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Resumo do Texto - Explorando a Dinâmica dos Artefatos: A Simbologia do Corpo Humano nas Organizações

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Resumo – Texto 4
Explorando a Dinâmica dos Artefatos: A Simbologia do Corpo Humano nas Organizações
Por corpo humano entendemos não apenas a dimensão anatômica do esqueleto, músculos, órgãos, sistemas, líquidos e pele. O corpo é também artefato impregnado de símbolos, de representações e de significados.
Em uma organização não é diferente. Percebemos que o corpo é um artefato fundamental na vida cotidiana das organizações. Ele esta presente em todas as ações e interações do seu dia a dia.
Essa pesquisa teórica, aliada com a experiência de campo de uma das autoridades deste capitulo nos possibilitou pensar o corpo do trabalho como um artefato, ou seja, um objeto impregnado de símbolos através do qual a cultura organizacional pode ser lida.
O corpo nos estudos de cultura organizacional
Uma das pesquisas que tratam o corpo de forma implícita é a de Latouche. Esse autor propõe que a analise simbólica das organizações seja orientada pelas seguintes dimensões: a ideacional, a comportamental, a narrativa e a material. É na dimensão comportamental que Latouche anuncia elementos de estudos da cultura organizacional através da analise simbólica de algumas dinâmicas do corpo, tais como os gestos e as vestimentas.
	Ainda percebido de maneira indireta, o corpo no trabalho de Schein aparece dentro da categoria por ele denominada artefatos organizacionais. O autor fala das roupas, das maneiras de se dirigir aos outros e da forma como os indivíduos organizacionais expressam seu sentimentos, ou seja, é a ideia de que a cultura organizacional está incorporada nessas dinâmicas do corpo.
	 O tema da vestimenta também está presente nos estudos de Bresler. Um dos principais resultados de sua etnografia organizacional é o de que a roupa é um símbolo que cria vinculo entre trabalhadores e, ainda, que faz parte do processo de hierarquização social.
	O trabalho de Trice e Beyer também marca a presença de elemento simbólicos no corpo dos indivíduos em uma organização. Entre essas praticas estão as dos gestos e do cenário corporal. Os autores atribuem um sentido cultural aos gestos ao afirmarem que são movimentos de partes do corpo utilizados para expressar significado. Já o cenário corporal é descrito como as coisas que ornamentam as pessoas, propondo um estimulo dos sentidos à medida que contém a expressão da cultura.
	Em resumo, o conjunto de estudos sobre cultura organizacional considera, as vezes, o corpo humano como um aspecto da cultura, mas o desconsideram como objeto central de estudo. Mesmo que timidamente, esses estudos de cultura organizacional apontam para a possibilidade de refletirmos sobre o corpo do funcionário para além de seu caráter biológico, ou seja, o corpo como um artefato organizacional.
Sobre artefatos organizacionais
Schein fala dos artefatos como um dos níveis pelos quais a cultura organizacional poderá ser analisada. O autor considera os artefatos como fáceis de ver e difíceis de interpretar, pois, através deles, seria possível descrever como um grupo constrói seu ambiente e quais são seus padrões de comportamento.
Gagliardi opta por trabalhar com um conceito de artefato como: um produto da ação humana que existe independentemente de seu criador; algo intencional que visa resolver um problema ou satisfazer a uma necessidade; algo dotado de materialidade própria que é percebido pelos sentidos.
O livro de Rafaeli e Pratt tem como preocupação central encorajar a utilização de três dimensões para o estudo dos artefatos organizacionais: a simbólica, a estética e a instrumental.
A dimensão da instrumentalidade busca pensar o potencial que o artefato tem de colaborar ou impedir a performance das tarefas ou o alcance das metas organizacionais. A dimensão da estética busca conhecer a experiência sensória produzida pelo artefato, enquanto que a dimensão do simbolismo desvenda os significados e associações que o artefato suscita. Os autores acreditam que ao utilizar essas três dimensões na analise dos artefatos, torna-se possível a integração dos aspectos comportamentais, sensórios e cognitivos que, respectivamente, representam as ações do agir, sentir e pensar.
O corpo humano, a partir dessa classificação, ficaria excluído de qualquer possibilidade de estudo enquanto um artefato organizacional.
Como é um dos propósitos deste capitulo defender a ideia de que o corpo do trabalhador é um artefato organizacional, a seção seguinte se encarregará de apresentar uma revisão teórica de estudos das ciências humanas e sociais.
O corpo com artefato dinâmico: teorização da antropologia do corpo
Com o objetivo de estender como o corpo pode ser considerado como um artefato e devido à ausência de estudos do campo da cultura organizacional sobre isso, buscamos subsídios nas ciências humanas e sociais. A analise nos permitiu desenvolver um entendimento do corpo artefato a partir de dois aspectos particulares: artefato hierarquizado e dinâmico.
A cultura, na primeira perspectiva opera com um dispositivo hierarquizador de modo a designar os papeis sociais que cada corpo deverá cumprir. Através da observação do corpo, portanto, é possível reconhecer e politizar as hierarquias sociais que são construídas a partir de diferenças corporais.
A segunda temática do corpo, aqui chamada de dinâmica, é realizada principalmente pela antropologia social.
O corpo como artefato dinâmico
O primeiro esforço em estudar o corpo humano a partir de uma perspectiva de artefato ocorreu com Mauss que, com seu trabalho sobre técnicas corporais, examina as formas de ação e vivencia do corpo como algo a ser exposto e descrito para ser elaborada uma teoria que busque estender as maneiras pelas quais os indivíduos, de sociedade a sociedade, servem-se de seu corpo.
Esse trabalho inicial de Mauss propõe uma nova categoria antropológica de estudo do ser humano, que vem a ser denominada Antropologia do Corpo. Essa linha teórica crê que a imagem da sociedade é marcada nos indivíduos através de discrições físicas, estéticas e comportamentais, tornando o corpo um símbolo da sociedade humana. Para este corpo, oferecemos a nomenclatura Corpo Artefato.
Além de sofrer a ação do outro, o corpo é um artefato que age por si só a partir de um contexto cultural que lhe é especifico. É esse caráter dinâmico do corpo que nos interessa neste momento, pois boa parte dos estudos antropológicos acerca do corpo artefato adota essa perspectiva para conhecer a cultura dos grupos sociais que estuda.
Um estudo que pensa a cultura a partir de uma pratica do corpo é o trabalho: A preeminência da mão direita: um estudo sobre a polaridade religiosa. O autor questiona a explicação biológica para o uso preponderante da mão direita ao recordar que, quando a mão esquerda se educa para exercício de certos trabalhos, ela o faz com grande desenvoltura.
Sobre os produtos do corpo, acreditamos na ideia de que nada é mais natural do que, por exemplo, o sangue humano e o leite materno. Entretanto, ao lermos o trabalho de Farmer, percebemos que mesmo os mais naturais produtos do corpo recebem significações e sofrem alterações a partir de um contexto sócio cultural mais amplo. O autor demonstra isso através da analise de duas patologias ocorridas mais frequentemente em mulheres adultas do Haiti rural, a move san (sangue ruim) e o let gate (leite fraco).
A morte, um processo do corpo, é estudada por Lock a partir da comparação entre o modo como diferentes países e culturas lidam com a morte tecnologicamente manipulada e com o transplante de órgãos. Nesses diferentes espaços do globo terrestre e em uma mesma época se apresentam distintas maneiras para lidar com a morte e, por via de consequência, com o corpo. Certas culturas valorizam a ordem natural enquanto outras buscam na ciência formas cada vez mais sofisticadas de prolongamento da vida humana mesmo que seja através do corpo de outra pessoa.
Sobre a forma como a cultura se inscreve nos sentidos do corpo, Achutti afirma que através do convívio social conhecemos a cultura de nosso grupo e, comisso, aprendemos a escutar, sentir cheiros, tatear e olhar. É sobre o olhar que seu artigo se detém, trazendo a ideia de que tanto a criação quanto a leitura de imagens é algo aprendido e treinado.
Desse modo, o corpo humano, através do estudo de sua dinâmica, tem demonstrado ser um campo fértil para o desvendamento do sistema simbólico que orienta os grupos sociais, ou seja, o corpo é um artefato dinâmico.
Conclusão
Neste texto, realizamos uma revisão teórica dos estudos da Antropologia do Corpo, que tratam do tema do corpo com um artefato, para pensar de que maneira esses colaboram com a pesquisa de cultura organizacional, principalmente pela via dos artefatos organizacionais. Desta revisão teórica nos foi possível desvendar duas categorias de corpo artefato: artefato dinâmico e artefato hierarquizado. Vimos que o corpo como artefato dinâmico se refere ao corpo agindo e que a apreensão do fenômeno cultural decorre da analise simbólica de sua dinâmica. O corpo como artefato hierarquizado se refere a problematização dos processos de ordenação e hierarquização social dos corpos.
Os estudos de cultura organizacional tem apontado para a possibilidade de se utilizar o corpo como meio de estudo das culturas, porem, em nenhuma pesquisa, o corpo foi utilizado de maneira central. Sobre as pesquisas de artefatos nas organizações, vimos que os estudos demonstram o caráter tangível e o intangível destes, mas que os que predominam são os estudos dos artefatos tangíveis. Junto com esse caráter de materialidade dos artefatos, os autores trazem a ideia de que estes são inanimados e, por isso, imóveis.

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