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Introdução Nesta aula, examinaremos a necessidade que a responsabilidade civil tem do conceito do ato ilícito. Explicaremos a correlação entre os artigos 927, 186 e 187, todos da Lei 10.406 de 2002 (CC), suas características e tipificações. Distinguiremos o ato ilícito gênero (art. 186 da Lei 10.406 de 2002) do ato ilícito espécie (art. 187 da Lei 10.406 de 2002). Em seguida, discutiremos a motivação da imperícia no cenário do ato ilícito. Por fim, definiremos as excludentes de ilicitude (art. 188 do CC) e sua distinção das excludentes de responsabilidade. Previsões normativas Considerando o tema, temos nos artigos 186, 187 e 188 da Lei 10.406 de 2002, a previsão legal pertinente ao tema. TÍTULO III - DOS ATOS ILÍCITOS Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Tipos de atos ilícitos Diante da ideia que está presente nos termos do art. 927 da mesma lei, verbis: Título IX - Da Responsabilidade Civil Capítulo I - Da Obrigação de Indenizar Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Para o tema, necessitamos da conjugação de tais fundamentações para termos, ainda que de forma estrita, um sentido mais ajustado do ato ilícito. Tais questões serão resolvidas com o entendimento do Título III da Lei 10.406 de 2002 (Código Civil). Pois a responsabilidade civil depende, entre outros (nexo causal e dano), saber justamente o que vem a ser o ato ilícito e seus desdobramentos. Ato ilícito gênero (ou puro) Prevê o art. 186 da Lei 10.406 de 2002: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Vamos fazer uma digressão nesta importante fundamentação: Tal qual como no ato ilícito gênero, passemos a sua análise: Atividade 1) Em relação ao abuso do direito é correto afirmar: Só se configura nos casos em que os direitos são exercidos com a intenção de prejudicar. Será abusivo o exercício do direito que exceder manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. O Código Civil não consagrou, nem mesmo indiretamente, a teoria do abuso de direito. A culpa e o dolo integram necessariamente a noção de ato abusivo. O titular de um direito pode exigi-lo de forma ilimitada. A imperícia no cenário do ato ilícito Questão que merece uma indagação é a que diz respeito à ausência da expressão imperícia como tipificador do ato ilícito no art. 186 da Lei 10.406. A imperícia, então, seria causa de não tipificação do ato ilícito? Cremos que não! Pois o legislador assim não o desejou. E o profissional do Direito não pode criar texto no lugar em que este inexiste. Entretanto, isto não significa que a imperícia não gere responsabilidade civil. A imperícia no cenário do ato ilícito Tanto que no art. 951 da Lei 10.406 de 2002 temos: Lei 10.406 de 2002: Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do profissional da saúde, quando causa dano ao seu paciente, nos termos do artigo já citado. Logo, considerando o tema, a imperícia é causa de responsabilidade civil do profissional da saúde, tExcludentes de ilicitude A excludente de ilicitude (diversa de excludente de responsabilidade) visa suprimir a tipificação do primeiro dos requisitos da responsabilidade civil, o ato ilícito. Neste tipo, a conduta ilícita tem uma justificativa que permite, justamente, a sua exclusão. adNeste tema, abordaremos a exclusão do item que dá o início à responsabilidade civil, atentemos ao caput do art. 188, verbis: Art. 188. Não constituem atos ilícitos: Logo, em havendo o enquadramento da conduta do agente ao qual se pretende enquadrar a responsabilidade, temos as excludentes das ilicitudes apontadas em seus incisos, vamos apresentá-las: Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Após a sua apresentação, vamos estudá-las de forma pormenorizada. Legítima defesa O conceito de legítima defesa está baseado no fato de que os agentes que têm o dever legal de atuar não podem estar presentes em todos os lugares protegendo os direitos dos indivíduos. Nesse tipo, o agente pode, em situações restritas, defender direito seu ou de terceiro. Nada mais é do que a ação praticada pelo agente para repelir injusta agressão a si ou a terceiro, utilizando-se dos meios necessários com moderação. Logo, tal excludente deve ser de tal forma que a incolumidade daquele que está em perigo se utiliza de todos os meios necessário para salvaguardá-lo. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; VOCÊ SABIA? A legítima defesa ocorre quando, para defender um bem jurídico (no caso acima, a vida), a pessoa faz algo que, em outras circunstâncias, seria considerado um delito. Por exemplo, a legítima defesa ocorre quando alguém, para se proteger, atira no criminoso que o ameaçava com uma arma. Se você atira em alguém em uma situação normal, você cometeu um crime (homicídio), mas se você atira em um criminoso que apontava uma arma contra você, não há o crime, pois você estava protegendo um bem jurídico (sua vida) que estava no mesmo (ou maior) nível do que o bem jurídico ofendido (a vida do outro). Essa relação entre os bens jurídicos protegido e ofendido é importante. Você não pode alegar legítima defesa se você mata para proteger seu patrimônio durante um furto. Neste caso, o bem jurídico protegido (seu patrimônio) é menos importante que o bem jurídico ofendido (a vida do criminoso). Neste exemplo, se o bandido nao colocou sua vida em perigo, não há legítima defesa pois há uma desproporcionalidade negativa entre o que você ofende (tirar a vida de alguém) e o que você pretende proteger (seu patrimônio). Atividade 2) O art. 188 do Código Civil prevê três causas de exclusão de ilicitude, que não acarretam no dever de indenizar. São elas: Legítima defesa, erro substancial e estado de necessidade. Legítima defesa, estado de necessidade e dolo bilateral. Exercício regular de direito reconhecido, estado de necessidade e dolo bilateral. Exercício regular de direito reconhecido, estado de necessidade e erro substancial. Legítimadefesa, exercício regular de direito reconhecido e estado de necessidade 3) Assinale alternativa correta de acordo com o Código Civil Brasileiro. O ato ilícito é por natureza doloso. O dano moral puro é considerado ato ilícito. Apenas a legítima defesa é considerada causa excludente da prática do ato ilícito. Todo ato lesivo que violar direito e causar dano a outrem é considerado ato ilícito. O exercício de um direito com excesso manifesto aos limites impostos pela boa-fé não caracteriza o ato ilícito. Agora, de acordo com os conhecimentos adquiridos na aula, responda, leia o caso a seguir e responda: Carlos e seu filho de dez anos caminhavam por uma rua com pouco movimento e muito escura, já de madrugada, quando são surpreendidos com a vinda de um cão pitbull na direção deles. Quando o animal iniciou o ataque contra a criança, Carlos, que estava armado e tinha autorização para assim se encontrar, efetuou um disparo na direção do cão, que não foi atingido, ricocheteando a bala em uma pedra e acabando por atingir o dono do animal, Leandro, que chegava correndo em sua busca, pois notou que ele fugira clandestinamente da casa. A vítima atingida veio a falecer, ficando constatado que Carlos não teria outro modo de agir para evitar o ataque do cão contra o seu filho, não sendo sua conduta tachada de descuidada. Diante desse quadro, responda sobre a opção que apresenta a situação jurídica de Carlos. Exercício: CCJ0050_EX_A2_201402006934_V1 Matrícula: 201402006934 Aluno(a): FERNANDA POIANI Data: 27/08/2017 17:54:04 (Finalizada) 1a Questão (Ref.: 201402868416) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) (CESPE - 2008 - OAB - Exame da Ordem) No que concerne ao ato ilícito e à responsabilidade civil, assinale a opção CORRETA: não será obrigado a indenizar, se o empregado for absolvido pelo mesmo ato, em processo criminal, por insuficiência de prova. Quando inúmeras e sucessivas causas contribuem para a produção do evento danoso, todas essas causas são consideradas como adequadas a produzir o acidente e a gerar a responsabilidade solidária para aqueles que o provocaram. Nessa situação, cabe à vítima escolher a quem imputar o dever de reparar. A responsabilidade por ato de terceiro é objetiva e permite estender a obrigação de reparar o dano a pessoa diversa daquela que praticou a conduta danosa, desde que exista uma relação jurídica entre o causador do dano e o responsável pela indenização. Os atos praticados em legítima defesa, no exercício regular de um direito ou em estado de necessidade, que provoquem danos morais ou materiais a outrem, embora sejam considerados como atos ilícitos, exoneram o causador do dano da responsabilidade pela reparação do prejuízo causado. A concorrência de culpas do agente causador do dano e da vítima por acidente de trânsito, por exemplo, no caso de colisão de veículos, acarreta a compensação dos danos, devendo cada parte suportar os prejuízos sofridos. 2a Questão (Ref.: 201402160753) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) Quanto aos pressupostos da responsabilidade civil subjetiva é correto dizer: dever de agir, dano e ilicitude; conduta culposa, nexo causal e dano; ato ilícito, culpa e nexo causal; nexo causal e dano; 3a Questão (Ref.: 201402843831) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) A responsabilidade civil é uma das matérias de desenvolvimento mais dinâmico no direito civil. Durante a evolução do tema, em razão da necessidade de melhor atender à realidade econômica e social, cindiu-se a responsabilidade civil nas modalidades subjetiva e objetiva. Tais modalidades distinguem-se, essencialmente, na apuração: do ato ilícito, que é elemento da responsabilidade civil subjetiva, mas é dispensável na responsabilidade civil objetiva. do dano, que é elemento da responsabilidade civil subjetiva, mas é dispensável na responsabilidade civil objetiva no âmbito das excludentes. da culpa, que é elemento da responsabilidade civil subjetiva, mas é dispensável na responsabilidade civil objetiva. do nexo de causalidade entre a conduta e o dano, que é elemento da responsabilidade civil subjetiva, mas é dispensável na responsabilidade civil objetiva. 4a Questão (Ref.: 201402160157) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) Diante da culpa em sentido amplo é CORRETO afirmar: I - É aquela que abrange o dolo e a culpa em sentindo amplo. II - É aquela que está ligada somente a responsabilidade civil objetiva. III - É aquela que está ligada somente a responsabilidade civil subjetiva. Somente a II está correta. Somente a III está correta. Somente a I está correta. Nenhuma está correta. 5a Questão (Ref.: 201402087601) Fórum de Dúvidas (0) Saiba (0) Na culpa lato sensu é corrreto dizer que abrange: a culpa concorrente. a culpa provada e a culpa presumida; o dolo e a culpa em sentido estrito a culpa grave e a culpa contra a legalidade; a culpa in eligendo e a culpa in vigilando;
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