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Apostila Direito Penal

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Apostila -Direito Penal – 2º Bimestre
 DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO 
 No Código Penal são previstas três espécies de penas: Privativa de Liberdade, Pena Pecuniária(Multa) e Pena Restritiva de Direito. 
 A Pena Restritiva de Direito (Penas Alternativas) surgiu em nosso ordenamento jurídico em 1984 com a reforma da Parte Geral do Código Penal a lei 7204/84(ver a lei correta) introduziu esta espécie de pena, que antes era apenas pena acessória. 
 Em 1998, a lei 9714/98 ampliou a possibilidade da aplicação das penas restritivas de direito porque se concluiu que a pena privativa de liberdade, apesar de ser um mal necessário, é a única resposta penal ainda conhecida para os crimes de maior gravidade, ou seja, não se conhece em nenhum lugar do mundo, outra forma de punição senão através da pena privativa de liberdade.
 Como a pena privativa de liberdade não alcança efetivamente o objetivo desejado, como ressocialização, reeducação, etc., concluiu-se que a pena restritiva de liberdade deve ser reservada para os crimes mais graves e como alternativa penal surgiu a figura da pena restritiva de direito que é aplicada em caso de crimes mais leves em substituição à pena Privativa de Liberdade.
 Em 1990, no 8° Congresso da ONU, em Tóquio, no Japão, houve recomendação que cada País procurasse no seu ordenamento jurídico, diminuir a possibilidade da pena privativa de liberdade. 
 As “Regras de Tóquio”, como ficou conhecido aquele Congresso da ONU, estipularam as ALTERNATIVAS PENAIS que são meios efetivados pelo legislador a fim de que se evite a pena privativa de liberdade, sendo de duas espécies: 
1) - MEDIDAS ALTERNATIVAS – Não se trata de pena, mas de institutos que impedem ou paralisam a persecução penal. São toda e qualquer medida penal ou processual que venha a impedir a imposição da pena privativa de liberdade, tais como: 
Reparação do dano como causa extintiva da punibilidade; 
Exigência de representação do ofendido para determinados crimes (nos crimes que exigem representação o inquérito não é possível e nem a denúncia pode ocorrer, por exemplo); 
Transação penal; 
Suspensão do processo. 
As Medidas Alternativas se dividem em: 
MEDIDAS ALTERNATIVAS CONSENSUAIS – Quando dependem da aquiescência do agente 
Ativo (ex. transação penal, suspensão do processo, etc.); 
MEDIDAS ALTERNATIVAS NÃO CONSENSUAIS – Quando independem do réu, são impostas pelo juiz independentemente da vontade do acusado (ex. suspensão condicional da pena(sursis); perdão judicial, etc.) 
2) - PENAS ALTERNATIVAS – São toda e qualquer opção de sanção oferecida pela legislação penal para evitar a imposição da pena privativa de liberdade. Ao contrário das Medidas Alternativas constituem verdadeiras penas as quais impedem a privação da liberdade. Compreendem a Pena de Multa e as Penas Restritivas de Direitos. Se dividem em: 
a) - PENAS ALTERNATIVAS CONSENSUAIS – São aquelas aplicadas com a concordância do 
acusado ocorrem nas penas restritivas de direito fixadas em certa transação penal nos termos do Art. 76 da lei 9099/95; 
PENAS ALTERNATIVAS NÃO CONSENSUAIS – São aquelas que independem da aquiescência do réu. Podem ser: 
Diretas - quando aplicadas diretamente quando previstas nos efeitos secundários da norma incriminadora sem a necessidade de antes ser fixada pena privativa de liberdade, ou seja, não há a necessidade de antes haver a substituição da pena privativa de liberdade por uma perna restritiva de direito para a pena alternativa ser aplicada; 
Substitutivas – quando há necessidade do juiz inicialmente aplicar a pena privativa de liberdade e em seguida, presentes os requisitos do Art. 44, CP, substituir a pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito, ou seja, primeiro tem que ser aplicada a pena restritiva de liberdade para só depois ser substituída por pena alternativa (ex. No crime de furto simples, a pena prevista no Art. 155 CP é reclusão de 1 a 4 anos. O juiz aplica a pena de 1 anos ao réu e em seguida substituía essa pena por uma pena restritiva de direito, no caso, por uma pena Restritiva Alternativa Não Consensual Substitutiva. 
 DIFERENÇA ENTRE MEDIDA ALTERNATIVA E PENA ALTERNATIVA 
A diferença é a Medida Alternativa não tem caráter de punição, enquanto a Pena Alternativa há caráter se sansão penal. A medida Alternativa objetiva evitar a aplicação de uma pena privativa de liberdade, enquanto na Pena Alternativa, embora tenha a mesma finalidade, contém uma natureza de sanção penal. 
PENAS ALTERNATIVAS NÃO CONSENSUAIS SUBSTITIVAS (PENAS RESTRITIVAS DE 
DIREITO) 
 São penas restritivas de direitos. Penas restritivas de Direito constituem sansão imposta em substituição à pena privativa de liberdade consistente na supressão ou diminuição temporária de um ou mais direitos do condenado. São aquelas que estão previstas no Código Penal (Art. 43 e seguintes do CP) com a redação dada pela lei 9714/98. Portanto, não há no Código Penal nenhum crime cuja pena seja a Restritiva de Direito, sempre vai ser Pena Privativa de Liberdade ou Multa, ou Pena Privativa de Liberdade e Multa ou só a Pena Privativa de Liberdade. É possível a aplicação da Pena Restritiva de Direito por força do Art. 44 do CP, ou seja, ocorre a substituição da Pena Privativa de Liberdade se estiverem presentes os requisitos do Art. 44, mas não é possível se falar que determinado crime tem como Pena a Pena Restritiva de Direito. 
 ESPÉCIES DE PENAS RESTRIVAS DE DIREITOS (PENAS ALTERNATIVAS) 
A crítica do Prof. Damásio é de que a denominação correta para essas penas seria “Penas Alternativas”, sofrendo variações na natureza jurídica de cada uma delas. Estão previstas no Art. 43, do Código Penal, que são: 
Prestação pecuniária – não tem natureza de restrição de direito, mas sim tem natureza patrimonial; 
Perda de bens e valores – não tem a natureza de restrição de direito, mas sim tem também natureza patrimonial; 
Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas – não tem natureza jurídica de privativa de liberdade (que importa prisão), mas sim tem natureza restritiva de liberdade (apenas restringe a à liberdade); 
Interdição temporária de direitos – é considerada pela doutrina verdadeiramente de natureza restritiva de direito (ex. pode um profissional ser impedido de exercer sua profissão por determinado temo; impedimento de frequentar determinados lugares, etc. ); 
Limitação de fim de semana – Não é restritiva de direito, mas sim restritiva de liberdade 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 
1) -GENÉRICAS – São aquelas aplicadas em qualquer crime, satisfeitos os requisitos legais. São as penas de Prestação de Serviço à Comunidade, Limitação de Fim de Semana, Prestação Pecuniária e Perda de Bens e Valores. 
2) -ESPECÍFICAS – São aquelas aplicadas somente em determinados crimes, nos quais também estejam presentes os requisitos legais. São as Interdições Temporárias de Direitos, salvo a permissão de frequentar determinados lugares. São denominadas específicas porque são aplicadas quando a pessoa praticar determinado crime no exercício de determinada atividade, diferentemente da Genérica que podem ser aplicadas a qualquer tipo de crime (ex. a interdição do exercício de profissão só é pode ser aplicada se o crime praticado for inerente à sua profissão). 
CARACTERÍSTICAS DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 
1) -AUTONOMIA – Significa que não podem ser cumuladas com as penas privativas de liberdade, não guardando dependência com a execução desta. Razão pela qual não deve ser confundidas com as antigas penas acessórias existentes antes da reforma de 1984. Dessa forma, a pena restritiva de direito substitui a pena privativa de liberdade, satisfeitos os requisitos legais, sendo executada isoladamente. Significa que uma vez processada a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito, esta última será a única pena a ser aplicada e executada, não guarda nenhuma relação de dependência com outra pena. 
2)-SUBSTITUTIVIDADE– Significa que o juiz, na fase de individualização da pena, fixa inicialmente a pena privativa de liberdade cabível para a espécie para só depois, na mesma sentença, a substitui pela pena alternativa que entende adequada e suficiente, cuja duração será a mesma da pena substituída e receber (...verificar) com facilidade com a sua natureza.(ex. Prestação de serviço à comunidade(ex.: a pessoa praticou um crime de apropriação indébita. Na sentença o juiz vai analisar se...verificar) 
A SUBSTITUIÇÃO É OBRIGATÓRIA? 
Presentes os requisitos legais do Art. 44, CP, o juiz não pode deixar de processar a substituição porque trata-se de Direito Público subjetivo do réu. 
3)- EXECUÇÃO CONDICIONAL°, CP) – As penas restritivas são aplicadas sob condição de o condenado satisfazer a restrições impostas. Assim, frustrando de forma injustificada a execução da pena será operada a conversão, nos termos do Art. 44, § 4°, CP., voltando a vigorar a pena privativa de liberdade substituída. 
AULA 13/1(10/04/06) 
REQUISITOS(PRESSUPOSTOS) PARA SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE 
LIBERDADE POR PENA RESTRITIVA DE DIREITO (ART.44) A doutrina divide esses requisitos de duas formas: 
1)-REQUISITOS OBJETIVOS – São aqueles que não dizem diz respeito às circunstâncias pessoais do agente(condenado); 
a)- QUANTIDADE DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE APLICADA – Para que seja 
verificada se é possível a substituição da Pena Privativa de Liberdade por Pena Restritiva de Direito é preciso que seja verificada a quantidade da Pena Privativa de Liberdade aplicada(Cuidado! Não é pena cominada. Pode ser “pegadinha em prova”) e para tanto, leva-se em consideração o seguinte: 
- Quando tratar-se de Crime Doloso ou Preter doloso é possível a substituição quando a pena for igual ou inferior a 4 anos; 
- Quando tratar-se de Crime Culposo pouco importa a pena aplicado, todo Crime Culposo comporta a substituição; 
Quando tratar-se de Concurso de Crimes – mais de um crime praticado pela mesma pessoa(Concurso Material(soma-se as penas), Formal(acrecenta um percentual à pena) e Crime Continuado(também aumenta um percentual à pena)-Art.69.70 e 71, CP) – Considera-se a pena resultante da aplicação da respectiva forma de Concurso de Crimes. Portanto, para verificar se é possível a substituição no Concurso Material aplica-se o percentual se a pena resultar em mais de 4 anos e for Crime Doloso não pode haver substituição, no Crime Continuada também faz o acréscimo do percentual se o resultado for mais de 4 anos e o Crime dor Doloso não pode haver a substituição aumenta um percentual for Concurso Formal soma-se as penas, se o resultado for mais de 4 anos e for crime Doloso não pode ocorrer substituição. 
b)- NATUREZA DA INFRAÇÃO PENAL – Para que seja verificada a possibilidade de substituição da Pena Privativa de Liberdade por Pena Privativa de Direito é levada em consideração a natureza da infração penal, conforme abaixo; 
Que não seja crime cometido com violência ou grave ameaça dolosa à pessoa. Se o crime for cometido com violência contra coisas, também admite-se a substituição. Portanto, todo crime cometido com violência ou grave ameaça à pessoa não comporta a substituição da pena. O Constituinte levou em consideração o Desvalor da Ação, pouco importando o resultado; 
Crime com violência culposa admite-se a substituição(ex. homicídio culposo, etc.); 
No crime com violência ficta(presumida pela lei-ex. ato sexual com menor de 14 anos, mesmo com consentimento da menor a lei presume que houve estupro) existem duas correntes sobre a possibilidade de substituição da pena: 
a)-Prof. Damásio Fábio A.Monteiro de Barros – Entendem que pode haver a substituição porque o legislador queria constar apenas a violência real. É o entendimento que prevalece na doutrina, inclusive no STJ. 
b)-Prof. Fernando Capas – Entende que não pode haver substituição da pena porque a violência ficta, não obstante ser uma violência imprópria, é uma violência. 
Nos crimes de menor potencial ofensivo(pena igual ou inferior a 2 anos), mas que seja praticado mediante violência ou grave ameaça(como é o exemplo do crime do Art.46, CP-Constrangimento Ilegal), também é possível a substituição porque se é admitida a transação penal nesses tipos de crimes, conclui-se que pode ser aplicada também a substituição da Pena Privativa de Liberdade por Pena Restritivas de direito. 
c)-No crime de roubo(pena mínima é de 4 anos) é possível a substituição da pena porque existem crimes de roubo em que não há violência(ex. o chamado crime “boa noite Cinderela”). 
2)-REQUISITOS SUBJETIVOS – São aqueles que dizem respeito às cincunstâncias pessoais do agente(condenado). Para que seja possível a substituição da pena, são exigidos os seguintes requisitos: 
a)-Não ser o condenado reincidente em crime Doloso – tanto o crime anterior que teve a condenação definitiva como o último têm que ser dolosos(Arts. 63 e 64, CP). A pessoa condenada definitivamente por um crime não é reincidente eterno porque o Art. 74 do CP estabelece o chamado Período Depurador, ou seja, após 5 anos da extinção ou cumprimento da pena por qualquer motivo a pessoa retorna ao estado de primariedade. Porém, não é vedação absoluta, há exceções: se o condenado for reincidente poderá ser operada a substituição, desde que, em face da condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime(Art. 44, § 3°, CP). É importante ser dito que existem duas correntes doutrinárias em relação a essa questão, que são: 
Prof. Damásio, Luiz F. Gomes e C.R. Bitencout - Entendem não ser absoluta a vedação porque o juiz deverá observar o crime praticado anteriormente para verificar se a substituição por pena restritiva de direito é socialmente recomendável para o réu. É a corrente predominante. 
Prof. Fernando Papez e Prof. Mirabete – Entendem que a vedação com relação ao reincidente em crime doloso é absoluta isto porque quando o legislador no Art. 44, § 3° faz referência à reincidência diz respeito aos outros reincidentes que não o reincidente em crime doloso. Portanto, quando a condenação anterior for crime culposo, determinando a reincidência, poderá o juiz operar a substituição, desde que socialmente recomendável. 
b)- Em caso de reincidência pelo mesmo crime - A vedação é absoluta, ou seja, não pode haver a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos em caso de reincidência no mesmo crime. Por exemplo: se a pessoa foi condenada definitivamente por um crime de furto e posteriormente ela cometeu outro crime de furto, não haverá substituição da pena porque a reincidência se deu no mesmo tipo de crime(furto). Mesmo crime é aquele com as mesmas elementares no mesmo tipo penal (ex. crime de homicídio e crime de homicídio qualificado são um mesmo crime) 
c)- Prognose de Suficiência da Substituição(Art. 44, III, CP) – É outro requisito subjetivo. Significa que a Pena Privativa de Liberdade é Substituída pode ser substituída por Pena Restritiva de Direito quando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. A opinião da doutrina sobre a questão é a seguinte: 
Trata-se, segundo Mirabete, da denominada “medida da conveniência” da substituição. Os critérios para avaliação da suficiência são representados pela culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime que indicarem ser a substituição suficiente como resposta penal. César Roberto Bitencourt adverte que esse entendimento deve ser analisado com prudência pelo magistrado e havendo dúvidas quanto a suficiência deve optar pela não substituição para assim preservar o dever constitucional de garantir a ordem pública e a proteção dos bens jurídicos tutelados pela norma penal. 
AS PENAS ALTERNATIVAS SÃO COMPATÍVEIS COM OS DELITOS PREVISTOS NA LEI 
8072/90(CRIMES HEDIONDOS OU EQUIPARADOS)PODE SER SUBSTITUIDA A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE NO CRIME DE TRÁFICO (EQUIPOADADO A HEDIONDO) PELA PENA RESTRITIVA DE DIREITO? 
São duas correntes doutrinárias a respeito da questão: 
NÃO ADMITEM A SUBSTITUIÇÃO: Prof. Damásio, Luiz F. Gomes, Francisco Assis Toledo, C. R. Bitencourt – Primeiro em razão do princípio da Especialidade, ou seja, a lei 8072/90, por ser especial ao Código Penal, e não prever esta possibilidade, não possibilitaria a substituição. O segundo motivo, em razão da pena do crime hediondo, tem que ser cumprida integralmente no regime fechado, sendo, pois, incompatível com a substituição. Por fim, em razão da reforma penal representada pela pena restritiva não sendo suficiente como forma de repressão desta espécie delitiva. Embora muito discutida, é a corrente que vem se firmando. 
ADMITEM A SUBSTITUIÇÃO: Prof. Fernando Capez, Mirabete, Victor Rio Gonçalves – 
Defendem que, quanto ao Princípio da Especialidade, este não é aplicável na espécie, mas sim o Art. 12 do Código Penal que preceitua que não dispondo a lei especial de modo diverso deve se aplicar a regra geral do Código Penal. Quanto ao regime prisional integralmente fechado, este também não é obstáculo, pois, em momento algum, o legislador estabeleceu o regime prisional como requisito para aferição da substituição. Por fim, não se deve considerar a gravidade genérica e abstrata do crime para concluir pela impossibilidade da pena restritiva, devendo ser considerado o fato concreto com observância das circunstâncias previstas no Inciso III do Art. 44 do Código Penal. 
AULA 14/1(12/04/06) 
REGRAS RELATIVAS Á SUBSTITUIÇÃO DE PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE POR 
PENA RESTRIVIVA DE DIREITO 
a)-PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE IGUAL OU INFERIOR A 1 ANO, TANTO NOS CRIMES DOLOSOS COMO NOS CRIMES CULPOSOS – Permite-se a substituição por uma Pena 
Restritiva de Direito ou uma Pena de Multa, desde que estejam presentes os requisitos para a substituição, a critério do juiz. Na hipótese de crime cuja Pena seja Cumulativa(ex. Reclusão+Multa), sendo operada a substituição a Pena de Multa permanece. Por exemplo, se o juiz fizer a substituição da 
Pena Privativa de Liberdade por uma Pena de Multa, o condenado terá que pagar duas Multas; 
b)-PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE SUPERIOR A 1 ANO – A substituição só pode ocorrer por uma Pena de Multa cumulada com uma Pena Restritiva de Direito(Prestação Pecuniária, Perda de Bens e Valores, Prestação de Serviços à Comunidade, Interdição Temporária de Direitos, Limitação de Fim de Semana ) ou por duas Penas Restritivas de Direitos cumuladas, desde que as duas possam ser cumpridas simultaneamente(ex. prestação de serviços à comunidade + pena de prestação pecuniária). 
c)-PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE IGUAL OU INFERIOR A 6 MESES – A substituição da 
Pena Privativa de Liberdade por Pena Restritiva de Direito de Prestação de Serviço à Comunidade só pode ser aplicada se a Pena Privativa de Liberdade for superior a 6 meses de Reclusão ou Detenção(Art. 46, CP). É um Requisito Objetivo Específico da Pena de Prestação de Serviço à Comunidade. 
CONVERSÃO DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS 
É o retorno à Pena privativa de Liberdade não havendo o cumprimento da Pena Restritiva de Direitos. É aplicada com objetivo de forçar o condenado a cumprir a Pena Restritiva de Direitos. 
FORMAS DE CONVERSÃO 
1)-CONVERSÃO OBRIGATÓRIA – O juiz é obrigado a fazer a conversão. Ocorre nas seguintes hipóteses: 
a)- Descumprimento injustificado da restrição imposta – se o juiz substituiu a Pena Privativa de Liberdade por uma Pena de Interdição Temporária de Direitos, por exemplo, e o condenado for surpreendido descumprindo a interdição, sem qualquer justificativa plausível, o juiz obrigatoriamente faz a conversão daquela Pena Restritiva de Direitos para Pena Privativa de Liberdade; 
b)- Nova condenação irrecorrível a Pena Privativa de Liberdade em que esta não tenha sido suspensa ou seja impossível ao condenado cumprir a Pena Restritiva anterior em face da nova sanção aplicada – Por exemplo, condenado a prestação de serviço à comunidade é novamente condenado a Pena de 2 anos e 6 meses de reclusão no Regime Fechado. Nesse caso, a Conversão é obrigatória porque são incompatíveis as duas sentenças; 
2)-CONVERSÃO FACULTATIVA – Fica a critério do juiz converter a Pena, nas seguintes hipóteses: 
a)- É de Conversão Facultativa quando o Sentenciado sofrer nova condenação(definitiva) a Pena Privativa de Liberdade Suspensa (aquela onde houve o Sursis) ou se o sentenciado sofrer nova Pena de Multa ou nova Pena Restritiva de Direito que comporta execução simultânea(ex.prestação pecuniária + prestação de serviços); 
DATA DO CRIME – A data do crime que determinou a nova condenação, para fins de Conversão não tem nenhuma importância, não tem qualquer relevância se a nova condenação tenha sido determinada pela prática de crime durante o cumprimento da Pena Restritiva de Direito ou por crime antes do início do cumprimento dessa Pena. 
DETRAÇÃO(ABATIMENTO) DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE(ART.44, § 4°, CP) Trata-se da Detração Penal com relação a Pena Restritiva de Direito já Cumprida antes da Conversão. 
Quando ocorria a Conversão(retorno à prisão) o sentenciado cumpria a Pena Privativa de Liberdade substituída(aquela que retornou) por inteiro. Exemplo: a pessoa tinha sido condenada a 1 ano de Prestação de Serviço à Comunidade e havia cumprido 9 meses dessa Pena quando deu causa à sua 
Conversão. Nesse caso, operada a Conversão, ele teria que cumprir 1 ano de Pena Privativa de 
Liberdade. Essa sistemática hoje não mais existe em razão da reforma ocorrida com a lei 9714/98. Hoje, vai ser contado na Pena Privativa de Liberdade Convertida o tempo cumprido como Pena Restritiva de Direito. Exemplo: se a pessoa foi condenada a cumprir 1 ano de Serviços à Comunidade e der causa à Conversão após o cumprimento de 9 meses, operada a Conversão a pessoa terá que cumprir apenas 3 meses da Pena Privativa de Liberdade Convertida. Porém, o Art. 44, 4°, CP, fixa um Saldo Mínimo de 30 dias de Reclusão ou Detenção(dependendo da Pena Privativa de Liberdade substituída) que será necessariamente cumprido após a Conversão. 
EXEMPLO DE COMO FUNCIONA O SALDO MÍNIMO 
Suponhamos que o sentenciado sofreu Pena Restritiva de Direito de 9 meses de prestação de serviços à comunidade. Foram efetivamente cumpridos 8 meses e 15 dias da Pena de Prestação de Serviços quando o condenado deu causa à Conversão. Operada a Conversão, o o Art. 44, 4° do CP diz que o condenado terá que cumprir no mínimo 30 dias de Reclusão ou Detenção. Portanto, mesmo faltando período inferior a 30 dias(no exemplo faltava apenas 15 dias), terá que ser cumprido 30 dias. 
OBS. Esse procedimento do Art. 44, 4° do CP é criticado pelo Prof. Damásio, que considera ser procedimento injusto porque que faz com que a pena(ou pelo menos parte dela) seja cumprida 2 vezes e o condenado não praticou nenhum crime para cumprir pena a mais do que a que já havia cumprido. 
ESPÉCIES DE PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS(OU PENAS ALTERNATIVAS) 
1)-PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA(ART. 45, § 1°, CP) – Consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidades públicas ou privadas com destinação social de valor fixado pelo juiz não inferior a 1 salário mínimo e nem superior a 360 salários mínimos 
CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DO VALOR DA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA 
O juiz deve aferido o prejuízo suportado pela vítima do crime, mas de forma sumária, ou seja, analisando apenas os elementos que estão no processo penal, sem prejuízo de eventual Ação Civil da vítima visando a reparação de danos. 
CARÁTER INDENIZATÓRIO DA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA – Tem a função de fazer com 
que o condenado pague à vítima um valor próximo ao prejuízo por ela suportado, podendo ser tanto de Dano Material como de Dano Moral. 
DESTINAÇÃO DA INDENIZAÇÃO – O Art. 45, 1º, CP, diz que a Prestação Pecuniária é destinada à vítima ou a entidades públicas ou privadas com fins sociais, enquanto a doutrina entende que deve ser exclusivamente destinadaà vítima em razão do seu caráter indenizatório, podendo a destinação ser dirigida a entidades públicas ou privadas com fins sociais apenas nos casos de crimes vagos(o sujeito passivo é a coletividade). 
DEDUÇÃO DA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA DO VALOR DA INDENIZAÇÃO CIVIL 
Também, para que não ocorra enriquecimento sem causa, o Art. 45, 1° do CP dispõe que a Prestação Pecuniária pode ser deduzida do valor da Indenização Civil eventualmente exigida no juízo cível(Ex:O condenado cumpre a Pena de Prestação Pecuniária de R$ 1.000,00, mas a vítima promoveu ação cível exigindo indenização por danos materiais no valor de R$ 5.000,00 na qual houve condenação. Nesse caso, os R$ 1.000,00 que o condenado já havia pago como Prestação Pecuniária vão poder ser deduzidos da condenação de R$ 5.000,00). 
DISTINÇÃO DA PENA PRECUNIÁRIA DA PENA DE MULTA(SÃO IGUAIS OU EQUIVALENTES?) São penas distintas, pelas seguintes razões: 
a)- Na Prestação Pecuniária o dinheiro é revertido para entidades públicas ou privadas com fins sociais, enquanto a Pena de Multa é destinada ao FUPEN – Fundo Penitenciário Nacional; 
b)- A Prestação Pecuniária é abatida do valor correspondente à indenização cível, enquanto o valor pago a título de Multa não. 
c)- A Prestação Pecuniária é fixada em, no mínimo, um salário mínimo e no máximo 360 salários mínimos, enquanto a Pena de Multa é fixada em dias-multas(no mínimo 10 dias multas e no máximo 360 dias-multas), sendo que cada dia-multa poderá ter o valor de 1/30 do salário mínimo até 5 salários mínimos. 
PRESTAÇÃO INOMINADA 
Significa que se houver aceitação do beneficiário, a Prestação Pecuniária pode consistir em prestação de outra natureza(Art. 45, § 2°, CP). O Prof. Damásio foi quem deu a nomenclatura “INOMINADA” à Pena Pecuniária porque ela não tem uma prestação que seria de outra natureza(não é específica). Essa prestação inominada tem as seguintes características: 
-Natureza Consensual – A prestação inominada exige a aceitação do beneficiário, assim, quem receberia a Prestação Inominada seria a vítima ou entidades com fins sociais. Mas quando se fala em prestação de qualquer outra natureza, que prestações seriam estas? Não poderia ser Prestação Pecuniária ou Perdas de Bens e Valores porque essas já são previstas na lei. A doutrina entende que estas 
prestações de qualquer natureza são uma Obrigação de Dar a Coisa Certa(ex. dar cestas básicas) ou uma 
Obrigação de Fazer(ex. fazer um muro). Portanto, poderia o juiz substituir a Pena Privativa de Liberdade por uma Obrigação Inominada(uma Obrigação de Dar ou Fazer). Há uma corrente doutrinária que defende a inconstitucionalidade dessa Prestação Inominada que estaria frontalmente desrespeitando o Princípio da Legalidade que está configurado no Art. 1° do Código Penal que dispõe que não há crime sem lei anterior que o defina. Portanto, “qualquer natureza” é muito vago, deixando margem a insegurança jurídica. 
2)-PERDA DE BENS E VALORES(ART.45, § 3°, CP E ART. 5°, XVL, “b”, CF) – Significa que o juiz determina a perda de um bem ou de dinheiro que o condenado possua, em favor do FUNPEN – Fundo Penitenciário Nacional. Portanto, não há caráter indenizatório porque não é destinada à vítima. Essa pena é uma exceção ao Princípio Constitucional da Personalidade da Pena(a pena não passa do autor do crime, salvo a pena de perdas de bens e valores). 
LIMITE DA PENA DE PERDA DE BENS E VALORES 
O valor é o valor do prejuízo suportado pela vítima ou o provento obtido pelo crime, ou que for maior(ex.: a pessoa furtou uma joalheria. Todas as jóias foram derretidas e transformadas em barras de ouro que foram vendidas por R$ 100.000,00. Com os R$ 100.000,00 a pessoa comprou um apartamento que hoje vale R$ 200.000,00. A pessoa foi condenada, então, o valor da Pena de Perda de Bens e Valores a ser fixada será de R$ 200.000,00). 
DIFERENÇA DA PENA DE PERDA DE BENS E CONFISCO(EFEITOS SECUNDÁRIOS DA CONDENAÇÃO) 
O Confisco previsto no Art. 91, II, “b”, CP significa a perda em favor da União, ressalvados direitos, da vítima ou de terceiro de boa-fé, do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua provento obtido pelo agente com a prática do crime, enquanto a Perda de bens e valores, diferentemente, incide sobre o patrimônio lícito do condenado, sendo destinado ao FUPEN – Fundo Penitenciário Nacional. 
3)-PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE(ART. 46, CP) – É um trabalho gratuito que o 
sentenciado deve prestar na entidade social ou filantrópica indicada pelo juiz da execução penal(não é o da condenação), que, se possível, será a atividade a ser desenvolvida compatível com a aptidão do condenado(ex. se o preso é marcineiro, deverá realizar serviços de marcinaria, se for médico deverá prestar serviços de medicina). 
ENTIDADES EM QUE PODERÃO SER PRESTADOS OS SERVIÇOS(art.46, § 2°, CP) 
Entidades assistenciais 
Hospitais; 
Escolas 
Orfanatos 
Outros estabelecimentos congêneres, em programas comunitários ou estatais. 
PROPORÇÃO DA PENA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM RELAÇÃO À PENA 
PRIVATIVA DE LIBERDADE 
Para cada dia de privação de liberdade, corresponde a uma hora de prestação de serviços. Porém, em regra(sendo a pena superior a 1 ano, pode a pena de prestação de serviços ser cumprida em metade do tempo da pena privativa de liberdade), a pena tem que ser cumprida dentro do período da pena privativa de liberdade aplicada, nem menos e nem mais. Por exemplo: se a pessoa foi condenada a 8 meses de detenção e o juiz substituir essa pena de 8 meses por pena de prestação de serviços, o condenado terá que cumprir 240 horas de serviços e dentro do período de 8 meses; se a condenação for de 1 ano, terá que cumprir 365 horas de serviços, etc. 
É POSSÍVEL CUMPRIR MAIS RAPIDAMENTE A PENA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE? 
Sim, desde que a pena substituída seja superior a 1 ano. 
QUEM FISCALIZA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE 
A entidade incumbida de fiscalizar são os Patronatos, tanto públicos quanto privados(ex. em Araraquara tem a Central de Penas Alternativas). 
4)-INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS(ART.47,CP) – É uma pena específica porque só pode ser aplicada em razão da prática de determinados crimes praticados em hipóteses previamente previstas no CP(Art. 56 e 57, CP) 
Art., 56 é aplicada para todo o crime cometido no exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou função, sempre que houver violação dos deveres inerentes. 
Art. 57 é aplicada aos crimes culposos de trânsito 
MODALIDADES DE INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS(ART.47, INCISOS, CP) 
Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública(crimes próprios como impróprios), bem como de mandato eletivo; 
Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; 
Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículos. É uma pena substitutiva, é diferente da pena aplicada pelo Código de Trânsito. 
Proibição de freqüentar determinados lugares. É genérica porque pode ser aplicada a qualquer crime. A doutrina prega que essa modalidade deve ser reservada somente aos casos em que o local do crime tiver exercido influência na prática do delito. Exemplo, o crime foi praticado no estádio de futebol em razão de briga de torcidas; o crime foi praticado em um bar em razão de ingestão excessiva de bebida alcoólica, etc. 
OBS. 1.: A interdição temporária é diferente da pena de perda de cargo. Cumprida a suspensão temporária o funcionário público ou aquele que tem mandato eletivo retorna ao cargo. Aplicada a pena privativa de liberdade igual ou superior a 1 ano o juiz pode na sentença decretar a perda da função pública, além da pena privativa de liberdade. Se em razão de eventual processo administrativo o funcionário público for demitido, após cumprida a interdição temporária ele não poderá retornar ao cargo. 
PROFISSÃO – É o trabalho remunerado predominantemente intelectual(ex. médico, advogado, etc.) 
OFÍCIO – É o trabalho remunerado predominantemente manual ou mecânico(ex.eletricista, mecânico, etc.) 
ATIVIDADE – É qualquer outro trabalho, remunerado ou não. 
OBS. 2: Se hoje todos os crimes culposos de trânsito estão previstos no Código de Trânsito, estariam revogados os Ar. 47, III e Art. 57 do CP? Como aplicar a interdição temporária de suspensão da habilitação? Há duas correntes doutrinárias: 
Flávio Augusto Monteiro de Barros e Fernando Capez – Entendem que houve a revogação, porque os crimes culposos de trânsito estão previsto no Código de Trânsito e lá já há a previsão de suspensão de forma cumulativa; 
Mirabete e a maioria da jurisprudência – Entendem que não houve a revogação, porque essa suspensão ainda é possível em determinadas hipóteses, ou seja, é possível a aplicação do Código Penal quando se tratar de crime de trânsito culposo cometido na condução de veículo de tração animal(carroça) ou humana(bicicleta) porque o Código de Trânsito se aplica somente nos crimes cometidos na condução de veículos automotores. Portanto, se alguém comete um crime conduzindo uma bicicleta, por exemplo, responderá nos termos do Código Penal, podendo aí sofrer uma pena de interedição temporária de suspensão da habilitação ou dirigir veículo. 
AULA 15/01 (17/04/06)-ESTÁ INCLUÍDA NA AULA 1/2 
5)-LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA(ARTS. 43, VI E ART. 48, CP) - Consiste na obrigação de permanecer aos sábados e domingos por 5 horas diárias em casa de albergado ou outro estabelecimento adequado. Durante a permanência poderão ser ministrados aos condenados cursos e palestras e atribuídas atividades comunicativas. É uma pena classificada como Restritiva de Direito, diferentemente de outros países. Não sendo cumprida pelo condenado, ocorre a Detração. Quem indica o horário, bem como o local é o juízo da execução penal(Art. 151, LEP), sendo a fiscalização realizada pelo Patronato. 
EXECUÇÃO DA PENA 
Como na maioria das Comarcas não existe casa de albergado ou estabelecimento adequado, a execução da Pena de Limitação de Fim de Semana torna-se difícil, com a jurisprudência restringindo o cumprimento dessa pena em casa, o que inviabiliza o cumprimento da Pena de Limitação de Fim de Semana por ineficiência do Estado que não fornece os meio necessários para o cumprimento da citada pena. 
DIREITO PENAL II - 2° BIMESTRE - 3° ANO 
 
 
 
AULA 1/2(17/04/06) 
PENA DE MULTA(ART. 49, CP) 
Consiste no pagamento ao Fundo Penitenciário Nacional da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multas. Será no mínimo de 10, e no máximo de 360 dias-multa. 
HISTÓRIA 
Surgiu nos primórdios da civilização. As primeiras formas de punição foram as penas corporais(Vingança Privada, Vingança Pública), passando depois a punição a ter conotação religiosa, sendo aplicada pela Igreja. Com a evolução surgiu a figura chamada Composição, que nada mais é que a compra do prejuízo, a reparação do dano causado para o outro a fim de evitar a pena corporal, foi daí que surgiu a pena pecuniária, a pena de multa. 
MULTA Segundo Carrara, a Pena de Multa é a diminuição do patrimônio daquele que praticou um crime. 
CONFISCO 
Largamente utilizado na idade média, consistia na perda do patrimônio daquele que praticava qualquer conduta contra o Estado absolutista. Foi banido, porque era utilizado como forma de perseguição política, etc. Hoje existe a Pena de Perda de Bens que, na realidade, não deixa de ser um confisco. 
DESTINAÇÃO DA PENA DE MULTA(LEI COMPLEMENTAR. 79/94) 
O valor pago a título de Pena de Multa é destinada ao Fundo Penitenciário Nacional. Embora haja divergências doutrinárias em relação à matéria, alguns autores defendendo que a destinação deve ser para o Fundo Penitenciário Estadual, o entendimento que hoje prevalece é o de que a destinação correta é para o Fundo Penitenciária Nacional - FUNPEN porque essa destinação está prevista na lei complementar 79/94 que é uma lei Federal e, por isso, de hierarquia superior. 
APLICAÇÃO(DESTINAÇÃO) DOS RECURSOS DA PENA DE MULTA PELO FUPEN 
A doutrina entende que os recursos provenientes de Multas devem ser destinados à prevenção geral e especial do crime, como, por exemplo, para a construção de penitenciárias federais, instrumentalização da Polícia Federal, convênios com as Polícias Estaduais para capacitação de seus agentes, fornecimento de equipamentos e instrumentos científicos necessários ao combate do crime, etc. Isso posto, o Prof. Basileu Garcia sustenta que, para evitar um enriquecimento espúrio do Estado, não pode haver o desvio dos recursos do Fundo Penitenciário Nacional para outras atividades senão àquelas que tenham como objetivo a prevenção do crime. 
CLASSIFICAÇÃO DA PENA DE MULTA 
a)- PENA DE MULTA PRINCIPAL - Quando prevista isoladamente na norma penal incriminadora. No Código Penal não há nenhum crime cuja pena única seja a pena de multa, essa possibilidade só existe em caso de contravenção penal. 
b)-PENA DE MULTA ALTERNATIVA - É quando o preceito secundário da norma estabelece a aplicação da Pena Privativa de Liberdade ou Multa. 
c)- PENA DE MULTA CUMULATIVA - É aquela em que a Pena de Multa pode ser aplicada cumulativamente com outra pena(ex. o juiz pode aplicar a Pena Privativa de Liberdade e a Pena de 
Multa) 
d)- PENA DE MULTA SUBSTITUTIVA(OU VICARIANTE)- Quando a Pena de Multa substitui a 
Pena Privativa de Liberdade. Tem as mesmas características da Pena Restritiva de Direitos. 
FIXAÇÃO DOS DIAS-MULTA 
Hoje, salvo algumas previsões em leis extravagantes que ainda fixam o valor da multa(o que inviabiliza a aplicação), nosso Código Penal, com uma única exceção(Art.244, CP, que fixa multa em salários mínimos para crime de abandono material) adota a sistemática de dias-multa(Sistema Escandinavo), devendo todos os passos serem fundamentados pelo juiz. O cálculo é feito da seguinte forma: 
1)-PRIMEIRO É FIXADO A QUANTIDADE DE DIAS-MULTA - É estabelecido um Mínimo de 
10 dias-multa e máximo 360 dias-multa. 
2)-E DEPOIS É FIXADO O VALOR DE CADA DIA-MULTA - Cada dia-multa terá o valor mínimo de 1/30 do salário mínimo e o máximo de 5 salários mínimos. 
CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO DOS DIAS-MULTA 
Deve ser observado o previsto no Art. 68 do Código Penal, que estabelece o critério Trifásico(o mesmo utilizado para aplicar a pena restritiva de liberdade) na aplicação da Pena de Multa, da seguinte forma: 
1)- PRIMEIRO É FIXADA A PENA BASE - Para fixar a Pena base são consideradas as circunstâncias judiciais do Art. 59 do CP, ou seja, devem ser observadas a culpabilidade, os antecedentes(se é primário, reincidente), a conduta social, a personalidade do agente, as circunstâncias e conseqüências do crime e o comportamento da vítima; 
EXEMPLO 
Digamos que José tenha praticado tentativa de furto simples(Art. 155, caput, CP). A pena mínima é 1 ano e a máxima de 4 anos de Reclusão, e Multa. Para ser aplicada a pena base entre 1 e 4 anos serão observadas as circunstâncias judiciais. Suponhamos que todas as circunstâncias judiciais analisadas sejam favoráveis ao réu, portanto será aplicada pena base de 1 ano de reclusão. 
2)- DEPOIS SÃO CONSIDERADAS AS AGRAVANTES E ATENUANTES - É verificada se existe alguma agravante ou atenuante em relação ao crime praticado. 
EXEMPLO 
Digamos que José praticou o crime contra uma pessoa de 70 anos(agravante), nesse caso a pena será aumentada em 1/5(2 meses), passando a ser de 1 ano e dois meses. Mas há uma atenuante porque José é menor de 21 anos, nesse caso a pena será reduzida em 1/5(2 meses), voltando a pena a ser de 1 ano. 
3)- E DEPOIS SÃO CONSIDERADAS AS CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO DA 
PENA - É verificada se existe causa de aumento ou diminuição da pena. As causas de amento e diminuição de pena possibilitam que a pena seja reduzida a quem do mínimo ou aumentada além do máximo. 
EXEMPLO 
Como o crime praticado por José foi tentado(causa de diminuição), a pena será reduzida em 1/3 a 2/3. Então, no exemplo o juiz diminui a pena de José em 1/3 porque no exemplo a consumação quase ocorreu(é levado em consideração o "iter criminis"(fases do crime), ou seja, quando mais próximoda consumação menor será a redução e quanto distante da consumação maior será a redução). Nesse caso, a pena será reduzida em 1/3(4 meses), passando a ser de 8 meses. Portanto, 8 meses será a pena a ser aplicada para o crime de José. 
OBS. Os exemplos foram feitos com base na Pena Privativa de Liberdade, porém, o mesmo critério é utilizado na fixação dos dias-multa. 
EXEMPLO DA FIXAÇÃO DA PENA DE MULTA O mínimo é de 10 dias-multa e o máximo é de 360 dias-multa. 
1)-FIXA-SE A PENA BASE 
2)-CONSIDERA-SE AS ATENUNANTES E AGRAVANTES 
3)-CONSIDERA-SE AS CAUSAS DE AUMENTO OU DIMINUIÇÃO DA PENA 
EXEMPLO 
1° PASSO - FIXA-SE A PENA BASE 
Digamos que José tenha praticado tentativa de furto simples(Art. 155, caput, CP). A pena mínima é 10 dias-multa e a máxima é de 360 dias-multa. Para ser aplicada a pena base de Multa serão observadas as circunstâncias judiciais. Suponhamos que todas as circunstâncias judiciais analisadas sejam favoráveis ao réu, portanto será aplicada pena base de 10 dias-multa. 
2° PASSO - ANALISA-SE AS AGRAVANTES E ATENUANTES 
Digamos que José praticou o crime contra uma pessoa de 70 anos(agravante), nesse caso a pena será aumentada em 1/5(2 dias-multa), passando a ser de 12 dias-multa. Não tem atenuante, porque José tem mais de 21 anos, portanto a pena será de 12 dias-multa. 
3° PASSO - ANALISA-SE AS CAUSAS DE DIMINUIÇÃO E AUMENTO DA PENA 
Como o crime praticado por José foi tentado(causa de diminuição), a pena será reduzida em 1/3 a 2/3. Então, no exemplo o juiz diminui a pena de José em 1/3 porque no exemplo a consumação quase ocorreu(é levado em consideração o "iter criminis", ou seja, quando mais próximo da consumação menor será a redução e quanto distante da consumação maior será a redução), portanto, a pena será reduzida em 1/3(4 dias-multa), passando a pena de 12 dias-multa a ser de 8 dias-multa. Portanto, 8 diasmulta será a pena a ser aplicada para o crime de José. 
EXEMPLO DE CÁLCULO 
DIMINUIR 1/5 NA PENA DE 1 ANO 
FÓRMULA: INTEIRO DA FRAÇÃO X PENA/FRAÇÃO 
1 x 1 = 1 1/5= 0,2(resultado) 
RESULTADO: SERÁ DIMINUIDO 2 MESES NA PENA DE 1 ANO 
CRITÉRIO PARA FIXAÇÃO DO VALOR DA MULTA - É considerado apenas a situação 
econômica do réu para a aplicação do valor da Multa. Por exemplo, se o réu for rico o juiz fixa o valor do dia-multa em 5 salários mínimos, e se o réu for pobre o juiz fixa o dia-multa em 1/30 do salário mínimo. Por isso é que no indiciamento do réu é verificada a sua capacidade e condição econômica/financeira. O Art. 60, § 1° do CP autoriza a ser triplicado o valor da pena de multa se o valor fixado no máximo na for suficiente para reprimir o crime. 
PRAZO PARA PAGAMENTO DA MULTA(ART.50,CP) 
10 dias após transitado em julgado a sentença condenatória, podendo haver recurso e podendo o juiz, a seu critério, parcelar o pagamento. Também, pode ser descontado no salário do réu, desde que não ultrapasse a 1/4 dos vencimento e não inferior a 1/10, assim como não pode causar nenhum prejuízo à subsistência à família. AULA 2/2 (19/04/06) 
PENA DE MULTA(CONTINUAÇÃO) 
CORREÇÃO MONETÁRIA DA PENA MULTA 
Havia divergências na doutrina. Uma corrente minoritária entendia que não havia necessidade da correção monetária da pena de multa porque ela não tinha natureza de dívida, enquanto a maioria da doutrina entendia haver, sim, a necessidade da pena de multa ser corrigida monetariamente. Com a reforma trazida com a lei 9268/96, que alterou o Art. 51 do CP, o legislador fez constar expressamente que a pena de multa constitui dívida de valor, portanto, evidentemente que esse valor deve ser preservado e por isso hoje está pacificado o entendimento no sentido de que há a necessidade da correção monetária da pena de multa. 
A PARTIR DE QUANDO DEVE SER CORRIGIDA MONETARIAMENTE A PENA DE MULTA? 
Hoje a posição predominante na jurisprudência e na doutrina, até em razão da interpretação da Súmula 43 do STJ, se entendendo o crime que gerou a pena de multa como um ato ilícito, a correção monetária deve ocorrer a partir da data do fato, ou seja, a partir da data do cometimento do crime. 
PARCELAMENTO DA PENA DE MULTA 
É possível o parcelamento, porém, a lei não estabelece número mínimo e nem número máximo de parcelas. Por isso, através de interpretação do Art.169, § 1° da LEP(lei 7210/84), se sustenta que fica a critério do juiz (tanto da execução penal como da condenação-antes do trânsito em julgado) a fixação do número de parcelas, mas sempre levando em consideração a situação econômica/financeira do sentenciado. 
FORMAS DE DESCONTO DA PENA DE MULTA NO SALÁRIO DO 
SENTENCIADO(ART.168, LEI 7210/84-LEP) 
 
O valor do desconto não pode ser superior a 1/4 do valor do salário ou vencimentos; 
O valor do desconto não pode ser inferior a 1/10 do valor do salário ou vencimento; 
Não pode haver o desconto do salário ou vencimentos sobre valores indispensáveis para a subsistência do condenado e sua família. 
CONVERSÃO DA PENA DE MULTA EM PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
Não é admitida a conversão da Pena de Multa em Pena Privativa de Liberdade, conforme dispõe a lei 9268/96, que deu nova redação ao Art. 51, § 1° do CP. 
ALTERAÇÕES IMPORTANTES TRAZIDAS PELA LEI 9268/96 EM RELAÇÃO À PENA DE MULTA 
Trouxe o rito procedimental para a execução forçada da pena de multa, ou seja, o agente é intimado a pagar a Pena de Multa em 10 dias após a sentença condenatória e não o fazendo e nem pedindo o parcelamento irá sofrer uma execução forçada. Assim, foi excluída a possibilidade de conversão da pena de multa em privativa de liberdade e se adotou procedimentos mais céleres para a cobrança, Inclusive, o Art. 51 do CP dispõe que seja adotado na execução da pena de multa o rito procedimental da lei 6830/80-Lei de Execução Fiscal; 
Alterou as causas e interruptivas e suspensivas da prescrição. Assim, hoje, as causas que interrompem ou suspendem a prescrição na execução da pena de multa não aquelas previstas no Código Penal e sim no Código Tributário Nacional(5172/66) ou na Lei de Execução Fiscal(6830/80), isso porque se considera a pena de multa dívida de valor da Fazenda pública, a exemplo dos tributos. 
LEGITIMIDADE PARA A EXECUÇÃO(COBRANÇA) DA PELA DE MULTA. QUEM PODE EXECUTAR A PENA DE MULTA? 
O Art. 51 do CP dispõe que transitada em julgada a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-lhe as normas da legislação relativa a dívida ativa da Fazendo Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. Corrente doutrinária, da qual faz parte o Prof. Damásio e Fernando Capez, entende ser a Fazenda Pública a parte legítima para executar a pena de multa em razão de o Art. 51 do CP dispor que se aplica as normas atinentes à Fazenda Púbica. Outra corrente, da qual faz parte os Professores Mirabete, Flávio Augusto Monteiro de Barros e Sergio Roberto Bitencout, entende que a legitimidade para a execução da pena de multa continua sendo do Ministério Público, como prevê o Art. 164 da LEP(lei 7210/84) porque só vai se aplicar o rito procedimental na execução da Fazenda Pública, mas quem fará a execução é o Ministério Público, até porque a natureza da pena de multa continua sendo penal, não passa a ter natureza tributária. 
PROFS. DAMÁSIO E FERNANDO CAPEZ - Entendem que a legitimidade é da Fazenda Pública, pois após o trânsito em julgado da condenação e do prazo para pagamento voluntário, deverá a multa ser inscrita na Dívida Ativa procedendo-se a execução nos termos da lei 6830/80(lei de execução fiscal) que trata da execução dos créditos tributários. Assim, a execução tem caráter extra-penal transitando na Vara Cível encarregada das execuções fiscais. Apesar disso, permanece a multa com sua natureza de sanção penal, portanto intransmissível aos herdeiros ou sucessores(Princípio da Personalidade), subsistindo os efeitos penais da condenação. 
PROFS. MIRABETE, FLÁVIO AUGUSTO MONTEITO DE BARROS E SERGIO ROBERTO 
BITENCOUT - Entendem de forma diversa. Para estes, a legitimidade para a execução permanecesendo do Ministério Público, nos termos do Art. 164 da LEP(lei 7210/84), pois não alterada a natureza jurídica de sanção penal da multa, a execução deverá ser processada no juízo da execução penal. Além disso, entendem que é desnecessária a inscrição da multa na dívida ativa até porque a sentença condenatória já constitui título executivo judicial, na verdade houve tão só a adoção de novo rito procedimental previsto na lei 6830/80, isto para dar maior efetividade à execução da pena. No que tange à expressão dívida de valor, esta teria a única função de por fim a divergência quanto a incidência de correção monetária, satisfazendo os hermeneutas civilistas. 
OBS.: A questão hoje é muito dividida, não há posição pacificada. No Estado de São Paulo, o Ministério Público, na maioria das Comarcas, vem encaminhando para a Fazendo Pública a execução da Pena de Multa, mas em outros Estados é o próprio Ministério público que executa a pena. 
SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA 
É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao condenado doença mental, conforme dispõe o Art. 52 do CP. 
MULTA SUBSTITUTIVA(OU VICARIANTE) A pena de multa pode ter a função de substituir a pena privativa de liberdade, é uma pena substitutiva. 
HIPÓTESES EM QUE É POSSÍVEL A SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENA DE MULTA 
1)-QUANDO PREENCHIDOS OS REQUISITOS DO ART. 44, I, II E III O JUIZ PODE, 
QUANDO A PENA FOR IGUAL OU INFERIOR A 1 ANO, OPTAR POR PELA 
SUBSTITUIÇÃO POR UMA PENA DE MULTA(ART. 44, § 2° CP); 
Art. 44, I - A Pena de Multa substitui a PPL quando aplicada PPL não superior a 4 anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça contra pessoa ou se por crime culposo. 
Art.44, II - A Pena de Multa substitui a PPL quando o réu não for reincidente em crime doloso. 
Art.44, III - A Pena de Multa substitui a PPL quando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que a substituição seja suficiente. 
2)-SE CONDENADO NÃO REINCIDENTE EM CRIMES DOLOSOS E AS 
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS INDICAREM QUE A SUBSTITUIÇÃO SEJA 
SUFICIENTE(ART. 44, II E III) E SENDO A PENA IGUAL OU INFERIOR A 6 MESES, 
PODE O JUIZ SUBSTITUIR A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENA DE MULTA(ART. 60, § 2°) 
Art.60. § 2° - A PPL, não superior a 6 meses, pode ser substituída pela Pena de Multa, observados os incisos II e III do Art. 44. 
TERIA OCORRIDO A REVOGAÇÃO TÁCITA DO ART. 60, § 2° DO CP, HAJA VISTA QUE O ART. 44, § TEVE A REDAÇÃO ALTERADA PELA LEI 9714/98? 
O Prof. Mirabete entende que sim, ocorreu a revogação porque a hipótese do Art. 44, § 2° é mais abrangente, permite a substituição quando a pena for igual ou inferior a um ano, portanto vai compreender as hipóteses previstas no Art. 60, § 2°. Já o Prof. Flávio Augusto de Barros defende que não ocorreu a revogação porque para o Art. 60, § 2° não se exige o requisito do inciso I do Art. 44. Esta é a opinião que o Prof. Entende ser a mais correta, ou seja, continua em vigor o Art. 60, § haja vista que é possível, também, a substituição nos crimes praticados com violência ou grave ameaça contra a pessoa, desde que a pena seja inferior a 6 meses e estejam presentes os requisitos do Art. 44, II e III. 
E O ADVOGADO, COMO DEVE PROCERDER? 
Depende da posição em que esteja atuando. Se for um crime praticado com violência ou grave ameaça à pessoa, o advogado não pode substituir nos termos do 44, § 2°, mesmo a pena sendo inferior a 6 meses , isso se o advogado entender ter sido revogado o Art. 60, °. Se entender que não está revogado, o advogado substitui, mas não com base no Art. 44, § 2° porque o 60, § 2° permite a substituição. 
CRITÉRIOS PARA A SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENA DE MULTA Há duas correntes doutrinárias: 
1)- PROF. FLÁVIO AUGUSTO MONTEITO DE BARROS - Entende que para definir a Pena de 
Multa que substituirá a Pena Privativa de Liberdade deve ser aplicado o Sistema 
Trifásico(Circunstâncias Judiciais, Agravantes, Atenuantes e Causas de Aumento e Diminuição de Pena). Por exemplo: se o juiz aplicou uma pena de 8 meses em um Furto Tentado, para a aplicação da Pena de Multa Vicariante também deve consider a Tentativa, então a pena diminui 1/3. 
2)- PROFS. MIRABETE E FERNANDO CAPEZ - Entendem que a Pena de Multa substitutiva deve levar em consideração somente a situação financeira do réu, pouco importando as circunstâncias do crime. É a posição dominante hoje. 
CUMULATIVIDADE DA MULTA SUBSTITUTIVA E A MULTA PREVISTA PARA O CRIME 
Digamos que o juiz aplique 1 ano de Reclusão e Multa. Presentes os requisitos legais e essa pena de Recusão de 1 ano sendo substituída por uma pena de Multa(multa vicariante), o condenado deve cumprir as duas penas? Existem duas posições doutrinárias: 
-PROFS. DAMÁSIO E ALBERTO SILVA FRANCO - Entendem que a segunda pena de Multa vai 
ser absorvida(deixa de existir a primeira) porque o Inciso III do Art. 44 do CP diz que a pena restritiva de direito deve ser suficiente como resposta penal, ou seja, se a pena privativa de liberdade é substituída por uma pena de multa é porque a pena substitutiva por si só é suficiente como resposta penal, não havendo razão para uma outra multa. 
-PROFS. ALEXANDRE DE MORAES E VITOR EDUARDO DIAS GONÇALVES - Entendem 
que as duas multas são exigíveis. Uma como substitutiva da pena privativa de liberdade e a outra por expressa previsão legal, ou seja, o legislador quis fazer constar as duas penas. Também, desconsiderar a outra pena de multa seria uma afronta ao Princípio da Legalidade. Esta é a posição predominante. 
AULA 3/2 (03/05/06) 
APLICAÇÃO DA PENA 
COMINAÇÃO(ART.53) - É a previsão em abstrato da pena. 
APLICAÇÃO DA PENA - É a individualização da pena no caso concreto, levando em consideração as circunstâncias objetivas e subjetivas do crime. 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA APLICAÇÃO DA PENA 
Antigamente a pena era aplicada arbitrariamente sem qualquer critério ou limites pelo soberano, que delegava essa atribuição às pessoas de sua confiança, ou seja, àquele que era amigo do soberano ou do aplicador da pena recebia um castigo mais leve e o que não era amigo recebia uma pena mais severa. Com o Iluminismo, no século XVIII surgiu um movimento de reforma que, em resposta ao arbítrio, estabeleceu um sistema rígido, da aplicação da pena, completamente contrária à anterior. Assim, a pena ara pré-estabelecida, sem que houvesse qualquer flexibilidade na aplicação da pena. Sendo verificada ser injusta a não flexibilização da pena, surgiu nova doutrina que alterou a rigidez do sistema, até se chegar ao sistema hoje adotado, onde há possibilidade na flexibilização,mas seguindo o controle legal. É o chamado sistema de Discricionariedade Regrada ou Vinculada, ou seja, ao juiz aplicar a pena terá uma discricionariedade, tem certa liberdade para aplica-la, mas o fará de acordo com o que a lei estabelece(ex. se agente cometeu um crime com violência ou grave à pessoa o juiz não pode aplicar uma pena restritiva de direito porque a lei estabelece que não pode). 
DISCRICIONARIEDADE - Significa a possibilidade de se adotar uma posição ou outra, avaliando a conveniência ou oportunidade. 
MOTIVAÇÃO DA DECISÃO JUDICIAL NA APLICAÇÃO DA PENA 
Respeitando o Princípio da Individualização da Pena, que é uma garantia criminal repressiva(Art. 93, IC da CF), toda decisão judicial tem que ser motivada, tem que ser fundamentada, assim ao aplicar a pena o juiz tem que fundamentar a sua decisão porque é direito do sentenciado saber o porque está sendo condenado e porque está recebendo aquela pena, até porque pode haver recurso à decisão do juiz. 
PRINCÍPOS DA GARANTIA REPRESSIVA 
São preceitos constitucionais que garantem determinados direitos ao indivíduo frente ao poder de império do Estado. São, por exemplo, Princípios de Garantia Regressiva: 
Princípio da Individualização da Pena. 
Princípio da Ampla Defesa. 
Princípio do Contraditório. 
CRITÉRIO UTILIZADO NO BRASIL PARA APLICAÇÃODA PENA 
Conforme o Art. 68, nosso Código Penal adotou na individualização da pena o sistema Trifásico, que consiste em serem seguidos três procedimentos na aplicação da pena, que são: 
- FIXAÇÃO DA PENA BASE - Primeiro o juiz aplica a pena base. Considerando as circunstâncias judiciais previstas no Art. 59 do CP(antecedente, culpabilidade, personalidade, motivos do crime, conseqüências do crime, comportamento da vítima) o juiz fixa a pena entre o mínimo e o máximo da pena cominada. Exemplo: ao aplicar uma pena no crime de estelionato(Art. 171, CP) cuja pena cominada é de 1 a 4 anos, o juiz aplica a pena que entende ser a mais adequada, levando em consideração as circunstâncias judiciais(discricionariedade regrada); 
- ANÁLISE DAS ATENUANTES E DAS AGRAVANTES DA PENA - Aplicada a pena base, o juiz 
passa a considerar as agravantes(Arts. 61 e 62, CP) e as atenuantes(Art. 65 e 66, CP) que estão expressamente previstas no Código Penal. Existindo atenuante o juiz reduz a pena(redução não inferior ao mínimo da pena cominada) e havendo agravante o juiz aumenta pena(aumento não superior à pena cominada). Exemplo: o réu é reincidente e reincidência é uma agravante, nesse caso o juiz irá aumentar na pena base de acordo com o que ele ache mais adequado, desde que esse aumento não seja superir ao máximo da pena cominada. Também, se forconstatado que o réu é menor de 21 anos isso é uma atenuante, por isso o juiz irá reduzir na pena de acordo com o que ele considere mais adequado, desde que não inferior ao mínimo da pena cominada. 
- ANÁLISE DAS CAUSAS DE DIMINUIÇÃO E AUMENTO DA PENA - Incluídas na pena base 
as agravantes e atenuantes, o juiz passa a considerar as causas de diminuição e de aumento da pena(são aquelas que diminuem ou aumentam a pena em percentual). Exemplo: o réu praticou o crime na forma tentada. Como a tentativa é uma causa que diminui a pena de 1/3 a 2/3(Art. 14, II, § único, CP), o juiz irá diminuir a pena fixada na segunda etapa em percentual adequado. Se houver uma causa que aumente, será aumentado o percentual adequado. 
OUTRAS OBSERVAÇÕES EM RELAÇÃO À APLICAÇÃO DA PENA 
1)-O sistema idealizado pelo Prof. Nelson Hungria foi o sistema trifásico, mas o Prof. Alberto Silva Franco, admite a 4ª fase, que seria a fase da substituição da pena privativa de liberdade por uma pena alternativa. Esse entendimento, no entanto, não tem respaldo dos demais doutrinadores; 
2)-Para a fixação da pena é necessário a motivação do juiz, a fundamentação da aplicação da pena. Caso o juiz deixe de fundamentar, a sentença é NULA, cabendo tanto Hábeas Corpus para anulação da sentença se houver prisão ou ameaça de prisão, como cabe Apelação argüindo a nulidade da sentença(Arts. 564, IV, CP e 381, CPP); 
3)-Ao fixar a pena deve ser estabelecido o Regime Prisional(Detenção ou Reclusão) e ao fazer isso o juiz pode aplicar uma pena mais grave, desde que fundamente. Sendo cabível Sursis o juiz ao concedelo ou nega-lo tem que fundamentar sua decisão(Art. 157, LEP). 
CIRCUNSTÂNCIAS E ELEMENTARES ELEMENTARES 
São todos os dados específicos que constituem o crime que retirados da situação fática faz com que o crime desapareça ou que surja outro. Exemplo: no crime de homicídio(Art.121), a definição típica é "matar alguém". Se o agente mata um animal, sua conduta é atípica porque alguém é elemento do crime de homicídio. 
CIRCUNSTÂNCIAS 
São todos os dados que de qualquer forma influenciem na quantidade da pena, aumentando-a ou diminuindo-a, sem, contudo, excluir o crime. Segundo o Prof. Damásio, as circunstâncias colocam-se entre o crime e a pena permitindo a graduação desta com que possibilita a melhor individualização da sanção penal. Exemplo: se alguém pratica um roubo com emprego de arma de fogo, comete um crime de roubo circunstanciado(erroneamente chamado de qualificado) porque a utilização da arma de fogo é uma circunstância que aumenta a pena. 
CLASSIFICAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS 
1)-OBJETIVAS -São aquelas que dizem respeito a tudo aquilo que não se relaciona diretamente com o sujeito ativo do crime(ex. lugar e tempo do crime(praticar o crime à noite), objeto material, qualidades da vítima(contra idoso), forma e execução(praticar o crime usando veneno), etc.). 
2)-SUBJETIVAS - Aquelas que se relacionam com o sujeito ativo do crime, estando entre elas os antecedentes, sua personalidade, conduta social, motivos do crime, a reincidência, etc. 
DIVISÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS OBJETIVAS E SUBJETIVAS 
1)-CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS OU INOMINADAS(ART.59, CP) - São utilizadas para a aplicação da pena base 
2)-CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS 
a)-CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS GENÉRICAS - Se aplicam a todos os crime. São aquelas previstas na parte geral do Código Penal, são as Agravantes(Arts. 61 e 62), as Atenuantes(Arts. 65 e 66) e as Causas de Amento e Diminuição de Penas(estão de forma esparsas- Tentativa, concurso formal, crime continuado, etc.) 
b)-CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS ESPECIAIS(ESPECÍFICAS) - São as qualificadoras e as Causas de Aumento e Diminuição de Pena previstas na parte especial do Código Penal que se aplicam a crimes específicos(ex. rompimento de obstáculo para subtração, é uma qualificadora do crime de furto, só se aplica no crime de furto; concurso de agentes para prática de subtração é uma qualificadora do furto, só se aplica no crime de furto; extorsão mediante seqüestro com resultado morte é uma qualificadora do crime de extorsão, só se aplica ao crime de extorsão). 
AULA 4/2(08/05/06) 
CIRCUNSTÂNCIAS(CONTINUAÇÃO) 
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS OU INOMINADAS(ART.59, CP) 
Têm como objetivo servir de critério para o juiz, discricionariamente, aplicar a pena base. As circunstâncias Judiciais são as seguintes: 
1)- CULPABILIDADE(REPROVAÇÃO) - Tem o significado de rebrovabilidade da conduta do agente, sendo possível se avaliar a intensidade do elemento subjetivo do tipo penal(intensidade do Dolo e da Culpa), por exemplo, é mais censurável aquela pessoa que premeditou o delito que aquela que agiu por ímpeto, como também há uma reprovabilidade maior em relaão àquele que praticou uma conduta sem tomar os cuidados necessários, tendo como conseqüência um resultado culpiso, assim, quanto mais itensa a culpa, maior será a pena base a ser aplicada pelo juiz. 
2)- ANTECEDENTES - Podem ser bons ou maus. Significa o passado criminal do agente. O juiz analisa os antecedentes do réu através dos elementos fornecidos pelo processo, como, por exemplo, pelo Inquérito Policial, etc. 
O QUE SE CONSIDERA COMO MAUS ANTECEDENTES 
Há divergências doutrinárias quanto considerar maus antecedentes antes ou depois da sentença condenatória, conforme segue: 
-PROF. DAMÁSIO E SÉRGIO ROBERTO BITENCOUT - Entendem que não haveria necessidade de condenação penal ara a caracterização de maus antecedentes. Para eles, condenações criminais anteriores, inquéritos policiais arquivados, absolvições por insuficiência de provas, ações penais trancadas em razão de causas extintivas de punibilidade, bem como absolviões, seriam consideradas para demonstrar maus antecedentes. 
- MAIORIA DA JURISPRUDÊNCIA - Entende, em razão do Princípio da Presunção de Inocência, somente a condenação definitiva anterior é que pode caracterizar os maus antecedentes. 
3)- CONDUTA SOCIAL - É também um juízo feito do passado do agente, mas ten um aspecto mais amplo porque, como conduta social, o juiz não vai considerar somente os fatos criminais antecedentes da pessoa. Como conduta social o juiz analisará também o comortamento do acusado no meio familiar, no trabalho, na comunidade em que vive, etc. Portanto, para aplicar a pena base o juiz leva em consideração os aspectos sociais do réu, através dos elementos constantes do processo. 
4)- PERSONALIDADE DO AGENTE - Trata-se da índole, do perfil psicológico e moral do agente, se seu caráter é voltado para a prática do crime ou não, de modo que possa ser identificado se o crime por ele praticado foi um episódio isolado ou premeditado e sem a demonstração de menor sensibilidade ético-moral. O juiz, para analisar essascircunstâncias, observa a brutalidade e a frieza do agente na prática do crime, considera envolvimentos criminais anteriores à maioridade, o que demonstra já ter o agente uma personalidade deformada, analisa o comportamento do agente posterior ao crime, se houve arrependimento ou não, etc. 
5)-MOTIVOS DO CRIME - São os precedentes psicológicos propulsores da conduta criminosa. A maior ou menor aceitação ética da motivação na dosagem da pena. Portanto, aquele que pratica um crime por motivo torpe teve ter uma pena maior que a pena aplicada àquele que pratica o delito por razões mais aceitáveis, como, por exemplo, em um momento de desespero por ver a família passando fome. O crime praticado em circunstâncias mais aceitáveis não justifica o delito e o infrator será apenado, mas a pena é mais branda. 
OBS.: Quando a circunstância relativa ao motivo do crime for prevista como qualificadora, ou causa de aumento de pena, ou causa de diminuição de pena na parte especial, não pode ser considerada como Circunstância Judicial porque haveria "bis in idem" (o mesmo fato sendo considerado duas vezes), serve apenas para qualificar o crime. Exemplo: se o agente praticou um homicídio por motivo fútil, o motivo fútil já é circunstância qualificadora(o Código Penal já prevê uma pena mais alta), não podendo, portanto, ser usada para a aumentar a pena base. 
6)-CIRCUNSTÂNCIAS E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME - São circunstâncias outras não 
previstas especificamente, mas que o juiz entenda como relevantes. Trta-se de uma interpretação mais genérica, qualquer outra circunstância que o juiz entenda como relevante para a aplicação da pena base(ex. o fato de a pessoa ter ficado em poder da vítima por muito mais tempo que o necessário é uma circunstância que o juiz pode levar em consideração; o fato de o agente ter praticado o crime e depois ter tentado reparar o dano é uma circunstância que o juiz pode considerar; um pedido de desculpas à vítima é uma circunstância que o juiz pode levar em conta, etc.). As Conseqüências do Crime também são levadas em consideração na aplicação da pena base(ex. o agente que pratica um homicídio contra um chefe de família pobre trazendo como conseqüência dificuldades àquela família, é evidente que pode ter uma pena base muito mais severa que se fosse um roubo a um banco). 
7)- COMPORTAMENTO DA VÍTIMA - Estudos de vitimologia demonstram que muitas vezes as vítimas contribuem para a ocorrência do crime. Estes fatores, ditos criminógenos, apesar de ão justificarem o crime e nem isentarem o réu de pena, podem minorar a sensurabilidade do comportamento delituoso, abrandando a pena. Tal circunstância só deve ser considerada quando não prevista como causa de deminuição de pena(ex. injusta provocação da vítima, Art. 121, § 1°, CP; uma mulher que vai ao estádio de futebol de minissaia, etc.). 
 
AULA 5/2(10/05/06) 
CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS - Se dividem em: 
1)- CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS GENÉRICAS OU GERAIS 
2)-CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS ESPECIAIS(OU ESPECÍFICAS) 
CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS GENÉRICAS OU GERAIS - Aquelas previstas na parte geral do 
Código Penal 
a)- AGRAVANTES(ARTS. 61 e 62, CP) 
b)-ATENUANTES 
c)-CAUSAS DE DIMINUIÇÃO E AUMENTO DE PENA 
AGRAVANTES(ART.61,CP) 
CARACTERÍSTICAS DAS AGRAVANTES 
São de aplicação obrigatória, ou seja, havendo a presença de uma das agravantes previstas nos Arts. 61 e 62 do CP, o juiz é obrigado a aumentar a pena, não ficando o aumento da pena condicionado à discricionariedade do juiz, diferentemente das circunstâncias judiciais; 
Não admitem analogia, portanto, não é possível interpretação defensiva porque a agravante importa aumento de pena, assim sendo, se determinada situação não estiver taxativamente contida na lei como agravante, não pode haver o aumento da pena através de interpretação extensiva(ex. o conceito jurídico de idoso é pessoa a partir de 60 anos. Assim, se a pessoa tiver 59 anos e em péssima condição física ela não pode ser considerada idosa); 
Sempre agravam a pena, desde que a pena base não tenha sido fixada no máximo legal; 
Não fixam o "quantum" do aumento - O código apenas diz que agrava a pena, mas não diz de quanto será o aumento, ficando a critério do juiz a fixação, só não podendo ser superior ao máximo da pena cominada; 
É necessário que o agente conheça do fato que caracteriza a agravante(ex. crime praticado contra mulher grávida é um agravante, se a mulher, por exemplo, estava na segunda semana de gestação o criminoso não sabia do fato, nesse caso a agravante não será aplicada porque isso seria imputação de responsabilidade objetiva); 
ESPÉCIES DE CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES 
1)- A REINCIDÊNCIA(ARTS. 61, I E 63 E 64, CP) - O Prof. Paulo José da Costa Júnior, define Reincidência como sendo "a situação daquele que pratica um fato punível quando definitivamente condenado por crime anterior". 
A Reincidência tem grande importância em razão das conseqüências que gera na execução da pena, como: 
Impede que o réu seja beneficiado com a Transação Penal; 
O reincidente não terá possibilidade de suspensão condicional do processo 
Para ser beneficiado com o Livramento Condicional o condenado reincidente terá que cumprir metade da pena 
O condenado reincidente em crime doloso, em regra, não tem direito a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito, salvo se o juiz entender que no crime anterior seja mais adequado a pena restritiva de direito e sendo crime doloso especifico não há possibilidade nenhuma de substituição 
Se apenado com pena de Reclusão o regime inicial do reincidente será fechado e se apenado com Detenção o regime será semi-aberto. 
JUSTIFICAÇÃO PARA CONSIDERAR A REINCIDÊNCIA COMO UMA AGRAVANTE(POR 
QUE A REINCIDÊNCIA É CONSIDERADA AGRAVANTE?) 
A doutrina justifica dessa forma porque o réu demonstrou que a pena anterior foi insuficiente e ineficaz para impedir que ele praticasse novo crime. Ademais, se a pessoa já condenada insiste em praticar crime demonstra um desrespeito para com a justiça, demonstra pouco temor para com a lei penal. 
CRITÍCA À REINCIDÊNCIA 
A Professora Maria Lúcia Caran, criticando o instituto da reincidência, sustenta que a reincidência configuraria uma dupla valoração pelo mesmo crime, ou seja, se a pessoa foi condenada por um crime e comete um outro crime, aquele crime anteriormente praticado que já havia sido julgado e a pena aplicada novamente será considerada e isso caracteriza uma dupla valoração do mesmo fato, mas não é a opinião predominante hoje. 
FORMAS DE REINCIDÊNCIA 
1)-REINCIDÊNCIA REAL - Aquela que ocorre somente quando o agente já cumpriu total ou parcialmente a pena correspondente ao crime anterior. 
2)-REINCIDÊNCIA FICTA - Caracteriza-se com a simples condenação definitiva por crime anterior, pouco importando o efetivo ou parcial cumprimento da pena fixada. Portanto, na Reincidência Ficta basta a condenação anterior definitiva, não havendo necessidade que o agente cumpra efetivamente a pena anterior pra que seja caracterizada reincidência posteriormente. O Código Penal Brasileiro adota a Reincidência Ficta(Art.63, CP). 
PRESSUPOSTO DA REINCIDÊNCIA(O QUE É INDISPENSÁVEL PARA QUE HAJA A REINCIDÊNCIA) Sentença condenatória definitiva anterior por crime. 
CONCEITO DE PRIMARIEDADE 
O Código Penal não diz, a doutrina é que conceitua primariedade. O Prof. Damásio conceitua Primariedade da seguinte forma: "Primário é não só o que foi condenado pela primeira vez, como também o condenado diversas vezes sem ser r eincidente, ou seja, cujas condenações irrecorríveis ocorreram posteriormente à prática dos crimes. 
EXEMPLO DE RÉU CONSIDERADO PRIMÁRIO 
O réu praticou os seguintes crimes: 
crime de roubo no dia 01/01/05, sendo condenado por esse crime no dia 05/01/06 e recorreu da sentença. 
crime de furto no dia 05/02/05, sendo condenado definitivamente por esse crime no dia 21/01/06. 
crime de estelionato no dia 19/01/06, sendo condenado definitivamente por esse crime no dia 05/05/06. 
crime de lesão corporal no dia 20/01/06, sendo condenado definitivamentepor esse crime no dia 10/05/06. 
Em todos os crimes o réu será considerado Primário, porque quando os crimes foram praticados o réu não possuía nenhuma condenação. Agora, se, por exemplo, ele tivesse praticado novo crime a partir do dia 21/06/06(quando sofreu a condenação pelo crime de furto), aí sim ele seria considerado Reincidente porque todo crime praticado depois da condenação definitiva será Reincidência. 
RÉU TECNICAMENTE PRIMÁRIO 
Significa que o réu, apesar de primário, tem outros processos ou outras condenações que não configuram a reincidência. 
EFICÁCIA TEMPORAL DA CONDENAÇÃO ANTERIOR 
No Direito Penal brasileiro foi adotado o Princípio da Temporariedade, significando que a condenação não é perpétua, ou seja, ela não vai gerar reincidência por um tempo indefinido, há um período em que a pessoa recupera a primariedade o que é chamado de Período Depurador(Art. 64, I, CP), sendo esse Período Depurador de 5 anos, contado a partir do término do cumprimento da pena, aproveitando o Período de Prova. 
TERMO INICIAL DO PERÍODO DEPURADOR 
A partir do término do cumprimento da pena, ou a partir da extinção da perna por qualquer outro motivo(prescrição, indulto, etc.). 
PERÍODO DE PROVA DO SURSIS E LIVRAMENTO CONDICIONAL PARA EFEITO DO 
PERÍODO DEPURADOR 
No Sursis o juiz pode fixar o período de prova entre 2 e 4 anos e no Livramento Condicional o Período de prova é o restante da pena. 
Sursis - É a suspensão condicional da pena. O Período de prova é o período fixado pelo juiz que pode ser fixado entre 2 e 4 anos. 
Livramento Condicional - É uma liberdade vigiada e, diferentemente do Sursis, no Livramento Condicional é necessário que o réu cumpra uma parcela da pena. O Período de Prova é o restante da pena a ser cumprida. 
TERMO INICIAL DO PERÍDODO DEPURADOR NO SURSIS 
O prazo é contado a partir da audiência que concedeu o Sursis(Admonitória ou de Advertência). 
Exemplo: digamos que a pena de reclusão do condenado seja de 1 ano e o juiz tenha fixado o Sursis em 2 anos. Durante 2 anos o condenado estará cumprindo o período de prova, após o que estará extinta a pena, mas no caso do Sursis o Período Depurador começa a ser contado a partir da audiência Admonitória ou Advertência(audiência que concedeu o sursis), portanto, no exemplo, o réu irá recuperar a sua primariedade em 3 anos após cumprido o período de prova. 
TERMO INICIAL DO PERÍODO DEPURADOR NO LIVRAMENTO CONDICIONAL 
A partir da audiência que concedeu o Livramento Condicional. O Período de Prova no Livramento Condicional é o restante da pena. Exemplo: o réu fui condenado a pena de 6anos e havia cumprido 3 anos da pena quando lhe foi concedido o Livramento Condicional. Cumprido o Período de Prova o juiz declara extinta a pena e o réu, no exemplo, terá a sua primariedade recuperada em 2 anos. 
TERMO INICIAL DO PERÍODO DEPURADOR 
No caso de pena cumprida, o quinquídio inicia-se da data do término do cumprimento da pena e no caso de outra causa de extinção da data de sua ocorrência, pouco importando a data da sentença que a decretou, isto porque, nesse caso, a sentença tem natureza declaratória. No caso de Sursis ou Livramento Condicional, conta-se desde a Audiência de Advertência dos beneficiários(Admonitória ou de Advertência). 
NATUREZA DO CRIME 
A regra é que toda condenação penal definitiva gera reincidência, exceto nas seguintes hipóteses(Art. 64, II, CP): 
1)- No caso de crimes militares próprios. 
2)- No caso de crimes políticos. 
CRIMES MILITARES PRÓPRIOS 
São aqueles que ofendem o tipo penal definido exclusivamente no Código Penal Militar(ex. Art. 9°, I e 10 do CPM - Dormir em serviço) 
CRIMES MILITARES IMPRÓPRIOS 
São aqueles cujas condutas estão tipificadas tanto no Código Penal Militar como na legislação penal comum(ex. furto, roubo, homicídio, estelionato, etc.). 
CRIMES POLÍTICOS 
Crimes políticos também não geram reincidência. A divisão em Próprios, Impróprios, Puros e Impuros não tem qualquer importância no tocante à reincidência porque sendo crime político, não importando a classificação, não gera reincidência. Os crimes políticos são: 
- PRÓPRIOS - São aqueles praticados exclusivamente contra o sistema eleitoral. 
-IMPRÓPRIOS - São aqueles que além de ofenderem o sistema eleitoral, ofendem os rimes políticos tutelados pelo Código Penal. 
-PUROS. 
-IMPUROS. 
AULA 6/2(15/05/06) 
OBSERVAÇÕES GENÉRICAS SOBRE A REINCIDÊNCIA 
1)-CONTRAVENÇÃO PENAL(ART.7°, DL-3688/43 -LEI CONTRAVENÇÕES PENAIS ) - A lei de contravenções penais prevê a figura da Reincidência, no seu Art. 7°., que diz: Verifica-se a reincidência quando agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção. 
a)-CONDENADO DEFINITIVAMENTE POR CRIME PRATICA OUTRO CRIME - É considerado reincidente(Art.63, CP). 
b)-CONDENADO DEFINITIVAMENTE POR CRIME E PRATICA CONTRAVENÇÃO 
PENAL - É considerado reincidente(Art. 7º, LCP). 
c)-CONDENADO DEFINITIVAMENTE POR CONTRAVENÇÃO COMETE OUTRA 
CONTRAVENÇÃO - É considerado reincidente(Art.7°, LCP). 
d)-CONDENADO DEFINITIVAMENTE POR CONTRAVENÇÃO COMETE CRIME - É considerado primário(Art.63, CP). 
e)-CONDENADO DEFINITIVAMENTE POR CONTRAVENÇÃO NO ESTRANGEIRO - É considerado primário(Art.7°, LCP). 
CONCLUSÃO: Condenação anterior por contravenção não gera reincidência pela pratica de um crime posterior, mas o inverso é verdadeiro, ou seja, se for cometido um crime e houver condenação definitiva, a contravenção posterior(cometida no Brasil)gera reincidência. Se condenado definitivamente por contravenção no estrangeiro não gera nem mesmo reincidência em outra contravenção no Brasil. Já crime quer tenha havido a condenação no Brasil ou no estrangeiro gera reincidência no cometimento de novo crime ou contravenção. 
2)- CONDENÇÃO DO SEMI-IMPUTÁVEL COM PENA SUBSTITUIDA POR MEDIDA DE 
SEGURANÇA(ARTS.26,§ ÚNICO E 98, CP)- A Medida de Segurança aplicada ao Inimputável demonstra que ele foi absolvido, a natureza jurídica da sentença é absolutória imprópria porque apesar de absolver o réu aplica uma sanção penal que é a Medida de Seguranças, porém, ela não gera reincidência. Se a Medida de Segurança é aplicada ao Semi-Imputável a sentença será condenatória, sendo a Medida de Segurança apenas substitutiva da pena reduzida. Portanto, praticando um novo crime o Semi-Imputável será reincidente. 
SENTENCIADO SOFREU UMA MEDIDA DE SEGURANÇA E POSTERIORMENTE PRATICA NOVO CRIME. ELE SERÁ CONSIDERADO PRIMÁRIO OU REINCIDENTE? 
Depende. Se a Medida de Segurança foi aplicada ao Semi-Imputável a sentença foi condenatória, portanto ele será considerado reincidente, mas se a Medida de Segurança foi aplicada ao Inimputável a sentença é de natureza absolutória imprópria, portanto ele será considerado primário. 
3)-EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DO CRIME ANTERIOR GERA REINCIDÊNCIA?- O Art. 
107, CP prevê uma série de causas extintivas da punibilidade(ex. morte do agente, anistia, adulto, graça, retratação do agente, prescrição decadência, etc.). Para verificar se há reincidência, observa-se o seguinte: 
a)- Se a extinção da punibilidade ocorreu antes da sentença condenatória definitiva do crime anterior, não há reincidência, será considerado primário se cometer um novo crime. 
b)- Se há extinção da punibilidade após a sentença condenatória definitiva, será considerado reincidência, com três exceções: 
-Se ocorreu o período depurador, ou seja, se decorreram os 5 anos do período depurador, o réu será considerado primário(ex. a pessoa foi condenada a pena de 2 anos de reclusão e teve o benefício do indulto presidencial(foi extinta a punibilidade). Se ela cometer um novo crime sem completar o período depurador será considerada reincidente, mas se passados 5 anos da extinção da pena ela será considerada primária). 
Se houver anistia do crime. Nesse caso, será recuperada a primariedade. 
Se houver "abolitio criminis". Se surgir lei nova extinguindo a tipicidade que antes era crime, o réu recupera

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