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P E Q U E N A S E M P R E S A S & G R A N D E S N E G Ó C IO S J U L H O 2 0 1 7 A E X P L O S à O D O S C O W O R K I N G S E O N O V O J E I T O D E T R A B A L H A R WWW.REVISTAPEGN.GLOBO.COM — ENTREVISTA: PAOLA CAROSELLA • MARVEL STUDIOS • FINANÇAS • MACRON E A FRANÇA DAS STARTUPS — BIG DATA • CHATBOTS • ANÁLISE PREDITIVA INTERNET DAS COISAS DATA MINING • MARKETING DE DADOS COMO ENTRAR NO MERCADO BILIONÁRIO DA BELEZA E-COMMERCE • STARTUPS FRANQUIAS •BARBER SHOPS CLÍNICAS • CABELEIREIROS COWORKINGS A EXPLOSÃO DOS E O NOVO JEITO DE TRABALHAR NEGÓCIOS EM REDE Lucas Mendes, diretor da WeWork: a maior plataforma de coworkings do mundo acaba de chegar ao Brasil 4 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br JULHO /2017SUMÁRIO FAÇAPARTEDAMAIOR EMAIS IMPORTANTE COMUNIDADEDE EMPREENDEDORISMODOBRASIL twitter.com/peqempresas google.com/+RevistaPEGNfacebook.com/revistapegn pinterest.com/revistapegn stayfilm.com/pegninstagram.com/revistapegn CARTADOEDITOR GRANDES IDEIAS 15 CHIPS TIPO EXPORTAÇÃO 16 UMA LONGA ESTRADA 17 OS CHIPS DO FUTURO 18 EMPREENDEDORISMO FORA DA SALA DE AULA 22 AS MELHORES FRANQUIAS DO BRASIL 24 VIDA APÓS A VENDA 26 “JÁ É POSSÍVEL ABRIR UMA EMPRESA EM 7 DIAS” 30 O MAGO DAS STARTUPS 32 INSIGHTS TRANSFORMADORES 34 O LADO B DAS STARTUPS 8 15 FOTO: CELSODONI DIREÇÃODE IMAGEM: MARCELOCALENDA Dona dos restaurantes Arturito e La Guapa, e jurada do programaMasterChef, a argentina Paola Carosella é hoje um dos nomes mais conhecidos da culinária no Brasil. Em entrevista exclusiva, ela conta como se tornou uma empreendedora de sucesso cultivando a autenticidade e a simplicidade PAOLA CAROSELLA ENTREVISTA36 COMO ENTRAR NO MERCADO BILIONÁRIO DA BELEZA REVOLUÇÃO DIGITAL À FRANCESA COMO CONQUISTAR O UNIVERSO ESPECIALSTARTUPS MARVEL 5044 66 Conheçaasmelhoresoportunidadeseas estratégiasmais eficientespara sedarbem emumsetorque faturaR$ 100bilhões aoano, imuneaosefeitosdacrise País realizaeventohistóricocom aambiçãodeser acapitalmundial das startups.Suavantagem?Ter nonovopresidente,Emmanuel Macron, seuprincipal aliado Todoempreendedorquerdominar o seusetordeatuaçãodamesma maneiraquea fábricadeheróis controlaHollywood.Conheçaos segredosdaMarvel paradizimar os inimigosealcançara liderança REVISTAPEGN.GLOBO.COM Emvídeoexclusivo, AlexandreSerodio,daBeleza naWeb,contasuasestratégias paramontarume-commerce quefaturaR$200milhões. https://glo.bo/2thk6Mm 04_06_PE342.indd 4 28/06/2017 16:49:11 BEMACASHB CONHEÇABEMACASH. OCOMBOQUECOMBINA COMOSEUNEGÓCIO. Bemacash é a solução “tudo em um” para você controlar as suas vendas, fazer a gestão do seu negócio e crescer com segurança.A partir de apenas R$ 10 por dia, é possível ter o melhor do software TOTVS paramicro e pequenos negócios e omelhor do hardware Bematech em um único produto. Além disso, a tecnologia é 100% em nuvem e de fácil instalação. A partir de R$ 10/dia Garantia de 3 anos Fácil de usar Acesse onde quiser DESCOMPLICA. MEXE. VAI DE BEMACASH. SAIBA MAIS EM: WWW.BEMACASH.COM.BR Im ag en sm era me nte ilu str ati va s. 6 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br Dos robôs de atendimento aos sistemas de análise preditiva, conheça as tendências e osmodelos de negócio que estão fazendo sucesso no bilionário mercado de dados digitais A NOVA CARA DO BIG DATA TECNOLOGIA74 FAZENDA NO SHOPPING A startup BeGreen abriu, no Boulevard Shopping, emBelo Horizonte (MG), uma estufa comprodução de hortaliças orgânicas, com opção de compra no próprio estabelecimento. Em umfinal de semana, o espaço recebeu 4.000 pessoas, entre visitantes e compradores. https://glo.bo/2sUO5aG MOTOCA DA PRIMAVERA A startup alemã Unu conquistou a Europa com uma coleção de scooters elétricas bem coloridas. Asmotinhas, que rodam 100 quilômetros com uma única carga de energia, custam cerca de ¤ 1,7 mil e têm um design retrô, feito sobmedida para agradar ao público jovem— e, também, aos saudosistas desse tipo de veículo. https://glo.bo/2tfWx7C STARTUPS SÓ NO SITE JULHO /2017SUMÁRIO REVISTAPEGN.GLOBO.COM COMOFAZER 96 ESPECIAL 102 COMO EU FIZ VIDADIGITAL10695 TANIA GOMES LUZ MAISNOSITE MAISNOSITE CAPA CONEXÕES DE IMPACTO O coworking está revolucionando a forma de trabalhar ao oferecer ambientes inspiradores para amultiplicação de ideias, contatos e novos negócios. Saiba como entrar nesse universo 82 ACasadeViver, deSãoPaulo, temcomodiferencial umespaçoparaas crianças. Ocoworkingpermiteaospais cuidar dosfilhosnoambientede trabalho. https://glo.bo/2o4s3yRo Acada 100usuáriosque entramemuma loja virtual, apenas 1 ou2 fechama compra.AShopBackusa BigDataparaaumentar a taxadeconversãode vendasdasempresas. https://glo.bo/2jECwzh 04_06_PE342.indd 6 28/06/2017 16:49:16 CONHEÇAOPROGRAMA SENHORORIENTADOR. O SEBRAE SABE QUE EXPERIÊNCIA E CONHECIMENTO TÉCNICO FAZEM A DIFERENÇA PARA OS PEQUENOS NEGÓCIOS. NO PROGRAMA SENHOR ORIENTADOR, GERENTES DE BANCO APOSENTADOS DE VOLTA À ATIVA ORIENTAM OS EMPREENDEDORES NO USO DO CRÉDITO. PARA SABER MAIS, ACESSE SEBRAE.COM.BR/SENHORORIENTADOR EXPERIÊNCIA QUE FAZ DIFERENÇA. Experiência que faz diferença AO LE ITOR 8 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br OFUTURODOTRABALHO EDOSEMPREENDEDORES Lembro de ter visitado oCubo há pouco mais de três anos, quan- do o prédio estava em obras. En- quanto caminhava pelos anda- res ainda com tinta fresca, ouvi um empreendedor, à saída, co- mentar que não via a hora de ver tudo pronto e entrar em um lu- gar que fosse “seu”, ainda que de “muita gente”. Depois, veio o Google Campus e, simulta- neamente, dezenas de outros espaços, com a mesma propos- ta de abrigar startups, abriram as portas. Mais que um conti- nente para empresas nascentes e profissionais independentes, esses espaços semultiplicaram, criando elos reais entre funda- dores, grandes empresas, poder público e investidores. A definição quemais lhes cabe é a dehub, omesmo termousado para aeroportos com grande nú- mero de conexões. Sob o concei- to de compartilhamento, há ain- da a clara vantagem de redução de custos e outros benefícios.No Brasil, o crescimento passou de 50% em apenas um ano, segun- do dados do Censo Coworking Brasil — não deixe de ver o nos- so infográfico no site. A explosão desses espaços sinaliza formas inéditas de trabalhar e se situar no mundo, especialmente para os empreendedores. A reporta- gem de capa, assinada pelo edi- tor Bruno Feijó, conecta você a esse novomundo, assim como a seleção especial dematérias que preparamos nesta edição. De Pa- ris, onde estive no mês passado para participar de um dos even- tos de tecnologiamais importan- tes da Europa, a VivaTechnolo- gy, trago outras notícias sobre o futuro das empresas. Foi com surpresa que por lá encontrei o presidente recém-eleito, Emma- nuel Macron, e dezenas de star- tups que estão criando uma no- va ordempara os negócios, como você confere na página 44. Desta- co tambémanossamatéria sobre as novas tecnologias que já estão disponíveis para você conhecer melhor o perfil do seu consumi- dor e vender mais, em um espe- cial preparado pelo editor Tho- maz Gomes. Primeiro colocado no Prêmio Citi Journalistic Ex- cellence Award, ele ganhou a via- gem comopresente profissional. Foram 15 dias emNovaYork. Tho- maz visitou o The New York Ti- mes e o FED. Discutiu também a cobertura jornalística contempo- rânea com seus colegas de pro- fissão de vários países do mun- do e voltou entusiasmado com o futuro do jornalismo. “Essas vivências só reforçaram a minha convicção de que nosso trabalho cumpreuma função fundamental na sociedade”, diz ele. ESPAÇOS COMPARTILHADOS Comunidades na Alemanha e no Brasil, o coworking Ahoy! Berlin (acima), em São Paulo, é um exemplo dos espaços que estão criando uma nova cultura empreendedora no país FOTO: DIVULGAÇÃO Conceder prêmios também é tão gratificante quanto receber. Em 20 de junho último, entregar os troféus às franquias que con- quistaramascincoestrelasdonos- so anuário foi motivo de realiza- ção — e de ainda mais responsa- bilidade.Ao ler comatenção cada página física ou virtual que pro- duzimos, entre elas a ótima en- trevista com a empreendedora Paola Carosella, e o retrato do pu- jante setor de beleza, entre ou- tras reportagens que oferecem serviço de qualidade e inspiração com o Brasil que dá certo, guar- do a certeza de que o futuro de Pequenas Empresas & Gran- des Negócios, ao seu lado, não poderia ser mais cintilante. Sandra Boccia Diretora de Redação Sandra Boccia 08_PE342.indd 8 28/06/2017 18:48:19 1 0 pequenas empresas& grandes negócios JUNHO, 2017 www.revistapegn.com.br EXPED I ENTE Pequenas emPresas & Grandes neGócios é uma publicação mensal da EDITORA GLOBO S.A. – Av. 9 de Julho, 5229, Jardim Paulista, São Paulo (SP), CEP 01407-907 – Tel. 11 3767-7000. Distribuidor para todo o Brasil: Dinap - Distribuidora Nacional de Publicações; Impressão: Plural Indústria Gráfica Ltda. – Avenida Marcos Penteado de Ulhoa Rodrigues, 700 – Tamboré – Santana de Parnaíba, São Paulo, SP – CEP 06543-001 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DIRETOR DE TECNOLOGIA: Rodrigo Gosling ESTRATÉGIA DIGITAL COORDENADOR: Santiago Carrilho; DESENVOLVEDORES: Fabio Marciano, Fernando Raatz , Fred Campos, Leandro Paixão, Murilo Amendola, Thiago Previero e William Antunes ESTRATÉGIA DE CONTEÚDODIGITAL GERENTE: Silvia Balieiro MERCADOANUNCIANTE SEGMENTOS— FINANCEIRO, IMOBILIÁRIO, TI, COMÉRCIO E VAREJO DIRETOR DE NEGÓCIOSMULTIPLATAFORMA: Emiliano Morad Hansenn GERENTE DE NEGÓCIOSMULTIPLATAFORMA: Ciro Horta Hashimoto EXECUTIVOSMULTIPLATAFORMA: Christian Lopes Hamburg, Cristiane de Barros Paggi Succi, Milton Luiz Abrantes e Roberto Loz Junior SEGMENTOS—MODA, BELEZA E HIGIENE PESSOAL EXECUTIVOSMULTIPLATAFORMA: Eliana Lima Fagundes, Giovanna Sellan Perez, Selma Teixeira da Costa e Soraya Mazerino Sobral SEGMENTOS— CASA, CONSTRUÇÃO, ALIMENTOS E BEBIDAS, HIGIENE DOMÉSTICA E SAÚDE DIRETORADE NEGÓCIOSMULTIPLATAFORMA: Luciana Menezes; EXECUTIVOS MULTIPLATAFORMA: Fatima Ottaviani, Paula Santos, e Taly Czeresnia Wakrat SEGMENTOS—MOBILIDADE, SERVIÇOS PÚBLICOS E SOCIAIS, AGRO E INDÚSTRIA DIRETOR DE NEGÓCIOSMULTIPLATAFORMA: Renato Augusto Cassis Siniscalco EXECUTIVOSMULTIPLATAFORMA: Diego Fabiano, Cristiane Soares Nogueira, Jessica de Carvalho Dias, João Carlos Meyer e Priscila Ferreira da Silva SEGMENTOS— EDUCAÇÃO, CULTURA, LAZER, ESPORTE, TURISMO, MÍDIA, TELECOMEOUTROS DIRETORADE NEGÓCIOSMULTIPLATAFORMA: Sandra Regina de Melo Pepe EXECUTIVOS DE NEGÓCIOSMULTIPLATAFORMA: Ana Silvia Costa, Dominique Petroni de Freitas e Lilian de Marche Noffs ESCRITÓRIOS REGIONAIS GERENTEMULTIPLATAFORMA: Larissa Ortiz; EXECUTIVA DE NEGÓCIOS MULTIPLATAFORMA: Babila Garcia Chagas Arantes UNIDADE DE NEGÓCIOS—RIO DE JANEIRO GERENTE DE NEGÓCIOSMULTIPLATAFORMARJ: Rogerio Pereira Ponce de Leon; EXECUTIVOSMULTIPLATAFORMA: Daniela Nunes Lopes Chahim, Juliane Ribeiro Silva, Maria Cristina Machado e Pedro Paulo Rios Vieira dos Santos UNIDADE DE NEGÓCIOS—BRASÍLIA GERENTEMULTIPLATAFORMA: Barbara Costa Freitas Silva; EXECUTIVAMULTIPLATAFORMA: Camila Amaral da Silva e Jorge Bicalho Felix Junior GERENTE DE EVENTOS: Daniela Valente OPEC OFF LINE: Carlos Roberto de Sá , Bruno Granja e Douglas Costa OPEC ONLINE: Rodrigo Santana Oliveira, Danilo Panzarini, Higor Daniel Chabes, Rodrigo Pecoschi EGCN CONSULTORADEMARCAS: Olivia Cipolla Bolonha G.LAB DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO COMERCIAL E DIGITAL: Tiago Joaquim Afonso; Caio Henrique Caprioli, Guilherme Iegawa Sugio, Vera Ligia Rangel Cavalieri, Lucas Fernandes, Luiz Claudio dos Santos Faria e Rodrigo Girodo Andrade AUDIÊNCIA DIRETOR DEMARKETING CONSUMIDOR: Cristiano Augusto Soares Santos; DIRETOR DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO COMERCIAL: Ednei Zampese; COORDENADORES DEMARKETING: Eduardo Roccato Almeida e Patricia Aparecida Fachetti DESEJA FALAR COM A EDITORA GLOBO? ATENDIMENTO: 4003-9393 www.sacglobo.com.br VENDAS CORPORATIVAS E PARCERIAS: 11 3767-7226 parcerias@edglobo.com.br PARAANUNCIAR: SP: 11 3736-7128 | 3767-7447 | 3767-7942 3767-7889 | 3736-7205 | 3767-7557 RJ: 21 3380-5930 | 3380-5923 BSB: 61 3316-9584 NA INTERNET: www.assineglobo.com.br/sac | 4003-9393 LICENCIAMENTODE CONTEÚDO: 11 3767-7005 | venda_conteudo@edglobo.com.br ASSINATURAS: 4003-9393 www.sacglobo.com.br EDIÇÕES ANTERIORES: O pedido será atendido através do jornaleiro ao preço da edição atual, desde que haja disponibilidade de estoque. Faça seu pedido na banca mais próxima. PARA SE CORRESPONDER COMAREDAÇÃO: pegn@edglobo.com.br DIRETOR GERAL: Frederic Zoghaib Kachar DIRETOR DE AUDIÊNCIA: Luciano Touguinha de Castro DIRETORA DE MERCADO ANUNCIANTE: Virginia Any O Bureau Veritas Certification, com base nos processos e procedimentos descritos no seu Relatório de Verificação, adotando um nível de confiança razoável, declara que o Inventário de Gases de Efeito Estufa - Ano 2011, da Editora Globo S.A., é preciso, confiável e livre de erro ou distorção e é uma representação equitativa dos dados e informações de GEE sobre o período de referência, para o escopo definido; foi elaborado em conformidade com a NBR ISO 14064-1:2007 e Especificações do Programa Brasileiro GHG Protocol. Fundada há 28 anos, a Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios tem por missão ajudar pessoas inovadoras a transformar ideias em grandes realizações. As reportagens da revista apresentam oportunidades de negócios para micro, pequenas e médias empresas e têm o compromisso de informar o quehádemaismodernoemconceitos de gestão, marketing, estratégia, finanças e tecnologia. Acreditamos que é possível fazer aquiloquevocêgosta. E lucrar com isso Acreditamos que é possível ter lucro criando um ambiente de trabalho saudável, inspirador e causando um impacto positivo na sociedade Acreditamos na inovação e na força criativa que vem das novas empresas Acreditamos no empreendedorismo como pilar essencial para uma economia equilibrada e para uma melhor distribuição de riquezas Acreditamosqueoempreendedorismo podeedeveserpromovidoeensinadonas escolas de todo o país, para despertar talentos e habilitar os cidadãos a administrar seus negócios Acreditamos no empreendedorismo comochaveparaa realizaçãodesonhos Acreditamosqueoempreendedorismo está alinhado com a visão de mundo (trabalho com diversão e senso de propósito) das novas gerações Acreditamos que compartilhar conhecimento produz experiências mais ricas Acreditamosquea informaçãoprecisa, clara edequalidade sejaum instrumento capaz de transformar e aperfeiçoar empreendedores, empresas e relações de trabalho Acreditamos que todas as empresas, independentementedo tamanho,devem adotar práticas ambientalmente corretas e gerar lucro de modo sustentável NOSSOS VALORES DIRETOR DE GRUPO AUTOESPORTE, ÉPOCA NEGÓCIOS, GLOBO RURAL E PEQUENAS EMPRESAS & GRANDES NEGÓCIOS: Ricardo Cianciaruso DIRETORA DE REDAÇÃO: Sandra Boccia EDITORES EXECUTIVOS:Marisa Adán Gil e Robson Viturino EDITORES: Fabiano Candido, Mariana Iwakura, Bruno Vieira Feijó e Thomaz Gomes REPÓRTER: Adriano Lira ESTAGIÁRIOS: Caio Patriani e Débora Duarte (texto) EDITOR DE ARTE: Jairo Rodrigues COLABORADORES: Beatriz Velloso, Fabiana Pires, Felipe Datt, Gabriel Ferreira, Lara Silbiger e Márcio Ferrari (texto); Laís Rigotti (revisão); Ana Paula Megda, André Toma, Guilherme Henrique e Wiliam Mur (ilustração); Anna Carolina Negri, Caio Cezar, Celso Doni, Fabiano Accorsi, Gabriel Rinaldi, Guilherme Pupo, Omar Paixão, Sergio Ranali e Tomas Arthuzzi (fotografia) ASSISTENTE DE REDAÇÃO: Sabrina dos Santos Bezerra ESTÚDIO DE CRIAÇÃO DIRETORA DE ARTE: Cristiane Monteiro; DESIGNERS: Alexandre Ribeiro Zanardo, Clayton Rodrigues, Danilo Dos Santos Bandeira, Felipe Hideki Yatabe, Marcelo Massao Serikaku; COLABORADORES:Mario Espinoza e Verúcio Ferraz; ESTAGIÁRIA: Letícia Lourenço O QUE É O G.LAB OG.Lab elabora conteúdos de qualidade patrocinados por empresas que contratam seus serviços. Esses conteúdos são identificados por expressões como “apresenta”, “apresentado por”, “oferecimento”, “especial publicitário”, “conteúdo publicitário”, “publieditorial” e “promo”. 010_PE342.indd 10 28/06/2017 15:03:19 APRESENTA P or demanda dos clientes, dasociedade, de acionistas ou deautoridades reguladoras, as grandes empresas têm investido na melhoria de suas práticas de Gover- nança nos últimos anos.Mas será que vale a pena para pequenas e médias empresas investir nessa área? A res- posta é sim,mesmopara aqueles em- preendimentos ainda em fase inicial. Uma pesquisa da consultoria Delloitte, junto às 100 pequenas empresas de maior crescimento no Brasil, mostra que essas companhias emergentes investiram fortemente emGovernança nos últimos anos (veja o gráfico na página ao lado). Também é possível observar um grande interesse emseparar interes- ses familiares da gestão nas PMEs de alto crescimento (veja quadro). Nessas empresas, a percepção é de que a Governança ajuda a garantir a sustentabilidade do negócio (82%) e a fomentar o crescimento (75%). rança direta e a quem devem se re- portar. Além disso, uma pessoa, o diretor-executivo ou presidente, deve ter a palavra final, especialmente na resolução de impasses. Outra recomendação dos especia- listas em Governança é – se possível – criar um Conselho Administrativo, que deve ser formado por membros externos e independentes. Esse Con- selho deve manter reuniões periódi- cas comos sócios e a diretoria da em- presa.Os encontros devemser usados para passar novas diretrizes, para acompanhar a evolução de projetos e elaborar planos de ação. É fundamen- tal manter um registro organizado e rigoroso dessas reuniões. REGISTROS Osregistrossãodeespecial importância para que eventuais investidores anali- sem a trajetória da empresa e seu pro- gresso, em caso de ofertas públicas de ações,negociaçãodefusãoouaquisição NÃO DEIXE PARA DEPOIS É um erro comum entre os empreen- dedores imaginar que haja um mo- mento ideal para tornar a gestão das empresasmais eficiente ou profissio- nalizada. Por isso, émelhor não deixar a Governança para depois. Indepen- dentemente do estágio de desenvol- vimento ou do porte da companhia, as boas práticas de Governança cor- porativa dão mais transparência à gestão emelhoramo relacionamento entre acionistas, gestores e demais públicos de interesse da companhia. Algumas medidas são relativa- mente simples e podem ajudar a dar mais transparência e melhor quali- dade à gestão. Umdos primeiros pas- sos é estabelecer uma hierarquia clara. Os funcionários e equipes pre- cisam saber a quem respondem, sem margem para dúvidas. A capacidade de entrega dos colaboradores pode ficar comprometida se eles não sou- berem com clareza quem é sua lide- GOVERNANÇA ECOMPLIANCE: MODOSDEUSAR Boas práticas aumentam competitividade de pequenas empresas e ajudam integração nas grandes cadeias produtivas PRODUZIDO POR GESTÃODAS PMESDE ALTO CRESCIMENTO 55% conselho familiar não é separado da gestão 31% não há parentes envolvidos na gestão 14% possuemconselho familiar separado da gestão 2016 2015 60% 75% EMPRESAS QUE ESTABELECERAM ESTRUTURAS DE CONTROLADORIA 60% 68%2016 2015 EMPRESAS QUE ADOTARAM CÓDIGOS DE ÉTICA E DE CONDUTA AUMENTAM AS BOAS PRÁTICAS Empresas emergentes têm investido fortemente em boa Governança nos últimos anos, com processos de contro- ladoria e códigos de ética e de conduta 55% 31% 14% eoutrasoperaçõesnomercadodecapi- tais. Além disso, a ausência de Gover- nançaCorporativa éumadasprincipais razõesdeconflitosexistentesentresó- cios, e também entre acionistas e exe- cutivos nas empresas, o que coloca em risco a continuidadedonegócio. A boaGovernança, no entanto, só é eficiente se vier acompanhada de um bomsistemadeCompliance.Apalavra, inglesa, pode ser traduzida comocon- formidade, e significa o cumprimento rigoroso de todas as exigências legais edos códigosdeéticaedecondutaes- tabelecidospelaempresa.Nosúltimos anos, as empresas brasileiras vêm in- vestindo fortementeemsuasestrutu- ras de Compliance para se adequar à Lei nº 12.846/2013, a chamadaLei An- ticorrupção. Elaprevêqueaexistência de taismecanismospodeservir deate- nuante para sanções tomadas contra a companhia em caso de desvios. Além disso, o Decreto 8.420 2015, que regulamentou a Lei Anticorrup- ção, determinaque todas as empresas – independentemente do porte – de- vemcriar umProgramade Integridade (leia-se Sistema de Compliance). As formalidades – como a existência de um canal de denúncias – foram aboli- das para microempresas e empresas de pequeno porte, mas algumas exi- gências valem para todas, como a re- alização de treinamentos periódicos sobre o programa e a adoção de pa- drões de conduta, códigode ética, po- líticas e procedimentos de integridade aplicáveis a todos os funcionários. Outro cuidado recomendável é ter atençãodobradana contrataçãoe su- pervisãode fornecedoreseprestado- resde serviços.Qualquer conduta ina- dequada de terceiros pode prejudicar quem contrata o serviço. Por isso, an- tesde iniciar uma relação comumpar- ceiro comercial ou fornecedor, é pre- ciso alinhar a visão de negócio e os valores das duas empresas. FORNECEDORES As grandes empresas já praticam isso com seus fornecedores e parceiros, e cada vez mais as pequenas compa- nhias interessadas em se integrar às grandes redes produtivas devemficar duplamente atentas: para cumprir as exigências de quem contrata e exigir boas práticas de seus contratados. Isso já é realidade na indústria de pe- tróleo e gás, desde 2015, quando a Petrobras adotou seu programa de DueDilligence Integrado, obrigatório para todos que desejam se inscrever em seu cadastro de fornecedores. Anotadosfornecedoresnaavaliação de Integridade passou a contar pontos nosprocessosde licitaçãoda empresa. Aomesmotempo, fornecedoresenvol- vidos em corrupção ou fraudes, ou que contrariemocódigodeéticadacompa- nhia ou o Programa Petrobras de Pre- venção à Corrupção ficam sujeitos a multasadministrativas.Alémdisso,são impedidos de participar de novas con- corrências promovidas pela estatal. A preocupação na relação com os fornecedores estápresente emoutras iniciativasdapetroleira.OCanaldeDe- núncia da companhia também está abertoaopúblicoexternodaPetrobras. Nele, qualquer pessoa pode denunciar alguma irregularidadedaqual eventu- almentetenhaconhecimento,pormeio deumcanal independente, que vai ga- rantiraapuraçãodocasoeoanonimato dodenunciante.Afinal, aGovernançae o controle dependemde todos. E cada umdeve fazer a sua parte. Edição: Robson Viturino e Bruno Vieira Feijó TENDÊNCIAS, EMPRESAS E PESSOAS QUE INSPIRAM JULHO, 2017 pequenas empresas& grandes negócios 1 5FOTO: GUILHERME PUPO / EDITORAGLOBO CHIPSTIPO EXPORTAÇÃO Gabriel Ferreira OengenheiroMuriloPessatti, 39anos (foto), ao ladodo sócio PauloDal Fabbro, 40, está à frentedaChipus, umnegócio que desenvolveprotótiposde chips. Essesmilimétricos condutoresde energia sãoaalmadaeletrônica e umdosmotoresdomundomoderno SEMICONDUTORES 015_017_PE342.indd 15 28/06/2017 15:13:17 SEMICONDUTORESGRANDES IDEIAS A Chipus, sediada em Florianópolis (SC), deve faturar R$ 8milhões nes- te ano, quatro vezes mais que em 2016, exportando projetos de chips para Europa, Ásia e Estados Uni- dos. Trata-se de uma raridade no mercado brasileiro, que importa90%dasuademanda. O setor é dominado por gigantes como Intel e AMD—ou por quem sabe ocupar os espa- ços que as novas tecnologias abrem de tem- pos em tempos. É ocasodePessattie Dal Fabbro. A Chi- pus é uma design house, que não faz a fabricação em si, masoprojetopara queaspecinhasse adaptem às neces- sidades dos clien- tes. “Desenhamos chipsdebaixocon- sumo energético, um dos aspectos mais valorizados por indústrias que investememinternetdascoisas”,dizPessatti. Éumtrabalhoqueprecisaserapreciadope- lomicroscópio.Osmenorescomponentesde um chip chegam amedir 1,5 milésimo demi- límetro, 50 vezesmais finosqueumfiode ca- belo. O chip tem embutidosmilhões de tran- sistores por onde semovimentam sinais elé- tricos,taiscomocarrostrafegandopelasruas de uma cidade planejada. A Chipus faz esse “planejamento”. Ainda que o Brasil dependa de chips importados, a estratégia dos sócios não foi substituí-los. Elesposicionaramaem- presa como competidora global desde a fun- dação,em2009.“Aindústrianacionalcompra chips padronizados, mais baratos do que os nossos”, diz Pessatti, que cobra US$ 40mil porprojeto.“Láforasedámaisvalorparapro- jetos personalizados.” Entre os seus clientes, estãoasmaioresempresasdeTIdomundo(a Chipusaleganãopoder revelar seusnomes) . Antes de criar a Chipus, Pessatti traba- lhouemumadesignhouseemPortugal, eDal Fabbro,naSuíça.“Asempresasbrasileiraslogo vãoentendera importânciade ter chipsdese- nhadosespecificamenteparaseusprodutos”, dizPessatti.“Quandoissoacontecer,seremos ocompetidor localmais bemposicionado.” ELESDESENHAM OFUTURO PauloDal Fabbro (à esq.) eMurilo Pessatti, da Chipus: criação personalizada de chips para a indústria de TI é quanto movimenta o mercado de chips no Brasil. Porém, 90% dos projetos e das peças precisam ser compradas de outros países R$ 1 BILHÃO UMA LONGA ESTRADA O Brasil tenta formar um ecossistema de chips há uma década, mas o caminho é inglório 2009 2011 2013 2015 2017* 226 300 306 335 378 FONTE: SEMICONDUCTOR INDUSTRY ASSOCIATION (SIA) * PROJEÇÃO Foi nos EstadosUnidos que aconteceu boa parte das descobertas que levaramaos chips comoos conhecemos hoje—não à toa, o Vale doSilício foi batizado emhome- nagemaomais importante dosmetais se- micondutores. Outros países que dominam a tecnologia sãoCoreia doSul e Israel. De- senvolver esse ecossistemanão é tarefa fá- cil. “É uma indústria que demora 30 anos para amadurecer”, diz NiltonMorimoto, pre- sidente daSociedadeBrasileira deMicro- eletrônica. NoBrasil, os esforços começa- ramem2006, quando o governo criou o CI-Brasil, cujo objetivo é desenvolvermão de obra qualificada para o setor. “É umpro- grama importante para o desenvolvimen- to da indústria”, diz Paulo Luna, presidente daCeitec, estatal brasileira de fabricação de chips. Boa parte das iniciativas, porém, está ligada a universidades públicas. Empresas totalmente privadas, comoaChipus, são a exceção. Demodo geral, a fabricação de chips envolve três tipos de negócios: design houses, fabricantes e encapsuladoras (que contemplamo corte de plaquinhas e o teste final do produto). “Tivemos algumas inicia- tivas locais,mas comoo retorno do inves- timento costuma ser longo, amaioria não teve fôlego para se sustentar”, dizMorimoto. CRESCIMENTO CONTÍNUO O faturamento da indústria global de semicondutores (em US$ bilhões) 1 6 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br FOTO: GUILHERME PUPO / EDITORAGLOBO 015_017_PE342.indd 16 28/06/2017 15:13:19 A EVOLUÇÃONAHISTÓRIA Apesar de haver teorias sobre metais semicondutores desde o século 18, apenas em 1833 sua existência foi comprovada por britânicos. Era o primeiro passo para o surgimento dos chips Nos laboratórios da Bell Telephone (hoje AT&T) foi criado o primeiro transistor, equipamento que deu origem aos processadores como conhecemos hoje A fabricante de semicondutores Fairchild cria o primeiro chip capaz de traduzir informações analógicas em digitais Começam a se popularizar os IPs, chips cujo design e funcionalidade são considerados propriedade intelectual de uma determinada empresa, caso da Chipus A primeira patente de um equipamento que utilizava semicondutores foi registrada, nos Estados Unidos. Era um detector de radiação, batizado como “bigode de gato” O pesquisador Jack Kilby desenvolve o circuito integrado — uma peça única que juntava transistores, resistores e capacitores. Nascia, assim, o primeiro chip A Intel lança o primeiro microchip comercial, que tinha capacidade de processamento de 4 bits. Foi utilizado em equipamentos que vão das calculadoras à sonda Pioneer 10, lançada pela Nasa em 1972. No mesmo ano, o Brasil cria seu primeiro chip 100% nacional, nos laboratórios da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo O Ceitec, empresa estatal brasileira, é a primeira fábrica de chips da América Latina. Atualmente, o foco da empresa está na produção de dispositivos para identificação veicular e agropecuária 1833 1947 1968 1990 1901 1958 1971 2008 OSCHIPSDOFUTURO Ainovação nomercado de semicondutores já enriqueceumuita gente. Que o digamRobert Noyce eGordonMoore, que em 1968 fundarama Intel, hoje amaior fabricante global de circuitos integrados. A disputa para ser a próxima Intel é acirrada. Diversas startups têm surgido em torno dos chips. Nos Estados Unidos, existe até uma incubadora especializada em inovações para semicondutores, a SiliconCatalyst. As novidades vão desde circuitos que permitema criação de tecnologias vestíveis atémateriais que prometemsubstituir o tradicional silício. CONDUTORES DE INOVAÇÃO Algumas das startups que estão se destacando ao inovar no mercado de chips AMBIQ O crescimento domercado de tecnologias vestíveis motivou o pesquisador da Universidade deMichigan Scott Hanson a desenvolver microchips voltados a esse nicho. Uma das características é o baixo consumo de energia — uma dasmaiores dificuldades do setor. Entre os clientes, está aMatrix, startup que desenvolveu um smartwatch que só precisa da energia do corpo para ser carregado. A Ambiq levantou US$ 55milhões em investimentos. INVISAGE Substituir o silício por um semicondutor mais eficiente. Essa é a promessa do professor de nanotecnologia doMIT Ted Sargent ao fundar a InVisage. A empresa trabalha no desenvolvimento de uma tecnologia para chips fotossensíveis, utilizados principalmente em câmeras fotográficas e de segurança. Segundo a InVisage, omaterial garante imagens muitomais fiéis à realidade do que as placas de silício atualmente utilizadas. A empresa já captou US$ 98milhões de fundos como Intel Capital e Nokia Growth Partners. TRANSPHORM Desde que foi fundada, em 2009, a empresa colecionamais de 600 patentes relacionadas ao nitreto de gálio — semicondutor cuja aplicação começou a ser estudada na década de 1990. Fundada por UmeshMishra, professor de engenharia elétrica da Universidade da Califórnia, e seu aluno Primit Parikh, a Transphorm recebeu US$ 200milhões de fundos como Fujitsu e Google Ventures para desenvolver chipsmais eficientes que os de silício. Hoje, a empresa tem 18 chips comercializados para datacenters e a indústria automotiva. WAVE Fundada em 2010 pelo empreendedor serial Pete Foley, a americana Wave une duas tendências: evolução dos semicondutores e inteligência artificial. Seu principal produto deve chegar aomercado ainda neste ano: um chip que promete aumentar emmil vezes a velocidade de computadores que trabalham com algoritmos de deep learning (aprendizado profundo demáquina). SPARKMICRO A startup canadense também tem como foco a solução de um dosmaiores problemas relacionados à evolução dos circuitos: o alto consumo de energia. Conforme os chips foram evoluindo, os aparelhos passaram a consumir mais bateria. A Spark, fundada em 2016 por Frederic Nabki, trabalha na criação de chips que consomem até 30 vezesmenos energia do que os tradicionais, para serem usados em gadgets, ebooks e smartphones. A empresa foi aceita recentemente pela Silicon Catalyst. JULHO, 2017 pequenas empresas& grandes negócios 1 7 015_017_PE342.indd 17 28/06/2017 15:13:19 GRANDES IDEIAS ECOSSISTEMA EMPREENDEDORISMOFORADASALADEAULA OBrasil reúne 60%das empresas juniores domundo, e o número de projetos dessas entidadesmais que dobrou em2016. Veja a seguir as principais conclusões de um censo quemapeou esse segmento BrunoVieira Feijó Recentemente,aBrasilJúnior(ConfederaçãoBrasileiradeEm- presas Juniores) realizou a terceira edição doCenso& Identi- dade,quebusca identificaroatualmomentoeosdesafiosdes- sas entidades. Elas desenvolvem projetos pagos para outras empresascomointuitodeajudarosalunosapraticar in locoo queéaprendidonasaladeaula.Apesquisa foi respondidapor 438empresasjuniores.Pelaprimeiravez,todasasconfederadas participaram.“OBrasilreúnemaisde60%dasempresasjunio- resdomundo,masprecisaavançarparamaisregiõeseengajar alunosdediferentescursos”, afirmaAndreiGolfeto,presiden- te da Brasil Júnior. Por enquanto, boa parte está concentrada na região Sudeste e é composta apenas por estudantes de en- genharia e administração. Algumas nem sequer encontraram aindaomodelodenegócios ideal para ganhar escala. AGREMIAÇÃO EMPREENDEDORA Os dados das 438 empresas participantes do censo QUEM ÉO EMPRESÁRIO JÚNIOR 19 MESES R$ 25,3 MIL 20,9 ANOS 64%30 HORAS LOCALIZAÇÃO DAS EMPRESAS FATURAMENTO TOTAL (EM MILHÕES DE R$) NÚMERO DE PROJETOS VENDIDOS (TOTAL DA REDE) NÚMERO DE PARTICIPANTES 20162015 GÊNERO Masculino Feminino é a idade média dos participantes é o tempo de permanência na empresa júnior lideraram pelo menos uma equipe em 2016 por semana é a média de dedicação à empresa júnior é o faturamento médio anual por empresa júnior 20162015 11,1 11MIL 6,7 15,7MIL 78,6% delas estão emuniversidades públicas 58,1% 20,5% federais estaduais 29% pedidos fora do core business 24% falta de conhecimento técnico 21% urgência do cliente20162015 4.865 2.015 41,6% deles foram vendidos para micro e pequenas empresas R$ 2.460 é o tíquete médio dos serviços 5 estudantes são alocados, em média, para cada projeto 67% recusaram projetos, sobretudo por causa de: 47,3%52,7% CURSO DE ORIGEM 3,5% 13,7% 28,8% 54% Engenharia Economia Administração Outros Centro-Oeste Sudeste Sul 38% Nordeste 27% 21% 12% Norte 2% 1 8 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br 018_PE342.indd 18 28/06/2017 16:56:44 petrobras.com.br Tem uma Petrobras que você precisa conhecer. — Tem uma empresa mais focada e comprometida commetas e resultados. Tem uma empresa com regras mais rígidas para a contratação de fornecedores. Tem uma empresa com um novo Portal de Transparência, mais amigável e de fácil acesso. GRANDES IDEIAS PRÊMIO 2 2 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br ASMELHORES FRANQUIASDOBRASIL Conheça as 60marcas que obtiverama cotação de cinco estrelas na premiação realizada por Pequenas Empresas&Grandes Negócios Mariana Iwakura A rede carioca Megamatte foi a grande vence- dora do prêmio Melhores Franquias do Bra- sil 2017, de Pequenas Empresas & Grandes Negócios. A marca foi escolhida entre as 60 redesque alcançaramacotaçãode cinco estre- las — considerado o nível de excelência — no Guia de Franquias 2017/2018. O prêmio es- pecial de Melhor Microfranquia, reservado às empresas com até R$ 90 mil de investimento inicial, ficoucomaredeEnsinaMais. As empre- sas foram ranqueadas com base em suas no- tas emdesempenho e qualidade da rede, além da avaliação feita por seus próprios franquea- dos. Toda a pesquisa foi realizada pela Serasa Experian. Na noite de 20 de junho, as 60mar- cas se reuniramno espaçoVilla Vérico, emSão Paulo, para celebrar a premiação. Confira a se- guir os melhores momentos da festa. OSGRANDESPREMIADOS NOITE DEFESTA 1.Os representantes das franquias cinco estrelas se reúnem para comemorar o prêmio 2.Osalãoprincipal do espaçoVilla Vérico, emSãoPaulo (SP) 3.Osmestres de cerimôniaChristiane Pelajo, daGlobonews, eRodrigoBocardi, daTVGlobo, com SandraBoccia, diretora de redação dePEGN(ao centro) 4.Osconvidados participamde coquetel antes do início dapremiação 5. JulioMonteiro, diretor executivo daMegamatte, comemora oprêmio de Franquia doAno 6.RogérioGabriel, presidente da MoveEdu, grupo quedetémamarca EnsinaMais, recebe oprêmio deMelhor Microfranquia de RicardoCianciaruso, diretor de grupoda EditoraGlobo (àdir. na foto) FOTOS: RAFAEL JOTA e RICARDOCARDOSO/Editora Globo Arquivar— Gestão de Documentos Billy TheGrill Cacau Show Casa do Construtor Cebrac— Centro Brasileiro de Cursos Chilli Beans China in Box CI Intercâmbio eViagem Clube Turismo Constance Depyl Action EnsinaMais Experimento Intercâmbio Cultural FastFrame— Moldura naHora Fiber Piscinas First Class Fisk Centro de Ensino Grau Técnico Hope Lingerie iGUi Imaginarium Influx English School Inspirar Instituto Embelleze InstitutoMix ITCVertebral Jorge Bischoff Kumon Lanchão&Cia. Limpidus Make-upReparação Automotiva Mania de Churrasco! PrimeSteakHouse McDonald’s Megamatte Mercadão dosÓculos Multicoisas Mygloss Acessórios NTWContabilidade eGestão Empresarial NumberOne OBoticário Onodera Estética Orthodontic Parmeggio PelloMenos Depilação Prepara Cursos Puket RE/MAXBrasil Redeorto Rei doMate Restaura Jeans Sobrancelhas Design Spé, OSpa doPé Spoleto Studio Fiscal Supera—Ginástica para oCérebro Tip Top UnidasAluguel de Carros Uptime— Comunicação em Inglês Usaflex ViaMia TODAS AS FRANQUIAS CINCO ESTRELAS JÁ NAS BANCAS E NOS TABLETS O Guia de Franquias 2017/2018 traz mais de mil marcas para você comparar, além de tendências do mercado e análises de 12 setores FranquiadoAno Megamatte Arededealimentaçãosaudável faturouR$145milhões em2016,umcrescimentode9%emrelaçãoa2015. Em2017,preparaaexpansãoparaosEstadosUnidos MelhorMicrofranquia EnsinaMais AmarcadeeducaçãofezparceriacomaMauriciode SousaProduçõeseganhouosobrenomeTurmada Mônica.Em2016,alcançouR$15,87milhõesde receita 022_023_PE342.indd 22 28/06/2017 17:38:34 JULHO, 2017 pequenas empresas& grandes negócios 2 3 1. 2. 4. 5. 6. 3. 022_023_PE342.indd 23 28/06/2017 17:38:38 VIDAAPÓS AVENDA OsfundadoresdaWäls edaColorado falamà PEGNsobreoquemudou depoisqueseusnegócios foramcompradospela Ambev, em2015 Caio Patriani Nos últimos anos, a belg0-brasi- leira AB InBev vem comprando pequenas empresas ao redor do mundo para expandir sua parti- cipação nomercado de cervejas artesanais, um nicho que cresce 30% ao ano. Diferentemente das grande aquisições que realizou para formar a maior fabricante de cerveja domundo, a AB InBev não impõe o seumodelo de ges- tão para as microcervejarias. A estratégia é justamente o con- trário: deixar os antigos donos no comando, com autonomia pa- ra inovar num setor tradicional e extremamente consolidado. No Brasil, a Ambev (braço local do grupo) comprou em 2015 du- as das marcas mais premiadas — a Colorado, fundada em 1996, emRibeirão Preto (SP), porMar- celo Carneiro, e aWäls, de Belo Horizonte (MG), aberta em 2008, pelos irmãos Tiago e José Feli- pe Carneiro. “Estamos apren- dendo com eles”, afirma Mar- celo Tucci, diretor de cervejas especiais da Ambev. “Os clien- tes querem novos tipos de cer- veja, novos estilos e produtos mais artesanais. É um negócio que vem crescendomuito mais do que a gente imaginava”, diz Tucci. Os empreendedores se- guem à frente de suas respec- tivas marcas, agora como dire- tores da Ambev. PEGN conver- sou com eles para saber como encaram a vida nova como exe- cutivos e quais os seus proje- tos após a venda das empresas. “TEMOS AUTONOMIA PARA TOMARDECISÕES” Tiago Carneiro, 34 anos, fundador da Wäls (à esq. na foto, ao lado do irmão e sócio José Felipe), conta sobre sua nova rotina e os próximos passos da marca PorqueaAmbevse interessou pela compra daWäls? Os executivos da Ambev têm a fi- losofia de agregar pessoas talento- sas e empreendedoras em suas di- versas áreas.Nossa cervejaDubbel foi a primeira brasileira a ser eleita amelhor domundonoWorld Beer Cup, em2014.Apremiaçãochamou a atenção num momento em que eles buscavampessoas para trazer pontos de vista inovadores. Qual amaior vantagemde estar numgrande grupo? Com o apoio da Ambev, temos acesso, por exemplo, a ingredien- tes que antes a gente não tinha. Is- so proporciona uma qualidade fi- nal melhor e a possibilidade de criar fórmulas e sabores commais facilidade. Obviamente, também tem a capacidade de investimen- to deles. Temos acesso a equipa- mentos muito além do que a gen- te poderia sonhar antes da venda. Qual o seu papel atualmente? AAB InBev [controladora daAm- bev] criou uma área global de no- vos negócios chamada Disruptive Growth Organization [DGO, ouOr- ganização de Crescimento Disrup- tivo]. Fomos a primeira empresa do mundo a fazer parte dela. Eu e meu irmão ocupamos oficialmen- te cargos de diretoria dentro des- sa área. O relacionamento com os demais executivos émuitomenos traumático do que eu imaginava. Temos autonomia para tomar de- cisões. Essa condição foi discuti- da ainda durante as negociações. Oque já fizeram emparceria? Estamos usando uma plataforma digital da Ambev, o Empório da Cerveja. Embreve, o site vai permi- tir que o cliente monte uma cerve- ja específica para o seu gosto com a ajuda dos nossosmestres-cerve- jeiros. Éumprojeto inédito, que vai colocar o Brasil em destaque. FOTOS: DIVULGAÇÃO GRANDES IDEIAS INTRAEMPREENDEDORISMO 2 4 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br 024_025_PE342.indd 24 28/06/2017 17:09:00 “NÃO TENHOMAIS QUEME PREOCUPAR EMPAGARAS CONTAS DOMÊS” Marcelo Carneiro, 57 anos, fundador da Colorado, tem a missão de levar a Ambev a crescer em cervejas artesanais Por que a Ambev se interessou pelacompradaColorado? Acho que foi o nosso diferencial na criação de cervejas com ingredientes brasileiros, como omel de flor de la- ranjeira. Emmeio aummercadomas- sificado,criamosumamarcacomestilo. Alémdisso,aColoradosempreexerceu umpapelde liderança.Fizemosparce- riascomoutrosempreendedorespara incentivar o nicho. Pequenas empre- sas têm de ter grandes causas. A nos- sa foi fomentar o empreendedorismo regional.Hoje,RibeirãoPretosediavá- rias microcervejarias que são, na prá- tica, uma spin-off daColorado. Nasce- ramdentrodanossa fábrica. Oquemudouapósavenda? Não perdemos nenhum funcionário importante nem tivemos de fazer de- missões. Já na parte demaquinário, é tudomaismoderno.As receitasainda sãoiguais.Produzimosomesmodean- tes, só que commais escala e contro- le de qualidade. Há uma obsessão da grandeempresaemgarantirquetodas asunidadesproduzidasdeummesmo tiposigamomesmíssimopadrão,sem nenhuma percepção demudança no sabor. Issonosserviudeaprendizado. Mas amelhormudança é que eu não tenhomaisdemepreocuparempagar as contasdomês (risos). Comoéasuarotinahoje? Eucontinuodandoexpedientetodos os dias na cervejaria, emRibeirão Pre- to. Acompanho a produção de perto, vejoseestátudobemeficodeolhona limpeza dasmangueiras. Além disso, participo ativamente do desenvolvi- mentodenovas receitas.Escolhemos sabores e fazemos testes. Na prática, euapitomaisnapartecomercial.Ainda vamoscrescerbastante.Hoje,ascerve- jasartesanaisalcançam2%dasvendas totais.Mas estamos vendendo para o públicoquemais cresce. 024_025_PE342.indd 25 28/06/2017 17:09:06 “JÁ É POSSÍVELABRIRUMAEMPRESAEM7DIAS” Especialista em empregar a tecnologia para simplificar processos burocráticos, Daniel Annenberg comanda uma cruzada para facilitar a vida do empreendedor de São Paulo ENTREVISTA RobsonViturino Àfrentedarecém-criadasecretariadeInova- çãoeTecnologiadaPrefeituradeSãoPaulo, Daniel Annenberg tem umameta pra lá de ousada. Ele deve fazer comque a cidade de São Paulo permita um salto meteórico do Brasilno indicadorqueapontaaburocracia para a abertura de empresas noDoingBusi- ness, ranking feitopeloBancoMundial que trazopaísnavergonhosa175aposição.“Que- remos chegar abaixo de cem, rapidamente. Depois, a gente quer chegar entre os 20, 30 primeiros”, diz Annenberg, que traz no seu currículo aparticipaçãonasorigensdoPou- patempo, um dos projetos mais bem-suce- didos de desburocratização do serviço pú- blico brasileiro. Se o projeto Empresa Fácil dercerto,Annenbergpoderásegabardeou- tra revolução. Saibamais a seguir. ComofuncionaoEmpresaFácil? É um sistema integrado que junta diver- sas partes do quebra-cabeça que é a prefei- tura— incluindo secretarias eórgãosmuni- cipais, estaduaise federais.Agenteestá jun- tando tudo num sistema só para empresas de baixo risco, que formam a grande maio- ria [80%], entre elas os salões de beleza, flo- riculturas e escritórios de advocacia. Isso começou a funcionar no dia 8 de maio. Pa- ra amaioria das empresas, o que antes leva- vamaisdecemdiasagora levadeseteadez dias.Paraumaoutraparte, levadedezavin- tedias.Nossoobjetivoépermitirque todas as empresas sejamabertas ematé setedias. Comoamudança temsido recebida? Os empreendedores estão se adaptando. Agora, quando eles fazem o pedido de aber- turadeempresa, têmdeapresentardecara todososdocumentos.Antes, tinhamumflu- xomais burocrático. Por ora, estão levando mais temponesseprocessodoqueopoder público, que é o contrário do que acontecia atéentão.Anossaparteestámuitomaiságil. Qualoatual estágiodoprojeto? Essaéumaprimeiraetapa.Alémdereduzir o prazo de abertura da empresa, queremos diminuironúmerodeidasdoempreendedor à prefeitura. Ele tinha de ir cinco vezes pre- sencialmente;hojeelevaiumavezparades- bloquear o CCM [Cadastro de Contribuin- teMobiliário]. Nós já estamos trabalhando para que, a partir de julho, o cidadão não te- nha de ir mais nenhuma vez, será tudo ele- trônico. Agora, uma boa parte do processo é autodeclaratório.Daí a gente vai fiscalizar para ver se o declarado tem sido cumprido. Quaisasconsequênciasdoprojeto? Ao reduzirmos a burocracia, isso terá um peso noDoing Business. Com isso, vai ficar claroqueabrir empresaemSãoPauloficou muito mais fácil, o que irá melhorar nossa posição no ranking e atrairá investimentos. Oquevirápela frente? Agenteestádandoumpulosignificativo.O grupo que responde ao Doing Business, en- tre eles advogados e contadores, já come- çou a sentir amelhora. Anossa expectativa é que no ano que vem a gente dê um salto qualitativo. A gente reduziu para sete dias, mas o prefeito João Doria, que é acelerado, quer reduzir para cinco dias até o final des- te ano e, até o começo do próximo ano, pa- radoisdias.Épossível?Sim.Masserápreci- so uma integração forte de todos os órgãos. Com essasmelhoras, qual deve ser a nossaposiçãonoDoingBusiness? No ranking geral de empreendedorismo, somoso121onumalistade190.Masno item aberturadeempresa, estamosno175o lugar. Neste último, queremos chegar abaixo de cem,rapidamente.Depois, agentequerche- garentreos20, 30primeirospaíses.Eudiria que dá para fazer isso emmenos de quatro anos. O prefeito sempre tenta correr mais e eu digo pra ele: “Prefeito, a gente chega lá, estamos trabalhando”. A minha expectati- vasempre foiconseguir reduzir todosesses prazos,desburocratizareterserviçoseletrô- nicos, para que no final do mandato possa- mos dizer que São Paulo é uma cidade ami- ga do empreendedor. “A gente reduziu para sete dias, mas o prefeito João Doria, que é acelerado, quer reduzir para cinco dias até o final do ano e, já no começo de 2018, para dois dias” FOTO: PAULO VITALE/Divulgação GRANDES IDEIAS 2 6 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br 026_PE342.indd 26 28/06/2017 18:51:45 INFORME SEBRAE. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Robson Braga de Andrade. Diretor-Presidente: Afif Domingos. Diretora Técnica: Heloisa Guimarães de Menezes. Diretor de Administração e Finanças: Vinicius Lages. Gerente de Gestão de Marketing: Guilherme Kessel. Edição: Larissa Meira. 0800 570 0800 Esqueça aquela imagem do turista zanzando por aí, com ares deperdido e ummapa na mão. O consumidor, de maneira geral, estácada vez mais ligado à internet e aos recursos que ela oferece. Essa mudança de perfil se reflete nos mais variados setores, e o de turismo é um dos que já sentem claramente o impacto da era digital. Um estudo do Google aponta que 63% dos turistas de lazer utilizam ummecanismo de busca na web ou, então, na plataforma digital de vídeos YouTube, quando pensam em viajar. “Hoje em dia, o turista já começa a viagem dele conectado”, confirma Heleni Queiroz Riginos, coordenadora nacional de Tu- rismo do Sebrae, esclarecendo que o conceito do “turista conectado” está diretamente ligadoaoutro,mais amplo,quevemsendochamadode “turismo inteligente”—emalguns lugares domundo, comoa Espanha, essa já deixou de ser uma forte tendência e vem se consolidando numa grande onda. Por sua atuação histórica no turismo, o Sebrae construiu um canal com os pequenos negócios que atuam no setor em todo o território brasileiro. Há mais de 20 anos, a instituição vem apoiando a estrutu- ração de rotas e roteiros turísticos de forma tradicional. Contudo, no ano passado, o Sebrae passou a desenvolver uma estratégia de “des- tinos turísticos inteligentes” (outro conceito importante nesse movi- mento). A ideia é que, até o fim de 2018, sejam investidos R$ 55 mi- lhões em, aproximadamente, 70 projetos de Turismo Inteligente, em 19 estados brasileiros — 45 projetos já estão em andamento. No Turismo Inteligente, a viagem começa antes mesmo de acontecer. “O turista faz toda a jornada, do agendamento à aquisição do produto ou serviço, passando pela viagem propriamente dita, onde ele continua conectado, fazendo interações e registros, até o pós-viagem, em que ele compartilha experiências e memórias nas redes sociais e, inclusive, em sites especializados, com relatos e avaliações”, comenta Heleni. Nes- se sentido, é fundamental para o empreendedor estar presente nos meios digitais. Mais que uma ferramenta de comunicação, eles repre- sentam, hoje, umamaneira demanter um contato próximo com o clien- te. Assim, tão importante quanto empregar ações de marketing digital, Com novas tecnologias, o dono de pequeno negócio no setor de turismo ajuda o consumidor a realizar a viagem dos sonhos AhoradoTurismoInteligente CONCEITO DE TURISMO INTELIGENTE Estruturas turísticas diferenciadas que facilitam a interação e a integração do visitante, antes, durante e depois a viagem, incrementando a qualidade da sua experiência por meio de metodologias e tecnologias inovadoras. a fim de gerar negócios, é estar aberto a receber críticas, sugestões e, claro, elogios de forma pública. Até porque outros potenciais clientes irão se alimentar dessas informações. De olho nessa nova realidade, o Sebrae está trabalhando em um sistema que vai reunir todos esses destinos no Brasil. “Nesse sistema, será possível mapear as empresas que estão sendo atendidas por esse programa, que foca o Turismo Inteligente, e iniciativas de outros parceiros e empresas pertencentes à cadeia de valor do turismo”, explica Heleni. “Estamos adaptando um conceito que é muito volta- do para políticas públicas e incluindo o empresariado nisso. Porque enxergamos que os pequenos negócios podem ser indutores da transformação do território em destinos turísticos inteligentes”, com- pleta Graziele Vilela, outra coordenadora nacional de Turismo do Sebrae envolvida no projeto. TERRITÓRIOS TURÍSTICOS O conceito de Turismo Inteligente engloba outros três pilares, além do uso de tecnologias: governança, experiências turísticas e sustentabilidade. No mundo todo, poucas experiências nesse sentido estão em curso. E não é diferente no Brasil, que ainda está engatinhando. “O foco é atuar no desenvolvimento dos territórios por meio do turismo, transformando essas áreas em destinos turísticos inteligentes”, sublinha Graziele. Investir em soluções tecnológicas é a chave para agregar valor ao negócio e ganhar competitividade no acirrado setor do turismo, proporcionando experiências encantadoras para o viajante. Com inteligência, criatividade, excelência no atendimento e a ajuda do Sebrae, o empreendedor chega lá. Porque não basta empreender. Tem que inovar. SEBRAE 14 indd Todas as páginas Inovando com o Sebrae O Sebrae quer promover a participação qualificada das lideranças empresariais nas governanças do setor. A ideia é melhorar o ambiente de negócios da cadeia de valor de turismo, fomentando a competiti- vidade, a oferta de experiências turísticas que encantem o consumidor e a sustentabilidade dos destinos. O Sebrae planeja também promover a aproximação entre os elos da cadeia de valor, a conectividade e a interatividade, estimulando a presença dos empreendimentos turísti- cos no mundo digital e o uso de solu- ções tecnológicas para os destinos. A meta é atuar também com novos modelos de negócios e apoiar a ocu- pação de espaços públicos. youtube.com/tvsebraefacebook. com/sebrae twitter.com/sebraesebrae.com.br plus.google.com/sebrae 08005700800 Marque presença nos meios digitais Algumas ferramentas demarketing digital, comomobile e vídeos, ajudam a manter a proximidade com os clientes. Boa parte das buscas online sobre viagens já são feitas pelo celular. E não se trata apenas de pesquisar destinos,mas, também,deplanejar, reservar, comprar e compartilhar expe- riências turísticas. Mais do que falar, que tal conferir uma experiência imer- sivanumvídeo360grausqueoSebraepreparou, chamado#PousadaVirtual? o desafio de inovar Alémdos empreendedores que atuamdiretamente no setor de turismo, as startups (empresas iniciantes, geralmente ligadas à tecnologia) podem contribuir para a transformação do setor — e mais ainda para a nova abordagem proposta pelo Turismo Inteligente. Assim, uma das propos- tas deste grande projeto do Sebrae é aproximar empreendimentos tu- rísticos de startups e empresas de TI. Para isso, o Sebrae e a Braztoa (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo) estão promovendo, ao longo do ano, uma competição entre empreendedores digitais com foco na geração de novos modelos de negócios para a cadeia de turis- mo. Batizada de Desafio de Inovação Turismo Inteligente, a disputa en- tre startups em estágio de validação ou operação, bem como potenciais empresários com ideias inovadoras para o turismo, inclui etapas classi- ficatórias que acontecem até agosto, com a grande final em setembro, na Feira da ABAV, a maior do setor, em São Paulo. O conceito de Turismo Inteligente se estrutura em quatro eixos ou pilares, que, de maneira geral, garantem mais competitivida- de ao empreendimento. Governança: é a alma dos destinos turísticos inteligentes. A estratégia é empoderar as lideranças empresariais e criar inter- faces com o poder público. Tecnologia: é o sistema nervoso dos destinos turísticos inteligentes. Os pequenos negócios precisam incorporar soluções tecnológicas em todos os níveis, dos processuais aos mais estratégicos. A escolha de viagens passa pela presença qualificada dos destinos nomundo virtual. Experiências turísticas: mais do que ser bem atendido, o turista precisa ser constantemente encantado. Aqui, a tecnologia também exerce um papel primordial. Mas não se pode esquecer o fator huma- no: a criatividade. O turismo é uma fábrica de sonhos, e a excelência no atendimento é o que torna as viagens inesquecíveis. Sustentabilidade: é o responsável direto pelo sucesso dos destinos turísticos. Hoje, a sustentabilidade não émais umdiferencial, e simuma exigência dos turistas, além de uma ferramenta de gestão para os pequenos negócios. “O SEBRAE NOS CONECTA” Atendida pelo projeto de startups do Sebrae/MG, a Experience Infinity é um e-commerce, ou melhor, um marketplace de experiências turísticas — que é um dos pilares da estratégia de destinos inteligentes. Com apenas sete meses de atividades, a empresa mineira atua em cinco estados diferentes, sempre por meio de parcerias. “Não trabalhamos com guias, e sim com anfitriões”, explica Fernanda Maia, sócia-diretora da Experience Infinity, ao lado de Bethânia Monteiro. “O que a gente propõe é que o turista saia de uma linha de observador e vire protagonista”, completa. Especializada em Turismo de Experiência, a empresa tem como meta proporcionar imersão no cotidiano dos destinos. “Comecei a pesquisar o comportamento do consumidor a partir de uma mudança que eu percebi em mim: a vontade não só de ir e observar um destino, mas de vivenciá-lo.” Sobre a parceria com o Sebrae, Fernanda conta que ela existe desde o momento em que as empreendedoras começaram a elaborar o plano de negócios. “O Sebrae é um facilitador: ele nos conecta o tempo todo a eventos, empresários, produtores e pessoas que nos permitem ampliar nossa rede de parceiros.” OS 4 EIXOS DO TURISMO INTELIGENTE Bethânia (ao fundo) e Fernanda, da Experience Infinity Acesse o QR Code, siga as instruções e veja como um “simples” vídeo tem a capacidade de levar o cliente para dentro do destino, fazendo com que ele viva uma experiência virtual de qualidade. 19/06/2017 11:44:32 GRANDES IDEIAS ENTREVISTA FOTO: CATHYSUNU/Divulgação OMAGODASSTARTUPS Centenasdestartups jápassarampelas mãosdeChrisValentine, 51anos, coor- denadordacompetiçãoStartupAccelle- rator Live Pitch Event, que se tornou umadasprincipaisatraçõesdoSXSW, um dos eventos de tecnologia e criati- vidade mais badalados do mundo, em Austin,EstadosUnidos.Nosúltimos11 anos,Chris tambémteveahabilidadede transformarsuaprópriastartup,aAdeo InterActive, em uma empresa rentável e atraente o suficiente para conquistar outros clientes de peso, como a NASA. Passar pelo crivo de Chris pode signifi- car umachance e tanto.Osnúmeros fa- lam por si: das quase 400 startups que venderam suas ideias no Accellerator Pitch, 14%foramadquiridasporTwitter, Facebook, Google e Apple; e nada me- nos que 71% receberam investimentos quesomammaisdeUS$3bilhões.Chris conversou com PEGN no Hotel Hilton, quartel-generaldoStartupVillage,horas antes de a competição final começar. Fundador da Adeo InterActive sustenta que qualidades intangíveis, como ingenuidade e sensibilidade, fazemparte do perfil dos empreendedores digitais de sucesso Sandra Boccia, deAustin CHRIS VALENTINE, FUNDADOR DAADEO INTERACTIVE OQUE FAZ Coordenador do Startup Accellerator Live Pitch Event, no SXSW, entre outros eventos de startups 3 0 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br 030_031_PE342.indd 30 28/06/2017 15:20:59 Você costuma dizer que usa tec- nologia, criatividade e ingenuida- de para fazer negócios. Poderia explicar melhor? Tenho a sorte de trabalhar com startups em estágio inicial de to- do o mundo. Convivo com pessoas que estão fazendo coisas bastante incomuns. É como assistir ao futu- ro acontecendo todos os dias, sabe? Esses empreendedores estão vascu- lhando o que acontece ao nosso re- dor porque querem preencher lacu- nas. Os adjetivos que vocêmenciona se referem às qualidades que tenho visto associadas ao temperamento de um empreendedor bem-sucedido. Porquevocêprefereficar sediado em Austin, em vez de ir a centros de inovação mais vibrantes, co- mooValedoSilícioouNovaYork? Antes demais nada, porque o SXSW foi criado em Austin. O que faz esse evento ser tão especial é o fato de as startups estarem imersas em um ce- nário onde também estão presentes pessoas da indústria cinematográfi- ca, da música e da tecnologia. Mas isso não ocorre o ano todo. E estamos no Texas. Em Austin, o que eu valorizo é a autenticidade das pessoas. E tam- bém uma combinação muito espe- cial de agentes do governo, do capi- tal e da Universidade do Texas. Te- mos aqui diferentes tipos de pessoas, que criam uma atmosfera única. E, uma vez ao ano, esse fluxo incrível de pessoas que vêm de todos os lu- gares. Você pode encontrar, nomeio da rua, comoBruce Springsteen ou o ex-presidente Barack Obama. Como você reconhece uma star- tup de sucesso? (Suspira) Eu já vi tantas startups na vida... Olho primeiro pela funcionali- dade. É fácil de usar? Levo em conta também, claro, o potencial demerca- do.Mas é preciso ficar atento às ten- dências, porque o que pode ser bom hoje não necessariamente será ama- nhã. No ano passado, só se falava de wearables [internet aplicada às rou- pas], e hoje só se fala em AI [inteli- gência artificial]. Atéquepontootimeéimportante? A partir da minha experiência pos- so dizer com segurança que, comum bom time, é possível fazer qualquer coisa. Isso não significa que não se corra o risco de sair domercado ten- do um time muito bom, mas esse é um fator muitíssimo importante. Mesmobons times têmdificulda- de de ganhar tração. Ganhar tração também é difícil, e se você não tiver tração, não terá credi- bilidade. Portanto, escolha alguémdo mercado emque pretende atuar para ser seumentor. Quando você encon- trar os seus clientes ou investidores, por exemplo, você vai poder citar o nome das pessoas que o apoiam. E isso vai fazer diferença para eles. O investidor Tim Draper [venture ca- pitalista americano] me disse uma vez: “Eu invisto em pessoas, não em empresas”. Isso é uma grande ver- dade.Me diga, quantas pessoas você conhece com quem não gostaria de trabalhar de jeito nenhum? (risos). Startup tem tudo a ver com traba- lhar com as pessoas certas. Masmuitos empreendedores se comportam como deuses arro- gantes, e isso não é bom. Existe uma linha fina em relação à autoconfiança. É importante acre- ditar em si mesmo. Mas é preciso prestar atenção aos sentimentos dos outros. Saber pedir desculpas logo, desfazermal-entendidos, cor- rigir-se quando você fere os senti- mentos dos outros. Ou seja, fail fast (falhe rápido)! Nossa vida está em umcompasso tão intenso que é im- possível não cometer erros, ainda que sejampoucos.Mas preste aten- ção: se o empreendedor não é capaz de fazer isso na sua vida pessoal, ele tampouco será capaz de fazer na vida profissional. A vida é só uma. Oquevocêpensadaculturados Brothers, em que homens in- vestem emhomens e julgam as ideias demulheres com viés in- consciente, segundo temos vis- to em várias pesquisas? Omundo do trabalho não tem na- da de diferente de outros aspectos da vida. As pessoas têm mesmo preconceitos, vieses e percepções nem sempre corretas a respeito de outras. Nós, os homens brancos, temos feito um esforço consciente para sermos inclusivos com elas, e também com minorias, pessoas de outras nacionalidades, e por aí vai. Temos visto fundos que exigem que pelomenos umdos fundadores da startup seja mulher, por exem- plo.Mas não dá para esperar que is- so mude do dia para a noite. Exis- te ainda um tipo de mindset que leva tempo para mudar. A minha sugestão é que asmulheres que se- jambem-sucedidas se tornemmen- toras de outras. Na verdade, isso não vale apenas para as mulheres. Creio que a nossa responsabilidade como seres humanos é a de devol- ver para a sociedade, e não apenas de tomar coisas dela. “Ontem, a moda eram os wearables. Hoje, a inteligência artificial (AI). Prefiro startups sustentáveis, imunes a altas e baixas” JULHO, 2017 pequenas empresas& grandes negócios 3 1 030_031_PE342.indd 31 28/06/2017 15:20:59 GRANDES IDEIAS EVENTO INSIGHTSTRANSFORMADORES Grandes realizadoresdediversasáreascontamnoeventoDAY1momentoscruciaisdesua trajetória BrunoVieira Feijó Quando assumi os negócios da família,meu pai tinha um pequeno comércio de cafés e uma fabriqueta de sabões. Porém, umconsultor de SãoPaulomedisse certa vez que, se eu quisesseme tornar grande na área de higiene e perfumaria, teria de concorrer com aUnilever. Para isso, precisaria demuito dinheiro. Por outro lado, se eu quisesseme tornar grande comcafé, teria de bater de frente com Melitta eNestlé. Era hora de ter um foco, não dava para fazer direito as duas coisas. Escolhemos o café. Hoje, lideramos o setor no país. Em 1998, quando trabalhava no banco Banrisul, assisti a uma palestra quemudouminha visão sobre o futuro dos negócios. Um especialista em tendências da IBM falou sobre omundo hiperconectado e o fimdo dinheiro de papel. Foi o insight que eu precisava para insistir na criação de uma área nova dentro do banco para cuidar demaquininhas de cartão de crédito. Em 2003, pedi demissão para fundar a GetNet e bater de frente comCielo e Rede. Em 2014, vendemos a empresa ao Santander por R$ 1,1 bilhão. Aos 12anos, conversandocomminha irmãmais velha,descobri queela sonhavaemter umcômodoespecial dacasaonde pudesseatender clientespara fazer limpezadepele. Eladescreveu emdetalhescomoseriaaqueleambienteequais ingredientes seriam usados. Fui tomadoporaquela imagem.Nahora, pensei: “Eu vou fazer os cremesquesuasclientes irãousar”.Pelaprimeira vez, sonhei coma ideiade ter umnegócio,massópude realizá-lo 15anosdepois.Costumo dizer queo impossível é sóocomeçode todasaspossibilidades. Enfrenteimuitos problemasde saúde. Aos 26 anos, estava jogando futebol e uma pedra rompeu umnervo de umadas mãos.Mais tarde, por causa de umassalto, sofri uma lesão cerebral. Forammais de 20 cirurgias para recuperar osmovimentos. Na 21º, osmédicos disseramque eu não poderiamais tocar piano. Umdia, decidi estudar regência. Depois disso, já fizmais de 1.500 concertos. Hoje, tenho umprojeto de empreendedorismo social com 10mil crianças treinadas para viraremmúsicos profissionais. Pedro Lima, Café Três Corações Luiz Seabra, Natura JoséRenatoHopf, GetNet João CarlosMartins, maestro ODAY1, eventode inspiraçãodaEndeavor, chegouàdécima edição em junhodeste ano. A cerimônia ocorreunaSala São Paulo, no centroda capital paulista. Cercademil pessoas es- tiveramno local e outras 50mil assistiramà transmissãoon- line em tempo real. O DAY1 nasceu com amissão de contar momentos de virada — o dia D— na carreira de empreen- dedoresque são referência emsuas áreasde atuação. “Éum projeto desenvolvido no Brasil, derivado deworkshops pre- senciais, que até então eramgravadosno improviso e foram transformadospara virar conteúdo audiovisual”, afirmaCa- milla Junqueira, diretora de cultura empreendedora da En- deavor. “A reaçãodopúblico foi ótima.”Abaixo, leia trechos de depoimentos de quatro palestrantes que subiram ao pal- co para compartilhar suas histórias. MOMENTOS DE VIRADA Quatro empreendedores contam fases importantes em suas trajetórias FOTOS: GABRIEL RINALDI / Editora Globo; ROGÉRIO ALBUQUERQUE / Editora Globo;LUCAS LIMA / Editora Globo e Divulgação3 2 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br 032_PE342.indd 32 28/06/2017 19:33:21 GRANDES IDEIAS Abadaladaculturadasstartups convive comumladonadasedutor quenemsempreaparecenos livros epalestrasdenegócios.Vejadicas de livros epodcastsque relatamas históriasmenosconhecidasdoVale Gabriel Ferreira QUAL O MAIOR PROBLEMA QUE VOCÊ OBSERVOU NA GESTÃO DE EMPRESAS DO VALE DO SILÍCIO? Emmuitas startups, existe umaênfase exageradano crescimento a qualquer custo, sempreocupação como lucro ou com a criação de umambiente equilibrado para os funcionários. De que adianta oferecer iogurteevideogamenumespaçoexcessivamentecompe- titivo e tóxico? Há outra questão: alguns fundadores são tratados comorockstarsecelebridades.Ninguémtemcoragemdeenfrentá- losoudedizeraelesnacaraqueestãocometendoerrosgrosseiros. O QUE É A “BRO CULTURE”, SOBRE A QUAL O SENHOR TRATA NO LIVRO DISRUPTED? Basicamente, éummundoque favorecehomens jovensàcustade outros talentos.Um“CEObro”éumjovemquetempoucaexperi- ênciadetrabalho,éarrogantee ligeiramenteamoral.Emvezdeser forçadoporinvestidoresacercar-sedeexecutivosexperientes,eleé autorizadoatomardecisõesporcontaprópria.Erealizaoquevocê esperaqueumjovemimaturofaçaquandolhedãomuitodinheiroe orodeiamdebajuladores:umaculturaconstruídasobregastosim- prudentes,festascommuitosexcessosecomportamentossexistas. O QUE FAZ O VALE SER TÃO GLAMOURIZADO? Aquantidadederiquezahojeproduzidanaregiãonãoencontrapa- raleloemnenhumoutroperíododahistória.Então, aspessoasda- quisãovistascomumaauraromantizada.Etudooqueaconteceno Vale,decerta forma,écopiadoemoutrosambientes.Masacredito que seja ummovimento pendular. Em breve, as empresas devem retornaràsanidade,namedidaemqueos fundosperceberemque estãofinanciandoidiotas,comoaconteceucomoCEOdoUber, re- centementeacusadodeassédiosexualemoraleafastadodocargo. OLADOBDASSTARTUPS “Algunsfundadoressãotratadoscomorockstars.Ninguémtem coragemdeenfrentá-losoudedizeraelesqueestãocometendo errosgrosseiros”,afirmao jornalista,ementrevistaaPEGN NEM TUDO ÉGLAMOUR VALE DO SILÍCIO 1 2 3 DanLyons, 57ANOS OQUE FAZ Jornalista especializado em tecnologia, escreveu para algumas dasmaiores publicações americanas antes de trabalhar na HubSpot, desenvolvedora de software para marketing digital. A decepção com o mundo das startups deu origem ao livro Disrupted, em que critica o Vale do Silício. VALLEYOF THEGODS : A SILICONVALLEY STORY Simon & Schuster ELITE MIMADA Neste livro, a jornalista AlexandraWolfe traça o perfil de alguns jovens empreendedores e seus empregados do Vale do Silício. Eles prometem criar um futuro feliz para a humanidade. Mas as dificuldades em lidar com fracassos e a falta de traquejo social resultam em episódios ora dramáticos, ora cô- micos. Ainda sem tradu- ção, pode ser comprado na Amazon (R$ 86). REBOOT https://www.reboot. io/podcast/ SINCERIDADE NO AR Em sua série de pod- casts, o coach americano JerryColonna entrevista empreendedores sobre seus desafios emocio- nais e psicológicos— e como eles fizerampara dar a volta por cima. O desencanto coma vida de empreendedor e com as dificuldades ematender às expectativas dos investidores são assuntos frequentes das conversas. OPTIONB: FACING ADVERSITY, BUILDING RESILIENCE, AND FINDING JOY Knopf PERDAS E DECEPÇÕES Amorte domarido de SherylSandberg, di- retora de operações do Facebook, serve de pano de fundo para que ela e opsicólogoAdamGrant falemde habilidades comoperseverança e resiliência— e de como elas são importantes para treinar amente a vencer adversidades emambientes ultra- exigentes. A versão em inglês está disponível na Amazon (R$86). FOTOS: GRETCHEN ERTL/AFP E DIVULGAÇÃO3 4 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br 034_PE342.indd 34 28/06/2017 17:21:47 ESSENCIAL PARAQUEMVAICOMPRARUMAFRANQUIA JÁNASBANCAS Disponível paratablets e smartphones. 3 6 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br PAOLA CAROSELLAENTREVISTA Paola Carosella Nasceu em Buenos Aires, tem 44 anos e fez estágios com chefs de cozinha famosos em Paris, Londres e Nova York. Chegou ao Brasil em 2001 para trabalhar no restaurante A Figueira Rubaiyat. É fundadora do Arturito, de cozinha variada, e do café La Guapa, especializado em empanadas. Tem uma filha de 5 anos de um antigo relacionamento e namora com o fotógrafo irlandês Jason Lowe, quemora em Londres. “COZINHA ÉUMLUGARDE EGOS EMUITOMACHISTA” BrunoVieira Feijó Omar Paixão/Editora Globo A argentina Paola Carosella é hoje um dos nomesmais conhecidos da culinária no Brasil. Aos 44 anos, é dona dos restaurantes Arturito e La Guapa (que faturaram em torno de R$ 14milhões em 2016) e jurada do programa MasterChef, líder de audiência na Band. Sua trajetória pessoal e como cozinheira (ela gosta de ser chamada assim, e não de chef) é recheada de episódios de conquista, mas tambémdemuito sofrimento: perda dos pais, sócios difíceis e dívidamilionária. Já encarou assédio sexual, jornadas intermináveis e o ego inflado de mestres como Francis Mallmann, o chef que a trouxe ao Brasil para comandar a cozinha do paulistano Rubaiyat. A seguir, Paola conta como deu a volta por cima e se tornou uma empreendedora de sucesso cultivando a autenticidade e a simplicidade como principais ingredientes da vida. Como você descobriu a sua paixão pela cozinha? Eu ainda era criança. A cozinha sempre foi o centro da casa dos meus avós, uma família de imi- grantes italianos. Na casa deles, eu ajudava a depenar galinhas e tirar a pele de coelhos criados no quintal. Ia para ahorta, colhia, pi- cava e cozinhava. Adorava a for- ma comominha avó colocava co- mida farta na mesa e todo mun- do babava, parecia umatomuito poderoso. Esses eram os fins de semana. De segunda a sexta era diferente. Sou filha de pais se- parados e morava com a minha mãe em um apartamento, onde me sentia muito sozinha. O que me resgatava da solidão era co- zinhar. Os ingredientes que eu tinha eram limitados: presunto, ovos, arroz. Não tinha a fartura da casa dos meus avós. E assim, comecei aprepararo jantar, espe- randominhamãe chegar do tra- balho. Eu aprendia receitas em programas culinários daTVeno- tava que levava jeito para a coisa. Você nunca chegou a traba- lhar em outra profissão? Quando terminei a escola, aos 18 anos, não sabia muito bem qual faculdade escolher.Minhas ami- gas queriam se formar em enge- nharia earquitetura.Eudecidi ser cozinheira,mas até conseguir al- gum trabalho na área passei um tempo como secretária e telefo- nista de escritório. NaArgentina dos anos 1990, a cozinha profis- sional não era um ambiente em queumameninade classemédia se envolvia. Aindanãoexistia afi- gura glamourosado chef. Era um ambiente de intolerâncias. Em que sentido? A cozinha sempre foi um lu- gar extremamente competitivo, cheio de egos e machista. Acho que tem a ver com o fato de ser um trabalho muito duro fisica- mente. Asmulheres podemestar lá e fazer o que quiserem,mas o trabalho em restaurante é pesa- 036_042_PE342.indd 36 28/06/2017 16:54:33 JULHO, 2017 pequenas empresas& grandes negócios 3 7 036_042_PE342.indd 37 28/06/2017 16:54:38 3 8 pequenas empresas& grandes negócios JULHO, 2017 www.revistapegn.com.br PAOLA CAROSELLAENTREVISTA vel, virei uma cozinheiramais ou menos visível [risos], subi para sous chef [segundo em coman- do na cozinha] e, só depois, fui trabalhar fora. Minha primeira experiência no exterior se deu em Paris, em 1992. Um chef ar- gentinome indicou. Não pensei duas vezes para aceitar. Sempre tive vontade de vivenciar coisas novas. Na época, estava com 19 anos, falava um francês precá- rio e tinha o dinheiro contado. Porém, quando aceito um desa- fio, me entrego de corpo e alma. Essa experiência foi boa? No Le Grand Véfour, fui para estagiar durante trêsmeses.Ten- tei permanecer o tempoquedeu, mas foi tãosinistroque liguei cho- randopara aminhamãe algumas semanas depois. Eu era a única mulher na cozinha. Aprontavam todo tipo de pegadinha e gracejo que você pode imaginar. Era um ambiente agressivo. Antes depe- dir as contas, fui almoçar emou- tro restaurante famoso, o Le Cé- ladon, para contar a minha his- tória e pedir trabalho.Namanhã seguinte, já estava no emprego novo. Depois fui para o Le Bris- tol, onde aprendi a importância da disciplina, do rigor e do com- prometimento no trabalho. Pos- teriormente, trabalhei em Lon- do emuito ingrato para o corpo. Os horários também. Um cozi- nheiro passa até 12 horas empé, e fica com as pernas horríveis. Tenho problemas de circulação até hoje. Já carreguei caixas de tomate de 15 quilos porque não podia contar com a gentileza de um colega, que não estava nem aí para o fato de eu ser mulher. Às vezes, não dá tempo de fazer xixi. O cozinheiro se queima, se corta, as mãos ficam inchadas e cheirando a tempero. Você sofreu muito assédio? A forma enfática como sempre meposicionei impediuqueeu fos- semuito assediada sexualmente. Eumandava calar a boca,me de- fendia. Mas o assédio existe. De todo tipo. Nunca me esqueço de uma situação na França, quando estagiava num restaurante com duasestrelasnoGuiaMichelin. O setor de pâtisserie era muito es- treito. A cada vez que o chef pas- sava, encostava emmimpor trás. Atéque falei: “Osenhor consegue parar?”. Se contar abusos como trabalhar 14 horas ininterruptas por dia e sem hora extra, então trabalhei muito sob assédio. O estilo de gestão bruto ain- da persiste, mesmo nas me- lhores cozinhas? Jámelhoroubastante, como tu- donosúltimos 15 ou20anosden- tro das empresas. Obviamente, existem extremos. Conheço um restaurante francês, por exem- plo, que se dá ao luxo de ter três chefs de cozinha. Cadaumtraba- lha efetivamente quatro meses por ano. O resto do tempo pode ser ocupado com treinamentos, viagens e estágiosparadesenvol- ver novas receitas.Umprivilégio. Vocêestavacontandosobreo assédio ocorrido na França. Emquemomento foipara lá? Primeiro, preciso contar que comecei na Argentina, como uma estagiária invisível. De- pois, passei a cozinheira invisí- dres, na Califórnia e no Uruguai [na cozinha do Los Negros, fun- dadopelochefFrancisMallmann, que mais tarde seria convidado por Belarmino Iglesias para di- rigir em São Paulo a cozinha do A Figueira Rubaiyat]. E quando chegou ao Brasil? Em 2011, fui convidada para trabalhar em São Paulo [Mall- mann, que foi seu patrão no Los Negros, chamou-aparaadminis- trar a cozinha do Rubaiyat com ele].Resolvi arriscar.Mais uma vez,minha vida virou de cabeça parabaixo. Sem falar português, chefiava uma cozinha formada por 60 homens que atendiam 1.500 clientes todos os dias. Ha- via ummovimento incrível. Pa- ra se ter uma ideia, o LosNegros atendia apenas 50 pessoas. As únicas outrasmulheres contra- tadas pelo Belarmino eramgar- çonetes, que trabalhavamcomo modelosnoUruguai. ORubaiyat me ensinou como administrar um negócio complexo. Quando começou sua traje- tória empreendedora? Emmeadosde 2003. Estava tra- balhando há 11, 12 anos para ou- tras pessoas.Não fazia amínima ideia do que era empreender, só queria abrir o meu restaurante. FAMÍLIA MATERNA Na foto, a avó Delia (com uma criança no colo), o avô Lino (segurando a mãe de Paola pelo braço): uma família de imigrantes italianos, na qual as mulheres plantavam, colhiam e cozinhavam intensamente FOTO: ARQUIVO PESSOAL 036_042_PE342.indd 38 28/06/2017 16:54:39 JULHO, 2017 pequenas empresas& grandes negócios 3 9 Foi umcaminhoquemepareceu natural. Meus pais haviam fale- cido alguns anos antes. Eu tinha uma pequena herança daminha mãe, que usei para abrir o Julia Cocina [nome inspirado no filme Julie& Julia, emqueMeryl Streep interpretaumacozinheirademão cheia]. Comoempresária, fui uma ótima cozinheira. Tive umsócio, mas a parceria não deu certo. Eu achava que estava me dedican- do muito mais do que ele. Além disso, ele fazia retiradas altas do caixa.Odinheiro erada empresa, nãodele. Pensoqueodinheiro só é dos sócios depois que o lucro é apurado e a distribuição de divi- dendos é registrada