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apostila Comunicação e Expressão

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Prévia do material em texto

Márcia Antonia Guedes Molina
Comunicação e 
Expressão
Adaptada/Revisada por Márcia Antonia Guedes Molina
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Comunicação e Expressão, 
parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo 
que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apre-
sentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, 
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, 
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para 
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
Unisa Digital
APRESENTAÇÃO
 SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5
1 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM .................................................................................................. 7
1.1 Processo de Comunicação ...........................................................................................................................................7 
1.2 Elementos da Comunicação ........................................................................................................................................8
1.3 As Funções da Linguagem ...........................................................................................................................................9
1.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................11
1.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................11
2 TEXTO E TEXTUALIDADE ................................................................................................................ 13
2.1 Coesão ..............................................................................................................................................................................15
2.2 Coerência .........................................................................................................................................................................17
2.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................18
2.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................18
3 AS SUPERESTRUTURAS TEXTUAIS .......................................................................................... 19
3.1 O Texto Descritivo .........................................................................................................................................................19
3.2 O Texto Narrativo ..........................................................................................................................................................21
3.3 O Texto Dissertativo .....................................................................................................................................................23
3.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................27
3.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................27
4 CONSTITUIÇÃO DO TEXTO ........................................................................................................... 29
4.1 Intertextualidade ..........................................................................................................................................................30
4.2 Paródia ..............................................................................................................................................................................30
4.3 Paráfrase ...........................................................................................................................................................................32
4.4 Estilização ........................................................................................................................................................................34
4.5 Apropriação ....................................................................................................................................................................35
4.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................36
4.7 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................36
5 O TEXTO ACADÊMICO ...................................................................................................................... 37
5.1 Fichamento .....................................................................................................................................................................37
5.2 Resumo .............................................................................................................................................................................40
5.3 A Resenha ........................................................................................................................................................................42
5.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................43
5.5 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................43
6 O TEXTO COMERCIAL ....................................................................................................................... 45
6.1 As Cartas Comerciais ...................................................................................................................................................45
6.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................47
6.3 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................47
7 E-MAILS ......................................................................................................................................................49
7.1 Internet .............................................................................................................................................................................49
7.2 O E-mail Propriamente Dito ......................................................................................................................................497.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................51
7.4 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................51
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 53
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 55
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 59
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5
 INTRODUÇÃO
Uma língua é um lugar donde se vê o mundo e em que se traçam os limites do 
nosso pensar e sentir.
 Vergílio Ferreira
Caro(a) aluno(a), 
Nosso objetivo, neste trabalho, é sintetizar alguns conceitos de textos relevantes para auxiliar 
o processo de produção escrita dos ingressantes no curso superior, favorecendo-lhes, também, uma 
orientação de como elaborar determinadas superestruturas textuais, por meio de técnicas de escritura 
e leitura de textos modelares, bem como a competência para a produção de textos acadêmicos, possi-
bilitando-lhes, ainda, uma orientação de como elaborar determinados textos técnicos.
O trabalho embasa-se em obras dos mais renomados estudiosos da Linguística, como Jakobson 
(2001) e Vanoye (1998); dos mais importantes estudiosos da Linguística de Texto, como Fávero (1999), 
Kock (1997), Guimarães (2004) e Fiorin (2003); e em trabalhos de metodologia do trabalho científico, de 
autores de reconhecida competência, como Severino (2001) e Lakatos e Marconi (1992).
Os conteúdos estão assim organizados: primeiramente, discutiremos a questão de língua e lin-
guagem; depois, os elementos da comunicação e, embasados neles, as funções da linguagem. Parti-
mos, depois, para as noções de texto, textualidade, coesão e coerência, para, em seguida, apresentar as 
superestruturas textuais tradicionalmente reconhecidas: descrição, narração e dissertação. Num outro 
capítulo, depois de uma revisão de texto e textualidade, apresentamos a noção de intertextualidade, 
compreendendo a paródia, paráfrase, estilização e apropriação, para, então, fazer a discussão de ficha-
mento, resumo e resenha. Na sequência, apresentamos a redação comercial e finalizamos a apostila 
com orientações de como escrever e-mails.
A seleção desses conteúdos deve-se à sua relevância como ponto de partida para os demais tex-
tos, embora urge salientarmos que, numa obra simples como a nossa, não temos a pretensão de traçar 
todas as diretrizes possíveis para o bom desenvolvimento de sua competência escrita. Pelo contrário, 
apresentamos aqui apenas um roteiro, um caminho inicial que deverá ser percorrido pelo(a) próprio(a) 
aluno(a), desvendado e ampliado à medida que seu conhecimento sobre a língua e a produção textual 
for ampliado.
Fruto de nossa experiência docente, as lições aqui apresentadas resultam do que foi possível co-
letar do prazeroso convívio com nossos(as) alunos(as) e da observação do brilhante trabalho de muitos 
colegas com quem tivemos o prazer de cruzar durante nossa jornada, especialmente, das atividades 
Márcia Antonia Guedes Molina
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
6
docentes da minha orientadora de doutorado, Profa. Dra. Leonor Lopes Fávero, umas das maiores estu-
diosas de Linguística Textual no Brasil; do meu querido professor Hildebrando A. André, com quem tive o 
prazer de aprender a ensinar redação, e das lições subliminares a mim fornecidas pelo meu amigo, Prof. 
Leo Rícino, brilhante professor de Língua Portuguesa.
Espero que aproveite o conteúdo, que se dedique na leitura dos pontos e que faça as atividades 
aqui propostas com muito empenho.
Um abraço cordial e bom trabalho!!!
Profa. Márcia A. G. Molina
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
7
1 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Caro(a) aluno(a), 
Neste capítulo trataremos da comunicação 
verbal e aspectos da linguagem. Vamos lá?
Muitos autores costumam definir comunica-
ção como “transmissão voluntária de informação” 
(RIEGEL, 1981, p. 21), então, responda-me: como 
se procede, então, essa transmissão? Claro que por 
meio da linguagem. Émile Benveniste (1977) asse-
vera que a linguagem é um sistema de signos so-
cializados, remetendo-nos à sua função de comu-
nicação.
Vale salientar que, para que exista comunica-
ção, as pessoas envolvidas no processo precisam 
fazer uso de um código comum, quer dizer, devem 
“falar a mesma língua”. Isso significa que só há co-
municação quando um entende o outro.
AtençãoAtenção
As línguas são, de acordo com Vanoye 
(1998, p. 21), “casos particulares de um 
fenômeno geral”, ou seja, a linguagem é 
o todo, todas as formas de comunicação, 
e comporta vários códigos, como cores, 
signos, assobios, código Morse etc., já 
as línguas são um tipo específico de 
linguagem.
1.1 Processo de Comunicação
E agora, o que é comunicação?
A comunicação pressupõe sempre a existên-
cia de dois polos: aquele que emite a informação 
e aquele que a recebe – emissor/receptor, locutor/
alocutário, ouvinte/leitor etc. O veículo utilizado 
para a comunicação pode fazer com que esses pa-
péis sejam intercambiáveis ou não. No entanto, é 
importante frisarmos que, para que haja comuni-
cação, deve haver, pelo menos, dois seres envolvi-
dos, fazendo uso dos elementos da comunicação. 
Márcia Antonia Guedes Molina
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8
1.2 Elementos da Comunicação
Código e Mensagem
O emissor e o receptor, como já foi dito, de-
vem dispor do mesmo código, ou seja, do mesmo 
sistema de signos, a fim de que a informação possa 
ser recebida e decodificada pelo receptor. Essa in-
formação decodificada, caro(a) aluno(a), é a men-
sagem.
Referente
Riegel (1981, p. 22) assevera que
os signos do código remetem à realidade 
tal qual é percebida pelo emissor e pelo re-
ceptor. O aspecto específico dessa realida-
de, que é evocada por um signo do código, 
é o referente desse signo. O universo refe-
rencial, exterior ao código, compreende 
tudo aquilo que pode ser designado pelos 
signos e suas combinações: seres, coisas, 
estados, acontecimentos, idéias, etc.
Canal de Comunicação
É necessário um meio físico para que a men-
sagem possa ser veiculada para o interlocutor, ao 
qual damos o nome de canal de comunicação. 
Constituem canais de comunicação o ar, um CD, 
um cabo, um telefone etc.
Esquema da Comunicação
Preste atenção, agora: 
A somatória desses elementos resulta no se-
guinte esquema, que apresenta os elementos in-
dispensáveis para a comunicação:
 
DicionárioDicionário
Referente é aquilo a que se refere no texto.
 Figura 1 – Esquema da comunicação.
Comunicação e Expressão
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9
Agora, vamos ver o que são e quais são as 
funções da linguagem.
A linguagem, de acordo com Jakobson 
(2001), tem toda a variedade de suas funções. 
Antes, porém, propõe que recordemos que o re-
metente envia uma mensagem a um destinatá-
rio. Para que possa ser transmitida, a mensagem 
requer um contexto (ou referente), apreensível 
pelo destinatário, e que seja verbal ou passível de 
verbalização, um código comum (parcial ou total-
mente) a ambos – remetente e destinatário –, e, fi-
nalmente, um contato, ou seja, um canal físico por 
meio do qual possa ser veiculada. Cada um desses 
seis elementos encerra uma função da linguagem 
diferente, como vemos a seguir:
1.3 As Funções da Linguagem
CONTEXTO
1) FUNÇÃO REFERENCIAL
CANAL
2) FUNÇÃO FÁTICA
EMISSOR MENSAGEM RECEPTOR
3) FUNÇÃO EMOTIVA 4) FUNÇÃOPOÉTICA 5) FUNÇÃO CONATIVA
CÓDIGO
6) METALINGUAGEM
Figura 2 – Funções da linguagem.
Apesar de serem seis elementos e, portan-
to, seis funções da linguagem, normalmente as 
mensagens comportam mais de uma função, 
havendo uma predominante, mas não exclusiva.
Deve-se ressaltar que a estrutura da mensa-
gem depende dessa função predominante. Assim, 
a função referencial (também chamada denota-
tiva) está centrada no contexto (referente). Tudo o 
que se refere aos contextos situacionais ou textuais 
pertencem a esta função.
Ex.: Prefeitura libera a pista expressa da Mar-
ginal Pinheiros (Folha de São Paulo, 16 de janeiro 
de 2007).
Márcia Antonia Guedes Molina
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Quando a mensagem está centrada no canal, 
falamos da função fática. Temos, nesse caso, tudo 
o que serve para, numa comunicação, estabelecer, 
manter ou encerrar o contato.
Ex.: Alô, alô, responde...
 Responde...
Já quando a mensagem prioriza o emissor, 
revelando sua personalidade, estamos à frente da 
função emotiva (ou expressiva).
Ex.:
 
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos 
dadas.
(Carlos Drummond de Andrade)
A função poética é aquela em que a prio-
ridade está na própria mensagem, colocando em 
destaque o lado palpável dos signos (JAKOBSON, 
2001).
Ex.: 
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
(Cruz e Souza) 
Quando ocorre a orientação para o receptor 
(destinatário), temos a função conativa. Por isso, 
nessa função, é comum observamos o emprego de 
verbos no modo imperativo, vocativos e ponto de 
exclamação.
Ex.: Assine uma TV a cabo agora e comece a 
pagar somente depois do Carnaval.
Finalmente, quando é dada especial relevân-
cia ao código, estamos à frente da função meta-
linguística.
Ex.: Quando falamos de funções da lingua-
gem, queremos dizer, da possibilidade que tem a 
língua de dar, de acordo com a intenção do falante, 
especial destaque a determinados elementos da 
comunicação.
Nesse caso, usamos a língua para explicar a 
própria língua.
Saiba maisSaiba mais
A função referencial é muito usada em 
classificados.
A metalinguística é a de que se valem os 
dicionários.
Comunicação e Expressão
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11
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo estudamos a Comunicação Humana e as Funções da Linguagem. Em relação à pri-
meira, vimos que ela pressupõe sempre a existência de dois polos: aquele que emite a informação e 
aquele que a recebe – emissor/receptor, locutor/alocutário, ouvinte/leitor etc. Quanto às funções da lin-
guagem, vimos que elas são relacionadas aos elementos da comunicação e podem ser classificadas em: 
função referencial, função fática, função emotiva, função poética, função conativa e função metalinguís-
tica. O importante é lembrar que, muitas vezes, encontramos mais de uma função num mesmo texto.
 
Agora, querido(a) aluno(a), responda às questões abaixo: 
1. Quais são os elementos da comunicação?
2. Quais são as funções da linguagem?
a) Quando a prioridade da mensagem está na própria mensagem, temos a função 
_____________________.
b) Quando a mensagem dirige-se a um receptor, enfatizando-o, temos a função 
_____________________.
Espero que tenha entendido bem essa questão. Então, passemos para outro tópico importante.
1.4 Resumo do Capítulo
1.5 Atividades Propostas
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2 TEXTO E TEXTUALIDADE
Querido(a) aluno(a), 
Texto, etimologicamente, quer dizer tecido, 
ou seja, trata-se de uma trama na qual se devem 
enredar as palavras. 
Já a Linguística do Discurso procura estudar 
os textos como manifestações linguísticas produ-
zidas por indivíduos concretos em situações con-
cretas, sob determinadas condições de produção 
(KOCK, 1997), entendendo-os numa situação inte-
racionista. 
Para que melhor possamos compreendê-los 
nessa perspectiva, analisemos as sequências a se-
guir:
Para calar a boca: Rícino
Pra lavar a roupa: Omo
Para viagem longa: Jato
Para difíceis contas: Calculadora
Para o pneu na lona: Jacaré
Para a pantalona: Nesga
Para pular a onda: Litoral
Para lápis ter ponta: Apontador
Para o Pará e o Amazonas: Látex 
Para parar na pamplona: Assis
Para trazer à tona: Homem - Rã
Para a melhor azeitona: Ibéria
Para o presente da noiva: Marzipã
Para Adidas o Conga: Nacional
Para o outono a folha: Exclusão
Para embaixo da sombra: Guarda-Sol
Para todas as coisas: Dicionário
Para que fiquem prontas: Paciência
Para dormir a fronha: Madrigal
Para brincar na gangorra: Dois
Para fazer uma toca: Bobs
Para beber uma coca: Drops
Para ferver uma sopa: Graus
Para a luz lá na roça: 220 volts
Para vigias em ronda: Café
Para limpar a lousa: Apagador
Para o beijo da moça: Paladar
Para uma voz muito rouca: Hortelã
Para a cor roxa: Ataúde
Para a galocha: Verlon
Para ser moda: Melancia
Para abrir a rosa: Temporada
Para aumentar a vitrola: Sábado
Para a cama de mola: Hóspede
Para trancar bem a porta: Cadeado
Para que serve a calota: Volkswagen
Para quem não acorda: Balde
Para a letra torta: Pauta
Para parecer mais nova: Avon
Para os dias de prova: Amnésia
Pra estourar pipoca: Barulho
Para quem se afoga: Isopor
Para levar na escola: Condução
Para os dias de folga: Namorado 
Para o automóvel que capota: Guincho
Para fechar uma aposta: Paraninfo
Para quem se comporta: Brinde
Para a mulher que aborta: Repouso
Para saber a resposta: Vide - o - Verso
Para escolher a compota: Jundiaí
Para a menina que engorda: Hipofagi
Para a comida das orcas: Krill
Para o telefone que toca
Para a água lá na poça
Para a mesa que vai ser posta
Para você o que você gosta
Diariamente
(REIS, 1991). 
DicionárioDicionário
Hoje, o termo ‘texto’ tem a seguinte definição:
“s.m. 1. Conjunto de palavras, frases escritas; 2. 
Trecho ou fragmento de obra de um autor; 3. 
Qualquer material escrito destinado a ser fala-
do ou lido em voz alta [...].” 
(HOUAISS, 2003. p. 508)
Márcia Antonia Guedes Molina
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
14
Quando lemos esse texto, num primeiro mo-
mento, temos a impressão de que se trata de um 
amontoado de frases pouco significativas. Contu-
do, se a inserirmos em seu contexto, passamos a 
entendê-la como texto. Então, vamos lá: a sequên-
cia é uma composição de Nando Reis, gravada por 
Marisa Monte, intitulada Diariamente. O texto rela-
ta os fatos do cotidiano de uma pessoa que vive 
numa região urbana, possivelmente, na cidade de 
São Paulo.
O mesmo ocorre com a seguinte sequência:
Por que você é Flamengo?
E meu pai Botafogo?
O que significa “Impávido Colosso”?
Por que os ossos doem?
Enquanto a gente dorme?
Por que os dentes caem?
Por onde os filhos saem?
Por que os dedos murcham?
Quando estou no banho?
Por que as ruas enchem?
Quando está chovendo?
Quanto é mil trilhões?
Vezes infinito?
Quem é Jesus Cristo?
Onde estão meus primos?
Well, well, well Gabriel?
Well, well, well?
Por que o fogo queima?
Por que a lua é branca?
Por que a Terra roda?
Por que deitar agora?
Por que as cobras matam?
Por que o vidro embaça?
Por que você se pinta?
Por que o tempo passa?
Por que que a gente espirra?
Por que as unhas crescem?
Por que o sangue corre?
Por que que a gente morre?
Do qué é feita a nuvem?
Do que é feita a neve?
Como é que se escreve
Reveillon?
Well, well, well, Gabriel.
(DUNGA; TOLLER, 2004).
 
Se não reconhecermosa sequência, inad-
vertidamente, podemos julgá-la um amontoado 
de perguntas sem nexo e, portanto, um não texto. 
Contudo, novamente, temos aqui a letra de uma 
composição que Paula Toller dedicou a seu filho 
Gabriel, com as perguntas que ele, costumeira-
mente, lhe fazia. A música chama-se Oito anos e foi 
gravada por Adriana Calcanhoto.
Agora, preste atenção a este segmento:
LA VARIÉTÉ ET LA FANTAISIE DE MA VIE 
DE TOUS LES JOURS 
Tous les jours de la semaine, je ne me lève 
jamais a la même heure et ce n’est jamais 
la même chose. 
Mes jours sont fous, fous, fous! 
Lorsque je me lève, je ne suis pas pressé... 
Je vois et je choisis, c’est ça? Qu’il faut 
faire... 
Je déjeune chaque jour à un restaurant 
différent. 
L’après-midi je vais au cinéma, ou pour les 
courses, ou jouer le bowling, au bien aux 
shoppings... 
Je fais de promenade, promenade, pro-
menade... 
Naturellement, je ne peux pas travailler! 
Les soirs je m’amuse à quelque show, ou 
théâtre, ou rendez-vous chez un ami... 
Les personnes ne me retrouvent jamais! 
(GIRAFAMANIA, 2010).
Essa sequência só será texto àqueles que 
dominam a língua em que foi escrita, o francês; os 
demais reconhecerão a sequência, mas, como não 
interagem com ela, não conseguindo depreender-
-lhe um sentido, será um não texto.
Nesse sentido, seguindo os passos de Kock 
e Travaglia (1990), podemos compreender texto 
como:
AtençãoAtenção
Texto = uma unidade linguística concreta 
(perceptível pela visão ou audição), que é 
tomada pelos usuários da língua (falante, 
escritor/ouvinte, leitor), em uma situação 
de interação comunicativa, como uma uni-
dade de sentido e preenchendo uma fun-
ção comunicativa reconhecível e reconhe-
cida, independentemente da sua extensão.
Comunicação e Expressão
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15
Vejamos agora, brevemente, o que é coesão 
e coerência.
2.1 Coesão
Leia com atenção:
Fávero (1999, p. 10) assim define coesão: “A 
coesão, manifestada no nível microtextual, refere-
-se aos modos como os componentes do universo 
textual, isto é, as palavras que ouvimos ou vemos, 
estão ligados entre si dentro de uma sequência.”
Podemos dizer, portanto, que coesão é o 
nome com que designamos as estratégias de li-
gação utilizadas num texto para torná-lo todo, ou 
seja, o uso de elementos capazes de estabelecer 
elos, os quais podem “amarrar” elementos mencio-
nados anteriormente no texto, ocorrendo, então, o 
que os estudiosos chamam de anáfora.
Ex.: Fiz todos os exercícios indicados pela 
professora, mas minha amiga Carla não os fez (isto 
é, não fez os exercícios).
Podem, também, “amarrar” elementos que 
serão ainda mencionados no texto, ocorrendo, en-
tão, a chamada catáfora.
Ex.: Fui ao mercado e comprei todos os itens 
de que precisava, menos estes: arroz, batata e azei-
te.
Bem utilizar esses elementos auxilia bastante 
na boa escritura de uma sequência, mas não é só 
isso. Vejamos, agora, outro elemento responsável 
pela textualidade, capaz de ajudar na produção 
textual. 
Vamos ver outros exemplos de textos coesos 
para você entender bem essa questão:
Saiba maisSaiba mais
O texto deve ter textualidade.
Textualidade: aquilo que converte uma sequência lin-
guística em texto (KOCK; TRAVAGLIA, 1990), isto é, ser 
todo, coeso e coerente para seus usuários. 
Mais de um milhão de jovens estão “presos” no ensino fundamental
Dados do Censo Escolar da Educação Básica de 2011 apontam que mais de um milhão de jovens estão “presos” no 
ensino fundamental. Os jovens têm mais de 14 anos e encontram-se nessa posição por conta de reprovações ou outros 
fatores que impedem o ingresso no ensino médio. O número de mais de um milhão de alunos estacionados no ensino 
fundamental é a diferença entre a população com mais de 14 anos e o número de matriculados no ensino fundamental, 
que atende justamente o público entre 6 e 14.
Fonte: Alberti (2012).
Texto 1
Márcia Antonia Guedes Molina
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
16
Mais de 60.000.000 de adultos não tem o Ensino Médio
Segundo dados do IBGE e MEC, na realidade o número é ainda maior do que esses 60 milhões, pois não foram aqui con-
tabilizados os analfabetos (15 milhões) e os com menos de 3 anos de estudo, considerados analfabetos funcionais (outros 
15 milhões).
Podemos imaginar o que isso significa para essas pessoas e para o país como um todo. Apagão de mão de obra, meno-
res e piores oportunidades de empregos, gargalo no Ensino Superior com sobra de vagas e consequentemente uma grande 
redução no potencial de crescimento do PIB nacional. Mas uma possível solução está surgindo, como veremos mais adiante.
Vemos que as estatísticas e as autoridades educacionais no País são exclusivamente focadas nas crianças e jovens. O 
índice principal a ser acompanhado é a taxa de escolarização, que significa verificar quantas pessoas estão no nível escolar 
correto em relação à sua idade. 
Mas, e aqueles que por um motivo qualquer abandonaram os estudos e não completaram o Ensino Médio? São solene-
mente ignorados.
Mesmo a iniciativa privada, representada pelo belo programa “TODOS PELA EDUCAÇÃO” que estabeleceu 5 metas para 
acompanhar a situação da Educação no Brasil, passou ao largo desse problema ao estabelecer como uma das suas 5 boas 
metas para 2022:
“Meta 4 - Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos”.
Certamente essa meta pode ser integralmente cumprida sem que um único daqueles 60.000.000 de brasileiros conclua 
o Ensino Médio.
Esse é um grande desafio: Permitir que milhões de brasileiros deem um salto na sua escolaridade e se incorporem ao 
mercado de trabalho em um novo patamar.
Em 2009 o MEC tomou uma decisão importantíssima e que ainda não foi suficientemente divulgada. O ENEM vale para 
certificação do Ensino Médio, como se fosse um exame Supletivo. Isso está estabelecido na Portaria 109 de 27/03/2009, 
significando um direcionamento claro na linha da certificação de conhecimento.
“Art 2o. Constituem objetivos do ENEM... V- Promover a certificação de Jovens e Adultos no nível de conclusão do Ensino 
Médio nos termos do artigo 38, parágrafos 1o. e 2o. da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)”.
A regra vale para os maiores de 18 anos e não depende de nenhum outro pré-requisito. Os alunos precisam atingir 400 
pontos nas provas objetivas e 500 na redação (Não é um índice qualquer. É a média do Ensino Médio).
Claramente, esse é um enorme problema para um país que pretende aumentar a escolaridade da sua população, e 
ainda aumentar bastante o percentual de pessoas com Nível Superior concluído. Isso sem considerar que são poucos os 
empregos que aceitam pessoas com escolaridade menor que o Ensino Médio completo.
Hoje menos de 9.000.000 de estudantes estão cursando o Ensino Médio regular em todo o Brasil, chegando a 10,5 mi-
lhões se somados aos que estão fazendo o EJA (Educação de Jovens e Adultos). Esse é o contingente total administrado por 
todas as Secretarias de Educação de todos os estados. Comparando esse número com os 60 milhões anteriormente citados, 
vemos que a sala de aula convencional não será solução para esse problema.
Tudo que aqui foi dito, parece não constar das preocupações dos nossos governantes federais, estaduais ou munici-
pais; atuais, passados ou futuros; nem de qualquer partido político.
Está aberto um potencial enorme de preparação de pessoas para fazer o ENEM com o objetivo de certificação do Ensino 
Médio. No início, provavelmente de maneira tímida, mas, assim que uma boa parte desses 60.000.000 ainda com disposição 
e idade para aprender, perceber que duas vezes por ano poderá fazer os exames de certificação e em pouco tempo concluir 
seus estudos de Ensino Médio e até mesmo ingressar em uma Faculdade, essa demanda vai explodir.
Nos dois últimos anos, cerca de 1 milhão de pessoas já fizeramo exame com essa finalidade (Basta assinalar essa opção 
na hora da inscrição). E mais de 200 mil passaram.
Acredito que essa demanda, caracterizada como sendo de Educação para adultos, é para ser atendida por meio da 
Educação à Distancia (EAD), com cursos preparatórios livres, desenvolvidos com métodos baseados mais na andragogia do 
que na pedagogia.
O formato das questões do ENEM, muito inteligente, privilegia o raciocínio em detrimento do “decoreba”. Isso é essencial 
para o adulto que abandonou os estudos, mas que vive, produz, trabalha e convive com esse nosso mundo de informações.
Assim, esse cidadão vai poder se preparar na base do auto-estudo, de qualquer lugar, a qualquer momento e no seu 
próprio ritmo, podendo conciliar os estudos com o lar e o trabalho.
Fonte: Milet (2012).
Texto 2
Comunicação e Expressão
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2.2 Coerência
Veja: em ambos os textos, os elementos coe-
sivos (grifados) foram adequadamente emprega-
dos. A pontuação, os elementos referenciais, todos 
estão corroborando para que o texto adquira uni-
dade.
AtençãoAtenção
Coerência diz respeito ao sentido do 
texto.
AtençãoAtenção
Quando falamos em UNIDADE, em 
AMARRAS, portanto, referimo-nos à COE-
SÃO!
E do que será que trata a noção de coerência?
A coerência [...], manisfetada em grande 
parte macrotextualmente, refere-se aos 
modos como os componentes do univer-
so textual, isto é, os conceitos e as rela-
ções subjacentes ao texto de superfície, 
se unem numa configuração, de maneira 
reciprocamente acessível e relevante. As-
sim a coerência é o resultado de processos 
cognitivos operantes entre os usuários e 
não mero traço dos textos. (FÁVERO, 1999, 
p. 10).
Então, a sequência a seguir constituirá texto 
para quem a entender como um classificado, con-
corda?
Vários são os elementos responsáveis pela 
coerência. Kock e Travaglia (1990) apontam os se-
guintes:
a) conhecimentos: linguístico, de mundo, parti-
lhado, do mundo em que o texto se inscreve;
b) inferências;
c) fatores pragmáticos;
d) situacionalidade;
e) intencionalidade;
f ) aceitabilidade;
g) informatividade;
h) focalização;
i) intertextualidade;
j) relevância.
Resta-nos, ainda, especificar que os textos or-
ganizam-se numa hierarquia de tipos de subtipos. 
Guimarães (2004) ensina que, se a intenção se volta 
fundamentalmente para as estruturas internas do 
texto, fica estabelecida uma tipologia de acordo 
com a forma de estruturação, sua superestrutura, 
ou o mundo em que o texto se inscreve.
Os textos citados como exemplos de textos 
coesos também são exemplos de textos com coe-
rência, porque têm sentido.
Vamos ver um exemplo de um texto em que 
falta coerência:
Entendeu? Espero que sim!
VENDE-SE
Apartamento. 3 dorms. 2 sls. coz. Área 
serv. Moema. R$210.000. Tratar com o 
proprietário: (33) 3333-3333. 
Saí ao meio dia e chovia. Como estava com 
fome, resolvi jantar. Depois disso, saí e fui 
tomar sol...
Márcia Antonia Guedes Molina
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18
2.3 Resumo do Capítulo
Neste capítulo estudamos o que é texto (uma unidade de sentido) e quais são os fatores responsá-
veis pela textualidade: coesão, que diz respeito às conexões dentro do texto; e coerências, as relações de 
sentido do texto.
Vamos ver se você entendeu o que acabamos de explicar.
2.4 Atividades Propostas
1. Leia a sequência a seguir e responda: é um texto? Justifique sua resposta.
2. Quais elementos são responsáveis pela textualidade?
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3 AS SUPERESTRUTURAS TEXTUAIS
Caro(a) aluno(a), 
A noção de superestrutura, emprestada de 
Van Dijk (1983), diz respeito às estruturas globais 
que caracterizam alguns tipos de textos, indepen-
dentemente de seu conteúdo.
Dessa forma, relativamente ao aspecto estru-
tural, podemos inscrever os textos em: descritivos, 
narrativos e dissertativos. Essas superestruturas 
têm, como afirma Guimarães (2004, p. 65), caráter 
convencional e são conhecidas e reconhecidas pe-
los falantes da língua, ou seja, “uma superestrutura 
é um tipo de esquema abstrato que estabelece a 
ordem global do texto, e que se compõe de uma 
série de categorias, cujas possibilidades de combi-
nação se baseiam em regras convencionais.”
A autora informa, também, que, embora haja 
sempre uma estrutura dominante, o texto pode 
apresentar outras. Por exemplo, um texto predo-
minantemente narrativo pode apresentar trechos 
descritivos; o predominantemente dissertativo 
pode trazer, em alguns momentos, trechos que 
caracterizam a narração e/ou a descrição. O impor-
tante para um estudante do curso de Letras é saber 
identificar no todo trechos dessa ou daquela estru-
tura, cujas características agora apresentamos.
3.1 O Texto Descritivo
O que você entende por descrição?
Descrever é caracterizar com detalhes obje-
tos, locais, pessoas e situações, apresentando as 
características deles percebidas por meio dos cin-
co sentidos. Como é através dos sentidos que es-
tabelecemos contato com o mundo à nossa volta, 
podemos dizer que essa estrutura textual é a mais 
primeva, constituindo elementos vitais de nossa 
sensibilidade. 
“Visão, tato, audição, paladar, olfato são os 
sentidos com que percebemos as coisas do mundo 
que se traduzem em formas, cores, texturas, chei-
ros, sonoridades a serem descobertas.” (AMARAL; 
ANTÔNIO, 1991, p. 19).
Observemos agora as seguintes sequências:
Era um dia abafadiço e aborrecido. A po-
bre cidade de São Luís do Maranhão pa-
recia entorpecida pelo calor. Quase que 
se não podia sair à rua: as pedras escalda-
vam, as vidraças e os lampiões faiscavam 
ao sol como enormes diamantes, as pare-
des tinham reverberações de prata polida; 
as folhas das árvores nem se mexiam; as 
carroças d’água passavam ruidosamente a 
todo o instante, abalando os prédios, e os 
aguadeiros, em mangas de camisa e per-
nas arregaçadas, invadiam sem cerimônia 
as casas para encher as banheiras e os po-
tes. Em certos pontos não se encontrava 
viva alma na rua; tudo estava concentrado, 
adormecido; só os pretos faziam as com-
pras para o jantar ou andavam no ganho. 
(AZEVEDO, 1997).
Márcia Antonia Guedes Molina
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Trem das Cores
A franja na encosta 
Cor de laranja 
Capim rosa chá 
O mel desses olhos luz 
Mel de cor ímpar 
O ouro ainda não bem verde da serra 
A prata do trem 
A lua e a estrela 
Anel de turquesa 
Os átomos todos dançam 
Madruga 
Reluz neblina 
Crianças cor de romã 
Entram no vagão 
O oliva da nuvem chumbo 
Ficando 
Pra trás da manhã 
E a seda azul do papel 
Que envolve a maçã 
As casas tão verde e rosa 
Que vão passando ao nos ver passar 
Os dois lados da janela 
E aquela num tom de azul 
Quase inexistente, azul que não há 
Azul que é pura memória de algum lugar 
Teu cabelo preto 
Explícito objeto 
Castanhos lábios 
Ou pra ser exato 
Lábios cor de açaí 
E aqui, trem das cores 
Sábios projetos: 
Tocar na central 
E o céu de um azul 
Celeste celestial
(VELOSO, 1990).
A primeira sequência, como se pode obser-
var, é um trecho do romance O mulato, de Aluísio 
Azevedo. Podemos perceber com que precisão o 
autor descreve a cidade de São Luís do Maranhão; 
trechos com sinestesias, como “pedras escaldavam, 
as vidraças e os lampiões faiscavam ao sol como 
enormes diamantes, as paredes tinham reverbera-
ções de prata polida”, favorecem não só a leitura, 
como também a percepção sensorial do texto.
O mesmo acontece com a letra da música 
Trem das cores, de Caetano Veloso. Em “O mel des-
ses olhos luz/E a seda azul do papel/Que envolve a 
maçã”, temos a impressão de sentir o gosto tanto 
do mel, quanto da maçã; de ver o brilho dos olhos 
e de sentir a maciezdo papel de seda. 
Vejamos então, pormenorizadamente, o que 
compreende um texto descritivo.
Características do Texto Descritivo
 
Leia o seguinte fragmento (1) da obra Irace-
ma, de José de Alencar:
 
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que 
tinha os cabelos mais negros que a asa da 
graúna e mais longos que seu talhe de pal-
meira. 
O favo da jati não era doce como seu sor-
riso; nem a baunilha recendia no bosque 
como seu hálito perfumado. 
Mais rápida que a ema selvagem, a mo-
rena virgem corria o sertão e as matas do 
Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, 
da grande nação tabajara. O pé grácil e 
nu, mal roçando, alisava apenas a verde 
pelúcia que vestia a terra com as primeiras 
águas. (ALENCAR, 1990).
 
Agora, atente para o seguinte fragmento (2):
Iracema saiu do banho; o aljôfar d’água 
ainda a roreja, como à doce mangaba que 
corou em manhã de chuva. Enquanto re-
pousa, empluma das penas do gará as fle-
chas de seu arco, e concerta com o sabiá 
da mata, pousado no galho próximo, o 
canto agreste. (ALENCAR, 1990).
O primeiro fragmento é descritivo e o segun-
do, narrativo. Como identificar a descrição?
O texto descritivo é predominantemente fi-
gurativo, ou seja, construído com termos essen-
cialmente concretos, evocando uma figura, um 
AtençãoAtenção
Um texto descritivo estará bem produzi-
do quando possibilitar essas sensações; 
quando o leitor, ao proceder à sua leitura, 
tiver a sensação de estar vendo, presen-
ciando, sentindo o que se está descre-
vendo.
Comunicação e Expressão
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efeito de realidade. “Os textos figurativos produ-
zem um efeito de realidade e, por isso, represen-
tam o mundo, com seus seres, seus acontecimen-
tos.” (PLATÃO; FIORIN, 1997, p. 89).
No fragmento 1, temos como exemplos de 
termos concretos: a morena virgem corria o sertão 
e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tri-
bo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal 
roçando etc.
Outra característica do texto descritivo é que 
ele não traz mudança de situação. É estático, repre-
senta o mundo num determinado momento, é re-
corte. Além disso, naquela instância em que se efe-
tua a descrição, vários fatos simultâneos podem ser 
apresentados. Assim, Iracema, quando apreendida 
pelo narrador, apresentava simultaneamente as se-
guintes características: era virgem, tinha lábios de 
mel; seus cabelos eram mais negros que a asa da 
graúna e mais longos que o talhe de palmeira; seu 
sorriso era doce como o favo da jati; seu hálito era 
perfumado, era ainda mais rápida que a ema etc. 
Essas características coocorriam, estavam 
todas presentes na mesma instância, podendo, in-
clusive, ser invertidas no texto; por exemplo: seu 
sorriso era doce como o favo da jati; seu hálito era 
perfumado, era ainda mais rápida que a ema; era 
virgem, tinha lábios de mel; seus cabelos eram 
mais negros que a asa da graúna e mais longos que 
o talhe de palmeira... Isso porque não existe relação 
de anterioridade, nem de posterioridade no frag-
mento.
Para que se estabeleça a comparação, reto-
memos o segundo fragmento:
Iracema saiu do banho; o aljôfar d’água 
ainda a roreja, como à doce mangaba que 
corou em manhã de chuva. Enquanto re-
pousa, empluma das penas do gará as fle-
chas de seu arco, e concerta com o sabiá 
da mata, pousado no galho próximo, o 
canto agreste. (ALENCAR, 1990).
Esse é um fragmento narrativo, pois existe 
nele uma relação de anterioridade e posteriorida-
de: primeiro a índia saiu do banho, depois se pôs 
a repousar. A inversão dos fatos prejudicaria a se-
quenciação do texto.
Podemos perceber também, em ambos os 
textos, uma diferença no emprego dos tempos ver-
bais: no primeiro, predomina o pretérito imperfeito 
e, no segundo, o pretérito perfeito. Como a simul-
taneidade é a característica do texto descritivo, os 
tempos verbais mais empregados são o presente 
do indicativo e o pretérito imperfeito do indicativo.
Quanto à organização, podemos afirmar que 
se deve elaborar o texto descritivo espacialmente, 
isto é, os elementos devem ser descritos de baixo 
para cima, da esquerda para a direita, de dentro 
para fora etc., para que o leitor possa, paulatina-
mente, ir construindo a imagem daquilo que se 
está tratando.
3.2 O Texto Narrativo
Parafraseando Humberto Eco (1985), no Pós-
-escrito a O nome da rosa, destacamos:
DicionárioDicionário
Narração: s.f. [é] exposição oral ou escrita de um 
fato.”
(HOUIAISS, 2003, p. 364)
AtençãoAtenção
Narrar é representar um acontecimento 
ou uma série de acontecimentos reais ou 
fictícios num texto.
Márcia Antonia Guedes Molina
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Afirma Eco (1985, p. 21):
[...] para contar é necessário primeiramen-
te construir um mundo, o mais mobiliado 
possível, até os últimos pormenores. Cons-
trói-se um rio, duas margens, e na margem 
esquerda coloca-se um pescador, e se esse 
pescador possui um temperamento agres-
sivo e uma folha penal pouco limpa, pron-
to: pode-se começar a escrever, traduzin-
do em palavras o que não pode deixar de 
acontecer.
Essa citação de Eco, mesmo que indireta-
mente, permite-nos depreender que são cinco os 
elementos da narração: narrador, personagens, 
ações, tempo e espaço.
Leia, agora, o texto a seguir, de Marina Colas-
santi:
 
Nunca descuidando do dever
Jamais permitiria que seu marido fosse 
para o trabalho com a roupa mal passada, 
não dissessem os colegas que era espo-
sa descuidada. Debruçada sobre a tábua, 
com o olho vigilante, dava caça às dobras, 
desfazia pregas, aplainando punhos e pei-
tos, afiando o vinco das calças. E a poder 
de ferro e goma, envolta em vapores, al-
cançava o ponto máximo de sua arte ao 
arrancar dos colarinhos liso brilho de ce-
lulóide.
Impecável, transitava o marido pelo tem-
po. Que, embora respeitando ternos e ca-
misas, começou subrepticiamente a mar-
car seu avanço na pele e no rosto. Um dia 
notou a mulher um leve afrouxar-se das 
pálpebras. Semanas depois percebeu que, 
no sorriso, franziam-se fundos os cantos 
dos olhos.
Mas foi só muitos meses mais tarde que 
a presença de duas fortes pregas descen-
do dos lados do nariz tornou-se inegável. 
Sem dizer nada, ela esperou a noite. Tendo 
finalmente certeza de que o homem dor-
mia o mais pesado dos sonos, pegou um 
paninho úmido e, silenciosa, ligou o ferro.
Observemos que, nesse texto, vislumbramos 
os seguintes elementos da narração:
a) narrador: onisciente – de 3ª pessoa: 
“Jamais permitiria que seu marido fosse 
para o trabalho...”;
b) personagens: 
	protagonista: a esposa – “Não 
dissessem os colegas que era 
esposa descuidada...”;
	antagonista: o marido – “Impecável 
transitava o marido pelo tempo”;
c) ações: debruçada sobre a tábua; dava 
caça às dobras;
d) tempo: jamais permitiria; um dia 
notou a mulher; muitos meses mais 
tarde;
e) espaço: na sua casa, em uma 
determinada cidade.
Além desses elementos, a narração apresen-
ta, diferentemente da descrição, transformação. 
Características do Texto Narrativo
No texto Nunca descuidando do dever, pode-
mos perceber, entre outras, as seguintes caracterís-
ticas: 
a) as camisas amassadas ficavam muito 
bem passadas: “[...] alcançava o ponto 
máximo de sua arte ao arrancar dos cola-
rinhos liso brilho de celulóide.”;
b) o marido foi adquirindo rugas no rosto: 
“[...] transitava o marido pelo tempo. Que, 
embora respeitando ternos e camisas, 
começou subrepticiamente a marcar seu 
avanço na pele e no rosto.”
Mas a transformação mais significativa é a 
que não está explicitada, ou seja, ao perceber o ros-
to enrugado do marido, a esposa, como um autô-
mato, tem a intenção de passá-lo: “Tendo finalmen-
te certeza de que o homem dormia o mais pesado 
dos sonos, pegou um paninho úmido e, silenciosa, 
ligouo ferro.”
Comunicação e Expressão
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Além disso, tanto quanto o texto descritivo, o 
narrativo é figurativo. Lembremo-nos de que esse 
tipo de texto é construído com palavras concretas, 
cuja função é representar o mundo. Por meio das 
figuras empregadas, podemos depreender o real 
sentido do texto. No caso de Nunca descuidando 
do dever, figuras como: 
[...] Jamais permitiria que seu marido fos-
se para o trabalho com a roupa mal pas-
sada, não dissessem os colegas que era 
esposa descuidada. Debruçada sobre a 
tábua, com o olho vigilante, dava caça 
às dobras, desfazia pregas [...].
Permitindo-nos depreender, sublinearmente, 
uma crítica às mulheres que, nas décadas de 1960 e 
1970, viviam apenas e tão somente para o lar, reali-
zando robotizadamente as atividades domésticas.
Além da figurativização, na narração, a orde-
nação é temporal. O texto deve ter uma sequencia-
ção para que o leitor possa acompanhar o desenro-
lar das ações. Assim, vejamos:
Jamais permitiria que seu marido fosse 
para o trabalho com a roupa mal passada, 
não dissessem os colegas que era espo-
sa descuidada. Debruçada sobre a tábua, 
com o olho vigilante, dava caça às dobras, 
desfazia pregas, aplainando punhos e pei-
tos [...] Um dia notou a mulher um leve 
afrouxar-se das pálpebras. Semanas de-
pois percebeu que, no sorriso, franziam-se 
fundos os cantos dos olhos. [...]
Mas foi só muitos meses mais tarde que 
a presença de duas fortes pregas descen-
do dos lados do nariz tornou-se inegável. 
Sem dizer nada, ela esperou a noite. Ten-
do finalmente certeza de que o homem 
dormia o mais pesado dos sonos, pegou 
um paninho úmido e, silenciosa, ligou o 
ferro.
Fonte: www.pensador.uol.com.br.
A ordenação temporal, nesse texto, ajuda o 
leitor a ir acompanhando as ações da esposa até 
o inesperado desfecho e, diferentemente do texto 
descritivo, a disposição dessas ações não pode ser 
alterada.
Como a ordenação temporal é de extrema re-
levância no texto narrativo, os tempos verbais bá-
sicos são os do subsistema do passado: pretéritos 
perfeito, mais que perfeito e imperfeito.1
3.3 O Texto Dissertativo
Mas será que, como superestrutura textual, 
dissertação é só isso? Vamos ver o que dizem al-
guns estudiosos do assunto.
Magalhães (1980, p. 7) assevera que a disser-
tação ocorre no plano das ideias, do conhecimen-
to, das abstrações. Trata-se de um trabalho refle-
xivo que consiste, de maneira geral, em organizar 
as ideias numa linha de raciocínio. Assim, ensina o 
autor, “todas as vezes em que nos valemos da lin-
guagem verbal para expor, defender ou contestar 
idéias, estaremos utilizando o chamado discurso 
dissertativo.”
Platão e Fiorin (1997, p. 252) afirmam que 
“dissertação é o tipo de texto que analisa interpre-
ta, explica e avalia os dados da realidade” e relacio-
nam algumas de suas características, revisadas a 
seguir.
DicionárioDicionário
Dissertação: “s.f. 1. Exposição oral ou escrita; 2. 
Monografia. Ensaio [...]”. 
(HOUAISS, 2003, p. 174)
1 Geralmente, mas não exclusivamente. Pode-se usar, por exemplo, o presente do indicativo, com valor atemporal, instaurando 
proximidade e verossimilhança ao texto.
Márcia Antonia Guedes Molina
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Características da Dissertação
a) É um texto temático, ou seja, discute um 
tema, operando, predominantemente, 
com termos abstratos;
b) Mostra mudança de situação, tanto 
quanto a narração;
c) Sua ordenação é lógica;
d) O tempo básico empregado na 
dissertação é o presente do indicativo 
com valor atemporal, embora se admita 
o uso do pretérito perfeito e do futuro do 
presente.
Importa esclarecer que há autores que ins-
crevem os textos dissertativos em dois tipos: expo-
sitivos e argumentativos, os quais veremos a seguir.
Dissertação Expositiva
É aquela cujo propósito é discorrer sobre o 
assunto num sentido meramente informativo. As-
sim, pode-se dissertar sobre a pena de morte, a 
juventude brasileira etc., sem que haja posiciona-
mento sobre o tema.
A importância de Música Popular Brasi-
leira
A importância da Música Popular Brasileira no 
cenário de nossa cultura é inegável. Pode-se 
constatar que a MPB, além de sua relevância 
como manifestação estética tradutora de nos-
sas múltiplas identidades culturais, apresenta-
-se como uma das mais poderosas formas de 
preservação da memória coletiva e como um 
espaço social privilegiado para as leituras e in-
terpretações do Brasil. (ICCA, 2011).
 
Dissertação Argumentativa
Diferentemente da anterior, na dissertação 
argumentativa revelam-se reflexões sobre o assun-
to, a fim de persuadir o receptor, acompanhando a 
linha de raciocínio do que é exposto, a verificar se 
o raciocínio verbalizado é correto e, nesse sentido, 
passível ou não de aceitação.
 
Uma escolha contra a mulher
O aborto é freqüentemente apresentado 
como um problema de ‘direito das mulhe-
res’. É visto como algo desejável para as 
mulheres, e como um benefício ao qual 
elas deveriam ter tanto acesso quanto 
possível. Na verdade, ser ‘pró-vida’ é visto 
como sendo ‘contra os direitos da mulher’. 
Se você às vezes pensa desta forma, exa-
mine os fatos apresentados aqui. Verá que, 
na verdade, o aborto prejudica a mulher, 
ignora os seus direitos, e as abusa e degra-
da. Qualquer um que se preocupa com a 
mulher fará bem em conhecer estes fatos. 
Estudos de mulheres que fizeram abor-
to, (veja, por exemplo, o livro do Dr. Da-
vid Reardon, Aborted Women, Silent No 
More), mostram que o aborto não é uma 
questão de dar à mulher uma ‘escolha’. É, 
tragicamente, uma situação em que as 
mulheres sentiram que não tinham NE-
NHUMA ESCOLHA, sentiram que ninguém 
se importava com elas e com seu bebê, 
dando-lhes alternativa alguma a não ser o 
aborto. A mulher sente-se rejeitada, con-
fusa, com medo, sozinha, incapaz de lidar 
com a gravidez - e, no meio disto tudo, a 
sociedade diz-lhe, ‘Nós eliminaremos o seu 
problema eliminando o seu bebê. Faça um 
aborto. É seguro, fácil, e uma solução legal’. 
O fato é que embora o aborto seja legal 
(nos Estados Unidos), ele NÃO é seguro e 
fácil, nem respeita a mulher. [...].” (CASTE-
LÕES, 2002, grifo nosso).
Podemos perceber, nesse texto, que, por 
exemplo, no trecho: “na verdade, o aborto preju-
dica a mulher, ignora os seus direitos, e as abusa 
e degrada” está expressa a opinião do autor e, para 
que ela seja mesmo aceita, passa ele a relacionar os 
motivos que o fazem pensar assim.
AtençãoAtenção
Dissertar é, de toda forma e de forma su-
cinta, defender um ponto de vista, uma 
opinião.
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Em ambos os tipos de dissertação, atente 
para a sua organização, que veremos a seguir.
Organização do Texto Dissertativo
Prezado(a) aluno(a), 
Como esse tipo de texto deve mostrar uma 
organização lógica, deve-se apresentar com bas-
tante clareza:
a) o assunto;
b) a delimitação do assunto;
c) o objetivo;
d) o tópico frasal;
e) o desenvolvimento;
f ) a conclusão.
Já falamos, anteriormente, que a dissertação 
é um texto temático, portanto, deve discutir um 
tema. Para que o autor do texto não se perca em 
informações redundantes ou desnecessárias, é im-
portante que proceda à delimitação dele.
Por exemplo: Dissertação
Tema: NAMORO
Possíveis delimitações do tema: 
	 Namoro na adolescência;
	 Namoro na melhor idade;
	 Namoro na escola.
Escolhida uma delimitação, deve-se propor 
um objetivo, para que não ocorra fuga do tema. 
Se resolvêssemos escrever sobre namoro na escola, 
poderíamos estabelecer como objetivo, por exem-
plo, mostrar ao leitor que, como a escola é o espaço 
onde os jovens mais se encontram e se relacionam, 
é normal e saudávelque ali comecem sua vida afe-
tiva.
O tópico frasal é aquele sobre o qual incide 
a essência da informação. Na delimitação anterior, 
poderíamos estabelecer como possível tópico-fra-
sal: É na adolescência que se começa a conhecer o 
mundo, a fazer amigos, a descobrir as verdades e 
a escola é um dos ambientes mais propícios para 
isso. Então, nada mais comum que ocorram flertes, 
o “ficar” e até mesmo namoros nesse ambiente.
Tendo em mente tanto a delimitação quan-
to os objetivos e o tópico frasal, cabe ao autor, 
então, elaborar seu texto dissertativo. Se o seu de-
sejo for produzir um texto argumentativo, esses ar-
gumentos podem ser apresentados de diferentes 
maneiras. Seguindo Platão e Fiorin (1997), relacio-
namos três deles:
a) argumento de autoridade: citam-se 
autores ou pessoas de prestígio que te-
nham reconhecido domínio sobre aque-
le saber. No caso da delimitação acima 
(namoro na escola), poderíamos citar, 
por exemplo, o psicanalista Içami Tiba, 
autor de várias obras que tratam da ado-
lescência;
b) argumento baseado no consenso: nes-
te caso, valer-nos-íamos de opiniões já 
aceitas pela maioria da população.
c) argumento baseado em provas con-
cretas: poderíamos, no caso de nossa 
proposta, fazer uso de pesquisas que 
comprovassem que a maioria dos jovens 
namora na escola e que tal fato tem au-
xiliado seu desenvolvimento emocional. 
Para que possamos entender melhor, leiamos 
Magalhães (1980, p. 16-17), que assim exemplifica 
o texto dissertativo:
Muitas normas, antes apenas do âmbito 
da Moral, passaram ao campo do Direito 
pelo fato de o legislador, num momento 
dado, julgar conveniente atribuir-lhes for-
ça coercitiva, impondo uma sanção para 
sua desobediência. Assim, por exemplo, 
no passado era altamente meritório o 
fato de o patrão socorrer seu empregado 
acidentado. Mas a desobediência a essa 
regra de moral não provocava qualquer 
sanção por parte do Estado. Este, entre-
tanto, observando a conveniência de se 
impor ao patrão a obrigação de socorrer 
seu serviçal infortunado, criou a norma 
de Direito, impondo como obrigação ju-
rídica aquilo que não passava de mero 
Márcia Antonia Guedes Molina
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dever moral. Outro exemplo: no passado 
agia com humanidade o patrão que, antes 
de despedir seu empregado, lhe dava um 
prazo para procurar nova colocação, e ao 
romper o contrato de trabalho lhe ofere-
cia uma indenização pelos anos de servi-
ços prestados. Talvez isso constituísse um 
dever moral ditado pela preocupação de 
justiça. Mas o descumprimento de tal de-
ver não provocava qualquer sanção por 
parte do Estado. Parecendo ao legislador 
conveniente transformar tal preceito de 
Moral em regra de Direito, impõe ao pa-
trão o dever de dar aviso prévio e de pres-
tar indenização ao empregado despedido. 
O descumprimento de tal obrigação, hoje, 
provoca uma sanção por parte do Estado. 
A regra de Moral transformou-se em regra 
de Direito.
Neste texto, temos, portanto:
a) assunto: Direito;
b) delimitação: Direito e moral;
c) objetivo: mostrar que muitas normas 
morais transformaram-se em normas ju-
rídicas por razão de conveniência social;
d) tópico frasal: “Muitas normas, antes 
apenas do âmbito da Moral, passaram 
ao campo do Direito pelo fato de o legis-
lador, num momento dado, julgar con-
veniente atribuir-lhes força coercitiva, 
impondo uma sanção para sua desobe-
diência”;
e) desenvolvimento (argumentos basea-
dos em provas concretas):
1. o socorro patronal obrigatório ao 
empregado acidentado; 
2. a obrigação jurídica de dar aviso 
prévio e de prestar indenização ao 
empregado despedido;
f) conclusão: “A regra de Moral transfor-
mou-se em regra de Direito.”
Além disso, podemos perceber que o texto 
dissertativo tem algumas características que lhe 
são peculiares. Vejamos quais são.
Primeiramente, como pudemos perceber, 
trata-se de um texto temático, ou seja, o nosso 
exemplo discute uma questão jurídica, operando, 
predominantemente, termos abstratos: 
Muitas normas, antes apenas do âmbito 
da Moral, passaram ao campo do Direito 
pelo fato de o legislador, num momento 
dado, julgar conveniente atribuir-lhes for-
ça coercitiva, impondo uma sanção para 
sua desobediência. Assim, por exemplo, 
no passado era altamente meritório o fato 
de o patrão socorrer seu empregado aci-
dentado. [...] (MAGALHÃES, 1980, p. 16-17, 
grifo nosso).
Mostra, tanto quanto a narração, mudança 
de situação; neste texto, o autor aponta para fatos 
que passaram de atitudes morais para deveres im-
postos pelo Direito: 
[...] Este, entretanto, observando a conve-
niência de se impor ao patrão a obrigação 
de socorrer seu serviçal infortunado, criou 
a norma de Direito, impondo como obri-
gação jurídica aquilo que não passava de 
mero dever moral.
[...] O descumprimento de tal obrigação, 
hoje, provoca uma sanção por parte do 
Estado. A regra de Moral transformou-se 
em regra de Direito. (MAGALHÃES, 1980, 
p. 16-17).
Sua ordenação é lógica e, como já apontado, 
há no texto um tópico frasal, o desenvolvimento e 
a conclusão.
Os tempos verbais empregados nessa disser-
tação são: pretéritos perfeito e imperfeito do indi-
cativo, quando o autor remete o leitor ao passado, 
e presente, quando aponta para o resultado da 
ação pretérita:
[...] Outro exemplo: no passado agia com 
humanidade o patrão que, antes de des-
pedir seu empregado, lhe dava um prazo 
para procurar nova colocação, e ao romper 
o contrato de trabalho lhe oferecia uma 
indenização pelos anos de serviços pres-
tados. Talvez isso constituísse um dever 
moral ditado pela preocupação de justiça. 
Mas o descumprimento de tal dever não 
provocava qualquer sanção por parte do 
Comunicação e Expressão
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Estado. Parecendo ao legislador conve-
niente transformar tal preceito de Moral 
em regra de Direito, impõe ao patrão o 
dever de dar aviso prévio e de prestar in-
denização ao empregado despedido. O 
descumprimento de tal obrigação, hoje, 
provoca uma sanção por parte do Estado. 
A regra de Moral transformou-se em re-
gra de Direito. (MAGALHÃES, 1980, p. 16-
17, grifo nosso).
Saiba maisSaiba mais
Conhecer as superestruturas textuais é 
muito importante, porque orienta a lei-
tura do texto!
3.4 Resumo do Capítulo
Caro(a) aluno(a),
Neste capítulo vimos as superestruturas textuais. Aprendemos primeiramente que temos três su-
perestruturas básicas de organização textual: descrição, narração e dissertação. A primeira, a descri-
ção, refere-se à capacidade de fornecer ao leitor um retrato da situação, pessoa, lugar etc. que se deseja 
descrever. Para isso o texto deve ter, principalmente, uma organização espacial; a segunda, a narração, 
refere-se à capacidade de fornecer ao leitor um evento, uma história e, nesse sentido, o texto deve ter, 
predominantemente, organização temporal. Por último, vimos a dissertação. Esse é um texto objetivo 
cuja organização deve ser lógica. Será que você compreendeu bem esse assunto? Vamos treiná-lo, então.
3.5 Atividades Propostas
1. Reúna todas as informações dadas anteriormente a respeito do texto descritivo e leia a seguin-
te poesia de Manoel Bandeira, observando os traços da descrição e explicitando-as a seguir:
Segunda canção do beco 
 
Teu corpo moreno 
É da cor da praia. 
Deve ter o cheiro 
Da areia da praia. 
 
Deve ter o cheiro 
Que tem ao mormaço 
A areia da praia. 
 
Teu corpo moreno 
Deve ter o gosto 
De fruta de praia. 
Deve ter o travo, 
Deve ter a cica 
Dos cajus da praia. 
Não sei, não sei, mas 
Uma coisa me diz 
Que o teu corpo magro 
Nunca foi feliz. 
Márcia Antonia Guedes Molina
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2. Leia atentamente o seguinte texto, buscando visualizar nele oselementos da narração já dis-
cutidos. Explique-os a seguir:
DESTA ÁGUA NÃO BEBERÁS 
Carlos Drummond de Andrade
- Por que Demétrio não se casa? Era a indagação geral! Demétrio namorava, noivava, não casava. 
Sete dias antes do casamento, olha aí Demétrio fugindo. As versões eram múltiplas. A noiva é que o 
despedira. Tiveram uma briga feia. Gênios incompatíveis. Mal secreto. Intrigas.
Demétrio continuava a namorar, noivar e não casar. Não lhe faltavam noivas, pois era agradável, 
tinha status. Quanto mais se desmanchavam seus projetos de casamento, mais apareciam mulheres 
dispostas ao desafio, exclamando:
 - A mim ele não deixa na porta do Mosteiro de São Bento.
Deixava. E quanto mais deixava, mais seu prestígio crescia. Concluiu-se que era sua maneira de afir-
mar-se.
Então Livaniuska decidiu enfrentá-lo. Noivou com ele e, uma semana antes do casamento, deu-lhe 
o fora solene. Demétrio quis reagir, explicou à repórter social que ele é que tomara a iniciativa, mas 
a mentira foi patente. Livaniuska foi contratada como atriz por uma emissora de TV e ficou célebre.
Daí por diante ela repetiu a carreira de Demétrio, noivando e desmanchando com inúmeros cava-
lheiros. No fim de cinco anos, Livaniuska e Demétrio casaram-se para sempre, como era fácil de pre-
ver, mas ninguém previu.
3. Leia atentamente o texto a seguir, buscando visualizar nele os elementos da dissertação já 
discutidos. Complete o proposto na sequência:
 
Uso de álcool na gravidez traz riscos ao bebê
A ingestão de álcool durante a gravidez pode acarretar uma série de problemas na formação do 
feto. A manifestação mais severa é a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) que causa desde malformações 
craniofaciais, retardamento no crescimento até a incapacidade de desenvolvimento mental.
O fato de um grande número de mulheres beberem socialmente e a maioria das gestações não 
serem planejadas aumentam o risco de ocorrer a SAF. “Pode haver um desconhecimento do estado 
gestacional nos primeiros meses. Isso implica muitas vezes a exposição do embrião ao etanol, princi-
palmente no período mais crítico e sensível da gestação”, explica Cristiana Corrêa, professora da Facul-
dade de Ciências Farmacêuticas, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
Geralmente, a incidência da SAF oscila entre 0,4 a 3,1 casos por 1000 nascimentos. Entre os filhos 
de mães alcoólatras estima-se que 30% a 40% dos recém nascidos venham a apresentar a doença. 
Ainda não foi definida a quantidade mínima de álcool ingerida capaz de afetar o feto.
As maiores conseqüências da SAF são: restrição no crescimento, com decréscimo inferior a 10% 
no peso e no comprimento; envolvimento do Sistema Nervoso Central, apresentando, entre outros 
problemas, disfunção comportamental, hiperatividade, dificuldade de adaptação social, e anomalias 
faciais.
A prevenção da SAF, na opinião de Corrêa, só será possível através de um sistema articulado de 
intervenção terapêutica na mãe alcoólatra, programas educacionais nas comunidades, identificação 
precoce da doença e acompanhamento das crianças afetadas pela síndrome. (CASTELÕES, 2002).
Assunto: ___________________________________________________
Delimitação: ________________________________________________
Objetivo: __________________________________________________
Tópico frasal: ______________________________________________
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4 CONSTITUIÇÃO DO TEXTO
Relembrando a Noção de Texto 
Caro(a) aluno(a),
Para que acompanhe bem o conteúdo daqui 
para frente, vamos nos lembrar das noções de texto 
e textualidade aprendidas no início deste material.
Texto e Textualidade
Como vimos, texto, etimologicamente, quer 
dizer tecido, ou seja, trata-se de uma trama na qual 
se devem enredar as palavras. 
Já a Linguística do Discurso procura estudar 
os textos como “manifestações linguísticas produ-
zidas por indivíduos concretos em situações con-
cretas, sob determinadas condições de produção” 
(KOCK, 1997, p. 11), entendendo-os numa situação 
interacionista.
Para Val (1999, p. 3), texto (escrito ou falado) é 
a “unidade linguística comunicativa básica” utiliza-
da pelos falantes de uma língua para se comunicar 
e será bem compreendido quando comportar três 
aspectos fundamentais: o pragmático (atuação in-
formacional e comunicativa), o semântico-concei-
tual (relacionado à compreensão, à cognição, por-
tanto, da coerência) e o formal (de sua organização, 
ou seja, de sua coesão).
Por outro lado, discurso é mais abrangente 
e, de acordo com a Análise do Discurso de linha 
francesa, ele é entendido como o espaço em que 
emergem as significações (BRANDÃO, 2002). Mas, 
o que comporta essa significação? Primeiramente, 
temos de entender que o discurso de que tratamos 
se faz na e pela língua, ou seja, as significações se-
rão observadas em sua formação discursiva, soma-
da às suas condições de produção, norteadas pela 
sua formação ideológica.
Dessa forma, a noção de discurso pode ser 
vista como múltipla e analisá-lo é, de acordo com 
Foucault (1990, p. 187), “fazer desaparecer e reapa-
recer as contradições é mostrar o jogo que jogam 
entre si; é manifestar como pode exprimi-las, dar-
-lhes corpo, ou emprestar-lhes uma fugidia apa-
rência.” Isso quer dizer que analisar um discurso é 
buscar esses elementos de dispersão, os diversos 
discursos que comporta, os textos que com ele dia-
logam.
E há várias maneiras de os textos conversa-
rem entre si e com os discursos, como veremos a 
seguir.
DicionárioDicionário
Linguística é a ciência da linguagem.
AtençãoAtenção
Texto pode ser compreendido como 
uma unidade de sentido que depende 
de uma série de fatores, ligados tanto à 
coerência quanto à coesão.
Márcia Antonia Guedes Molina
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De acordo com Kristeva (1974, p. 64) “todo 
texto se constrói como um mosaico de citações. 
Todo texto é absorção e transformação de um ou-
tro texto” , ou seja, como fala Bakhtin (1988), ne-
nhum discurso é neutro, mas sempre formado por 
outros que lhe foram anteriores no tempo, pois é 
produzido por um sujeito descentrado, assumindo 
diferentes vozes sociais, que o tornam um sujeito 
histórico e ideológico.
Fiorin (2003, p. 32) ensina que “a intertextuali-
dade é o processo de incorporação de um texto em 
outro, seja para reproduzir o sentido incorporado, 
seja para transformá-lo.” Já Brandão (2002, p. 76) 
aponta dois tipos de intertextualidade: uma inter-
na, na qual um “discurso se define por sua relação 
com o discurso do mesmo campo, podendo diver-
gir ou apresentar enunciados semanticamente vi-
zinhos aos que autoriza sua formação discursiva”; e 
uma externa, “na qual o discurso define uma certa 
relação com outros campos”.
Kock (1986) também aponta a possibilidade 
de se observar a intertextualidade de duas manei-
ras: em sentido amplo, que ocorre implicitamen-
te, ou seja, a identificação dos textos em diálogo 
é conseguida por meio de atenta observação por 
parte do leitor, porque o novo texto mantém al-
guns aspectos, tanto formais quanto de sentido, 
dos originais; em sentido estrito, que pode apare-
cer tanto implicitamente – por meio da divulga-
ção de sua ideologia e retórica – quanto explicita-
mente – por meio da revelação direta do texto do 
qual se origina.
Paulino, Walty e Cury (1997) indicam oito 
possibilidades de a intertextualidade se revelar, 
isto é, por meio de epígrafe, citação, referência, alu-
são, paráfrase, paródia, pastiche e tradução. Esses 
autores entendem a sociedade como uma grande 
rede intertextual e dão ao espaço cultural um lugar 
de relevância, pois cada produção dialoga necessa-
riamente com outras. 
Fiorin (2003) e Sant’Anna (1988) apontam di-
ferentes maneiras de a intertextualidadeocorrer. O 
primeiro identifica três processos: a citação, a alu-
são e a estilização; o segundo, quatro: a paródia, a 
paráfrase, a estilização e a apropriação. Como é a 
proposta de Sant’Anna que mais atende aos nossos 
propósitos, estudá-la-emos pormenorizadamente 
a seguir.
4.1 Intertextualidade
4.2 Paródia
Todo mundo sabe o que é paródia? Vamos 
ver o que dizem os estudiosos da Linguística Tex-
tual.
Fávero (2003, p. 49) vai à etimologia para con-
ceituar o termo: “Paródia significa canto paralelo 
(de para = ao lado de e ode = canto), incorporan-
do a idéia de uma canção, cantada ao lado de ou-
tra, como uma espécie de contracanto.” Sant’Anna 
(1988) completa, asseverando que ela tem uma 
função catártica, funcionando como contraponto 
com os momentos de muita dramaticidade. Além 
disso, a paródia faz uma reapresentação daquilo 
que havia sido recalcado, sendo uma nova e diferente 
maneira de ler o convencional, ou seja, é um processo 
de liberação do discurso, uma tomada de consciência 
crítica.
Parodia-se um texto para negá-lo, já que a 
linguagem, nesse tipo de produção, é dupla: as 
vozes que dialogam nos dois discursos se cruzam 
tanto horizontal (produtor x receptor) quanto ver-
ticalmente (texto x contexto) (FÁVERO, 1999).
Temos, em nossa literatura, muitos exem-
plos de paródia. Jô Soares, na época de cassação 
do então presidente Fernando Collor de Melo, uti-
lizando-se da mesma estrutura da nossa Canção do 
exílio, escreveu:
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Canção do Exílio às Avessas
Jô Soares 
Minha Dinda tem cascatas 
Onde canta o curió 
Não permita Deus que eu tenha 
De voltar pra Maceió. 
Minha Dinda tem coqueiros 
Da Ilha de Marajó 
As aves, aqui, gorjeiam 
Não fazem cocoricó. 
  
O meu céu tem mais estrelas 
Minha várzea tem mais cores. 
Este bosque reduzido 
deve ter custado horrores. 
E depois de tanta planta, 
Orquídea, fruta e cipó, 
Não permita Deus que eu tenha 
De voltar pra Maceió. 
 [...]  
No meio daquelas plantas 
Eu jamais me sinto só. 
Não permita Deus que eu tenha 
De voltar pra Maceió. 
Pois no meu jardim tem lagos 
Onde canta o curió 
E as aves que lá gorjeiam 
São tão pobres que dão dó. 
  
Minha Dinda tem primores 
De floresta tropical. 
Tudo ali foi transplantado, 
Nem parece natural. 
Olho a jabuticabeira 
dos tempos da minha avó. 
Não permita Deus que eu tenha 
De voltar pra Maceió. 
  
Até os lagos das carpas 
São de água mineral. 
Da janela do meu quarto 
Redescubro o Pantanal. 
Também adoro as palmeiras 
Onde canta o curió. 
Não permita Deus que eu tenha 
De voltar pra Maceió. 
  
Finalmente, aqui na Dinda, 
Sou tratado a pão-de-ló. 
Só faltava envolver tudo 
Numa nuvem de ouro em pó. 
E depois de ser cuidado 
Pelo PC, com xodó, 
Não permita Deus que eu tenha 
De acabar no xilindró.
Recordemo-nos do original, de Gonçalves 
Dias:
Canção do Exílio
Gonçalves Dias 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá. 
  
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores. 
  
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o sabiá. 
  
Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar – sozinho, à noite – 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o sabiá. 
  
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu’inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o sabiá. 
O dialogismo entre os textos é inquestioná-
vel, revelando, também, a característica primordial 
da paródia: temos aqui cantos paralelos aos de 
Gonçalves Dias, mas, ao mesmo tempo em que fa-
zem com que nossa memória textual retome o ori-
ginal, seu lado humorístico faz com que eles nunca 
se encontrem, como imagens invertidas num espe-
lho (SANT’ANNA, 1988).
Num texto acadêmico, podemos fazer uso da 
paródia quando, especialmente, partindo de um 
texto original, inauguramos outro paradigma, uma 
evolução do primeiro, numa oposição, numa crítica 
tecida com humor e ironia, expondo sua contrai-
deologia.
Márcia Antonia Guedes Molina
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Ex.: (1) Texto fonte:
Salários têm melhores reajustes em 10 anos
Balanço divulgado pelo Dieese (Departamento 
Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-
Econômicos) mostra que, em 2005, 72% dos 
reajustes salariais foram maiores do que a 
inflação, melhor desempenho já constatado.
Fonte: Adaptado de www.pt.org.br.
 
(2) Texto derivado:
Eles conseguem fazer com que seus salários 
tenham melhores reajustes em 10 anos. Balanço 
divulgado pelo Dieese (Departamento de 
Infâmias, Enrolação e Embuste Sem Escrúpulos) 
mostra que, em 2005, 72% dos reajustes 
salariais dos políticos foram maiores do que a 
inflação, maior roubalheira e sem-vergonhice já 
constatada.
Como se pode perceber, embora os dois textos mantenham um diálogo entre si, a paródia subverte 
o sentido do primeiro, retoma-o para o negar, para o ironizar, caminhando ao seu lado como se fosse sua 
imagem invertida. Diferente é a paráfrase, como veremos a seguir.
Sant’Anna (1988) afirma que o termo ‘para-
-phrasis’ (que já no grego significava continuidade 
ou repetição de uma sentença) pode ser conside-
rado, grosso modo, uma reafirmação, por meio de 
outras palavras, do mesmo sentido de uma obra 
escrita, ou seja, pode-se considerar a paráfrase a 
tradução ou a transcrição de um texto primitivo.
Nesse sentido, Derrida (2002) ensina que o 
tradutor deve resgatar, absolver, resolver o tex-
to original e quando “cria” é como um pintor que 
“copia” seu “modelo”. Por sua vez, Benjamin (1996, 
p. 108) diz que “a natureza engendra semelhanças”, 
bastando, para entender isso, pensar-se na mímica.
Portanto, diferentemente da paródia, a pará-
frase é a frase paralela, ou seja, uma releitura do 
original. Se, na primeira, temos a ruptura, a crítica 
sutil; na segunda, ficamos à frente de uma releitura, 
de uma reprodução.
Para que possamos compreendê-la melhor, 
tomemos como exemplo a mesma Canção do exílio 
e vamos ver algumas paráfrases elaboradas a partir 
dela: 
I – Canção do Exílio (Casimiro de Abreu)
Se eu tenho de morrer na flor dos anos
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Dá-me os sítios gentis onde eu brincava.
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
O céu do meu Brasil!
Se eu tenho de morrer na flor dos anos
Meu Deus! não seja já!
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!
Quero ver esse céu da minha terra
Tão lindo e tão azul!
E a nuvem cor-de-rosa que passava
Correndo lá do sul!
4.3 Paráfrase
DicionárioDicionário
Paráfrase: “(1) sf. interpretação ou tradução em 
que o autor procura seguir mais o sentido do 
texto que sua letra: metafrase; (2) interpretação, 
explicação ou nova apresentação de um texto 
que visa torná-lo mais inteligível ou que sugere 
novo enfoque para o seu sentido.” 
(HOUAISS, 2001, p. 2127)
Comunicação e Expressão
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Quero dormir à sombra dos coqueiros,
As folhas por dossel;
E ver se apanho a borboleta branca,
Que voa no vergel!
Quero sentar-me à beira do riacho
Das tardes ao cair,
E sozinho cismando no crepúsculo
Os sonhos do porvir!
Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
A voz do sabiá!
Quero morrer cercado dos perfumes
Dum clima tropical,
E sentir, expirando, as harmonias
Do meu berço natal!
As cachoeiras chorarão sentidas

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