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ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO SUPERIOR FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTA FLORESTA CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO Bruno Ramos Siqueira, 23 de junho de 2017 Princípios da interpretação constitucional e o papel do interprete do direito 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho acadêmico tem por finalidade abordar os assuntos das características dos textos, normas e princípios constitucionais, reconhecendo sua importância para a atividade de interpretação do direito, mais precisamente, do direito constitucional. 2 NORMAS CONSTITUCIONAIS Primeiramente, para ter uma boa compreensão dos métodos e práticas interpretativas e, portanto, a hermenêutica constitucional, é de muitíssima importância ter em mente a diferença ente texto, norma, princípios e regras constitucionais. Texto é toda representação gráfica ou científica da intenção legisferante. Assim, todo material que carece de interpretação é texto. O texto constitucional apresenta várias características de linguagens, tais como: A coloquialidade, que remonta aos tempos de síntese da Constituição, suas palavras breves e concisas dificultam a interpretação dos seus textos, pois é difícil chegar a um consenso sobra a intenção do legislador; O caráter aberto da Constituição, com suas cláusulas amplas e indeterminadas possibilitam a flexibilização da interpretação do texto para diferentes situações e momentos. A norma é o produto da interpretação do texto constitucional. A principal finalidade dos princípios da interpretação constitucional é nortear a interpretação do texto constitucional, servindo de postulados que guiará o interprete ruma a uma interpretação que espelhe os anseios do constituinte. Regras e princípios são espécies de norma. 3 PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO O Princípio de Interpretação da Constituição é um conjunto de princípios que, devido ao fato de ser expressão do Poder Constituinte Originário garantem a Supremacia Constitucional, Estado Democrático de Direito e a ordem jurídica que institui. Tais princípios são aplicáveis somente á Constituição Federal, visto que ela se difere das demais espécies normativas como leis, resoluções, entre outros, devido seu caráter inicial, aberto e amplo, coloquial, político e estrutural. Assim, a Constituição assume um papel altamente vinculante com a Constitucionalização, o Constitucionalismo e o Garantismo Liberal-social. Portanto, todo cuidado é pouco durante o processo hermenêutico. 3.1 Princípio da unidade constitucional ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO SUPERIOR FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTA FLORESTA CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO Uns dos maiores problemas de se ter uma Constituição rígida é o conflito da legitimidade intergeracional, que ocorre quando uma sociedade morta governa uma sociedade viva. Conforme o escritor Luiz de Camoes “Muda-se o tempo, mudam- se as vontades”, para suprir as demandas sociais até então desconhecidas em um futuro incerto e distante, o Poder Constituinde optou por expressar sua intenção por meio de cláusulas abertas e amplas, permitindo que a interpretação seje flexibilizada para abranger situações futuras, fazendo a norma constitucional sofrer uma “atualização”. Para evitar a interpretação arbitrária da Constituição para desvirtuar a intenção do constituinte, o Princípio da unidade dirige a intepretação como um todo. A Constituição não pode ter contradições em sí, ela não pode ser interpretada de forma isolada, mas sim como uma única norma harmônica e fundamental para o Estado. 3.2 Princípio do efeito integrador Este Princípio muitas vezes é associado ao princípio da unidade, porém ele atua na resoluções dos conflitos jurídicos-constitucionais vinculando o interprete a entender a norma para a valorização da ordem política e social. 3.3 Princípio da máxima efetividade Uma das funções da Constituição é a de garantir direitos fundamentais aos cidadãos. Com base nisso, o Princípio da Máxima Efetividade é o critério para a soluções de problemas de interpretação, postulando que, havendo dúvidas, a interpretação deve preservar ao máxima os direitos e garantias fundamentais. 3.4 Princípio da força normativa Este princípio deriva do caráter inicial da constituição e envolve a Teoria da Supremacia Constitucional e a Constitucionalização. A Constituição Federal está topo da Pirâmide Normativa de Hans Kelsen, essa posição hierárquica gera a consequência de obrigação, imposição, coerção e materialização de suas normas. Portanto, havendo conflitos jurídicos-constitucionais, este princípio procura manter a incidência direta da constituição e servir da parâmetro de validade para as normas infra- constitucionais. 3.5 Princípio da presunção de constitucionalidade Esse princípio está associado com a interpretação conforme a constituição. Uma lei infraconstitucional para ser considerada válida, passa por um processo legislativo que envolve a análise do projeto pela Comissão de Costituição, Cidadania e ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO SUPERIOR FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTA FLORESTA CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO Justiça, que avaliará a constitucionalidade da lei. Assim, uma lei válida é considerada constitucional até que o STF faça um Controle de Constitucionalidade a considera inconstitucional. Nesse meio tempo ela é interpretada conforme a constituição, já que o Princípio da força normativa força a aplicação da Constituição. 4 O PAPEL DO INTERPRETE DO DIREITO Para podermos desenvolver uma linha de raciocínio, é preciso entender quem são os interprete do direito. Todos são interprete do direito, deste os meros cidadãos comuns até os juristas membros das corte judiciárias. O que os diferem é a legitimação legal para se produzir efeitos vinculantes a partir de uma interpretação do texto legal. Um dos interpretes mais ativos é o Poder Judiciário e os profissionais que trabalham paralelamente com ele. Pode-se dizer que o papel do interprete do direito se baseia em assimilar a intenção do legislador, por meio da execução dos princípios e dos métodos, afim de promover a justiça e a democracia.
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