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Resenha do texto de Maria Cecilia Londres Fonseca

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Resumo do texto de Maria Cecilia Londres Fonseca:
Maria Cecilia Maria Cecília Londres Fonseca em sua narrativa trás uma visão mais específica, relativa ao grupo ao qual fez parte o CNRC, do processo preservação do patrimônio cultural brasileiro, os processos apontados por ela são relacionados a trajetória do grupo em questão, e da sua experiência. Ela também cita Mario de Andrade, para se referir à diversidade do patrimônio cultural do Brasil, mais não questiona a divisão do patrimônio material e imaterial, sita-o apenas para introduzir a noção de referência cultural já utilizada na CNRC como uma postura inovadora em relação a noção de patrimônio histórico e artístico, e como base para a abertura do campo do patrimônio cultural no Brasil. Defende esta noção, com o objetivo de contribuir na regulamentação a respeito da preservação do patrimônio imaterial, uma vez que o tombamento como instrumento restritivos seria inadequado. 
Referencial cultural segundo a autora, seria o valor atribuído por determinados grupos sociais à elementos significativos a eles, onde os grupos sociais operariam em uma “ressemantização” desses elementos, relacionando-os a uma representação coletiva onde cada membro do grupo se identifique. Maria Cecília diz que o caminho para isso é possível, que pressupõe a criação de espaços públicos para a participação popular e para as tomadas de decisões , com a participação dos intelectuais, Estado e sociedade para definir o que deve ser preservado. Diz que a partir dos anos 70, o eixo do problema da preservação deslocou de uma esfera técnica para um campo onde a negociação política tem exercido seu papel , e que nos anos 90 isso não é uma utopia. 
 	Ainda nos dias de hoje essa negociação política não é muito clara, é comum determinados bens culturais, classificados por uma determinada agencia do Estado como patrimônio, não encontrar respaldo ou reconhecimento junto aos setores da população. Hoje em dia a força do mercado influencia e manipula as escolhas. 
Fonseca aponta para o momento de surgimento de criticas com uma nova visão para as PRATICAS QUE NÃO SE ENQUADRAVAM na concepção tradicional de patrimônio cultural. 
Surgindo ao final do anos 70, a principal critica pautava-se na impossibilidade do INSTRUMENTO do tombamento dar conta da amplitude de visões e interesses relativos aos bens culturais. A noção de referencia cultural que surge no brasil nos finais dos anos 70 começa a impactar no sentido de aproximar as ações de patrimonialização no Brasil das novas reflexão sobre a cultura jÁ presente na antropologia e na historia. A ideia é valorizar os sujeitos e seus olhares para os bens, os entendendo como pertencentes a sociedade heterogenias. PROPUNHA-SE ENTÃO DEIXAR DE PENSAR O VALOR COMO SENDO INTRÍNSECO AO BEM, MAS SIM NA RELAÇÃO DESTES BENS COM SEU DENTENTORES. 
Maria Cecília Londres Fonseca (1996), por sua vez, analisando a trajetória do IPHAN desde a saída de Rodrigo Melo Franco de Andrade, em 1967, até 1990, dis ngue-a em dois momentos: um ao longo da década de 1970, marcado pela apresentação da a vidade preservacionista sobre os patrimônios culturais como compa vel com o desenvolvimento do país; e outro pari pasu à chamada “distensão” no regime civil-militar, marcado pela atuação de Aloísio Magalhães e que buscaria nas ideias de par cipação da comunidade “os recursos para legi mar uma polí ca cultural que se queria democrá ca” (FONSECA, 1996, p. 154). Ainda segundo a autora, a atuação do órgão era considerada inadequada aos novos tempos pretendidos pela administração federal, em que deviam ser compa bilizadas a gestão patrimonial e o desenvolvimento socioeconômico do país. Por outro lado, também parte da intelectualidade da época via a atuação do órgão como sendo “eli sta, pouco representa va da pluralidade cultural brasileira, e alienada em relação aos problemas fundamentais do desenvolvimento nacional” (FONSECA, 1996, p. 155). 
É neste contexto que, em 1975, é criado o Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), no Ministério da Indústria e Comércio. Segundo Márcia Chuva (2012) o Centro, sob a liderança do designer Aloisio Magalhães, não trabalhava com a noção de patrimônio cultural, mas de bem cultural. O CNRC propunha, segundo Fonseca (1996), uma associação entre cultura e desenvolvimento que se coadunava aos parâmetros fornecidos pelos Planos Nacionais de Desenvolvimento dos governos militares e trazia consigo a proposta de iden car um “sistema referencial básico a ser empregado na descrição e na análise da dinâmica cultural brasileira” (SPHAN/PRÓ-MEMÓRIA, 1980, p. 23). 
O CNRC promoveu levantamentos socioculturais, inventários de padrões de tecelagem manual e de trançado indígena, debates sobre a questão da propriedade intelectual de processos culturais cole vos, a discussão sobre legislação e polí cas públicas sobre produtos artesanais e programas de fomento à a vidade. Essa movimentação ao longo dos anos produziu a ampliação da concepção sobre os patrimônios e bens culturais e a complexidade da atuação do Estado na sua proteção. É neste contexto de ampliação conceitual e polí ca que, em 1985, o IPHAN tombou a Serra da Barriga, em Alagoas, onde se localizaram os quilombos de Palmares e, em 1986, foi tombado o Terreiro da Casa Branca, na Bahia, um dos mais importantes e an gos do candomblé. 
Segundo Cecília Londres Fonseca (2000), a perspec va das referências culturais veio deslocar o foco dos bens em si e seus atributos esté cos e es lís cos para a dinâmica de atribuição de sen dos e valores, marcando uma nova postura em relação à noção de patrimônio cultural. 
A autora lembrará ainda que a noção de referência cultural será u lizada, sobretudo, numa perspec va que enfa za a diversidade cultural do país, tanto da produção material quanto dos sen dos e valores atribuídos pelos diferentes segmentos formadores da sociedade brasileira. Assim, os emblemá cos tombamentos do terreiro de Casa Branca e da Serra da Barriga, além das ações do CNRC, somadas a uma efe va ar culação dos movimentos sociais ao longo do processo de redemocra zação do país, contribuíram para que, na Cons tuição Federal de 1988, o ar go 215 estabelecesse que: “o Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras e das de outros grupos par cipantes do processo civilizatório nacional”.

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