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Página | � PAGE \* MERGEFORMAT �32� CURSO DE DIREITO CONTRATUAL (contratos em espécie) Contrato de Compra e Venda Conceito: contrato pelo qual alguém (o vendedor) se obriga a transferir ao comprador o domínio de coisa móvel ou imóvel, mediante uma remuneração, denominada preço (art. 481, CC). Características: Sinalagmático (bilateral): cria-se obrigações tanto para o comprador (pagar o preço) como para o vendedor (entregar a coisa). Dois atos que correspondem a uma só atividade jurídica. Cada ato corresponde, a um só tempo, causa e efeito da outra (correspectivas) Oneroso: confere vantagens econômicas a ambas as partes: (para o vendedor) – o direito de obter o preço; (para o comprador) : o direito de receber a coisa. Comutativo (a regra): prestações determináveis e equivalentes no momento da conclusão do contrato. O contrato de compra e venda será aleatório se disser respeito a: coisas futuras, cujo risco de não vierem a existir seja assumido pelo comprados; coisas futuras, cujo risco de virem a existir em qualquer quantidade seja assumido pelo comprados; coisas presentes, mas expostas a riscos, assumidas pelo comprador (Orlando Gomes, Contratos, p. 230). Consensual: forma-se pelo simples acordo de vontades Pergunta-se: O contrato de compra e venda é translativo da propriedade ? - compõe o conteúdo, que se perfaz pela tradição ou pelo registro (art. 482, CC). A transferência da propriedade se divide em duas fases: O contrato de compra e venda: efeito meramente obrigacional, constituindo-se título causal. A tradição ou registro: constituem o ato translativo (Serpa Lopes, Curso de Direito Civil, vol. III, p. 291). Pergunta-se: O que se entende por efeito obrigacional do contrato de compra e venda ? Ius ad rem: tem o comprador direito pessoal, contra o vendedor, para haver a coisa; Na hipótese de venda dupla: cabe ao preterido apenas perdas e danos em face do vendedor, consolidando-se a propriedade em face do adquirente de boa-fé. Direito ao preço: tem o vendedor direito pessoal contra o comprador, para haver o preço; Quanto à aplicação a regra res perit domino: O vendedor, que continua proprietário da coisa até o momento da tradição ou registro, tem o dever de conservar a coisa, enquanto não se efetivar a transmissão do domínio, suportando os riscos do eventual perecimento. Elementos essenciais: (1) Coisa; (2) Preço; (3) Consentimento (art. 482, CC). Coisa: todo e qualquer bem pode ser objeto do contrato, desde que se encontre no comércio: a) presente ou futuro; b) próprio ou alheio. No caso de bem futuro que não venha existir: Se comutativo, ficará sem efeito, restituindo-se as partes ao estado anterior – art. 483, CC, primeira parte; Se aleatório, necessária a distinção entre as hipóteses de emptio spei (compra da esperança) e emptio rei speratae (compra da coisa esperada). Na emptio spei (compra da esperança): a existência da coisa futura depende do acaso – terá o comprador de pagar o preço, já que assumiu o risco, se a inexistência da coisa se deu sem culpa do vendedor (art. 458, CC). Na emptio rei speratae (compra da coisa esperada): a existência das coisas futuras está na ordem natural, sendo apenas a qualidade e quantidade fruto do acaso (Ex: colheita) – se a coisa vier a existir em qualquer quantidade ou qualidade, o vendedor fará jus ao preço; se a coisa não vier a existir, resolve-se o contrato e as partes voltam ao status quo ante – art. 459, CC. Na dúvida, aplica-se a emptio rei speratae: por ser mais favorável ao comprador (art. 231, CC). Compra e venda de herança futura: inadmissível o chamado pacto corvina (art. 426, CC). Venda à vista de amostras, protótipos ou modelos: exige-se que as qualidades correspondentes nas amostras, protótipos e modelos sejam também encontradas na coisa propriamente dita (art. 484, CC). Incluem-se as hipóteses de produtos oferecidos por fotografias (Carvalho Santos, Código Civil brasileiro Interpretado, vol XVI, p.150). Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo se houver contradição ou diferença entre a coisa entregue e aquilo pactuado (art. 484, CC,§único). Controvérsia: Trata-se de negócio condicional ? Não: o negócio jurídico não fica sujeito a evento incerto, estabelecendo-se desde logo uma obrigação exata e definitiva (Carvalho de Mendonça); Sim: O negócio somente se torna perfeito com a verificação da identidade entre o objeto comprado e a amostra (Arnold Wald). Preço: consiste em soma de dinheiro que equivale ao valor da coisa objeto do contrato. Exige-se a pecuniaridade do preço no momento da celebração: Quando há entrega de outro bem: haverá troca ou dação em pagamento. Quando se convenciona o pagamento do preço em dinheiro, mas posteriormente as partes convencionam a entrega de um bem: hipótese de dação em pagamento, que não desnatura o contrato celebrado de compra e venda. Quando se convenciona o pagamento do preço parte em dinheiro e parte em bem: verifica-se a predominância sensível da soma em dinheiro sobre o valor da coisa, ou vice-versa (Caio Mário, Instituições, p. 181). Exige-se a seriedade do preço (real e verdadeiro): Veda-se os preços irrisórios: vício da lesão (art. 157, CC) Veda-se os preços fictícios: vício da simulação. Exige-se ser certo e determinável o preço. A sua determinação dá-se: (1) estipulação entre as partes; - Veda-se a potestatividade pura: deixar a determinação ao arbítrio exclusivo de uma das partes – art. 122 c/c art. 489, CC; (2) tabelamento ou tarifamento por parte da autoridade pública, se for o caso; (3) arbitramento por um terceiro, a critério das partes – art. 485, CC; - aceite do terceiro: trata-se de condição suspensiva para o aperfeiçoamento do contrato. - efeito retrooperante:considera-se celebrado o contrato desde o momento em que as partes o pactuaram. - as partes não podem recusar o preço oferecido: sob pena de se transformar em uma cláusula de arrependimento por via reflexa. - momento da estipulação: quando da estipulação do preço e não da celebração do contrato. Teoria da imprevisão: deve-se recompor o equilíbrio econômico financeiro - não cabe integração judicial (Caio Mário). (4) fixação do valor da coisa, segundo sua cotação, no mercado ou na bolsa, em certo momento e lugar – art. 486, CC – ou fixação por índices e parâmetros objetivos (art. 487, CC). - funcionamento do mercado ou da bolsa: trata-se de condição suspensiva para o aperfeiçoamento do contrato. - variação de cotação no mesmo dia, em que não há estipulação de horário: preço médio de mercado do dia (art. 488, § único, CC, por analogia). - na ausência de inexistência das hipóteses anteriores: considera-se o preço habitual praticado pelo vendedor (art. 489, CC). - acessórios do preço - despesas de registro e escritura (a cargo do comprador) e despesas com a tradição (a cargo do vendedor) - art. 490, CC. Decidam Consentimento: acordo de vontades manifestadas, naturalmente, por agente capaz. Momento de formação: tratativas - há o oferecimento mútuo de propostas e contrapropostas (art. 427, CC). Exige-se capacidade genérica e capacidade especial (legitimação) – art. 496 e 497, CC. Aperfeiçoa-se solo consensu: independe de formalidades, salvo no caso de venda de bens imóvel no valor superior a 30 (trinta) salários mínimos, quando se exige escritura pública – art. 108 c/c 215, CC. Elementos não essenciais: (1) Tempo; (2) Lugar; (3) Modo de execução. Dispensáveis, apesar de relevantes: na ausência, cabe a integração do negócio jurídico, seja por posterior consenso das partes ou por suprimento judicial. Ex: Contrato de compra e venda celebrado sem que as partes tenham acordado sobre os ditos elementos supletivos. Não poderá o alienante deixar de proceder à entrega, alegando que não definidas as condições de tempo, lugar e modo deexecução. Hipótese de venda condicional ou a termo: ajusta-se elementos acidentais que fazem depender de acontecimentos futuros a produção de efeitos do negocio jurídico – pendente condição suspensiva ou termo inicial, diz-se que o contrato existe, mas não produz seus regulares efeitos. Da tradição da coisa: - tempo: após o recebimento do preço (art. 491, CC) em caso de tradição antes do pagamento do preço e o comprador cair em insolvência: poderá o vendedor exigir caução – art. 495, CC. Não é necessária a insolvência civil ou falência: basta a insolvabilidade – justo receio de que o comprador não conseguirá honrar o compromisso. igual proteção é conferida ao comprador em que paga o preço antes de ser realizada a entrega (art. 477, CC). - lugar: em regra, no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda (art. 493, CC). Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador: o risco corre em desfavor do comprador, uma vez entregue a coisa a quem haja de transportá-la – (art. 494, CC). - responsabilidade: pelos débitos que gravem a coisa existentes até o momento da tradição: vendedor (art. 502, CC). pelo perecimento até o momento da tradição: vendedor – art. 492, CC (primeira parte) – presunção res perit domino. pelo preço: comprador – art. 492, CC (segunda parte) pelos fortuitos que ocorrerem no ato de contar, marcar ou assinalar coisas que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando: comprador, desde que já tiverem sido postas à disposição do mesmo – art. 492, CC (§ 1º). se o comprador estiver em mora de receber as coisas: comprador, desde que a coisa esteja posta à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados - art. 492, CC (§ 2º). Venda ad mensuram (quando o imóvel é vendido por valor que corresponda ao produto da soma do preço estipulado para cada unidade de medida) X venda ad corpus (quando a referência às dimensões do imóvel é meramente enunciativa, já que a venda recai sobre objeto certo e determinável) Presunção legal de venda ad corpus (art. 500, § 1º). Na hipótese de entrega de imóvel com metragem inferior, na venda ad mensuram: o comprador terá direito de exigir o complemento da área ou, em não sendo possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional do preço (art. 500, CC, caput). Na hipótese de entrega de imóvel com metragem superior, na venda ad mensuram: segundo escolha do comprador, o mesmo poderá completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso (art. 500, § 2º). Na hipótese de venda ad corpus: não haverá complemento, nem devolução (art. 500, § 3º, CC). Prezo decadencial: art. 501, CC- 01 ano a contar do registro do título ou a partir da imissão na posse. Quanto ao defeito oculto, nas coisas vendidas conjuntamente, não é autorizado a rejeição de todas (art. 503, CC). - Da Restrição à Compra e Venda Da venda de ascendente à descendente (art. 496, CC). Da venda entre cônjuges (art. 499, CC). - há a possibilidade de compra e venda de bens afetados com clausula de incomunicabilidade (art. 1668, I, CC)? Não, pois importaria em fraude à disposição de vontade que instituiu a cláusula. Sim, pois incomunicabilidade não gera inalienabilidade (art. 1911, CC).?????? Da venda de bens sob administração (art. 497, CC). Da venda de bens em condomínio (art. 504, CC). - restrição aplicável apenas na hipótese do condomínio pro indiviso (STJ). DAS CLÁUSULAS ESPECIAIS À COMPRA E VENDA Cláusula de retrovenda (art. 505 a 508, CC) - Trata-se de cláusula acessória/ importa em uma condição resolutiva/ não é nova alienação/ paga-se somente um imposto: o Imposto de Transmissão Inter Vivos. - Conceito: cláusula em que o vendedor de um imóvel se reserva o direito de recobrá-lo em certo prazo restituindo o preço mais despesas. - outorga uxória de ambos os contratantes: (art. 1647, I. CC). - retrovenda feita por condôminos (art. 508, CC). - Pressupostos da retrovenda 1) Somente imóveis. 2) Prazo decadencial de 03 anos (art. 505, CC) as partes podem reduzir o prazo quando não estabelecido o prazo, exerce-se a qualquer momento, desde que haja prévia notificação. 3) Deve constar no mesmo instrumento da venda: se estiver em outro, será promessa de compra e venda, e não cláusula de retrovenda. 4) Pagar o preço, que imposta: a) valor originalmente pago pela coisa original; b) valor das despesas suportadas comprador, quando da aquisição original; c) valor equivalente às benfeitorias necessárias; d) valor equivalente às benfeitorias úteis e voluptuárias expressamente consentidas, na forma escrita. - Meio de viabilização do direito - Pergunta-se: Qual a medida cabível quando o comprador se recusa a receber o preço? Efetua-se o depósito judicial, quando o comprador se recusa a receber a quantia (art. 506, CC). - na hipótese de insuficiência do depósito: o vendedor não será restituído no domínio enquanto não complementá-lo (art. 506, § único, CC). Pode ser exercido perante terceiros adquirentes (art. 507, CC). - deve-se realizar o registro tanto da compra e venda, como de suas modalidades (art. 167, I, 29, Lei 6.015/73). - Meio de defesa do comprador: Em sendo título executivo extrajudicial: oposição de embargos (art. 585, CPC). Em não sendo título executivo, contestação na ação de conhecimento pelo rito ordinário. - Cessão do direito: Transmissível a herdeiros e legatários (art. 507, CC). Transmissão inter vivos ? Não: Maria Helena Diniz; Sim: Paulo Lobo. - Extinção da retrovenda Pelo exercício do direito do vendedor; Pela preclusão do prazo decadencial (3 anos no máximo); acabado o prazo, resolvido está o contrato; Pelo perecimento do imóvel. O imóvel pode ter sido erodido. E se o imóvel deteriorar? Amanda pagou R$ 500 mil pelo terreno. Se eu quiser comprar de volta, pagarei esse valor a ela. Isso é fato. Só que o imóvel deteriorou, e agora vale R$ 100 mil a menos. Quanto pagarei para Amanda? Os mesmos 500, se eu quisé-lo de volta. E se a deterioração se deu por culpa (ou dolo) do comprador? Aí sim abate-se o valor. Pela renúncia do vendedor. Aqui chamamos de direito de resilição unilateral. Cláusula de venda a contento e Cláusula de venda sujeita a prova (art. 509 a 512, CC). - Venda a contento: art. 509, CC Conceito: contrato que se subordina a condição de ficar desfeito se a coisa não agradar o comprador. condição suspensiva (art. 509, CC). Permanece a coisa sob o domínio do vendedor, que assumira os riscos (res perit domino). não se trata de condição puramente potestativa: mas simplesmente potestativa (a boa-fé objetiva dará o tom ético da manifestação do comprador). cabe a aprovação tácita (art. 111, CC). em não havendo prazo, necessária a notificação (art. 512, CC). - Venda sujeito a prova (art. 510, CC).liga-se ao fato da coisa ter ou não as qualidades asseguradas pelo vendedor e ser idôneo ou não para o fim a que se destina há margem de discricionariedade menor aplica-se a ela o quanto foi dito em relação a venda a contento Cláusula de preempção ou preferência (arts. 513 a 520, CC): promessa unilateral de oferecer a coisa ao vendedor, pelo peço equivalente ao da oferta feita por um terceiro interessado na sua aquisição. Há duas espécies de preempção: a convencional e a legal - a convencional: constitui um pacto adjeto à compra e venda. Exige uma dupla condição: se o comprador quiser vender/se o vendedor quiser comprar Implica em um direito pessoal: em sendo desrespeitado, gera para o comprador a obrigação de arcar com as perdas e danos. Pode ser objeto tanto bens móveis como imóveis. Prazo para incidir o direito de preferência: 180 dias para as coisas móveis e 02 anos para o imóveis, contados a partir da afronta. Clausula de venda com reserva de domínio (art. 521 a 528, CC) Cláusula de venda sobre documentos (arts. 529 a 532, CC) CONTRATO DE TROCAOU PERMUTA - Conceito: É aquele pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro. - Natureza Jurídica: bilateral ou sinalagmático (traz direitos e deveres recíprocos) /oneroso (presença de sacrifício de vontade pelas partes)/consensual/formal ou informal - aplicação residual: aplicam-se, no que couberem, as mesmas regras previstas para a compra e venda. - Art. 533, CC: destacam-se duas particularidades: Inciso I: regra, de natureza supletiva, quanto à distribuição das despesas entre os permutantes. Inciso II: sanção de anulabilidade à permuta entre ascendentes e descendentes, sem o consentimento do cônjuge e dos demais descendentes, se os valores dos bens trocados forem desiguais. - Caio Mário: natureza jurídica do contrato quando as partes ajustam que uma das prestações se dará, parte em dinheiro, parte em outra coisa: haverá compra e venda ou doação? Corrente objetivista: cogita dos valores, considerando que será troca ou compra e venda se a coisa tiver maior valor do que o saldo, ou vice-versa (Pothier). Corrente subjetivista: dá relevância à intenção das partes e considera troca ou venda o contrato se as partes tiverem o propósito de realizar uma ou outra (Marcadé). Corrente híbrida: conjuga os elementos anímico e material, ensinando que, realizada permuta de bens de valores desiguais, deve o contrato ser tido mesmo como uma permuta, salvo se o valor do saldo exceder tão flagrantemente o valor da coisa, que a prestação pecuniária seja mais importante para as partes. CONTRATO ESTIMATÓRIO OU VENDA EM CONSIGNAÇÃO Conceito: contrato pelo qual o consignante transfere ao consignário bens móveis, para que o último os venda, pagando um preço de estima, ou devolva os bens findo o contrato, dentro do prazo ajustado. Características: bilateral ou sinalagmático/oneroso/real (aperfeiçoado com a entrega da coisa consignada)/cumutativo (as partes já sabem quais são as suas prestações./informal CONTRATO DE DOAÇÃO - Conceito: Contrato pelo qual o doador transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o donatário, sem a presença de qualquer remuneração (art. 538, CC). - Características: Unilateral: somente cria obrigações para uma das partes, o doador. Doação com encargo: natureza jurídica de ônus – imperativo do próprio interesse, não se confundindo com outra obrigação. Gratuito (benéfico): o donatário percebe um aumento em seu patrimônio sem contrapartida. Formal: para se aperfeiçoar não basta o simples consenso Art. 541, CC: impõe a forma escrita Real: excepcionalmente Art. 541, § único, CC; - Elementos: a) subjetivo: vontade de enriquecer o beneficiário a expensas próprias b) objetivo: diminuição do patrimônio do doador e correspondente enriquecimento do donatário (devem ser cumulados). Observação relevante para extremar a doação de outras tantas liberalidades que se podem verificar no direito civil: Ex: remissão de débito, renúncia da prescrição, etc... - Observações Realizado mediante ato inter vivos: distingue da herança testamentária ou do legado O doador só poderá transferir bens que efetivamente estejam em seu patrimônio no momento da execução do contrato Semelhante à compra e venda, admite-se a doação de bem futuro ou alheio, desde que no momento da transferência se possa cumprir a obrigação de entrega. Promessa de Doação: admissibilidade ? 1ª corrente) Majoritária - nega-se os efeitos - incompatibilidade entre a natureza calcada na liberalidade da doação e a possibilidade de execução coativa da obrigação de fazer (STF, RE 105.862/85 – Oscar Dias Corrêa) 2ª corrente) Intermediária - admite-se a promessa da doação nas hipóteses em que a doação não seja pura – vislumbra-se um correspectivo nestes casos. Ex 1: Promessa de doação aos filhos do casal em sede de dissolução de sociedade conjugal (STF, RE 109.097/86 – Octávio Gallotti). Ex 2: somente nos casos de doação modal seria possível conceber a promessa de doação – o encargo imposto legitimaria o donatário a exigir o cumprimento da prestação por parte do doador (Caio Mário). 3ª Corrente: Intermediária - admite-se a promessa da doação pura, mas o descumprimento enseja uma indenização e não a execução forçada (Pontes de Miranda e Silvio Venosa). 4ª Corrente: Minoritária – sustenta a validade da promessa e sua exeqüibilidade (Washington de Barros, Paulo Lobo, Arnaldo Rizzardo, Arnold Wald). Leitura Recomendada: RTDC, nº 24, p. 3-22 (artigo da Maria Celina Bodin de Moraes). d) Aceitação: 04 espécies de aceitação: expresso, tácito, presumido e ficto (Caio Mário). expresso: se o donatário declarar que aceita a doação; tácito quando se possa inferir-lo de uma conduta do donatário (Ex: na doação propter nuptias, cansando-se o donatário; presumido: se assinado um dado prazo para que o donatário declare se aceita ou não a doação, este se queda inerte; ficto: quando se tratar de doação pura feita em favor de incapaz - Controvérsia: Se o doador morrer antes de o donatário aceitar a doação e depois de ter conhecimento de sua oferta ? 1ª corrente: a doação deve resolver-se porque o contrato não chegou a se firmar (Bevilaqua); posição adotada pelo CC português: art. 945, nº 1) 2ª corrente) a morte não obstará à conclusão do contrato, porque a declaração de vontade do primeiro já se fizera, e o vinculo obrigacional aguardava tão somente a aceitação do segundo (Caio Mário) quando a morte do donatário se dá antes do fim do prazo assinado pelo doador para que se manifeste quanto à eventual aceitação ou recusa: o negócio se resolve, já que o consenso não foi formado. Espécies de doação: Doação pura Doação em contemplação do merecimento de alguém: destaca-se a motivação do doador - trata-se de doação pura Doação remuneratória: motivada por um préstimo anterior do donatário para com o doador, constituindo uma necessidade moral do doador em compensar o que antes recebeu do donatário - caráter híbrido: o efeito será de doação pura quanto ao excedente ao valor dos serviços remunerados/ será doação onerosa até o limite do valor dos serviços prestados. - responde o doador pelos riscos da evicção e pela garantia dos vícios rebiditórios, até o limite do valor dos serviços (art. 441, CC, único e art. 447, CC). Doação com encargo ou modal: ao aceitar a doação, o donatário assume o ônus de executar uma prestação determinada que, uma vez descumprida, será sancionada com a revogação da doação Regras específicas Art. 539, CC: hipótese de fixação de prazo para o aceite. Art. 540, CC: hipótese em que a doação em contemplação do merecimento do donatário e a doação remuneratória (na parte em que excede o valor dos serviços remuneratório) ou a modal (na parte em que exceder o encargo) não perdem o caráter de liberalidade. Art. 541, CC: em regra, a doação será escrita. Excepcionalmente será verbal (real), desde que o bem seja móvel e de pequeno valor, seguindo-se incontinenti sua tradição. - “pequeno valor”: conceito jurídico indeterminado, que será fixado de acordo com o lugar, as circunstâncias e as partes (San Tiago Dantas) “O pequeno valor a que se refere o texto, há de ser considerado em relação à fortuna do doador; se é pessoa abastada, mesmo as coisas de valor elevado podem ser doadas através da simples doação manual” (STJ REsp. 155.240. pub. DJ 05/02/2001). - imóveis acima de 30 (trinta) vezes salários mínimos: necessidade de escritura pública (art. 108, CC). Art. 542, CC: hipótese em que o representante legal do nascituro aceita a doação. - distinção entre a doação em favor de nascituro/em favor de incapaz (art. 543, CC)/prole eventual de determinada pessoa (art. 546, CC). Art. 543, CC: hipótese de aceitação ficta em doação para absolutamente incapaz. Art. 544, CC: hipótese em que a doação de ascendente a descendentes, ou de um cônjuge ao outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança. - a doação será válida até o limiteem que não invada a legítima dos demais descendentes. - regra de natureza supletiva: pode o doador expressamente dispensar a colação, desde que recaia a doação sobre sua parte disponível. “Dispensa do dever de colação só se opera por expressa e formal manifestação do doador, determinando que a doação ou ato de liberalidade recaia sobre a parcela disponível de seu patrimônio” (STJ, REsp. 730.483 – 03/05/05). Art. 545, CC: hipótese da doação sob a forma de subvenção periódica ao beneficiado Art. 555 ao art. 564, CC – Da Revogação da Doação. DA LOCAÇÃO Conceito (amplo): aquele pelo qual uma das partes, mediante remuneração (aluguel, salário civil ou preço), compromete-se a fornecer à outra, por certo tempo, o uso de uma coisa não fungível, a prestação de um serviço, ou a execução de uma obra determinada. Do conceito, decorre os 03 tipos de locação existentes no Direito Romano: - locatio rei (locação de coisas): tem como conteúdo o uso e gozo de bem infungível; - locatio operarum (locação de serviços): tem como conteúdo a prestação de um serviço com interesse econômico; - locatio operis faciendi (locação de obras ou empreitada): tem como conteúdo a execução de uma obra ou trabalho. A prestação de serviços (locatio operarum) e a empreitada (locatio operis faciendi) não são mais espécies de locação. Conceito (estrito): contrato pelo qual uma das partes (locador ou senhorio) se obriga a ceder à outra (locatário ou inquilino), por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa remuneração, denominada aluguel (art. 565, CC) Denominações: - locação e arrendamento = expressões sinônimas. - arrendamento: para os casos de imóveis rurais ou rústicos/locação: para os imóveis urbanos. - arrendamento: hipótese em que há opção de compra colocada à disposição do arrendatário, por meio do pagamento do VRG (valor residual garantido). Natureza jurídica: - bilateral ou sinalagmático: traz obrigações recíprocas. - comutativo: as partes já sabem quais são as prestações - consensual: aperfeiçoa-se com a manifestação de vontades - informal e não solene: como regra geral, não é necessária escritura pública ou forma escrita. - de execução continuada (ou trato sucessivo): em regra, o cumprimento se protrai no tempo. Elementos essenciais: Consentimento: expresso ou tácito - na locação de imóveis urbanos, exige-se vênia conjugal para o contrato de locação celebrado por prazo igual ou superior a dez anos (art. 3º, lei 8245/91). Coisa: - lícita possível e determinada ou determinável: art. 104, II, CC. - infungível: quer não pode ser substituído por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 85, CC). É da essência do contrato de locação a obrigação do locatário de restituir o bem locado, sem qualquer alteração (art. 569, IV, CC) Pode ser estabelecida infungibilidade do bem fungível: hipótese em o uso e gozo forem concedidos ad pompam vel ostenationem (ex: garrafas de vinho ou cestas de frutas para ornamentação). - corpórea ou incorpórea (ex: direitos autorais – STJ, Resp 26598, Rel. Min. Garcia Vieira, p. 16/11/92). - Pode ser objeto coisas moveis ou imóveis, desde que não tratadas em lei especial: imóveis urbanos (lei 8245/91) e imóveis rurais (lei 4504/64 – Estatuto da Terra). Preço: denomina-se renda ou aluguel - não se exige que seja em dinheiro: dispensa-se a pecuniaridade, salvo nas locações prediais urbanas. - admite-se a fixação por ato governamental/por arbitramento administrativo ou judicial/concorrência pública (nos casos de bens pertencentes à pessoas jurídicas de direito público – Decreto lei 9760/46, art. 95, § único). - deve ser certo e determinado, ou ao menos determinável. Pode ser estabelecido pelos usos e costumes ou mesmo de forma relativamente aleatória (ex: estabelecendo-se o pagamento do aluguel de acordo com a arrecadação ou receita no uso do bem). - Local de pagamento: domicílio do devedor, salvo estipulação em contrário (art. 327, CC). Elementos não essenciais Prazo: temporário (determinado ou indeterminado) - salvo nas locações de imóveis pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno: prazo máximo de 10 anos (art. 96, Decreto lei nº 9760/46). Forma: - informal e não solene: como regra geral, não é necessária escritura pública ou forma escrita. - quando escrito: trata-se de título executivo extrajudicial, mesmo quando não subscrito por duas testemunhas (STJ, Resp. 174.906, Rel. mini. Fernando Gonçalves, j. 06/09/99).
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