de células olivares de Purkinje junto, possivelmente, com outros mecanismos de aprendizagem cerebelar, corrigem por fim os movimentos até que eles desempenhem a função desejada.
Função do cerebelo para impedir movimentos com ultrapassagem do alvo e para amortecer movimentos: Quase todos os movimentos do corpo são "pendulares". Assim, quando o braço é movido, se desenvolve um momento (do inglês momentum, pode significar o momento de inércia: dificuldade em se alterar o estado de movimento de um corpo em rotação; ou mesmo impulso) que precisa ser superado, antes que o movimento possa ser interrompido. Devido ao momento, todos os movimentos pendulares apresentam a tendência a passar do alvo. Caso o cerebelo encontre-se destruído, os centros conscientes do telencéfalo podem, eventualmente, reconhecer essa situação e iniciar um movimento em sentido oposto, trazendo o braço para a posição pretendida. Contudo, devido ao seu momento, o braço ultrapassará o alvo novamente, mas em sentido oposto. Esses sinais corretivos ocorreram sucessivamente por vários ciclos até que finalmente ele se fixar em sua marca. Esse efeito é o tremor de ação ou tremor intencional. Na presença de um cerebelo intacto e com aprendizado apropriado, sinais subconscientes aprendidos param o movimento precisamente no ponto pretendido, impedindo tanto a ultrapassagem do alvo quanto o tremor. Essa é a característica básica do sistema de amortecimento. Todos os sistemas de controle que regulam elementos pendularesprecisam ter circuitos de amortecimento embutidos; no caso do controle motor pelo SN, o cerebelo fornece a maior parte dessa função amortecedora.
Controle cerebelar dos movimentos balísticos: Movimentos balísticos são aqueles movimentos que são pré-planejados e colocados em execução para percorrer uma distância específica e depois parar, como por exemplo, o movimento dos dedos ao digitar ou os movimentos sacádicos dos olhos. Isso ocorre porque esses movimentos ocorrem tão rapidamente que não é possível receber informações originadas do feedback: tanto da periferia para o cerebelo, quanto do cerebelo para o córtex motor antes que os movimentos estejam terminados. A remoção do cerebelo produz 3 alterações principais nos movimentos balísticos: (1) os movimentos apresentam desenvolvimento lento e não têm o surto de início extra que o cerebelo geralmente produz, (2) a força desenvolvida é fraca e (3) ocorre demora em interromper os movimentos, de modo que eles passem bem além do alvo pretendido. Portanto, na ausência do circuito cerebelar, o córtex motor tem de trabalhar mais, para iniciar os movimentos balísticos. Além disso, o córtex motor trabalha muito e leva tempo extra de função para cessar o movimento. Desse modo, é perdido o automatismo dos movimentos balísticos.
A organização do circuito cerebelar ocorre para realizar essa função bifásica, primeiro excitatória e depois inibitória, exigida para movimentos balísticos rápidos pré-planejados. Os circuitos de temporização do córtex cerebelar são fundamentais para essa capacidade particular do cerebelo.
Cerebrocerebelo - Função da grande zona lateral do hemisfério cerebelar para planejar, sequenciar e temporizar os movimentos complexos: As dimensões das zonas laterais dos hemisférios cerebelares nos seres humanos estão intimamente relacionadas à capacidade humana de planejar e realizar padrões sequenciais de movimento, especialmente com as mãos e dedos, e de falar. Essas áreas, contudo, quase não possuem comunicação com o córtex motor primário, mas sim com a área pré-motora e áreas somatossensoriais primária e de associação. Apesar da falta de comunicação direta entre as zonas laterais e o córtex motor primário, essas zonas se relacionam com 2 aspectos importantes, mas indiretos do controle motor: (1) o planejamento dos movimentos sequenciais e (2) a temporização dos movimentos sequenciais.
Planejamento dos movimentos sequenciais: Para esse planejamento é necessário a comunicação das zonas laterais dos hemisférios com as partes pré-motora e sensorial do córtex cerebral em uma via de mão dupla, assim como com os núcleos da base. O plano de movimentos se inicia nas áreas sensoriais e pré-motora do córtex e então, é transmitido para as zonas laterais do cerebelo. Após grande tráfego bilateral entre cerebelo e córtex cerebral é que sinais motores apropriados fazem a transição entre 2 sequências de movimento. Os neurônios localizados nos núcleos denteados exibem padrão de atividade para o movimento que ainda está por acontecer, enquanto o movimento presente ainda está ocorrendo. Assim, as zonas cerebelares laterais estão envolvidas não com os movimentos que estão acontecendo, mas com o que acontecerá durante o próximo movimento sequencial, atuando na progressão homogênea de um movimento para o seguinte em uma sucessão organizada.
Temporização: As zonas laterais também têm a função de temporizar adequadamente cada sucessão de movimentos. Sem essas zonas, a pessoa fica incapaz de determinar quando precisa começar a próxima fase do movimento sequencial. Assim, o movimento que se sucede pode começar cedo demais, ou, geralmente, tarde demais, fazendo com que movimentos complexos fiquem sem coordenação e não tenham capacidade de progredir na sequência organizada de um movimento para o outro, causando falha na progressão suave dos movimentos.
Funções preditivas extramotoras do cerebrocerebelo: O cerebrocerebelo auxilia a "temporizar" eventos que não sejam movimentos corporais, como por exemplo, a velocidade de progressão de fenômenos auditivos ou visuais. Assim, uma pessoa pode predizer, pela alteração da cena visual, com que rapidez pode se aproximar de um objeto. Por fim, é possível que o cerebelo forneça a "base temporal" utilizada para comparação com sinais de outras partes do SNC. Afirma-se que o cerebelo é particularmente útil para interpretar relações temporoespaciais que mudam rapidamente nas informações sensoriais.
Quadro
 Anormalidades Clínicas do Cerebelo: A destruição de pequenas partes do córtex não causa anormalidades desde que o animal realize todos os movimentos lentamente. Para que cause disfunção grave e contínua, a lesão deve envolver pelo menos 1 dos núcleos profundos do cerebelo. Quando há doença cerebelar, o sistema de controle motor subconsciente não consegue predizer até onde os movimentos irão, de modo que a parte consciente do cérebro precise compensar os erros com movimentos compensatórios, efeito chamado dismetria, e resulta em movimentos sem coordenação (ataxia). Dismetria e ataxia também podem resultar de lesões nos trato epinocerebelares. Passar do ponto é uma manifestação da dismetria e ocorre, pois, o cerebelo é responsável por iniciar a maior parte dos sinais motores que interrompem o movimento depois que é começado e, na ausência dele, o movimento irá além da marca pretendida.
Deficiências de Progressão: Disdiadococinesia - Incapacidade de realizar movimentos rápidos alternados. Quando o sistema de controle motor deixa de predizer onde as diferentes partes do corpo estarão em um dado momento, ocorre perda da percepção das partes durante os movimentos rápidos, de modo que os movimentos podem ocorrer cedo demais ou tarde demais; produzindo até mesmo movimentos fracionados e atrapalhados em vez de coordenados. Disartria - Falha de progressão ao falar. A formação de palavras depende da sucessão rápida e organizada de movimentos musculares individuais na laringe, na boca e no sistema respiratório. A falha de coordenação e a incapacidade de ajuste antecipado resultam em uma fala ininteligível. Tremor Intencional - Consiste na oscilação de movimentos, especialmente quando se aproximam da marca pretendida Resulta de ultrapassagem cerebelar do alvo e falha do sistema cerebelar de "amortecer" os movimentos. Nistagmo Cerebelar - Tremor do Globo Ocular. Consiste em movimentos rápidos e trêmulos dos olhos, sem fixação duradoura. Também resulta da falha do amortecimento pelo cerebelo. Ocorre especialmente quando os lobos floculonodulares estão lesados. Hipotonia - Resulta da perda dos núcleos profundos do cerebelo, em especial denteado e interpósito, causando diminuição do tônus da musculatura corporal periférica ipsilateral a lesão cerebelar. A hipotonia resulta da perda da facilitação cerebelar do córtex motor e dos núcleos motores do tronco encefálico, por sinais tônicos, provenientes de núcleos cerebelares profundos.

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