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DIREITO CONSTITUCIONAL I 1o bimestre: Direito: conjunto de normas com o objetivo de organização social, que tem por eficácia o uso da sanção Ordenamento Jurídico: conjunto de normas jurídicas organizadas de formas hierárquica. É o objeto de estudos do direito. Normas primárias: âmbito proibitivo (o que pode ou não ser feito) Normas secundárias: relaciona-se com a obrigação do juiz de impor o castigo quando acontece o seu pressuposto. Existência: deve ter sido observado o procedimento exigido para a sua existência. Validade: ad eternum. Não retroage, com exceção do código penal. Conforme o ordenamento jurídico, especialmente a Constituição Federal. Eficácia: capacidade da norma de atingir sua finalidade na sociedade. Direito Constitucional: principal ramo do Direito Público. Regulamenta as relações políticas do poder do Estado e os direitos fundamentais garantidos as pessoas. Todas as normas devem estar de acordo com o texto constitucional. Objeto de estudo: todo o direito, incluindo as normas infraconstitucionais. 1. Sub área: teoria da constituição, vale para a maioria das constituições. 2. Sub área: Direito Constitucional Positivo 3. Sub área: Direito Constitucional Processual 4. Sub área: Direito Constitucional Transnacional. Fontes: leis escritas, doutrinas, costumes, jurisprudência do STF (erga omnes: vale para todos). Juristantum: admite-se provas em contrário. Ordenamento Jurídico: conjunto de normas que guardam a relação de completude (falta de lacunas), coerência (ausência de antinomias) e unidade (hierarquia entre normas) • Relação entre ordenamentos: dualista, soberanos • Antinomias: duas normas contrárias que pertencem ao mesmo âmbito de eficácia. • Temporal • Espacial • Componente material • Pessoal Critérios de resolução de antinomias: hierarquia, cronológico, especialidade. Unidade: Constitucionalismo: evolução do nosso sistema constitucional. Objetivo: limitar o Poder do Estado Absoluto. • Iluminismo • Revolução Francesa • Revolução Industrial • Karl Marx • Revolução tecnológica • Segunda Guerra Mundial Estado: “território, povo, poder” -> exercício do poder. Estado Absoluto: poder é absoluto, incontestável (uso da religião para legitimar o poder). Iluminismo: o poder absoluto passa a ser questionado. Transição para o antropocentrismo – estado liberal. Busca pela liberdade, ou seja, a ausência de intervenção do Estado na vida privada. 1. Documentos oficiais: Carta magna (Inglaterra)1, Bill of Rights (EUA)2, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França). Inglaterra: primeiro país a criar o Estado de Direito. Possui uma constituição costumeira, não escrita. Entretanto, possui vários documentos espalhados, não copilados. • Petition of Rights; • Habeas Corpus act; • Human Right act; • Constitutional Reform act. Estados Unidos: Declaração de Direitos de Virgínia (1776), marco de resistência das colônias Britânicas. Teve influência do país fundador (Inglaterra) em relação ao contrato social. Processo de unificação das 13 colônias. Direitos Naturais -> Direitos do povo França: constitucionalismo na França: • Antecedentes: Revolução Francesa. • Contra privilégios • Intelectualismo • Mundialismo A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão é baseada no Iluminismo e possui pretensão de universalidade. ______________________________________________ ______________________________________________ _ 1-Ano 1215. Art. 39. Nenhum homem livre será capturado, aprisionado ou desapropriado de seus bens. -> Ruptura com o Absolutismo, 2- Ano 1689. Organização de poder. Proteger o cidadão do Estado. Declaração dos direitos humanos. Estado CONSTITUCIONAL de Direito: surge como um processo revolucionário em oposição ao absolutismo. Características: • Império da Lei: todos encontram-se abaixo da lei • Separação de poderes: freios e contrapesos (marca do Estado de Direito) • Direitos e Garantias Fundamentais: liberdade, vida, propriedade, controle do Estado. As Dimensões dos DIREITOS FUNDAMENTAIS: 1a Dimensão: • Transição do Estado Absoluto para o Estado Moderno. • Liberdades Individuais • Natureza negativa: proibições ao Estado. • Crítica: inversão dos direitos de primeira dimensão – os políticos utilizam a presunção da inocência para manter seus cargos sob investigação, enquanto esse direito foi criado para proteger o povo do Estado. 2a Dimensão: • Passagem do Estado Moderno para o Estado Social • Ineficácia dos direitos individuais: apenas as classes favorecidas possuem a liberdade. • Direitos Sociais: crítica Marxista • Natureza Positiva: estado Interventor, intervia na sociedade, busca pela igualdade, saúde, educação... • Busca pela igualdade • Concepção de felicidade: depende dos direitos fundamentais oferecidos pelo Estado. • Princípio do não retrocesso dos direitos já adquiridos • Mínimo existencial 3a Dimensão: • Passagem do Estado Social para o Estado Democrático. • Comunidade internacional. • Tentativa de conciliar as duas outras dimensões – direitos sociais e individuais. • Direitos difusos: sem titularidade específica, servem para todos. Ex: meio ambiente, consumidor, voto, nacionalidade, cultura... • Preocupação com a eficácia destes direitos. • Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão. Primeira Dimensão Segunda Dimensão Terceira Dimensão Titularidade Indivíduo Coletivo Difusa Natureza Negativa Positiva Ativa/Participativa Contexto Histórico Revolução Burguesa Revolução Industrial II Guerra Mundial Exemplos Liberdade, Propriedade, presunção da inocência Saúde, educação, infância Voto, Cultura, Meio ambiente Valor Liberdade Igualdade Fraternidade/solidariedade. Constitucionalismo: 1. Futuro: adivinhar as próximas constituições, 2. Transnacional: não se limitam a um território 3. Neoconstitucionalismo: maior eficácia da constituição, marco jurisprudencial do STF, pós – positivismo: valores que devem guiar o direito. Força Normativa da Constituição: efetividade plena das normas contidas na Carta Magna de um Estado. Toda norma Constitucional deve ser revestida de um mínimo de eficácia, sob pena de figurar “letra morta em papel”. Hesse afirma que a Constituição não configura apenas o “ser”, mas um dever ser, ou seja, a Constituição deve incorporar em seu bojo a realidade jurídica do Estado, estando conexa com a realidade social. Vontade de Constituição: responsabilidade que permita dar força aos princípios constitucionais, não permitindo que ventos momentâneos tirem a nau da sociedade de seu rumo correto. Vontade de tornar a constituição eficaz. Vontade de realizar a constituição. Constituição: Conceito: organização dos elementos essenciais. Um sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regulam a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, os limites de suas ações, os direitos fundamentais do homem e suas respectivas garantias. É o conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado. Sentidos da Constituição: Sociológico: Constituição como uma “folha de papel’, que deve ser criada pelos fatores reais de poder que regem um país, ou seja, cada segmento da sociedade deve ser representado em sua criação, sob pena dela não resultar legítima. (o que vale são as relações na sociedade, pois se a constituição não estiver de acordo com a sociedade, será apenas uma folha de papel. A constituição deve representar as normas sociais). Eficácia Político: decisão política fundamental, decisão concreta de conjunto sobre modo e forma de existência da unidade política. Jurídico: constituição é considerada norma pura, puro dever-ser, sem qualquer pretensão a fundamentaçãosociológica, política ou filosófica. Classificação das Constituições: 1) Quanto ao conteúdo • Materiais: sentido sociológico. Conteúdo básico, tópicos necessários referentes à composição e o funcionamento da ordem política- estatal. • Formais: documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte, e somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos. 2) Quanto à forma • Escrita: codificada e esquematizada em um texto único. • Não escrita: as normas não constam em um documento solene, baseiam-se principalmente nos costumes, na jurisprudência, em convenções e em textos esparsos. 3) Quanto ao modo de elaboração • Dogmáticas: sempre escrita, elaborada por um órgão constituinte e sistematiza os dogmas ou ideias fundamentais da teoria política e do Direito dominante no momento. • Históricas: ou costumeira, não é escrita, é resultante da lenta formação histórica , da evolução das tradições, dos fatos sócio- políticos. 4) Quanto à origem • Populares (democráticas): originam de um órgão constituinte composto por representantes do povo, eleitos para tal finalidade. • Outorgadas: elaboradas e estabelecidas sem participação popular, o governante simplesmente impõem a constituição. 5) Quanto à estabilidade: • Rígidas: somente será alterada mediante processos, solenidades e exigências formais. • Flexíveis: pode ser livremente alterada pelo legislador, • Semi-rígidas: parte rígida e parte flexível Estrutura: Preâmbulo: Pre ambulare: aquilo que antecede. “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus3, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.” Explicita a legitimidade, elenca os valores fundamentais que guiam a constituição. Estes valores serão repedidos na parte permanente. Tem natureza simbólica, não é norma constitucional, logo não é parâmetro de constitucionalidade. ______________________________________________ ______________________________________________ _ 3 - STF entende que não há problema em citar Deus, pois, a) a expressão é reflexo de um momento histórico, b) o preâmbulo não é parte normativa, c) Deus referido é ecumênico. Parte Transitória: (ADCT- Atos das Disposições Constitucionais Transitórias): Não possui pretensão de permanência, possui natureza de norma constitucional. É caracterizada pela vigência temporal limitada. Ex: ADCT, Art. 4o”. O mandato do atual Presidente da República terminará em 15 de março de 1990”. Regulamenta a transição entre as ordens jurídicas. Ex: ADCT, Art. 29. Parte Permanente: Normas constitucionais permanentes. Possui as funções e as partes da constituição. Seu formato e sua edição são regulamentadas pela lei complementar 95/98 1) Funções: a. Limitação Jurídica e controle do poder b. Separação horizontal, vertical e temporal do poder: i. Horizontal: poderes equivalentes: Executivo, Legislativo e Judiciário. ii. Vertical: hierarquia. Federal, Estadual, Municipal. iii. Temporal: mandatos/ reeleição. c. Ordem e Ordenação: regular como o poder será exercido, organização. d. Legitimação da Ordem Jurídica: garantir que a cada ciclo as autoridades sejam legitimadas – direitos políticos. e. Estabilidade: segurança jurídica f. Reconhecimento e Garantias: visam assegurar os demais direitos, ferramentas para efetivar os direitos. g. Imposição de fins. Função Dirigente: cartas constitucionais podem impor finalidades, norte da constituição. 2) Elementos: não se limitam a parte permanente. i. Orgânicos: organizam a execução de poder. Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. ii. Limitativos: limita o poder do Estado. Art. 5º . II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; iii. Socio-ideológico: direitos sociais, obrigações do Estado. Norte de Valores e princípios. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; iiii. Estabilização: restaurar o equilíbrio em casos de caos. Situações anormais. Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I - manter a integridade nacional; II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; v. Aplicabilidade: aplicar hermeneuticamente a constituição, comandos. Art. 5o. § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Poder Constituinte: Poder que confere legitimidade a todo o Estado. “Apesar de estar no povo, nós o exercemos através da representatividade”. Não necessariamente é democrático. Conceito: Poder de criar uma nova constituição. Ponto de partida. Poder Constituinte Originário: manifesta-se por si só Natureza Preconstituinte: a doutrina não é unanime a respeito da natureza, entretanto, concordam que não é jurídica. (pré, pós, extra jurídico). Art. 1o. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Sieyès: primeiro filósofo francês a falar sobre “o que é o 3o Estado?’’. “A nação francesa poderia dar a si próprio uma nova constituição.” Manifestação do Poder Constituinte em dois momentos: 1. Triunfo de uma ideia de direito (valores) 2. Formalização de uma nova Constituição – criação de um corpo constitucional. Características do Poder Constituinte: • Inicial e originário: não precisa ser relacionado com o passado ou qualquer ordem jurídica anterior. Base para uma nova ordem jurídica. • Autônomo e exclusivo: auto determinação (possibilidade de tratar sobre o que quiser). Não pode haver outro poder constituinte simultaneamente. • Incondicionado e ilimitado: Doutrina clássica: não é relacionado com a realidade nem com o direito anterior. Não há condicionantes do poder constituinte. Nada que a ordem jurídica anterior prescrevia vincula o poder constituinte. Características da primeira constituição de um país. Doutrina Atual: Há condicionamentos ao poder constituinte. Valores civilizatórios construídos historicamente (direitos humanos). * Os condicionantes podem ser pré constituintes (em países com várias constituições) ou pós constituinte (a constituição só entrará em vigência após passar pelo crivo da população, por exemplo.) • Permanente e Inalienável: não é possível dispor do poder constituinte. Quem é titular do Poder Constituinte? Princípio democrático da soberania popular – pertence ao povo. Questão de Legitimidade: • Poder de criar ou impor uma nova Constituição • Diferente validade e legalidade • Soberania popular ou nacional (We the people) Ps: Duas formas de exercício: a) revolução, grupo revolucionário edita uma nova Constituição. B) Assembleia Constituinte Formas de Expressão: • Revelar,dizer e criar: • Expressão não democrática • Titularidade e exercício i. Soberano: depende da aprovação da população. ii. Não soberano: não depende da aprovação da população. Outorgada iii. Exercício exclusivo: os representantes apenas criam a constituição. iiii. Exercício Não Exclusivo: os representantes possuem cargos eletivos. • Revolução: Mudanças profundas na sociedade. a. Sentido Sociológico: alteração organizacional na sociedade. Causa de uma revolução jurídica. Manifestações populares b. Sentido Jurídico: novo texto constitucional c. Hiato Constitucional: lapso temporal entre duas constituições. Expressão de um poder constituinte. Poder Constituinte Derivado: mudança na Constituição. a. Poder de Reforma: Reforma da Constituição Federal • Revisão: Art. 3o ADCT: limitada temporariamente, fácil, objetivo imediato. • Emendas: Art. 60. Ilimitado temporalmente, difícil, objetivo justificado com tempo. b. Poder Complementar: estados membros vão criar suas constituições estaduais. Características do Poder Constituinte Derivado: • Limitada juridicamente: a Constituição impõem limites a sua alteração, criando determinadas áreas imutáveis. • Secundário de continuidade: • Condicionado: deve obedecer processo determinado para sua alteração. Formalidades. Limites da Reforma Constitucional: i. Limites Formais: • Subjetivos: Art. 60. Quem pode propor uma constituição? • Procedimentais: Art 60. § 2o, 3o,5o. Quais os procedimentos necessários. ii. Limites Temporais: emendas de revisão (propostas 5 anos após a promulgação da constituição) sem eficácia atualmente. iii. Limites Circunstanciais: em caso de intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio. Art 60. § 1o iiii. Limites Materiais: cláusulas pétreas. Art 60. § 4o.
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