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FEDERAL CONCURSOS Pedro Arlindo de Moura AÇÕES POSSESSÓRIAS NO PROCESSO CIVIL ANFIA ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL São Paulo - SP 2017. Pedro Arlindo de Moura AÇÕES POSSESSÓRIAS NO PROCESSO CIVIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de direito da FEDERAL CONCURSO – Faculdade de direito, como requisito para a obtenção do título de Especialista em DIREITO PROCESSUAL CIVIL. São Paulo - SP 2017. DEDICATÓRIA A minha família, em especial, aos meus irmãos, aos meus filhos, À minha mãe Maria Mendes de Moura, ao meu Pai José Bina de Moura e minha esposa Juliana Pereira Rodrigues. Dedico aos profissionais do direito que a cada dia dão suas vidas em busca de garantir os serviços essenciais à justiça. AGRADECIMENTOS Neste momento rico e complexo não posso deixar de agradecer em primeiro lugar a Deus por ter sido o porto mais seguro durante a caminhada que muitas vezes fora cheia de pedras e espinhos. A meus pais José Bina e Maria Mendes por conceder-me o dom da vida com sabedoria e discernimento, pois apesar da distancia em nenhum momento deixaram de me apoiar, preocupar, incentivar, acompanhar-me durante todo processo de minha formação, a meus filhos por também me concederem o suporte com a compreensão. Ao professor Marcelo Soares que deixou a saudade do tempo em que convivemos pelo seu jeito profissional de ser mestre e servirá de espelho durante a jornada. Por fim, agradeço a minha esposa Juliana Pereira Rodrigues e a seus familiares por também me apoiarem durante o processo de formação. EPIGRAFE "... não é fácil ser bom, pois em todas as coisas é difícil encontrar o meio-termo. Por exemplo, (...) qualquer um pode encolerizar-se, dar ou gastar dinheiro - isso é fácil; mas fazê-lo a pessoa que convém, na medida, na ocasião, pelo motivo e da maneira que convém, eis o que não é para qualquer um e tampouco fácil. Por isso a bondade tanto é rara como nobre e louvável." Autor: Aristóteles RESUMO Moura, Pedro Arlindo de. Trabalho de Conclusão do Curso de Pós Graduação em Direito Processual Civil. 2017. Ações possessórias no processo civil. Curso FEDERAL CONCURSOS. O trabalho oferecido para conclusão do curso de pós-graduação em direito processual civil procura harmonizar a ação possessória no processo civil brasileiro, assinalando que o instituto dessa modalidade pelo Direito processual civil brasileiro é vista de forma positiva, permitindo e até mesmo garantindo a presença dos advogados na tramitação de processos judiciais. Versou em estudos dessa modalidade. Também, procura com o trabalho, conceitos, estudo das características, o que se percebeu as espécies e modelos. Palavras-chave: Ação possessória. Processo civil. SUMMARY Moura, Pedro Arlindo de. Conclusion of the Postgraduate Course in Civil Procedural Law. 2017. Possessory actions in civil proceedings. Course FEDERAL COMPETITIONS. The work offered to complete the postgraduate course in civil procedural law seeks to harmonize the possessory action in the Brazilian civil process, noting that the institute of this modality by Brazilian civil procedural law is seen in a positive way, allowing and even guaranteeing the presence of Lawyers in the processing of legal proceedings. He went on studies of this modality. Also, search with work, concepts, study of characteristics, what was perceived species and models. Keywords: Possessional action. Civil lawsuit. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10 1. ASPECTOS PROCESSUAIS DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS .................. 11 1.1 Aspectos das disposições gerais.............................................................11 1.2 Aspectos da manutenção e da reintegração de posse............................13 1.3 Aspectos do interdito proibitório...............................................................16 2. CONCEITO ................................................................................................. 17 2.1 Ações possessórias ............................................................................. 17 2.2 Possuidor ............................................................................................. 18 3. CARACTERÍSTICAS DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS ............................... 18 3.1 Princípio da fungibilidade ..................................................................... 18 3.2 Cumulação de pedidos......................................................................... 19 3.3 Natureza dúplice das ações possessórias ........................................... 20 4. ESPÉCIES DE AÇÕES POSSESSÓRIAS ................................................ 22 4.1 Ação de reintegração de posse ............................................................... 22 4.2 Ação de manutenção de posse ............................................................... 22 4.3 Ação de interdito proibitório ..................................................................... 23 5 MODELOS DE AÇÕES POSSESSÓRIAS E CONTESTAÇÃO A AÇÃO POSSESSÓRIA.....................................................................................................24 5.1 Modelo de ação de reintegração de posse .......................................... 25 5.2 Modelo de ação de manutenção de posse ........................................... 31 5.3 Modelo de ação de interdito proibitório ................................................ 45 5.4 Contestação a ação possessória ..........................................................50 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 61 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 62 10 INTRODUÇÃO O presente estudo objetiva tratar do tema das ações possessórias no processo civil brasileiro de 2015 elaborado por advogados, como defende muitos operadores do direito, partindo dos aspectos processuais em seu capítulo primeiro, apresentando o segundo capítulo exclusivamente para o conceito de posse, e partindo para outro capítulo se analisou características se acentuando o princípio da fungibilidade, cumulação dos pedidos que se vê permitido e a natureza de duplicidades das ações possessórias, fora estudado as três espécies de ações possessórias que definem se por ação de manutenção de posse, ação de reintegração de posse e interdito proibitório. Averiguou-se em momento apropriado deste trabalho que essas ações têm por finalidade, exclusivamente, defender a posse, o que se pode apelidar de reserva possessória, diferentemente do juízo petitório, que protege a propriedade. 11 1. ASPECTOS PROCESSUAIS DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS As ações possessórias estão positivadas no capítulo III, título III, dos procedimentos especiais, que por sua vez está contido no livroI, da parte especial, que trata do processo de conhecimento e do cumprimento de sentença. A seção I trata das disposições gerais, seção II da manutenção e da reintegração de posse e seção III interdito proibitório, todas reguladas pelos artigos 554 e seguintes do Código de Processo Civil. Basicamente, competem frisar que o ordenamento jurídico prevê três ações distintas que tem o condão de proteger o legítimo possuidor e a sua posse, quais sejam a ação de reintegração de posse, a ação de manutenção de posse, e o interdito proibitório. Ademais, o código de processo civil regulamenta, em especial, a legitimidade coletiva e a possibilidade de mediação em conflitos derivados da posse de bens. Por fim, esta é uma visão da dinâmica das ações possessórias a teor do código de Processo Civil, lei 13.105 de 16 de março de 2015. 1.1 Aspectos das disposições gerais De início, o artigo 554 do código de processo civil enfatiza em seu parágrafo 1º que, no caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, será feita a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, será ainda determinado que seja intimado o Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. O que merece a citação do referido parágrafo 1º, do artigo 554 da lei processual civil brasileira abaixo. § 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando- se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. Assim, o código de processo civil regulamenta, em especial, a legitimidade coletiva e a possibilidade de mediação em conflitos derivados da posse 12 de bens. Caso em que, o oficial de justiça buscará os ocupantes no local por uma vez e os que não forem identificados constituirão citados por edital. Ainda no artigo 554, o juiz dará ampla publicidade acerca da existência da ação e dos respectivos prazos processuais, podendo se valer de anúncios em jornais ou rádios locais, publicação de cartazes na região dos conflitos e de outros meios, na forma do parágrafo 3º. § 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1o e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios. Percebe se acima que na amplitude de publicidade fica implícito o princípio da publicidade. Nos termos do artigo 556 do código de processo civil, as ações possessórias são constituídas de natureza dúplice. Pois, é válido ao réu na contestação, alegando que foi o afrontado em sua posse, pedir a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho empreendido pelo autor. A saber. “Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor”. Assim, como disposto acima, o Código de Processo Civil no seu artigo 556 justifica que tanto o autor como o réu podem demandar que sejam protegidos na sua posse e ainda pedir indenização pelos prejuízos sofridos. Ademais, o artigo 557 robustece a diferenciação entre as ações possessórias, em que se discute exclusivamente a posse, e as ações petitórias, que tem como singular fundamento a propriedade. A saber. “Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa”. Consoante se depreende no artigo citado, na disputa de ação possessória, é proibido, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do domínio, ao menos se a pretensão consistir em face de terceira pessoa. O código de processo civil decide que as ações ajuizadas dentro do prazo de um ano e um dia da data do esbulho ou turbação são chamadas de ações 13 de força nova, na forma do artigo 558, que se encontra previsto na Seção II do Capítulo III dedicado às possessórias. É o que positiva o artigo mencionado a frente. “Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial”. O que se verificou referidas ações seguirão o procedimento especial Por outro lado, as ações ajuizadas após um ano e um dia da data do esbulho ou turbação, ações identificadas como ações de força velha, adotarão o procedimento comum, caso em que não perde o caráter de ações possessórias, nos termos do parágrafo único do artigo 558, do código de processo civil. A saber. “Parágrafo único, Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório”. Assim, mesmo sendo uma ação ajuizada pelo rito comum, esta não deixará de ter a característica de ação possessória. O artigo 559 decide que, deferida a liminar de reintegração ou de manutenção na posse, e comprovando pelo réu que o autor carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, caso a demanda seja julgada improcedente responder por perdas e danos, deverá o réu prestar caução, real ou fidejussória, obrigada a depositar a coisa litigiosa, lembrada a impossibilidade da parte de maneira econômica hipossuficiente. Art. 559. Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de sucumbência, responder por perdas e danos, o juiz designar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução, real ou fidejussória, sob pena de ser depositada a coisa litigiosa, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. Por meio da análise de tal artigo, podemos observar claramente que o réu terá garantido um resultado satisfatório ao requerer caução, real ou fidejussória, caso em que não carecerá de depósito da coisa por parte do autor em se tratando de hipossuficiência financeira. 1.2 Aspectos da manutenção e da reintegração de posse A ação de manutenção na posse visa proteger o possuidor que tem o seu exercício da posse dificultado por atos materiais do ofensor denominados de atos de turbação. Neste caso, o possuidor não perde a disposição física sobre o 14 bem. Trata-se, portanto, de uma ofensa de menor intensidade em relação ao esbulho. Cabe ação de reintegração de posse quando o possuidor é esbulhado do bem possuído, tal fato ocorre quando prática esta denominada esbulho. Os artigos 560 a 564 atribuem faculdades ao julgador para deferir, sem ouvir o réu, a liminar pleiteada ou, caso perceba indispensável, marcar audiência de justificação para que o autor justifique suas argumentações, necessitando o réu ser citado para apresentar-se na audiência. Conforme citação dos referidos artigos abaixo. Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. Art. 561. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração. Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída,o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de reintegração. Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias. Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar será contado da intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar. Lembrando que nos citados artigos acima, o parágrafo único do artigo 62, contra as pessoas jurídicas de direito público, não se permite que seja deferida a manutenção ou reintegração de posse sem a devida audiência com os seus respectivos representantes judiciais. O artigo 565 determina que nos litígios coletivos em que o esbulho ou turbação tenha ocorrido há mais de ano e um dia, o juiz, antes de contemplar o 15 pedido de permissão de medida liminar, marcará audiência de mediação no prazo de trinta dias. Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2o e 4o. Assim, precisará indicar audiência de mediação, a concretizar em até 30 dias. Ademais, o § 1o prescreve que caso concedido a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, competirá ao julgador marcar audiência de mediação, adotando o disposto nos parágrafos ulteriores. A saber. “§ 1o Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2o a 4o deste artigo”. Isso significa que a concretização de audiência de mediação sobrevém de uma ação imprescindível quando versar de litígio coletivo pela posse. Também o Ministério Público ficará citado para intervir, comparecer, à audiência de mediação, e a Defensoria Pública será também intimada sempre que houver parte beneficiária da gratuidade da justiça, na forma do parágrafo segundo do código de processo civil, como visto a seguir. “§ 2o O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça”. Assim, imprescindível a intervenção, presença do ministério público e da defensoria pública, cada qual com sua missão. Não devemos esquecer que há a previsão expressa da realização de inspeção judicial pelo julgador, que poderá aparecer no local do objeto em questão caso necessária sua presença para a concretização de tutela jurisdicional. Conforme o parágrafo 3º do código de processo civil, a saber. “§ 3o O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional”. Percebeu-se na referida citação que o julgador poderá comparecer à área objeto do litígio, o que não é uma obrigação. Portanto, o § 4° do aludido artigo determina que os órgãos responsáveis pela política agrária e política urbana da União, Estados, Distrito 16 Federal e Municípios aonde se posicione a área objeto do litígio poderão ser notificados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse na causa e a existência de possibilidade de solução do conflito possessório, conforme positivado na citação a seguir. § 4o Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito possessório. Assim, os órgãos públicos necessariamente estarão presentes nos procedimentos judiciais referentes ações possessórias. 1.3 Aspectos do interdito proibitório Por fim, cabe salientar que existe também a ação possessória chamada de interdito proibitório, e é cabível quando o legítimo possuidor do bem sofre uma ameaça de turbação ou de esbulho. Ou seja, embora tais atos de turbação ou esbulho não tenham sido praticados o ofensor se encontra na iminência de levá-los a efeitos. Nesse sentido escreve Manoel Maria Antunes de Melo, (2016, P306 e 307). Enquanto as ações de manutenção e de reintegração estão voltadas para o passado, tendo por pressuposto uma lesão à posse já consumada no tempo, o interdito proibitório dirige-se para o futuro, prevenindo a consumação de uma ameaça, protegendo, assim, a posse ainda não turbada ou esbulhada, mas que esteja na iminência de o ser. Trata-se, in casu, de espécie de tutela inibitória, estatuída em consonância com a garantia constitucional de proteção jurisdicional não apenas ao direito já violado, mas também àquele exposto ameaçado de lesão (artigo 5º, inc. XXXV, da CF1988). Assim, o possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá requerer ao juiz que o proteja da turbação ou esbulho iminente, mediante mandato proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito ( NCPC, art. 567). Ressalte-se que o justo receio não decorre de mera conjectura ou possibilidade. A atuação jurisdicional só se justifica se o réu externar atos concretos, indicativos da intenção de molestar a posse alheia. Não são suficientes, portanto, meras suposições ou simples temores do possuidor, sem apoio em dados concretos aferíveis pelo juiz. A ação, no caso, é sempre de força nova, pois a própria citação tem a potencialidade de impedir a prática do ato que se teme seja adotado pelo réu em detrimento do autor. Observa na citação acima que a ação de interdito proibitório trata de uma lesão que está para acontecer, de uma espécie de tutela inibitória, proteção do 17 bem jurídico, presunções reais por parte do autor e que sempre se trata de uma ação de força nova. 2. CONCEITO Em princípio nada mais oportuno do que iniciarmos com as definições das ações possessórias e possuidor, definições estas que não são estáticas levando em consideração que tais definições se alteram conforme o entendimento doutrinário. As ações possessórias, ações de procedimento especial, tratadas no código de processo civil brasileiro pelos artigos 554 a 568 servem para proteger a posse, caso em que a posse não deverá ser confundida com a propriedade. 2.1 Ações possessórias Possessórias são as ações que tendem a garantir a posse, independentemente de qual direito legítimo traga determinado motivo. Esse direito legítimo é resguardado por meio das chamadas ações petitórias, ou seja, direito que têm a propriedade ou outro direito real como fundamento. Nas palavras de Daniel Amorim Assumpção Neves, (2016, P847), percebeu-se um conceito de ações possessórias, mesmo que no sentido de identificação de uma e outras. A ação possessória adequada ao caso concreto depende da espécie de agressão cometida pelo sujeito que deve figurar no polo passivo da demanda. Ocorrendo o esbulho, entendidocomo a perda da posse, caberá ação de reintegração de posse; ocorrendo a turbação, entendida como perda parcial da posse (limitações em seu pleno exercício), caberá à manutenção de posse; ocorrendo a ameaça de efetiva ofensa à posse, caberá o interdito proibitório. Nem é fácil a distinção entre as diferentes espécies de moléstia à posse, em especial entre o esbulho e a turbação, o que, entretanto, não gera problemas concretos em virtude da fungibilidade das tutelas possessórias prevista pelo art. 554 do novo CPC. Diante disso, por meio da análise de tal exposição conceitual, podemos observar claramente que as ações possessórias evidenciam a partir do interesse de defesa da posse. A legislação processual civil em seu artigo 558 dispõe que em sendo proposta a possessória dentro de ano e dia, ficará gerida pelo procedimento especial. A saber. “Art. 558. Regem o procedimento de manutenção e de 18 reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial”. Assim, definida como posse de força nova durante este prazo. Ao passo que ultrapassado o tempo de ano e dia, a característica é de força velha. Aí sim, adota-se o procedimento comum, na forma do parágrafo único do aludido artigo 558, conforme citação adiante. “Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório”. Portanto, adota-se o procedimento comum e tal ação determinada como ação de força velha. 2.2 Possuidor . A legislação civil brasileira é quem traz um conceito de possuidor por meio do seu artigo 1196. Vale destacar citação do referido artigo. “Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”. Assim, conforme disposição no referido artigo do Código Civil, entende-se como um conceito de possuidor, conceito este percebido como uma imposição. 3. CARACTERÍSTICAS DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS 3.1 Princípio da fungibilidade É possível a aplicação do princípio da fungibilidade nas ações possessórias, caso em que o julgador não poderá deixar de apreciar o pedido ao analisar uma ação de reintegração de posse que se adequa quando a situação é de esbulho e deferir um pedido característico da turbação típica de uma ação de manutenção de posse. Visto claramente em caso de ameaça de turbação ou de esbulho que a ação cabível é o interdito proibitório não há que se deixar de exigir um tratamento especificamente do desforço imediato. Ou seja, quando o autor propõe uma ação possessória em vês de outra não impedirá que o juiz conheça o pedido de quaisquer umas daquelas e defira uma proteção legal que se adeque a esta desde que provados os pressupostos, na forma do artigo 554 caput, do código de processo civil. 19 Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13105.htm, em 07 de junho de 2017. Assim, se aproveita a fungibilidade em meio às tutelas possessórias, o que permite ao julgador conferir uma tutela possessória diferente da que é demandada pelo autor. Renato Montans de Sá explica em seu livro manual de direito processual civil, (2016, P612) que uma ação possessória sofre alteração no curso da demanda e detalha como ocorre o procedimento da fungibilidade quando da propositura de uma ação em vez de outra, conforme citação abaixo. As ações possessórias são fungíveis entre si. Por outras palavras, o pedido de tutela possessória, se equivocado, não impede que seja apreciado. A fungibilidade decorre do fato de que as formas de agressão à posse, em se tratando de fenômeno circunstancial, podem sofrer alteração no curso da demanda. Note-se ser perfeitamente possível que, ocorrendo turbação (e, portanto, em sendo ajuizada ação de manutenção de posse), o demandado cometa esbulho; agressão esta que reclama outra espécie de proteção possessória. Sendo assim, se percebeu que é tranquilo o entendimento entre legislação e doutrinadores quanto a característica fungibilidade nas ações possessórias. 3.2 Cumulação de pedidos O código de processo civil estabelece que seja permitido ao autor, no procedimento especial da ação possessória, colocar, em sua peça inaugural, afora do pedido possessório, o pedido de condenação em perdas e danos, imposição de pena para o caso de nova turbação ou esbulho e desfazimento de construção ou plantação em detrimento de sua posse, nos termos do artigo 555 e incisos, e também do seu parágrafo único e inciso da legislação civil brasileira. A saber. Art. 555. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos; II - indenização dos frutos. 20 Parágrafo único. Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para: I - evitar nova turbação ou esbulho; II - cumprir-se a tutela provisória ou final. No caso em tela, inequívoca a cumulação dos pedidos e o afastamento de uma possível reincidência por parte do réu ou do autor. Ademais, nesse sentido escreve Daniel Amorim Assumpção Neves, (2016, P853), conforme citação abaixo. Deve ficar claro, entretanto, que as medidas necessárias e adequadas que dependem de pedido do autor para serem concedidas são voltadas a evitar uma nova agressão possessória, porque para aquela versada na própria ação possessória tais medidas serão aplicadas de ofício pelo juiz para efetivar sua decisão, provisória ou definitiva. Assim, as medidas adequadas que dependem de pedido expresso do autor não tem como objetivo pressionar psicologicamente o réu a cumprir a obrigação reconhecida em sentença, mas sim convencê-lo a não praticar novos atos de agressão possessória. Nesse caso, a imposição de uma eventual multa não tem natureza executiva, porque não tem como função satisfazer direito. Entendo que, nesse caso, a multa tem natureza sancionatória em razão de prática de eventual e futuro ato ilícito, sendo a pressão psicológica gerada apenas reflexamente. Portanto, o autor tece, nesse sentido, um comentário explicativo em torno deste tema. . 3.3 Natureza dúplice das ações possessórias Ação de natureza dúplice se evidencia quando o réu, na contestação, alegar que foi ofendido e demandar proteção e indenização em face do autor, na forma do artigo 556 do código de processo civil. Portanto, vejamos. “Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor”. Sendo assim se entendeu um contra ataque do réu em face do autor. Segundo entendimento de Daniel Amorim Assumpção Neves, (2016, P849), com a defesa fundamentada que constrói a própria contestação já caracteriza o pedido de improcedência da demanda do autor, o que torna a ação de natureza dúplice, conforme citado abaixo. A saber. 21 Conforme ensina a melhor doutrina, sempre que inexistir essa predeterminação das legitimações, de forma que qualquer dos sujeitos envolvidos na relação jurídica material conflituosa possa ser o autor da demanda judicial, a ação será dúplice. A conclusão é que na ação dúplice não existe qualquer necessidade de o réu formular expressamente pedido contra o autor, já que pela própria natureza do direito material debatido, a improcedência do pedidolevará o réu à obtenção do bem da vida discutido. Com esse entendimento, penso não ser a contestação das ações dúplices formada por duas “partes” distintas, em que de forma separada o réu se defende (contestação genuína) e em outro momento ataca (pedido com caráter reconvencional). Nas ações dúplices, a defesa propriamente dita é que, se acolhida, entregará automaticamente o bem da vida ao réu, sem a necessidade de pedido expresso e sem a preocupação com eventual afronta ao princípio da inércia da jurisdição. Conclui-se que na ação dúplice, tal pedido, mais do que necessário, será incabível. Por tudo que foi citado acima, compreende-se não se tratar de uma reconvenção, mas de uma mera defesa pelo réu. 22 4. ESPÉCIES DE AÇÕES POSSESSÓRIAS São três as ações possessórias, chamadas de interditos possessórios, quais sejam: as ações de reintegração de posse, de manutenção de posse e interdito proibitório. Caberá a ação de reintegração de posse quando houver esbulho à posse, ou seja, perda total da posse, motivo pelo qual o titular terá direito a ser reintegrado. Tem cabimento para a ação de manutenção de posse quando tiver a posse turbação, ou seja, quando houver um bloqueio ao exercício integral da posse pelo possuidor. Agora, o interdito proibitório necessitará ser proposto quando houver ameaça à posse, uma ousadia urgente, consistir em esbulho ou turbação. As ações possessórias estão definidas nos Artigos 554 e seguintes do Código de Processo Civil que entrou em vigou no dia 16 de março de 2016, e como para cada ação possessória existe uma lesão correspondente, passemos a apresentar cada uma das espécies. 4.1 Ação de reintegração de posse A ação de reintegração de posse é uma espécie cabível quando o possuidor é privado do bem possuído, ou seja, ele é completamente afastado do bem, denominado esbulho. Esta espécie de ação possessória é aquela adequada para a proteção da posse quando esta é molestada injustamente, esbulhada através de violência, clandestinidade ou precariedade. Está prevista no artigo 560 do Código de Processo Civil e visa o restabelecimento da posse pelo seu possuidor fazendo cessar o esbulho, conforme citação do dispositivo legal adiante. “Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho”. Portanto, a intensidade da agressão à posse é que irá determinar qual ação adequada. 4.2 Ação de manutenção de posse A ação de manutenção na posse tem como objetivo a proteção do possuidor contra atos materiais advindos do ofensor, denominados de atos de turbação, entretanto, o possuidor não perde a disposição física que tem sobre o bem, a turbação se caracteriza por ser uma ofensa de menor intensidade em relação ao esbulho, caso em que, no caso de turbação, não houve a perda da posse, apenas limitação de sua posse, nos termos do artigo 560, do código de processo civil, A saber. “Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de 23 turbação e reintegrado em caso de esbulho”. Assim, nos termos do artigo citado anteriormente, parte inicial, a ação de manutenção de posse tem o seu devido cabimento. 4.3 Ação de interdito proibitório Agora, em se tratando da terceira, ultima, não menos importante, a espécie interdito proibitório, que é uma ação preventiva e cabível quando o legítimo possuidor do bem sofre uma ameaça de turbação ou de esbulho e considerando a não consumação de tais ameaças. O ofensor se encontra advertido de sofrer as consequências da invasão que executa em detrimento do possuidor, não sendo suficiente que o possuidor apenas desconfie, é necessário que o ofensor demonstre a possibilidade de uma possível agressão à sua posse, é o que define o artigo 567, do código de processo civil na citação que segue logo abaixo. Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. Portanto, percebeu-se na referida citação que a ação de interdito proibitório não pode fundar-se em receio puramente subjetivo, necessitando ser assinalado a partir de elementos objetivos, e ainda pode ser requerida para evitar que se repitam atos de agressão a posse. 24 5 MODELOS DE AÇÕES POSSESSÓRIAS E CONTESTAÇÃO A AÇÃO POSSESSÓRIA Na petição inicial da ação possessória, nos termos do artigo 561 e incisos do código de processo civil, o autor da ação deve indicar e provar, com os meios de que dispuser, a sua posse, a turbação ou o esbulho praticado pelo réu, a data da turbação ou do esbulho e a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração. Veja o que diz o artigo e seus incisos. Art. 561. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração. Tanto na manutenção, quanto na reintegração de posse, o magistrado poderá deferir a proteção liminar, inaudita altera parte, com a expedição do mandado liminar, no teor do artigo 562, do código de processo civil. Como descrito na citação abaixo. Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. Viu-se na citação acima que estando pronta a peça, formada nos devidos moldes, o julgador expedirá o mandado liminar, caso contrário, decidirá que o autor explique antecipadamente o afirmado. Daí o julgador chama o réu para aparecer em audiência marcada. Aplica-se o interdito proibitório o procedimento da manutenção ou reintegração de posse, nos termos do artigo 568, do código de processo civil, a saber. “Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na Seção II deste Capítulo”. Isso porque, a seção II deste capítulo, como se refere tal artigo, positivado pelo artigo 560 até 566 do código de processo civil cuidam de assuntos possessórios. 25 Conferido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração de posse o réu tem um prazo de quinze dias para contestar, lembrando que sendo necessária justificação prévia, o prazo se conta da intimação da decisão. Veja abaixo. Art. 564. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subsequentes, a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo de 15 (quinze) dias. Parágrafo único. Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar será contado da intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar. Percebeu-se que a contestação tem lugar próprio nas ações possessórias. 5.1 Modelo de ação de reintegração de posse Modelo de Petição de Ação de Reintegração de Posse, nos moldes no Novo CPC EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE _____. (espaço de 10 linhas) (NOME DO AUTOR), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), inscrito no CPF sob o nº XXXXXXXXX, RG nº XXXXXX, residente e 26 domiciliado na XXXXXXXXX, nº XXXX,Bairro XXXXXXX, (cidade), (estado), vem, respeitosamente, por sua advogada que esta subscreve, propor a presente AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE CUMULADA COM PERDAS E DANOS com fulcro nos artigos 554 e seguintes do Novo Código de Processo Civil, em face de (NOME DO RÉU), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador(a) da carteira de identidade nº XXXXXX e do CPF nº XXXXXXX, residente e domiciliado(a) na XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, (cidade), (estado), pelos fatos a seguir expostos. DOS FATOS De acordo com a cópia da certidão da matrícula anexa, o autor é proprietário e possuidor indireto do imóvel localizado na Rua na XXXXXXXXX, nº XXXX, Bairro XXXXXXX, nesta Comarca. Nessa qualidade, emprestou gratuitamente o imóvel ao réu, tendo, assim, celebrado contrato de comodato por prazo indeterminado no dia XX/XX/XXXX, conforme documento anexo. Cumpre assinalar que nesse contrato ficou convencionado que: “Na hipótese de o comodante necessitar do imóvel ora dado em comodato para qualquer fim, o comodatário será previamente notificado dessa intenção, com prazo de 30 (trinta) dias para desocupação do imóvel, obrigando-se o comodatário e seus familiares a restituir o imóvel em perfeito estado de conservação, higiene e habitabilidade, inteiramente livre e desembaraçado de pessoas e coisas em perfeito estado de conservação e uso, tal como está recebendo, sob pena de responder por perdas e danos.” O autor promoveu notificação do réu, em XX/XX/XXXX, visando à rescisão do comodato, assegurando ao comodatário o prazo de 30 (trinta) dias para desocupação voluntária, nos termos do contrato. Apesar disso, e não obstante as insistentes tentativas do autor que, sem sucesso, tentou amigavelmente fazer com que o réu restituísse o imóvel emprestado, a verdade é que este permanece irredutível, negando-se a devolver a posse ao autor. Sendo assim, em XX/XX/XXXX, o autor, constituiu o réu em mora, tendo notificado para que desocupasse o imóvel no prazo de 30 (trinta) dias, conforme demonstrado no documento anexo. 27 Entretanto, decorrido o prazo concedido, quedando-se inerte, o réu não desocupou o imóvel que, diante da sua permanência, passou a caracterizar-se esbulho possessório. Portanto, a partir do prazo concedido a posse do réu passou a ser viciada, precária e não restou alternativa ao autor senão ingressar com a presente ação. DO DIREITO Dispõe o artigo 1.210 do Código Civil, que o possuidor tem o direito à reintegração no caso de esbulho, inclusive liminarmente, conforme disposto nos artigos 558 e 562 do Novo Código de Processo Civil e, mais adiante, o artigo 555, I, do Novo CPC, permite ao autor cumular ao pedido possessório o de perdas e danos. Por outro lado, tratando-se de comodato, o artigo 582 do Código Civil preceitua que “O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante”. Confira-se jurisprudência do TJ/RJ sobre a matéria, in verbis: “CONTRATO DE COMODATO. NATUREZA. FORMA EXPRESSA OU VERBAL.EXTINÇÃO. NOTIFICAÇÃO. RECUSA A DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL. ESBULHO.REINTEGRAÇÃO DE POSSE. O comodato é um contrato celebrado intuito personae, ou seja, em consideração à figura das partes que o pactuam. À medida que traduz um verdadeiro e desinteressado favorecimento pessoal, constitui, sempre, um ajuste temporário, quer por prazo expresso ou presumível (art. 581 do Código Civil), não admitindo a ordem jurídica a eternização de uma obrigação motivada por princípios superiores (benemerência e caridade) de quem empresta seu próprio imóvel a terceiros, sem exigir nada em troca. Precedentes do STJ. No comodato a posse é transmitida a título provisório, de modo que os comodatários adquirem a posse precária, sendo obrigados a devolvê-la tão logo o comodante reclame a coisa de volta. De fato, com a notificação extrajudicial, extingue-se o comodato, transformando-se a posse anteriormente justa, em injusta, em virtude da recusa de devolução do imóvel após o transcurso do lapso temporal estipulado. No caso, com a morte do comodante, a posse e a propriedade do bem passam aos sucessores, que não estão obrigados a manter o 28 comodato. Afinal, a utilização privativa de um bem integrante do espólio por um dos herdeiros só é possível mediante autorização do inventariante e, assim, a notificação feita, no caso vertente que foi feita pela inventariante, regularmente nomeada (fl. 11), põe termo ao comodato até então regular. A necessidade de retomada do imóvel caracteriza o esbulho, bem como os demais requisitos previstos no art. 927, do Código de Processo Civil, o que conduz à procedência da pretensão de reintegração de posse. Sentença mantida. Recurso a que se nega seguimento.” TJRJ – 3ª Câmara Cível – Apelação Cível n.º 0004945-29.2009.8.19.0028 – Relator: Des. MARIO ASSIS GONÇALVES – Julgamento: 20/12/2011. (Grifou-se) APELAÇÃO. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. EXTINÇÃO DE COMODATO ESCRITO. NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL. RECUSA DOS DEMANDADOS EM PROCEDER À DEVOLUÇÃO DO IMÓVEL. ESBULHO CARACTERIZADO. Sentença de procedência com a rescisão do contrato de comodato firmado entre as partes, e condenação dos réus ao pagamento de aluguel de R$300,00 (trezentos reais) por mês de retardamento na entrega do imóvel. Apelação dos demandados alegando a nulidade do decisum, e, quanto ao mérito, postulando A improcedência do pedido autoral. Ausência de amparo ao recurso. Precedentes a autorizar a aplicação do art. 557 caput DO CPC. NÃO SEGUIMENTO DO RECURSO. 1. Pretensão autoral visando à reintegração na posse do imóvel objeto de contrato de comodato firmado com os réus. 2. Sentença de procedência com a rescisão do contrato de comodato firmado entre as partes, condenando os réus no pagamento de aluguel de R$300,00 (trezentos reais) por mês de retardamento na entrega do imóvel. 3. Apelação interposta pelos demandados, pretendendo a anulação do julgado, e, quanto ao mérito, a improcedência do pedido autoral. 4. Inocorrência de cerceamento de defesa, porquanto desnecessária a produção de provas orais, sendo o Juiz, a teor do art. 130 do CPC, o destinatário direto da prova, por intermédio da qual forma livremente seu convencimento, de acordo com o sistema da persuasão racional, adotado por nosso Direito Processual Civil. REJEIÇÃO DA PRELIMINAR. 5. Ação cujo objeto é a posse, matéria de fato, não sendo condição da ação possessória a prova da propriedade. Documentação apresentada pela parte autora que comprova sua legitimidade ativa. REJEIÇÃO DA PRELIMINAR. 6. Ocorrendo a notificação dos réus para devolução do imóvel objeto do contrato de comodato, e não procedendo os 29 comodatários à entrega voluntária do bem, caracteriza-se o esbulho a legitimar a reintegração do autor na posse do bem, com o arbitramento de alugueres pelo tempo de retardo na entrega do imóvel, a teor do art. 582 do Código Civil. 7. Precedentes a autorizar o julgamento monocrático do recurso, com fulcro no art. 557 caput do CPC. NÃO SEGUIMENTO DO RECURSO. TJRJ – 4ª Câmara Cível – Apelação Cível n.º 0011056-51.2002.8.19.0003 – Relator: Des. SIDNEY HARTUNG – Julgamento: 04/07/2014. O Novo Código de Processo Civil determina, no artigo 560, que o possuidor tem o direito a ser reintegrado em caso de esbulho e, antes, defere, no artigo 555, I, a possibilidade de cumulação do pedido possessório com indenização por perdas e danos. É sabido que é necessário que haja comprovação, por parte do autor, dos requisitos constantes do artigo 561 do Novo CPC. Certo é, Excelência, que o primeiro requisito para o aforamento de ação de reintegraçãoé a prova da posse, conforme dispõe o inciso I, do artigo 561, Novo Código de Processo Civil. Nesse sentido, resta inequivocamente provada a posse indireta do imóvel, pelo autor, em virtude do contrato de comodato, além da própria certidão da matrícula do imóvel, vez que a posse é a exteriorização do domínio. O autor cedeu a posse direta em face do contrato de comodato, que agora busca recuperar. Os demais requisitos para a ação são o esbulho praticado pelo réu e sua data, para que se fixe o prazo de ano e dia a ensejar o rito especial dos artigos 560 a 568 do Novo Código de Processo Civil, tudo nos termos do artigo 561, incisos II a IV, do mesmo diploma legal. Com efeito, o autor foi esbulhado da posse com abuso de confiança, pois no XX/XX/XXXX, o réu foi devidamente constituído em mora, com prazo de 30 (trinta) dias para desocupação do imóvel e, não o fazendo, praticou esbulho, vez que sua posse, antes justa, passou a ser injusta pelo vício da precariedade a partir do dia XX/XX/XXXX. Bem evidencia Cristiano Chaves, “Posse precária: resulta do abuso de confiança do possuidor que indevidamente retém a coisa além 30 do prazo avençado para o término da relação jurídica de direito real ou obrigacional que originou a posse.”(FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil. Vol 5 (Direitos Reais) 11º Ed, Editora Atlas. 2015, p. 108) Como visto, restou demonstrado os requisitos, estando a presente exordial devidamente instruída, o autor faz jus a concessão liminar inaudita altera parte, da reintegração de posse do imóvel supracitado, conforme prevê o artigo 562 do Novo CPC. DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer: a) deferida a liminar, determinando seja expedido mandado, concedido liminarmente, inaudita altera parte, a reintegração de posse do imóvel situado na Rua XXXXX; b) Subsidiariamente, caso Vossa Excelência entenda necessária a audiência de justificação nos termos da segunda parte do artigo 562 do Novo Código de Processo Civil, requer o autor digne-se Vossa Excelência de considerar suficiente (art. 563 do Novo CPC), com a consequente expedição de mandado de reintegração de posse; c) Ainda subsidiariamente, caso Vossa Excelência não conceda liminarmente, requer o autor a procedência da presente ação com a consequente expedição do mandado de reintegração da posse, condenado o réu no pagamento das perdas e danos consubstanciadas no valor de R$ XXX por mês, à título de aluguel mensal pelo período em que permanecer no imóvel; d) ao final julgar procedente a presente ação, tornando definitiva a reintegração de posse, com a condenação do réu no pagamento, à titulo de indenização o valor mensal de RS XXXX correspondente ao aluguel, nos termos do artigo 582, do Código Civil, pelo período em que permanecer no imóvel; e) requer-se a citação do réu para, querendo, contestar a ação no prazo conforme artigo 564 do Novo CPC, oferecendo a defesa que tiver sob pena de confissão e efeitos da revelia (art. 344 do Novo CPC), bem como comparecer à audiência 31 de justificação, nos termos do artigo 562, segunda parte, do Novo Código de Processo Civil, caso esta seja designada por Vossa Excelência; f) que seja o réu condenado ao pagamento além das custas, honorários de advogado que Vossa Excelência houver por bem arbitrar e demais ônus de sucumbência; g) Protesta o autor por provar o alegado através de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente pela produção de prova documental, testemunhal, pericial e inspeção judicial, depoimento pessoal do réu sob pena de confissão, caso não compareça, ou, comparecendo, se negue a depor (art. 385, § 1º, do Novo CPC), inclusive em eventual audiência de justificação. Dá-se à causa o valor de R$ XXXX. Nestes Termos. Pede Deferimento. Local e data. 5.2 Modelo de ação de manutenção de posse Novo CPC - Ação de Manutenção de Posse c/c Pedido de Medida Liminar CPC/2015 art 560 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA CIDADE 32 “Rito Especial” – Força nova – CPC, art 558, caput [ “Formula-se pedido de medida liminar”] FAZENDA LADEIRA PRODUTOS ALIMENTÍCIOS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, com sua sede na Rua X, nº. 0000, Zona Rural, em Cidade (PP), inscrita no CNPJ (MF) sob o nº. 00.333.444/0001-55, com endereço eletrônico fazenda@fazenda.com.br, comparece, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, intermediada por seu mandatário ao final firmado -- instrumento procuratório acostado -- causídico inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Ceará, sob o nº. 12345, com seu endereço profissional consignado no timbre desta petição, razão qual, em atendimento à diretriz do art. 77, inc. V c/c art. 287, caput, um e outro do Código de Processo Civil, indica-o para as intimações necessárias, vem ajuizar, com fulcro nos art. 560 e segs. c/c art. 558, do Estatuto de Ritos e art. 1.210, do Código Civil, a presente AÇÃO DE MANUNTENÇÃO DE POSSE C/C “PLEITO COMINATÓRIO” E PEDIDO DE “MEDIDA LIMINAR” contra PEDRO DAS QUANTAS, solteiro, agricultor, residente e domiciliado no Sítio Londrina, s/n- Zona Rural – Cidade (PP), CEP nº. 22444-555, inscrito no CPF (MF) sob o nº. 333.444.555-66, endereço eletrônico desconhecido, em 33 decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas. I – INTROITO ( a ) Quanto à audiência de conciliação (CPC art. 319, inc. VII) O Autor opta pela não realização de audiência conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII). II – CONSIDERAÇÕES FÁTICAS A Autora é proprietária e possuidora do imóvel sito na Rua X, nº. 0000, Zona Rural, em Cidade (PP), objeto da matrícula de registro imobiliário nº. 3344. Referido bem fora adquirido em 1998, ocasião em que a Promovente pagara, em moeda corrente nacional, a quantia de R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ). Comprova-se a aquisição por meio da escritura pública e certidão de registro de imóvel, devidamente registrada em nome da Autora. (docs. 01/02) Desde então a Autora mantém a posse e propriedade do referido bem, inclusive com pagamentos dos encargos tributários pertinentes ao mesmo. (docs. 03/09) Com o material fotográfico ora acostado, também se demonstra que a Autora mantém atividade pecuária e de cultivo de caju. (docs. 10/17) Demonstra-se, mais, que no situado endereço funciona, há anos, uma fábrica de extração da castanha de caju. (docs. 18/22) 34 O Réu é confinante com a Autora desde 11/22/3333, onde passou a residir e realizar a criação de cabras para engorda e posterior venda. De logo, inserimos prova documental que comprovam a titularidade do imóvel confinante. (doc. 23) Todavia, há alguns meses o Réu insiste em adentrar no imóvel pertencente à Autora, situação em que leva sua criação de animais para engorda em uma pastagem nos fundos do imóvel desta. É o que se depreende das fotos retiradas em várias ocasiões. Mais ainda, ata notarial com depoimentos de pessoas que atestam os fatos, estes presenciados pelo Tabelião, também aqui anexada. (docs. 24/31). Assim, constata-se que a última invasão se deu em 55/44/3333. Em conta desse fato, a Autora notificou o Ré a interromper a invasão de suas terras, sob pena de sofrer ação judicial e pagar indenização pelos danos ocasionados. (doc. 32) Contudo, decorrido o prazo concedido, o Réu quedou-se inerte, continuando, injustamente, a invadir oimóvel. Por tudo isso, não restou à Autora outra alternativa senão buscar seus direitos por meio da presente Ação de Reintegração de Posse. (CPC/2015, art. 17) III – DO DIREITO 3.1. Da competência Urge asseverar, primeiramente, que a Autora promove a presente ação no foro territorial competente, visto que o imóvel em liça se situa na Rua X, nº. 000, neste Município (CPC, art. 47). 35 3.2. Do rito processual desta demanda Destaca-se que a presente ação fora ajuizada no dia 11/22/3333. De outro bordo, a notificação do Réu para interromper a invasão do imóvel – portanto, a turbação – ocorrera no dia 22/33/1111. (doc. 32) O rito, destarte, é especial, uma vez que a ofensa ao direito da Autora ocorrera em menos de ano e dia (posse nova). A propósito, vejamos os seguintes julgados: POSSESSÓRIA. Liminar. Suspensão de liminar em ação de reintegração de posse. Nulidade por falta de citação não verificada. Ingresso espontâneo dos agravantes aos autos. O Ministério Público se manifestou-se no sentido de não vislumbrar interesse e legitimidade da sua intervenção no caso. Art. 561 do NCPC. Presença de elementos que autorizam a medida liminar originária de reintegração de posse. Circunstâncias que apontam probabilidade de direito da agravada. A agravada é proprietária e antiga possuidora do imóvel. Comercialização ilegal dos lotes. Posse nova. Decisão mantida. Recurso não provido. (TJSP; AI 2138374-06.2016.8.26.0000; Ac. 9957160; Arujá; Vigésima Primeira Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Maia da Rocha; Julg. 08/11/2016; DJESP 13/12/2016) AGRAVO DE INSTRUMENTO. MEDIDA LIMINAR EM AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. POSSE DO AUTOR/RECORRIDO, ESBULHO, DATA DO ESBULHO COMPROVADOS. LEGITIMIDADE ATIVA E INTERESSE PROCESSUAL DO PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL EM DEMANDAR EM JUÍZO A PROTEÇÃO POSSESSÓRIA. ATENÇÃO AOS REQUISITOS DOS 36 ARTS. 561 E 562 DO NOVO CPC PARA AUTORIZAR A CONCESSÃO DA MEDIDA LIMINAR. - a posse do recorrido sobre o imóvel é comprovada não apenas com o título de propriedade, que lhe assegura o direito de usar, gozar, fruir e dispor de um bem, assim como o de reavê-lo de quem quer que injustamente o estiver utilizando. - nos autos da ação de reintegração de posse, o autor demonstrou, que vem adimplindo os pagamentos anuais do imposto sobre a propriedade territorial urbana, exação do contribuinte que não apenas detém posse, mas, também, a propriedade imobiliária, como se verifica às fls. 34/38. - constata-se, ainda, mediante o cotejo de fotografias anexadas no processo originário (fls. 39/44), que as barracas fincadas no terreno demonstram posse nova, contemporânea ao boletim de ocorrência policial encartado à fl. 24, datado de 15/03/2016. - consta do processo que os agravantes invadiram o imóvel e se recusaram a desocupá-lo, prova esta que leva ao exercício de atos de posse do bem pelo recorrido. Recurso conhecido, mas desprovido. (TJCE; AI 0622948-83.2016.8.06.0000; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Paulo Airton Albuquerque Filho; DJCE 08/09/2016; Pág. 18) AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL. POSSESÓRIA. MANUTENÇÃO DE POSSE. PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ART. 927 DO CPC. BOLETIM DE OCORRÊNCIA QUE COMPROVA A TURBAÇÃO. RECURSO PROVIDO. 1 - Tratando-se de ação possessória de posse nova, o Art. 927 do Código de Processo Civil elenca os requisitos necessários para a concessão da medida liminar pleiteada, cabendo ao autor provar: 1) a sua posse; 2) a turbação ou esbulho praticado pelo réu; 3) a data da turbação ou do esbulho; e 4) a continuação da posse, no caso de ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração. 2 - Acerca do valor 37 probante do boletim de ocorrência de ocorrência policial, ressalto o entendimento do colendo Superior Tribunal de Justiça já exposto na decisão que deferiu a liminar vindicada, no sentido de que "para cálculo de indenização devida em decorrência de turbação ao direito de acesso e passagem de imóvel encravado, o termo final de sua contagem pode ser adotado o da ocorrência policial levada a efeito pelo prejudicado, dado que o boletim em causa goza de presunção de veracidade, a ser 'destruída' pela parte 'ex adversa'" (RESP 809.479/RJ, Relator Ministro Fernando Gonçalves, Quarta Turma, julgado em 12-02-2008, DJ 25-02-2008, p. 324).3 - Recurso provido. (TJES; AI 0001726-50.2015.8.08.0045; Quarta Câmara Cível; Rel. Des. Manoel Alves Rabelo; Julg. 14/03/2016; DJES 28/03/2016) 3.3. Preenchimento dos requisitos da petição inicial 3.3.1. Prova da posse – CPC, art. 561, inc. I A Autora é proprietária e possuidora do imóvel sito na Rua X, nº. 0000, Zona Rural, em Londrina (PR), objeto da matrícula de registro imobiliário nº. 3344. Referido bem fora adquirido em 1998, momento no qual a Promovente pagara, em moeda corrente nacional, a quantia de R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ), o que se comprova pela cópia da escritura pública e certidão de registro de imóvel, devidamente registrado em nome da Autora. (docs. 01/02) Desde então a Autora mantém a posse e propriedade do referido bem, inclusive com os pagamentos dos encargos tributários pertinentes ao mesmo. (docs. 03/09) 38 Com o material fotográfico acostado, também se demonstra que a Autora mantém atividade pecuária e de cultivo de caju. (docs. 10/17) De mais a mais, demonstra-se que no situado endereço funciona, há anos, uma fábrica de extração da castanha de caju. (docs. 18/22) Dessa sorte, não há qualquer dúvida que a Autora seja possuidora direta do imóvel turbado. 3.3.2. Da turbação praticada pelo Réu – CPC, art. 561, inc. II O quadro fático em enfoque representa nítido ato de turbação, não de esbulho. É que, segundo melhor doutrina, na turbação, em que pese o ato molestador, o possuidor se conserva na posse do bem. Não é o caso, lógico. Sem maiores dificuldades, verificamos que a Ré pratica ato de turbação, como a propósito lecionam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald: “Se o esbulho há efetiva privação do exercício direto da posse sobre a coisa, muitas vezes pode o possuidor ser perturbado ou severamente incomodado no exercício da posse, sem que tal agressão seja intensa o suficiente para excluí-lo do poder físico sobre o bem. O interdito da manutenção de posse pretende exatamente interromper a prática dos atos de turbação, impondo-se ao causador da moléstia a obrigação de abster-se da prática de atos contrários ao pleno exercício livre da posse do autor, garantindo a permanência do estado de fato. Daí que a distinção entre a reintegração de posse e a manutenção de posse se insere na intensidade da agressão, 39 pois a turbação é menor ofensiva que o esbulho, eis que não priva o possuidor do poder fático sobre o bem. “(FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nélson. Direitos Reais. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, pp. 130-131) A propósito, reza a Legislação Substantiva Civil que: CÓDIGO CIVIL Art. 1210 – O possuidor tem o direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. Nesse sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE C/C PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA. NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS PARA CONCESSÃO ANTECIPADA DA LIMINAR POSSESSÓRIA.IMÓVEL OBJETO DE. DECISÃO QUE INDEFERIU O PLEITO AO ARGUMENTO DA AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA PERDA DA POSSE. AGRAVANTE QUE NÃO DEMONSTROU A PRESENÇA DOS REQUISITOS INSCULPIDOS NO ARTIGO 561 DO NCPC/2015. PROVA DOCUMENTAL ACOSTADA QUE NÃO POSSUI FORÇA PROBATÓRIA SUFICIENTE PARA CONSTATAÇÃO DO ESBULHO POSSESSÓRIO. DECISÃO AGRAVADA QUE NÃO MERECE REFORMA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 40 1. Para concessão da medida liminar de reintegração de posse contra esbulho ocorrido em menos de ano e dia, a legislação processual civil de regência exige a comprovação da posse, da existência da turbação ou esbulho e respectiva data, bem como a perda da posse (artigo 561, incisos I a IV, do NCPC/2015). 2. Restou constatado pelo Juízo de planície a ausência de comprovação do esbulho mencionado na peça de ingresso, vez que a prova documental carreada aos autos não tem carga probatória apta a constatação do desaposso exigido para concessão da reintegração de posse em sede de liminar. 3. Pelo Conhecimento e Improvimento do recurso para manter a decisão de indeferimento da liminar possessória. (TJSE; AI 201600716528; Ac. 24985/2016; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Ruy Pinheiro da Silva; Julg. 19/12/2016; DJSE 11/01/2017) 3.3.3. Da data da turbação – CPC, art. 561, inc. III Temos que o Réu fora notificado na data de 11/22/3333 e, nesta notificação, frisou-se a data da última turbação, ou seja, em 55/33/1111. (doc. 32) Ademais, da ata notarial podemos extrair tais assertivas (CPC, art. 384). Quanto à data para efeito de turbação, sob a égide das lições de Carlos Roberto Gonçalves, temos que: “ Quando reiterados os atos de turbação, sem que exista nexo de causalidade entre eles, a cada um pode corresponder uma ação, fluindo o prazo de ano e dia da data em que se verifica o respectivo ato. Examine-se exemplo ministrado por VICENTE RAÓ, citado por WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO: „Um vizinho penetra na minha fazenda uma, duas, cinco vezes, a fim de extrair lenha. Cada um desses atos, 41 isoladamente, ofende minha posse e contra cada um deles posso pedir manutenção. Suposto que decorrido haja o prazo de ano e dia a conta do primeiro ato turbativo, nem por isso perderei o direito de recorrer ao interdito, para me opor às turbações subsequentes, verificadas dentro do prazo legal.” . “(GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2006, vol. 5. Pág. 136) 3.3.4. Da continuação da posse – CPC, art. 561, inc. IV Todo o relato fático e, mais, a prova documental carreada com esta peça vestibular, indicam que a Autora ainda detém a posse do imóvel turbado, todavia sendo molestada pelo Réu em face das invasões perpetradas. 3.4. Do pleito de medida liminar (CPC, art. 562, caput) A Autora faz jus à medida liminar de manutenção de posse inaudita altera parte. (CPC, art. 562, caput c/c 563) A presente peça vestibular se encontra devida instruída prova documental robusta, prova esta pertinente aos pressupostos estatuídos no art. 561 e seus incisos do Estatuto de Ritos. Frise-se, mais, que na hipótese em vertente não há que se falar em periculum in mora. É que, como consabido, a hipótese não reclama pleito com função acautelatória. Pelo contrário, aqui se debruça acerca do direito objetivo material. Nesse diapasão, provada a turbação e sua data (força nova), há de ser concedida a medida liminar, independentemente da oitiva preliminar da parte promovida. Não há que se falar, 42 portanto, em ato discricionário quanto à concessão desta medida judicial. Nesse sentido: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. BEM IMÓVEL. LIMINAR DEFERIDA E POSTERIORMENTE REVOGADA NA ORIGEM. PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES PARA CONCESSÃO DA MEDIDA. 1. O deferimento de medida liminar de reintegração de posse exige o preenchimento dos requisitos do artigo 927 do código de processo civil/73 (correspondente art. 561, CPC/2015), a saber: a) posse (anterior); b) turbação ou esbulho praticado pelo réu; c) prova da data da turbação ou do esbulho; e d) perda da posse. 2. No caso concreto, porquanto presentes os requisitos do referido artigo, deve ser mantida a ordem liminar de reintegração de posse. 3. Recurso conhecido e provido. Decisão reformada. (TJGO; AI 0241790-95.2016.8.09.0000; Aruana; Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Gerson Santana Cintra; DJGO 19/12/2016; Pág. 64) Destarte, pede-se seja deferida medida liminar de manutenção de posse no imóvel descrito nesta peça proemial, sem a outiva prévia da parte contrária, a ser cumprida por dois oficiais de justiça, facultando-lhes a utilização de força policial e ordem de arrombamento. Subsidiariamente (CPC, art. 326), caso assim não entenda Vossa Excelência, o que se diz apenas por argumentar, de já a Autora destaca o rol de testemunhas, na eventual hipótese de audiência prévia de justificação. (CPC, art 562, segunda parte) 43 1) Fulano das Quantas, casado, corretor de imóveis, residente e domiciliado na Rua Xista, nº. 4455, em Cidade (PP); 2) Beltrano das Quantas, casado, corretor de imóveis, residente e domiciliado na Rua Xista, nº. 4455, em Cidade (PP); Requer-se, ainda no importe do pleito subsidiário, a citação do Réu para comparecer à audiência de justificação (CPC/2015, art. 562, segunda parte) e a intimação das testemunhas também para essa finalidade processual e, ademais, uma vez provado o quadro fático ora narrado, de logo se pleiteia o deferimento da medida liminar de manutenção de posse. (CPC/2015, art. 563) 3.5. Pedido cominatório de multa (CPC, art. 555, parágrafo único, inc. I) Com a finalidade de se evitar novas turbações do Réu, a Autora pede que seja imposta ao mesmo a pena cominatória de R$ 1.000,00 (mil reais) por cada nova turbação constatada. IV – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS POSTO ISSO, estando a inicial devidamente instruída, a Autora solicita que Vossa Excelência se digne de tomar as seguintes providências: a) Requer, após cumprida a medida liminar em ensejo, a citação da Ré para, no prazo de cinco dias, querendo, contestar a ação (CPC, art. 564); 44 b) pede, mais, sejam julgados procedentes os pedidos formulados na presente querela, confirmando-se, por definitivo, a medida liminar antes conferida, e, com isso, manutenindo na posse a Autora, condenando a parte Ré a não fazer novas turbações, sob pena de pagamento de multa, por cada uma, no importe de R$ 1.000,00 (mil reais); c) pede, outrossim, seja o Réu condenado ao pagamento de honorários advocatícios e custas processuais, esses arbitrados no percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor do proveito econômico advindo à Autora (CPC, art. 85, § 2º); d) entende a Autora que o resultado da demanda prescinde de produção de provas, tendo em conta a prova documental colacionada aos autos. Todavia, ressalva a mesma que, caso esse não seja o entendimento de Vossa Excelência, protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitido, sobretudo com a oitiva das testemunhas ora arroladas, perícia, depoimento pessoal do Promovido, o que desde já requer. Concede-se à causa o valor de R$ 00.000,00 (.x.x.x ), correspondente ao valor do imóvel em questão (CPC, art. 292, inc. III). Respeitosamente, pede deferimento.Cidade, 00 de janeiro de 0000. Fulano de Tal Advogado – OAB 332211 Por: Alberto Bezerra Código da Petição: PETITION-1122 45 5.3 Modelo de ação de interdito proibitório Modelo de Inicial de Interdito Proibitório EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA DA COMARCA DE NIOAQUE/MS Distribuição por dependência aos autos nº - FLÁVIO JÚLIO, brasileiro, solteiro, engenheiro agrimensor, inscrito no CPF sob o nº ______ e RG _____, e FÁBIO FLÁVIO NUNCAMAIS, brasileiro, viúvo, aposentado, inscrito no CPF sob o nº _____ e RG ______, ambos residentes e domiciliados na Fazenda Riachão, na zona rural do Município de Nioaque/MS, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO C/C ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face de: JOÃO GALILEU GALILEI, brasileiro, casado, inscrito no CPF sob o nº ______ e RG – _______; e CARLOS CAROLINO, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF sob o nº ______ e RG ______, Ambos podendo ser encontrados na estrada que dá acesso ao imóvel dos requerentes já situado nesta exordial, pelas razões de fato e de direito que serão minuciosamente expostas. I – DOS FATOS. Os requerentes detinham a posse e a propriedade mansa e pacífica do imóvel rural denominado “Fazenda Riachão”, no Município de Nioaque/RS, desde o ano de 1989 (escritura e certidão de registro de imóveis em anexo). A aproximadamente um ano e meio atrás os requeridos, que são líderes de um grupo de pessoas intituladas “sem-terra”, juntamente com Maria dos Santos, não mais unida ao grupo, promoveram a 46 invasão do referido imóvel, expulsando os autores sob grave ameaça. Após a invasão os proprietários ajuizaram a ação de reintegração de posse de nº 0038.14.06225-8 em desfavor dos invasores, na qual obtiveram a liminar pleiteada. Decorrido o prazo da intimação da liminar, sem que os invasores deixassem a área, foi expedido mandado de reintegração de posse, o qual, cumprido, devolveu aos autores da demanda a posse do imóvel rural de sua propriedade. Contudo, no atual momento, quinze dias após o cumprimento da liminar, João Galileu Galilei e Carlos Carolino acampam, junto ao grupo, na estrada que dá acesso à Fazenda Riachão (fotografias em anexo). Os autores estão temerosos que o grupo de sem terra, que são useiros e vezeiros em fazer ameaças, venham, daqui para frente, turbar a posse ou até mesmo tentar um esbulho novamente, motivo pelo qual se justifica a presente demanda. II – DO DIREITO. A Lei Maior tratou de dispor no caput de seu artigo 5º os direitos basilares de qualquer pessoa, senão vejamos: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes” (grifo nosso) Sob essa análise denota-se que os requerentes possuem ameaça de lesão a direitos fundamentais consagrados, que, ressalte-se, não seja apenas o da propriedade, que também dá ensejo a posse. É infringido o direito à liberdade dos autores, vez que se sentem ameaçados em deixar o imóvel, não só pela constante ameaça de invasão, mas também porque a passagem vem sendo fechada pelas 47 pessoas que normalmente se recusam a deixar o automóvel dos requerentes passarem. Além do mais, não há segurança, vez que, assim como da outra vez que praticaram tal conduta, usaram de grave ameaça através do uso de armas brancas. Longe de haver entendimento divergente, já que a importância de se preservar direitos tão basilares é inquestionável, observamos que tais garantias são mais que simples normas, são Princípios Constitucionais, e que, se transgredidos trarão inimagináveis prejuízos de ordem material e moral aos autores. Além do mais a ameaça iminente de invasão nos aponta ao risco à integridade física dos requerentes. Cumprir asseverar ainda que o interdito proibitório é tutela, de nítida natureza inibitória, que objetiva evitar a concretização da ameaça de turbação ou esbulho na posse. Nesse sentido, a legislação civil e processual civil garante aos requerentes o direito de repelir, judicialmente, a iminente ameaça de invasão a sua fazenda pelos “sem terras”. Vejamos o que estabelece o Código Civil de 2002: Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. (grifo nosso) Como podemos notar do artigo anterior, não existe no caso concreto, sequer divergência normativa, vez que é plenamente assegurada a qualquer pessoa a posse e a propriedade de seu bem, cabendo reversão do ato contrário a cominação, caso esse direito seja transgredido. É importante ressaltar que não há motivos que justifiquem a invasão da propriedade, pois se trata de uma fazenda que cumpre a função social, produzindo riquezas, aproveitando, racionalmente os recursos naturais disponíveis, respeitando o meio ambiente, gerando emprego com carteira assinada, bem como adimplindo, religiosamente, os tributos. 48 Percebe-se, portanto, o cumprimento das exigências constitucionais estabelecidas, simultaneamente, nos arts. Art. 5º, XXIII e art. 186, incisos I, II, III e IV, da CF/88, sendo insuscetível de desapropriação para fins de reforma agrária (art. 185, inciso II, CF/88). III – DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA. Observa-se que além dos requisitos do art. 567 e 568 do CPC/15, o interdito proibitório reúne requisitos específicos para o seu ajuizamento, aplicando-se, subsidiariamente, o procedimento para manutenção e a reintegração de posse (art. 560 e seguintes). Senão vejamos os artigos na íntegra: Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito. Art. 568. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na seção II deste capítulo. Reza ainda o artigo 560 do CPC/15 que o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de esbulho. Tomando pelos requisitos para a concessão da liminar, qual seja a posse e o justo receio de ser molestado, estes estão plenamente comprovados através das provas acostadas à inicial. Convém destacar, ainda, que a Constituição também garante aos cidadãos a inafastabilidade do Judiciário para apreciação de lesão ou ameaça de direito, tal como prega o inciso XXXV do mesmo artigo 5º: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.” (grifo nosso) Desta forma não há que ser esquivada a pretensão dos autores de terem a liminar pleiteada, vez que existe a iminente lesão e ameaça de direito. A jurisprudência não diverge ao tratar da imprescindibilidade da garantia ao proprietário contra a ameaça de esbulho ou turbação: TRF-4 - APELAÇÃO CIVEL AC 468 RS 1999.71.09.000468-1 (TRF- 4) Data de publicação: 28/08/2002 49 Ementa: INTERDITO PROIBITÓRIO. AMEAÇA DE INVASÃO E BLOQUEIO DE RODOVIA FEDERAL. MST. PROVIMENTO. - Resta procedente a ação ainda que não se verifique efetivamente a turbação, posto que se espera do réu que não cumpra sua ameaça de turbação, sob pena de caracterizar descumprimento de ordem judicial. Apelações providas. (grifo nosso) Diante da comprovação da plausibilidade do direito dos requerentes, devidamente, atestada pela juntada de prova pré- constituída, requer à Vossa Excelência, medida liminar com o objetivo de coibir
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