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UFGD SISTEMAS DE INFORMAC¸A˜O Disciplina: Matema´tica Discreta Professor : Lino Sanabria Relac¸o˜es de Equivaleˆncia 1 Preliminares Definic¸a˜o .1 : Dado um conjunto A, definimos o conjunto das partes de A, como sendo ℘(A) := {B ∣∣∣B ⊂ A}, o conjunto dos subconjuntos de A. Exerc´ıcio .2 Determtine ℘(A) nos seguintes casos: 1. A = ∅ 2. A = {a} 3. A = {a, b} 4. A = {a, b, c} 5. A = {{a, b}, c} 6. A = {{a, c}, c} Definic¸a˜o .3 Dados conjuntos A e B definimos o produto cartesiano de A por B, pondo: A×B := {(x, y) ∣∣∣x ∈ A e y ∈ B}, 1 Exerc´ıcio .4 Sejam A = {1, 2} e B = {a, b}. Determine: 1. A×B 2. ℘(A×B) 3. ℘(A) e ℘(B) 4. ℘(A)× ℘(B) Notac¸a˜o .5 Denotaremos por #A o nu´mero de elementos do conjunto A, sempre que A for um conjunto finito. Proposic¸a˜o .6 Seja A um conjunto finito. Enta˜o: • #℘(A) = 2#A • #A× A = (#A)2 Exerc´ıcio .7 Seja A um conjunto finito. Quantos sa˜o os subconjuntos de A× A ? 2 Relac¸o˜es Definic¸a˜o .8 Uma relac¸a˜o em um conjunto A na˜o vazio, e´ qualquer subconjunto de A× A. Exemplo .9 Se A = {a}, enta˜o A×A = {(a, a)}. Segue da´ı que existem apenas duas relac¸o˜es em A, a saber: R0 = ∅ e R1 = {(a, a)}. Exemplo .10 Sendo A = {0, 1}, temos A × A = {(0, 0), (0, 1), (1, 0), (1, 1)}, e da´ı os seus subconjuntos sa˜o: R0 = ∅ R1 = {(0, 0)} R2 = {(0, 1)} R3 = {(1, 0)} R4 = {(1, 1)} R5 = {(0, 0), (0, 1)} R6 = {(0, 0), (1, 0)} R7 = {(0, 0), (1, 1)} R8 = {(0, 1), (1, 0)} R9 = {(0, 1), (1, 1)} R10 = {(1, 0), (1, 1)} R11 = {(0, 0), (0, 1), (1, 0)} R12 = {(0, 0), (0, 1), (1, 1)} R13 = {(0, 0), (1, 0), (1, 1)} R14 = {(0, 1), (1, 0), (1, 1)} R15 = {(0, 0), (0, 1), (1, 0), (1, 1)} 2 Notac¸a˜o .11 Quando (x, y) ∈ R dizemos que x esta´ relacionado com y e escrevemos xRy. Caso contra´rio, escrevemos x ∣∣∣Ry. Exemplo .12 Continuac¸a˜o do exemplo 1.10. 1. (1, 1) ∈ R4, logo podemos escrever 1 R41. 2. (1, 1) /∈ R8, logo podemos escrever 1 ∣∣∣R 8 1. Observac¸a˜o .13 (Sobre especif´ıcac¸a˜o de conjuntos) Lembrando que A = {0, 1}, podemos es- pecif´ıcar o conjunto R8 de va´rios modos, a saber: R8 = {(0, 1), (1, 0)} = {(x, y) ∈ A × A ∣∣∣x + y = 1} = {(x, y) ∈ A × A∣∣∣x + y e´ ı´mpar} = = {(x, y) ∈ A× A ∣∣∣x 6= y} Observe ainda que poderiamos ter, solicitado o conjunto R8, atrave´s da relac¸a˜o, isto e´, dizendo xR8y ⇐⇒ x+ y = 1. Exerc´ıcio .14 Seja A um conjunto finito. Quantas sa˜o as relac¸o˜es em A ? Exerc´ıcio .15 Sejam A = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10} e R = {(x, y) ∣∣∣x|y}. Responda se e´ falso ou verdadeiro. Justifique sua resposta. 1. 2R3 2. 3R6 3. 4R10 4. 8R8 5. 1Rx, [∀x, x ∈ A] 6. 2Rx, [∀x, x ∈ {2, 4, 6, 8}] Exerc´ıcio .16 Sejam A = Z e R = {(x, y) ∣∣∣x ≤ y}. Responda se e´ falso ou verdadeiro. Justifique sua resposta. 1. {(x, x) ∣∣∣x ∈ Z} ⊆ R 3 2. {(x, x+ 1) ∣∣∣x ∈ Z} ⊆ R 3. xRx, [∀x, x ∈ Z] 4. Existe (x, y) ∈ R tal que (y, x) ∈ R. Definic¸a˜o .17 Uma relac¸a˜o R, em um conjunto A, e´ reflexiva se: (x, x) ∈ R, para todo x ∈ A Definic¸a˜o .18 Uma relac¸a˜o R, em um conjunto A, e´ sime´trica se: (y, x) ∈ R, sempre que (x, y) ∈ R Definic¸a˜o .19 Uma relac¸a˜o R, em um conjunto A, e´ transitiva se: (x, z) ∈ R, sempre que (x, y) ∈ R e (y, z) ∈ R Definic¸a˜o .20 Uma relac¸a˜o R, em um conjunto A, e´ dita relac¸a˜o de equivaleˆncia se for reflexiva, sime´trica e transitiva. Exerc´ıcio .21 Para as relac¸o˜es no conjunto A = {0, 1}, dadas anteriormente, determine quais sa˜o: • Reflexivas. • Sime´tricas. • Transitivas. • Reflexivas e Sime´tricas. • Reflexivas e Transitivas. • Sime´tricas e Transitivas. • Relac¸o˜es de equivaleˆncia. 4 Exerc´ıcio .22 A = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}. Seja R = {(a, b) ∈ A × A ∣∣∣a e´ divis´ıvel por b}. Pergunta-se : • R e´ reflexiva? • R e´ sime´trica? • R e´ transitiva? • Relac¸a˜o de equivaleˆncia? Definic¸a˜o .23 Seja R uma relac¸a˜o de equivaleˆncia em um conjunto A, definimos a classe de um elemento a ∈ A, e denotamos por a, como sendo o conjunto dos elementos de A que se relacionam com a, isto e´: a := {b ∈ A ∣∣∣bRa} Exemplo .24 A = Z = {. . . ,−3,−2,−1, 0, 1, 2, 3, . . . }. Defina uma relac¸a˜o em A, da seguinte forma: aRb ⇐⇒ 7|b− a 1. Verifique que R e´ uma relac¸a˜o de equivaleˆncia. (a) R e´ reflexiva. xRx, para todo x ∈ Z, pois 7|x− x. (b) R e´ sime´trica. Se xRy, enta˜o 7|x− y, logo, 7|y − x e portanto yRx (c) R e´ transitiva. Se xRy e yRz, enta˜o 7|x − y e 7|y − z, logo, 7|x − y + y − z, ou seja 7|x− z e portanto xRz 2. a := {b ∈ A|bRa} = {b ∈ A|b− a e´ mu´ltiplo de 7}. Mostre que a := {a+ 7n|n ∈ A}. x ∈ a ⇐⇒ xRa ⇐⇒ x− a = 7n, para algum n ⇐⇒ x = a+ 7n, para algum n ⇐⇒ x ∈ {a+ 7n|n ∈ A}. 3. Segue do item anterior que A/∼ = {a|a ∈ A} = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6}, que denotamos por Z7. 4. Defina a+ b := a+ b e a · b := a · b 5. Resolva a equac¸a˜o 5x+ 3 = 6 em Z7. 5 Congrueˆncias No´s ja´ sabemos que a soma de dois nu´meros pares, ou dois nu´meros ı´mpares, e´ par, e a soma de um nu´mero par com um nu´mero ı´mpar e´ ı´mpar, podemos representar isto atrave´s de uma tabela, da seguinte forma: + p i p p i i i p De modo analogo, temos, para o produto: · p i p p p i p i Estas observac¸o˜es elementares sa˜o suficientes para responder a questo˜es na˜o triviais, por exemplo: Questa˜o: Existe soluc¸a˜o inteira para a equac¸a˜o x5 + 11111x+ 111 = 0 ? Dado um nu´mero inteiro a, este sera´ par ou ı´mpar. Se a for par, enta˜o a5 + 11111a+ 111 sera´ ı´mpar. Se a for ı´mpar, tambe´m a5 + 11111a+ 111 sera´ ı´mpar. Portanto a equac¸a˜o acima na˜o possui soluc¸a˜o inteira. Este tipo de argumento pode ser generalizado, com a introduc¸a˜o do conceito de congrueˆncia. Seja N um inteiro maior do que 1. Definic¸a˜o: a ≡ b(mod N) ⇐⇒ N | a− b. a ≡ b mod N leˆ-se “a e´ congruente a b mo´dulo N”. Exemplos: 3 ≡ 1 (mod 2) pois 2 | 3− 1 8 6≡ 3 (mod 2) pois 2|6 8− 3 27 ≡ 3 (mod 8) pois 8 | 27− 3 6 Observe que a e´ congruente a b mo´dulo N se a− b for mu´ltiplo de N. Afirmo: Se a ≡ b (mod N) enta˜o o resto da divisa˜o de a por N e´ igual ao resto da divisa˜o de b por N. Prova Pelo algoritmo da divisa˜o, temos: a = q1N + r1 e b = q2N + r2, onde 0 ≤ r1 ≤ N e 0 ≤ r2 ≤ N . Podemos supor que r1 ≥ r2, da´ı a− b = (q1− q2)N + (r1− r2), como 0 ≤ r1− r2 ≤ N , segue da unicidade, no algoritmo da divisa˜o, que r1 − r2 e´ o resto da divisa˜o de a − b por N . Por outro lado, sabemos que a − b e´ divis´ıvel por N, portanto r1 = r2. Observac¸a˜o 1: Todo nu´mero inteiro a e´ congruente a si mesmo mo´dulo N, pois N | a− a. Observac¸a˜o 2: Se a e´ congruente a b mo´dulo N, enta˜o b e´ congruente a a mo´dulo N, pois se a− b e´ divis´ıvel por N, b− a tambe´m o e´. Observac¸a˜o 3: A congrueˆncia e´ transitiva, isto e´, se a ≡ b (mod N) e b ≡ c (mod N), enta˜o a ≡ c (mod N). De fato, segue da definic¸a˜o que N | a− b e N | b− c, logo N | (a− b) + (b− c), isto e´, N | a− c. Resumindo: 1. a ≡ a (mod N), para todo inteiro a 2. Se a ≡ b (mod N) enta˜o b ≡ a (mod N) 3. Se a ≡ b (mod N) e b ≡ c (mod N), enta˜o a ≡ c (mod N) Agora a discussa˜o inicial sobre operac¸o˜es com nu´meros pares e ı´mpares pode ser reformulada em termos de congrueˆncia (mod 2). Dado um nu´mero inteiro a, se a e´ par, enta˜o a = 2n, logo 2 | 2n − 0, portanto a ≡ 0 (mod 2), e se a e´ ı´mpar, enta˜o a = 2n + 1, logo 2 | (2n + 1) − 1, portanto a ≡ 1 (mod 2). Tome a = 38731431 e b = 25538, como a e´ par e b e´ ı´mpar, temos: a ≡ 1 (mod 2) e b ≡ 0 (mod 2) Apenas lembrando da tabela do in´ıcio e que a e´ par e b e´ ı´mpar, podemos concluir que: a+ b ≡ 1 + 0 (mod 2) e a · b ≡ 1 · 0 (mod 2). 7 Este exemplo sugere que podemos operar elementos congruentes de modo analogo ao que fazemos com igualdades, de fato, temos o seguinte: Teorema Se a ≡ x (mod N) e b ≡ y (mod N), enta˜o: 1. a+ b ≡ x+ y (mod N) 2. a · b ≡ x · y (mod N) Demonstrac¸a˜o: 1. Porhipo´tese N | a−x e N | b−y, portanto N | (a−x)+(b−y), isto e´, N | (a+b)−(x+y), ou seja, a+ b ≡ x+ y (mod N). 2. N divide qualquer combinac¸a˜o linear de (a−x) e (b−y), em particular, divide a·b−x·y = b · (a− x) + x · (b− y) Aplicac¸a˜o: ( Em pequenos passos ) 1. E´ claro que 10 ≡ 1 (mod 9). 2. Enta˜o, pelo teorema, 10 · 10 ≡ 1 · 1 (mod 9), isto e´, 102 ≡ 1 (mod 9). 3. Por induc¸a˜o podemos concluir que 10n ≡ 1 (mod 9), ∀n ∈ IN . 4. Se um nu´mero a e´ da forma an · 10n enta˜o a ≡ an · 1 (mod 9), isto e´ a ≡ an (mod 9). 5. Exemplo: a = 8000000 = 8 · 106, logo, a ≡ 8 (mod 9). b = 6000 = 6 · 103, logo, b ≡ 6 (mod 9). 8006000 = a+ b ≡ 8 + 6 (mod 9), isto e´, 8006000 ≡ 8 + 6 (mod 9) 6. Generalizando: Seja a = an · 10n + an−1 · 10n−1 + · · · + a1 · 101 + a0, enta˜o, segue do teorema e das observac¸a˜oes acima que: an · 10n + an−1 · 10n−1 + · · ·+ a1 · 101 + a0 ≡ an + an−1 + · · ·+ a1 + a0 (mod 9). 7. Conclusa˜o: um nu´mero inteiro e´ congruente mo´dulo 9 a soma dos seus d´ıgitos (na base 10). 8 8. Exemplo: 355431 = 3 · 105 + 5 · 104 + 5 · 104 + 4 · 103 + 3 · 10 + 1 Logo 355431 ≡ 3 + 5 + 5 + 4 + 3 + 1 (mod 9). Isto e´ 355431 ≡ 21 (mod 9). 9. Continuando. Pelo mesmo motivo... 21 ≡ 2 + 1 (mod 9), istoe´ 355431 ≡ 3 (mod 9). 9
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