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Profa.Raissa Fontelas R. Gambi CIÊNCIA E SOCIEDADE AULA 14/03/12 Nascimento da chamada ciência moderna Contextualização do período: organização polít ica, econômica, social e cultural e implicações para o pensamento Características da ciência moderna no período da sua constituição e principais cientistas Objetivo: de forma coerente com a proposta do curso, apresentar o desenvolvimento da ciência moderna de forma contextualizada, analisando o seu surgimento no período de transição da Idade Média para a Moderna. ITINERÁRIO E OBJETIVO Ciência Moderna surgimento no século XVI e XVII (Revolução Científica) Revolução Científica – mudanças profundas na cosmologia (visão de mundo) e no método científico (secularização do conhecimento) reúne os triunfos intelectuais da física e da astronomia nos séculos XVI e XVII prática da ciência passa a ser cada vez mais secular e progressista contestação da visão de mundo vigente paradoxo: ao mesmo tempo que deslocou o ser humano do centro do universo (heliocentrismo) abriu caminho para a crença praticamente inabalável da capacidade humana confiança na possibilidade de conhecer e dominar a natureza contexto de profundas transformações políticas, econômicas, sociais e culturais CIÊNCIA MODERNA Processo longo coexistência de características dos dois momentos históricos Organização política descentralização feudal substituída pelo Estado Nacional centralizado e unificado (absolutismo) concentração de poderes nas mãos dos reis Organização econômica Feudalismo Capitalismo Terra Capital TRANSIÇÃO PARA A IDADE MODERNA Unidade econômica e política – feudo (autosuficiente) aldeias autárquicas rei possuía poderes limitados Base econômica – terra Igreja – grande influência (centralizada e hierarquizada) detinha as faculdades de escrita e leitura controle da produção do conhecimento ideias religiosas – absolutas e inquestionáveis procedimentos metodológicos – baseados na autoridade e não na experimentação e observação principais problemas – ligados à vida espiritual e à justificação do cristianismo IDADE MÉDIA (SÉCULO V A XV) FEUDO MEDIEVAL Universidades criadas no século XII, mas voltadas para o ensino clássico maiores avanços na área da teologia e da filosofia universidades de Paris, Oxford e Bolonha predomínio da religião textos bíblicos = considerados a fonte da autoridade científica as descobertas tinham que estar inscritas nestes textos currículos estruturados com base na obra de Aristóteles atitude contemplativa em relação ao mundo (criado por Deus) e não de controle IDADE MÉDIA Cidades crescente importância (excedente de produção, Cruzadas) baseada no comércio e no trabalho artesanal impulso para inovações em função do contato com outras culturas (principalmente orientais) fortalecimento de uma nova classe social – a burguesia Crescimento das Cidades = Crescimento do Comércio IDADE MÉDIA BURGO MEDIEVAL Fonte: maquete do Morro da Sé da cidade do Porto - Portugal Produção Econômica sistema doméstico artesão possui múltiplas funções domina o ofício propriedade dos meios de produção produz objetos “humanizados” sistema de manufatura reunião de trabalhadores num mesmo local execução de trabalho coordenado parcelamento das tarefas não há a propriedade dos meios de produção produtividade restrita pelos limites humanos figura do intermediário produz mercadorias “impessoais” TRANSIÇÃO PARA A IDADE MODERNA Produção Econômica Processo de passagem do sistema doméstico para a manufatura transformação das ferramentas de trabalho em máquinas perda do controle do processo de trabalho fragmentação do trabalho do Mestre Artesão = 5 em 1 comprava matéria (negociante) trabalha a matéria-prima (fabricante) podia ter ajudantes (empregador) supervisão do trabalho (supervisor) venda da matéria-prima (comerciante) “desumanização” dos objetos TRANSIÇÃO PARA A IDADE MODERNA TRANSIÇÃO PARA A IDADE MODERNA E o pensamento? transição: às mudanças políticas, econômicas e sociais se soma a transformação das ideias e do pensamento passagem da visão de mundo do camponês para o comerciante a referência não é mais a aldeia observação do mundo se torna cada vez mais “fria” e desterritorializada importância do domínio e do controle sobre o meio Rompimento com a visão medieval do mundo, mas qual é esta visão? Visão de mundo medieval é a do camponês impregnada de misticismo há pouca mobilidade e o mundo se resume às aldeias autárquicas foco nas relações entre Deus e os homens produção do conhecimento – fé e contemplação mundo “humanizado” – os objetos carregam vida e história a natureza não é algo separado tempo cíclico (as coisas se repetem) tudo possui seu lugar definido representação do mundo é particular, não é transportável IDADE MÉDIA Visão de mundo medieval x Visão de mundo moderna contraposição entre o camponês e o comerciante Para o camponês: aldeia = familiaridade (é o limite) mundo – não se domina, insere-se objetos, natureza: parte de um mesmo todo Para o comerciante mundo = estranhamento ser sem raízes o que carrega consigo é sua interioridade mundo exterior passa a ser compreendido como um objeto casas burguesas = menos abertas (valorização da privacidade) TRANSIÇÃO PARA A IDADE MODERNA TRANSIÇÃO PARA A IDADE MODERNA Visão de mundo medieval Visão de mundo moderna Foco nas relações Deus/homem Foco nas relações homem/natureza Universo Estático, finito e fechado Universo aberto, indefinido e infinito Distinção entre o céu e a terra Indistinção entre céu e terra (guiados pelas mesmas leis) Qualidades não passíveis de mensuração matemática (predomínio da lógica) Existência de leis universais, apreensíveis e passíveis de mensuração matemática Produção do conhecimento por meio da fé e da contemplação Produção do conhecimento por meio do empirismo e do racionalismo Transgressão da ordem = transgressão de algo sagrado Transgressão da ordem = progresso Associada ao domínio da Igreja Associada ao domínio da burguesia Desenvolvimento de uma nova mentalidade científica expressão máxima: Galileu Galilei pensamento pode ser lógico e enquadrado no bom senso sem ser necessariamente verdadeiro por isso a necessidade da experimentação (observação dos fatos em si) Exemplo: queda dos corpos para Aristóteles: a velocidade de queda de um corpo é proporcional ao seu peso. para Galileu, o peso não deveria ter qualquer influência na velocidade de queda. demonstração do enunciado por meio de um experimento IDADE MODERNA “Do mesmo modo que, para o comerciante, todos os objetos se tornam mercadorias e são reduzidos a esse equivalente geral, que é a moeda, assim também para os cientistas, tudo se tornará mensurável e o mundo transformar-se-á em cifras, perdendo a sua particularidade e tornando-se a mera expressão de leis absolutamente gerais.” (FOUREZ, 1995:166) CIÊNCIA MODERNA Inversão importante no pensamento argumentações lógicas passam a ser substituídas pela observação dos fatos em si mesmos valorização dos sentidos em contraposição à ênfase do período anterior no pensamento nova atitude perante a realidade questionamento da autoridade do período anterior objetividade: relacionada a uma forma de observar o mundo (visão dos comerciantes) – permite uma representação do mundo compartilhada IDADE MODERNA Galileu Galilei (séculos XVI e XVII) um dos protagonistas da revolução do conhecimento perseguido pela Santa Inquisição– conflito com a Igreja luta entre as concepções de mundo geocêntrica e a heliocêntrica elaboração da 1ª lei da física clássica – a da queda dos corpos rompimento com a ideia aristotélica de céu e terra qualitativamente diferentes problemas físicos concebidos em termos matemáticos TRANSIÇÃO PARA A IDADE MODERNA Embates com a Igreja Católica fundamentados no questionamento da autoridade (mais que no conteúdo em si) relacionados ao poder renovação de valores (importância do pensamento científico) crescente autonomização dos estudos da natureza Tribunais da Inquisição manutenção do controle Feiticeiras e magos Cientistas TRANSIÇÃO PARA A IDADE MODERNA Revolução Científica geração de novos conhecimentos, mas também de muita incerteza (...) o homem sente-se perdido num mundo que se tornou incerto. Mundo onde nada é seguro. E onde tudo é possível. KOIRÉ, 1986 apud ANDERY et al, 2001:201) Busca de certezas: fé, experiência (Bacon) e a razão (Descartes) IDADE MODERNA Francis Bacon (século XVI e XVII) – empirismo defesa da ciência com aplicação prática (contraposição ao saber mais contemplativo) aprimoramento do domínio do homem sobre a natureza conhecimento: somente existe pela via empírica e experimental e não pela especulação Fonte do conhecimento é a experiência sensível (define e controla a própria razão Modelo de conhecimento: ciências experimentais, como a química e a física TRANSIÇÃO PARA A IDADE MODERNA Descartes (século XV e XVI) – racionalismo produção de conhecimento (busca da verdade) por meio da razão divisão radical entre a matéria (inerte) e o espírito (pensamento) fenômenos físicos – movimentos da matéria foco é o estudo das leis mecânicas importância da utilização de regras metodológicas e da ordenação conhecimento: possibilita o controle da natureza desconfiança em relação à experiência dos sentidos fonte do conhecimento é a razão (a produção de conhecimento, relacionada à experiência sensível, depende de princípios, regras definidas pela razão) modelo de conhecimento: a matemática TRANSIÇÃO PARA A IDADE MODERNA Ciência moderna – no seu início estruturada em torno da física predomínio das ciências naturais importantes contribuições de Galileu, Bacon e Descartes procuraram demonstrar as dimensões matemáticas e geométricas dos fenômenos representação objetiva do mundo mundo regido por leis universais e determinísticas tudo é mensurável somente um conhecimento verdadeiro separação entre natureza e ser humano conhecer = quantificar IDADE MODERNA
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