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Teoria Social – Karl Marx (1818 – 1883) Epistemologia – Teoria do Conhecimento Método dialético A realidade se desenvolve em três momentos: Identidade/ Afirmação/ Tese (burguesia) Negatividade/ Negação/ Antítese -> liberdade (proletariado) Totalidade/ Negação da negação/ Síntese (sociedade sem classe) Aufhebung (SUPRASSUNÇÃO): suprimir/ negar; conservar/assumir; elevar. Toda realidade tem em si o princípio da própria negação. O unilateral é superado. Marx quer esclarecer as leis específicas que falam do nascimento, desenvolvimento e morte de um organismo social e sua superação por algo posterior e superior. O primeiro momento é positivo; a dialética inclui o momento da sua negação/desaparição inevitável. Tudo é contingente; o movimento tem um fluxo de movimento de superação; é transitório, dinâmico. Algo sempre morre, algo sempre nasce. Dialética: caráter crítico e revolucionário. Nada é definitivo, nada é eterno. - Teoria social: teoria crítica A crítica é a explicitação dos limites e as possibilidades. Momento destrutivo e de superação. São três momentos: Momento científico. Descrição: análise da sociedade (identidade) Economia política. “Anatomia da sociedade deve ser dada pela economia política”. “Os materiais do economista são: a vida ativa e atuante dos homens.” -> PRÁXIS. Momento político. Prescrição/ normativo: denúncia do déficit de humanidade das condições sociais atuais (experiência do déficit – descompasso da sociedade) -> REVOLUÇÃO. “A crítica tem na denúncia sua principal tarefa.” -> identificação da negatividade. A emancipação da humanidade só é possível na prática, se for adotado o ponto de vista da teoria. O homem é para o homem o ser supremo – déficit da sociedade -> denúncia. O imperativo categórico é destruir todas as condições em que o homem surge como ser humilhado, abandonado, desprezível. (revolução) A arma da crítica não pode destruir a crítica das armas que o poder material deve ser derrubado pelo poder material. A teoria é capaz de se apossar das massas quando ela se torna radical. Ser radical é agarrar as coisas pela raíz, mas para o ser humano a raíz é o próprio homem. Teoria = força emancipatória. Se o ser humano é formado pelas circunstâncias, então é necessário humanizar as circunstâncias. Momento filosófico. Interpretação: determinação do sentido -> direção da história. *Filosofia da história (baseado na antropologia). O que importa é transformar o mundo – os filósofos interpretam. A história deve revelar a emancipação do mundo; aquisição crescente de liberdade. O contrário disso é a alienação: dominação por algo que o próprio homem criou (estranho para mim mesmo). A tarefa (filosofia) é desmascarar a alienação humana – mostrar que o que domina o ser humano é criação dele. O crítico deve desenvolver, a partir da realidade existente, a verdadeira realidade como seu dever ser e fim último. A história não faz nada, não possui nenhuma riqueza. Quem faz a história é o homem, que é quem luta, quem possui. A história usa o homem para o seu fim – a história é a perseguição do homem pelos seus objetivos. As circunstâncias fazem os homens, assim como o homem faz as circunstâncias. Cada um precisa admitir que não possui uma visão exata do que virá depois. Deve-se encontrar o novo mundo a partir da crítica do antigo, do presente. Não há como saber como será o futuro, apenas pode-se analisar criticamente o presente e captar o sentido e a tendência da sociedade. O comunismo não é um estado de coisas que deva ser instalado. Chamamos de comunismo o movimento real que suprassume o estado de coisas atual (diminuição do trabalho subordinado, aumento da escolaridade, etc). O sentido da história seria uma associação no qual o livre desenvolvimento de cada um é a condição do livre desenvolvimento de todos -> liberdade recíproca. *Comunidade de pessoas livres e iguais. “É impossível abolir a filosofia sem a realizar”. Antropologia A essência humana Liberdade. Imunidade: espontaneidade da escolha. Capacidade: efetividade da escolha. Reflexividade: ampliação da escolha. A liberdade é o poder do indivíduo sobre as condições que ele vive. Toda liberdade se dá num contexto; o contexto deve ser o objeto da escolha. A atividade consciente e livre é a essência do homem. A liberdade é o poder de fazer valer a sua própria liberdade. Deve se proporcionar a todos o contexto social necessário para que cada um possa exteriorizar a sua própria vida. O mundo social é contingente (possível de transformação). Ou seja, o mundo social poderia ser diferente. Igualdade. *menos importante que a liberdade. *Socialismo esquerda: preocupa-se mais com a igualdade. Igualdade é a consciência do homem a respeito de si mesmo na práxis (ação); a consciência do ser humano a respeito do outro como seu igual. Também é o comportamento de um em relação ao outro como seu igual. A igualdade é a expressão para a unidade humana. O comportamento próprio da minha espécie é reconhecer o outro como igual (mesma humanidade) reciprocamente. A igualdade deve ser vista no comportamento (práxis). PRÁXIS IGUALDADE (AÇÃO) CONSCIÊNCIA ATIVIDADE CONSCIENTE COMPORTAMENTO Comunidade. O que faço a partir de mim (liberdade), faço para a sociedade. Toda a minha existência é atividade social. Tenho consciência de mim como SER SOCIAL. Nossa humanidade é formada pela sociedade e também para a sociedade. Deve-se negar a divisão entre sociedade e indivíduos. A sociedade é formada por eles. Só existem indivíduos sociais, comunitários. A relação do homem consigo mesmo é efetiva a partir de sua relação com outro homem. LIGAÇÃO COMUNIDADE E LIBERDADE. Essa reflexão depende do olhar do outro. Práxis – A Existência Humana Experiência (ação) com déficit -> plenitude humana (ser livre e comunitário igual aos demais). Práxis. Toda vida social é prática (práxis). A coincidência entre a transformação de si e a transformação do mundo. Mudar o mundo e a si mesmo através de suas ações. Toda a vida social é produto da práxis. Estamos constantemente mudando o mundo e a nós mesmos. PRÁXIS SOCIAL -> TRABALHO. PRÁXIS POLÍTICA -> REVOLUÇÃO. - Práxis social (trabalho). Todo trabalho tem obstáculos. A superação destes é a prova de sua liberdade, prova de alteração do mundo/transcendo o mundo, por isso sou livre. As finalidades são postas pelo próprio indivíduo. Todo o trabalho manifesta a liberdade do ser humano. O que é trabalho? Por que não experenciamos a auto realização/ liberdade no nosso trabalho? O trabalho é SUBORDINADO. Não vivemos como experiência de liberdade e suas finalidades são impostas por outros. O trabalho ainda não criou para si as características de auto realização (condições objetivas e subjetivas). O trabalho jamais será pura diversão. Haverá uma suprassunção do trabalho como existe agora -> FIM DA SUBORDINAÇÃO (trabalho subordinado, na nossa sociedade, está desaparecendo). - Práxis política (revolução). A práxis revolucionária também é consciência e atividade. Nos tornamos revolucionários quando descobrimos a contingência do mundo (possível de mudança/posto pela nossa vontade). O mundo pode ser mudado pelo pensamento e vontade humanos. Ideia de libertação de si mesmo e dos outros. Consciência revolucionária e atividade revolucionária andam juntos. O transformar a si mesmo coincide ao transformar as circunstâncias. Fazer a revolução: a luta de classes pressupõe uma classe oprimida e outra opressora. Marx imagina uma sociedade sem o antagonismo de classes. A sociedade pós-revolucionária organiza todas as condições da existência humana com base na liberdade social (liberdade e comunidade).ESSÊNCIA x EXISTÊNCIA Liberdade Divisão do trabalho (papel social limita a liberdade. Identidade imposta socialmente) Igualdade Classes (desigualdade) Comunidade Instituições – só consegue se consegue relações com os outros através das instituições. Não há relações de indivíduos como indivíduos. Há uma tensão entre ESSÊNCIA e EXISTÊNCIA. Por haver essa tensão, Marx pensou em uma solução: o COMUNISMO. Conceito COMUNISMO: suprassunção da essência e existência. ESSÊNCIA EXISTÊNCIA COMUNISMO Apropriação da própria essência. Vivência numa comunidade de livres e iguais. Por obra do homem e tendo em vista o homem o comunismo irá se formar. Comunismo é o retorno a si mesmo enquanto homem social, humano, indivíduo social. Só vivemos a humanidade quando compartilhamos ela com os outros. O comunismo é a verdadeira resolução do conflito entre essência e existência. - Centralidade do indivíduo. Com a revolução a libertação de cada indivíduo singular é atingida. *Não quer fazer o indivíduo desaparecer. Tudo o que existe na sociedade é criação dos homens. Não há lei natural que obrigue a permanência das coisas como elas são. Associação dos indivíduos através do diálogo. Não haverá Estado -> MAL DESNECESSÁRIO. O comunismo quer tornar impossível tudo o que existe independentemente dos indivíduos. Isto é, não haverá mais instituições para mediar as relações; os indivíduos serão totais. Comunidade como associação de indivíduos. Modo de Produção Estrutura social Dinâmica social Ponto de vista SINCRÔNICO Ponto de vista DIACRÔNICO Instante/Momento Desenvolvimento no tempo Elementos Mudança Ideologia Alemã (1847) Prefácio à Contribuição da Crítica da Economia Política Perspectiva Sincrônica. Estrutura social. Elementos - Produção de vida material: TRABALHO. O pressuposto da existência humana é que os homens devem estar em condições de viver para fazer história. Para estar em condições de viver precisamos de moradia, vestimenta, alimentos -> produzimos as condições mínimas de nossa própria existência. A produção das condições é dada pelo trabalho. Este é um fato fundamental que deve ser levado em consideração na análise de qualquer sociedade. - Produção de novas necessidades: CULTURA. A satisfação das primeiras necessidades conduz a novas necessidades. Isto é a cultura. - (Re)Produção de seres-humanos: FAMÍLIA. Os homens, que renovam diariamente sua própria vida com o trabalho, criam novos homens. Todo modo de produção, para existir, precisa da reprodução de seus indivíduos, constituindo, assim, a família. - Produção de relações sociais: COOPERAÇÃO. “Um determinado modo de produção está sempre ligado a um determinado modo de cooperação”. O homem não apenas produz – produz também o ambiente em que realiza as suas produções. A cooperação social não cai do céu. Em cada revolução industrial, observou-se uma estruturação do modo de cooperação diferente. Cada um desses modelos manifesta um modo de produção. Revoluções industriais de acordo com Castells: Iª: 1770 – ING; máquina a vapor. PIRAMIDAL IIª: 1870 – EUA; eletricidade. IIIª: 1970 – Califórnia; informação (inovação, criatividade). – REDE LINGUAGEM Produção de signos. A linguagem nasce da necessidade da relação com outros seres humanos; cada sociedade produz os seus. Analisar uma sociedade é analisar a sua linguagem. As relações podem ser observadas a partir de como são produzidas as palavras (modo de vida, palavras de tratamento). Ex: Tocqueville compara o uso, na ING, de gentleman (estilo de vida) e gentilhomme (nobre de berço). Produção de ideias – consciência. A consciência é um produto social. É analisada a partir do modo de produção (a produção diz respeito a totalidade). Obs: contra o economicismo. O modo de produção não deve ser considerado somente sob o aspecto da reprodução da essência física dos indivíduos. É uma forma determinada da sua atividade, uma forma de exteriorizar a sua vida, um determinado modo de vida. O que os indivíduos são coincide com a sua produção – o que produzem e o modo da produção. Atualmente, o modo de produção é instável, portanto, somos, também, instáveis: nas relações, nos empregos, nas cidades, etc. Perspectiva Diacrônica. Dinâmica social. - Método: a economia política. Tanto as relações jurídicas como as políticas não podem ser compreendidas a partir de si mesmas, mas, ao contrário, se enraízam nas relações materiais de vida, que são estudadas pela economia política (estuda a totalidade). Não existe um direito à margem da política e da economia. - Relações de produção e forças produtivas. Os homens fabricam as coisas a partir de determinadas relações de produção, que também são produzidas pelo homem. Ao mudar as forças produtivas, muda-se o modo de produzir (evidente na revolução industrial). Ao mudar o modo de produção, as relações sociais, consecutivamente, mudam. Esses mesmos homens produzem as ideias e princípios conforme as relações sociais. Ex: com a descoberta da arma de fogo, toda a organização do exército sofreu modificações, assim como as relações dentro do mesmo. - Estrutura econômica e superestrutura jurídica política. Na produção social da própria vida os homens contraem relações determinadas, relações de produção que correspondem a um grau determinado de desenvolvimento das suas forças produtivas. A totalidade das forças de produção forma a estrutura econômica da sociedade – a base sob o qual se leva uma superestrutura jurídica e política. NOTA: esse pensamento pode ser chamado de MARXISMO VULGAR, uma vez que está contido de um determinismo econômico, quando, na verdade, sabemos que na sociedade existem outras motivações que formam a estrutura (culturais, religiosas, etc). O modo de produção deve ser compreendido como uma totalidade. O modo de produção da vida material, em geral, condiciona o processo de vida política, social, espiritual. É o SER SOCIAL quem determina a consciência. Ou seja, não é a economia que está na base de tudo, mas sim, a vida como ela é. Parte-se dos próprios indivíduos e se considera a sua consciência como a sua própria consciência – a consciência de um ser social. O modo de vida como vivemos é de acordo com o modo de vida que pensamos. Se a sociedade muda, a consciência também muda. O modo de produção, então, diz respeito a uma sociedade concreta. “O mundo das formas de consciência não é um produto imediato da forma econômica, mas da totalidade do ser social. Só o marxista vulgar que transformou a economia como relação causal nas relações humanas.” (Lukacs) - Contradições da consciência e consciência das contradições. Reconhecer os produtos do seu trabalho comoseus próprios produtos e julgar a separação das condições de produção como algo imposto a força é uma consciência formidável, produto ela própria do modo de produção capitalista é o dobre de finados desse modo de produção. A alienação do trabalhador é, justamente, não ter o reconhecimento da sua produção como algo que é seu. O reconhecimento muda o modo de produção. Ex: o escravo, ao tomar consciência que ele não pode ser propriedade – consciência como pessoa – passa a fazer a escravidão como algo artificial, isto é, muda a estrutura social por torná-la insustentável. - Os modos de produção na história. Há quatro modos de produção: Modo de produção asiático: Antigo Egito e a corveia. O Estado é quem organiza a totalidade da produção.
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