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2016 Anais Seminarios Estudos Estrategicos PPGEEI UFRGS 2017


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SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 
I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul 
III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais 
IV Seminário Casas de União 
18, 18, 20 e 21 de outubro 
Porto Alegre/RS, Brasil 
 
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SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 
I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul 
III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais 
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SEMINARIOS DE ESTUDOS 
ESTRATÉGICOS 2016 
 
ANAIS DO EVENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul 
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Comissão Organizadora Seminários Estudos Estratégicos 
 
Prof. Dr. Paulo Gilberto Fagundes Visentini (Coordenador Acadêmico) 
Cel Cav Mário Giussepp Santezzi Bertotelli Andreuzza (Coordenador Institucional) 
 
Prof. Dr. José Miguel Quedi Martins 
Cel Cav Antônio Augusto Brisolla de Moura 
Cel Cav Ary Albuquerque Gusmão Filho 
Ten Cel Joel Ferreira Pedreira 
Ten Cel Elyne Carla Silva de Medeiros 
Cap Daniel Arrais Barroso 
Cap Viviane Machado Prim 
ST Charles Xavier Fuhro 
ST André Müller Gonçalves 
Sd Keoma Patrick Garcia Costa 
 
Gustavo Henrique Feddersen (Doutorando) 
Larlecianne Piccolli (Doutoranda) 
Rômulo Barizon Pitt (Doutorando) 
Bruna Toso de Alcantara (Mestranda) 
Bruno Magno (Mestrando) 
Guilherme Thudium (Mestrando) 
João Gabriel Burmann (Mestrando) 
Laís Andreis Trizotto (Mestranda) 
Luís Rodrigo Machado (Mestrando) 
Raul Cavedon Nunes (Mestrando) 
Beatriz Vieira Rauber (Graduação UFRGS) 
Débora Sulzbach de Andrade (Graduação UFRGS) 
Humberto Genehr Carvalho (Graduação UFRGS) 
João Otávio Cadore (Graduação UFRGS) 
Katiele Rezer Menger (Graduação UFRGS) 
Laura Castro Gonçalves (Graduação UFRGS) 
Luana Isabelle Beal (Graduação UFRGS) 
Luana Jardim Arsoteguy da Rosa (Graduação UFRGS) 
Luísa Acauan Lorentz (Graduação UFRGS) 
Magnus Kenji Hiraiwa (Graduação UFRGS) 
Marcela Fischer Friedman (Graduação UFRGS) 
Melissa Shen Lee (Graduação UFRGS) 
Rodrigo Boschetti (Graduação em RI – Uniritter) 
Sofia Oliveira Perusso (Graduação UFRGS) 
Valeska Ferrazza Monteiro (Graduação UFRGS) 
Yuri Pinheiro da Rosa (Graduação UFRGS) 
 
 
 
 
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I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul 
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Coordenadores dos Grupos de Trabalho 
GT Economia Política Internacional: Prof. Dr. Luiz Augusto Estrella Faria 
GT Política Internacional: Prof. Dr. Fabiano Mielniczuk. 
GT Segurança Internacional: Prof. Dr. Érico Esteves Duarte 
Coordenadores do Fórum da Graduação 
Defesa e Segurança Internacional: Prof. Dr. Diego Pautasso 
Economia Política Internacional: Prof. Msc. Nádia Menezes 
Política Internacional: Prof. Dra. Nathaly Xavier 
 
Conselho Editorial 
Prof. Dr. Paulo Gilberto Fagundes Visentini 
Cel Cav Mário Giussepp Santezzi Bertotelli Andreuzza 
Prof. Dr. José Miguel Quedi Martins 
Cel Cav Antônio Augusto Brisolla de Moura 
Cel Cav Ary Albuquerque Gusmão Filho 
Prof. Dr. Luiz Augusto Estrella Faria 
Prof. Dr. Fabiano Mielniczuk 
Prof. Dr. Érico Esteves Duarte 
: Prof. Dr. Diego Pautasso 
Prof. Msc. Nádia Menezes 
Prof. Dra. Nathaly Xavier 
 
Comitê Editorial 
Bruna Toso de Alcântara 
Bruno Magno 
João Gabriel Burnmann 
Lais Helena Trizotto 
Rômulo Barizon Pitt 
Magnus Kenji Hiraiwa 
 
 
Contato: 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Faculdade de Ciências 
Econômicas 
Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais 
Av. João Pessoa, 52 sala 33A - 3° andar - CEP 90040-000 - Centro - Porto 
Alegre/RS - Brasil 
Tel: +55 51 3308-3150 | Fax: +55 51 3308-3963 
Email: eventosestudosestrategicos@gmail.com 
 
 
 
Porto Alegre v.1 n.1 p. 1 - 759 Jul.2017 Bianual ISSN 2527-0508 
 
SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 
I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul 
III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais 
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Sumário 
 
APRESENTAÇÃO .............................................................................11 
ARTIGOS: FÓRUNS DE GRADUAÇÃO ..................................... 14 
POLÍTICA INTERNACIONAL .............................................15 
O BRASIL E A COOPERAÇÃO SUL-SUL: UM ESTUDO DAS RELAÇÕES 
BRASÍLIA-MAPUTO (2003-2014) .......................................................................... 16 
Isabella Cruzichi 
 
OS CONDICIONAMENTOS EXTERNOS AO PROGRAMA NUCLEAR 
BRASILEIRO: DO TRATADO DE TLATELOLCO À ADESÃO AO TNP ....... 34 
João Henrique Salles Jung 
 
O LUGAR DO REGIONALISMO NA POLÍTICA EXTERNA E DE 
SEGURANÇA DAS PRESIDÊNCIAS DE THEODORE ROOSEVELT, 
WOODROW WILSON E FRANKLIN DELANO ROOSEVELT ........................ 49 
Sofia Oliveira Perusso 
 
DEFESA E SEGURANÇA INTERNACIONAL ...................64 
O PAPEL DO SETOR NAVAL DE DEFESA NO DESENVOLVIMENTO 
SOCIOECONÔMICO BRASILEIRO: ESTUDO COMPARADO ENTRE OS 
GOVERNOS LULA DA SILVA E DILMA ROUSSEFF (2003-2015) ................. 65 
Elisa Felber Eichner, Gabriela Dorneles Ferreira da Costa, João Estevam dos Santos 
Filho, Patrícia Graeff Machry, Valeska Ferrazza Monteiro 
 
O DEBATE BRASILEIRO SOBRE TECNOLOGIA MILITAR: REVISÃO DA 
LITERATURA .......................................................................................................... 102 
Gustavo Hack de Moura 
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A INFLUÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS NA CONFIGURAÇÃO DO PERFIL 
DAS FORÇAS ARMADAS DA COLÔMBIA: ESTRUTURA 
ORGANIZACIONAL E SISTEMAS DE DEFESA .............................................. 120 
João Estevam dos Santos Filho 
 
O PODER AÉREO E A GUERRA DE QUINTA GERAÇÃO ............................ 134 
Débora Sulzbach de Andrade 
 
A DOUTRINA DA VANTAGEM MILITAR QUALITATIVA (VMQ) E AS 
RELAÇÕES ENTRE ISRAEL E OS EUA ............................................................ 147 
Marcela Fischer Friedman 
 
A GOVERNANÇA CORPORATIVA, O PROJETO DO F-35 LIGHTNING II, E 
A DOUTRINA MILITAR DOS ESTADOS UNIDOS NO PÓS-GUERRA FRIA
 .................................................................................................................................... 163 
Renato Saraiva, Humberto Carvalho 
 
ANÁLISE DAS VISÕES DOS THINK TANKS DOS ESTADOS UNIDOS 
QUANTO À ATUAÇÃO INTERNACIONAL DO BRASIL: PERSPECTIVAS 
SECURITÁRIAS ...................................................................................................... 176 
Gabriela Freitas dos Santos 
 
SUL DA BACIA DO RIO ORINOCO NA FRONTEIRA VENEZUELA-
BRASIL: UMA QUESTÃO DE SEGURANÇA AMBIENTAL .......................... 186 
Letícia Fernanda deSouza Rodrigues, Nubia Souza 
 
ANÁLISE DA POLÍTICA EXTERNA E DE SEGURANÇA (PES) DA 
ALEMANHA: PERSPECTIVA HISTÓRICA E REFLEXÕES 
HODIERNAS ............................................................................................................ 212 
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Luana Isabelle Beal 
 
ARTIGOS: GRUPOS DE TRABALHO ...................................... 226 
ECONOMA POLÍTICA INTERNACIONAL .................... 227 
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O CRESCIMENTO E A INSERÇÃO 
INTERNACIONAL DA FIRMA: UMA ANÁLISE DOS CONTRAPONTOS 
(NEO)SCHUMPETERIANOS ................................................................................ 228 
Daiane Londero, Bruna Rodrigues Cardoso 
 
RESERVAS CAMBIAIS E PODER: PERSPECTIVAS TEÓRICAS PARA 
PAÍSES EMERGENTES ......................................................................................... 248 
Gustavo Feddersen, Marcelo Milan, José Miguel Martins, Eric Feddersen 
 
PODER, MOEDA E COMPETIÇÃO INTERNACIONAL: ANÁLISE DA 
RELAÇÃO ENTRE PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DO ESTADO E O 
SURGIMENTO DAS MOEDAS ............................................................................. 264 
Pedro Txai Leal Brancher 
 
O SENTIDO DA INSERÇÃO ECONÔMICA INTERNACIONAL DO BRASIL: 
UM DIÁLOGO COM O DESENVOLVIMENTISMO ........................................ 285 
Ana Paula Ranzi 
 
TURBINA BRASILEIRA ESTACIONÁRIA AERODERIVADA - UM CASO DE 
INDEPENDÊNCIA ESTRATÉGICA E USO DUAL ........................................... 296 
Anderson Matos Teixeira, César Ataídes Figueira Torres 
 
 
POLÍTICA INTERNACIONAL .......................................... 318 
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ENTRE O EXCEPCIONALISMO E O INTEGRACIONISMO: UMA 
POSSÍVEL EXPLICAÇÃO PARA AS ALTERAÇÕES DO PERFIL DA 
POLÍTICA EXTERNA E DE SEGURANÇA DA REPÚBLICA POPULAR DA 
CHINA ....................................................................................................................... 319 
Athos Munhoz Moreira da Silva 
 
O PETRÓLEO NO GOLFO DA GUINÉ: ASPECTOS POLÍTICOS E 
SECURITÁRIOS ...................................................................................................... 339 
Josiane Rocha Carvalho 
 
COOPERAÇÃO SUL-SUL COMO ESTRATÉGIA DA PERIFERIA MUNDIAL
 .................................................................................................................................... 356 
Klei Medeiros 
 
A COOPERAÇÃO BRASILEIRA PARA OS PAÍSES DE LÍNGUA 
PORTUGUESA NO CONTINENTE AFRICANO NA PRIMEIRA DÉCADA DO 
SÉCULO XXI ............................................................................................................ 379 
Carla Márcia Pagliarini 
 
GEOPOLÍTICA E COOPERAÇÃO NO ATLÂNTICO SUL E NO OCEANO 
ÍNDICO: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS INICIATIVAS E DESAFIOS
 .................................................................................................................................... 392 
Erik Herejk Ribeiro , Anselmo Otavio 
 
MIGRAÇÃO MARÍTIMA COMO DESAFIO PARA A UNIÃO EUROPEIA: 
UMA ANÁLISE DAS INICIATIVAS NAVAIS NO MAR MEDITERRÂNEO 
(2013–2016) ............................................................................................................... 408 
Guilherme Thudium 
 
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A COOPERAÇÃO DA ÍNDIA COM A ÁFRICA EM SEGURANÇA 
MARÍTIMA .............................................................................................................. 427 
Natália Barbosa Argiles Gonçalves 
 
DEFESA E SEGURANÇA INTERNACIONAL ................ 441 
AS ARMAS NUCLEARES TÁTICAS NA DOUTRINA NUCLEAR 
PAQUISTANESA: UMA PROBLEMÁTICA NA ÁSIA MERIDIONAL .......... 442 
Michelly Sandy Geraldo 
 
PODER CIBERNÉTICO: PERSPECTIVAS PARA O BRASIL ........................ 459 
Bruna Toso de Alcântara 
 
O PAPEL DA POLÍTICA DE DEFESA NA ESTRATÉGIA DE POLÍTICA 
EXTERNA DO BRASIL: A IMPLEMENTAÇÃO DE UMA POLÍTICA DE 
ESTADO .................................................................................................................... 475 
Márcio Azevedo Guimarães 
 
O MERCADO GLOBAL DA FORÇA ................................................................... 494 
Prof. Dr. Marcos Reis 
 
A COOPERAÇÃO TÉNICA REGIONAL EM AMBIENTE DE GUERRA 
IRREGULAR COMPLEXA NA ÁREA DE ATUAÇÃO DA UNASUL ........... 514 
Carlos Gustavo Morais de Mello, Daniel Arrais Barroso, Gilmar Souza Dantas Filho, 
Igor Deodoro Sousa Lisboa, Rogério Gutierrez de Melo 
 
O SISTEMA DE SIMULAÇĀO DE APOIO DE FOGO, DO CENTRO DE 
ADESTRAMENTO E AVALIAÇĀO-SUL, SANTA MARIA, RS, NO 
ADESTRAMENTO DOS PELOTÕES DE MORTEIRO PESADO ................... 528 
Dartanhan do Nascimento Duarte 
 
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O BRASIL E O SEU ENTORNO ESTRATÉGICO REGIONAL: POLÍTICAS 
DE DEFESA E DESENVOLVIMENTO (2008-2016) .......................................... 542 
Dilceu Roberto Pivatto Junior 
 
ESTRATÉGIA NACIONAL DE DEFESA E MODELO DE 
DESENVOLVIMENTO NO BRASIL: UMA VISÃO A PARTIR DOS 
PARADIGMAS DA ADMINISTRAÇÃO .............................................................. 561 
Francisco Coelho Cuogo, Raul Cavedon Nunes, Luana da Rosa, Helena Terres 
 
O PLANEJAMENTO DE DEFESA COMO UMA VARIÁVEL POLÍTICA E 
SUA INFLUÊNCIA NA INDÚSTRIA DE ARMAMENTOS .............................. 574 
Giordano Bruno Antoniazzi Ronconi 
 
PEARL HARBOR E MIDWAY: ANÁLISE DOS EQUÍVOCOS 
ESTRATÉGICOS E OPERACIONAIS DO ALMIRANTE YAMAMOTO 
ISOROKU ................................................................................................................. 597 
Bruno Magno 
 
O PAPEL DA GEOGRAFIA MILITAR NO PLANEJAMENTO E NA 
CONDUÇÃO DAS OPERAÇÕES MILITARES CONTEMPORÂNEAS ......... 617 
José Nilton Silva Vargas, Nei Leiria do Nascimento, Piraju Borowski Mendes, 
Marcelo Lopes Fernandes 
 
PODER TERRESTRE E DISSUASÃO CONVENCIONAL NA CHINA: 
MOBILIZAÇÃO NACIONAL, DEFESA ÁREA E NEGAÇÃO DO USO DO 
MAR ........................................................................................................................... 637 
Guilherme Henrique Simionato dos Santos 
 
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O MODO ASIÁTICO DEFAZER A GUERRA: UMA PROPOSTA DE 
ABORDAGEM PARA A ANÁLISE DAS CONFLAGRAÇÕES E DA 
REVOLUÇÃO NACIONAL NO LESTE ASIÁTICO .......................................... 658 
Rômulo Barizon Pitt, Bruno Magno, Gustavo Henrique Feddersen, Athos Munhoz 
Moreira da Silva, João Rodrigues Chiarelli 
 
O COMBATE MODERNO E A CAPACIDADE DA EXPRESSÃO MILITAR 
DO PODER NACIONAL NO CONTEXTO DA POLÍTICA DE DEFESA 
BRASILEIRA ........................................................................................................... 689 
Emerson Luís de Araújo Pângaro 
 
O PAPEL DA GUERRA NA TRANFORMAÇÃO DE ORDENS SISTÊMICAS
 .................................................................................................................................... 705 
Igor Castellano da Silva, Ana Luiza Vedovato, Arthur Lersch Mallmann, Cecília 
Maieron Pereira 
 
FORÇAS MILITARES MULTINACIONAIS DO SUL GLOBAL: 
INICIATIVAS, AVANÇOS E LIMITAÇÕES REGIONAIS .............................. 724 
Matias Ferreyra Wachholtz 
 
A IMPORTÂNCIA DAS PARCERIAS CIENTÍFICO-TECNOLÓGICAS NA 
INOVAÇÃO DOS PRODUTOS DE DEFESA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR 
DE EXEMPLOS NO MUNDO E NO BRASIL ..................................................... 735 
George Alberto Garcia de Oliveira, Flavio c. M. F. Américo dos Reis 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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APRESENTAÇÃO 
 
O Núcleo de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul (NEE/CMS), o 
Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais (PPGEEI) da 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e o Centro de Estudos Internacionais 
sobre Governo (CEGOV-UFRGS) teve a honra de realizar o III Seminário Brasileiro de 
Estudos Estratégicos Internacionais (III SEBREEI), que contou com a realização simultânea 
do I Seminário de Estudos Estratégicos do CMS (I SEE/CMS) e do IV Seminário Casas de 
União (IV CdU). Os eventos ocorrerão na Faculdade de Ciências Econômicas (FCE/UFRGS) 
em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, entre 18 a 21 de outubro de 2016. Contaram com 
palestras de professores, pesquisadores e funcionários públicos brasileiros e estrangeiros 
especializados no tema: Defesa como Estratégia de Desenvolvimento e de Inserção 
Internacional do Brasil. O público alvo foi composto por militares, estudantes de graduação e 
pós-graduação, pesquisadores, gestores públicos com atuação internacional, e empresários 
vinculados ao assunto. 
O NEE/CMS foi ativado em 20 de outubro de 2015, sendo subordinado ao Centro de 
Estudos Estratégicos do Exército (CEEEx/7ª SCh-EME), por meio do canal técnico. Tem por 
missão contribuir para o desenvolvimento de uma mentalidade de defesa no Brasil. Promove a 
interação, na área do CMS, entre órgãos públicos e privados, Instituições de Ensino Superior 
(IES), institutos de pesquisa públicos e privados, associações, pesquisadores e ―think 
tanks‖ nacionais e estrangeiros voltados para a produção e difusão de conhecimentos de 
Defesa Nacional. Além disso, o NEE/CMS tem a atribuição de incentivar a criação de 
centros/núcleos de estudos estratégicos em sua área de influência, bem como articular os 
integrantes da rede de colaboradores, por intermédio da realização de seminários, encontros, 
convênios, produção de artigos, livros, com base, inicialmente, nas áreas temáticas de 
interesse do Exército. 
O PPGEEI surgiu como resultado natural do desenvolvimento da área de Relações 
Internacionais na UFRGS. É fruto do trabalho desenvolvido desde 1999 pelo Núcleo 
Brasileiro de Estratégia e Relações Internacionais (NERINT), que realiza pesquisas, 
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seminários e edição de duas coleções de livros e de dois periódicos, e da consolidação do 
Curso de Graduação em Relações Internacionais da FCE, criado em 2004. Além de possuir 
um corpo de Docentes-Pesquisadores especializado e com experiência internacional, o 
Programa conta com o apoio do Núcleo de Estudos em Tecnologia, Indústria e Trabalho 
(NETIT/FCE), do Centro de Estudos Internacionais de Governo (CEGOV) e do Centro de 
Estudos Brasil-África do Sul (CESUL). O PPGEEI promove eventos regulares na área, com a 
e já publica dois periódicos acadêmicos: as revistas ―Conjuntura Austral‖ e ―AUSTRAL 
Brazilian Journal of Strategy and International Relations‖. 
O CEGOV/UFRGS é um centro interdisciplinar vinculado à Reitoria, cujo objetivo é 
estudar a ação governamental no Brasil e no mundo. Nesse sentido, a missão do CEGOV é 
articular seus pesquisadores em áreas interdisciplinares prioritárias e realizar projetos de 
pesquisa aplicada. Desenvolve atividades de extensão e de ensino, e serve como espaço para 
coordenação e interlocução entre pesquisadores, grupos de pesquisa, cursos de graduação e 
programas de pós-graduação da UFRGS, voltados para as políticas públicas. Preza pela 
excelência acadêmica no desenvolvimento de seus projetos e pelo progresso da UFRGS como 
instituição de ensino de reconhecimento internacional. Além disso, desde sua criação tem 
procurado contribuir para a interação institucionalizada entre a comunidade acadêmica da 
UFRGS e instituições da Administração Pública Federal, Estadual e Municipal. 
O III SEBREEI consistiu em um evento para difundiu conhecimentos e buscar 
aprofundar o debate entre civis, acadêmicos e militares nas áreas de Segurança, Política e 
Economia Política Internacionais. Essa edição foi organizada a partir do eixo temático 
―Defesa como Estratégia de Desenvolvimento e de Inserção Internacional do Brasil‖. Essa 
edição, por meio dos parceiros externos, Comando Militar do Sul (CMS) e Instituto Sul-
Americano de Política e Estratégia (ISAPE), reuniu também as temáticas abordadas no I 
SEE/CMS e no IV CdU, respectivamente. Os três seminários foram unificados pelo eixo 
temático proposto, sendo as apresentações de trabalhos acadêmicos responsabilidade do 
SEBREEI. O evento se justificou acadêmica e socialmente. Em âmbito acadêmico, as áreas de 
Estudos Estratégicos e Relações Internacionais, recentes no Brasil, têm apresentado 
crescimento considerável nas últimas duas décadas, seja na graduação quanto na pós-
graduação. São escassos, contudo, ambientes de interação e debates acadêmicos que possam 
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proporcionar o incremento do relacionamento entre professores, pesquisadores e militares, 
bem como a qualificação de pesquisas na área. Além disso, faz-se necessária a maior 
integração da região sul do país, local de posição geográfica privilegiada para a relação do 
Brasil com seus vizinhos do MERCOSUL, no circuito de eventos nacionais da 
área. Socialmente, devido ao crescente papel do Brasil nas relações internacionais e as 
decorrentes necessidades de se fomentar e divulgar a pesquisa e a produção de conhecimento 
na área, além de sereduzir a distância entre Estado, empresariado e academia - para que se 
promova o diálogo e o amparo a políticas públicas. 
Nessa perspectiva, a Comissão Organizadora do III SEBREEI apresenta nessa 
publicação o compilado de trabalhos apresentados no evento e agradece a todos os 
colaboradores e participantes desta edição. 
 
 
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FÓRUM DE GRADUAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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POLÍTICA 
INTERNACIONAL 
 
 
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O BRASIL E A COOPERAÇÃO SUL-SUL: UM ESTUDO DAS 
RELAÇÕES BRASÍLIA-MAPUTO (2003-2014) 
 
Isabella Cruzichi
1
 
 
RESUMO: O trabalho busca compreender de que forma se configuram as relações entre Brasil e Moçambique, 
no que tange às novas diretrizes de política externa implementadas pelos governos de Luiz Inácio Lula da Silva 
(2003-2010) e, de certo modo, continuadas e revisadas pelo governo de Dilma Vana Rousseff (2011-2014). 
Nesse sentido, é questionado se o intercâmbio promovido entre os dois países enquadra-se nos aspectos da 
cooperação sul-sul, e em qual medida esse conceito, sendo um elemento estrutural da política externa brasileira, 
está presente ao longo dos mandatos dos governantes aqui analisados. 
PALAVRAS-CHAVES: Cooperação Sul-Sul; Política externa brasileira; Governo Lula; Governo Rousseff; 
Relações Brasil-Moçambique. 
 
INTRODUÇÃO 
O trabalho analisa as relações entre Brasil e Moçambique durante os governos de Luiz 
Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Vana Rousseff (2011-2014). Nesse sentido, 
questiona-se se o intercâmbio promovido entre os dois países se enquadra nos aspectos da 
política externa brasileira no que se referem à cooperação Sul-Sul. Para tanto, é proposta uma 
revisão teórica de conceitos chaves. Sendo o alvo da análise as relações entre entidades 
Estatais, é indispensável a definição de política externa e da cooperação na política 
internacional. Nesse aspecto, é fundamental abordar o conceito de Cooperação Sul-Sul (CSS), 
princípio que permeia, em maior ou menor intensidade, o contato do Brasil com os Estados do 
Sul, ao longo dos anos, além de ser entendida como componente estrutural da política externa 
brasileira no período de 2003 a 2014 (ABDENUR E RAMPINI, 2005). 
 A fim de contextualizar o intercâmbio Brasil-África, onde se inserem as relações 
Brasil-Moçambique, pondera-se a respeito das diretrizes da política externa brasileira nos 
governos Lula e Rousseff, bem como suas políticas para a África, visando identificar pontos 
de continuidade, ruptura e aprofundamento. Por fim, são analisadas as iniciativas brasileiras 
de 2003 a 2014 para Moçambique, para verificar se tais ações sofrem alterações entre os dois 
governos e se configuram como um exemplo de CSS. 
 
1
Graduanda do Curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do Pampa; 
isabellacruzichi@gmail.com 
SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 
I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul 
III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais 
IV Seminário Casas de União 
18, 18, 20 e 21 de outubro 
Porto Alegre/RS, Brasil 
 
 
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1. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS 
 
A política externa pode ser definida como uma série de atividades políticas, mediante 
as quais o Estado promove seus interesses perante os demais Estados (WILHELMY, 1988). 
Entende-se que as estruturas do sistema internacional, em relação à distribuição internacional 
de poder e às distintas conjunturas, representam fatores de pressão, ou constrangimento - os 
quais condicionam a definição da política externa brasileira. Há ainda um processo de reações 
aos fatores sistêmicos, porém, isso não significa que a política externa brasileira seja 
meramente reativa, ou simplesmente vinculada a aspectos econômicos (ALTEMANI, 2005). 
Assim, ―parte-se do pressuposto de que a política externa brasileira foi e é condicionada por 
uma iteração entre fatores internos e externos‖ (IDEM, p. 9). 
 Em consonância com Waltz, no que diz respeito às teorias de política internacional 
serem necessariamente baseadas nos grandes poderes, Bambo (2014) critica as ineficiências 
das correntes liberal e realista em não proverem um marco explicativo sobre a cooperação 
Norte-Sul, ou Sul-Sul, sendo as interpretações sobre a cooperação, por eles referida, baseada 
nos países desenvolvidos. Para suprir a lacuna deixada pelas vertentes realistas e liberais, no 
que tange à cooperação, a teoria da dependência, desenvolvida entre os anos de 1960 e 1970, 
correspondeu como réplica a algumas teorias ocidentais, essencialmente às de 
desenvolvimento internacional harmônico e criou as bases para a cooperação entre os países 
do terceiro mundo. Nesse sentido, Bambo (IDEM) baseado nas ideias de Amin (1990), reitera 
que um dos meios para superar o subdesenvolvimento é fomentar as trocas econômicas, 
tecnológicas, técnicas, nomeadas como collective self-reliance, as quais contribuiriam para 
que os países do Sul se desvencilhassem das relações assimétricas, garantindo autonomia ao 
seu desenvolvimento e ampliando seu poder de barganha nas relações com os países do Norte. 
 Assim, a cooperação Sul-Sul (CSS) de forma ampla, pode ser definida como uma 
modalidade de cooperação internacional para o desenvolvimento que ocorre entre países do 
Sul, abarcando várias esferas temáticas, como política e comercial humanitária (BAMBO, 
2014). É importante frisar que a CSS não deve ser vista como antagônica ao eixo Norte-Sul, 
mas, sim, como um instrumento complementar; pode-se entender aquela como sinônimo de 
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cooperação horizontal, ou seja, uma cooperação para o desenvolvimento com benefício mútuo 
entre parceiros, desse modo, afasta-se do estereótipo de que a CSS é altruísta, ou guiada 
apenas pelos princípios de solidariedade (CABRAL, 2011). 
 As origens da Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento coincidem com as 
origens da CSS, estando atrelada aos movimentos de independência da África e da Ásia, e de 
países não-alinhados no contexto da Guerra Fria (AVELHAN, 2013). Dessa forma, mesmo 
que possam ser percebidos alguns indícios na década de 1950, apenas ao fimdo Regime 
Militar (1985), segundo Cintra (2010), que a cooperação brasileira alcançou gradualmente 
consistência e visibilidade, atingindo seu máximo durante a primeira década do século XXI, 
guiada por princípios de relações equitativas e baseadas na justiça social, compondo um 
importante instrumento de política externa. 
 
2. POLÍTICA EXTERNA PARA ÁFRICA DOS GOVERNOS LULA E DILMA (2003-
2014) 
 A terceira onda
2
 de aproximação entre Brasil e África - que tem como marco o início 
do primeiro governo Lula - é articulada pelo Estado por meio de discursos de solidariedade 
que frisam os vínculos culturais e históricos dos dois lados do Oceano Atlântico, com especial 
atenção para os países africanos lusófonos (AVELHAN, 2013). De acordo com Bambo 
(2014), é nesse período que o continente africano conquistasse uma nova perspectiva na 
política externa brasileira. Assim, essa não pode ser considerada uma reedição do passado, 
uma vez que vai além do assistencialismo internacional, propondo-se a fazer parte do esforço 
de reconstrução da logística e das bases para o desenvolvimento da África. 
 A política externa executada pelo Presidente Lula e por seu Chanceler Celso Luiz 
Nunes Amorim deu ao Estado brasileiro proeminente projeção internacional por meio de uma 
leitura assertiva, de corte nacionalista e autonomista do sistema internacional, e da percepção 
de que a desigualdade advinda da globalização assimétrica em razão da clivagem Norte-Sul 
 
2
 Segundo Avelhan (2013), pode-se considerar ao longo da história três "ondas de interesse pela África" na 
política externa brasileira. A primeira abarca os tempos coloniais do tráfico transatlântico de pessoas; a segunda 
remete ao reconhecimento pelo Estado brasileiro do MPLA (Movimento Popular de Libertação da Angola) em 
1975; e a terceira é inaugurada com o presidente Lula em seu primeiro governo e abarca o tempo presente. 
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era desfavorável às pretensões brasileiras de estabelecimento da condição de potência 
(MAPA, 2011). 
Assim, a cooperação para o desenvolvimento torna-se elemento mor da ação externa 
brasileira, fazendo-se presente também no conceito de defesa e segurança internacional da 
diplomacia de Lula, um exemplo importante dessa óptica é vivível nas relações Brasil-África, 
onde a matéria de segurança se dá no âmbito da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul 
(ZOPACAS), cujo processo de revitalização ocorreu no sentido de fortalecer os esforços de 
cooperação, passando pelas áreas de cooperação econômica, operações de manutenção de paz, 
temas marítimos, ambientais e combate a ilícitos transnacionais. 
 A política externa empregada durante a gestão do presidente Lula não pode ser 
interpretada como a criação de uma frente anti-hegemônica ou anti-OCDE (Organização para 
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), uma vez que a CSS proposta é pragmática e 
focada em pontos em comum (VIZENTINI, 2008). Essa foi assinalada pela renovação das 
ações do país, baseadas em uma ordem internacional multipolar, que encorajaria as alianças 
de caráter Sul-sul, contestando a hegemonia dos atores centrais (MORAES, 2015). 
 Outro pondo crucial na política externa do governo Lula é a diplomacia presidencial, 
definida como a ―condução pessoal de assuntos de política externa, fora da mera rotina ou das 
atribuições ex-officio, pelo presidente, ou, no caso de um regime parlamentarista, pelo chefe 
de estado e/ou pelo chefe de governo‖ (DANESE, 1999, p. 51). Deve-se assinalar o 
movimento de revalorização do Itamaraty no processo decisório da política externa, o mérito 
da nomeação do embaixador Celso Amorim para o Ministério das Relações Exteriores 
(MRE), uma vez que, isso configurou a convergência de uma corrente autonomista e 
nacionalista, presente no Itamaraty, com a visão progressista social-democrata do Partido dos 
Trabalhadores (PT). 
Nesse contexto, a África se tornou o mais importante laboratório da cooperação Sul-
Sul proposta pela política externa brasileira (VIZENTINI e PEREIRA, s/ano). Assim, é 
notório o aumento das viagens oficiais ao longo dos dois governos Lula
3
. Verifica-se a 
 
3
 Um total de 267, sendo 28 para o continente Africano, onde realizou 39 visitas oficiais durante todo o governo, 
alcançando no primeiro mandato 17 países; por outro lado, no mesmo período o Brasil recebeu 47 visitas, entre 
reis, presidentes e primeiros-ministros, vindos de 27 Estados africanos (BAMBO, 2014). 
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ampliação do raio de ação diplomática brasileira na África, sendo os roteiros das viagens 
presidenciais um nítido exemplo das pretensões de ampliação da presença do Brasil no 
continente, que não se limitou a uma sub-região ou a um organismo multilateral, ao mesmo 
tempo que não se desconsiderou as parcerias tradicionais - foi proposto o estreitamento das 
relações do Estado brasileiro com organismos regionais como a União Africana (UA) a Nova 
Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD), a Comunidade Econômica dos Estados 
da África Ocidental (CEDEAO), a União Aduaneira da África Austral (SACU) e a 
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), de modo a dispor das 
oportunidades políticas e econômicas no âmbito da cooperação sul-sul (RIBEIRO, 2009). 
 Essas viagens também objetivavam estabelecer/consolidar relações bilaterais, como a 
abertura e ampliação de novos acordos e mercados, além de compor uma agenda de interesses 
políticos estratégicos de longo prazo, que ainda consideravam os aspectos econômicos e 
financeiros imediatos (VARGEM, 2008), bem como evidenciavam um comprometimento 
entre o governo e o continente africano, sem precedentes históricos
4
. 
 De acordo com o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, o governo 
brasileiro perdoou mais de US$1bilhão em dívidas da África (destaque para a Nigéria, com 
abatimento de 67% da dívida que somava US$162 milhões), tendo em vista o fomento de uma 
parceria mundial para o desenvolvimento, em conformidade com os Objetivos de 
Desenvolvimento do Milênio (VARGEM, 2008), além de representar um significativo ganho 
de capital diplomático, condizente com o posto almejado pelo Brasil no sistema internacional. 
 Uma das primeiras iniciativas práticas que comprovaram o discurso do Presidente e de 
seu Chanceler foi a reestruturação interna do Itamaraty em relação às Divisões de África. O 
governo separou o então Departamento da África e do Oriente Médio em um departamento 
exclusivo sobre o continente africano, e além das divisões I e II inaugurou a Divisão de 
África-III (VARGEM, 2008) com o mesmo intuito, foi criado o Grupo África sob 
coordenação da Casa Civil, com o objetivo de coordenar as ações do governo no continente 
(SCHESINGER, 2013). 
 
4
Entre 2003 e 2013, o MRE abriu 19 novas embaixadas em território africano, proporcionando a presença 
brasileira na África em 37 países (AVELHAN, 2013). Em contrapartida, o número de embaixadas de países 
africanosno Brasil passou de 16 para 33 no mesmo período (IDEM, 2013). 
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 O governo Lula converteu o Estado Nacional em agente logístico, incentivando ações 
de fomento das relações com os países africanos via a ampliação dos laços cooperativos em 
múltiplas dimensões (MAPA, 2011), por meio de parcerias com agentes públicos (Banco 
Nacional para o Desenvolvimento Social - BNDES), entidades (Empresa Brasileira de 
Pesquisa Agropecuária - Embrapa - Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz) e empresas 
(Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Petrobrás, e Vale). 
A cooperação é canalizada a partir de contribuições a instituições multilaterais e pelo 
meio de acordos trilaterais, bilaterais e regionais, abrangendo de modo especial as áreas 
técnica, financeira e humanitária (SCHESINGER, 2013). Observa-se a ligação entre os 
investimentos nos setores de energia, infraestrutura e transporte nos quais empresas brasileiras 
realizam obras, em Angola, Gana, Guiné, Camarões e Guiné Equatorial (MAPA, 2011). 
Nesse sentido, essas empresas consolidam sua presença em território africano, uma vez que, 
diferentemente das parcerias proposta por países como a China, Índia e até mesmo os EUA, a 
cooperação brasileira, além de contribuir com obras de infra-estrutura, segurança e dos 
interesses materiais inegáveis, também traz novos elementos como, o combate à pobreza, às 
epidemias (em especial do HIV-AIDS), à introdução de tecnologias adaptadas ao contexto do 
Terceiro Mundo, bem como alianças em fóruns multilaterais em defesa de interesses comuns 
(VIZENTINI e PEREIRA, s/ano). 
 No que diz respeito à política externa do primeiro mandato do governo de Dilma Vana 
Rousseff (2011-2014), a questão da manutenção das diretrizes criadas no governo Lula é 
predominantemente consensual entre os autores, porém, a partir das análises, verifica-se que a 
continuidade enfatizada nos discursos não é tão plena em relação às ações. De acordo com 
Moraes (2015), tal continuidade deriva principalmente do fato dos dois governantes 
pertencerem ao Partido dos Trabalhadores (PT), que possui uma agenda definida de política 
externa e interpretação do sistema internacional; entretanto, a grande diferença se faz no tom 
com que são buscados esses objetivos, ou seja, como verifica Cornetet (2014), há uma visível 
contenção do ativismo da ação externa brasileira, gerada também pelas limitações do nível 
internacional. 
 Assim, pode-se compreender que a impressão de falta de dinamismo se dá em virtude 
do governo Lula ser uma presidência muito atípica à tradição brasileira em termos de política 
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externa correspondendo a um ―ponto fora da curva‖, sendo os números do governo Rousseff 
maiores que do governo FHC – reconhecido pela opinião pública por suas inúmeras viagens 
(BELÉM LOPES, 2014). Entretanto, sob uma perspectiva mais crítica como a de Cervo e 
Bueno (2014, p.561) - que identificam o período como um momento de declínio da política 
externa brasileira -, nota-se que ―as estratégias de ação externa de Lula e Rousseff tanto 
convergem na forma quanto diferenciam-se pelo estilo e pelos resultados‖. Em síntese, 
segundo Cornetet (2014, p. 121) ―as iniciativas do Brasil são, hodiernamente, ora mais 
―reativas‖ do que ―ativas", ora mais focadas no âmbito das ideias do que da ação prática‖. 
De acordo com Celso Amorim (AGÊNCIA BRASIL, 2016), ―a política externa do 
presidente Lula ia ser ativa e altiva. Em matéria de altivez, a política da presidenta Dilma 
seguiu o mesmo padrão‖, contudo, ela concedeu menor ênfase aos temas exteriores do que o 
governo Lula. Amorim atribui essa postura a uma questão ―de temperamento, de vocação, 
talvez ela já estivesse preocupada com a crise econômica que se anunciava. E isso acabou se 
refletindo em problemas estruturais no Ministério de Relações Exteriores, [...]. Mas, ela não 
mudou a orientação‖ (IDEM, 2016). 
 O governo Dilma teve dois Chanceleres: Antonio de Aguiar Patriota (2011-2013) e 
Luiz Alberto Figueiredo Machado (2013-2014), que por sua vez adotaram posturas similares, 
mantendo diretrizes como a CSS e o multilateralismo, tendo também revisado outras como a 
que concerne os Direitos Humanos - criticada por alguns como seletiva (MORAES, 2015) -, 
ainda pode ser considerada como aspecto de renovação e correção em relação ao governo 
anterior. 
Verifica-se na gestão Rousseff a abertura de 8 embaixadas e um total de 60 viagens, 
sendo apenas 4 para a África (7 visitas oficiais). Segundo Amorim (OP. CIT., 2016), a 
necessidade de recomposição do orçamento para o MRE foi um ponto crítico. Embora 
nenhuma das embaixadas tenha sido fechada, poderiam ter recebido maior lotação, 
principalmente na África, onde em muitos lugares há apenas uma pessoa. Outro parâmetro 
usado para avaliar a inserção internacional de um Estado é a contabilização de nacionais na 
direção de grandes agências intergovernamentais, nesse ponto, o governo Rousseff venceu 
duas candidaturas, uma na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação 
(FAO), com José Graziano, e outra na Organização Mundial do Comércio (OMC) com 
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Roberto Azevedo, feito que a diplomacia de Lula não atingiu nos oito anos de mandato 
(BELÉM LOPES, 2014). Embora a diplomacia proposta pelo governo Dilma não tenha o tom 
de ser presidencial, a política externa permaneceu dando ênfase às relações com os países da 
África, entretanto verifica-se o esgotamento de ideias-força e a ausência de inovação 
(CERVO e BUENO, 2014). 
 Em 2011, o chanceler Patriota participou de encontros bilaterais (Guiné-Bissau, África 
do Sul, Namíbia e República da Guiné), da XVI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros 
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Luanda e até mesmo o ex-
presidente Lula, designado pela Presidente Dilma, como representante oficial do Brasil, 
participou da 17ª Cúpula da União Africana (UA) que ocorreu na Guiné Equatorial (2011).Já 
em seu primeiro ano de governo, Rousseff realizou visitas oficiais ao continente (África do 
Sul, onde além de se reunir com o presidente sul-africano, participou da reunião do IBAS, 
indo também para Moçambique e Angola, no intuito de tratar de relações bilaterais, 
demonstrando indícios de manutenção da política africana anterior). 
É possível considerar que houve uma adequação, ou seja, uma mudança de ênfase na ação 
externa, mas sem haver a modificação de seus objetivos, configurando esse ajuste como uma 
contenção. Apolítica externa brasileira manteve sua busca por autonomia, como forma de 
salvaguardar o desenvolvimento e a consolidação do Estado como um dos polos de um 
sistema internacional, crescentemente multipolar, por meio da autonomia pela diversificação 
(CORNETET,2014). 
3. RELAÇÕES BRASIL-MOÇAMBIQUE (2003-2014) 
 
Moçambique é um país da região da África Austral, localizado na costa oriental do 
continente, banhado pelo Oceano Índico, fazendo fronteira com a os Estados da África do Sul, 
Malauí, Tanzânia, Suazilândia, Zimbábue e Zâmbia. Em virtude da sua posição regional 
estratégica, e por ser um dos grandes PALOP
5
, junto com Angola, é uma peça chave na 
 
5
 PALOP é o acrônimo de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, os quais são divididos entre os 
Grandes PALOP, Angola e Moçambique; e os Pequenos PALOP, Cabo Verde, Guiné-Bissau, e São Tomé e 
Príncipe. Esses Estados se assemelham em relação ―às suas condições histórico-culturais condicionadas pela 
presença portuguesa em seus territórios, tendo o comércio como eixo dessa, aliado à escravização de africanos e 
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inserção do Brasil na África. Até o ano de 1975, foi colônia portuguesa, quando conquistou 
sua independência. Atualmente, conta com uma população de aproximadamente 25 milhões 
de pessoas, em um território de 799.380 km
2 
dividido em 10 províncias, sendo a cidade de 
Maputo a capital (CIA, 2016). 
 A política externa de Moçambique está diretamente ligada à ideia de parcerias que 
promovam desenvolvimento nacional, nos mais diversos setores como: o agrícola, o 
estrutural, o energético e de mineração (MINEC, 2016). Em vista disso, as relações exteriores 
moçambicanas têm um teor predominantemente de cooperação com outros povos, governos e 
organismos internacionais (IDEM, 2016). É importante perceber o papel proativo da 
diplomacia em promover a imagem de uma nação democrática e estável, com o fim de gerar 
interesse e confiança para alcançar novas parcerias (IBIDEM, 2016). 
As relações entre Moçambique e Brasil remontam a 1975, quando o Brasil reconheceu 
a independência do Estado moçambicano no mesmo dia de sua proclamação. No entanto, o 
governo Geisel não conseguiu instalar uma representação especial em Lourenço Marques, 
visto que, em dezembro de 1974 e janeiro de 1975, a FRELIMO rejeitou esta proposta devido 
à cumplicidade de governos anteriores com o colonialismo português6. Nos anos seguintes há 
a assinatura dos primeiros acordos firmados entre os dois países o Acordo Básico de 
Cooperação Técnica e Científica (1978) e do Acordo Geral de Cooperação (1981). 
A partir do fim da Guerra Fria em 1991, observa-se a melhora significativa do 
contexto político-econômico para as relações bilaterais, uma vez que o Brasil se 
redemocratizou, além de alcançar também sua estabilidade macroeconômica e Moçambique, 
ao encerrara guerra civil (1977-1992), transitando para uma economia de mercado - que era 
altamente dependente das assistências do Norte -, buscou diversificar suas parcerias no 
exterior, também com os provedores da CSS. 
 
como seu principal destino o Brasil. A produção agroexportadora, baseada em monoculturas (açúcar, cacau e 
café, especialmente) atrelada à cristalização de uma classe burocrata (que se tornou elite no pós-independência), 
além da configuração de uma massa de desempregados e subempregados, em condições sociais preocupantes 
demarcaram as estruturas econômicas, políticas e sociais desses Estados pós-coloniais‖ (RIZZI, p. 11, 2012). 
6
O partido moçambicano nem sequer convidou o governo do Brasil para a ocasião da comemoração da 
independência, em 25 de junho de 1975. Nesse dia, os únicos convidados brasileiros foram dois oponentes ao 
regime militar no exílio: Luís Carlos Prestes (PCB) e Miguel Arraes (PST). 
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 Entretanto, apenas a partir do ano de 2003se torna visível uma efetiva aproximação 
entre os países, notada tanto no aumento das visitas oficiais, quanto nos acordos firmados, 
norteados pelas diretrizes da cooperação técnica para o desenvolvimento e da CSS (entre os 
projetos de cooperação com Moçambique estão os maiores já realizados pelo Brasil). 
 Ao longo de sua presidência, Lula esteve em Moçambique três vezes (2003, 2008 e 
2010)e Dilma realizou apenas uma visita em 2011.Os presidentes moçambicanos Joaquim 
Chissano (1986-2005) e Armando Guebuza (2005-2015),também estiveram no Brasil nos 
anos de 2001, 2002, 2004, 2007 e 2009, sendo que em 2004 durante a visita os dois países 
assinaram o Contrato de Reestruturação de Dívida, sobre o perdão de 95% da dívida pública 
de Moçambique com o Brasil, que havia sido anunciado pelo governo brasileiro no ano de 
2000 (BRASIL, 2004). 
 Sob o amparo do Acordo Geral de 1981, o Estado moçambicano é, na África, o 
possuidor do maior número de projetos de cooperação (AVELHAN, 2013). De acordo com a 
Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ao final de 2011
7
, o programa bilateral de 
cooperação técnica Brasil-Moçambique era formado por 21 projetos em execução e nove em 
processo de negociação, totalizando US$22.157,013.00 em recursos financeiros (ABC, 2016). 
 A esfera agrícola em Moçambique é um dos elementos fundamentais da economia, 
pois mais da metade da população vive na área rural e o setor agrícola é um dos principais 
empregadores (predominantemente de agricultura familiar), além de representar uma parcela 
significativa do PIB (CIA, 2016). Daí a importância da cooperação na área agrícola e de 
segurança alimentar entre Brasil e Moçambique, com destaque para o papel da Embrapa 
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Em 2006, na cidade de Acra (Gana) foi 
criado o Projeto de cooperação Técnica para África (Embrapa África), abarcando quatro 
grandes projetos: Projeto Embrapa Gana, o Projeto Embrapa Mali/C4, o Programa Embrapa 
Senegal e o Programa Embrapa-Moçambique. A visão da EMBRAPA é que a cooperação 
prestada pelo Brasil não se propõe ao assistencialismo, pois só acontece após a avaliação da 
 
7
 Último dado disponibilizado pela Agencia Brasileira de Cooperação. 
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capacidade do parceiro de administrar o produto e as técnicas recebidas, além de ceder aos 
receptores a posse do produto recebido‖ (EMBRAPA, 2009, p. 27)8. 
 O Programa Embrapa-Moçambique está dividido em três projetos: Plataforma, 
ProAlimentos e ProSavana. O primeiro, Plataforma de Investigação Agrária e Inovação 
Tecnológica (Plataforma), ocorreu de 2010a 2014 e visou fortalecer o Sistema de Investigação 
Agropecuária de Moçambique tecnológica e institucionalmente, criando bases para o 
desenvolvimento sustentável do setor agrícola moçambicano, envolve uma cooperação trienal 
entre Brasil, EUA e Moçambique (EMBRAPA, 2011).O segundo, Projeto de Apoio Técnico 
aos Programasde Nutrição e Segurança Alimentar de Moçambique (ProAlimentos) consiste 
em um projeto de segurança alimentar por meio de implantação de novas tecnologias de 
cultivo, para promover a oferta de alimentos e, consequentemente, enriquecer a dieta das 
famílias, assinado em 2012, é o resultado da cooperação técnica entre Brasil, Moçambique e 
EUA, tendo como executor a Embrapa, a Universidade da Flórida, a Universidade Estadual de 
Michigan e o Ministério da Agricultura de Moçambique(EMBRAPA, 2011). Entende-se, que 
da mesma forma que o Plataforma ―o ProAlimentos é um projeto que se aproxima do tipo 
ideal da cooperação internacional para o desenvolvimento, consistentemente com o discurso 
oficial [...]. É relevante o fato de que as produções a serem desenvolvidas destinam-se ao 
consumo local, visto que Moçambique possui índices preocupantes de desnutrição‖ 
(AVELHAN, 2013, p.49). 
 E o terceiro, Programa de Desenvolvimento da Agricultura das Savanas Tropicais no 
Corredor de Nacala em Moçambique (ProSavana) ―[...] é, talvez, a mais ambiciosa iniciativa e 
a de maior nível na história recente da cooperação para o desenvolvimento do Brasil com a 
África
9‖ (CHICHAVA et al., 2013, p. 3, tradução nossa.). Assinado em 2009 e lançado em 
2011, representa a cooperação triangular entre Brasil (Embrapa e ABC) Moçambique e Japão 
(Agência de Cooperação Internacional do Japão), o ProSavana propõe desenvolver a 
agricultura no corredor de Nacala, transferindo a tecnologia e as experiência de manejo 
 
8
 Para Moçambique, existem ainda os sub-projetos: ―Sementes Tradicionais‖, ―Programa Mais Alimentos‖, 
―Programa de Aquisição de Alimentos‖ (com o apoio da FAO e da World Food Programme), ―Mercado África-
Brasil de Inovação Agrícola‖. 
9
ProSavana is perhaps the most ambitious and high profile initiative in the recent history of Brazil‘s international 
cooperation for development in Africa. (Chichava et al., 2013, p. 3) 
SEMINÁRIOS DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS 2016 
I Seminário de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Sul 
III Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais 
IV Seminário Casas de União 
18, 18, 20 e 21 de outubro 
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obtidos pela Embrapa, ao desenvolver o cerrado brasileiro (IDEM, 2013). De modo geral, visa 
tornar a região de savana, na província de Matola, uma área de monocultura voltada à 
exportação de commodities. Contudo, a iniciativa é alvo de críticas, pois a execução do 
projeto acarreta o deslocamento de populações locais. Nesse sentido, verifica-se que grande 
parte da região será tomada por projetos agrícolas que visam a exportação e outra parte 
abarcara uma pequena parcela do campesinato à cadeia empresarial (MELO, 2015). Assim, as 
organizações que representam os agricultores do norte moçambicano temem que o modelo 
proposto resulte no aumento da insegurança alimentar no país, além de recear que ocorram em 
as mesmas situações críticas verificadas no Brasil como conflitos entre a agricultura familiar 
com o modelo de agricultura latifundiário, monocultura extensiva de commodities visando a 
exportação e uso intenso de agrotóxicos. 
 No setor da saúde, também existem projetos de cooperação bilateral significativos, que 
objetivam o fortalecimento das capacidades locais, muitas com o intuito de ampliar as 
instituições governamentais, como a Sociedade Moçambicana de Medicamentos (SMM), uma 
fábrica de medicamentos antirretrovirais usados no tratamento do HIV/Sida, em Matola. A 
fábrica, prometida em 2003, durante uma visita do presidente Lula a Maputo, visava à 
transferência de tecnologias e conhecimento na fabricação, embalagem armazenamento, 
controle de qualidade e distribuição de medicamentos (ABDENUR E RAMPINI, 2015). 
Parceria entre o Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz
10
 (Fiocruz) e a ABC, o 
financiamento de 80% das obras de infraestrutura provem da empresa Vale e o apoio do 
governo brasileiro é orçado em cerca de US$ 23milhões, abarcando também a elaboração do 
plano de negócio e o fornecimento de diretrizes de sustentabilidade da organização 
(FIOCRUZ, 2012). A SMM
11
 foi inaugurada formalmente em 2012, no final da cúpula de 
 
10
A declaração do presidente da Fiocruz Paulo Gadelha consonante com as diretrizes de ação externa do Brasil, 
reforça a questão da cooperação horizontal, que também se difere do mero assistencialismo: ―[...] por meio de 
uma cooperação horizontal, [...] vamos ajudar o país a construir um aparato regulatório na área de saúde 
- que a Anvisa ajudará a configurar. Esse processo significará que teremos uma fábrica não somente 
qualificada para Moçambique, mas também com a perspectiva de ser certificada internacionalmente pela 
Organização Mundial da Saúde e fornecer medicamentos para toda a África subsaariana” (FIOCRUZ, 
2012, s/p, grifo nosso). 
11
A SMM deve beneficiar cerca de 2,7 milhões de pessoas que vivem com HIV/Aids naquele país - estima-se 
que a fábrica produza aproximadamente 371 milhões de unidades farmacêuticas por ano (FIOCRUZ, 2012). 
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Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sendo a primeira instituição pública 
no setor farmacêutico do continente africano (FIOCRUZ, 2012). 
 No ano de 2005, as Forças Armadas Brasileiras passaram a ter representação na 
Embaixada de Maputo, reforçando a crescente importância de Moçambique como parceiro 
militar. Além do treinamento de oficiais e suboficiais moçambicanos em academias militares 
brasileiras, em 2014, o Brasil passou a contribuir para a estrutura naval de Moçambique, 
como também demonstrou interesse em fornecer equipamentos de defesa, com a doação de 
aeronaves de treinamento e o estabelecimento de uma cooperação militar bilateral 
(ABDENUR E RAMPINI, 2015). Há ainda um acordo no domínio da defesa entre os dois 
Estados de 2009, visando a cooperação nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, apoio 
logístico e aquisição de produtos e serviços de defesa, bem como a promoção de ações 
conjuntas de treinamento e instrução militar, exercícios militares combinados, além da 
correspondente troca de informação. 
 Na área da educação, os programas de alfabetização representaram entre 2001 e 2004 
um impulso importante para a cooperação bilateral (com aumento da concessão de bolsas de 
estudo, totalizando 400 no ano de 2007). No ensino superior, a cooperação representava, em 
2010, US$1,85 milhão; entretanto, no governo Rousseff, verificou-se uma concentração na 
modalidade de educação à distância e no ensino técnico agrícola
12
 (MILANI et al, 2016). Há 
ainda, o Programa de Pós-Graduação CNPq/MCT-Mz que visa incentivar a participação de 
estudantes moçambicanos em cursos de pós-graduação no Brasil, por meio da concessão de 
bolsas para desenvolvimento de projetos de pesquisa em áreas relevantes e de interesse do 
Governo de Moçambique (CNPQ). 
 O empresariado brasileiro, no contexto do Estado logístico, é um ator indispensável 
para a estruturação e promoção do Brasil no contexto internacional. Assim, esse se faz 
fortemente presente em Moçambique, com incentivos do governo moçambicano, como 
isenções de impostos e reduções de taxas, corroboraram para o aumento significativo dos 
investimentos brasileiros, dentre os principaisestão a Odebrecht, a Siemens, a Marcopolo, a 
Petrobras e a Vale (ABDENUR E RAMPINI, 2015). 
 
12
 Como exemplo, o ―Curso de algodão – Treinamento e transferência de tecnologia‖ (MILANI et al, 2016). 
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 No que diz respeito ao comércio bilateral entre os dois países, verifica-se que de 2006 
a 2014, esse cresceu 111%, chegando a um total de US$74,1 milhões (MRE, 2011). As 
exportações brasileiras para Moçambique eram em 2003, US$10.792.891, atingindo o maior 
valor do período em 2013, US$123.851.994 e encerrando 2014 com o valor de US$ 
63.861.374. Já as importações brasileiras de Moçambique eram em 2003, US$4.152.467 e 
atingiram em 2012 e 2013 seus maiores valores, aproximadamente US$24 milhões, e em 
2014 declinou para, US$10.207.074 (MDIC, 2015). Percebe-se, de acordo com os dados, que 
o intercâmbio comercial ainda é caracterizado por uma forte assimetria em favor do Brasil, 
conscientes disso as autoridades promovem instrumentos para reforçar o fomento do 
intercâmbio comercial, como por exemplo a Comissão Mista de Cooperação Brasil-
Moçambique que é uma ferramenta importante para proposição e estudo de acordo em 
diversas áreas incluindo a comercial. 
CONCLUSÃO 
 Pode-se afirmar que os programas de política externa brasileira dos governos Lula e 
Rousseff são muito semelhantes em suas diretrizes fundamentais, embora verifiquem-se 
inúmeros pontos de enfraquecimento da ação externa do governo Dilma. Em relação à África, 
nota-se que o Presidente Lula atuou, de modo geral, visando atingir o continente como um 
todo, pela via da diplomacia presidencial. Por outro lado, a Presidente Rousseff atuou de 
forma mais pontual nos países de língua portuguesa, por meio do MRE. Nesse contexto, ao 
analisar a relação entre o Brasil e Moçambique, percebe-se que a cooperação bilateral é 
baseada em projetos de longo prazo, e esforços de ambos os países para que o contato seja 
continuo, mesmo que em certos momentos perca intensidade. 
 Dessa forma, a hipótese inicialmente levantada, questionando se a cooperação 
estabelecida com Moçambique se enquadra nos moldes da cooperação sul-sul proposta pela 
política externa brasileira, além de confirmada, observa-se que as essas relações são um 
modelo de atuação no que se refere a CSS e nas parcerias para o desenvolvimento, 
representando o Estado moçambicano um caso paradigmático no que se refere ao assunto. 
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 Em suma, ainda é valido ressaltar que a estrutura de política externa e a adoção do 
Estado logístico, no período estudado, foram fundamentais para a continuidade dos projetos 
de cooperação, propostos no governo Lula, continuados e ajustados no governo Rousseff 
(atingindo possibilidades de cooperação militar). Uma vez que as diretrizes da política externa 
conseguiram atingir os demais atores da sociedade brasileira, não reduzindo apenas ao Estado, 
a função de articulador na inserção o Brasil no sistema internacional, proporcionando uma 
postura madura no mundo globalizado e garantindo em certa medida a manutenção dessa 
ação, ainda que governos futuros possam adotar um posicionamento distinto. 
 
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OS CONDICIONAMENTOS EXTERNOS AO PROGRAMA NUCLEAR 
BRASILEIRO: DO TRATADO DE TLATELOLCO À ADESÃO AO TNP 
 
 
João Henrique Salles Jung
1
 
RESUMO: Com o intuito de compreender as influências sistêmicas e bilaterais no desenrolar do programa 
nuclear brasileiro, este trabalho contará com duas seções: uma primeira que resgatará a história do 
desenvolvimento atômico no país com ênfase nos períodos entre 1967 e 1998; e uma segunda que analisará 
melhor o papel da Argentina, dos Estados Unidos e da Alemanha Ocidental, sob a ótica da Guerra Fria, nas 
ações do Brasil no que tange o desenvolvimento da tecnologia atômica. 
PALAVRAS-CHAVE: Programa Nuclear Brasileiro; Política Externa Brasileira; Tratado de Tlatelolco; Tratado 
de Não-Proliferação; Guerra Fria. 
 
INTRODUÇÃO 
A ambição de dominar o ciclo nuclear é ao mesmo tempo antiga e atual no Brasil, 
sendo atualmente as principais questões a construção do submarino de propulsão nuclear e a 
usina de Angra III (PEROSA JUNIOR, 2016). Para compreender as atuais discussões no 
Brasil a respeito da tecnologia nuclear é preciso, contudo, fazer uma retrospectiva. 
Desde a década de 60 o Estado brasileiro apresenta um discurso de protagonismo na 
América Latina a respeito da tecnologia nuclear. Com propostas que visavam uma ZLAN 
(Zona Livre de Armas Nuclear) inspiradas no processo de desnuclearização na África e no 
episódio da Crise dos Mísseis em Cuba, o Brasil foi um país-chave na conclusão do Tratado 
de