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Prática Previdenciária

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PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA
1º ENCONTRO
TURMA: 0403
Dr. Jaderson Ferreira
OAB-DF 45.053
O respectivo material abordará a prática previdenciária, utilizando como referência o Regime Geral da Previdência Social.
SEGURIDADE SOCIAL (Segurança Social) – (Constituição Federal, artigos 194 e seguintes)
A seguridade social é definida na Constituição Federal, no artigo 194, caput, como um “conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.
PREVIDÊNCIA SOCIAL (arts. 201 e 202 CF)
Este segmento autônomo da seguridade social vai se preocupar exclusivamente com os trabalhadores e com os seus dependentes econômicos.
A previdência social é a técnica de proteção social destinada a afastar necessidades sociais decorrentes de contingências sociais que reduzem ou eliminam a capacidade de auto-sustento dos trabalhadores e/ou de seus dependentes.
Contingência social são fatos e/ou acontecimentos que, uma vez ocorridos, tem a força de colocar uma pessoa e/ou seus dependentes em estado de necessidade, como por exemplos invalidez (incapacidade), óbito, idade avançada, ...
A Previdência Social, como visto, tem em mira contingências bem específicas: aquelas que atingem o trabalhador e, via reflexa, seus dependentes, pessoas consideradas economicamente dependentes do segurado. Essa dependência pode ser presumida por lei (no caso de cônjuges, filhos menores e/ou incapazes) ou comprovada no caso concreto (no caso de pais que dependiam economicamente do filho que veio a óbito).
RGIMES PREVIDENCIÁRIOS
RGPS: O Regime geral de previdência social (RGPS) é de natureza pública, filiação obrigatória, repartição simples, benefício definido, caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada, bem como do trabalhador e dos demais segurados da previdência social. A Constituição brasileira veda a incidência de contribuição sobre aposentadorias e pensões concedidas pelo RGPS.
RPPS: O regime próprio de previdência social (RPPS) é de natureza pública, filiação obrigatória, repartição simples, benefício definido, caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
Cada ente da federação tem competência para, mediante lei, criar seu próprio instituto de previdência, com a finalidade de atender exclusivamente os servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações.
FONTE MATERIAL DO RGPS (foco da aula)
Os planos de Benefícios da Previdência Social (RGPS) estão previstos na Lei. 8.213/91.
PONTOS IMPORTANTES P/ A PRÁTICA JURÍDICA
CLASSIFICAÇÃO: Art. 11
SEGURADO OBRIGATÓRIO
Empregado
Empregado Doméstico
Contribuinte Individual (autônomo, firma individual)
Trabalhador Avulso
Segurado Especial (rural)
SEGURADO FACULTATIVO: Art. 13
Aquele que for maior de 14 anos e que não estiver enquadrado no art. 11
MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO
 Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
        I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;
        II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;
        III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória;
        IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;
        V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar;
        VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo.
        § 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.
        § 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
        § 3º Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social.
        § 4º A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos.
RECUPERAÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO
Antes da MP 767
Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências.
Parágrafo único. Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido.            (Vide Medida Provisória nº 242, de 2005)         (Revogado pela Medida Provisória nº 767, de 2017)
Depois da MP 767
Art. 27- A.  No caso de perda da qualidade de segurado, para efeito de carência para a concessão dos benefícios de auxílio-doença, de aposentadoria por invalidez e de salário-maternidade, o segurado deverá contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com os períodos previstos nos incisos I e III do caput do art. 25.      (Incluído pela Medida Provisória nº 767, de 2017)
CARÊNCIA: Art. 25
Refere-se ao número (mínimo) de contribuições para acesso aos benefícios
I - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: 12 (doze) contribuições mensais;
II - aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria especial: 180 contribuições mensais
III - salário-maternidade para as seguradas de que tratam os incisos V (individual) e VII (rural) do art. 11 e o art. 13: dez contribuições mensais, respeitado o disposto no parágrafo único do art. 39 desta Lei.  
ISENÇÃO DE CARÊNCIA: ART. 26
. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente.
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado.
III - os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei;
IV - serviço social;
V - reabilitação profissional.
VI – salário-maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e empregada doméstica
OBSERVAR O ART. 39, I:
O segurado previsto no art. 11, VII (rural) também está isento de carência para concessão de:
 aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo, 
e de auxílio-acidente, conforme disposto no art. 86, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao númerode meses correspondentes à carência do benefício requerido.
DEPENDENTES: Art. 16
o cônjuge, a companheira/ companheiro (DEPENDÊNCIA PRESUMIDA)
filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (DEPENDÊNCIA PRESUMIDA)
os pais
o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.
BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE: Art. 18
Para os segurados:
a) aposentadoria por invalidez;
b) aposentadoria por idade;
c) aposentadoria por tempo  de contribuição
d) aposentadoria especial;
e) auxílio-doença;
f) salário-família;
g) salário-maternidade;
h) auxílio-acidente;
Para os dependentes:
a) pensão por morte;
b) auxílio-reclusão;
Para os segurados e os dependentes:
b) serviço social;
c) reabilitação profissional.
TREINAMENTO: PETIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS
AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
ESPÉCIE
Aposentadoria Por invalidez: Art. 42
Auxílio Doença: Art. 59
Observações:
- Necessidade do Indeferimento
Fundamentação: Recurso Extraordinário (RE) 631240
- Código do Benefício: 
Auxílio-Doença nº 31 (acidentário 91), 
Aposentadoria por Invalidez nº 32
Salário de Benefício: 
Nunca inferior ao salário mínimo: art. 33
Auxílio-Doença – 91% (art. 61) 
Aposentadoria por Invalidez: 100% (art. 44) 
Teto da Previdência (ano 2016)
R$ 5.531,31
Diferenças (COMUM E ACIDENTE DE TRABALHO)
O Auxílio-doença comum (ou previdenciário, como também é chamado) é um benefício decorrente da incapacidade do segurado para o seu trabalho habitual. 
-Ele é concedido tanto para casos de doenças quanto de acidentes que ocasionem incapacidade temporária. 
-A carência é de 12 contribuições, exceto para as consideradas graves e de maior extensão e acidentes de qualquer natureza.
-Todos os segurados têm direito a recebê-lo.
-O valor da Renda é 91% do Salário de benefício.
Já o Auxílio-doença acidentário é derivado de acidentes do trabalho (incluindo doenças do trabalho ou profissionais).
-Sempre dispensa carência.
-Só essa modalidade de auxílio-doença gera estabilidade de 12 meses ao EMPREGADO. (art. 118)
-O valor da Renda também é de 91% do Salário-de-benefício.
Competência: art. 129
Definição ao acidente de trabalho: art. 19 ao 21 da lei de benefícios
OBS: LC 150/2015.
1ª FASE: ATENDIMENTO
Essa é a fase mais importante da relação processual, visto que na reunião serão coletados os dados para a redação da petição inicial.
Obrigatoriamente o advogado tem que perguntar:
Qual é a doença incapacitante? (Verificar se o diagnóstico está atualizado e com a CID)
Quanto tempo de contribuição para a Previdência? (Será preciso, no mínimo, 12 contribuições)
Ainda contribui? Há quanto tempo está sem contribuir?
Qual o salário de contribuição?
Quantos membros compõem a família?
Quantos dias está afastado do trabalho?
2ª FASE PETIÇÃO:
Endereçamento: 
JUIZADO ESPECIAL FEDERAL (até 60 salários mínimos em 2017= R$ 52.800)
Réu: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, autarquia federal, criada pela Lei nº 8.029, artigo 17, de 12 de abril de 1.990, e pelo Decreto nº 99.350, de 27 de junho de 1.990, domiciliado no Setor de Autarquia Sul, Quadra 02, Bloco O, Brasília/DF, CEP: 70.070-946. (Endereço para processos em Brasília)
 I-PRELIMINARES:
Gratuidade de Justiça: Arts. 98 e 99 do CPC
Prioridade na Tramitação: art. 71 Estatuto do Idoso (- Lei 10.741/03)
Audiência de Conciliação: 
Escolha do foro. 
II- Fatos
Os dados coletados durante a reunião serão utilizados para preencher os fatos, contudo há que se observar uma métrica, pois o juiz deverá conhecer todos os pontos (requisitos) para a concessão do benefício previdenciário.
Introdução: Deverá apresentar o quadro clínico do cliente.
Desenvolvimento: i) Deverá relatar o indeferimento administrativo, ii) Abordar sobre o trabalho do cliente e se ainda está executando alguma atividade remunerada.
Conclusão: Destacar que o cliente preenche todos os requisitos para a concessão do benefício: Qualidade de segurado, carência e a incapacidade para o trabalho. 
III-Mérito
Cabimento
Abordar o cabimento para a concessão do benefício (Lei 8.213/91):
Se for pedir o auxílio-doença: art. 59
Aposentadoria por Invalidez: art. 42
Requisitos:
Qualidade de Segurado: art. 11 e 13
Carência: 12 contribuições (art. 25)
Incapacidade (mais de 15 dias)
IV- LIMINAR
Demonstrar que o cliente preenche os requisitos para a concessão do benefício, porém não pode suportar a marcha regular do processo, posto que a sua segurança alimentar está ameaçada.
Fundamentação: Art. 300, § 2º (Possibilidade de concessão da tutela em caráter liminar).
Requisitos: 
Evidência do Direito: Demonstrar que todos os requisitos foram preenchidos, inclusive apontar que a doença está vastamente comprovada.
Perigo de Dano ou Resultado útil ao Processo:
O advogado deve deixar claro que os rendimentos do cliente possuem natureza alimentar e não há outra fonte de renda, por isso, toda a fundamentação tem que abordar o grau de necessidade da medida para a manutenção subsistência do cliente, bem como a da sua família.
V- PEDIDO
Citação
Acolhimento das preliminares
Deferimento do pedido de Liminar
Deferimento total da ação, a fim de conceder o benefício pleiteado a partir da data do requerimento administrativo.
Pagamento das parcelas vencidas
Designação de perícia médica
Deferimento de honorários de sucumbência 
OBS. VALOR DA CAUSA: 12 parcelas do benefício requerido + parcelas atrasadas .
FONTES PROCESSUAIS
CPC 2015: Lei nº 13.105/2015
Lei dos Juizados Especiais Federais: 10.259/01
Lei dos Juizados Especiais: Lei nº 9.099/95
Dr. Jaderson Ferreira End: Rua 13 Norte, Lote 1/3, Águas Claras-DF, Nº 302-E
 OAB-DF 45.053 (61) 99617-3599

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