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REGULAÇÃO DO FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL O encéfalo recebe aproximadamente 15% do débito cardíaco. Para um órgão cujo peso é 2 % da massa corpórea, esse fluxo sanguíneo é bastante elevado, o que é decorrente da necessidade de um consumo maior de oxigênio. O ~tr,Qle do flt:t_X()§ªngllín~o cerebrªI (_FSC) _é realizado por meio de vários mecanismos, como vere- mos a seguir. Regulação pelo C0 2 · O FSC varia diretamente com a pressão de per- fusão cerebral (PPC) e inversamente com a resistência vascular cerebral (RVC). O mecanismo mais impor- tante e frequente que regula a RVC e o FSC é a alte- ração do diâmetro arteriolar. O fluxo relaciona-se com a quarta potência do raio do vaso (lei de Poiseuille), nas regiões arterial e arteriolar, visto que, em vasos nos quais o calibre e a viscosidade sanguínea forem consi- derados constantes, o sangue comporta-se como um fluido newtoniano. A variação de 1 mmHg na PaCO 2 modifica o FSC de 2 a 3% (Fig. 1-1), de modo que~ FSC é diretamente proporcional à PaCO 2• Como esse fluxo aumenta em con- sequência à vasodilatação cerebral, o volume sanguíneo cerebral (VSC) também aumenta com a hipercarbia. ~-- O FSC globé!.LI_10rmal é de aproximadamente G3,5 mi . lOOg 1• min 1~ entretanto, o fluxo sanguíneo ~-- tem valores diferentes nas diversas regiões do encéfa- lo. Na substância cinzenta do cérebro, o fluxo é maior ( 7 4,5 mi . lOOg·1• min 1) e na substância branca é me- nor (24,8 mi. lOOg·1• min·1). A reatividade vascular das artérias e arteríolas cerebrais ao CO 2 também é diferente nas distintas re- giões do encéfalo. Observe que a curva do FSC em função da PaCO 2 é uma sigmoide com curvas em 25 e entre 80 e 100 mmHg (Fig. 1-1). Na PaC02 de 25 mmHg o FSC se reduz em 40%, sendo aproximadamente 30 mi. IOOg·1 • min·1• Com a PaCO 2 em 20 mmHg, o FSC está entre 20 e 25 mi . lOOg·1 • min-\ valor no qual a hipocapnia começa a pro- duzir um achatamento no traçado do EEG. A PaCO 2 de 80 a 100 mmHg causa uma vasodilatação máxima, que praticamente dobra o FSC. O C0 2 atravessa a barreira hematoencefálica (BHE) acidificando o líquor (LCR) perivascular e reduzindo a contratilidade da fibra mus- cular do vaso cerebral. Essa resposta é muito rápida e ocorre em apenas alguns segundos. Quando a hipocap- nia é mantida por muito tempo, a sua capacidade vaso- constritora se reduz, pois restaura-se o pH liquórico pelo equilíbrio metabólico. No encéfalo normal o pH alcalino do líquor consequente à hipocapnia normaliza-se em 4-6 horas, com compensação total em 24-36 horas. A acidose e a alcalose metabólicas no plasma têm pouco efeito sobre o FSC quando a BHE está íntegra, pois não ocorre a passagem de íons hidrogênio ou bi- carbonato para o LCR. B a s e s d a T e r a p i a I n t e n s i v a N e u r o l ó g i c a : F i s i o p a t o l o g i a e P r i n c í p i o s T e r a p ê u t i c o s C o n d i ç õ e s q u e m o d i f i c a m o c o n t r o l e v e l o D u r a n t e a h i p o t e n s ã o a r t e r i a l p r o f u n d a a h i p o c a p - n i a n ã o a u m e n t a o F S C ( F i g . 1 - 1 ) , p o i s a r e a t i v i d a d e v a s c u l a r t e m s u a e f i c á c i a r e d u z i d a . P o r t a n t o ) n ã o é p o s - s í v e l a u m e n t a r o F S C a t r a v é s d a e l e v a ç ã o d a P a C O 2 p a r a r e v e r t e r a i s q u e m i a c a u s a d a p e l a h i p o t e n s ã o a r t e r i a l . A s d r o g a s v a s o d i l a t a d o r a s c e r e b r a i s , c o m o n i t r o - p r u s s i a t o d e s ó d i o e a g e n t e s a n e s t é s i c o s h a l o g e n a d o s , d e s l o c a m a c u r v a d e i n f l u ê n c i a d a P a C 0 2 p a r a a e s - q u e r d a . N e s s a s i t u a ç ã o , p a r a u m d a d o v a l o r d e P a C 0 2 o F S C é m a i o r , e p a r a m a n t e r o f l u x o n o m e s m o v a l o r é p r e c i s o r e d u z i r m a i s o C 0 2 a r t e r i a l ( F i g . 1 - 2 ) . P o r o u t r o l a d o , a s d r o g a s v a s o c o n s t r i t o r a s c e r e - b r a i s , c o m o b a r b i t ú r i c o s , l i d o c a í n a , b e n z o d i a z e p í n i c o s e e t o m i d a t o , d e s l o c a m a c u r v a p a r a a d i r e i t a . N e s s e c a s o , p a r a u m d a d o v a l o r d e P a C 0 2 o F S C é m e n o r ( F i g . 1 - 2 ) . A r e d u ç ã o d o F S C p o r a g e n t e s a n e s t é s i c o s v a s o c o n s t r i t o r e s c e r e b r a i s é d e c o r r e n t e d a r e d u ç ã o d o m e t a b o l i s m o b a s a l , c o m o v e r e m o s a d i a n t e . A a r t é r i a c e r e b r a l q u e e s t á e m e s p a s m o n ã o r e s - p o n d e a o s m e c a n i s m o s d e v a s o d i l a t a ç ã o o u v a s o - c o n s t r i ç ã o c a u s a d o s p e l a h i p e r c a p n i a o u h i p o c a p n i a , r e s p e c t i v a m e n t e . C o m o o s v a s o s n o r m a i s m a n t ê m a e f e t i v i d a d e d e s u a r e s p o s t a à v a r i a ç ã o d o c o 2 , o c o r r e u m e f e i t o i n t e r e s s a n t e ( F i g . 1 - 1 ) . Q u a n d o a h i p e r c a p - n i a e s t á p r e s e n t e , o s v a s o s n o r m a i s s e d i l a t a m e o s i s - q u ê m i c o s n ã o , o q u e d e s l o c a o f l u x o s a n g u í n e o d a á r e a i s q u ê m i c a p a r a a á r e a n o r m a l ( e f e i t o " r o u b o " ) . C o n t r a - r i a m e n t e , n a h i p o c a p n i a o s v a s o s n o r m a i s c o n t r a e m e o s i s q u ê m i c o s n ã o , o q u e d e s l o c a p a r t e d o f l u x o s a n g u í - l~;r F i g . 1 - 1 . ( 1 ) A a r t é r i a c o m e s p a s m o n ã o r e s p o n d e à v a r i a ç ã o d e C 0 2 . ( 2 ) N a h i p e r c a p n i a o s v a s o s n o r m a i s d i l a t a m e " r o u b a m " o f l u x o s a n - g u í n e o d a a r t é r i a p a t o l ó g i c a , a g r a v a n d o a i s q u e m i a ( e f e i t o " r o u b o " ) . ( 3 ) N a h i p o c a p n i a o s v a s o s n o r m a i s c o n t r a e m e d e s l o c a m o f l u x o s a n g u í n e o p a r a a s a r t é r i a s e m e s p a s m o ( e f e i t o " r o u b o " i n v e r s o ) . n e o d a á r e a n o r m a l p a r a a á r e a i s q u ê m i c a ( e f e i t o " r o u - b o i n v e r s o " ) . D e v e - s e c o n s i d e r a r a q u i a s m o d i f i c a ç õ e s d a c i r c u l a ç ã o c o l a t e r a l . O s v a s o s s a n g u í n e o s d o c é r e b r o n o r m a l q u e e s - t ã o a o r e d o r d e d e t e r m i n a d o s t u m o r e s t ê m a c o n t r a t i - l i d a d e r e d u z i d a , o q u e s i g n i f i c a q u e e s t e s p e r m a n e c e m c o m u m c e r t o g r a u d e d i l a t a ç ã o e , p o r t a n t o ) c o m o f l u x o s a n g u í n e o a u m e n t a d o n a s r e g i õ e s p e r i t u m o r a i s . E s s e a u m e n t o d o f l u x o s a n g u í n e o o f e r e c e m a i o r o f e r t a d e o x i g ê n i o a o c é r e b r o p e r i t u m o r a l e , c o m o e s t e n ã o n e c e s s i t a d a m a i o r o f e r t a d e o x i g ê n i o , c r i a - s e u m a s i - t u a ç ã o d e " p e r f u s ã o d e l u x o " ( F i g . 1 - 3 ) . D e v e m o s l e m b r a r q u e , c o m a h i p e r t e r m i a , a r e - s i s t ê n c i a v a s c u l a r c e r e b r a l d i m i n u i e , p o r t a n t o , o F S C a u m e n t a , q u a l q u e r q u e s e j a o v a l o r d a P a C 0 2 • A d i c io - n a l m e n t e , n o r e c é m - n a s c i d o a s e n s i b i l i d a d e v a s c u l a r c e r e b r a l a o c o 2 é m e n o r d o q u e n o a d u l t o . F S C m l / 1 O O g / m i n 5 3 - ª . . . . . . . . . . b - - e - - - d 1 j , . . . / . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ~--~=------- 2 5 4 0 8 0 P a C 0 2 F i g . 1 - 2 . ( a ) O F S C é d i r e t a m e n t e p r o p o r c i o n a l à P C O , e n t r e 2 5 e 8 0 m m H g . ( b ) A s d r o g a s v a s o c o n s t r i t o r a s c e r e b r a i s ( t i o p e n t a l , I i - d o c a í n a ) d e s l o c a m a c u r v a p a r a a d i r e i t a . ( c ) A s d r o g a s v a s o d i l a t a - d o r a s c e r e b r a i s ( n i t r o p r u s s i a t o , a n e s t é s i c o s h a l o g e n a d o s ) d e s l o c a m a c u r v a p a r a a e s q u e r d a . ( d ) N a h i p o t e n s ã o a r t e r i a l p r o f u n d a a r e s p o s t a d o F S C à e l e v a ç ã o d o C 0 2 e s t á a b o l i d a . , , , _ . - - - . . . . . . / / Á r e a P a t o l ó g i c a ' ' / i R e a t i v i d a d e V a s c u l a r \ \ ~ / ' - . . . _ T U M O R / / . . . . . . _ _ _ . , . . Á R E ? A P E R I T U M O R A L D F i g . I - 3 . A á r e a a o r e d o r d o t u m o r p o d e s e r c o n s t i t u í d a d e c é r e b r o n o r m a l , e n t r e t a n t o , o s v a s o s s a n g u í n e o s p o d e m t e r a r e a t i v i d a d e v a s c u l a r c o m p r o m e t i d a , o q u e c a u s a u m a u m e n t o d o f l u x o s a n g u í n e o a c i m a d a n e c e s s i d a d e n o r m a l d e s s a r e g i ã o ( " p e r f u s ã o d e l u x o " ) . Regulação pelo 0 2 _A_hiperóxia modifica pouco o FSC. Quando a Pa0 2 está ao redor de.200 a 300 mmHg o FSC se reduz em apenas 10% com a vasoconstrição. Aparentemente existe a necessidade do SNC de proteger-se contra o excesso de oxigênio eJ quando os mecanismos vasculares que protegem o encéfalo contra a hiperóxia entram em falência) surgem alterações ele- troencefalográficas sugestivas de atividade convulsiva. ~~_JJÓxiélJ com PaO 2 i11ferior a 50 mmHgJ cau- sa vasodilatação cerebral intensa ai{m~rrt;~do o VSC ;-;-Fsc;ila-te~tativa de aum~nta~ o fluxo de hemácias e) consequentemente) a oferta de oxigênio ao cérebro. Abaixo dessevalorJ a glicose é utilizada pela via anaeróbia produzindo acidose láctica progressiva nos neurônios. A manutenção da oferta de oxigênio é obtida através da vasodilatação cerebral. Porém) quando a Pa02 se reduz para 30 mmHgJ mesmo que o FSC seja o dobro do valor normal) não é mais possível manter a oferta de oxigênio em quantidade suficiente (Fig. 1-4). A reatividade vascular à hipóxia está reduzida nos pacientes idosos que possuem doenças vasculares cere- brais) o que os torna mais sensíveis a esse fenômeno. O mecanismo da vasoplegia e a perda da autorre- gulação cerebral na isquemia parecem ser decorrentes do acúmulo de hidrogênio livre no líquor perivascular. Entretanto) a concentração de H+ não é pré-requisito para alterar o FSC. As modificações de K_+ e Ca++ tam- bém exercem efeito sobre o FSC. O neurônio não to- lera a hipóxia prolongada) mesmo que se restabeleça a 0 2 Liberado --- -/!- 150 \! 15030 ,,_i - a 1 ..::..,._ 1 ______ _ - - b ___ 1 _ ..... 1 ________ ..... 30 50 Pa02 mmHg 3 6 oc? ~== ~ O" 4 O CD o~ (Q PJ ~ Q. 3 o 2 :;· Fig. 1-4. (a) A hiperóxia modifica pouco o FSC; por outro lado, quando a Pa02 é menor do que 50 mmHg ocorre a vasodilatação cerebral para aumentar o FSC e a oferta de oxigênio. (b) Até 30 mmHg de Pa02, a quantidade de oxigênio liberada para os neurô- nios é mantida à custa da vasodilatação, porém abaixo desse valor a oferta de 0 2 cai abruptamente. Regulação do Fluxo Sanguíneo Cerebral Paü 2 com valores acima dos normais. Portanto) a reati- vidade vascular não se restabelece e a vasoplegia causa aumento do VSC e da PIC. O aumento da PIC reduz a PPCJ o que agrava a isquemia cerebral. Autorregulação O encéfalo é capaz de manter o FSC constante mesmo com a variação da pressão arterial ou) melhor dizendo) com a variação da pressão de perfusão cerebral (PPC). Esta é a resultante da diferença entre a pressão arterial média (PAM) e a pressão intracraniana (PIC). A PI C corresponde_ à pressão venosa intracraniana. PPC = PAM - PIC Esse mecanismo que mantém o FSC constan- te é conhecido como autorregulaçãoJ que é melhor definida como a vasodilatação que ocorre com a re- dução da PPC e a vasoconstrição que ocorre com o aumento da PPC. Observe a equação: FSC = PPC / RVC Assim) para o FSC manter-se constante com are- dução da PPC é necessário que se diminua também a resistência vascular cerebral (RVC). O inverso ocorre na hipertensão arterial. Esta autorregulação é efetiva quando os valores da pressão arterial média (PAM) variam entre os limites de 60 mmHg e 150 mmHg. Abaixo do limite inferior e acima do limite superior) o FSC diminui e aumenta) respectivamente) com a variação da PAM (Fig. 1-5). À medida que a pressão de perfusão diminui e aproxima- -se do limite inferior) os vasos cerebrais dilatam-se para manter o fluxo constante. Quando a pressãq_ diminui para 69 m~;tlg ocorre a vasodilatação :i:náxima. Muito abaixo desse valor as paredes dos vasos maiores entram em colapso) pois apesar de existir vasodilatação máxi- ma não há nesse momento pressão de perfusão sufi- ciente para manter o fluxo sanguíneo constante. Quando a hipotensão arterial está discretamente abaixo do limite inferior da autorregulação (p. ex.: 50 mmHg) o FSC pode ser aumentado com a hipercapnia ou com agentes anestésicos halogenados. Porém) em situações de hipotensão arterial profunda ( 40 mmHg) B a s e s d a T e r a p i a I n t e n s i v a N e u r o l ó g i c a : F i s i o p a t o l o g i a e P r i n c í p i o s T e r a p ê u t i c o s F S C m l / 1 0 0 g / m i n 5 3 © - ° @ / , " 1 1 7 ; 1 t f . • * 1 ; © ; © ; ; ~ .._~~~~~~--~~~ P A M 5 0 - 6 0 1 5 0 - 1 6 0 m m H g F S C C O N S T A N T E • • • • F S C P R O P O R C I O N A L À P A M F i g . 1 - 5 . O F S C p e r m a n e c e c o n s t a n t e q u a n d o a P A M v a r i a e n t r e o s l i m i t e s d e 6 0 e 1 5 0 m m H g . A b a i x o d o l i m i t e i n f e r i o r o F S C d i m i n u i , e a c i m a d o l i m i t e s u p e r i o r o F S C a u m e n t a . À m e d i d a q u e a p r e s s ã o d e p e r f u s ã o d i m i n u i , o s v a s o s s a n g u í n e o s c e r e b r a i s d i l a t a m - s e p a r a m a n t e r o f l u x o c o n s t a n t e . A b a i x o d e 6 0 m m H g , a p r e s s ã o a r t e r i a l n ã o é s u f i c i e n t e p a r a m a n t e r o f l u x o s a n g u í n e o , a p e s a r d a v a s o d i l a t a ç ã o , e a s a r t é r i a s e n t r a m e m c o l a p s o . e s s a r e s p o s t a c o m p e n s a t ó r i a a h i p e r c a p n i a e a n e s t é s i - c o s e s t á a b o l i d a . É i n t e r e s s a n t e o b s e r v a r n e s s e m o m e n - t o q u e o y a l o r d a p r e s s ã o d e p e r f u s ã o c e r e b r a l c r í t i c a 1 f P P C c r í t i J é d e 3 5 a 4 0 m m H g 1 o u s e j a 1 ~?aixo d e s s e 1 7 v a l _ o r ~pre_~são d e p e r f u s ã o n ã o é c a p a z d e o f e r e c e r n u - i td~ntes p a r a o s n e u r ô n i o s ' . Q u a n d o a p r e s s ã o a r t e r i a l a u m e n t a 1o s v a s o s c e - r e b r a i s c o n t r a e m e r e d u z e m o s e u c a l i b r e 1 o q u e m a n - t é m o F S C c o n s t a n t e . P o r é m 1 a a u t o r r e g u l a ç ã o p e r d e a e f e t i v i d a d e q u a n d o a p r e s s ã o a r t e r i a l u l t r a p a s s a u m " l i m i t e " s u p e r i o r . O a u m e n t o d a p r e s s ã o i n t r a l u m i n a l n a s a r t e r í o l a s e c a p i l a r e s c a u s a d i l a t a ç ã o f o r ç a d a d e s s e s v a s o s 1 a l t e r a n d o o s s e u s c a l i b r e s e d a n i f i c a n d o a b a r r e i - r a h e m a t o e n c e f á l i c a ( B H E ) . V á r i o s m e c a n i s m o s t ê m s i d o p r o p o s t o s p a r a e x - p l i c a r a n a t u r e z a d a a u t o r r e g u l a ç ã o . S ã o e l e s : a ) m e c a - n i s m o m i o g ê n i c o 1 b ) m e c a n i s m o m e t a b ó l i c o ; ~) a ç ã o d o s n e r v o s p e r i v a s c u l a r e s . a ) A t e o r i a d o m e c a n i s m o m i o g ê n i c o s u g e r e q u e o m ú s c u l o l i s o d o v a s o c e r e b r a l r e s p o n d e à s v a r i a - ç õ e s d a p r e s s ã o t r a n s r r i u r a l . A p a r e n t e m e n t e 1 o m e c a n i s m o é u m a r e s p o s t a i n t r í n s e c a d o m ú s c u l o l i s o a r t e r i o l a r à a l t e r a ç ã o d o g r a d i e n t e d e p r e s s ã o t r a n s m u r a l 1 o u s e j a 1 q u a n t o m a i o r a p r e s s ã o i n - t r a v a s c u l a r n a l u z d o v a s o c a u s a n d o e s t i r a m e n t o d a m u s c u l a t u r a l i s a d o v a s o t a n t o m a i o r é a v a s o - c o n s t r i ç ã o r e f l e x a ( e f e i t o B a y l i s s ) . A r a p i d e z d a r e s p o s t a d a a u t o r r e g u l a ç ã o o u a r e s p o s t a c o m - p l e t a e m 1 5 - 3 0 s e g u n d o s f a v o r e c e a h i p ó t e s e d a t e o r i a m i o g ê n i c a . b ) D e u m m o d o g e r a l o . a u m e n t o d a d e m a n d a m e - t a b ó l i c a d o e n c é f a l o a u m e n t a o F S C . U m a v a r i e - d a d e d e m o l é c u l a s v a s o a t i v a s t e m s i d o p r o p o s t a c o m o m e d i a d o r e s e n t r e a a t i v i d a d e n e u r o n a l e o f l u x o s a n g u í n e o c e r e b r a l . S ã o e l a s : C 0 2 1 H + 1 0 2 1 a d e n o s i n a e n u c l e o t í d e o s d e a d e n i n a 1 K + e C a + + . O p a p e l e x a t o d e c a d a u m a d e s s a s s u b s t â n c i a s n o a c o p l a m e n t o e n t r e a a t i v i d a d e m e t a b ó l i c a d o n e u r ô n i o e o f l u x o s a n g u í n e o c e r e b r a l a i n d a n ã o e s t á t o t a l m e n t e d e f i n i d o . c ) O s v a s o s s a n g u í n e o s c e r e b r a i s 1 e x t r a p a r e n q u i m a - t o s o s e i n t r a p a r e n q u i m a t o s o s 1 s ã o i n e r v a d o s d e m a n e i r a c o m p a r á v e l a o s v a s o s p e r i f é r i c o s . A i n e r - v a ç ã o e n c e f á l i c a e x t r í n s e c a t e m s u a s f i b r a s n e r - v o s a s o r i g i n a d a s n o s g â n g l i o s c e r v i c a l s u p e r i o r , t r i g e m i n a ! e e s f e n o p a l a t i n o 1 q u e f o r n e c e m d e s c a r - g a s s i m p á t i c a s 1 p a r a s s i m p á t i c a s e s e n s o r i a i s p a r a a c i r c u l a ç ã o c e r e b r a l . A d e n s i d a d e d e s s a i n e r v a ç ã o é m a i o r n o s g r a n d e s v a s o s d a b a s e d o c r â n i o 1 e é m a i s e s c a s s a n o s v a s o s m a i s d i s t a i s e i n t r a p a r e n - q u i m a t o s o s d o c é r e b r o . A p e s a r d a a t i v i d a d e d a i n e r v a ç ã o s i m p á t i c a t e r p o u c a e f e t i v i d a d e s o b r e o f l u x o s a n g u í n e o c e r e b r a l e m r e p o u s o 1 e s t a t e m u m e f e i t o i m p o r t a n t e s o b r e o v o l u m e s a n g u í n e o c e r e b r a l . A l é m d i s s o 1 d e s l o c a o l i m i t e s u p e r i o r d a a u t o r r e g u l a ç ã o p a r a v a l o r e s m a i s e l e v a d o s ( d e s - c r i t o a s e g u i r ) . A h i p ó t e s e d a e x i s t ê n c i a d e u m a i n e r v a ç ã o e n c e f á l i c a i n t r í n s e c a p a r e c e s e r v i á v e l 1 p o i s r e c e n t e m e n t e s e t e m d e s c o b e r t o r e g i õ e s d o e n c é f a l o q u e p o d e m r e g u l a r o f l u x o s a n g u í n e o c e - r e b r a l , c o m o o n ú c l e o f a s t i g i a l c e r e b e l a r 1 o n ú c l e o d o t r a t o s o l i t á r i o e o n ú c l e o d o l o c u s c e r u l e u s , q u e é b a s i c a m e n t e n o r a d r e n é r g i c o . C o n d i ç õ e s q u e m o d i f i c a m a a u t o r r e g u l a ç ã o A h i p e r c a p n i a e a h i p o c a p n i a d e s l o c a m o p e r í o d o d e e q u i l í b r i o n o q u a l o f l u x o é c o n s t a n t e 1 a p e s a r d a v a - r i a ç ã o d a P A M 1 p a r a n í v e i s m a i s e l e v a d o s o u r e d u z i d o s 1 r e s p e c t i v a m e n t e ( F i g . 1 - 6 ) . A s d r o g a s q u e c a u s a m v a s o d i l a t a ç ã o c e r e b r a l ( a g e n t e s a n e s t é s i c o s h a l o g e n a d o s 1 n i t r o p r u s s i a t o ) d e s - l o c a m o l i m i t e s u p e r i o r d a a u t o r r e g u l a ç ã o p a r a v a l o r e s m e n o r e s ( F i g . 1 - 6 ) . A r e d u ç ã o d o h e m a t ó c r i t o d e m a - n e i r a d r á s t i c a e r e p e n t i n a ( " a n e m i a a g u d a " ) p a r a v a l o - r e s i n f e r i o r e s a 3 0 a 3 2 % d e s l o c a o l i m i t e s u p e r i o r d a autorregulação para a esquerda (Fig. 1-6). Na artéria cerebral que está em espasmo, a autorregulação é defi- ciente e nessa condição o limite inferior da autorregu- Jação desloca-se para valores maiores (Fig. 1-7). No encéfalo normal a variação de fluxo de 1 ml _ lOOg-1 • min-1 é obtida com a variação da pressão de 1,6 mmHg; já no paciente hipertenso arterial crônico é necessário aumentar a pressão em até 3 mmHg para se obter o mesmo fluxo sanguíneo. Assim, no pacien- te idoso com hipertensão arterial crônica, os níveis de pressão arterial devem ser mantidos mais elevados do , que no paciente jovem, pois, os limites da autorregula- Çio estão deslocados para valores maiores (Fig. 1-7). Além disso, o paciente idoso tolera mal a hipotensão erial, pois a capacidade de vasodilatação cerebral ' comprometida devido às alterações inerentes ao elhecimento, como já citado. FSC ml/1 OOg/min 53 2 --~--~~~~~~~~--PAM 50-60 150-160 mmHg • 1-6. (1) O FSC é constante quando a PAM está entre 60 e mmHg durante a normocapnia. (2) As condições que causam ilatação cerebral Chipercapnia, nitroprussiato, halogenados, ia) reduzem o equilíbrio da autorregulação e aumentam o . (3) A hipocapnia mantém a autorregulação, mas com um • 50-60 • • • I I PAM 150-160 mmHg I-7. (a) Autorregulação normal. (b) O vasoespasmo desloca o inferior para a direita. (e) O trauma cranioencef álico grave causar a perda da autorregulação e o FSC torna-se direta- proporcional à PAM. (d) Nos pacientes com hipertensão ar- crônica, os limites estão deslocados para valores maiores. Regulação do Fluxo Sanguíneo Cerebral Os pacientes com hipertensãoarterial crônica tra- tada, que atualmente têm a pressão arterial em valores menores, devem ser divididos em dois grupos distin- tos. No primeiro grupo estão os pacientes hipertensos crônicos tratados, com a pressão arterial normalizada há mais de 20 a 30 dias. Nestes pacientes consideramos que os limites inferior e superior da curva de autorre- gulação já se deslocaram para valores menores, ade- quando-se aos novos valores de pressão arterial após o tratamento. No segundo grupo estã_o os pacientes hi- pertensos crônicos tratados, mas cuja pressão arterial se normalizou há menos de 20 dias. Nestes, supomos que os limites ainda não se adequaram aos novos valores de pressão arterial. Quanto mais recente for a redução da pressão arteria, mais improvável será a adequação dos limites. O encéfalo que foi agredido pode perder a capa- cidade de autorregulação do FSC, como ocorre nos traumatismos cranioencefálicos graves. A perda da rea- tividade vascular causa inchaço cerebral, que é a pa- ralisia motora do vaso com consequente acúmulo de sangue no seu interior. Nessa condição, o FSC pode ser diretamente proporcional à PAM (Fig. 1-7). É im- portante notar que a perda da autorregulação no TCE parece não obedecer a lei do ''tudo ou nada''. Em outras palavras, determinadas regiões do cérebro podem ter a regulação do fluxo sanguíneo comprometida, mas ain- da podem responder parcialmente com vaso constrição à redução da PaC02• Porém, a hipóxia não deve estar presente, pois, como a hipercapnia, ela é um estímulo muito potente para causar vasodilatação cerebral. Controle Metabólico O FSC de 53,5 1111 . lOOg 1 • min 1 é regulado para manter constan~~ forn~cimento de 0 2 para as ne- cessidades metabólicas do encéfalo. Se a demanda do encéfalo aumenta, o FSC também aumenta. Se a de- manda diminui, o FSC diminui. Este controle deve-se a um mecanismo de acoplamento entre a necessidade e a oferta dos substratos. Como o consumo médio de oxi- gênio pelo encéfalo (CMRO) é 3,2 ml .100g 1 • min1, a regulação metabólica procura manter constante a re- lação: FSC/CMR02 = 15 (Fig.1-8).A atividade ence- fálica induz a alterações metabólicas que, por sua vez, estão acopladas à modulação local do fluxo sanguíneo através de substâncias mensageiras. B a s e s d a T e r a p i a I n t e n s i v a N e u r o l ó g i c a : F i s i o p a t o l o g i a e P r i n c í p i o s T e r a p ê u t i c o s F S C n o r m a l = 5 3 m l / 1 O ü g / m i n C M R 0 2 = 3 , 5 g d e 0 2 / 1 0 0 g / m i n . / F S C / C M R 0 2 = 1 5 F S C / c o n v u l s ã o ~a A T I V I D A D E M E T A B Ó L I C A F i g . 1 - 8 . E x i s t e u m m e c a n i s m o d e c o n t r o l e d o F S C e m f u n ç ã o d a t a x a m e t a b ó l i c a d o n e u r ô n i o . Q u a n t o m a i o r o c o n s u m o d e o x i - g ê n i o , m a i o r é o F S C , e q u a n t o m e n o r é o c o n s u m o d e o x i g ê n i o , m e n o r é o F S C . A r e g c i ! a ç ã o m e t a b ó l i c a p r o c u r a m a n t e r a r e l a ç ã o F S C ! C M R 0 2 = 1 5 . O c o n t r o l e n e u r o g ê n i c o m o d i f i c a p o u c o o F S C . V á r i a s m o l é c u l a s v a s o a t i v a s t ê m s i d o p r o p o s t a s c o m o m e d i a d o r a s d e a c o p l a m e n t o e n t r e a a t i v i d a d e n e u r o n a l e o f l u x o s a n g u í n e o c e r e b r a l . C o m o j á c i t a m o s , e s s a s m o l é c u l a s s ã o : C 0 2 , H + , 0 2 , a d e n o s i n a e n u c l e o - t í d e o s d e a d e n i n a , I z + e C a + + . A a d e n o s i n a p a r e c e s e r a m o l é c u l a c o m m a i o r p r o b a b i l i d a d e d e s e r a r e g u l a d o r a m e t a b ó l i c a d o F S C . Í o n s c o m o o K + e H + p a r e c e m s e r o s m e n o s e n v o l v i d o s n o p r o c e s s o , u m a v e z q u e t a n t o a c o n c e n t r a ç ã o d e p o t á s s i o q u a n t o o p H a o r e d o r d o n e u - r ô n i o n ã o e s t a r i a m d e m a s i a d a m e n t e a l t e r a d o s . S i t u a ç õ e s q u e e l e v a m o c o n s u m o d e o x i g ê n i o a u - m e n t a m o F S C , c o m o n a c r i s e c o n v u l s i v a , n a h i p e r t e r - m i a o u n a v i g ê n c i a d a d o r . O m e c a n i s m o d e a c o p l a m e n t o e n t r e a d e m a n d a e a o f e r t a d e o x i g ê n i o é o p r i n c i p a l m e c a n i s m o p e l o q u a l o s b a r b i t ú r i c o s , e m e s p e c i a l o t i o p e n t a l , r e d u z e m o F S C . C o n t r o l e N e u r o g ê n i c o E s s e f a t o r a t u a p o u c o n o F S C . O s v a s o s s a n g u í - n e o s e n c e f á l i c o s s ã o i n e r v a d o s p o r f i b r a s c o l i n é r g i c a s , a d r e n é r g i c a s e s e r o t o n i n é r g i c a s c o m o r i g e n s e x t r a e i n - t r a c r a n i a n a . E s s e s s i s t e m a s n e u r o g ê n i c o s e x e r c e m s u a m a i o r i n f l u ê n c i a n o s g r a n d e s v a s o s i n t r a c r a n i a n o s , s e n - d o q u e a d e n s i d a d e d a i n e r v a ç ã o s e r e d u z à m e d i d a q u e o d i â m e t r o d o s v a s o s m a i s d i s t a l m e n t e d i m i n u i . N o h o m e m , o e s t í m u l o d o l o r o s o e a a n s i e d a d e c a u s a m u m a u m e n t o n o c o n s u m o d e o x i g ê n i o e n o f l u x o s a n g u í n e o c e r e b r a l , e f e i t o n o q u a l a s f i b r a s n o - r a d r e n é r g i c a s q u e e m e r g e m d o t r o n c o c e r e b r a l e s t ã o p o s s i v e l m e n t e e n v o l v i d a s . E x i s t e m i n d í c i o s s o b r e o e n v o l v i m e n t o d o m e c a - n i s m o n e u r o g ê n i c o n a r e g u l a ç ã o d o F S C , n a r e a ç ã o d e e s t r e s s e a s s o c i a d a c o m a h i p o t e n s ã o h e m o r r á g i c a o u o u t r a s c a u s a s q u e a t i v e m o s i s t e m a n e r v o s o s i m p á t i c o . A i n t e n s a a t i v i d a d e s i m p á t i c a c a u s a v a s o c o n s t r i ç ã o c e - r e b r a l e p o d e d e s v i a r a c u r v a d a a u t o r r e g u l a ç ã o p a r a a d i r e i t a , p o d e n d o a t e n u a r o a u m e n t o d o F S C q u e o c o r - r e n a h i p e r c a p n i a e n a i n t e n s a e s t i m u l a ç ã o m e t a b ó l i c a . D e v i d o a e s s e d e s v i o d a c u r v a d a a u t o r r e g u l a ç ã o i n d u - z i d a p e l a m a i o r a t i v i d a d e s i m p á t i c a , a i s q u e m i a o c o r r e m a i s f a c i l m e n t e d u r a n t e a h i p o t e n s ã o a r t e r i a l h e m o r - r á g i c a d o q u e d u r a n t e a h i p o t e n s ã o a r t e r i a l i n d u z i d a p o r d r o g a s . E s s a v a s o c o n s t r i ç ã o é , n a m a i o r i a d a s v e z e s , m e - d i a d a p o r a t i v i d a d e a l f a - a d r e n é r g i c a . E n t r e t a n t o , a a d - m i n i s t r a ç ã o v e n o s a d a m a i o r i a d a s d r o g a s a g o n i s t a s a l f a - a d r e n é r g i c a s t e m e f e i t o d i s c r e t o s o b r e o F S C , p o i s e l a s n ã o a t r a v e s s a m a b a r r e i r a h e m a t o e n c e f á l i c a í n t e g r a . P o r o u t r o l a d o , a q u e b r a d a B H E p o d e r i a , p o r v e z e s , p e r m i t i r a p a s s a g e m d o s a g o n i s t a s a l f a - a d r e n é r g i c o s e c a u s a r v a s o c o n s t r i ç ã oc e r e b r a l . V i s c o s i d a d e S a n g u í n e a P a r a q u a l q u e r v a l o r d e p r e s s ã o d e p e r f u s ã o c e - r e b r a l , o f l u x o s a n g u í n e o c e r e b r a l d e p e n d e a p e n a s d o r e s u l t a d o d a f o r ç a d a r e s i s t ê n c i a e d o s f a t o r e s l o c a i s p r ó x i m o s . E s s e g r u p o d e f a t o r e s l o c a i s f o r m a m a r e - s i s t ê n c i a v a s c u l a r c e r e b r a l ( R V C ) , q u e é d e f i n i d a p e l a p r e s s ã o d e p e r f u s ã o e p e l o f l u x o s a n g u í n e o c e r e b r a l , o u s e j a : -~-___,.,, R V C = . P P C / F S C A r e s i s t ê n c i a v a s c u l a r c e r e b r a l d e p e n d e d a n a t u - r e z a d o l e i t o v a s c u l a r i n t r a c r a n i a n o e d a v i s c o s i d a d e s a n g u í n e a . A v i s c o s i d a d e s a n g u í n e a d e p e n d e d e f a t o r e s c o m o a c o n c e n t r a ç ã o d e h e m á c i a s , a v i s c o s i d a d e d o p l a s m a , a v e l o c i d a d e d o f l u x o s a n g u í n e o , a a g r e g a ç ã o d e e l e m e n t o s c o r p u s c u l a r e s e o d i â m e t r o d o v a s o . D e s - t e s , o m a i o r d e t e r m i n a n t e d a v i s c o s i d a d e s a n g u í n e a é a c o n c e n t r a ç ã o d e h e m á c i a s . V a r i a ç õ e s i m p o r t a n t e s ocorrem na viscosidade sanguínea com pequenas osci- lações na concentração de hemácias. Na anemia aguda ocorre redução importante da viscosidade sanguínea, e na policitemia e durante a hipotermia há um aumento importante da viscosidade sanguínea. A redução da viscosidade aumenta o FSC e, por outro lado, o seu aumeµto o reduz. Entretanto, quan- to maior é o FSC menor é a influência da viscosidade sobre o mesmo. A redução da viscosidade potencializa o aumento do FSC causado pela hipercapnia, e o seu aumento produz um efeito contrário. \ \ 1 I I Fig. 1-9. O gradiente de velocidade de um fluido dentro de um tubo é a diferença de velocidade do fluido entre dois pontos distin- tos. Gradiente de velocidade= Vl - V2, sendo Vl > V2. õ li <( 35 :J ('.) '~ 30 ~ 25 ~ __J 20 w c:c w 15 o <( o 10 U5 o ü 5 (f) > (5,8) (11) (46) (115) (230) 10 30 50 70 90 HEMATÓCRITO w o <( o ü o __J w > w o w f- z w õ <( c:c ('.) Fig. 1-10. Aumento da viscosidade sanguínea, em nível capilar, conforme o aumento do hematócrito em diferentes gradientes de velocidade do fluxo sanguíneo. (Adaptado de Stone HO, et al.) Regulação do Fluxo Sanguíneo Cerebral O gradiente de velocidade do fluxo sanguíneo é definido como a diferença da velocidade do sangue en- tre dois pontos distintos dentro do mesmo vaso (Fig. 1-9). Adicionalmente, para um determinado valor de hematócrito, quanto maior for a viscosidade sanguínea determinada por outros fatores, menor será o gradiente de viscosidade (Fig. 1-10). Como o gradiente de velocidade interfere no FSC? Sabemos que a agregação dos eritrócitos influen- cia a viscosidade nos vasos de condução (arteríolas e capilares). Essa agregaçãô normalmente é reversível e depende de fatores metabólicos como a osmolaridade e o pH sanguíneo, das características da superfície das células, da presença de macromoléculas e do gradiente de velocidade do fluxo sanguíneo. Os eritrócitos se de- sagregam à medida que o gradiente de velocidade au- menta, e se agregam quando o gradiente de velocidade do fluxo sanguíneo diminui. No encéfalo normal os maiores determinantes do fluxo sanguíneo são o gradiente de pressão e o raio do vaso de condução. Porém, nas áreas isquêmicas, onde a autorregulação pode ser ineficaz, a viscosidade sanguínea assume uma grande importância para determinar o fluxo sanguíneo. Na isquemia cerebral, a redução do volume e do fluxo sanguíneo, associada à redução do gradiente de velocidade, causa o desencadeamento da agregação de eri- trócitos que, posteriormente, eleva a viscosidade e reduz o fluxo sanguíneo. Referências Bruce DA, Langfitt TW, Miller JD, Schutz H, Vapalahti MP, Stanek A, Goldberg HI - Regional cerebral blood flow, intracranial pressure, and brain metabolism in comatose patients.f Neurosurg, 38:131-144, 1973. Chopp M, Potnoy HD - Systems of analysis of intracranial pres- sure: comparison with volume-pressure test and CSF- pulse amplitude analysis. J Neurosurg, 53:516-527, 1980. 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