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ESTUDO DE CASO – STARBUCKS CONTINUA PREPARANDO TERRENO NA ÁSIA Fonte: Adaptado de HAWKINS, D. et al. Comportamento do Consumidor: construindo a estratégia de marketing. São Paulo: Elsevier Editora, 2007. A Ásia, especialmente a China, é bem conhecida por seu amor ao chá. Por isso, pode ser um pouco surpreendente o entusiasmo da Starbucks em relação ao mercado chinês. Considere a seguinte citação de um executivo da Starbucks: “Estou tão animado em relação à China que mal consigo me controlar. Estive em Xangai há algumas semanas. As lojas de lá estão cheias de clientes. Pense que a China seria um ótimo mercado para nós algum dia. Mas é uma sociedade que bebe chá – diferentemente do Japão, que achamos que é uma sociedade que bebe chá, mas também bebe muito café. Na China, isso realmente não é verdade. Achei que seria necessário um processo educacional muito mais longo. Mas eles estão se adaptando rapidamente”. E certamente existem motivos para essa animação. A China é um grande mercado consumidor. Com uma população de 1,3 bilhão, rendas crescentes e atitudes cada vez mais globais especialmente nas grandes cidades, inúmeras empresas em todo o mundo estão desesperadas para penetrar nesta mina de ouro. No entanto, a realidade do mercado de café da China ainda está bem longe da onda. Considere o fato de que, apesar do crescimento de 90% nas vendas de café na China nos últimos 5 anos, o consumo per capita ainda fica abaixo de 1 kg por pessoa, em comparação com 4 kg nos EUA. O chá ainda é a bebida número um na China (em volume), parte da herança nacional da China e está altamente embutido na cultura. Veja como um especialista em marketing de alimentos aborda o assunto: “Apesar do potencial de uma base populacional de 1,3 bilhão, os comerciantes de café estão preocupados com a dificuldade de transformar uma nação que bebe chá em uma nação que bebe café. O chá é a bebida nacional chinesa e considera-se que tem propriedades medicinais que o café não tem, o que significa que continuará a ser parte integrante do dia a dia chinês nas próximas duas ou três décadas. Adicionando-se a isso o fato de que o café ainda é absurdamente caro e não é conhecido da maioria da população, as indicações são de que, apesar de o potencial ser gigantesco, o crescimento do café continua a ser lento.” Em uma população tão grande, você pode se surpreender ao saber que, em 2005, a Starbucks só tinha 150 lojas na China, uma pequena gota em um balde, se compararmos com as cerca de 4.600 nos EUA. Vários fatores influenciarão o mercado chinês de café e devem ser considerados na estratégia de marketing da Starbucks. FATORES DEMOGRÁFICOS As estatísticas populacionais isoladas não contam toda a história. A base populacional de 1,3 bilhão é, na maioria, rural e de baixa renda. A economia está em crescimento e a classe média está aumentando. Os chineses das classes média e alta tendem a se localizar nas grades cidades, como Cantão, Pequim e Xangai, onde as rendas aumentaram substancialmente. Uma estimativa relata que o número de chineses com renda de “classe média” é de 50 milhões e que a renda deve dobrar até 2012. O mercado costeiro entre Xangai e Schenzhen representa cerca de 200 milhões de pessoas e, portanto, é muito atraente. CONCORRÊNCIA Além do chá, que é claramente o grande concorrente das “bebidas”, os desafios em termos de mercado de “novo terreno” incluem Pacific Coffee (Hong Kong), Blenz Coffee (Canadá), Fígaro (Filipinas) e McCafé (a cafeteria do McDonalds). No entanto, o café instantâneo é o principal participante. De acordo com o relatório, isso acontece porque o café está apenas decolando e os chineses ainda não apreciam o sabor do café ou a diferença entre os tipos de café. Atualmente, misturas instantâneas baratas (café, leite e açúcar) são populares como dispositivos de economia de tempo entre os profissionais. De fato, o Nescafé (marca da Nestlé) detém quase metade da participação de mercado e se tornou o termo genérico na China para designar café. CULTURA, HÁBITOS E PERCEPÇÕES Obviamente, uma população de 1,3 bilhão é impossível de generalizar. No entanto, algumas informações interessantes estão disponíveis como orientação. Os insights gerais vêm de uma recente pesquisa de consumo da Kurt Salmon Associates em quatro cidades chinesas: Pequim, Xangai, Chengdu e Shenyang. A pesquisa descobriu que os cinco principais fatores na escolha de uma marca eram alta qualidade, o fato de ser bom para a saúde, a atenção com o consumidor, adequar-se à autoimagem e um preço justo. Dada a natureza altamente coletivista da cultura chinesa, o componente da autoimagem é significativo. Outro insight geral em relação a alimentos e bebidas é a noção de equilíbrio personificada pelos conceitos de yin versus yang. A Frito-Lay aprendeu essa lição quando descobriu que certos sabores e cores são associados com o yin e outros com o yang. Em termos de marketing sazonal, a diferença é fundamental, visto que yin é associado ao frio e o yang é associado ao quente. A Frito-Lay desenvolveu uma batata chip com sabor de limão e colocou-a em uma embalagem em tom pastel para realçar o yin nos meses de verão, visto que o chip tradicional era associado ao yang. Insights mais específicos em termos de mercado de café e alimentos especialmente para profissionais chineses mais jovens e ricos incluem: - Gostam de comer fora. - Associam o café ao estilo de vida ocidental. - Veem o café como uma bebida elegante. - Associam a Starbucks à riqueza e status. - Preferem produtos alimentícios de negociantes locais (versus estrangeiros). - Gostam de alimentos e bebidas doces, especialmente sobremesas. Como se o mercado chinês não fosse suficiente, a Starbucks está finalizando uma negociação para entrar na Índia. Estão apostando claramente no mercado asiático para fomentar o crescimento à medida que o mercado norte-americano amadurece. Se eles serão capazes de geral capital com essa aposta é algo que ainda vamos ver.
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