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Fichamento Filosofia do Direito, teoria do direito, dogmática jurídica KAUFMANN

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Universidade Federal de Alagoas – UFAL 
Faculdade de Direito de Alagoas – FDA 
 
Fichamento 
 
Disciplina: Filosofia do Direito 1 - Noturno 
Professor: Rosmar Antonni Rodrigues Cavalcanti de Alencar 
Aluno: José Cícero da Silva Júnior 
Fichamento: 
 
 KAUFMANN, Arthur. Filosofia do direito, teoria do direito, dogmática jurídica. In: 
Introdução à filosofia do direito e à teoria do direito contemporâneas. A. Kaufmann; W. 
Hassemer (orgs.). Tradução: Marcos Keel. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2009. 
p.25-46. 
 
 
1.1 Filosofia do Direito e dogmática jurídica (págs 25-27) 
“A filosofia do direito é um ramo da filosofia, não é um ramo da ciência do direito. Contudo, 
também não se pode encarar a filosofia do direito como uma classe especial dentro do gênero 
filosofia.” Kaufmann Pág. 25 
 
O autor defende que a distinção da filosofia do direito para outros ramos da filosofia não se da 
por efeito da primeira ser mais especial que as demais, mas sim, porque reflete sobre problemas 
jurídicos essenciais e problemas fundamentais, procurando desta forma uma resposta. Pág. 25 
 
O dogmático parte de pressupostos que assume como verdadeiros sem dispor de provas que 
atestem sua veracidade. É óbvio também que a filosofia do direito não pode operar sem nenhum 
pressuposto, contudo não pode se ater apenas a ele. 
 
Segundo o autor, a filosofia deve “adotar uma postura que transcenda os sistemas” pág. 26, que 
a filosofia deve tentar indagar aquilo que está por detrás dos pressupostos e problemas do 
sistema. Pois, não há nada na filosofia, e na filosofia do direito, que não possa ser problemático. 
 
“Entre a filosofia e a dogmática não existe uma relação de mais ou menos, de mais importante 
ou menos importante, mas uma relação de diferentes formas de ser. Por isso, uma não se 
substitui à outra.” Pág. 27 
 
 
 
1.2 O Âmbito da Filosofia do Direito (págs 27-29) 
“A teoria da ciência entende objeto material como objeto concreto do qual uma ciência se ocupa 
na totalidade. O objeto formal é a perspectiva específica a partir da qual a ciência investiga esse 
todo. Objeto formal é a marca distintiva de cada ciência, ao passo que o objeto material é comum 
a várias ciências. Assim, o Direito é objeto material comum a todas as disciplinas jurídicas – 
direito civil, direito público, direito administrativo, direito penal etc. – cujas especificidades estão 
contidas no respectivo objeto formal.” Pág. 27 
 
Segundo o autor, tem-se assistido recentemente ao crescente desdobramento dos objetos 
materiais em sucessivos objetos formais, o que conduziu à progressiva especialização das 
ciências. Esse processo trás consigo o perigo do estreitamento da perspectiva, que poderá 
passar a incidir sobre um campo disciplinar demasiado limitado. Pág. 28 
 
[...] “ A Filosofia não se preocupa com a particularidade, nem tão pouco com a multiplicidade das 
particularidades, mas com o todo, com o contexto, com o essencial.” Pág. 28 
 
A inexistência de um objeto material determinado da filosofia, em contraste com a existência de 
um objeto formal, leva a crer que a filosofia tenha um caráter de certo modo especulativo. 
 
O autor defende que diferente de uma ciência particular, o objetivo da filosofia só pode ser 
atingido, se é que pode ser atingido de alguma forma, através da confluência dos vários co-
filósofos, ou seja, através do discurso. 
[...] “ a filosofia requer interação, intersubjetividade, consenso e convergência.” Pág. 29 
 
 
1.3 Sobre as questões corretas na filosofia do Direito (págs 29-32) 
[...] “Qualquer que seja o problema que se coloque ao jurista, ele resulta, sem mais, do 
respectivo objeto formal.” 
“Na filosofia, na filosofia do direito, o problema põe-se de maneira diferente, a formulação 
metódica de perguntas não pode ser determinada pelo seu objeto, uma vez que, como foi dito, o 
nosso pensamento não consegue determinar o todo imediatamente, tendo que começar pelo 
singular, por uma parte do todo.” Pág. 30 
 
Para o autor, há uma diferença no número de perguntas propostos pelas ciências particulares, 
nas quais os números de problemas é, em princípio limitado, e o proposto pela filosofia. 
 
“O positivismo jurídico do século XIX teve uma tarefa manifestamente histórica; teve que 
recolocar o aspecto existencial do direito, o seu caráter positivo, no campo de visão. Contudo, 
após o terrível abuso do direito causado pelo pensamento positivista extremo do nosso século, é 
agora nossa missão descobrir algo de indisponível.” Pág. 31 
 
“Conhecimentos acerca de opiniões doutrinárias sobre a filosofia ainda não são filosofia; 
representam, na feliz expressão de Heidegger: quando muito, ciência da filosofia” Pág. 32 
 
1.4 Os erros do cientismo, do filosofismo e a forma errada de lidar com a filosofia (p 32-34) 
[...] “o filósofo do direito orientado exclusivamente para o jurídico, incorre no erro do cientismo, ou 
seja, cai na sobrevalorização da ciência (particular e dogmática), numa orientação parcial do 
pensamento jurídico-científico. Ele pretende responder aos problemas da filosofia do direito sem 
recorrer à filosofia e, na maioria dos casos, sem o conhecimentos filosóficos” Pág. 32 
 
Jaspers diz a esse respeito: “Quase todos se consideram com legitimidade para formular juízos 
sobre assuntos filosóficos. Enquanto se reconhece que, nas ciências, a aprendizagem, o ensino, 
o método condicionam a compreensão, em relação à filosofia ”reclama-se, sem mais, o direito de 
participar na discussão e de emitir opiniões. 
 
A modalidade mais característica deste cientismo jurídico evidenciou-se na teoria geral do direito, 
onde o especialista jurídico, tomando em mãos a tarefa de filosofar, quis, pois, transformar a 
filosofia do direito em “Filosofia dos Juristas”. O resultado na melhor das hipóteses é uma 
filosofia vulgar que talvez chegue, intuitivamente, a alguma conclusão acertada, mas que nada 
sabe de si própria. Em regra trata-se do mais trivial diletanismo. Pág. 32-33 
 
O filósofo do direito orientado apenas pela filosofia comete o erro oposto, ao não se preocupar 
com os problemas característicos do direito, com as perguntas que a ciência do direito dirige, 
aqui e agora, à filosofia. Pág. 33 
 
Um comportamento errado de um não filósofo consiste em pretender transpor pensamentos, 
teses, ou teorias filosóficas para seu próprio campo, isto é, em aplicar a filosofia como quem 
aplica uma receita, uma fórmula matemática. 
 
1.5 Filosofia do direito e teoria do direito (págs 34-36) 
[...] “a filosofia do direito está mais orientada para o conteúdo, enquanto a teoria do direito se 
preocupa mais com a forma; contudo, isto acaba por não servir de base a uma distinção clara, 
uma vez que não existe conteúdo sem forma, nem tão pouco forma sem conteúdo.” 
[...] “a teoria do direito só se distingue da filosofia do direito pelo seu motivo: o que está em causa 
é a emancipação face à filosofia; o jurista quer responder às questões filosóficas do direito, 
através de uma espécie de filosofia dos juristas” Pág. 34-35 
 
Deve-se ter em mente também que originalmente todas as ciências naturais estavam ligadas à 
filosofia. 
 
“No fundo, qualquer questão jurídica pode ser discutida num plano filosófico. Isto não invalida, 
porém, que os direitos reais, o direito das sucessões, o direito penal, o direito internacional etc, 
se tenham, entretanto, tornado disciplinas autônomas.” Pág. 36 
 
[...] “até hoje, não existe nenhum critério que permita estabelecer as fronteiras entre a teoria do 
direito e a filosofia do direito. Apesar de tudo, pode observar-se alguma diferença na escolha dos 
núcleos: na teoria do direito, o interesse recai mais sobre os momentos formaise estruturais, 
centrando-se, na filosofia do direito mais estritamente no conteúdo.” Pág. 36 
 
1.6 Origens da filosofia e da filosofia do direito (págs 36-46) 
Jaspers revelou a existência de três origens principais da filosofia: o espanto, a dúvida e a 
comoção. Correspondentemente, existem três disciplinas basilares na filosofia: a ontologia, a 
teoria do conhecimento e a filosofia da existência. Pág. 37 
 
[...] “a ontologia é uma filosofia baseada na confiança do ser, parte do princípio de que alguma 
coisa é, que existe independentemente do nosso pensamento. Pág. 37 
 
“A atitude face ao mundo altera-se quando se começa a filosofar com a dúvida. O olhar não se 
dirige às coisas tal qual elas se apresentam, mas ao sujeito pensante. A consciência, não o ser, 
é a origem. O ser é qualificado como um produto da consciência. O home torna-se a medida de 
todas as coisas, como já ensinava Protágoras. A filosofia torna-se absolutamente subjetivista, 
torna-se filosofia da consciência.” Pág. 39 
 
„‟A terceira fonte do filosofar é a comoção existencial, que se apodera do homem, quando 
confrontado com as situações-fronteira da existência, nas quais experimenta o limite do seu ser, 
o caráter não definitivo do seu mundo cotidianamente preocupado: culpa, doença, morte, guerra, 
epidemias, desmoronamento de culturas, declínio de povos [...]‟‟ Pág. 40 
 
“[...] filosofia da existência: ela exorta o homem a resistir ao impulso da fuga para um mero 
vegetar incaracterístico, na medida em que ele se decide pelas suas próprias possibilidades e, 
deste modo, atinge a realização de si próprio. Pág. 40 
 
Radbruch afirmou uma vez que só o jurista com a consciência pesada, só aquele jurista que em 
cada instante de sua vida profissional tem plena consciência tanto da necessidade como do 
caráter profundamente questionável da sua profissão seria um bom jurista. 
 
O positivista vê apenas a lei, fecha-se perante qualquer momento supralegal do direito e, por 
isso, é impotente face a qualquer perversão do direito pelo poder político. [...] O jusnaturalista 
valoriza pouco a lei positiva, apostando em normas pré-concebidas. Pág. 41 
 
A velha concepção substantivo-ontológica e objetivista do direito é errada. O direito não é um 
objeto como as árvores e as casas. O direito é pelo contrário, a estrutura das relações nas quais 
os homens estão uns perante os outros e perante as coisas. Em vez de uma ontologia da 
substância, deve desenvolver-se uma ontologia das relações. Pág. 42 
 
Também deve ser evitado o extremo da filosofia existencialista na versão de Jean-Paul Sartre, 
segundo a qual o homem constrói a sua própria moral, bem como o extremo do funcionalismo no 
sentido que lhe é dado por Niklas Luhmann, para o qual o direito só surge e se legitima através 
do procedimento. Pág. 43

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