Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
ENTIDADE DE UTILIDADE PÚBLICA LEI Nº 13.483, DE 25 DE JUNHO DE 2008 D.O. 26 DE JUNHO DE 2008 Rua Benigno Cordeiro Galvão, 900 – Jaguaribe – Ilha de Itamaracá – PE CNPJ: 01.888.264/0001-96 Fone/Fax: (81) 3266.4414 Rua Dom Manoel de Medeiros, s/nº - Dois Irmãos – Recife – PE CEP: 52171-900 – Pró-Reitoria de Extensão - UFRPE E-mail: oceanario@oceanario.org.br www.oceanario.org.br Prezado(a) Senhor(a), Estamos disponibilizando o Diagnóstico Socioeconômico da Pesca Artesanal do Litoral de Pernambuco em formato digital. O diagnóstico é um retrato da Pesca Artesanal do litoral pernambucano. Seu objetivo é registrar o perfil socioeconômico e socioambiental dos pescadores que trabalham nas indústrias naturais de alimentos, que são considerados os rios, estuários, manguezais, lagoas e a plataforma continental de Pernambuco. Foram visitadas 71 comunidades e entrevistados 5.077 pescadores (homens 3.365 e 1.712 mulheres). Esta pesquisa foi elaborada pelo Instituto Oceanário de Pernambuco e o Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco, com financiamento do Governo do Estado através da Secretaria Especial de Juventude e Emprego. Tivemos a colaboração do Ministério da Pesca e Aquicultura em Pernambuco, Fundação Joaquim Nabuco, Pastoral dos Pescadores, Movimento dos Pescadores de Pernambuco (MOPEPE) além de Colônias e Associações de Pescadores. O presente diagnóstico está apresentado em quatro arquivos, cada um representando um volume, devido à complexidade de informações. O volume I ou inicial, aborda de uma forma generalizada, os elementos dos municípios e das comunidades que encontram-se detalhados nos volumes restantes. Consta neste volume: a introdução, a metodologia, os resultados estatísticos das áreas litorâneas estudadas, incluindo a Ilha de Fernando de Noronha. A divisão em quatro áreas foi embasada nas condições geológicas e geomorfológicas, ecossistemas aquáticos, ocupação demográfica e atividades pesqueiras. Os volumes seguintes, II, III e IV, correspondem às áreas Norte, Metropolitana e Sul, respectivamente. O interesse é que este trabalho sirva como base de análise para diversos públicos, como: governo federal, estadual e municipal, organizações não governamentais, os movimentos sociais dos pescadores, pesquisadores, estudantes, e os próprios atores do processo: os pescadores (as) artesanais e seus familiares. Luiz Lira Coordenador da Pesquisa Diagnóstico Diretor Científico do Instituto Oceanário DIAGNÓSTICO SOCIOECONÔMICO DA PESCA ARTESANAL DO LITORAL DE PERNAMBUCO VOLUME - IV LITORAL SUL 2010 Ficha catalográfica Pernambuco / coordenador geral Luiz Lira; comissão de redação Luiz Lira, Beatriz Mesquita, Mônica Maria Cavalcanti Souza, Cezar Augusto Leite, Ana Paula de Almeida Leite, Amanda Machado Farias, Carolina Galvão. 4 v. : il. ; 30 cm Conteúdo: v. 1. Síntese do litoral pernambucano, incluso Fernando de Noronha – v. 2. Área Norte – v. 3. Área Metropolitana – v. 4. Área Sul. Inclui referências e anexos. CDD 639.098134 1. Pesca artesanal – Pernambuco 2. Análise socioeconômica 3. Análise socioambiental 4. Educação ambiental I. Lira, Luiz, coord. II. Mesquita, Beatriz III. Souza, Mônica Maria Cavalcanti IV. Leite, Cezar Augusto V. Leite, Ana Paula de Almeida VI. Farias, Amanda Machado VII. Galvão, Carolina VIII. Instituto Oceanário de Pernambuco IX. UFRPE. Departamento de Pesca e Aquicultura Instituto Oceanário de Pernambuco Rua Benigno Cordeiro Galvão, 900 – Jaguaribe – Ilha de Itamaracá – PE CNPJ: 01.888.264/0001-96 Fone/Fax: (81) 3266.4414 Rua Dom Manoel de Medeiros, s/nº - Dois Irmãos – Recife – PE CEP: 52171-900 – Pró-Reitoria de Extensão - UFRPE E-mail: oceanario@oceanario.org.br Site: www.oceanario.org.br D536 Diagnóstico socioeconômico da pesca artesanal do litoral de -- 1. reimpr. -- Recife : Instituto Oceanário de Pernambuco : Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE, 2010. Governo do Estado de Pernambuco Eduardo Henrique Accioly Campos Governador Secretaria Especial de Juventude e Emprego - SEJE Pedro José Mendes Filhos Secretário Estadual de Juventude e Emprego Ins! tuto Oceanário de Pernambuco Presidente Alexandre Carvalho Diretor Cien" fi co Luiz Lira Diretora de Projetos Ana Paula de Almeida Leite Pesquisadores Cezar Augusto de Almeida Leite Mônica Mª Cavalcan! de Azevedo Souza Hermon Augusto da Costa Braga Junior Coordenador Geral Luiz Lira Coordenador Administra! vo Alexandre Carvalho Coordenadores de Área Silvanda Galvão de Arruda Vanildo Souza de Oliveira Litoral Sul Consultores do Diagnós! co Ricardo Gama Soares André Luis San! ago Maia Gecynalda Soares da Silva Gomes Jasiael Felipe da Costa Ana Paula de Almeida Leite Equipe Técnica Equipe do Diagnóstico ^ocioeconƀŵico da Pesca Artesanal no litoral de Pernambuco Cezar Augusto de Almeida Leite Litoral Metropolitano Litoral Norte José Carlos Pacheco dos Santos Beatriz Mesquita Jardim Pedrosa Ana Paula Gonçalves da Silva Amanda Machado de Moura Farias Bernardo Ramos de Barros Dias Carolina da Cunha Galvão Cardoso Darlany Benedita Cabral Sá da Rocha Felipe César Barros da Silva Hermon Augusto da Costa Braga Junior Isabela Maria da Silva Araújo Mirela Assunção Simões Mônica Mª Cavalcan! de Azevedo Souza Sandra Regina da Silva Galvão Wellane Cassett Araújo Guedes Daniel Locatelli Santos O Instituto Oceanário e o Departamento de Pesca e Aquicultura da UFRPE, dedicam o Diagnóstico da Pesca Artesanal ao Prof. Hamilton Cavalcanti Costa (in memorian), pelos serviços prestados aos pescadores e pescadoras do litoral pernambucano. “Di! cil não é a compreensão, é querer compreender” Mestre Gabriel Agradecimentos O Instituto Oceanário de Pernambuco (IOPE) vem expressar, através do seu Presidente Alexandre Carvalho e do Coordenador Geral do Diagnóstico Socioeconômico da Pesca Artesanal do Litoral de Pernambuco, Luiz Lira, o reconhecimento e apoio de todas as instituições e pessoas que contribuíram para o presente trabalho. Agradecemos: Ao Governo do Estado de Pernambuco através do Dr. Pedro Mendes, Secretário Especial de Juventude e Emprego (SEJE), pelo apoio fi nanceiro e pela credibilidade depositada. Aos técnicos da SEJE: Pedro Mello, Zafi ra Peixoto, Maria Ribeiro e Marta Loreto. Ao Ministério da Pesca e Aqüicultura na pessoa do superintendente em Pernambuco, Dr. Sérgio Mattos, que facilitou as entrevistas junto aos pescadores registrados naquela instituição. À Universidade Federal Rural de Pernambuco, por meio da Pró-Reitoria de Extensão, pelo acolhimento em seu espaço físico, e do Departamento de Pesca e Aqüicultura, por liberar os pesquisadores Vanildo Souza de Oliveira e José Carlos Pacheco, bem como, à Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento Educacional pela gerência fi nanceira dos recursos do Projeto Diagnóstico. Ao Movimento de Pescadores de Pernambuco (MOPEPE), que iniciou a ação e mobilizou os pescadores, líderes e comunitários contra a poluição dos rios que cortam a cidade do Recife, e que com postura equilibrada e ética, juntou-se a nós no acompanhamento do trabalho de campo. À Pastoral dos Pescadores (CPP), pelas críticas e auxílio no processo de discussão. Às Colônias de Pescadores e Associações de Pescadores, pelo acolhimento e informações concedidas ao longo da nossa caminhada por todo o litoral de Pernambuco, muitas vezes nos concedendo seu espaço físico e agendando reuniões. No sentido de homenagear e agradecer a todos os pescadores, pescadoras e cidadãos que militam em prol da causa da Pesca Artesanal, listamos os seguintes representantes: Jasilma Amorim Muller (Cabo - MOPEPE), Terezinha Filha (Ilha de Deus - MOPEPE), Edson da Cruz Correia (Fly- Ilha de Deus - MOPEPE), Manoel Vicente Rodrigues Filho (Dega – Jatobá - MOPEPE), Valdir de Souza Gonzales (Ponte de Limoeiro - MOPEPE), Bartolomeu José Souza (Ilha do Maruim - MOPEPE), Luciane Santos do Nascimento (Morena - MOPEPE), Renata Manzi de Souza (CPP), José Jonas Pereira Silva (Comunidade do Bode), Edileuza Silva do Nascimento (Dª Leu - Brasília Teimosa), Josias Clementino (Jorge da Praia- MONAPE), Cícero Santino de Oliveira (Itapissuma), Manoel Messias (Sirinhaém). À Fundação Joaquim Nabuco, pela colaboração dos pesquisadores Tarcísio Quinamo, Beatriz Mesquita e Cristiano Ramalho e a Fundação de Amparo à Pesquisa de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva (FUNDAÇÃO PROZEE), na pessoa do presidente Natalino Matsui. À equipe do projeto: os coordenadores Silvanda Galvão, Vanildo Oliveira e José Carlos Pacheco; os consultores, pela assessoria e disponibilidade, Beatriz Mesquita, Ricardo Gama, André Luis Maia e Gecynalda Gomes; aos educadores/ entrevistadores de campo, que acreditaram no sucesso desse trabalho, Amanda Farias, Ana Paula Silva, Bernardo Dias, Carolina Cardozo, Cezar Leite, Darlany Rocha, Felipe Silva, Isabela Araújo, Jasiael Costa, Mirela Simões, Sandra Galvão e Wellane Guedes; as pessoas que reuniram e formataram todo esse material: Mônica Souza, Cezar Leite, Beatriz Mesquita, Ana Paula Leite, Amanda Farias e Carolina Galvão. À Hermon Augusto Braga Júnior, que estava sempre na retaguarda, para facilitar o trabalho de campo e de laboratório com dedicação e profi ssionalismo. Agradecemos também, aos pesquisadores, técnicos e representantes de classe que nos concederam as entrevistas: Sérgio Mattos (MPA) Fernando Acioli (APA Costa dos Corais), Cláudio Rabelo (FAEPE), Assis Lacerda (CPRH), Laurineide Santana e Bill Santos (CPP), Magnus Machado (Centro de Mamíferos Aquáticos) e João Carlos Borges (Projeto Peixe Boi). À Administração da Ilha de Fernando de Noronha na pessoa de Marieta Borges Lins e Silva, ao Museu do Tubarão através de Leonardo Veras, a José Martins, do Projeto Golfi nho Rotador, pelo acolhimento e disponibilidade. Apresentação Este volume, assim como os antecedentes, foi escrito numa linguagem simples com intuito de facilitar seu entendimento a qualquer cidadão, especialmente aos pescadores. Ao mesmo tempo, pretende fazê-los sentir como parte responsável dos ecossistemas aquáticos que empregam milhares de pessoas. O Volume IV completa a pesquisa do Diagnóstico Socioeconômico da Pesca Artesanal, retratando os municípios do Litoral Sul: Ipojuca, Sirinhaém, Rio Formoso, Tamandaré, Barreiros, São José da Coroa Grande e suas respectivas comunidades pesqueiras, que trabalham nos rios, estuários, manguezais e ambiente marinho. Em sendo o fechamento do Diagnóstico, este livro reúne: os resultados estatísticos, as condições socioambientais e o perfi l socioeconômico de cada uma das 16 comunidades presentes neste litoral, indicações sobre as necessidades de cada aglomerado pesqueiro, além das entrevistas com pessoas envolvidas com a causa dos pescadores. É importante ressaltar que as informações gerais do Litoral de Pernambuco, encontram- se contextualizadas no Volume I, por isso fi ca sugerida sua consulta, para uma melhor compreensão dos leitores sobre a pesquisa. Luiz Lira Coordenador da Pesquisa Diagnós" co 2 Lista de Figuras Figura 1. Comunidades Pesquisadas: Litoral Sul. ..............................................................................11 Figura 2. Produção pesqueira do Município de Ipojuca......................................................................16 Figura 3. Comunidades pesqueiras no Município de Ipojuca..............................................................17 Figura 4. Comunidades de Porto de Galinhas, Maracaípe e Serrambi. ................................................18 Figura 5. Nível de escolaridade dos pescadores. ................................................................................20 Figura 6. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ...................................................22 Figura 7. Pescadores à oferta de capacitação. ....................................................................................22 Figura 8. Renda familiar total por mês...............................................................................................23 Figura 9. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais. ...................................................24 Figura 10. Pescadores filiados à Associação/Colônia. ........................................................................24 Figura 11. Porto de Galinhas e seu principal turismo, as piscinas naturais. Recifes de corais: é preciso preservar. ..........................................................................................................................................26 Figura 12. Pisoteamento dos turistas nos recifes de corais. Educação ambiental neles!......................26 Figura 13. Localização da Comunidade de Salinas e do estuário do Rio Maracaípe............................30 Figura 14. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................31 Figura 15. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. .................................................34 Figura 16. Pescadores à oferta de capacitação....................................................................................34 Figura 17. Renda familiar total por mês. ............................................................................................35 Figura 18. Pescadores/família contemplados por benefícios sociais. ..................................................35 Figura 19. Pescadores filiados à Associação/Colônia. ........................................................................36 Figura 20. Alagadiço utilizado pelos pescadores de Salinas. ..............................................................37 Figura 21. Duplicação da via de acesso a Serrambi. ...........................................................................38 Figura 22. Produção pesqueira do Município de Sirinhaém. ..............................................................42 Figura 23. Comunidades pesqueiras do Município de Sirinhaém. ......................................................43 3 Figura 24. Localização da comunidade pesqueira de Barra de Sirinhaém. ..........................................44 Figura 25. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................46 Figura 26. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. .................................................49 Figura 27. Pescadores à oferta de capacitação....................................................................................49 Figura 28. Renda familiar total por mês. ............................................................................................50 Figura 29. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais. .................................................50 Figura 30. Pescadores filiados à Associação/Colônia. ........................................................................51 Figura 31. Barra de Sirinhaém. Ecossistema que alimenta marisqueiras e fertiliza a pesca. ................52 Figura 32. Localização das comunidades pesqueiras de Sirinhaém. ...................................................56 Figura 33. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................58 Figura 34. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. .................................................61 Figura 35. Pescadores à oferta de capacitação....................................................................................61 Figura 36. Renda familiar total por mês. ............................................................................................62 Figura 37. Pescadores/família contemplados por benefícios sociais. ..................................................62 Figura 38. Pescadores filiados à Associação/Colônia. ........................................................................63 Figura 39. A carcinicultura requer técnicas limpas para haver sustentabilidade no ecossistema. .........64 Figura 40. Líder da comunidade de Santo Amaro no centro da foto. ..................................................65 Figura 41. Pescador Manoel Messias facilitou a visita à Agrovila. .....................................................66 Figura 42. Associação de Pescadores de Santo Amaro. ......................................................................66 Figura 43. Estuário do Rio Formoso necessita de saneamento básico. ................................................71 Figura 44. Produção pesqueira do Município de Rio Formoso. ..........................................................72 Figura 45. Comunidades do Município de Rio Formoso. ...................................................................73 Figura 46. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................75 Figura 47. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. .................................................77 Figura 48. Pescadores à oferta de capacitação....................................................................................78 Figura 49. Renda familiar total por mês. ............................................................................................78 4 Figura 50. Pescadores/família contemplados por benefícios sociais. ..................................................79 Figura 51. Pescadores filiados à Associação/ Colônia. .......................................................................80 Figura 52. Entrevista com o Presidente da Colônia Sr. Francisco de Assis. ........................................81 Figura 53. Barcos de pequeno porte são condizentes com o turismo ecológico. ..................................81 Figura 54. Esgoto em céu aberto contribuindo para a poluição do estuário do Rio Formoso. ..............82 Figura 55. Produção pesqueira do Município de Tamandaré. .............................................................87 Figura 56. Comunidade de Tamandaré: pesca no mar de fora e no manguezal. ..................................88 Figura 57. Nível de escolaridade dos pescadores. ..............................................................................90 Figura 58. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. .................................................93 Figura 59. Pescadores à oferta de capacitação....................................................................................93 Figura 60. Renda familiar total por mês. ............................................................................................94 Figura 61. Percentual de pescadores/ família contemplados por benefícios sociais. ............................94 Figura 62. Pescadores filiados à Associação/Colônia. ........................................................................95 Figura 63. Embarcações de pesca exploratória, prospecção pesqueira e pesca artesanal. CEPENE. ....96 Figura 64. Área de Preservação Ambiental nas proximidades do CEPENE. .......................................97 Figura 65. Colônia de Pescadores Z-5. Tamandaré. ...........................................................................98 Figura 66. Comunidade de Barreiros: pescadores/agricultores. ........................................................ 103 Figura 67. Nível de escolaridade dos pescadores. ............................................................................ 105 Figura 68. Pescadores à oferta de capacitação.................................................................................. 107 Figura 69. Renda familiar total por mês. .......................................................................................... 108 Figura 70. Pescadores/família contemplados por benefícios sociais. ................................................ 108 Figura 71. Pescadores filiados à Associação/Colônia. ...................................................................... 109 Figura 72. Estuário do Rio Una contribui com a fertilidade pesqueira. ............................................. 110 Figura 73. Praia do Porto, um desafio da relação turismo e pescador. .............................................. 110 Figura 74. Passagem sazonal da desembocadura do rio Una fechada com sacos de areia. ................. 111 Figura 75. Produção pesqueira do Município de São José da Coroa Grande. .................................... 116 5 Figura 76. Localização da comunidade denominada Centro de São José da Coroa Grande. .............. 117 Figura 77. Nível de escolaridade dos pescadores. ............................................................................ 118 Figura 78. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. .............................................. 121 Figura 79. Pescadores à oferta de capacitação.................................................................................. 121 Figura 80. Renda familiar total por mês. .......................................................................................... 122 Figura 81. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais. ............................................... 123 Figura 82. Pescadores filiados à Associação/Colônia. ...................................................................... 123 Figura 83. A Colônia Z-9 tem credibilidade junto aos seus associados. Muitas embarcações ancoram em frente à colônia no vai e vem do trabalho marítimo. ................................................................... 124 Figura 84. O trabalho compartilhado permite troca de experiências e reforça a solidariedade. .......... 125 Figura 85. Colônia de Pescadores Z-9, requer ajustes na sua estrutura. ............................................ 126 Figura 86. Pescador carregando gelo para abastecer o meio flutuante. ............................................. 127 Figura 87. Comunidades de Várzea e Abreu do Uma. ...................................................................... 130 Figura 88. Nível de escolaridade dos pescadores. ............................................................................ 132 Figura 89. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. ............................................... 134 Figura 90. Pescadores à oferta de capacitação.................................................................................. 135 Figura 91. Renda familiar total por mês. .......................................................................................... 135 Figura 92. Pescadores/família contemplados por benefícios sociais. ................................................ 136 Figura 93. Pescadores filiados à Associação/Colônia. ...................................................................... 137 Figura 94. O estuário do Rio Una que sustenta cerca de 835 pessoas das comunidades de Abreu e Várzea do Una. ............................................................................................................................... 138 Figura 95. Embarcação de pesca em construção na Várzea do Una. ................................................. 138 Figura 96. Casas construídas na margem do Rio Una. ..................................................................... 139 6 Lista de Tabelas Tabela 1. Georeferência das comunidades do Município de Ipojuca. .................................................17 Tabela 2. Georeferência das comunidades do Município de Sirinhaém. .............................................43 Tabela 3. Georeferência das comunidades do Município de Rio Formoso. .........................................72 Tabela 4. Georeferência da comunidade do Município de Tamandaré. ...............................................88 Tabela 5. Georeferência da comunidade do Município de Barreiros. ................................................ 103 Tabela 6. Georeferência das comunidades do Município de São José da Coroa Grande. ................... 116 7 Sumário Apresentação Lista de Figuras Lista de Tabelas Lista de Figuras Lista de Tabelas Introdução ........................................................................................................................... 10 Metodologia ........................................................................................................................ 11 Caracterização dos Municípios....................................................................................... 13 1 – Município de Ipojuca.................................................................................................. 14 1.1- Comunidade de Porto de Galinhas, Maracaípe e Serrambi...................................... 17 1.1.1– Análise Estatística........................................................................................... 18 1.1.1.1 - Perfil Socioeconômico............................................................................ 18 1.1.1.2 – Atividade Econômica............................................................................. 20 1.1.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 25 1.1.3 – Considerações Finais...................................................................................... 27 1.2- Comunidade de Salinas............................................................................................ 29 1.2.1 – Análise Estatística.......................................................................................... 30 1.2.1.1 - Perfil Socioeconômico............................................................................ 30 1.2.1.2 - Atividade Econômica.............................................................................. 32 1.2.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 36 1.2.3 - Considerações Finais...................................................................................... 38 2 – Município de Sirinhaém.............................................................................................. 40 2.1- Comunidade de Barra de Sirinhaém........................................................................ 43 2.1.1 – Análise estatística........................................................................................... 44 2.1.1.1 - Perfil Socioeconômico............................................................................. 44 2.1.1.2 - Atividade Econômica............................................................................... 46 8 2.1.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 52 2.1.3 – Considerações Finais...................................................................................... 54 2.2 - Comunidades de Sirinhaém: Vila de Sirinhaém, Aver-o-Mar, Agrovila e Santo Amaro ....................................................................................................................... ........ 56 2.2.1 – Análise Estatística.......................................................................................... 57 2.2.1.1 - Perfil Socioeconômico............................................................................ 57 2.2.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 2.1.2 – Análise Socioambiental................................................................................. 2.1.3 – Considerações Finais..................................................................................... 2.2 – Comunidade do Açude de Apipucos.................................................................... 2.2.1– Análise Estatística 2.2.1.1- Perfil Socioeconômico 2.2.1.2- Atividade Econômica 2.2.2 – Análise Socioambiental 2.2.3 – Considerações Finais 59 2.2.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 63 2.2.3 – Considerações Finais...................................................................................... 67 3 – Município de Rio Formoso.......................................................................................... 70 3.1 – Comunidades de Rio Formoso e Quilombola........................................................ 73 3.1.1– Análise Estatística........................................................................................... 73 3.1.1.1- Perfil Socioeconômico............................................................................. 73 3.1.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 75 3.1.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 80 3.1.3 – Considerações Finais...................................................................................... 83 4 – Município de Tamandaré............................................................................................ 85 4.1 – Comunidade de Tamandaré................................................................................... 88 4.1.1– Análise Estatística........................................................................................... 88 4.1.1.1- Perfil Socioeconômico............................................................................. 89 4.1.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 90 4.1.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 96 4.1.3 – Considerações Finais...................................................................................... 98 5 – Município de Barreiros.............................................................................................. 101 5.1- Comunidade de Barreiros....................................................................................... 103 5.1.1– Análise Estatística........................................................................................... 103 5.1.1.1- Perfil Socioeconômico............................................................................. 104 5.1.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 105 9 5.1.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 109 5.1.3 – Considerações Finais...................................................................................... 111 6 – Município de São José da Coroa Grande................................................................... 114 6.1 – Comunidade do Centro de São José da Coroa Grande......................................... 116 6.1.1– Análise Estatística........................................................................................... 117 6.1.1.1- Perfil Socioeconômico............................................................................. 117 6.1.1.2 -Atividade Econômica............................................................................... 119 6.1.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 124 6.1.3- Considerações Finais....................................................................................... 127 6.2 – Comunidade de Várzea e Abreu do Una.............................................................. 130 6.2.1– Análise Estatística........................................................................................... 130 6.2.1.1- Perfil Socioeconômico............................................................................. 131 6.2.1.2- Atividade Econômica............................................................................... 132 6.2.2 – Análise Socioambiental.................................................................................. 137 6.2.3 – Considerações Finais...................................................................................... 139 Conclusões......................................................................................................................... 142 Intervenções Necessárias............................................................................................ 143 Anexos.................................................................................................................................. 145 10 Introdução O litoral de Pernambuco possui 187 km de extensão e ocupa 2,3% de todo o litoral brasileiro. Abriga em suas 14 zonas estuarinas um ecossistema produtivo aos quais estão associadas inúmeras espécies de peixes, crustáceos e moluscos. Essas fábricas naturais de alimentos são responsáveis por mais de 60% do pescado estadual e se destacam por gerar alternativa de renda para milhares de pessoas, que encontram no manguezal e na plataforma continental fontes importantes de alimento. A Pesca Artesanal representa a maior parcela da produção pesqueira do Estado, é caracterizada pelo trabalho familiar e comunitário, utilizando técnicas e tecnologias tradicionais, quer a pé ou com uso de embarcações, como: jangadas, canoas, baiteras e barcos motorizados de pequeno porte. As artes de pesca empregadas nesta modalidade para captura do pescado incluem: coleta manual, vara de pesca, linha e anzol, tarrafa, redes de cerco, de emalhe, de arrasto e armadilhas, com fins comerciais e/ou de subsistência. O presente volume retrata a Pesca Artesanal no Litoral Sul e objetiva conhecer o perfil socioeconômico dos pescadores e pescadoras que utilizam os ecossistemas fluvial, estuarino e marítimo como recurso alimentar e financeiro. 11 Metodologia Para que o atual estudo abrangesse todo litoral pernambucano foi preciso dividi-lo em: Ilha de Fernando de Noronha, Litoral Norte, Litoral Metropolitano e Litoral Sul, que se encontram distribuídos nos volumes I, II, III e IV, respectivamente. A estratégia do trabalho de campo utilizou o procedimento da pesquisa fenomenológica, onde a maioria das 71 comunidades estudadas foram sugeridas pelos próprios pescadores. No Litoral Sul foi possível identificar nos municípios de Ipojuca, Sirinhaém, Rio Formoso, Tamandaré, Barreiros e São José da Coroa Grande um total de 16 comunidades, disponibilizadas na figura 1. O trabalho realizado em campo baseou-se na Pesquisa-Ação, a qual o entrevistador procurava adentrar o mundo dos entrevistados na busca de uma relação de troca. No processo da escuta e no estabelecimento de uma relação de respeito e confiança surgiram informações da realidade do pescador e da sua comunidade. As respostas das 52 perguntas constantes no questionário eram respondidas com interesse e conhecimentos empíricos, que afloravam enriquecendo a troca entre o profissional do Instituto Oceanário e o „trabalhador aquático‟. Figura 1. Comunidades Pesquisadas: Litoral Sul. 12 Os questionários, assim como as observações do contexto ambiental, foram aplicados de janeiro de 2008 a fevereiro de 2009. Procurou-se enfocar o perfil socioeconômico do entrevistado, a sua atividade econômica, a participação em organizações representativas, o envolvimento no campo do meio ambiente, entre outros. Todos os dados foram tratados por um programa estatístico e, posteriormente analisados por consultores complementando as conclusões e sugestões explicitadas neste Diagnóstico. Os dados de produção pesqueira e principais espécies capturadas por municípios são oriundos do ESTATPESCA (2006). As informações socioeconômicas sobre os municípios foram transcritas do Serviço Geológico do Brasil/CPRN (2005) além do site do IBGE. A localização das comunidades entrevistadas foram plotadas nas imagens de satélite do Programa Google Earth, assim como os registros dos municípios do litoral pernambucano. A quantidade e complexidade dos dados trabalhados possibilitarão, ainda, vários trabalhos científicos que juntamente com artigos publicados, contribuirão para a verticalização do conhecimento da Pesca Artesanal no litoral pernambucano. As informações geradas foram discutidas em seminários internos e os resultados apresentados através do evento “Oficina Técnica Diagnóstica”, realizado na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), para pescadores e pescadoras, diretores de Colônias e Associações, pesquisadores da UFRPE, pesquisadores da Fundaj, técnicos da Agência Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (CPRH), representantes da Comissão da Pastoral de Pescadores de Pernambuco (CPP) e da ONG Caranguejo-Uçá. Neste encontro foram discutidas propostas de intervenções necessárias nas comunidades estudadas. Ficou evidenciado tanto no evento quanto na pesquisa, que o maior inimigo da Pesca Artesanal, e conseqüentemente do pescador é a poluição dos rios, estuários e manguezais associados. CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DO LITORAL SUL Município: Ipojuca 15 1 - Município de Ipojuca O município de Ipojuca possui limites ao norte com Cabo de Santo Agostinho, ao sul com Sirinhaém, a leste com Oceano Atlântico, e a oeste com Escada. A área que ocupa equivale a 512,6 km 2 e representa 0.52 % do Estado de Pernambuco. A sua sede em São Miguel do Ipojuca tem uma altitude aproximada de 10 m e coordenadas geográficas de 08º24”00‟ de latitude sul e 35º03”45‟ de longitude oeste. Distando 50,2 km da capital, as vias de acesso a tal localidade são a BR-101 e PE-060. O município foi criado em 30 de março de 1843, pela Lei Provincial nº 152, sendo formado pelo distrito sede e pelos povoados de Camela, Nossa Senhora do Ó, Rurópolis, Engenho Maranhão e Porto de Galinhas. De acordo com o censo 2000 do IBGE, a população residente total foi de 59.281 habitantes, sendo 40.310 (68 %) na zona urbana e 18.971 (32 %) na zona rural. Os habitantes do sexo masculino totalizaram 29.362 (49,5 %), enquanto que os do feminino totalizaram 29.919 (50,5 %), resultando numa densidade demográfica de 115,6 hab/km 2 . Em 2007 a contagem do IBGE elevou esse número para 70.070 habitantes. O crescimento populacional de quase 3 % ao ano é reflexo do aumento da atividade turística na região, bem como do desenvolvimento dos complexos Industrial e Portuário de Suape. Estão previsto, por exemplo, em Suape, diversos empreendimentos de grande porte econômico, como: as instalações, em andamento, de uma refinaria de petróleo, de um estaleiro, de um fábrica de embalagens PET, entre outros mega-projetos. O Produto Interno Bruto (PIB), em 2006, de R$ 4 bilhões e o PIB per capita de R$ 61.959,00 levaram o município ao terceiro e primeiro lugar entre, respectivamente, entre os municípios litorâneos. Ipojuca apresenta 62,8 % de sua população na faixa de incidência de pobreza 1 . Esses indicadores mostram que o desenvolvimento econômico prometido pelo complexo de Suape ainda não atingiu a população local. 1 Esse índice foi construído pelo IBGE condensando dados do Censo de 2000 e da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 200 A pobreza absoluta é medida a partir de critérios que analisam a capacidade de consumo das pessoas, sendo considerada pobre aquela pessoa que não consegue ter acesso a uma cesta alimentar e de bens mínimos necessários a sua sobrevivência. 16 O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 0,657 situa o município em 44 o no ranking estadual e em 644 o no nacional. O Índice de Exclusão Social, que é construído por 07 (sete) indicadores (pobreza, emprego formal, desigualdade, alfabetização, anos de estudo, concentração de jovens e violência) é de 0,370 fazendo Ipojuca ocupar 9 a colocação no Estado e a 633 a no Brasil. O clima é do tipo tropical chuvoso com verão seco e período chuvoso de janeiro a setembro. A precipitação média de 1309,9 mm ao ano. Ipojuca encontra-se inserido nos domínios das bacias hidrográficas dos rios Ipojuca, Sirinhaém e do Grupo de Bacias de Pequenos Rios Litorâneos. Os principais tributários são os rios: Pirajá, Tatuoca, Tabatinga, Piedade, Draga, Ipojuca, Merepe, Tapera, Arimbi, Sibiró, Gaipió, Sibiró do Meio, Diamante, Juquilho e Trapiche, além dos riachos: Utinga de Baixo, Congari, Córrego Umbu, Santa Rosa, Minas, Bita, Canoas, Todos os Santos. Os principais corpos de acumulação são os açudes: Utinga (10.270.000m 3 ) e Bita (2.270.000m 3 ). O padrão da drenagem é o dendrítico e os principais cursos d‟água do município são perenizados. Segundo os dados do ESTATPESCA 2 o município produziu, em 2006, 291,8 t de pescado, correspondendo a 2,1 % da captura estadual (Figura 2). A maior parte da produção derivou da: sardinha (39,8 t), camarões (27,6 t) e agulha (23,6 t). Figura 2. Produção pesqueira do Município de Ipojuca. A pesquisa pôde visualizar 4 comunidades: Porto de Galinhas, Maracaípe, Serrambi e Salinas (Figura 3). As entrevistas foram realizadas separadamente nas comunidades, no entanto, em termos estatísticos, houve uma junção e a comunidade de Porto de Galinhas abrangeu todas aquelas que realizam pesca no mar de dentro e pesca no mar de fora (Porto de Galinhas, 2 Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira no Litoral Nordestino, desenvolvido pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva (Fundação PROZEE), pela Secretaria Especial de Pesca e Aquicultura da Presidência da República (SEAP/PR) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Fonte: ESTATPESCA 2006 17 Maracaípe e Serrambi) e a comunidade de Salinas, constituiu um grupo separado por realizar uma pesca com características específicas. Essas comunidades com suas respectivas localizações geográficas encontram-se citadas na tabela 1. Figura 3. Comunidades pesqueiras no Município de Ipojuca. Tabela 1. Georeferência das comunidades do Município de Ipojuca. Comunidades Latitude Longitude Porto de Galinhas 8°30'21.01"S 35° 0'2.80"O Salinas 8°30'17.26"S 35° 0'52.00"O Maracaípe 8°32'12.99"S 35° 0'18.97"O Serrambi 8°33'9.66"S 35° 0'49.47"O 1.1 – Comunidades de Porto de Galinhas, Maracaípe e Serrambi Porto de Galinhas situa-se a 65 km ao sul da cidade do Recife, seu acesso é feito através da BR-101 e rodovias estaduais PE-038 e PE-09. As comunidades de Maracaípe e Serrambi, inseridas no contexto, distam de Porto de Galinhas aproximadamente, 3 km e 11 km ao sul, respectivamente (Figura 4). 18 Figura 4. Comunidades de Porto de Galinhas, Maracaípe e Serrambi. 1.1.1 – Análise Estatística A estatística foi calculada com o número total de 49 pescadores (as) correspondendo ao percentual de 100 %. Em algumas questões presentes no questionário do Anexo I, o entrevistado poderia marcar várias opções, o cálculo do percentual, neste caso, precisou ser realizado em cima dos 100 % (49) para cada múltipla escolha, assim não excedendo o número total de questionários aplicados. 1.1.1.1- Perfil Socioeconômico Em Porto de Galinhas as 49 entrevistas realizadas contemplaram 43 homens e 6 mulheres. Desses entrevistados, 41 (83,7 %), representados por 38 homens e 6 mulheres, são chefes de família. Quanto ao estado civil, 36,7 % são casados, 40,8 % moram juntos, 16,3 % estão solteiros, 2 % são separados/divorciados e 4,1 % são viúvos. 19 Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se que, o número médio de moradores nas residências é de 4,57 e de famílias por residências é 1,22. As pessoas possuem em média 4,14 filhos, sendo 1,78 a média dos filhos que dependem financeiramente do entrevistado. Os resultados, referentes à questão sobre remuneração, mostram que 53,1 % dos entrevistados têm, em sua residência, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma remunerada. Desses, 20,4 % trabalham de forma remunerada na pesca. a) Habitação: condições físicas e sanitárias Observa-se entre os pescadores que 46 (93,9 %) possuem casa própria e 3 (6,1 %) casa alugada, cedida ou emprestada. Os materiais predominantes utilizados na construção dessas residências foram alvenaria (93,9 %) e madeira (6,1 %). Ainda nos domicílios, de acordo com as questões sanitárias, 42 (85,7 %) dos entrevistados possuem água encanada, 40 (81,6 %) fossa, 46 (93,9 %) têm banheiro, 12 (24,5 %) rede de esgoto e 70,9 % coleta de lixo. Os que possuem energia elétrica totalizam 98 %. b) Bens materiais: transporte, utensílios domésticos e telefonia Dos bens materiais relacionados ao transporte, o mais utilizado é a bicicleta com 79,6 %, seguida pelo carro (8,2 %) e motocicleta (2 %). Com relação aos eletrodomésticos, destacam- se: o fogão e a geladeira, ambos com 91,8 %, a TV (89,8 %), o liquidificador (77,6 %), o aparelho de som (71,4 %) e o vídeo/DVD (67,3 %). Na telefonia, os aparelhos móveis (celulares) representaram 48,4 % das respostas, enquanto que o telefone fixo apenas 0,6 %. c) Escolaridade Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (24,5 %), bem como os chefes de família (24,5 %), representa o Ensino Fundamental I incompleto. O total correspondente para os que escrevem o nome é de 14,3 % para os pescadores (Figura 5). 20 Figura 5. Nível de escolaridade dos pescadores. d) Saúde O histórico de doenças mostra que, 65,3 % do total de pessoas entrevistadas declararam ter algum tipo de doença. Dentre os problemas de saúde de interesse deste estudo, os mais representativos são: problemas de coluna (17,3 %), doenças nos olhos (17,3 %), hipertensão (12,2 %), artrose (8,2 %), diabetes (4,1 %), doenças de pele (2 %), reumatismo (2 %) e apresentam outras doenças que não foram citadas acima (14,3 %). Segundo os pescadores, todos costumam utilizar serviços de posto de saúde ou hospital. Considerando esta afirmação, observa-se que, 61,1 % utilizam os serviços médico- hospitalares encontrados na vizinhança, 34,6 % no próprio município e apenas 10,2 % nos municípios próximos. 1.1.1.2 - Atividade Econômica Das 49 entrevistas realizadas em Porto de Galinhas, 43 homens (87,8 %) e 6 mulheres (12,2 %), são pescadores (as). A principal atividade exercida por eles é a pesca do mar de fora (34,7 %), seguida pelas pescas do mar de dentro (30,6 %) e estuarina/manguezal (14,3 %). A relação trabalhista dos (as) pescadores (as) mostra que 53,1 % são autônomos e 26,5 % são empregados/parceiros. a) Jornada de Trabalho na Pesca O tempo médio que trabalham na atividade pesqueira é de 28,88 anos, a média de dias trabalhados por semana é de 4,92. Os maiores índices encontrados para a média de horas Escolaridade 24,5% 20,4% 4,1%2,0% 8,2% 6,1% 14,3% 20,4% Escreve o nome Fundamental I incompleto Fundamental I completo Fundamental II incompleto Fundamental II completo Médio incompleto Médio completo Outros 21 trabalhadas por dia estiveram entre 4 e 8 horas ou mais de 8 horas, correspondendo a 51 % e 49 %, respectivamente. b) Embarcações e Aparelhos de Pesca O tipo de embarcação mais presente é o bote motorizado (40,8 %) e a jangada (34,7 %), utilizados por 75,5 % das pessoas com atividades gerais relacionadas diretamente à pesca. Na questão referente aos aparelhos utilizados para tal atividade, representando 69,4 % do total, as redes de emalhar/espera/caçoeira/malhadeira encontram-se entre as mais citadas, acompanhadas da linha de mão (53,1 %), tarrafa (36,7 %), covo/lagosta (20,4 %), covo/peixe (16,3 %) e rede de arrasto (10,2 %). Uma vez sabendo quais as embarcações e os aparelhos de pesca mais utilizados, foram realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relação que possuíam. Verificou-se que os 20 pescadores que utilizam bote motorizado, 100 % tem a pesca em curral como principal técnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com linha de mão (80 %) e redes de emalhar/espera/caçoeira/malhadeira (75 %). Já os 17 pescadores que usam jangada, 100 % utilizam para prática da pesca o curral e o mangotão, seguido das redes de emalhar/espera/caçoeira/malhadeira, com 11 (64,7 %). c) Comercialização do Pescado Segundo os (as) pescadores (as), 24,5 % da produção do pescado é para consumo para consumo próprio, o restante é vendido diretamente, para: o consumidor (59,2 %), o peixeiro/atravessador (26,5 %), e peixaria (12 %). Em Porto de Galinhas, praia com um dos maiores movimentos de turistas de Pernambuco, a comercialização para o consumidor é facilitada pela presença de veranistas e turistas. d) Impactos na Atividade Pesqueira Para os pescadores, vários são os fatores que tem prejudicado a atividade pesqueira. Entre eles, os que mais merecem destaque são: a pesca predatória (34,7 %), diminuição dos recursos naturais (34,7 %), falta de fiscalização na pesca (14,3 %), poluição da água (14,3 %), falta de organização do setor (12,2 %), turismo (12,2 %), lixo (10,2 %), falta de saneamento básico (10,2 %), pesca excessiva (6,1 %) e 59,2 % apontaram outros fatores. 22 e) Alternativas de Fontes de Renda Verificando a estatística voltada para esta questão, é possível perceber que alguns pescadores, no intuito de aumentar sua renda, acabam desenvolvendo atividades extras não relacionadas à pesca. Ainda no questionário, existem os que almejam outra fonte de renda e os que já experienciaram outros trabalhos. Para os que disseram possuir rendas extras, as mais citadas foram: o turismo (18,4 %), a pesca no mar de dentro (6,1 %), os serviços gerais (6,1 %), a construção civil (4,1 %) e os serviços como caseiros/domésticos (4,1 %). Por outro lado, dos que gostariam de ter um rendimento alternativo, os mais almejados são: os serviços gerais (10,2 %) e o comércio (4,1 %). Para os pescadores que já tiveram outras experiências de trabalho, exerceram: 16,3 % na construção civil, 14,3 % nos serviços gerais, 8,2 % como caseiros/doméstico, 6,1 % no comércio e na monocultura de cana-de-açúcar. f) Capacitação Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitação, 2 % tiveram capacitação gerencial/administrativa/comercializaçã o, 24,5 % técnica-produção (pesca/cultivo/turismo/ artesanato), 6,1 % em outros tipos. Contudo, 69,4 % não participaram de nenhuma capacitação (Figura 6). Figura 6. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. Atualmente, 65.3 % têm vontade de se capacitar, sendo 40,8 % na atividade pesqueira e 24,5 % em outras atividades. Para os 34,7 % restantes, qualquer capacitação ou treinamento está rejeitado (Figura 7). Figura 7. Pescadores à oferta de capacitação. Cursos de Capacitação 0% 20% 40% 60% 80% 100% não fez capacitação gerencial capacitação técnica meio ambiente outros Sim Não Não se aplica Capacitação 34,7% 40,8% 24,5% Não gostaria Pesca Em outra atividade 23 g) Financiamento na Atividade Pesqueira A caracterização dos entrevistados em relação ao recebimento individual ou coletivo de crédito/financiamento, projeto produtivo ou assistência técnica, revelou que 32,6 % das pessoas receberam algum crédito, sendo que 14,3 % foram através do Banco do Nordeste, 6,1 % de outras linhas de financiamento, 2 % por meio de outros bancos e 10,2 % não souberam/não responderam. h) Renda Familiar A renda salarial para 77,5 % dos pescadores que vivem em família, não ultrapassa mensalmente 3 dois salários mínimos. O maior valor, 57,1 %, são para os que recebem entre 1 e menos do que 2 salários (Figura 8). É possível observar que 95,1 % das rendas individuais, também são inferiores a dois salários mínimos, quando relacionadas com a atividade principal de cada entrevistado. Figura 8. Renda familiar total por mês. i) Programas Sociais As informações referentes aos benefícios recebidos por algum programa social estão apresentadas na figura 9. De todos os entrevistados, 37.2 % afirmaram receber algum benefício, sendo os mais citados: o programa Bolsa-família (18,8 %), o Benefício Assistência de Prestação Continuada – BPS/LOAS (10,2 %) e o Seguro Defeso (8,2 %). 3 Considera-se o total de rendimentos da família, provenientes de todas as fontes, não apenas aquela que advém da atividade da pesca. Renda Familiar 10,2% 10,2% 4,1% 18,4% 57,1% Menos de ½ s.m. De ½ a menos de 1 s.m. De 1 a menos de 2 s.m. De 2 a menos de 5 s.m. 5 ou mais s.m. 24 Figura 9. Pescadores/ família contemplados por benefícios sociais. A distribuição de entrevistados contemplados segundo a renda familiar mensal revela que, o Bolsa-família é o programa mais citado nas classes com renda entre 1 e 2 salários mínimos (55,6 %). Para os 60 % com renda familiar entre 2 e 5 salários mínimos, o programa mais citado foi o Benefício Assistência de Prestação Continuada – BPS/LOAS. Observa-se também, que dos entrevistados assistidos pelo Seguro Defeso metade tem renda abaixo de dois salários mínimos e a outra metade entre 2 e 5 salários. j) Organização Social Sobre o associativismo 79,6 % dos pescadores encontram-se associados à colônia (Figura 10). Desses, 43,6 % pescam no mar de fora, 33,3 % no mar de dentro, 10,3 % no estuário/manguezal, 7,7 % são aposentados e 5,1 % trabalham com turismo. Figura 10. Pescadores filiados à Associação/Colônia. 0% 20% 40% 60% 80% 100% Ne nh um Bo lsa Fa m íli a Se gu ro De se m pr eg o Se gu ro De fe so BP S/ LO AS PE TI Ou tro s Benefícios Sociais do Governo Federal Não se aplica Sim Não 0% 20% 40% 60% 80% 100% nen hum a Mo rad ore s Pro dut ore s Pe sca dor es Co lôn ia Co ope rat iva out ros Filiação à Associação Não se aplica Não Sim 25 l) Ações de Instituições Ligadas ao Meio Ambiente Sobre o conhecimento de instituições que realizem algum tipo de ação na área ambiental em seu município, os entrevistados identificaram: o IBAMA (57,1 %), a Marinha/Capitania dos Portos (22,4 %), a SEAP 4 (18,4 %), o CIPOMA (12,2 %), as universidades (4,1 %), o Órgão Ambiental do município (Secretaria, diretoria, chefia) (2 %) e outros órgãos (8,2 %). m) Documentação do pescador Com relação à documentação do pescador, 63,3% possuem a carteira de trabalho (CTPS), 59,2% a da Colônia de pescadores, 51% a da SEAP, 44,9% a do IBAMA e 36,7% a da Capitania dos Portos. Os que contribuem para a previdência social são 36,7% e 49% os que não contribuem. 1.1.2 – Análise Socioambiental Atualmente em Porto de Galinhas, o turismo é a principal atividade econômica (Figura 11). No entanto, vem apresentando uma relação inversamente proporcional com o quadro da atividade pesqueira da região, uma vez que, os próprios pescadores atraídos pela renda deixam suas funções e se tornam jangadeiros, levando os turistas para um passeio nas piscinas naturais. Com o desinteresse pela pesca e aumento de demanda por pescado, utilizado na culinária local, Porto de Galinhas se vê importando peixes como a Pescada Amarela vinda do norte do país, a Terapia oriunda da aqüicultura e até mesmo, o Salmão proveniente do Chile. É de se esperar que o desenvolvimento do turismo cause todo esse desapego, porém o impacto mais grave gerado por ele está relacionado ao meio ambiente. As especulações imobiliárias, o crescimento populacional, o lixo, a poluição dos mananciais e o ordenamento que acontece na faixa de areia por parte de ambulantes, barcos e bares são alguns desses problemas. 4 Atualmente conhecida como Superintendência Federal da Pesca e Aqüicultura de Pernambuco do Ministério da Pesca e Aqüicultura (SFPA-PE/MPA). 26 Figura 11. Porto de Galinhas e seu principal turismo, as piscinas naturais. Recifes de corais: é preciso preservar. Outro impacto que merece destaque vem sendo promovido nos ambientes recifais. O aumento de turistas que visitam as piscinas naturais tem causado danos, físicos e biológicos muitas vezes irreversíveis. A quebra, ruptura e pisoteamento promovido por pessoas ou mergulhadores, a ancoragem das jangadas, a alimentação dos animais marinhos que interfere em seus hábitos alimentares e comportamentais, são exemplos destes danos (Figura 12). Figura 12. Pisoteamento dos turistas nos recifes de corais. Educação ambiental neles! 27 Uma medida adotada para minimizar essas alterações está no zoneamento de áreas, que tenta evitar o uso múltiplo delas, entretanto, a reação e aceitação de tais medidas por parte dos usuários é desconhecida assim como é desconhecida a capacidade e tempo necessário para a recuperação dessas áreas degradadas. A falta de interesse pela pesca também envolve o abandono total da colônia de pescadores, que por sua ótima estrutura e localização deveria está sendo utilizada para a comercialização do pescado, compra de material de pesca, venda de gelo e ainda, para promover a socialização dos pescadores. Em Serrambi, a comunidade de pescadores também enfrenta conflitos com o turismo. O número de pescadores reduziu a pouco mais de 15 pescadores, pois com o crescimento do número de casas de veraneio, muitos deles agora, se dedicam a atividade de caseiro, jardineiro e segurança. A pouca quantidade de pescadores ainda, não permite um comércio local de material de pesca, mas, por outro lado, gera uma comercialização do produto diretamente com seu consumidor. “Com a diminuição dos pescadores, não existe mais locais para comercialização de material de pesca, sendo preciso deslocar até Recife, para poder adquirir material de pesca com bom preço e qualidade.” José Gonçalves do Monte “Zé Bolinho” - pescador 1.1.3 – Considerações Finais Porto de Galinhas é uma comunidade que se distingue de todas as outras do litoral por ter incorporado o turismo de uma forma muito rápida e densa. A atividade da pesca, quando existente, se confunde em muito com o turismo, seja na utilização da embarcação, na divisão das horas trabalhadas do pescador ou mesmo na comercialização do pescado. Sendo assim, ações que priorizem a atividade da pesca são muito importantes neste local. O ordenamento do turismo e a tentativa de torná-lo sustentável não beneficiarão apenas esta atividade, mas toda a qualidade de vida da população, incluindo os pescadores. O desemprego é um dos problemas destacados, visto que, na maioria das residências existe pelo menos uma pessoa sem remuneração. Com isso, ações de geração de emprego e renda são medidas importantes que podem ser adotadas. 28 Por residirem no principal balneário turístico do Estado, que nos últimos anos foi alvo de investimentos públicos, os entrevistados dispõem de melhores estruturas públicas e sanitárias, conseqüentemente, possuem uma melhor qualidade de vida quando comparados a outras comunidades. Mesmo bem localizada a colônia não foi citada como meio para a comercialização do pescado, o que seria uma opção interessante em Porto de Galinhas. Há 10 anos, época do projeto do Banco do Nordeste, ela comercializava boa parte do pescado oriundo dos barcos financiados. Hoje se encontra abandonada, necessitando de um trabalho de extensão e associativismo. Uma aproximação com o SEBRAE seria uma alternativa muito interessante para esses pescadores. De todo o litoral Sul os entrevistados em Porto de Galinhas são os que possuem o maior índice de contribuição na Previdência Social. Mesmo assim, esse valor poderia aumentar houvesse um trabalho de conscientização, por parte da colônia, mostrando ao pescador as vantagens de sua contribuição ao INSS. O índice de escolaridade é muito baixo. Se for somado à quantidade que escreve o nome com o número de pessoas que não concluíram o Ensino Fundamental I, verifica-se que quase metade dos entrevistados necessitam de algum programa de educação ou alfabetização de adultos. A visão dos pescadores sobre os fatores que prejudicam a pesca parece ser bem dinâmica. É aqui onde se encontra uma maior diversidade de problemas. Seguindo a lógica de outras comunidades, os principais entraves para a pesca são a pesca predatória, a diminuição dos recursos, a falta de fiscalização na pesca, a poluição e o turismo. Atividades de capacitação devem ser incentivadas como um todo, pois, apesar da maioria dos entrevistados nunca terem participado de treinamentos e cursos, o percentual dos que não querem se capacitar é o mais alto quando comparado aos municípios vizinhos. Ações de educação ambiental e um trabalho conjunto com órgãos de meio ambiente é importante, apesar dos pescadores, nesta comunidade, estarem mais familiarizados com órgãos ambientais e possuírem maiores noções dos impactos causados ao meio ambiente. Diante do exposto, algumas medidas e ações encontram-se descritas, a fim de contribuir com a melhoria da comunidade: 29 - Investimento em saneamento básico (abastecimento, esgotamento, tratamento e limpeza urbana); - Trabalhos de extensão pesqueira para a pesca artesanal e fortalecimento da Colônia/ Associação para ações cooperativas; - Fiscalização ambiental buscando combater a pesca predatória e exploração do turismo; - Programas de alfabetização de jovens e adultos, além de incentivos na educação voltada para a cultura local da pesca; - Garantia do território pesqueiro (habitação, área de porto, comercialização e beneficiamento, área de pesca e preservação dos ecossistemas); - Capacitação na área de pesca; - Palestras específicas diárias alertando, aos turistas principalmente, sobre a degradação dos recifes de corais e o problema do lixo praial. É importante referir que as pontuações sobre as indicações supracitadas, são fruto da pesquisa de campo, do tratamento dos dados estatísticos e do envolvimento ativo dos pescadores, quer nos seus ambientes de trabalho, quer na “Oficina: Diagnóstico da Pesca Artesanal de Pernambuco”, realizada na Universidade Federal Rural de Pernambuco, no dia 18 de junho de 2009. 1.2– Comunidade de Salinas Salinas situa-se a 65 km ao sul da cidade do Recife, seguindo pela BR 101 e posteriormente pela PE 38, PE 09 e ao chegar em Porto de Galinhas, dobra-se à direita e aproximadamente 950 m após, encontra-se esta comunidade, inserida no município de Ipojuca (Figura 13). 30 Figura 13. Localização da Comunidade de Salinas e do estuário do Rio Maracaípe. 1.2.1 – Análise Estatística A estatística foi calculada com o número total de 27 pescadores (as) correspondendo ao percentual de 100 %. Em algumas questões presentes no questionário do Anexo I, o entrevistado poderia marcar várias opções, o cálculo do percentual, neste caso, precisou ser realizado em cima dos 100 % (27) para cada múltipla escolha, assim não excedendo o número total de questionários aplicados. 3.1.2.1.1 - Perfil Socioeconômico Em salinas as 27 entrevistas realizadas contemplaram 17 homens e 10 mulheres. Desses entrevistados, 18 (66,7 %), representados por 13 homens e 5 mulheres, são chefes de família. Quanto ao estado civil, 18,5 % são casados, 40,7 % moram juntos, 29,6 % estão solteiros e apenas 3 (11,1 %) são viúvos. Ao descrever o perfil familiar e domiciliar os (as) pescadores (as) entrevistados (as), nota-se que, o número médio de moradores nas residências é de 5,3 e de famílias por residências é 1,15. As pessoas possuem em média 4,56 filhos, sendo 2,04 a média dos filhos que dependem financeiramente do entrevistado. 31 Os resultados, referentes à questão sobre remuneração, mostram que 53,1 % dos entrevistados têm, em sua residência, pelo menos um familiar com 10 anos ou mais trabalhando de forma remunerada. Desses, 20,4 % trabalham de forma remunerada na pesca. a) Habitação: condições físicas e sanitárias Observa-se entre os pescadores que 23 (85,2 %) possuem casa própria e 4 (14,8 %) casa alugada, cedida ou emprestada. Os materiais predominantes utilizados na construção dessas residências foram alvenaria 26 (96,3 %) e madeira 1 (3,7 %). Ainda nos domicílios, de acordo com as questões sanitárias, 74,1 % dos entrevistados possuem água encanada, 85,2 % fossa, 96,3 %têm banheiro, 74,1 % rede de esgoto e 85,2 % coleta de lixo. Os que possuem energia elétrica totalizam 98 %. b) Bens materiais: transporte, utensílios domésticos e telefonia Dos bens materiais relacionados ao transporte, o mais utilizado é a bicicleta com 55 %. Com relação aos eletrodomésticos, destacam-se: o ventilador (37 %), o fogão (100 %), a geladeira (81,5 %), freezer (25,9 %), a TV (92,6 %), o liquidificador (59,3 %), o aparelho de som 51,9 % e o vídeo/DVD (66,7 %). Na telefonia, os aparelhos móveis (celulares) representaram 66,7 %. c) Escolaridade Segundo o grau de escolaridade, verifica-se que o maior valor entre os entrevistados (25,9 %), bem como os chefes de família (24,5 %), representa o Ensino Fundamental I incompleto. O total correspondente de escreve o nome é de 22,2 % para os pescadores (Figura 14). Figura 14. Nível de escolaridade dos pescadores. Escolaridade 22,2% 25,9% 11,1% 22,2% 14,8% 3,7% Escreve o nome Fundamental I incompleto Fundamental I completo Fundamental II incompleto Fundamental II completo Médio incompleto 32 d) Saúde O histórico de doenças mostra que, 55,6 % do total de pessoas entrevistadas declararam ter algum tipo de doença. Dentre os problemas de saúde de interesse deste estudo, os mais representativos são: problemas de coluna (25,9 %), doenças nos olhos (11,1 %), hipertensão (12,2 %), 7,4 % doenças de pele, 2 % reumatismo e 11,1 % apresentam outras doenças que não foram citadas acima. Segundo os pescadores, todos costumam utilizar serviços de posto de saúde ou hospital. Considerando esta afirmação, observa-se que, 40,7 % utilizam os serviços médico- hospitalares encontrados na vizinhança, 51,9 % no próprio município, 10,2 % nos municípios próximos e 5,3 % nas capitais. 1.1.1.2 - Atividade Econômica Das 27 entrevistas realizadas em Salinas, 17 homens (63 %) e 10 mulheres (37 %), são pescadores (as). A principal atividade exercida por eles é a pesca estuarina/manguezal (92,6 %). A relação trabalhista dos (as) pescadores (as) mostra que 100 % são pescadores autônomos. a) Jornada de Trabalho na Pesca O tempo médio que trabalham na atividade pesqueira é de 15,93 anos, a média de dias trabalhados por semana é de 4,85. O maior índice encontrado para a média de horas trabalhadas por dia esteve entre 4 e 8 horas, correspondendo a 100 %. b) Embarcações e Aparelhos de Pesca O tipo de embarcação mais presente é a jangada (51,9 %), utilizados por 39,1 % das pessoas com atividades gerais relacionadas diretamente à pesca. Na questão referente aos aparelhos utilizados para tal atividade, representando 74,1 % do total, a tarrafa encontra-se entre as mais citadas, acompanhadas da linha de mão (37 %), redes de emalhar/espera/caçoeira/malhadeira (18,5 %), rede de arrasto (18,5 %) e linha/vara de pescar siri (14,8 %). Uma vez sabendo quais as embarcações e os aparelhos de pesca mais utilizados foram realizados cruzamentos no intuito de investigar com detalhe qual a relação que possuíam. 33 Verificou-se que os 14 (51,9 %) pescadores que utilizam jangada, 14 (100 %) tem a pesca com mangote como principal técnica para captura do pescado, seguida pelas pescas com tarrafa 10 (71,4 %), rede de arrasto 5 (35,7 %), linha de mão 5 (35,7 %), redes de emalhar/espera/caçoeira/malhadeira 3 (21,4 %), linha/vara de pescar siri 2 (14,3 %) e utilizam outros apetrechos de pesca 7 (50 %). c) Comercialização do Pescado Segundo os (as) pescadores (as), 59,3 % da produção do pescado é para o consumidor, o restante é vendido diretamente, para: o consumo próprio (25,9 %), e o peixeiro/atravessador (18,5 %). Em Salinas, situada próxima a praia de Porto de Galinhas com um dos maiores movimentos de turistas de Pernambuco, a comercialização para o consumidor é facilitada pela presença de veranistas e turistas. d) Impactos na Atividade Pesqueira Para os pescadores, vários fatores tem prejudicado a atividade pesqueira. Entre eles, os que mais merecem destaque são: a poluição da água (51,9 %), o lixo (37 %), a diminuição dos recursos naturais (33,3 %), a falta de saneamento básico (25,9 %), a falta de políticas públicas direcionadas ao setor (18,5 %), a falta de organização do setor (11,1 %) e 74,1 % apontaram outros fatores. e) Alternativas de Fontes de Renda Verificando a estatística voltada para esta questão, é possível perceber que alguns pescadores, no intuito de aumentar sua renda, acabam desenvolvendo atividades extras não relacionadas à pesca. Ainda no questionário, existem os que almejam outra fonte de renda e os que já experienciaram outros trabalhos. Para os que disseram possuir rendas extras, as mais citadas foram: comércio (11,1 %), construção civil (11,1 %) e em outras atividades (18,5 %). Por outro lado, dos que gostariam de ter um rendimento alternativo, os mais almejados são os caseiros/serviço doméstico (14,8 %), serviços gerais (7,4 %), construção civil (7,4 %), comércio (3,7 %) e em outras atividades (14,8 %). Para os pescadores que já tiveram outras experiências de trabalho, 29,6 % foram na construção civil (16,3 %), 11,1 % nos serviços 34 gerais, 7,4 % como caseiros/doméstico, 11,1 % no comércio, 3,7 % na indústria e 22,2 % em outras atividades. f) Capacitação Dos que afirmaram ter feito algum tipo de capacitação, 3,7 % tiveram capacitação em meio ambiente, 11,1 % em outros tipos. Contudo, 85,2 % não participaram de nenhuma capacitação (Figura 15). Figura 15. Entrevistados que participaram de cursos de capacitação. Atualmente, 62,9 % tem vontade de se capacitar, sendo 33,3 % na atividade pesqueira e 29,6 % em outras atividades. Para os 37 % restantes, qualquer capacitação ou treinamento está rejeitado (Figura 16). Figura 16. Pescadores à oferta de capacitação. g) Financiamento na Atividade Pesqueira A caracterização dos entrevistados em relação ao recebimento individual ou coletivo de crédito/financiamento, projeto produtivo ou assistência técnica, revelou que 7,4 % das pessoas receberam crédito individual, porém não souberam informar o banco que forneceu a linha de crédito. Capacitação 37,0% 33,3% 29,6% Não gostaria Pesca Em outra atividade Cursos de Capacitação 0% 20% 40% 60% 80% 100% não fez capacitação gerencial capacitação técnica meio ambiente outros Sim Não Não se aplica 35 h) Renda Familiar A renda salarial para 88,9 % dos pescadores que vivem em família, não ultrapassa mensalmente 5 dois salários mínimos. O maior valor, 51,9 %, são paras os que recebem entre 1 e menos do que 2 salários (Figura 17). É possível observar que 96,3 % das rendas individuais, também são inferiores a dois salários mínimos, quando relacionadas com a atividade principal de cada entrevistado. Figura 17. Renda familiar total por mês. i) Programas Sociais As informações referentes aos benefícios recebidos por algum programa social estão apresentadas na figura 18. De todos os entrevistados, 44,4 % afirmaram receber algum benefício, sendo os mais citados: o programa Bolsa Família (22,2 %) e o Benefício Assistência de Prestação Continuada – BPS/LOAS (22,2 %). Figura 18. Pescadores/família contemplados por benefícios sociais. A distribuição de entrevistados contemplados segundo a renda familiar mensal revela que, o Bolsa Família é o programa mais citado nas classes com renda abaixo de 2 salários mínimos (100 %). Para os 66,7 % com renda familiar entre 1 e 2 salários mínimos, o programa mais citado foi o Benefício Assistência de Prestação Continuada – BPS/LOAS. 5 Considera-se o total de rendimentos da família, provenientes de todas as fontes, não apenas aquela que advém da atividade da pesca. Renda Familiar 7,4% 29,6% 51,9% 7,4% 3,7% Menos de ½ s.m. De ½ a menos de 1 s.m. De 1 a menos de 2 s.m. De 2 a menos de 5 s.m. NS/NR 0% 20% 40% 60% 80% 100% N en hu m Bo lsa Fa m íli a Se gu ro D es em pr eg o Se gu ro D ef es o BP S/ LO A S PE TI O ut ro s Benefícios Sociais do Governo Federal Não se aplica Sim Não 36 j) Organização Social Sobre o associativismo 14,8 % pescadores encontram-se associados à colônia (Figura 19). Desses, 75 % pescam no estuário/ manguezal e 25 % no mar de dentro. Figura 19. Pescadores filiados à Associação/Colônia. l) Ações de Instituições Ligadas ao Meio Ambiente Sobre o conhecimento de instituições que realizem algum tipo de ação na área ambiental em seu município, os entrevistados identificaram: o IBAMA (11,1 %). m) Documentação do pescador Com relação à documentação do pescador, 48,1% possuem a carteira de trabalho (CTPS), 11,1% a da SEAP, 7,4% a da Capitania dos Portos e 3,7% a da Colônia de pescadores. Esta comunidade foi a que apresentou menor número de pescadores com documentação da região sul. Os que contribuem para a previdência social são 14,8% e 77,8% os que não contribuem. 1.2.3 – Análise Socioambiental A comunidade de Salina constitui atualmente características de favela e encontra-se formada não só por pescadores, mais por prestadores de serviços afastados do centro Serrambi devido ao crescimento do turismo. 0% 20% 40% 60% 80% 100% nen hum a Mo rad ore s Pro dut ore s Pe sca dor es Co lôn ia Co ope rat iva out ros Não se aplica Não Sim Filiação à Associação 37 A atividade pesqueira é realizada no canal do
Compartilhar