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Vocabulário na Esfera Jurídica

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VOCABULÁRIO NA ESFERA JURÍDICA
Prof. Dr. Claudiomiro Vieira-Silva
AULAS 13 e 14
Curso: Direito
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LÉXICO E VOCABULÁRIO
Diferenças entre gramáticos e linguistas: 
Gramáticos: léxico, vocabulário e dicionário – não estão diferenciados.
“O léxico de uma língua é o conjunto das palavras dessa língua: o seu vocabulário, o seu dicionário” (SILVEIRA, Sousa. Lições de português (1972, p. 21).
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Linguistas: há diferenças semânticas entre léxico, vocabulário e dicionário.
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LÉXICO: conjunto sistêmico da língua posto aos usuários; é um inventário aberto, com número infinito de palavras.
DICIONÁRIO: conjunto de palavras organizados em ordem alfabética, indicando nos verbetes o significado. É um elemento concreto da língua e possui grande mobilidade, apesar de não registrar todas as possibilidades lexicais. 
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VOCABULÁRIO: uso que fazemos da língua; seleção e o emprego de palavras pertencentes ao léxico para realizar a comunicação.
Exemplificando:
João é brasileiro, natural do Rio Grande do Sul, advogado. José é também brasileiro, natural do Rio Grande do Norte, médico. Ambos partilham o mesmo léxico português (língua), mas cada qual possui seu vocabulário próprio, um repertório fechado, sujeito a uma série de indicadores socioculturais.,
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O vocabulário é a expressão da personalidade do homem e de seus conhecimentos linguísticos.
Deve-se enriquecer constantemente o inventário vocabular.
 
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Minha casa está situada no centro comercial do bairro.
DENOTAÇÃO: sentido encontrado nos dicionários – aponta para uma família ideológica ampla: “morada”, “residência”, “habitação”, “domicílio”. 
O SENTIDO DAS PALAVRAS
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Esta escola é minha casa.
CONOTAÇÃO: sentido de similaridade – valor efetivo.
Metáfora
Maria tem bom coração.
CONOTAÇÃO: sentido de contiguidade – valor caracterizador.
metonímia.
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É o caráter polissêmico da língua que amplia a definição de um vocábulo.
O significados se ampliam quando não se uma relação direta entre a palavra e a coisa.
Alargam-se o valor semântico dos signos – tornam-se um feixe de significado. 
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Vamos dançar a quadrilha?
 	A polícia prendeu o chefe da quadrilha.
Costumo lavar minhas roupas.
	É praxe lavar o dinheiro do narcotráfico.
	Consegui lavar a barra no tribunal. 
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3. “Se a separação é legal se chama divórcio, todos saber. Mas, uma coisa: a outra, que não se chama divórcio e não está na lei, é muito mais legal” (Millôr Fernandes – Isto É/Senhor, 14-3-92). 
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A palavra vai assumindo vários sentidos dentro de uma perspectiva paradigmática:
Remete o leitor/ouvinte a determinados significados que estão estritamente ligados aos contextos.
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Outros exemplos:
Morte (para o médico, para o jurista, para o poeta, para as diferentes religiões etc.);
Amante (aquele que ama, a/o filial);
Concubina
Mancebia, amancebar
Cortesã
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A clareza das ideias está intimamente relacionada com a clareza e precisão das palavras consoantes (OTHON GARCIA, 1975, p. 135).
No Direito, é ainda mais importante o sentido das palavras porque qualquer sistema jurídico deve cuidar do valor nocional do vocabulário técnico e estabelecer relações semânticas-sintáticas harmônicas e seguras na organização do pensamento.
O SENTIDO DAS PALAVRAS NA LINGUAGEM JURÍDICA
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Três são os tipos do vocabulário jurídico:
Unívocos;
Equívocos;
Análogos.
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UNÍVOCOS: são os que contêm um só sentido.
A codificação vale-se deles para descrever delitos e assegurar direitos.
Furto (art. 155, CP – subtrair, para si ou para outrem, coisa móvel alheia );
Roubo (art. 157, CP - subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel mediante grave ameaça ou violência, depois de reduzir a resistência da pessoa).
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Outros exemplos de palavras unívocas - palavras pertencentes ao jargão do profissional do Direito:
Ab-rogar (revogar totalmente uma lei);
Derrogar (revogar parcialmente uma lei);
Ob-rogar (contrapor uma lei a outra);
Repristinar (revogar uma lei revogadora). 
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OBS: a repristinação não é automática, pois não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência nos termos do art. 2º, § 3º, da LICC. 
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A univocidade representa os termos técnicos do vocabulário especializado.
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EQUÍVOCOS: são os vocabulários plurissignificantes, possuindo mais de um sentido e sendo identificados no contextos.
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SEQUESTRAR
Direito Processual: apreender judicialmente bem em litígio.
Direito Penal: privar alguém de sua liberdade de locomoção.
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SEDUZIR
Linguagem usual: exercer fascínio sobre alguém para benefício próprio.
Direito Penal: manter conjunção carnal com mulher virgem, menor de dezoito anos e maior de quatorze, aproveitando-se de sua inexperiência ou justificável confiança.
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O profissional do Direito deve empreender bastante esforço semântico ao usar as palavras plurissignificativas. Para tanto não deve empregar acepções que não pertençam ao jargão jurídico, ou, se o forem, mas tiverem natureza equívoca, devem ser acompanhadas de especificadores que resguardem o sentido pretendido.
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ANÁLOGOS: são os que, não possuindo étimo (palavra que é a origem de outra) comum, pertencem a uma mesma família ideológica, sendo sinônimas, apesar de distinções semânticas porque a sinonímia perfeita inexiste.
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RESOLUÇÃO
Resilição: dissolução pela vontade dos contraentes
Rescisão: dissolução por lesão do contrato.
Dissolução de um contrato, acordo, ato jurídico
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As palavras análogas são comumente conhecidas como palavras sinônimas.
Todavia, as palavras não têm exatamente o mesmo sentido, podendo ser agrupadas por um ponto em comum, mantendo suas significações específicas.
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O vocábulo resolução é ponto comum (gênero) das palavras resilição e rescisão.
No entanto, resolução é palavra equívoca, com diversos significados, enquanto resilição e rescisão são palavras unívocas.
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“Ninguém se apodera da língua e dela faz uso exclusivo” (Ronaldo Caldeira Xavier, 1991, p. 12). 
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Explique:
Furto e Roubo são palavras unívocas, mas podem ser análogas.
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