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Capítulo 3
Bases da Política Ambiental
Seção 1 
Política Nacional do Ambiente
Conceituação
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), estabelecida pela Lei Federal 
nº 6.938/1981, é a norma geral que dispõe sobre as políticas públicas de meio 
ambiente, seus fins e mecanismos de formulação que subordinam as atividades 
desenvolvidas pelos entes federativos, em razão da competência legislativa 
concorrente prevista no artigo 24 da Constituição Federal (CF). Anteriormente, 
fundados na previsão do artigo 24, § 3º da CF, cada estado ou município tinha 
possibilidade de legislar com competência plena sobre a matéria.
Objetivos
A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, 
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando 
assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos 
interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana 
(Art. 2º da Lei Federal nº 6.938/1981).
Princípios da política nacional de meio ambiente
Os princípios que regem a Política Nacional de Meio Ambiente constam de 
forma expressa no artigo 2º, incisos I a X da Lei Federal nº 6.938/1981, são: 
SILVA, Adão Daniel da. Bases da Politica Ambiental, História e Evolução do Direito Ambiental [material didático]. 
Direito ambiental. Design instrucional Delma Cristiane Morari. Revisão Contextuar. Palhoça: UnisulVirtual, 2016.
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Capítulo 3 
• ação governamental;
• racionalização do uso do solo;
• planejamento e fiscalização;
• proteção dos ecossistemas;
• controle e zoneamento das atividades;
• incentivos ao estudo e à pesquisa;
• acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
• recuperação de áreas degradadas; 
• proteção de áreas ameaçadas de degradação;
• educação ambiental.
A concretização de tais princípios se realiza pelos instrumentos contidos no 
artigo 9º da referida lei, que estão identificados a seguir.
Instrumentos de formalização
Os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, nas suas diversas 
aplicações, são utilizados no estabelecimento de um campo ordenado de 
ações, tendo por fundamento as determinações constitucionais do artigo 225 da 
Constituição Federal, especialmente no § 1º e seus incisos.
O quadro a seguir sumariza os instrumentos da Política Nacional do Meio 
Ambiente previstos no artigo 9º e incisos da lei.
I. o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II. o zoneamento ambiental;
III. a avaliação de impactos ambientais;
IV. o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
V. os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou 
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
47
Direito Ambiental 
VI. a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder 
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, 
de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII. o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII. o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental;
IX. as penalidades disciplinares ou compensatórias relativas ao não 
cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da 
degradação ambiental.
X. a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado 
anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais 
Renováveis – IBAMA;
XI. a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, 
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;
XII. o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou 
utilizadoras dos recursos ambientais.
Nem todos os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente estão 
elencados na Lei Federal nº 6.938/1981. Toma-se como exemplo o Fundo 
Nacional de Meio Ambiente criado pela Lei Federal nº 7.797/1989, com o 
objetivo de desenvolver os projetos que visem ao uso racional e sustentável de 
recursos naturais, incluindo a manutenção, melhoria ou recuperação da qualidade 
ambiental no sentido de elevar a qualidade de vida da população brasileira.
José Afonso da Silva (2003) classifica esses instrumentos em três grupos: 
instrumentos de intervenção ambiental, que são os mecanismos condicionadores das 
condutas e atividades relacionadas ao meio ambiente (incisos I, II, III, IV e VI do artigo 
9º da citada lei); instrumentos de controle ambiental, que são as medidas tomadas 
pelo Poder Público no sentido de verificar se pessoas públicas ou particulares 
se adequaram às normas e padrões de qualidade ambiental, e que podem ser 
anteriores, simultâneas ou posteriores à ação em questão (incisos VII, VIII, X e IV do 
artigo 9º da lei citada); e instrumentos de controle repressivo, que são as medidas 
sancionatórias aplicáveis à pessoa física ou jurídica (inciso IX da lei citada). 
Todos os instrumentos são de grande utilidade para a manutenção de um 
ambiente com a qualidade almejada pelas disposições da Constituição Federal 
para suporte de vida digna, contudo, priorizam-se, aqui, os instrumentos de 
intervenção e os de controle para detalhar suas características e aplicações.
48
Capítulo 3 
A seleção dos instrumentos tem como diretriz a utilidade no desempenho em questões 
consideradas de maior urgência na mitigação de desequilíbrios ocasionados pela ação 
antrópica, como: a poluição hídrica e o parcelamento irregular do solo.
Padrões de emissão e padrões de qualidade do meio ambiente
As características do ambiente de sustentação da vida são avaliadas por meio 
de parâmetros medidos do conjunto de condições, tais como, leis, influências e 
interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida 
em todas as suas formas. 
A vida, em todas as suas formas conhecidas até esse momento, se estabelece 
não em um valor específico de determinado parâmetro, mas sim em faixas de 
tolerância. Explica-se, com o uso do parâmetro temperatura do ambiente, pois 
é mais fácil de entender seus limites e, por conseguinte, a extensão da faixa de 
temperatura que a vida tolera. 
Os animais, em geral, admitem a temperatura máxima de 50ºC e a temperatura 
mínima de -50ºC. 
Os limites térmicos letais são determinados em função de um teste, que é 
causa de 50% de mortalidade nos organismos testados, conhecido, no caso da 
temperatura letal, como TL50 1.
Há um ponto, na faixa de tolerância para qualquer parâmetro testado, em torno 
do qual se constata maior conforto para certa população de indivíduos, mas é a 
ultrapassagem dos limites, tanto o mínimo como o máximo, que é considerada 
como poluição nos termos do artigo 3º, III, e da Lei Federal nº 6.938/1981.
Os padrões de qualidade do ambiente, então, são os limites que a lei reconhece 
que determinado parâmetro deve observar para permitir a existência da vida.
Os padrões de emissão são estabelecidos tendo por limite máximo tolerável a 
concentração ou o valor do parâmetro que por interação com o corpo receptor, 
não ocasione, aumento ou diminuição, das condições do ambiente para além 
dos limites de qualidade que devem ser observados para o corpo receptor. O 
1 - A obtenção do limite exato, que dependeria de uma experimentação longa e extensiva, é encerrada antes 
que o experimento resulte em cinquenta por cento de animais mortos. Uma vez que a temperatura letal é 
estabelecida, adota-se uma avaliação por inferência submetendo alguns grupos de teste (4 por exemplo), 
ao mesmo período de exposição (2 horas por exemplo), a uma série de temperaturas, e o percentual de 
sobrevivência é plotado em gráfico. Evidentemente, o resultado só e valido para o período de exposição do 
teste. Exposições mais curtas à temperatura letal resultarão em um percentual de sobrevivência maior e as 
exposições mais longas terão um percentual menor.49
Direito Ambiental 
lançamento de efluente aquecido em um corpo receptor (rio), por exemplo, não 
pode atuar no sentido de elevar a temperatura da água para um nível definido em 
lei como tolerável para a manutenção da vida aquática. 
Na legislação que regula os padrões de qualidade e de emissão, no Estado de 
Santa Catarina, pode ser observado que os parâmetros, valores e condições do 
efluente lançado a serem atendidos, para a manutenção da qualidade dos corpos 
de água, estão previstos na Lei Estadual nº 14.675/2009. O artigo 177 da referida 
lei determina que a concentração de cobre total (Art. 177, IV, c) no efluente 
lançado no corpo receptor (água interiores, lagunas, estuários e na beira-mar), por 
exemplo, não pode exceder a 0,5 mg/l. Por outro lado, é exigida a condição de 
ausência de materiais flutuantes visíveis (Art. 177, III), pois do contrário se está 
numa situação de poluição por causa do descumprimento.
O Decreto Estadual nº 14.250/1981, ainda, prevê 
padrões de qualidade e de emissão, no Estado de Santa 
Catarina. O artigo 12 do referido decreto, para o mesmo 
parâmetro e condição apresentados acima, prevê que os 
padrões de qualidade ambiental, para águas de classe 
2, tem os seguintes limites ou condições: materiais 
flutuantes, inclusive espumas não naturais: virtualmente 
ausentes (Art. 12, I do referido Decreto); e substâncias 
potencialmente prejudiciais (teores máximos), Cobre: 1,0 
mg/l (Art. 12, VIII, g).
A comparação, entre o limite autorizado pelo padrão de emissão com o limite 
autorizado como teor máximo para o padrão cobre do exemplo, esclarece que o 
lançamento do efluente, mesmo atendido o teor do padrão sob análise não deve 
fazer com que o teor do mesmo padrão no corpo receptor seja aumentado para 
além do limite previsto, fato que depende essencialmente da capacidade, nem 
sempre aferida, de diluição do corpo receptor, ou seja, de sua vazão e ou volume. 
A utilidade desse instrumento de formalização da política de meio ambiente 
sobressai, porque sem ele não é possível verificar o atendimento do princípio 
da legalidade e da significância que atrela toda instalação de obra ou atividade 
considerada potencialmente causadora de significativa degradação do meio 
ambiente, conforme artigo 225, § 1º, IV da CF.
Zoneamento ambiental
O zoneamento ambiental, que pode assumir diferentes conformações, pois pode 
ser feito de uma forma bastante restritiva com zoneamento urbano para fins de 
parcelamento do solo, assume o carácter de zoneamento ecológico-econômico 
quando instrumento de organização do território, a ser obrigatoriamente seguido 
Há controvérsias, 
pois este Decreto 
Estadual nº 
14.250/1981 
regulamenta 
dispositivos da Lei 
nº 5.793, de 15 de 
outubro de 1980, 
mas esta última foi 
revogada pelo artigo 
296, I da Lei Estadual 
nº 14.675/2009.
50
Capítulo 3 
na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelecendo 
medidas e padrões de proteção ambiental, dos recursos hídricos e do solo 
e conservação da biodiversidade, de modo a fomentar o desenvolvimento 
sustentável e a melhoria das condições de vida da população, no teor da Lei 
Estadual nº 14.675/2009, artigo 28, LXVI. 
A sua utilidade não é plenamente aproveitada como elemento de planejamento 
de longo prazo, porque não se estabeleceu um trabalho consciente de 
aproveitamento das aptidões ambientais para localizar as ocupações humanas 
ou suas atividades. Aspectos como a inversão térmica, que ocorre nas zonas 
litorâneas, por exemplo, deveriam ser cruciais para determinar que atividades 
com efluentes aéreos não fossem instaladas nesses locais ou que tivessem um 
planejamento adequado para a dispersão dos lançamentos.
Avaliação de impacto ambiental
A avaliação de impacto ambiental é um procedimento de caráter técnico científico 
com o objetivo de identificar, prever e interpretar as consequências sobre o meio 
ambiente de uma determinada ação humana e de propor medidas de prevenção e 
mitigação de impactos; no teor da Lei Estadual nº 14.675/2009, artigo 28, XIV. 
A avaliação de impacto se realiza na forma de um estudo prévio e com a 
elaboração de um relatório de impacto ambiental para as atividades ou obras de 
significativo impacto ambiental. É um trabalho complexo, que tem por objetivo, 
cumprindo as normas e exigências do licenciamento ambiental e demais 
normatizações, que disciplinam a matéria e a aquisição dos conhecimentos sobre 
os aspectos ambientais, sociais e econômicos da área de um empreendimento 
para fins de sua caracterização
São pesquisados ou criados, por meio de vistorias e estudos realizados na área 
do empreendimento, acervos técnicos documentais que contêm levantamentos 
topográficos, mapas, fotos, escrituras, memoriais descritivos e projetos.
Na etapa final, é feita a avaliação dos impactos e a confecção, em certos casos, 
das matrizes representativas da fase de implantação e operação, com base nos 
levantamentos e estudos realizados.
A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência do 
empreendimento é feita comparando as diferentes situações da adoção do 
projeto e suas alternativas, bem como a hipótese de sua não realização (Art. 9, V 
da Resolução Conama nº 001/86). Este autor utiliza uma forma de avaliação com 
matrizes qualitativas e quantitativas para caracterizar os impactos nas fases de 
implantação e de operação do empreendimento, nas quais são apresentados:
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Direito Ambiental 
• Os Impactos Identificados.
• Considerações em relação à Natureza do Impacto (positivo ou negativo).
• Forma de Incidência (direta ou indireta).
• Distributividade (local ou regional).
• Tempo de Incidência (imediato ou mediato).
• Prazo de Permanência (temporário ou permanente).
• Magnitude.
• Intensidade e importância.
A utilização da Chave de Classificação, na forma exposta abaixo, também deste 
autor e cujo teor tem previsão na Resolução da Conama 001/86, torna mais clara 
a forma de avaliação dos impactos sobre o meio ambiente. Os impactos são 
referidos como agentes impactantes e as condições, as leis, as influências e as 
interações de ordem física, química e biológica, que permitem, abrigam e regem a 
vida em todas as suas formas, como elementos impactados.
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• Quanto ao Resultado Produzido (Condição Teleológica): Positivos ou 
Negativos.
• Quanto ao Nível de Interação (Condição Causal): Diretos, Indiretos ou 
Sinergéticos.
• Quanto à Área de Influência (Condição Territorial): Locais ou Regionais.
• Quanto ao Tempo da Atuação (Condição Temporal): Imediatos, 
Retardados.
• Quanto à Frequência (Condição Frequencial): Cíclicos ou Aleatórios.
• Quanto à Duração da Atuação (Condição Lapso Temporal): Temporários a 
Curto Prazo, Temporários a Médio Prazo, Temporários a Longo Prazo ou 
Permanentes.
• Quanto à Magnitude (Condição de Intensidade): Grande, Médio, Pequeno.
• Quanto à Reversibilidade (Condição de Reversibilidade): Naturalmente 
Reversíveis, Reversíveis por Ação Corretiva, Irreversíveis porém Mitigáveis 
ou Irreversíveis e Não Mitigáveis (Agentes Impactantes Negativos).
• Quanto ao Potencial (Condição da Potencialidade): Localmente 
Potenciais, Regionalmente Potenciais ou Não Potenciais (Agentes 
Impactantes Positivos).
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Capítulo 3 
Quanto ao Agente Impactante, simplifica-se a análise pressupondo a natureza 
intrínseca desse agente, a ação, como é óbvio pelo nome adotado, e 
classificando-o de acordo com a Magnitude do Impacto que pode causar no 
Elemento Impactado. A Classificação apresenta a forma a seguir discriminada:
Ag
en
te
 Im
pa
ct
an
te
• Quantoà Magnitude do Agente Impactante: Grande, Médio, Pequeno.
Quanto ao Elemento Impactado, também se simplifica a análise pressupondo 
a passividade como elemento de natureza intrínseca, conforme relação 
estabelecida com o nome adotado, e classificando-o de acordo com o Nível do 
Impacto sofrido pelo Elemento Impactado. A Classificação proposta apresenta 
a forma a seguir discriminada:
El
em
en
to
 Im
pa
ct
ad
o
• Quanto ao Nível do Impacto no Elemento Impactado: Grande, Médio, 
Pequeno
A sua utilidade é bastante aproveitada como na avaliação de alternativas 
locacionais, na escolha das hipóteses de fazer ou não fazer, e, como destaca Inagê 
(OLIVEIRA, 2005), na finalidade de embasar as decisões no licenciamento ambiental.
Licenciamento ambiental
Marcos Destefenni (2004) conceitua o licenciamento ambiental como um 
procedimento administrativo que tramita junto aos órgãos ou entidades ambientais 
competentes e que visa a determinar as condições e exigências para o exercício de 
uma atividade potencial ou efetivamente causadora de impactos ao meio ambiente.
53
Direito Ambiental 
Do processo de licenciamento cujo pedido é deferido, decorre a expedição de 
uma licença ambiental que, segundo o artigo 28, XXXVII, da Lei Estadual nº 
14.675/2009, é instrumento da Política Estadual do Meio Ambiente decorrente do 
exercício do poder de polícia ambiental, cuja natureza jurídica é autorizativa.
O processo de licenciamento cumpre diversas funções, como intervenção 
ambiental. Nas palavras de José Afonso da Silva (2003), tal processo é o 
instrumento que regula o uso da propriedade, nos termos do artigo. 225, § 
1º, IV da CF, quando concede a licença ambiental prévia (LAP) e a licença 
ambiental de instalação (LAI); como instrumento de controle, é o instrumento 
que avalia o cumprimento da legislação, expressa ou não na forma de 
condicionantes, quando da expedição da licença ambiental de operação (LAO) 
e, principalmente, na sua tarefa de fiscalizar e acompanhar o cumprimento 
das obrigações de proteção ao meio ambiente, no que se refere à renovação 
periódica das licenças. Nas duas situações, há uma fiscalização preventiva com 
caráter orientado, para mitigar a necessidade de uma fiscalização punitiva.
Aplicação da política nacional de meio ambiente
À política nacional de meio ambiente, não basta ter os instrumentos de 
formalização, é necessário estabelecer órgão e dotá-los, por meio da distribuição 
das competências, de atribuições orientadas por programas de ação.
O artigo 6º, caput da Lei Federal nº 6.938/1981, instituiu o Sistema Nacional do 
Meio Ambiente (Sisnama), que é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de fundações instituídas pelo 
Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental.
Antunes (2004) percebe no estabelecimento do Sisnama certa tendência 
a reproduzir no país um sistema de agências governamentais como a 
Environmental Protection Agency (EPA), existente nos Estados Unidos da 
América (EUA), tal semelhança de fato não ocorre. Primeiro porque o Sisnama 
não foi instituído como agência com poderes e com autonomia, segundo, por 
conta da ênfase maior da EPA na área de educação ambiental voltada para o 
aperfeiçoamento profissional de todos os interessados, haja vista, os inúmeros 
cursos que disponibiliza por meio virtual ou presencial nas diversas regionais. 
É um sistema que prioriza, por meio da educação, a uma ação preventiva de 
controle e fiscalização. O sistema brasileiro tem sua ênfase na fiscalização 
punitiva, por meio da expedição de autos de infração e aplicação de multas. 
54
Capítulo 3 
Estrutura básica do sistema nacional de meio ambiente
A estrutura básica do Sistema Nacional de Meio Ambiente é composta na forma 
prevista pelo artigo 6º da Lei Federal nº 6.938/1981, ou seja, pelos:
• órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios 
e dos Municípios; 
• fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e 
melhoria da qualidade ambiental.
Seção 2 
Modalidades de Intervenções Ambientais
Conceito de intervenção do estado na propriedade
A propriedade é direito, tal qual o são o direito à vida, à liberdade, à igualdade e 
à segurança, com garantia constitucional de inviolabilidade sob termos definidos 
pela própria Constituição Federal (CF), assim toda negação ou limitação da 
inviolabilidade do direito de propriedade autorizada nos termos da CF é uma 
intervenção do Estado.
É interessante ressaltar, ainda, antes de adentrar ao estudo das intervenções na 
propriedade, que o Estado resguarda o direito individual da propriedade frente 
à coletividade em geral, porque tem interesse público em proteger um pilar 
essencial ao estado democrático e de direito instituído no país.
Outra conclusão que se tira da aparente antinomia entre a proteção dada ao 
direito de propriedade e o interesse público em garanti-lo é que não se pode 
confundir o interesse da maioria ou de uma coletividade com o interesse público, 
pois este último é aquilo que a CF acolheu como interesse atemporal para atingir 
os objetivos da nação. 
A intervenção do Estado na propriedade para fins de proteção ambiental é 
prevista, implicitamente, no artigo 225, § 1º, IV da CF, pois o referido dispositivo 
condiciona o uso da propriedade à realização de estudo prévio de impacto 
ambiental para os casos de instalação de obra ou atividade potencialmente 
causadora de significativa degradação do meio ambiente estabelecidos em lei.
55
Direito Ambiental 
Também, no referido artigo e parágrafo primeiro, mas, no inciso III, a CF determina 
que compete ao Poder Público definir, em todas as unidades da Federação, 
espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo 
a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer 
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
As duas situações ensejam formas de intervenção no direito de propriedade. A 
primeira em razão da limitação do atributo de uso, prerrogativa do proprietário, em 
relação a estudo prévio de impacto ambiental, como mencionado, correspondendo 
à documentação de instrução de um processo de licenciamento ambiental. 
A segunda, de maior interesse nesse momento, é uma intervenção de caráter 
mais abrangente, pois permite ao Poder Público definir espaços territoriais com 
seus componentes especialmente protegidos e isso é disciplinado, entre outras 
normas, pela Lei Federal nº 12.651/2012, que institui as áreas de preservação 
permanente, as áreas de reserva legal e áreas de uso restrito. Todas as três são 
modalidades que realizam na prática os espaços especialmente protegidos. A 
Lei Federal nº 9.985/2000, também, cria áreas especialmente protegidas, porém 
na modalidade de unidades de conservação. E, finalmente, a Lei Federal nº 
6.766/1979 apresenta outra modalidade denominada de área não edificante.
A intervenção é autorizada constitucionalmente e é realizada, mas há que se 
inquirir sobre a natureza da intervenção, os efeitos e os resultados efetivos para a 
proteção ambiental. Isso, entretanto, só pode ser avaliado depois de se entender 
os conceitos e as modalidades das intervenções. 
Modalidades de intervenção do estado na propriedade
Para Carvalho Filho (2005), há duas formas básicas de intervenção hoje no Brasil, 
considerando a natureza e os seus efeitos em relação à propriedade. São elas:
a. Intervenção Supressiva.
b. Intervenção Restritiva.
Intervenções supressivas
Expropriação
A expropriação e a desapropriação são as duas espécies de intervenções 
supressivas autorizadas pela CF. 
A expropriação tem fundamento no artigo 243 da Constituição Federal, que prevê 
a supressão do direito de propriedade, sejam elas rurais ou urbanasde qualquer 
região do País, onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas 
56
Capítulo 3 
ou a exploração de trabalho escravo. Na forma da lei, entende-se que serão 
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, 
sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções 
previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no artigo 5º da CF.
Desapropriação
A desapropriação está no artigo 5º, XXIV, da CF, e prevê que o legislador 
infraconstitucional determinará por meio de lei o procedimento para 
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, 
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos 
na Constituição. A regulamentação da norma constitucional se destaca em duas 
normas reguladoras da desapropriação: o Decreto - Lei nº 3.365, de 21 de junho 
de 1941, considerada como a lei geral das desapropriações e a Lei nº 4.132, de 
10 de setembro de 1962, que define os casos de interesse social e dispõe sobre 
sua aplicação (CARVALHO FILHO, 2005).
Intervenções restritivas
A intervenção restritiva, diferentemente da supressiva, não tem interesse em 
retirar do titular o direito de propriedade, mas tem, em limitar o atributo de uso 
ou condicionar esse atributo à alguma condição ou dever, ao subordinar às 
imposições emanadas pelo Poder Público (CARVALHO FILHO, 2005).
Os tipos restritivos são: a servidão administrativa; a requisição; a ocupação temporária; 
as limitações administrativas e, por fim, o tombamento, objeto deste trabalho. 
Servidão administrativa
A Servidão administrativa, na definição de Di Pietro (2004), é:
Servidão administrativa é o direito real de gozo, de natureza 
pública, instituído sobre imóvel de propriedade alheia, com base 
em lei, por entidade pública ou por seus delegados, em favor 
de um serviço público ou de um bem afetado a fim de utilidade 
pública. (DI PIETRO, 2004, p. 125).
A servidão é, portanto, um direito real público e não privado, porque é instituído 
em favor do Estado para atender a interesse público e não a de um particular 
e, nesse sentido, não tem qualquer relação com a servidão tratada no Código 
Civil (CC) (artigo 1.378 a 1.389, Código Civil), que é relação jurídica na qual os 
partícipes têm interesses privados (CARVALHO FILHO, 2005).
O fundamento geral para a intervenção do estado, para imposição da servidão 
administrativa, é o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse 
57
Direito Ambiental 
privado e a função social da propriedade, conforme os artigos 5º, XXIII, e 170, 
III, da CF. O dispositivo legal específico que trata da servidão administrativa 
é o artigo 40 do Decreto - Lei nº 3.365/1941 (Lei Geral das Desapropriações), 
que determina que “[...] o expropriante poderá construir servidões, mediante 
indenização na forma desta lei [...]”.
Requisição
A requisição no entendimento de Mello (2005):
[...] é o ato pelo qual o Estado, em proveito de um interesse 
público, constitui alguém, de modo unilateral e autoexecutório, na 
obrigação de prestar-lhe um serviço ou ceder-lhe transitoriamente 
o uso de uma coisa in natura, obrigando-se a indenizar os 
prejuízos que tal medida efetivamente acarretar ao obrigado.
O fundamento para sua imposição é o princípio da função social da propriedade, 
conforme os artigos 5º, XXIII, e 170, III, da CF, pois disciplinou a requisição 
na forma específica do artigo 5º, XXV, nos seguintes termos: “[...] no caso de 
iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade 
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano [...]”.
São exemplos de requisição em caso de iminente perigo e em tempo de guerra: a 
requisição civil, que objetiva proteção à vida, à saúde e aos bens da coletividade; 
a requisição militar, que visa a resguardar a segurança e a proteção de bens, 
equipamentos, pessoas e serviços, legitimado a promover a requisição (Art. 22, 
III, CF). O Código Civil prevê o instituto, nos tempos de paz, no artigo 1228, § 3º, 
mas em caso de perigo público iminente. 
Ocupação temporária
A ocupação temporária, na lição de Carvalho Filho (2005), refere-se “[...] a forma 
de limitação do Estado à propriedade privada que se caracteriza pela utilização 
transitória, gratuita ou remunerada, de imóvel de propriedade particular, para fins 
de interesse público [...]”.
Tombamento
O tombamento, por sua vez, caracteriza-se como
[...] intervenção ordinária e concreta do Estado na propriedade 
privada, limitativa de exercício de direitos de utilização e 
disposição, gratuita, permanente e indelegável, destinada à 
preservação, sob regime especial, dos bens de valor cultural, 
histórico, arqueológico, artístico, turístico ou paisagístico. 
(CARVALHO FILHO, 2005).
58
Capítulo 3 
Limitação administrativa
A limitação administrativa, aplicada ao direito de propriedade, exige que esse 
seja exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais, 
de modo que sejam preservados, em conformidade com o estabelecido em 
lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o 
patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas, 
a teor do artigo 1.228, § 1 do CC.
O referido artigo no § 2o, ainda, torna defesos os atos que não tragam ao 
proprietário qualquer comodidade ou utilidade e sejam animados pela intenção 
de prejudicar outrem. 
Natureza da intervenção ambiental
A intervenção do Estado na propriedade para fins de proteção ambiental prevista, 
no artigo 225, § 1º, III da CF, é tomada como limitação administrativa para as 
áreas de preservação permanente (APPs), para as áreas de uso restrito (AURs), 
para as áreas de reserva legal (RLs), para as áreas não edificantes e para, em 
geral, as unidades de conservação (UCs) do tipo desenvolvimento sustentável, 
porque o titular de direito tem o uso restrito ou condicionado. 
As unidades de conservação do tipo proteção integral, em geral, têm previsão 
de desapropriação, porque seus fins não são facilmente coadunáveis, na forma 
prevista pela legislação ambiental brasileira, com os interesses do proprietário, 
posseiro ou ocupante a qualquer título e, mesmo, com os interesses daqueles 
da comunidade vizinha. 
Também, no referido artigo e parágrafo primeiro, mas, no inciso III, a CF 
determina que compete ao Poder Público definir, em todas as unidades da 
Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, 
vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que 
justifiquem sua proteção.
Cabe destacar que a intervenção do Estado na propriedade para fins de proteção 
ambiental prevista, no artigo 225, § 1º, IV da CF, é do tipo limitação administrativa, 
pois o controle da utilização que é dada a certa propriedade interessa quando se 
trata de instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa 
degradação do meio ambiente.
59
Direito Ambiental 
Seção 3 
Conceitos dos Institutos de Proteção do Ambiente
As áreas de preservação permanente (APPs), as áreas de uso restrito, as áreas 
de reserva legal (RLs), as áreas não edificantes e as unidades de conservação 
são os principais institutos da política nacional de meio ambiente que interferem, 
modulam ou até retiram o direito de propriedade do titular, objetivando a 
conservação ou a preservação do meio ambiente.
Área de preservação permanente (APP)
Conceito de APP
A Área de Preservação Permanente (APP) é entendida como 
[...] área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a 
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, 
a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo 
gênico de fauna eflora, proteger o solo e assegurar o bem-estar 
das populações humanas. (Art. 3º, II da Lei Federal nº 12.651, de 
25 de maio de 2012).
Tipos de APPs
O artigo 4º da Lei Federal nº 12.651/2012 considera como áreas de preservação 
permanente, em zonas rurais ou urbanas:
I. as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, 
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura 
mínima de:
a. 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de 
largura;
b. 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 
(cinquenta) metros de largura;
c. 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 
200 (duzentos) metros de largura;
d. 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
60
Capítulo 3 
e. 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura 
superior a 600 (seiscentos) metros;
II. as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura 
mínima de:
a. 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 
20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) 
metros;
b. 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
III. as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de 
barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na 
licença ambiental do empreendimento; 
IV. as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer 
que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;
V. as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 
100% (cem por cento) na linha de maior declive;
VI. as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
VII. os manguezais, em toda a sua extensão;
VIII. as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, 
em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
IX. no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 
(cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir 
da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da 
elevação sempre em relação à base, sendo essa área definida pelo plano 
horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos 
relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação;
X. as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que 
seja a vegetação;
XI. em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 
(cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado. 
Pode-se denominar essas APPs como situacionais, haja vista que dependem do 
local onde estão descritas e não da existência de vegetação, como afirma o artigo 
3º, II da Lei Federal nº 12.651/2012.
61
Direito Ambiental 
O artigo 6.º da Lei Federal nº 12.651/2012 considera, ainda, como áreas de 
preservação permanente (APP), quando declaradas de interesse social por ato do 
Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de 
vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:
I. conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de 
terra e de rocha;
II. proteger as restingas ou veredas;
III. proteger várzeas;
IV. abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
V. proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;
VI. formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
VII. assegurar condições de bem-estar público; 
VIII. auxiliar na defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.
IX. proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.
Pode-se denominar essas APPs como funcionais, haja vista que são instituídas 
em razão da função que desempenham.
Há, ainda, a APP denominada de artificial, porque, na implantação de reservatório 
d’água artificial destinado à geração de energia ou abastecimento público, é 
obrigatória a aquisição, desapropriação ou instituição de servidão administrativa 
pelo empreendedor das Áreas de Preservação Permanente criadas em seu 
entorno, conforme estabelecido no licenciamento ambiental, observando-se a 
faixa mínima de 30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem) metros em área rural, 
e a faixa mínima de 15 (quinze) metros e máxima de 30 (trinta) metros em área 
urbana (Art. 5º da Lei Federal nº 12.651/2012).
Reserva legal (RL)
Conceito de RL
A Reserva Legal é área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, 
delimitada nos termos do artigo 12, com a função de assegurar o uso econômico 
de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação 
62
Capítulo 3 
e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da 
biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora 
nativa (Art. 3º, III da Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012).
Tipos de RL
O tipo de uma RL é simplesmente definido pelo percentual que ela representa do 
total do imóvel rural no qual está inserida.
O artigo 12 da Lei Federal nº 12.651/2012, que distingue a área de reserva legal 
das áreas de presentes permanente, define os percentuais mínimos que deverão 
ser observados em relação à área do imóvel, para estabelecer a reserva legal, 
com as exceções previstas no artigo 68 da mesma lei.
I. localizado na Amazônia Legal:
a. 80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;
b. 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c. 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
II. localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).
O cadastramento da área de reserva legal no Cadastro Ambiental Rural (CAR), 
previsto no § 3o do artigo, 12 da Lei Federal nº 12.651/2012, permite a supressão 
de novas áreas de floresta ou outras formas de vegetação nativa, com a ressalva 
do previsto no artigo 30 da mesma lei, por autorização do órgão ambiental 
estadual integrante do Sisnama.
Áreas de uso restrito (AURs)
Conceito de área de uso restrito
São áreas nas quais é permitida a exploração ecologicamente sustentável ou o 
manejo florestal sustentável e o exercício de atividades agrossilvipastoris, conforme 
o teor, respectivamente, do artigo 10 e do artigo 11 da Lei Federal nº 12.651/2012.
63
Direito Ambiental 
Tipos de áreas de uso restrito
Há dois tipos definidos pela lei:
• Os pantanais e planícies pantaneiras (Art. 10 da Lei Federal nº 12.651/2012).
• Áreas de inclinação entre 25° e 45° (Art. 11 da Lei Federal nº 12.651/2012).
Unidade de conservação (UCs)
Conceito de UC
A unidade de conservação é espaço territorial e seus recursos ambientais, 
incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, 
legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites 
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias 
adequadas de proteção (Art. 2°, I da Lei Federal nº 9.985/2000 – Lei do Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação - SNUCs).
Tipos de UCs
As unidades de conservação integrantes do SNUCs dividem-se em dois grupos, 
com características específicas:
I. Unidades de Proteção Integral, com o objetivo básico de preservar a natureza, 
sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção 
dos casos previstos na lei (Art. 7°, I e § 1º da Lei Federal nº 9.985/2000).
II. Unidades de Uso Sustentável, com o objetivo básico de compatibilizar 
a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus 
recursos naturais (Art. 7°, I e § 2º da Lei Federal nº 9.985/2000).
Subtipos de UCs de Proteção IntegralO grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes 
categorias de unidade de conservação (Art. 8 da Lei Federal nº 9.985/2000):
64
Capítulo 3 
I. Estação Ecológica.
II. Reserva Biológica.
III. Parque Nacional.
IV. Monumento Natural.
V. Refúgio de Vida Silvestre.
Subtipos de UCs de Desenvolvimento Sustentável
O grupo das Unidades de Desenvolvimento Sustentável é composto pelas 
seguintes categorias de unidade de conservação (Art. 14 da Lei Federal nº 
9.985/2000):
I. Área de Proteção Ambiental.
II. Área de Relevante Interesse Ecológico.
III. Floresta Nacional.
IV. Reserva Extrativista.
V. Reserva de Fauna.
VI. Reserva de Desenvolvimento Sustentável.
VII. Reserva Particular do Patrimônio Natural.
Área não edificante (ANE)
Conceito de área não edificante
Área não edificante é uma área ou faixa de terreno que, por disposição legal, é 
vedado edificar.
Tipos de áreas não edificantes
As áreas não edificantes não possuem uma classificação, porque as suas múltiplas 
formas possuem, apenas, como característica comum o fato de não haver a 
possibilidade de autorização de edificações na área de terreno assim definida. Podem 
ser: recuos, servidão de passagem de canalizações, faixa de domínio de rodovias etc. 
65
Direito Ambiental 
Seção 4 
Regime dos Institutos de Proteção do Ambiente
Regime das APPs
Dispensa da obrigação de manter APPs
Há dispensa da obrigação de manter as APPS nas áreas no entorno dos lagos 
e lagoas naturais e no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes 
de barramento ou represamento de cursos d’água naturais, cujas acumulações 
naturais ou artificiais de água tenham superfície (espelho d’água) inferior a 1 (um) 
hectare (Art. 4º, § 4º da Lei Federal nº 12.651/2012).
Autorização de uso de APPs
É admitido para a pequena propriedade ou posse rural 
familiar o plantio de culturas temporárias e sazonais de 
vazante de ciclo curto na faixa de terra que fica exposta 
no período de vazante dos rios ou lagos, desde que não 
implique supressão de novas áreas de vegetação nativa, 
de modo a serem conservadas a qualidade da água e do 
solo e ser protegida a fauna silvestre (Art. 4º, § 5º da Lei 
Federal nº 12.651/2012).
Também é admitida, nos imóveis rurais com até 15 
(quinze) módulos fiscais, a prática da aquicultura e a 
infraestrutura física diretamente a ela associada, nos 
termos dos incisos I a V do artigo 4º, § 6º da Lei Federal 
nº 12.651/2012.
Além disso, a intervenção ou a supressão de vegetação 
nativa em área de preservação permanente pode ocorrer nas hipóteses de 
utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental 
previstas na Lei Federal nº 12.651/2012 (Art. 8º da Lei Federal nº 12.651/2012). 
Para efeito desta lei, entende-se por:
Utilidade pública:
a. as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
Definição (Art. 3º, 
v, Lei Federal nº 
12.651/2012): 
pequena propriedade 
ou posse rural 
familiar: aquela 
explorada mediante 
o trabalho pessoal 
do agricultor familiar 
e empreendedor 
familiar rural, incluindo 
os assentamentos e 
projetos de reforma 
agrária, atendendo ao 
disposto no artigo 3º 
da Lei nº 11.326, de 24 
de julho de 2006. 
66
Capítulo 3 
b. 
b. as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços 
públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos 
parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, 
gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações 
necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou 
internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração 
de areia, argila, saibro e cascalho;
c. atividades e obras de defesa civil;
d. atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das 
funções ambientais referidas no inciso II deste artigo;
e. outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em 
procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica 
e locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do 
Poder Executivo Federal; (Art. 3º, VIII, da Lei 12.651/2012).
Interesse social:
a. as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, 
tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, 
erradicação de invasores e proteção de plantios com espécies nativas;
b. a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade 
ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que 
não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função 
ambiental da área;
c. a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e 
atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais 
consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei;
d. a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados 
predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas 
consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei no 11.977, de 
7 de julho de 2009;
e. implantação de instalações necessárias à captação e condução de água 
e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes 
integrantes e essenciais da atividade;
f. as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, 
outorgadas pela autoridade competente;
67
Direito Ambiental 
g. outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em 
procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica 
e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder 
Executivo Federal (Art. 3º, IX, da Lei 12.651/2012).
Atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental:
a. abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, 
quando necessárias à travessia de um curso d’água, ao acesso de pessoas 
e animais para a obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos das 
atividades de manejo agroflorestal sustentável;
b. implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e 
efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da 
água, quando couber;
c. implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo;
d. construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro;
e. construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de 
comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais 
em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio 
dos moradores;
f. construção e manutenção de cercas na propriedade;
g. pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros 
requisitos previstos na legislação aplicável;
h. coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção 
de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação 
específica de acesso a recursos genéticos;
i. plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e 
outros produtos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação 
existente nem prejudique a função ambiental da área;
j. exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e 
familiar, incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, 
desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem 
prejudiquem a função ambiental da área;
k. outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e de 
baixo impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente - 
Conama ou dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente (Art. 3º, X, da Lei 
12.651/2012).
68
Capítulo 3 
E, ainda, é permitido o acesso de pessoas e animais às áreas de preservação 
permanente para obtenção de água e para realização de atividades de baixo 
impactoambiental (Art. 9º da Lei Federal nº 12.651/2012).
Regime das Reservas Legais (RLs)
Redução do percentual das RLs
O percentual da reserva legal pode ser reduzido por ato do poder público para 
até 50% (cinquenta por cento), para fins de recomposição, quando o município 
tiver mais de 50% (cinquenta por cento) da área ocupada por unidades de 
conservação da natureza de domínio público e por terras indígenas homologadas 
(Art. 12, § 4º da Lei Federal nº 12.651/2012).
Também o percentual pode ser reduzido por ato do poder público estadual, 
ouvido o Conselho Estadual de Meio Ambiente, para até 50% (cinquenta por 
cento), quando o estado da federação tiver Zoneamento Ecológico-Econômico 
(ZEE) aprovado e mais de 65% (sessenta e cinco por cento) do seu território 
ocupado por unidades de conservação da natureza de domínio público, 
devidamente regularizadas e por terras indígenas homologadas (Art. 12, § 5º da 
Lei Federal nº 12.651/2012).
Nesse contexto, quando indicado pelo ZEE estadual, realizado segundo 
metodologia unificada, o poder público federal pode reduzir, exclusivamente para 
fins de regularização, mediante recomposição, regeneração ou compensação da 
reserva legal de imóveis com área rural consolidada, situados em área de floresta 
localizada na Amazônia Legal, para até 50% (cinquenta por cento) da propriedade, 
excluídas as áreas prioritárias para conservação da biodiversidade e dos recursos 
hídricos e os corredores ecológicos (Art. 13, I, da Lei Federal nº 12.651/2012).
Não exigência do percentual das RLs
O percentual da Reserva Legal não será exigido nos empreendimentos de 
abastecimento público de água e tratamento de esgoto (Art. 12, § 6º da Lei 
Federal nº 12.651/2012); nas áreas adquiridas ou desapropriadas por detentor de 
concessão, permissão ou autorização para exploração de potencial de energia 
hidráulica, nas quais funcionem empreendimentos de geração de energia elétrica, 
subestações ou que sejam nelas instaladas linhas de transmissão e de distribuição 
de energia elétrica (Art. 12, § 7º da Lei Federal nº 12.651/2012); e nas áreas 
adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de 
capacidade de rodovias e ferrovias (Art. 12, § 8º da Lei Federal nº 12.651/2012).
69
Direito Ambiental 
Aumento do percentual das RLs
O percentual da reserva legal pode ser aumentado quando indicado pelo ZEE 
estadual, realizado segundo metodologia unificada, por ato do poder público 
federal que pode ampliar as áreas de reserva legal em até 50% (cinquenta 
por cento) dos percentuais previstos na Lei Federal nº 12.651/2012, para 
cumprimento de metas nacionais de proteção à biodiversidade ou de redução de 
emissão de gases de efeito estufa (Art. 13, II, da Lei Federal nº 12.651/2012).
Computo das APPs no percentual das RLs
É admitido o cômputo das áreas de preservação permanente no cálculo do 
percentual da reserva legal do imóvel, desde que: (1) o benefício previsto não 
implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo; (2) a área 
a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação, conforme 
comprovação do proprietário ao órgão estadual integrante do Sisnama; e (3) 
o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro 
Ambiental Rural (CAR), nos termos da Lei Federal nº 12.651/2012. Entretanto, o 
regime de proteção da Área de Preservação Permanente não se altera na hipótese 
prevista neste artigo (Art. 15 da Lei Federal nº 12.651/2012).
Regime das Áreas de Uso Restrito (AURs)
Autorização de uso da AUR nos pantanais e planícies pantaneiras
É permitida a exploração ecologicamente sustentável, devendo-se considerar 
as recomendações técnicas dos órgãos oficiais de pesquisa, ficando novas 
supressões de vegetação nativa para uso alternativo do solo condicionadas à 
autorização do órgão estadual do meio ambiente, com base nas recomendações 
mencionadas no artigo 10 da Lei Federal nº 12.651/2012..
Autorização de uso da AUR em áreas de inclinação entre 25º e 45º
São permitidos o manejo florestal sustentável e o exercício de atividades 
agrossilvipastoris, bem como a manutenção da infraestrutura física associada ao 
desenvolvimento das atividades, observadas boas práticas agronômicas, sendo 
vedada a conversão de novas áreas, excetuadas as hipóteses de utilidade pública 
e interesse social (Art. 11 da Lei Federal nº 12.651/2012).
70
Capítulo 3 
Regime das UCs
Autorização de uso das UCs de proteção integral
Nas Estações Ecológicas (EEs)
A estação ecológica, que tem como objetivo a preservação da natureza e a 
realização de pesquisas científicas, é uma área de posse e domínio públicos, uma 
vez que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas, 
por isso é: (1) proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo 
educacional, de acordo com o que dispuser o plano de manejo da unidade ou 
regulamento específico; (2) a pesquisa científica depende de autorização prévia 
do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e 
restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento; e 
(3) só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas nos casos definidos no 
artigo 9º, § 4o da Lei Federal nº 9.985/2000 (Art. 9º da Lei Federal nº 9.985/2000). 
Nas Reservas Biológicas (RBIOs)
A reserva biológica, que tem como objetivo a preservação integral da biota e 
demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana 
direta ou modificações ambientais, com exceção das medidas de recuperação de 
seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e 
preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos 
naturais, é uma área de posse e domínio públicos, uma vez que as áreas 
particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas, por isso: (1) é 
proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de acordo 
com regulamento específico; e (2) a pesquisa científica depende de autorização 
prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às 
condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em 
regulamento (Art. 10 da Lei Federal nº 9.985/2000).
Nos Parques Nacionais (PNs)
O parque nacional, que tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas 
naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a 
realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de 
educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e 
de turismo ecológico, é uma área de posse e domínio públicos, uma vez que as 
áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas, por isso: 
(1) a visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano 
de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por 
71
Direito Ambiental 
sua administração, e àquelas previstas em regulamento; (2) a pesquisa científica 
depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da 
unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem 
como àquelas previstas em regulamento (Art. 11 da Lei Federal nº 9.985/2000).
Nos Monumentos Naturais (Monas)
O monumento natural, que tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, 
singulares ou de grande beleza cênica, pode ser constituído por áreas particulares, 
desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização 
da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários ou por áreas públicas, 
já pertencentes à fazenda pública ou obtidas mediante desapropriação, é uma 
unidade de conservação na qual é permitida a visitação pública e está sujeita às 
condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, assim como 
às normasestabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e àquelas 
previstas em regulamento (Art. 12 da Lei Federal nº 9.985/2000).
Nos Refúgios da Vida Silvestre (REVISs)
O refúgio de vida silvestre, cujo objetivo é proteger ambientes naturais onde 
se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou 
comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória, pode ser 
constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os 
objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local 
pelos proprietários ou por áreas públicas, já pertencentes à fazenda pública ou 
obtidas mediante desapropriação, é uma unidade de conservação na qual: a (1) 
visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de 
Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua 
administração e àquelas previstas em regulamento; e (2) a pesquisa científica 
depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da 
unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem 
como àquelas previstas em regulamento (Art. 13 da Lei Federal nº 9.985/2000).
Autorização de uso das UCs de desenvolvimento sustentável
Nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs)
A área de proteção ambiental, que é uma área em geral extensa, com um certo 
grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou 
culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das 
populações humanas, e que tem como objetivos básicos proteger a diversidade 
biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade 
72
Capítulo 3 
do uso dos recursos naturais, é constituída por terras públicas ou privadas, 
por isso, respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas: (1) 
normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em 
uma APA; (2) as condições para a realização de pesquisa científica e visitação 
pública, nas áreas sob domínio público, pelo órgão gestor da unidade; e (3) as 
condições para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e 
restrições legais, nas áreas sob propriedade privada, pelo proprietário (Art. 15 
da Lei Federal nº 9.985/2000).
Nas Áreas de Relevante Interesse Ecológico (Aries)
A área de relevante interesse ecológico, que é uma área em geral de pequena 
extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características 
naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional e 
tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional 
ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo 
com os objetivos de conservação da natureza, é constituída por terras públicas 
ou privadas e, por isso, respeitados os limites constitucionais, podem ser 
estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada 
localizada em uma Arie (Art. 16 da Lei Federal nº 9.985/2000).
Nas Florestas Nacionais (FLONASs)
A floresta nacional, que é uma área com cobertura florestal de espécies 
predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável 
dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para 
exploração sustentável de florestas nativas, é de posse e domínio públicos, sendo 
que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas 
de acordo com o que dispõe a lei, na qual é: (1) admitida a permanência de 
populações tradicionais que a habitam desde de sua criação, em conformidade 
com o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da unidade; (2) a visitação 
pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo da 
unidade pelo órgão responsável por sua administração; e (3) a pesquisa é permitida 
e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela 
administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e 
àquelas previstas em regulamento (Art. 17 da Lei Federal nº 9.985/2000).
Nas Reservas Extrativistas (RESEXs)
A Reserva Extrativista, que é uma área utilizada por populações extrativistas 
tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, 
na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem 
como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, 
e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade, é de domínio 
73
Direito Ambiental 
público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais, conforme 
o disposto no artigo 23 da Lei Federal nº 12.651/2012 e em regulamentação 
específica. Importa, nesse contexto, enfatizar que as áreas particulares incluídas 
em seus limites devem ser desapropriadas, de acordo com o que dispõe a 
lei, na qual é: (1) permitida a visitação pública, desde que compatível com os 
interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área; (2) 
permitida e incentivada a pesquisa científica, sujeitando-se à prévia autorização 
do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições 
por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento; (3) proibida a 
exploração de recursos minerais; (4) proibida a caça amadorística ou profissional; 
e (5) a exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases 
sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades 
desenvolvidas na reserva extrativista, conforme o disposto em regulamento e no 
Plano de Manejo da unidade (Art. 18 da Lei Federal nº 9.985/2000).
Nas Reservas de Fauna (Refaus)
A Reserva de Fauna, que é uma área natural com populações animais de 
espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas 
para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de 
recursos faunísticos, é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas 
particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo 
com o que dispõe a lei, na qual é: (1) permitida a visitação pública, desde que 
compatível com o manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas 
pelo órgão responsável por sua administração; (2) é proibido o exercício da caça 
amadorística ou profissional; e (3) permitida a comercialização dos produtos e 
subprodutos resultantes das pesquisas com obediência ao disposto nas leis 
sobre fauna e regulamentos (Art. 19 da Lei Federal nº 9.985/2000).
Nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (Redes)
A reserva de desenvolvimento sustentável, que é uma área natural que abriga 
populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis 
de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações 
e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel 
fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica, 
é de domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites 
devem ser, quando necessário, desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei, 
na qual é: (1) regulado o uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais 
de acordo com o disposto no artigo 23, da Lei Federal nº 12.651/2012; (2) 
é permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com os 
interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área; (3) 
permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à 
74
Capítulo 3 
melhor relação das populações residentes com seu meio e à educação ambiental, 
sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela administração da 
unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas previstas 
em regulamento; (4) admitida a exploração de componentes dos ecossistemas 
naturais em regime de manejo sustentável e a substituição da cobertura vegetal porespécies cultiváveis, desde que sujeitas ao zoneamento, às limitações legais e ao 
Plano de Manejo da área (Art. 20 da Lei Federal nº 9.985/2000).
Nas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs)
A Reserva Particular do Patrimônio Natural, que é uma área privada, gravada 
com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica, só 
permite, conforme se dispuser em regulamento: (1) a pesquisa científica; e (2) 
a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais (Art. 21 da Lei 
Federal nº 9.985/2000).
Regime das Áreas não edificantes (Anes)
As áreas não edificantes não permitem a edificação, no sentido de ação de 
construir (a partir do solo) quaisquer obras arquitetônicas de porte, tais como: 
edifício, galpão de grande armazenagem, casa etc. Essas áreas são, normalmente, 
reguladas por código de obras ou outras leis expedidas para cada caso. 
As razões de evitar tais construções dependem muito do fim a que se destina 
a previsão de não edificação em certa área. Por exemplo, nas áreas adjacentes 
das faixas de domínio de rodovias, a ordem de não construir objetiva manter 
as áreas livres de interferências para permitir instalações ou obras, autorizadas 
pelo artigo 50, da Lei Federal nº 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro) e 
definidas no Manual de Procedimentos para a Permissão Especial de Uso das 
Faixas de Domínio de Rodovias Federais e Outros Bens Públicos, sob Jurisdição 
do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), tais como: 
(1) tubulação de petróleo e seus derivados; (2) tubulação de gás; (3) transmissão 
de dados; (4) energia elétrica; (5) água e esgoto; (6) acessos; ou (7) outros a 
critério do DNIT, como: postos de fiscalização; postos de vigilância; abrigos 
de passageiros e pontos de parada de ônibus; telefones públicos; correias 
transportadoras; painéis e placas destinadas à publicidade.
Avalia-se, neste capítulo, as bases da política ambiental discorrendo sobre 
conceitos de competência, capacidade, reserva legal, norma, norma geral, norma 
específica para introduzir os objetivos, os princípios, os instrumentos, os padrões 
de qualidade e a descrição do sistema nacional de meio ambiente.
75
Direito Ambiental 
O estudo adota um procedimento para classificar como dogmática ou zetética 
a questão da competência para regulamentar lei ambiental, entre outras. 
Normalmente, sendo objeto das discussões jurídicas, para estabelecer um 
método de trabalho de educação baseada em evidências.
A classificação assume que fatos jurídicos e normas jurídicas, que os regulam, 
devem ser interpretados conforme a Constituição Federal. A assunção pode 
parecer uma obviedade, mas há de se convir que, ainda, não é prática usual 
para revelar a natureza de questões ambientais submetidas ao crivo da 
confrontação por evidências.
	_ftnref19
	_ftnref21
	art2§5
	_ftnref18
	_ftnref22
	art1228§2
	art3xii
	protint
	art15§3.
	art20
	art21