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A Pesca no Amazonas - Problemas e Soluções - 2 Edição

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 
 
Apresentação 
 
Quando em 1985 publicamos este trabalho, a nossa idéia foi apresentar os 
principais problemas do Setor Pesqueiro e as alternativas de soluções. 
Realmente essa foi a nossa intenção. Queríamos provocar a atenção de todos para 
as dificuldades, acordar os responsáveis direta ou indiretamente pelas decisões, de tal 
modo à não se perder mais tempo com soluções paliativas demagógicas. 
Infelizmente, 10 anos depois, quase nada mudou. Os problemas até se agravaram. 
O peixe continua caro e escasso. 
Incentivado por amigos estou publicando esse trabalho, atualizado, na esperança 
de um novo tempo. Continuarei na luta até o dia em que as nossas autoridades se 
conscientizarem que a maior dádiva que a natureza deixou para nós amazonenses, o 
peixe, tenha tratamento prioritário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
 
Introdução 
 
Há muito tempo ouvimos falar da importância que os governos se propõem a dar 
para o Setor Pesqueiro. O Governo Federal, apesar da criação da Superintendência do 
Desenvolvimento da Pesca-SUDEPE, em 1962, sentia que a pesca não acompanhava o 
desenvolvimento de outros países e até mesmo dos outros setores da economia 
brasileira. Por isso, a partir de 1967, através da criação dos Fundos de Investimentos 
Setoriais, tentou estimular o Setor Pesqueiro oferecendo incentivos fiscais. 
Acontece que o avanço tecnológico e os atrativos fiscais basicamente se 
concentravam na pesca litorânea. Nos Estados interiores e, por incrível que pareça, 
principalmente no Amazonas, nada ou quase nada se faz para melhorar as atividades 
pesqueiras. 
Em governo algum sentimos concretamente uma ordenação da política pesqueira. 
A antiga SUDEPE-AM, infelizmente, por problemas diversos, políticos e econômicos, 
não conseguia se afinar com os responsáveis pelo abastecimento e a produção no 
Estado. Hoje, com o IBAMA ainda não existe programação ou planejamento para 
resolver os problemas do pescado; existem soluções paleativas, demagógicas e que 
prejudicam a atividade, porque mascaram os custos e desanimam os produtores e 
futuros investidores do Setor. 
Quando menino, já acostumávamos ouvir pronunciamentos inflamados de 
candidatos e nunca se fazia referência à pesca. O peixe aqui estava, abundante e não era 
motivo para preocupação. Não deveria se esgotar. A natureza encarregar-se-ia de 
promover o equilíbrio das espécies, o povoamento de nossos lagos e rios. Vinha sendo 
assim há muitos séculos e os homens públicos tinham coisas mais importantes para 
pensar. 
As primeiras manifestações de preocupação com a pesca, que merecem respeito, 
começaram no final dos anos setenta. A partir de então lemos com freqüência 
pronunciamentos de políticos, pareceres de técnicos em programas de governo, tais 
como "a pesca detém relevante papel na vida sócio-econômica estadual, pois as relações 
da população com essa atividade são de quase total dependência". (CEPA - Projeto de 
Apoio à Pesca, 1982). 
O peixe hoje faz parte de qualquer plataforma eleitoral. Inúmeros têm sido os 
posicionamentos de políticos sobre a pesca predatória, defesa do consumidor, guerra aos 
atravessadores, fim dos despachantes e outros assuntos que apaixonam a opinião 
pública e contabilizam votos. Mas, infelizmente, fica somente nisso. O peixe nunca lhes 
faltou à mesa. 
Durante nossa permanência na SUDEPE até 1984 nunca recebemos visita de um 
político interessado em resolver os problemas da pesca. No entanto, de quando em vez 
os noticiários são ocupados por críticas agressivas, sem contudo oferecerem sugestões. 
É bastante fácil e dá maior "ibope" atacar os despachantes, os atravessadores ou os 
fiscais de pesca, que oferecer soluções ou ajudar na busca dessas soluções. 
Temos certeza de que, se procurassem conhecer essas discutidas figuras, veriam 
que, apesar de tudo contribuem, a seu modo, principalmente pela omissão do Poder 
Público, para que não falte o peixe à mesa do amazonense. 
O Governo do Professor, José Lindoso, em sua visão de homem preocupado em 
fazer história, rejeitou um projeto elaborado pela SUDEPE, em 1977, para construção 
do Terminal Pesqueiro de Manaus. Os recursos estavam alocados e a área definida. O 
Governo achava que o problema da pesca no Amazonas não estava somente na falta de 
um Terminal Pesqueiro em Manaus. A solução deveria ser abrangente, atacando de uma 
 4 
só vez todos os segmentos: captura, frigorificação, salga, comercialização, extensão 
pesqueira e piscicultura. 
Concordamos. Todavia não entendemos porque não se construiu o Terminal 
Pesqueiro com recursos a fundo perdido e se preferiu pedir dinheiro emprestado ao 
BNDES, para execução de um novo projeto do próprio governo Estadual que acabou 
também não sendo construído. Que se construísse o Terminal Pesqueiro com os 
recursos da SUDEPE e para as outras obras se solicitasse financiamento ao BNDES. O 
interessante é a história continuar se repetindo. Os esquemas continuam funcionando. 
Devem as coisas ficar como estão: assim "todos" ganharão mais. 
Os amazonenses teimam em não reconhecer que o peixe é a nossa principal 
vocação. Os nossos dirigentes preferem inventar novas opções, deixando escapulir por 
entre os dedos aquilo que a natureza nos deixou. 
A Amazônia representa para o Brasil uma esperança na produção de alimentos. O 
Estado do Amazonas muito poderia contribuir nessa produção. As nossas várzeas são 
férteis e precisam ser exploradas "racionalmente", com planificação, sem querer 
inventar, plantando o que realmente temos vocação e necessidade, não esquecendo que 
só temos acesso às "restingas"que margeiam os nossos rios. 
A potencialidade de nossos 45.000 km de rios também poderia ser melhor 
administrada. Os recursos pesqueiros do Amazonas, se manejados convenientemente, 
ofereceriam pescado em abundância para consumo interno e para exportação. Basta para 
isso que se leve a sério a atividade pesqueira e não nos esqueçamos de que o peixe é um 
recurso natural facilmente renovável, desde que bem administrado. 
Dispõe o Estado do Amazonas, 2.189.457 habitantes, distribuídos em 62 
municípios, com uma área total de 1.558.987 Km2. A distribuição dessa população é 
muito irregular. Manaus, com 1.115.414 habitantes, representa 51% da população do 
Estado. A população rural, distribuída esparsamente, tem maior concentração na 
microrregião 10, Baixo-Amazonas, exatamente a mais desenvolvida. Nessa área 
encontram-se localizadas, além de Manaus, as maiores cidades do interior amazonense: 
Itacoatiara, Manacapuru, e Parintins. (1) 
As demais microregiões são de densidade demográfica muito pequena, ocasionada 
principalmente pela falta de opções econômicas. 
Com a crise da borracha, levas e mais levas de seringueiros, em sua maioria 
nordestinos, abandonaram os altos rios em busca de centros populacionais para 
conseguirem a sobrevivência. 
Os nossos seringais foram abandonados e os seringalistas, em sua grande maioria, 
procuraram vender suas propriedades para grupos do Sul, interessados em projetos 
agroindustriais ou agropecuários. 
A partir de 1973, com a crise do petróleo, a produção de borracha sintética 
apresentou um aumento de custo incompatível com os países dependentes de 
importação de petróleo. O Brasil, através da criação do PROBOR (PROGRAMA DE 
INCENTIVO À PRODUÇÃO DE BORRACHA NATURAL) tentou sem êxito, 
retornar a posição de grande produtor de borracha natural. Com esse instrumento alguns 
seringais foram repovoados e novos projetos para seringais de cultivo foram 
implantados. Todavia, ficamos ainda, muito aquém dos objetivos preconizados, apesar 
do gigante esforço desprendido pela Superintendência do Desenvolvimento da Borracha 
(SUDHEVEA). 
Esse esforço para repovoamento dos seringais talvez tivesse surtido efeito se não 
houvesse o fascínio que as cidades exercem sobre as populações do interior e os 
"empresários" do asfalto tivessem levado a sério às intenções do Governo Federal. 
 5 
A criação daZona Franca de Manaus aumentou a tendência do interiorano de 
abandonar a sua terra em busca de "melhores" condições de vida. Contribuíram para 
isso a educação acadêmica que recebe, totalmente inadequada para a Região, a falta de 
uma política voltada para o interior e os preços desestimulantes para a pouca produção 
do setor primário. 
Por todas essas razões, nos municípios com maior densidade populacional temos 
encontrado problemas seríssimos envolvendo pescadores e ribeirinhos. 
Ocorre que, com o aumento da população de Manaus principalmente pela falta de 
estrutura nesta capital para desembarque, estocagem e comercialização de pescado, 
temos períodos de abundância, com preços acessíveis aos consumidores e não 
remunerando muitas vezes aos produtores e período de escassez quando os preços 
atingem patamares absurdos. 
Em 1982, com a enchente atingindo a cota de 27,94m os igapós e cabeceiras dos 
rios, onde os peixes ficavam protegidos e com maior abundância de alimentos, 
transbordaram provocando a saída das espécies, aumentando, em conseqüência, as 
facilidades de captura, fazendo com que a produção ultrapassasse as 30 mil toneladas, 
mesmo levando-se em consideração a falta de interesse dos pescadores em capturá-los 
no período abril/junho, pelo preço não remunerado, ausência de compra pela indústria e 
falta de estrutura de frigorificação à disposição dos armadores de pesca. 
De 1984 em diante, infelizmente não temos dados oficiais sobre a produção de 
pescado, já que os controles de desembarques, ontem executados pela SUDEPE, hoje 
foram pelo IBAMA desativados, entretanto, em 1992, dez anos depois, o fenômeno se 
repetiu. 
O consumo de pescado per capita do amazonense, o maior do Brasil, que já 
ultrapassou 56 kg/ano vem decrescendo em razão dos preços proibitivos, chegando-se a 
pagar por um quilo de peixe nobre, Tambaqui e Pirarucu, mais caro que por um quilo de 
carne de primeira. O consumo per capita do nosso caboclo do interior já chegou a 
ultrapassar 150 kg/ano, o que demonstra claramente que o peixe é o principal alimento 
do amazonense. Hoje, o peixe tem no frango importado do sul do Brasil, um sério 
concorrente até mesmo no interior do Estado. 
Analisando-se a produção do pescado desembarcado, observa-se que vinha se 
mantendo na mesma média anual, razão pela qual os preços dos peixes nobres e 
especiais têm subido, uma vez que o consumo, em face da "inchação"de Manaus, tem 
aumentado assustadoramente. Em compensação os preços dos peixes de 3a Categoria 
têm épocas que praticamente são doados pelos pescadores, já que o valor cobrado pelos 
despachantes não cobre sequer as despesas com o diesel usado pelos barcos que chegam 
a vender um cento de jaraqui por mil cruzeiros, como ocorreu no mês de maio/92, não 
somente em Manaus mas em todo o Estado do Amazonas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
PRODUÇÃO DESEMBARCADA E CONTROLADA NO ESTADO DO 
AMAZONAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: SUDEPE – AM 
 
 
 
 
 
 
 7 
 
AS ESPÉCIES 
 
O Estado do Amazonas, segundo Wolfang Junk, tem mais de 2.000 espécies de 
peixes, agrupados em dois tipos: COMESTÍVEIS e ORNAMENTAIS. 
Sem sombra de dúvida somos possuidores da mais rica fauna ictiológica do 
mundo. Possuímos uma verdadeira jazida de proteínas, mas infelizmente não estamos 
sabendo explorá-la. 
 
 
PEIXES COMESTÍVEIS 
 
Das espécies de peixes, usados na alimentação humana e que habitam o nosso 
emaranhado de rios e lagos, menos de 50 são exploradas comercialmente. 
Os peixes comestíveis são classificados em quatro categorias, de acordo com a 
preferência dos consumidores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
ESPÉCIES DE PEIXES COMESTÍVEIS QUE TÊM MAIOR VALOR 
COMERCIAL, COM SUA CLASSIFICAÇÃO POR ESPÉCIE 
 
 
 
 
NOME 
VULGAR 
 
NOME CIENTÍFICO 
 
CATEGO
RIA 
Acará-Açu 
Pescada 
Tucunaré 
Astronutos oceallatus (Cuvier) Plagioscion 
esquamosissimus (Beckel) Cichla ocellaris (Schneider) 
Especial 
Especial 
Especial 
Matrinxã 
Tambaqui 
Sardinha Pacu 
Pirarucu 
Brycon hilarii (Valencíennes) Colossoma macropomum 
(Spix) Triportheus angulatus (Spix) Metynnis 
hypsauchen (Mueller & Troschel) Arapaima gigas 
(Cuvier) 
1a 
Categoria 
1a 
Categoria 
1a 
Categoria 
1a 
Categoria 
1a 
Categoria 
Curimatã Aracu 
Jaraqui 
Pirapitinga 
Branquinha 
Prochilodus nigricans (Agassiz) Leporinus fasciatus 
(Bloch) Prochilodus insigniss (Schomburgk) Colossoma 
bidens (Cope) Anodus laticeps (Valenciennes) 
2a 
Categoria 
2a 
Categoria 
2a 
Categoria 
2a 
Categoria 
2a 
Categoria 
Surubim 
Dourado Jandiá 
Pseudoplatystoma fasciatum (Linnaeus) 
Brachyplatystoma flavicans (Castelnau) Rhandia 
schomburgkii (Bleeker) Brachyplatystoma vaillantii 
(Valencieennes) 
3a 
Categoria 
3a 
Categoria 
3a 
Categoria 
3a 
Categoria 
Piraíba Brachyplatystoma filamentosum (Lichtenstein) 
3a 
Categoria 
 
 
Essa classificação hoje precisa ser revista. Os novos hábitos incorporados à 
população, trazidos a partir da implantação da Zona Franca, com a chegada de pessoas 
de outras regiões do Brasil e do mundo, com certeza fizerem com que o Pirarucu fosse 
considerado como especial e os peixes lisos (bagres) deixassem de ser de terceira 
categoria. O filé de peixe de pele (lisos) está freqüentando as cozinhas dos melhores 
restaurantes e das mais ricas residências de Manaus. O Tambaqui, até pelo seu preço, 
tem que ser considerado especial. 
 9 
O amazonense precisa adquirir novos hábitos alimentares, consumir outras 
espécies de pescado. Alguns de nossos peixes são consumidos, aqui mesmo no 
Amazonas, por estrangeiros ou brasileiros de outros Estados e causam admiração e 
espanto aos nossos conterrâneos. 
Um dos fatores que limita o consumo de algumas espécies é a grande quantidade de 
espinhas que possuem. As classes mais abastadas normalmente não procuram os peixes 
com muitas espinhas, pelos riscos que elas representam, principalmente às 
crianças.Como solução costuma-se "ticar" os peixes, de forma que as espinhas sejam 
todas cortadas em minúsculos pedaços e possam ser ingeridas sem dificuldade. Essa 
operação para quem não tem prática é demorada e nada agradável. 
Seria interessante que se desenvolvesse um método industrial, que possibilitasse 
"ticar" mecanicamente os peixes, a exemplo das máquinas de descascar camarões. Outra 
fórmula seria o trituramento e cozimento das espécies hoje não aproveitadas, 
transformando-se em filés ou postas. Muitas seriam as espécies que poderiam ser 
aproveitadas nesse processo, mas damos ênfase a Piracatinga (Callothysus macropterus) 
pequeno bagre que está se constituindo num problema para os pescadores face à grande 
quantidade existente em nossos rios e à sua voracidade, além dos peixes que vêm nas 
redes, capturados juntamente com os do cardume (fauna acompanhante), que são 
jogados fora, como peixe-cachorro e o próprio Jaraqui, por sua abundância. Estas 
espécies também poderiam ser utilizadas como matéria-prima de pequenas indústrias 
que se dedicassem a produção de produtos tais como: fish-burguer, lingüiça de peixe, 
peixe em conserva e "delicatessem", produtos esses que acreditamos ter mercado 
garantido a nível nacional e que se constituiriam uma atração para os turistas que 
visitam Manaus. 
Vale salientar que o INPA, em convênio com a SUDEPE à época, desenvolveu 
estudos a esse respeito, obtendo resultados positivos restando somente divulgação e 
uma ação concreta do Governo do Estado que incentive a implantação dessas 
indústrias.Como exemplo citamos o tratamento que hoje algumas indústrias dão aos 
camarões de água doce (Macrobrachium amazonicus): após serem cozidos e prensados 
são transformados em camarões grandes, com sabor de camarão marinho e exportados 
para o exterior. Esse mesmo método poderia ser utilizado para preparar filés, 
almôndegas e bifes de peixe não comercializados ou das espécies menos nobres como 
Jaraqui, Curimatã e Branquinhas. 
Uma das formas de aproveitamento de outrasespécies não conhecidas.e até 
mesmo do excedente de jaraquis e outros peixes populares, seria a fabricação de farinha 
de peixe ou Piracuí.de Concentrado Proteico de Peixe (peixe em pó) e especialmente de 
peixe em Flocos para a alimentação escolar. Os peixes sem valor comercial, caputados 
juntamente com os cardumes, seriam transformados por pequenas fábricas desses 
produtos e vendidos a Merenda Escolar para a alimentação de nossos estudantes. O 
Peixe em Flocos, popularíssimo na Ásia, principalmente entre a população infantil, 
poderia ser produzido até mesmo nas escolas, usando-se dos utensílios básicos da 
cozinha ao moderno equipamento industrial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
 
CARACTERÍSTICAS DAS ESPÉCIES DE MAIOR VALOR COMERCIAL 
 
 
1 - PESCADA 
 
É um Sciaenidae que pode atingir até 65 centímetros. Carnívoro que habita os 
ambientes calmos. Vive normalmente em abrigos de pedras, permanecendo no fundo 
pela manhã e saindo a procura de alimentos pela parte da tarde. A noite vive nas 
proximidades das praias e embocaduras dos rios. 
É pescado, de setembro a novembro, época em que os cardumes são maiores. A 
pesca é feita com rede de arrastão, malhadeiras e anzol. 
A pesca com anzol, quase sempre usando-se camarão como isca, efetuada com linha-de-
mão e na "boca" dos rios, é das mais interessantes e divertidas. 
 
2 –TUCUNARÉ 
 
Peixe dos mais bonitos e saborosos do Amazonas de coloração prateada, carregada 
de pigmentos de cor sépia no dorso, com três barras transversais sobre os flancos, 
nadadeira dorsal escura com manchas circulares amarelo-brancacentas, e olho negro 
marginado de amarelo na base de nadadeira caudal, vive em águas calmas e remansos. 
A exemplo da Pescada, é carnívoro e se alimenta principalmente de insetos e pequenos 
peixes. Pode atingir até 80 centímetros e doze quilos de peso. A sua maturidade se 
completa entre 11 e 12 meses, com desova mais freqüentemente de julho a dezembro. 
Peixe agressivo, faz com que ainda se mantenha a pesca tradicional, com anzol, 
pinauaca e currico. 
Atualmente, para a sua pesca está sendo muito usado como isca, pequenos peixes 
vivos fisgados em anzóis com linha comprida. 
A captura fica acentuada no período da vazante dos rios, de agosto a dezembro, 
contribuindo, inclusive para um grande aumento da pesca turística amadora, 
principalmente nos rios de águas pretas, como o NEGRO e o UATUMÃ. 
 
3 - ACARÁ-AÇU 
 
Cichlidae de hábitos similares ao tucunaré. Conhecido em outras regiões como 
APAIARI. De tamanho pequeno, atingindo em média 15 cm e 500 gramas de peso. 
Espécie de abundante cria. Desenvolve-se rapidamente em águas calmas, 
atingindo a maturidade entre 10a 12 meses. A sua desova é parcelada sendo que, em 
ambientes controlados, pode ter três desovas por ano. Cuida muito bem de sua prole, 
chegando a guardar os filhos na boca quando ameaçador Preferindo os ambientes 
calmos, a alimentação é composta em boa parte por insetos. 
 
4 – MATRINXÃ 
 
Peixe de dentição forte, carne saborosa que atinge até 50 cm de comprimento. 
Prateado com nadadeiras caudal e anal lavadas de vermelho. Habitam águas limpas e a 
sua pesca se faz com redes e anzol com iscas de frutas e carne de outros peixes. 
Habitante das "cabeceiras" dos rios, desce em "piracema" no período da enchente. 
Sua alimentação onívora é preferencialmente carnívoro, faz com que seu conteúdo em 
 11 
graxas situe- se entre moderado e fraco. A sua captura, com anzol e espinhei, antes 
importantes, atualmente pouco representa na comercialização em Manaus. 
 
5 – SARDINHA 
 
Peixe de pequeno porte, que não ultrapassa 20 cm de comprimento. Tem como 
alimentação básica os microrganismos da própria água. Vivem em cardumes e tem 
oscilação relativa no desembarque em Manaus, aparecendo com maior quantidade no 
período de Agosto a Novembro. 
 
6 – TAMBAQUI 
 
Caracídeo. É um peixe muito abundante, atingindo até 80 cm de comprimento por 
35 cm de largura, com 30 kg de peso. Apresenta as escamas pretas ou amareladas, 
dependendo da região onde habita e da alimentação predominante. A sua alimentação é 
onívora, nela predominando as frutas das matas ciliares. Pequenos peixes, crustáceos e 
insetos constituem a sua complementação alimentar. Mais de 80% de sua pesca é 
efetuada com redes. Presente nos mercados da região durante todo o ano, tem o preço 
mais caro das espécies amazônicas. Representa, hoje, a melhor opção dos piscicultores 
já que habita os açudes de todas as regiões do Brasil. De uma só desova pode-se 
produzir mais de 350.000 alevinos. 
 
7 –PACU 
 
De tamanho entre 20 a 30 cm, possui hábitos alimentares semelhantes ao 
TAMBAQUI. Caracídeo ovalado de coloração prateada e rico em gorduras. 
Os seus cardumes apresentam espécies de tamanhos variados o que faz com que os 
pescadores que usam redes selecionem os menores jogando-os de volta ao rio. Já 
"sambados", são levados às margens em relativa quantidade gerando o desperdício 
condenado pelas populações ribeirinhas e principalmente pelas "organizações de defesa 
do peixe" ligadas a partidos políticos e/ou a Igreja Católica. 
 
8 - PIRARUCU (Peixe vermelho) 
 
Peixe de grande porte, os exemplares adultos chegam a atingir 2,00m de 
comprimento, pesando até 120 kg. Habita, normalmente os Lagos Amazônicos, 
alimentando-se de peixes, insetos e vermes fluviais. É o maior peixe de escamas do 
Brasil. 
De desenvolvimento lento, alcança a maturidade sexual após o quinto ano de vida. No 
início da enchente, de novembro em diante, busca os lugares de águas rasas para 
preparar seu ninho, ou "panelas" como chamam os pescadores. Chega a desovar até 
50.000 óvulos. 
A carne fresca, salmorada, salgada ou seca é muito saborosa. 
A língua é usada para ralar o guaraná e as escamas para lixar as unhas. 
Os pescadores afirmam que os adultos dão proteção aos filhotes que sempre 
acompanham o pai. Costuma defender os filhos escondendo-os na boca. Os jacarés e as 
piranhas são os seus maiores predadores. 
A sua captura realiza-se cerca de 50% com redes e 15% com malhadeiras, ainda 
persistindo a pesca com arpão e anzol. 
Tem sua pesca regulamentada, com proibição no período de outubro a março. 
 12 
9 – CURIMATÃ 
 
Peixe que pode atingir 50 cm e 6 kg de peso. A sua alimentação principal é 
constituída de substâncias orgânicas depositadas por gravidade nas águas, o que 
dificulta a sua captura com iscas e anzol. 
Peixe de grande fecundidade com desova que pode atingir 1.000.000 
de ovos por espécie. 
Está sendo usado na piscicultura como "faxineiro", responsável pela "limpeza" dos 
açudes, tanques ou gaiolas. 
 
10-ARACU 
 
Espécie de peixe com tamanho variando entre 30 e 40 cm, podendo, seu peso 
atingir os 2,5 Kg. 
Peixe de piracema, considerado de segunda categoria. 
 
11 – PIRAPITINGA 
 
Da mesma família do Tambaqui, seu "primo", pode atingir 50 cm de comprimento 
e com os mesmos hábitos de seu parente mais próximo. 
 
12 – JARAQUI 
 
Considerado parente do Curimatã, com quem se parece muito. É o peixe mais 
conhecido dos amazonenses. Tem dois tipos: escama fina e escama grossa. Estes 
últimos chegam a medir 45 cm e pesar mais de 3 kg. 
Peixe de piracema, sua migração se realiza de dezembro a julho. 
É um dos peixes que mais se reproduz e que forma os maiores cardumes, 
principalmente na época da vazante dos rios. 
Tem hábitos alimentares semelhantes ao do Curimatã.Ostenta na cauda listras 
amarelas que lhe dão uma característica especial e o carinhoso apelido de 
"brasileirinho". 
 
13-BRANQUINHA 
 
Peixe de segunda categoria, com até 18 cm. Não tem muita representatividade na 
comercialização e não agrada muito aos consumidores. Tem escamas prateadas e muito 
miúdas. 
 
14-SURUBIM 
 
Peixe de pele (Bagre) de grande dimensões, podendo freqüentemente atingir 
comprimento de mais de 1,50m, havendo informações de que algumas espécies 
capturadas atingiram os 3 metros. 
Carnívoro por excelência. 
 
15-PIRAÍBA 
 
É o maior "peixe liso" ou peixe de pele (bagre) de água doce da Bacia Amazônica, 
excedendo2,50m de comprimento e 140 kg de peso. 
 13 
Carnívoro, alimenta-se de peixes menores, sendo pescado fundamentalmente com 
anzol. 
Quando jovem é conhecido como "Filhote". 
Os ribeirinhos acreditam que a Piraíba engole crianças e ataca os adultos. 
 
16-PIRAMUTABA 
 
Bagre que tem por hábito acompanhar os cardumes de peixes em piracema. 
Carnívoro, alimenta-se de pequenos peixes, crustáceos e insetos. Pode atingir até 
1m de comprimento e 10 kg de peso. 
Constitui-se um problema para os pescadores que tem suas redes destruídas pela 
veracidade desses bagres que atacam os cardumes capturados. 
Foi responsável por considerável exportação porá os Estados Unidos, 
principalmente congelada pelos frigoríficos paraenses. 
 
17 – DOURADO 
 
Bem diferente do Dourado das outras regiões do Brasil, este bagre assemelha-se à 
Piraiba embora com menor porte, atingindo no máximo 1.50m de comprimento. 
 
 
18 – JUNDIÁ/JANDIÁ 
 
Bagre de menor porte, sendo pescado tradicionalmente com anzol. A sua carne é 
de boa qualidade, mas como todos os "peixes lisos" é considerado de terceira categoria. 
 
 
PEIXES ORNAMENTAIS 
 
Existem em nosso Estado aproximadamente 150 espécies de peixes ornamentais. 
Somente 52 são comercializadas. 
A SUDEPE somente catalogou 41 dessas espécies para a exportação. Destas 
contribui o Amazonas com 26. 
Os peixes ornamentais à primeira vista podem não parecer importantes, mas 
representam considerável fonte de divisas para o Estado do Amazonas. 
Em nosso Estado existem 9 empresas que se dedicam à Exportação de peixes 
ornamentais, algumas carentes de melhor estrutura física e de orientação técnica 
compatível com suas atividades. 
A Coordenadoria Regional da SUDEPE, cônscia dá importância desse segmento 
de mercado, estava montando um departamento que se encarregaria de dar as 
orientações técnicas necessárias e tentaria descobrir uma linha de crédito que pudesse 
ser utilizada por essas pequenas empresas. Com a criação do IBAMA a idéia 
desapareceu. 
A captura de peixes ornamentais é executada por cerca de 20 pequenos barcos, 
cujas condições de transporte são precárias e responsáveis por uma mortalidade superior 
a 50% do capturado. 
As principais áreas produtoras estão localizadas nos municípios de Barcelos. São 
Gabriel, Santa Izabel do Rio Negro e Novo Airão, todos situados no Rio Negro. 
A melhor solução seria as empresas ou até mesmo um grupo de pescadores 
construírem um barco de tamanho razoável, equipado com bombas, que transportasse a 
 14 
produção de todos os pescadores mediante a cobrança de serviços, de tal forma que os 
pescadores não tivessem de vir a Manaus somente com a finalidade de entregar aos 
exportadores a produção. 
Vejo aqui uma rara opção de investimentos na Região do Rio Negro: Fazer 
piscicultura, em gaiolas, com peixes ornamentais destinados ao mercado externo. 
 
 
A EXPORTAÇÃO DE PEIXES ORNAMENTAIS precisa receber das 
autoridades melhor atenção, principalmente no que se refere a quantidade e espécies 
exportadas. Muitas espécies de peixes comestíveis tem sido enviadas para o exterior as 
"escondidas" como "cardinais ou neons". 
O IBAMA chegou ao absurdo de incluir a PIRANHA como peixe ornamental. O 
que é pior,alguns amazonenses chegaram a propor ao IBAMA que além da Piranha, 
Mandii, a Pirarara, o Cará-Bararuá, a Arraia, o Puraquè, a Aruanã e o Jacundá, 
pudessem ser exportados como ornamentais. 
 
 
CARACTERÍSTICAS DAS ESPÉCIES MAIS COMERCIALIZADAS 
 
 
1 - ACARÁ DISCO (Symphsom discus) 
 
Peixe de temperamento calmo e social. Atinge até 20 centímetros de comprimento. 
Tem o formato redondo parecido com um disco. A sua cor varia do amarelo castanho ao 
marrom, dependendo de seu estado psíquico. É uma das espécies de maior aceitação no 
mercado nacional e internacional. 
 
2 - ACARÁ BARARUÁ (Uaru Amphiacanthoides) 
 
O mais comum da espécie. Há quem afirme ser a sua criação em cativeiro, devido 
a sua reprodução em grande escala em ambiente calmo, açudes por exemplo, ideal para 
consorciamento com espécies de hábito alimentar carnívoro. Tucunaré, Pirarucu entre 
outros. 
Tem a cabeça cinza escura e nadadeiras em todo o seu dorso. 
 
3 - ACARÁ BANDEIRA (Pterophllum scalares) 
 
Peixe agressivo e anti-social que ataca as espécies menores. 
Popularmente são chamados de peixe-anjo. Apresentam três listras pretas verticais 
sobre escamas prateadas, formando um harmonioso conjunto com suas nadadeiras e 
filamentos alongados. 
 
4 - CARDINAL TETRA (Cheirodon Axeirodii) 
 
Principal espécie exportada- Pequeno e bonito peixe, dotado de um colorido 
fascinante, caracterizado por uma faixa azul quase brilhante em todo o seu corpo. 
Felizmente não se reproduz em águas paradas, aquário por exemplo, razão pela qual 
ainda não perdemos o seu mercado externo. 
 
5 - RODOSTOMOS (Hemigrammus Rhodostomus) 
 15 
 
Conhecido entre os ribeirinhos da Região como Cara-de-Sangue ou Tetra Nariz 
Vermelho. 
Peixe muito pacífico que gosta de viver em comunidade. Adapta-se, nos aquários, 
facilmente ao convívio com as outras espécies. Tem hábito alimentar onivoro. podendo 
atingir até cinco centímetros de comprimento. Seu colorido varia de verde-cinza ao 
amarelo-cinza. 
 
 
PRINCIPAIS ESPÉCIES EXPORTADAS ANO: 1981 
 
 
DENOMINAÇÃO 
 
PARTICIPAÇÃO 
RELATIVA 
NOME VULGAR NOME CIENTÍFICO S/VALO
R 
S/QUANTID
ADE 
Cardinal Cheirodon Axeirodii 53.11 80,54 
Rodostomus Hemjgrammus Rhodostomus 5,03 6.34 
Borboleta Carnegiella Strigata 1,58 2,75 
Corredoras C o ry do rãs elegans 1.58 2,03 
Discus Symphosodon discus 24.39 0,71 
Outros 14,30 7,63 
 
 
FONTE: SUDEP/PDP 
 
 
 
 
 
MERCADO EXTERIOR EXPORTAÇÃO E PARTICIPAÇÃO NA PAUTA DO 
ESTADO 
 
ANO QUANTIDADE VALOR CR$ 
1.000 
VALOR 11$ 
1.000 
PAUTA 
1978 17.903.485 14.693 775 1.83 
1979 19.352.254 26.506 934 1.53 
1980 16.301.049 35.525 602 0.96 
1981 15.951.624 62.346 642 1.02 
1993 8.585 297 - 886 0.08 
 
 
FONTE: SUDEPE/PDP/SEFAZ 
 
 
 
 
 
 
 16 
PRINCIPAIS PAÍSES IMPORTADORES ANO: 1983 
 
 
PAÍSES PARTICIPAÇÃO RELATIVA 
ALEMANHA 
ESTADOS UNIDOS 
HOLANDA 
OUTROS 
36,83 
23,19 
21,01 
18,97 
 
 
FONTE: SUDEP/PDP 
 
 
A participação relativa na pauta de exportações do Estado do Amazonas que, em 
1982, representava quase 2% tem decrescido em função de nossas atividades industriais, 
mas de certa forma a qualidade dos Cardinais exportados, nos meses de maio/julho, não 
se apresentava em condições ideais, em razão de estarem os peixes ovados ou magros 
devido à recente desova. Esse problema foi superado com uma Portaria proibindo a 
captura do Cardinal nessa época do ano. Com tal medida, solicitada pelos próprios 
exportadores, a qualidade dos peixes nos meses subsequentes à proibição melhorou 
consideravelmente, permitindo preços mais lucrativos. 
Os exportadores do Amazonas precisam descobrir o mercado interno, difundir o 
uso de aquários nos escritórios, consultórios, repartições públicas e residências. 
Mas precisamos urgentemente proteger esse tipo de atividade. O comércio de 
peixes ornamentais está ameaçado. A maioria das espécies, as principais, não se 
reproduz em cativeiro. A sua reprodução terá de ser induzida. Mas infelizmente, temos 
notícias de que cientistas alemãs e japoneses estão trabalhando na reprodução do 
Cardinal em cativeiro. Precisamos contra atacar desenvolvendo estudos que nos 
permitam dominar a técnica de desova induzida dessas espécies o que possibilitaria a 
substituição do extrativismo predador por uma atividade sólida de reprodução e criação 
de peixes ornamentais. 
Em Hong Kong já se produz o NEON espécie da família do Cardinal oriundo de 
Benjamin Constant, fato que acabou com o nosso mercado de exportações dessa 
espécie. 
Pode até parecer utopia pensar em reprodução de peixes ornamentais. No mínimo 
parecerá uma atividade supérflua, uma vez que ainda temos alguns problemas com a 
reprodução dos peixes comestíveis. Quem sabe, uma vez que a tecnologia é semelhante, 
pelo tamanho das instalações para peixes ornamentais não seria umexcelente 
laboratório onde faríamos as experiências que serviram de suporte para a piscicultura 
dos peixes comestíveis. 
As tabelas que publicamos a seguir servirão de embasamento a todos que 
quiserem analisar essa atividade com maior profundidade, embora os dados sejam de 
1983, segundo os exportadores o comércio se manteve em níveis semelhantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 17 
PRINCIPAIS PAÍSES IMPORTADORES ANO: 1983 
 
 
PAÍSES QUANTIDA
DE 
PESO/KG US/FOB Cr$ 
ESTADOS UNIDOS 2.710.985 57.461 111.241 40.104.490, 
ALEMANHA 
OCIDENTAL 
1 395.187 16.821 49.296 16.601.360, 
PAÍSES BAIXOS 980.065 11.880 35.765 10.942.452, 
FRANÇA 280.325 3.701 8.767 2.774.508, 
DINAMARCA 138.772 2.237 5791 1.637.387, 
SUÉCIA 74.816 1.000 3.355 964914, 
SUÍÇA 65.974 978 2647 876.054, 
BÉLGICA/LUXEMBU
RGC 
60.791 1.182 2109 729.205, 
ITÁLIA 42.948 830 1976 564.123, 
JAPÃO 40.236 1.000 4.400 1.497.542, 
AGENTINA 26.296 111 3.372 1 .283.858, 
REINO UNIDO 22.716 476 796 227.391, 
CHILE 8.752 130 740 291.603, 
CINGAPURA 8.700 160 417 100.024, 
ESPANHA 8.062 162 270 70.130, 
PORTUGAL 5.430 02 186 73.315, 
NORUEGA 4.748 100 183 72.132, 
HONG KONG 3891 288 679 320.566, 
ÁUSTRIA 3.558 02 449 211.992, 
FINLÂNDIA 3.475 300 593 142.240, 
SUL AFRICANA, REP 3.200 08 352 91.429, 
CANADÁ 1.090 01 71 30.110, 
TOTAL 5 890 044 98.799 233.455 79.606.925, 
 
 
FONTE: CACEX 
 
AEROPORTOS EXPORTADORES JANEIRO/JUNHO-1983 
 
CIDADE/UF QUANTIDADE PESO/KG US/FOB Cr$ 
 
MANAUS/AM 
 
5.357.812 
 
87.658 
 
201.921 
 
67.182.134, 
BELÉM/PA 456.996 10.609 24.386 9.970.438, 
R. DE JANEIRO/RJ 41.200 121 3.527 1.094.796, 
SÃO PAULO/SP 26.296 111 3.372 1.283.858, 
PORTO ALEGRE/RS 7.740 300 249 75.699, 
 
 
FONTE: CACEX 
 
 18 
PARTICIPAÇÃO RELATIVA DOS ESTADOS NA EXPORTAÇÃO DE PEIXES 
ORNAMENTAIS JANEIRO/JUNHO-1983 
 
 
PARTICIPAÇÃO RELATIVA 
 
 
 
ESTADO 
 
S/ QUANTIDADE 
 
S/VALOR 
AMAZONAS 90,96 84,39 
PARÁ 7,76 12,52 
RIO DE JANEIRO 0,70 1,38 
SÃO PAULO 0,45 1,61 
RIO GRANDE DO SUL 0,13 0,10 
 
 
FONTE: CACEX 
 
MERCADO INTERNACIONAL EXPORTAÇÃO DE PEIXES ORNAMENTAIS 
EM 1983 
 
 
 
PAÍSES/IMPORTADOS 
 
QUANTIDADE (n) 
 
VALOR (US$) 
Alemanha 3.583.076 296.388,20 
Áustria 5.912 362,00 
Bélgica 112.893 4.524,00 
Chile 8,752 740,00 
Dinamarca 359.618 14.166,00 
Espanha 20.762 827,00 
Finlândia 30.431 2.365,00 
França 590.930 22.636,50 
Holanda 2.306.421 92.141,10 
Hong Kong 6.201 1.569,00 
Inglaterra 43.834 1.762,00 
Itália 45.830 2,411,00 
Japão 40.293 4.400,00 
Noruega 7.339 308,00 
Peru 36.575 3.925,00 
Portugal 2.169 104,00 
Singapura 32.584 1.222,00 
Suécia 218.254 9.238,00 
Suíça 131.554 5.093,00 
Taiwan 640 640,00 
U. S. A. 5.297.399 220.501,50 
TOTAL 12.881.467 685.323,30 
 
FONTE: SUDEP/AM 
 19 
FATORES DE PRODUÇÃO 
 
O Estado do Amazonas, sem sombra de dúvidas, possui as condições ideais e 
indispensáveis para um grande produtor de pescado. 
A sua localização em região equatorial, com clima do tipo Am na classificação de 
Kopper, com todos os seus dias geralmente cálidos, proporciona a temperatura ideal 
para a reprodução de animais aquáticos. 
A insolação recebida no Amazonas chega a ser superior a 2.000 horas anuais, 
fazendo com que a temperatura média seja de 27° C. 
Somando-se a esses dados a umidade realtiva do ar, em média de 85%, e a 
precipitação pluviométrica anual variando entre 1.600mm e 2.800mm, concluímos ser a 
Amazônia, e em especial o Amazonas, o paraíso dos animais que vivem nas águas. 
Em nosso emaranhado de rios, paranás, lagos, igarapés, furos e igapós, vivem 
mais de 2.000 espécies de peixes, das mais exóticas possíveis e desconhecidas, as mais 
famosas e admiradas por todo o mundo. 
Embora com tamanha potencialidade, somos deficientes de recursos financeiros e 
técnicos que nos possibilitem explorar racional e economicamente essa riqueza. Somos 
dependentes de vícios tradicionais que impossibilitam melhor desempenho do Setor 
Pesqueiro. 
Para as atividades da pesca os recursos não estão disponíveis na proporção de sua 
importância. Os bancos oficiais não oferecem recursos para o Setor com os mesmos 
atrativos que oferecem ao comércio e as indústrias. Reconhecemos as dificuldades de 
oferecer garantias, principalmente pelos pescadores artesanais, ou seja, aqueles que não 
possuem equipamentos sofisticados para a pesca: seus barcos são simples "geleiros". 
No Amazonas a rede de bancos particulares não opera na pesca e limita-se a 
operações de empréstimos a alguns despachantes de pescado, conhecidos depositantes 
com saldo médio invejáveis. O Banco do Brasil dispunha de um teto mínimo dentro da 
própria Carteira de Crédito Rural, com recursos para todo o País numa ordem de Cr$ 
2,5 bilhões em 1983. E, por incrível que possa parecer, teve dificuldades de aplicação 
no Amazonas, principalmente em Manaus, face a ausência de interessados realmente 
pescadores. Normalmente, em Manaus, os despachantes tomam dinheiro emprestado na 
rede particular e financiam o custeio dos barcos de pesca. 
A SUDEPE, até 15.10.84, dispunha de um programa de crédito, PROPESCA, cujo 
agente financeiro era o Banco Nacional de Crédito Cooperativo - BNCC, com principal 
objetivo de renovar a frota pesqueira nacional e incentivar a criação de peixes e 
crustáceos. Infelizmente os financiamentos que foram liberados para o Estado do 
Amazonas não atingiram totalmente os objetivos. Foram construídos novos barcos, mas 
com as mesmas características e os mesmos problemas dos já existentes, ou seja com as 
caixas de gelar sem divisões e sem melhor aproveitamento da capacidade de carga dos 
barcos. 
Com a nova Constituição de 1988, foi criado o FNO, Fundo Constitucional do 
Norte e âmbito estadual o FMPE - Fundo de Fomento a Micro e Pequena Empresa, que 
entre os seus objetivos figura o financiamento a pesca artesanal e a piscicultura. Poucos 
são os projetos financiados por esses Fundos, até porque qualquer projeto de 
piscicultura no Amazonas esbarrava na mais elementar das dificuldades, pasmem: não 
produzíamos alevinos. 
Quanto à criação de peixes, os poucos projetos financiados não estão surtindo os 
efeitos desejados pelas dificuldades de obtenção dos alevinos, falta de seriedade de 
alguns piscicultores e recursos com custo muito elevado. 
 20 
Dispunha ainda a SUDEPE de um instrumento de financiamento, o Fundo de 
Investimento Setorial - Pesca (FISET - Pesca), constituído de incentivos fiscais, que no 
Estado não conseguiu financiar um projeto sequer. As razões que levaram a esse 
desinteresse são principalmente a estrutura familiar das empresas de pesca, temerosas de 
perder o controle de seus empreendimentos, já que passariam a ser sociedades de capital 
aberto, e o desinteresse dos empresários de outras atividades em investir numa área não 
considerada como nobre. 
A mão-de-obra utilizada na pesca no Amazonas pode ser classificada em pescadores 
ribeirinhos e pescadores profissionais. 
Os pescadores ribeirinhos são aqueles residentes no interior do Estado que fazem 
da pesca sua principal atividade, porém não possuem nenhum vínculo com Colônias ou 
Associações de Pescadores e quase sempre não estão registrados no IBAMA e 
Capitania dos Portos. Normalmente são ligados umbilicalmente a pequenos 
comerciantes por quem são financiados e para quem vendem as suas produções. Em sua 
grande maioria dedicam-se à pesca do pirarucu e peixes de pele (lisos). Eles defendem 
rigorosamente a proibição da pesca nos lagos vizinhos, não com intuito de preservar, 
mas tão somente de não dividir com os pescadores de outros municípios o pescado que 
poderão conseguir independente de proibições ou épocas de captura. Ainda como 
ribeirinhos são enquadrados aqueles que pescam regularmente para o sustento de suas 
famílias, usando apetrechos modestos, e que vendem as sobras para a própria 
comunidade. 
Os pescadores profissionais vivem exclusivamente da pesca, mas são ligados, ou 
deveriam ser, às Colônias ou Associações de Pescadores, e registrados no IBAMA e 
Capitania dos Portos. Podem ser subdivididos emdois grupos: Motorizados e não 
motorizados. 
No grupo dos motorizados estão os pescadores que compõem as tripulações das 
embarcações de pesca e que por lei deveriam estar filiados às instituições de classe e ao 
IBAMA. 
Infelizmente isso não ocorre e uma grande maioria não possui nem mesmo uma 
simples Certidão de Idade. 
Além do grupo dos motorizados, existem os pescadores profissionais de canoas: 
pescam individualmente ou em pequenos grupos com apetrechos pequenos, tais como 
caniços, tarrafas, arpões, zagaias, pequenas malhadeiras ou redes, e vendem a produção 
nas pequenas cidades do interior. Um bom exemplo são os pescadores de Itacoatiara, 
que executam suas atividades no Lago do Canaçari, e aqueles que pescam bem próximo 
à própria cidade. 
Tanto em Itacoatiara como em Parintins, Tefé, Coari e Tabatinga, alguns 
pescadores se reúnem em grupos, alugam um barco e saem para pescar individualmente. 
A produção de cada um é transportada em conjunto e comercializada individualmente. 
Estima-se que no Amazonas existem aproximadamente 40.000 pessoas vivendo 
exclusivamente de pesca. 
Segundo os órgãos que trabalham com a pesca no Amazonas, Federação dos 
Pescadores, IBAMA/AM e EMATER/AM, os pescadores estão distribuídos conforme 
os quadros seguintes: 
 
 
 
 
 
 
 21 
 
 
PESCADORES PROFISSIONAIS DO AMAZONAS 
 
 
 
COLÔNIA/ASSOCIAÇÃO 
 
MUNICÍPIO 
 
N° DE PESCADORES 
 
Colônia de Pescadores Z - 12 
 
Manaus 
 
2.346 
Colônia de Pescadores Z - 17 Parintins 775 
Colônia de Pescadores Z - 16 Maués 517 
Colônia de Pescadores 2-13 Itacoatiara 436 
Colônia de Pescadores Z - 09 Manacapuru 632 
Colônia de Pescadores Z - 04 Tefé 394 
Associação de Pescadores Barreirinha 317 
Associação de Pescadores U rucará 041 
Associação de Pescadores Coari 332 
Associação de Pescadores Boca do Acre 276 
Associação de Pescadores Tabatinga 703 
 
TOTAL 
 
6.769 
 
 
FONTE. FEDERAÇÃO DOS PESCADORES DO ESTADO DO AMAZONAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 22 
PERFIL DOS PESCADORES AMAZONENSES REGISTRADOS NO IBAMA 
 
Cadastrados 
 
- Embarcado 1.104 
- Desembarcado 24 1.128 
 
Instrução 
 
 
- Não alfabetizados 115 
- Semi alfabetizado 258 
- 1° Grau incompleto 627 
- 1° Grau completo 96 
- 2° Grau incompleto 11 
- 2° Grau completo 21 1.128 
 
Sexo 
 
 
- Masculino 1.121 
- Feminino 07 1.128 
 
Possuem Embarcação 
 
 
- Sim 473 
-Não 655 1.128 
 
Vínculo Empregatício 
 
 
- Autônomo 1.126 
- Contrato 02 1.128 
 
Possuem Embarcação 
 
 
-Sim 473 
-Não 655 1.128 
 
 
FONTE: IBAMA/AM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 23 
 
POTENCIALIDADE - ESTOQUE PESQUEIRO 
 
Demais se tem discutido no Amazonas o nível atual de nosso estoque de pescado. 
Muitos acreditam que a nossa ictiofauna tem sofrido nos últimos anos decréscimo 
razoável em seu estoque. Alegam que tempos atrás os barcos pesqueiros não precisavam 
viajar por mais de sete dias para carregar suas "geladeiras". Alegam, ainda, que hoje os 
pescadores têm dificuldades de encontrar cardumes dos peixes chamados especiais e de 
primeira categoria, mesmo nos rios e lagos mais distantes, e completam afirmando que, 
quando encontram,na maioria das vezes são peixes que não atingiram a idade de 
reprodução. 
Caso típico do Tambaqui que dificilmente é encontrado com mais de 15 quilos. 
Outros, todavia, argumentam e defendem que os peixes, em virtude do barulho das 
cidades e do tráfego crescente em alguns rios, simplesmente se refugiaram nos locais 
mais distantes e isolados, onde encontram alimentos suficientes e melhor proteção. 
Ficamos com os primeiros, e baseados nas nossas observações de homem nascido 
no interior, feito a ouvir os mais velhos e experientes, principalmente o mestre em 
assuntos amazônicos, o nosso caboclo; ele costuma dizer que os nossos peixes estão 
desaparecendo. 
Realmente estão, não para se esconder. O desaparecimento em virtudes de nosso 
atual esforço de pesca e de ausência de providências que possam proteger a época de 
reprodução. 
O pescador tradicional em suas observações acredita que está havendo redução de 
estoque. As causas mais aparentes dessas diminuições de estoque são a proliferação dos 
predadores, normalmente não combatidos, como o boto, o mergulhão e os peixes lisos; 
a impossibilidades de atingir a idade de reprodução em algumas espécies, em particular 
o Tambaqui, e principalmente a pesca de peixes em época da piracema para desova. 
Apesar de tudo isso não podemos definir o nosso estoque baseado em observações 
científica. Não existe trabalho de pesquisa sobre o assunto. Não se faz até hoje um 
acompanhamento da migração das espécies. As dificuldades de obter essas informações 
são muitas e vamos conviver com elas por longos tempos. 
Os únicos dados de que dispomos são os que nos foram fornecidos pela SUDEPE 
até 1983 e que dizem respeito ao desembarque de pescado nos principais municípios 
amazonenses, inclusive em Manaus. Esses dados, coletados por funcionários da 
SUDEPE e das colônias, através de informações verbais dos pescadores, não espelham a 
realidade e servem somente como indicadores da produção e da produtividade. O 
IBAMA que substituiu a Sudepe acabou com isso. 
Analisando-se o gráfico da produção desembarcada em Manaus (página 19), 
observa-se que a produção, no período de 1979 a 1983, oscila em torno de 30 a 40 mil 
toneladas. À primeira visita poderíamos ter uma idéia de estabilização, no entanto, se 
atentarmos para o fato de que o esforço da pesca tem aumentado consideravelmente, 
não somente pela entrada de novos barcos na pesca, mais de 300 nos últimos anos, mas 
também pelo aumento do contingente de pescadores em conseqüência do excedente de 
mão-de-obra no interior não aproveitada na agricultura e pela difusão de aparelhos de 
pesca mais eficientes tais como as malhadeiras de fio sintético e as grandes redes de 
cerco, concluiremos que precisaríamos no mínimo ter duplicada a produção para 
acompanharmos o crescimento populacional de Manaus. Isso não ocorre por várias 
razões, a principal hoje é realmente a diminuição assustadora de nosso estoque 
pesqueiro. Mesmo assim, paradoxalmente, contrariando todas as leis econômicas, 
 24 
continuamos irresponsavelmente desperdiçando pescado em grandes quantidades como, 
aliás, se faz com outros alimentos no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
ANOS 1979 1980 1981 1982 1983 
MUNICÍPIOS 
MANAUS 24.575 19.210 21.304 24.252 38.546 
TABATINGA 1.785 2.450 2.213 2.163 2.121 
ITACOATIARA 1.648 1.418 1.517 1.587 1.383 
TEFÉ 1.412 925 970 1.247 1.214 
COARI 900 840 1.259 1.037 1.028 
PARINT1NS 836 848 765 925 920 
MANACAPURU 787 1.009 1.356 1.494 1.747 
MAUÉS 326 288 446 518 533 
 32.270 26.988 29.830 33.223 47.493 
 
 
FONTE: SUDEPE/PDP e COLÔNIA Z-12 ( Manaus } 
 
A tendência no aumento da produção demonstra claramente o aumento do esforço 
de captura a partir de 1980, quando se iniciou o Programa do Governo do Estado de 
interferência no comércio de Pescado, com a participação maior dos frigoríficos 
particulares, preocupados em comprar peixe barato na época de entre-safra e vender 
depois ao Governo por preços bastante compensadores. O fato merece profunda 
reflexão pelos responsáveis por essa política: não resolve o problema da população, 
contribui para remuneração menor dos pescadores, pois os frigoríficos compram por 
preços irrisórios, e serve somente para aumentar o esforço da captura e desperdiçar 
grande quantidade de pescado, sem ter onde ser armazenado. 
No próximo capítulo, que trata da captura, poderemos observar mais alguns fatos: 
eles certamente ajudarão a perceber que não podemos continuar ininterruptamente 
pescando como estamos fazendo, sem ter de tomar providências sérias para evitaro 
desperdício e a exaustão de nosso estoque de peixes. 
De uma coisa porém estamos certos: a política adotada pela SUDEPE, no período 
de 1982/84 ativando a fiscalização e principalmente proibindo a pesca em mais de 50 
lagos considerados como criatórios em época de piracema para desova, contribuiu para 
um aumento significativo da produção neste últimos anos, fazendo com que 
atingíssemos níveis nunca antes alcançados, como ocorreu em maio/84. 
Esse fato comprovou a necessidade de se estruturar Manaus com uma capacidade 
de estocagem que possibilite a instituição de períodos de defeso para nossas principais 
espécies e até mesmo a proibição da pesca comercial em Manaus e outros municípios 
que disponham de estrutura de armazenamento no período da piracema para desova 
(dezembro a fevereiro). 
Felizmente esse brado, depois de longos anos foi adotado pelo IBAMA para 
algumas espécies, no entanto a falta de fiscalização resulta na inocuidade da proibição. 
A solução que defendemos para eficiência dessa medida é a proibição por áreas 
geográficas. Cada ano se proibiria a pesca em um grande Rio e seus afluentes. 
O conceito de estocagem, principalmente no interior do Estado, precisa ser revisto. 
Acreditamos que o armazenamento de peixes vivos em gaiolas ou tanques redes seja 
uma solução mais racional e que merece ser testada com seriedade. 
 
 
 
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 35 
AS ARTES E OS APETRECHOS DE PESCA 
 
A FROTA PESQUEIRA 
 
No Estado do Amazonas a atividade pesqueira realiza-se de forma contínua e 
praticamente ininterrupta; entretanto a produtivadade aumenta ou diminui de acordo 
com o regime dos rios. Também na pesca o "rio" comanda a "vida". 
Durante as enchentes, com extensas áreas inundadas, principalmente as "cabeceiras" dos 
rios, igapós e igarapés, os peixes se dispersam dificultando a sua captura - é a época da 
entre-safra. 
Durante o período de vazante, por razões exatamente contrárias, há maior 
concentração de peixes em áreas menores, facilitando as operações de pesca- é a safra 
ou época do "bafafá"ou "bamburrá". 
No quadro seguinte, percebemos claramente essa distribuição das épocas de 
captura, cujas pequenas variações decorrem da influência da lua ou de algum fenômeno 
climático não previsto. 
 
Épocas e ocorrências que influenciam a captura de Pescado no Estado do 
Amazonas 
 
PERÍODO OCORRÊNCIAS 
 
DEZ/JAN 
Época de peixe ovado. Os peixes saem em piracema para a desova 
facilitando a captura, ocasionando um aumento considerável na 
produção e paradoxalmente contribuindo para exaurir o nosso 
estoque pesqueiro. 
 
FEV/MAR 
Ocasião em que a Lua está em quarto crescente,permitindo que 
ainda se tenha uma pequena fartura, todavia os peixes já estão 
bastante magros, são os que desovaram. 
ABRIL Tradicionalmente o mês de menor produção do ano. 
 
MAIO 
Época de safrinha, com peixes gordos e brancos principalmente 
jaraqui e matrinxã. 
 
 
J U N/J U L 
Dependendo do comportamento da vazante dos rios, será maior ou 
menor a dificuldade de captura. Neste período estamos na fase de 
menor produtividade, onde inclusive vários barcos, principalmente 
no interior, se retiram da pesca e se dedicam ao transporte de gado e 
outros produtos. 
 
AGO/NOV 
Época de fartura ou do "bafafá" ou "bamburrá". Há volume 
excessivo de pescado, quando a produção atinge o seu ponto 
máximo, ocasionando um desperdício por falta de frigorificação. 
Esse fato se repete em quase todos os meses do ano, com execeção, 
talvez, em abril e julho. 
 
 
Analisando dados de produção fornecido pela SUDEPE do período 79/ 83, 
concluiremos que somente em abril a produção não ultrapassa as 2.000 toneladas. 
Por coincidência nesse período a Igreja Católica celebra a quaresma e a Semana 
Santa, quanto o consumo de peixes aumenta, e, com a diminuição da oferta, os preços 
sobem assustadoramente. 
 36 
A captura, no Estado do Amazonas, com volume significativo é realizada pelos 
barcos de pesca "os geleiros", que seguem para os locais de pesca distribuindo em quase 
todos os nossos principais rios. Entre os que mais contribuem para o abastecimento de 
pescado em nossas cidades, destacam-se o Solimões, Purus, Juruá e o Madeira. 
Muitos são os métodos de captura. Também, muitos os apetrechos ultilizados pelos 
nossos pescadores. 
O principal equipamento é, sem sombra de dúvidas, a canoa. É o ponto de partida. 
Com ela a pesca pode ser executada com linha-de-mão e até mesmo com criminosos 
explosivos ou entorpecentes, mas, fundamentalmente, com arrastão, tarrafa e rede. 
Os principais apetrechos de pesca, utilizados pelos pescadores no Amazonas, são: 
 
 
REDE OU REDINHA: 
 
É o aparelho mais empregado na região, porque serve tanto a pescaria em lagos 
como no leito dos rios, desde que haja um espaço mínimo para ser lançada, também por 
que não custa caro quanto a arrastadeira. 
Tem malhas com os mesmo tamanhos da arrastadeira, mesma altura em média, 
mas seu comprimento é bem menor. Os maiores arrastões chegam a medir 60 braças de 
comprimentos, mas o comprimento médio gira em torno de 28 braças. O número de 
lances numa pescaria é maior para o arrastão do que para redes. 
Seu emprego é realizado com auxílio de 02 canoas que transportam em média 06 
pescadores: o proeiro, responsável pela estratégia de localizar e fechar o cardume, 
geralmente é o pescador mais experiente do grupo. Sentado logo atrás do proeiro está o 
segundo lanceiro, que tem a função de remar e puxar o chumbo da rede; atrás dele situa-
se o largador de rede e finalmente o popeiro que "calça"a canoa para que ela não entre 
na rede ao colher a cortiça do entralhe superior, impedindo o peixe de saltar para fora da 
rede. Em outra canoa, menor, está o cambiteiro: ele segura o cabo da rede batendo-o na 
água para espantar o peixe, a fim de que penetre na rede. Quando uma certa porção do 
lago é cercada para capturar cardume, que nem sempre precisa ser visto, pois às vezes a 
sua presença é percebida indiretamente (a Pescada, por exemplo, emite um barulho 
típico que a denuncia ), a canoa grande faz um círculo largando a redinha e vai se 
aproximando da canoa pequena que começa a se mover em sua direção. Quando elas se 
encontram o cardume é "fechado"e o chumbo é então puxado para dentro da canoa 
grande, onde se realiza a despesca. A canoa pequena encosta-se bem à canoa grande 
para servir-lhe de apoio à medida que o peso da rede mais o do pescado aumenta. 
 
 
ARRASTÃO OU ARRASTADEIRA (OU REDE GRANDE): 
 
É um aparelho de grande dimensões, chegando em alguns casos a medir 500 
metros de comprimento por 13 metros de altura. A malha pode ter 20,22 ou 25 mm 
entre os nós opostos. Geralmente é empregada nas margens dos grandes rios (por isso 
alguns pescadores a chamam de Arrastão de Praia), em locais às vezes previamente 
preparados chamados "lanços". 
O "lanço" é um local estratégico onde o peixe deverá passar fatalmente nas épocas 
de migração, quando forma grandes cardumes. 
Assim, nesse local, os pescadores eliminam a vegetação para facilitar o emprego 
do aparelho em época que precedem a migração, preparando o sítio para a pesca. 
 37 
Quando o nível das águas está baixo não é necessário o feitio do "lanço"a pesca é 
feita nas praias naturais do rio ou nos grandes lagos, embora seja difícil porque no 
fundo dos lagos a quantidade de "pauzada"(tronco do fundo) é bem maior, impedindo o 
emprego adequado do aparelho. 
 
MALHADEIRA (CAÇOEIRA OU REDE DE ESPERA): 
 
É um aparelho que tem dimensões muito variáveis. Na pescaria são empregadas 
malhadeiras cujo tamanho da malha entre nós opostos vai de 10 até 300mm. O 
comprimento varia de 8 a 30 braças (1 braça média + erro padrão = 172 + 0,24 cm). Sua 
altura pode atingir até 5 metros, tendo em média de 2 a 3 metros. 
É empregada principalmente em lagos, podendo também ser armada no'remanso 
dos rios. Seu emprego está em grande expansão porque é um aparelho que custa 
relativamente pouco, de manuseio cômodo e pode ser armado em grandes quantidades. 
Ao contrário da arrastadeira a pescaria com malhadeira tem característica mais 
individualizada. 
Um pescador montado numa canoa tem a tarefa de armar certo número de 
aparelhos e zelar por eles enquanto estiver pescando. 
Na maioria das vezes é empregado à noite. O lote é armado no fim da tarde e 
recolhido nas primeiras horas da manhã. Há alguns pescadores que a deixam operando o 
tempo todo, revezando-se em grupos. Em intervalos, que dependem da densidade local 
de predadores é feita a "corra" onde o aparelho é levantado sem ser desarmado, 
permitindo que o pescador retire os peixes já capturados. O intervalo entre uma "corra" 
e outra pode ser estimado em 3 horas. A pescaria com malhadeira é muito seletiva. Para 
cada tipo de pescado que se deseje capturar, emprega-se malhas de tamanho adequado. 
Assim, para apturar pescada, usa-se malha de 70 a 100mm; para capturar tambaqui usa-
se malhas de 150, 200, 280 e até 300mm entre nós opostos. 
 
TARRAFA 
 
É uma pequena rede em forma de disco, dotada de um cordel no centro, que fica 
preso à mão esquerda do tarrafeador. Para usá-la, com a mão direita junta-se uma 
grande parte da tarrafa e lança-se na água. A tarrafa é aberta como uma teia de aranha, 
apanhado os peixes que se encontram naquele círculo. Alguns pescadores usam a boca 
para facilitar a abertura da tarrafa quando fazem o arremeço. Em seu redor a tarrafa é 
guarnecida com chumbo e uma prega dividida em pequenos espaços que, quando 
puxada fora, faz com que os peixes não possam escapar, ficando nas bolsas. O chumbo 
é para que a tarrafa afunde mais depressa, não dando aos peixes tempo de escapar. 
 
ESPINHEL : 
 
É uma grande linha de nylon ou de manilha na qual se prendem, em espaço, linhas 
armadas de anzóis. O espinhei é colocado em lagos, paranás, igarapés e rios; captura 
quase todas as espécies de peixes principalmente o Tambaqui- Colossoma Bidens(Spix), 
variando com os tamanhos dos anzóis e dos tipos de iscas usadas. 
 
ARPÃO : 
 
Empregado principalmente na pescaria do Pirarucu. Consta de uma haste longa e 
pescada, fabricado em "pau d'arco", com uma porta de ferro que se encaixa em uma de 
 38 
suas extremidades. Presa ao arpão está uma corda (arpoeira) , com 20 a 30 braças, em 
cuja extremidade está amarrada uma bóia de madeira (molongó) ou plástico. O 
arpoador, sentado na proa da canoa, ao ver o Pirarucu boiar marca o local de memória e 
rema a canoa vagarosamente até suas proximidades. Quando o peixe bóia novamente, o 
arpão é vigorosamente lançado em sua direção, atingindo-o geralmente no dorso. A 
ponta solta-se da haste, que é recolhida pelo pescador. O peixe começa a vaguear e o 
pescador segura fortemente na arpoeira. Se o comprimento da arpoeira é pequeno e o 
peixe é grande, ele pode soltar a arpoeira com a bóia presa em sua extremidade. Após 
alguns minutos ela irá denunciar a presença do peixe, já cansado, que algum tempo 
depois, ainda vivo, é puxado para fora d'água pela corda presa à ponta de ferro. Quando 
o peixe aparece à tona d'água o pescador com um pedaço de madeira golpei-Ihe a 
cabeça, matando-o e em seguida colocondo na canoa. Após eviscerado é colocado na 
geladeira do barco. A haste do arpão é conhecida pelo pescadores como"astia". 
 
 
ZAGAIA: 
 
Empregada principalmente na pescaria do tucunaré, e que se denomina de 
"pescaria de facho". A zagaia é um tridente usado para pescaria com auxílio de uma luz 
forte (lanterna elétrica, luz ligada a bateria de automóvel ou lanterna de carbureto) à 
noite. O pescador procura, sentado na proa da canoa, o peixe que fica quase parado na 
margem dos lagos, como se estivesse dormindo. Quando o focaliza com a lanterna, ele 
fica imóvel; disso se aproveita o pescador para espetar-lhe a zagaia, capturando-o. 
 
ANZOL - LINHA DE MÃO : 
 
Utilizado principalmente por amadores para pesca de peixas lisos. Também é 
muito usado para a pescaria da Pescada. 
Consta de uma linha comprida com um único anzol, iscado com pedaço de peixe 
ou camarão, que, após atirada ao longe, é deixada descer até o fundo. O pescador pode 
deixa-la imóvel ou, com movimentos ritmados, sobe e desce a linha em pequena 
amplitude até que o peixe morda a isca e seja capturado. Essa decisão depende do tipo 
do peixe que se está tentando capturar. 
 
CANIÇO : 
 
Como é comum, consta de uma linha com anzol e chumbo presa numa haste. 
Dependendo do peixe que se quer capturar o tamanho do anzol varia bastante. A isca 
também varia, dependendo do pescado e da época do ano. Na pescaria do Tambaqui 
com caniço (que nesse caso particular é chamado "canicão") os pescadores usam os 
frutos da temporada colhidos no igapó. Na pescaria do Tucunaré usam isca de peixe 
vivo. 
 
PINAUACA : 
 
É um caniço com anzol, onde se prende um pedaço de tecido encarnado ou pena 
de Arara. O pescador começa então a resvalar o anzol na superfície da água num 
movimento de vai-e-vem ritmado até capturar o peixe. 
 
 
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CURRICO : 
 
Consta de uma colher de metal niquelado com anzol camuflado, preso a uma linha 
comprida que se arrasta à popa da canoa com motor. Quando a canoa se põe 
vagarosamente em movimento, a colher começa a brilhar um pouco abaixo da superfície 
da água imitando um pequeno peixe que atrai o predador que é capturado. É usado 
principalmente por amadores para a pesca do Tucunaré. 
 
ESTIRADEIRA 
 
É uma linha comprida de mais ou menos dez metros com quatro anzóis. Fica à 
meia água como um espinhei. Bastante usada na pescaria do Tambaqui no igapó, onde a 
linha fica presa em ramos finos das árvores. A isca, como a do caniço, varia bastante. 
 
ARCO E FLECHA : 
 
Apetrecho conhecidíssimo, legado a nós pelos indígenas, ainda hoje é utilizado. 
Interessantíssimo o seu uso pelos caboclos na "pesca" da tartaruga. Incrível a noção de 
balística no cálculo da distância e no caminho que a flecha percorrerá para atingir o alvo 
a algumas dezenas de metros. Esse tipo de pesca ainda é executado na região do 
Município de Urucurituba, em pleno leito do rio Amazonas. 
 
CACURI: 
 
É constituído de duas cercas de madeira fixas no chão , com duas esteiras móveis 
no centro. São construídas paralelamente de uma margem à outra com duas esteiras 
móveis. A do centro, funcionando como portão, abre-se ao impulso do cardume, 
fechando-se em seguida, após a passagem não dando tempo aos peixes para se libertar. 
O pescador com a tarrafa ou arpão, dependendo do tamanho do peixe aprisionado, 
faz a captura. 
 
TÓXICOS: 
 
Praticamente o Timbó ( Rotenona ) é o único tóxico utilizado para a pesca. Sabe-
se que, desde a época do descobrimento do Brasil, os indígenas da região Amazônica já 
o utilizavam para a captura do peixe. 
Entre algumas plantas com as propriedades ictiotóxicas do Timbó (rotenona), 
podemos destacar as dos gêneros Derris, Lanchacarpos, Mundules, Spatholobos, 
Tephosia, Milletis. 
Para usá-la o caboclo faz um macerado e joga na água. O poder narcótico da 
rotenona faz com que os peixes subam à superfície,mortos ou narcotizados, e sejam 
apanhados por um puçá ou rapixé. 
 
CERCA: 
 
São construídas com varas resistentes e unidas entre si com arames, pregos ou 
cipós. Tem por finalidade bloquear a saída dos peixes dos lagos na época em que as 
águas começam a diminuir. Às vezes, devido à grande quantidade de peixes retidos nos 
lagos, o desperdício é enorme. O aquecimento da água geraa diminuição da 
concentração de oxigênio dissolvido, ocasionado a morte dos peixes. 
 40 
EXPLOSIVOS : 
 
Embora seja também proibido o uso de explosivos, ainda são utilizados nas 
adjacências de Manaus, por pescadores amadores, e na região de Tefé, por influência de 
antigas pesquisas da Petrobrás, ocasionando um grande desperdício de pescado. 
O pescador arremessa a dinamite ou bomba caseira acesa na mão em ;ima do 
cardume que passa. Apenas uma pequena fração é aproveitada, pois a maioria vai ao 
fundo. A coleta dos peixes é feita por um puçá. 
Muitos têm sido os casos de acidentes fatais neste tipo de pescaria, 
Drincipalmente no Lago deTefé, onde os pescadores se utilizam de "bananas" te 
dinamite encontradas nas linhas de pesquisas efetuadas naquele município. 
 
FOCO : 
 
É basicamente construído de um farol de carro que funciona à bateria 3u a 
carbureto; é direcionado para o leito dos rios, lagos, igarapés, paranás, 3tc. Os peixes 
ficam imóveis quando atingidos pela forte luz; disso se aproveita ) pescador para fazer a 
captura de zagaia ou terçado (facão). É um método muito pouco utilizado. 
 
MATAPI : 
 
Cerca de palha de inajá ou curuá, traçada de margem à margem nas cabeceiras dos 
lagos, impedindo a saída dos peixes. 
Feita batição os peixes aglomeram-se perto da cerca; após é construída nova cerca 
a um metro de distância da primeira. Os peixes são então capturados com arpão ou 
zagaia. 
 
PARI : 
 
Em qualquer época do ano este método de pesca pode ser aplicado. É constituído 
de possantes varas fixadas nos leitos dos igarapés e lagos com um ou até quatro portões. 
Na frente de cada portão fincam-se quatro varas que, na passagem do peixe, se abrem 
em forma de leque, o suficiente para o pescador, que está observando armado de arpão, 
fazer a captura. 
Há outros variados métodos de captura, dependendo da imaginação do caboclo da 
Amazônia, mas não possuem significância no esforço da pesca. 
 
 
ARTES E APETRECHOS UTILIZADOS DE ACORDO COM A SITUAÇÃO 
DOS RIO 
 
 
PERÍODO APETRECHOS USADOS 
Enchentes Malhadeiras, espinheis, arpões e zagais 
Vazante Rede ou Redinha 
Cheia Malhadeiras com batição 
Seca Arrastão ou arrastadeiras nos lances de praias 
 
 
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Entre todas as formas e métodos de pescaria, o mais característico do 
Amazonas é a pesca nos "lances" "Lances ou Laços" são locais previamente 
escolhidas nas margens dos rios e que foram observados como passagem 
costumeira dos cardumes em piracema. São considerados propriedades dos 
pescadores que as preparam e lhes dedicam o máximo de respeito entre si por 
esse direito tradicional. Os "lances" podem ser transferidos de proprietário 
mediante a compra do terreno, em cuja margem está situado, ou, em caso de 
terras devolutas, até ser a área requerida ou adquirida por alguém. Existem 
muitos "lances" provenientes de acordo entre proprietários de terrenos e 
pescadores, para exploração desse locais. Como tais áreas são consideradas 
"áreas de Marinha", não sabemos até que ponto esses acordos têm validades, no 
entanto servem para eliminar possíveis atritos. 
Após capturados, levam-se os peixes para os barcos de pesca onde sào 
acondicionados nas "caixas de gelar ou geladeiras", na proporção de um quilo de 
gelo para um quilo de peixe. 
O gelo pode vir sob a forma de barras com peso variado de 20 a 50 kg ou 
em tabletes conhecidos como "escamas". O "gelo em pedra" ainda deverá ser 
quebrado para sua utilização. A operação é executada com pequenas marretas, 
normalmente em cima do próprio pescado, prejudicando sua qualidade e 
aumentando a mão-de-obra do pescador. 
O gelo do tipo "escama" já vem em condições de ser utilizado. 
Devido às condições das "caixas" sem divisões, não há possibilidade de 
classificar ou separar as espécies capturadas. O fato prejudica o pescador/ 
armador, por não poder vender o peixe com melhor preço. Terá de esperar que a 
"caixa" vá sendo esvaziada. Como a maioria dos barcos têm cargas quase sempre 
de peixe de uma só qualidade, o problema não chega a ser percebido pelos 
armadores, mas a seleção bem que ajudaria a comercialização. 
Mas, se não chega a prejudicar pela não classificação dessas espécies, com 
absoluta certeza deteriora a qualidade do pescado estocado por primeiro na 
"caixa", o último a sair para a comercialização. 
A frota pesqueira do Estado do Amazonas está classificada em quatro 
categorias: 
- canoas motorizadas, com capacidade de até 02 toneladas; 
- barcos pequenos, com capacidade de até 10 toneladas; 
- barcos médios, com capacidade de 10 a 20 toneladas; 
- barcos grandes, com capacidade superior a 20 toneladas; 
Segundo o Registro Geral da Pesca da SUDEPE/AM de 1984, a frota no 
Amazonas apresentava a seguinte evolução, por estimativa: Além dos 646 barcos 
registrados, deveriam existir pelo menos mais de 350 barcos operando de forma 
ilegal, principalmente no período da safra, ou seja, nos meses de agosto a 
novembro. 
Hoje, com o IBAMA substituindo a SUDEPE, não temos dados coitados sobre a 
atividade pesqueira no amazonas. Alegam seus dirigentes que essa informações não 
eram confiáveis, por isso foi mais fácil eliminá-las. Cremos que mais responsável seria 
fazê-las confiáveis. 
 
 
 
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 45 
FROTA PESQUEIRA DO AMAZONAS 
 
 
ANO 
CANOA 
MOTORIZAD
A 
(ale 2 TAB) 
BARCO 
PEQUENO 
(de 2 a 10 TB) 
BARCO 
MÉDIO 
(de 10 a 20 
TAB) 
GRANDE 
BARCO 
(d* + 20 
TAB) 
 
TOTAL 
1968 - 03 07 - 10 
1969 - 12 13 - 25 
1970 - 15 18 04 37 
1971 - 16 22 04 42 
1972 - 17 23 07 47 
1973 - 26 24 10 60 
1974 - 73 39 16 128 
1975 - 137 67 21 255 
1976 02 173 80 24 279 
1977 03 210 99 30 342 
1978 03 223 102 36 364 
1979 03 234 107 41 385 
1980 04 295 141 50 490 
1981 04 322 149 56 531 
1982 04 362 164 65 595 
1983 04 393 175 74 646 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE : SUDEPE/ REGISTRO GERAL DA PESCA 
Dados até maio/ 83. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 46 
FREQÜÊNCIA MENSAL DE CHEGADA DOS BARCOS PESQUEIROS 
A MANAUS, COM COMERCIALIZAÇÃO NO MERCADO ADOLPHO 
LISBOA-1983 
 
 
Embarcação com capacidade em toneladas 
 
 
 
MÊS 
 
 
02 
 
10 
 
20 
 
35 50 
 
70 
 
Acima de 71 
TOTAL 
 
 
JANEIRO 12 151 33 13 06 03 01 219 
FEVEREIRO 19 136 41 12 05 03 - 216 
MARÇO 09 138 36 13 07 - . 203 
ABRIL 12 106 34 11 09 07 - 179 
MAIO 11 121 62 22 13 07 . 236 
JUNHO 12 163 38 10 06 01 - 230 
JULHO 14 147 50 15 06 05 - 237 
AGOSTO 05 209 76 16 07 02 - 315 
SETEMBRO 10 167 72 21 10 02 - 282 
OUTUBRO 03 177 62 20 08 03 . 273 
NOVEMBRO 08 138 51 16 04 05 - 222 
DEZEMBRO 10 157 53 22 09 03 - 254 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE : Colônia Z- 12 de Manaus 
OBS : Neste quadro não contam a chegada dos barcos aos portos da PANAIR. 
Compensa. Gloria e São Raimundo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 47 
A frota pesqueira do Amazonas é constituída em 60% de barcos do tipo pequeno. 
São na realidade aqueles que têm maior produtividade relativa, nos dias atuais, em face 
dos custos elevados das despesas de custeio, onde o diesel e o lubrificante representam 
mais de 50% dessas despesas. 
Quanto ao comprimento dos barcos, com menos de 20 toneladas de arqueação, 
varia com o mínimo de seis metros e o máximo de 18 metros, e intervalo de 9 a 15 
metros. Constituem 85% das embarcações pesqueiras. Para os barcos com mais de 20 
toneladas de capacidades o comprimento varia entre 18 e 34 metros, com 55,8% do total 
no intervalo de 16 a 20 metros. 
A boca (maior largura do casco) varia entre 3,50 e 6,20 metros, sendo que a maior 
frequência se encontra nos barcos com 4,40 a 5,00 metros, participando com a quota de 
40,4%. 
Com relação ao calado (distância vertical entre a superfície da água ea parte mais 
baixa da embarcação) para os barcos com mais de 20 toneladas de capacidade, há 
variação desde 0,50 a 2,10 metros, sendo 73,1% na faixa de 0,90 a 1,50 metros. 
O pontal (distância vertical da embarcação entre a guilha e o convés) varia de 1,11 
a 2,70 metros; na faixa de 1,11 a 1,90 metros encontra-se a maioria de Manaus, o 
YANMAR e o MWM 38%, dividem as preferências dos motores. 
A potência dos motores varia de 03 a 250 HP. 
As embarcações da frota pesqueira de Manaus, ou "geladeiras", são construídas a 
nível de artesanato, sem nenhum projeto ou desenho antes de sua estrutura. Não há, pois, 
padronização. 
As escotilhas podem estar dispostas de três maneiras diferentes:. nas laterais, na 
parede anterior frontal ou na parte superior. 
Os barcos não dispõe de qualquer instrumento auxiliar de navegação. Existe a 
bordo, porém rádio portátil para captar recados transmitidos por estações da capital. 
A conservação do pescado é feito na "geladeira". Ela possui caimento nos sentidos 
transversal e longitudinal, com dreno para escoamento. 
O isolamento térmico das caixas é feito, em cada parede, por duas folhas de zinco 
separadas por pranchas de madeira (itaúba ou cedro) e isopor em placas colocadas com 
juntas desencontradas. 
A madeira empregada na construção dos casco dos barcos é itaúba; na cobertura 
ou tolda e nos fechamentos laterais dos camarotes, casa do leme, etc; usa-se cedro; os 
arcos das cavernas, que exigem boa resistência e flexibilidade, são feitos de raízes ou 
galhos de itaúba ou piquiá. 
Embora sirva à construção de embarcação mais resistentes e duráveis, o ferro é 
pouco empregado nesta região. Basta verificar o número de estaleiros de contrução e 
reparos em Manaus e localidades adjacentes: três para construção e reparos de barcos de 
ferro e 87 para barcos de madeiras. 
Muitos barcos médios e grandes mudaram de atividades ou só se dedicam à pesca 
na época da safra, uma vez que despesas de "armação" são realmente grandes. Se um 
barco pequeno utiliza 600 litros de diesel para uma viagem de 15 dias, os médios 
gastarão três e os grandes até dez vezes mais. 
Como nem sempre são bem sucedidos em suas pescarias, para os barcos médios e 
principalmente grandes será mais difícil recuperar o prejuízo acumulado de viagens 
anteriores. 
A maioria dos armadores de pesca, para equipar seus barcos, é obrigada a recorrer 
aos "despachantes" que lhe adiantam recursos para os investimentos da "campanha"ou 
seja, da viagem. São pagamentos de gelo, combustíveis e lubrificantes, ranchos e 
"abonos" para as famílias dos pescadores. 
Os barcos de pesca quase todos são mal dimensionados. Têm potência exagerada 
forçando consumo desnecessário de combustível. Mas o principal defeito está nas 
 48 
"caixas de gelar", fabricadas com pouco material isolante e sem as necessária 
divisões.Tais falhas fazem com que o pescado transportado e comercializado em 
Manaus não tenha condições de congelamento. 
Muito se poderia melhorar as condições de transporte do pescado se fossem 
tomadas as seguintes providências: 
- Dividir as "caixas de gelar" em urnas ou prateleiras, possibilitando menor volume por 
módulo e facilidade de reposição de gelo durante a viagem. 
- Imersão do pescado em água misturada com gelo, antes de ser arrumado nas urnas ou 
prateleiras; 
- Antes da construção da caixa, procurar um especialista em tecnologia de pescado, para 
calcular o tamanho da caixa, o tipo de isolamento, a espessura e o material a ser usado; 
- Isolar o espaço entre a "caixa de gelar" e o casco, mesmo com material mais barato, 
auxiliaria bastante a eficiência da conservação. 
Essas medidas melhorariam substancialmente a qualidade do produto, evitando também 
o desperdício hoje em torno de quase 30% do pescado transportado, principalmente 
porque seria descarregado rapidamente quando chegasse a Manaus. A necessidade de 
estocar o pecado nos barcos por vários dias, à espera dos compradores, faz com que a 
sua qualidade não permita, após 2 ou 3 dias, ser congelado. A perda de calor pela 
abertura da caixa é altamente significativa e deve ser evitada ao máximo. O ideal seria a 
descarga do barco de uma única vez. O peixe seria classificado e estocado em câmaras 
de resfriamento, acondicionados em "caçapas" com gelo. Nessa mesma embalagem 
seria comercializado nas feiras e mercados. 
 
 
 
BARCO DE PESCA TÍPICO DO AM (ESCOTILHA FRONTAL) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 49 
 
BARCO DE PESCA TÍPICO DO AM (ESCOTILHA FRONTAL) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 50 
 
BARCO DE PESCA TÍPICO DO AMAZONAS 
(ESCOTILHAS LATERAIS) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 51 
 
BARCO DE PESCA TÍPICO DO AMAZONAS 
(ESCOTILHA SUPERIOR) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 52 
 
COMERCIALIZAÇÃO, INDUSTRIAL E EXPORTAÇÃO 
 
Na comercialização do pescado está a principal dificuldade de nossa atividade 
pesqueira. 
É assunto que apresenta os maiores problemas e cujas conseqüências atingem 
diretamente os consumidores. 
O sistema de comercialização efetuado no Amazonas tem seu principal mercado 
na cidade de Manaus. A comercialização nas cidades do interior, com raríssimas 
exceções, é feita sem interferência dos atravessadores. Os pequenos pescadores 
comercializam diretamente com os consumidores a sua produção. 
Um dos poucos municípios do interior do Amazonas onde a comercialização é 
realizada por feirantes é Itacoatiara, onde por sinal o pescado acompanha os preços de 
Manaus. 
Em Tabatinga ocorre um fato interessante. Os pescadores, que trazem o peixe para 
ser comercializado na cidade, não podem deixar as suas canoas amarradas à margem do 
rio e levar a produção para vender no Mercado. Caso aconteça, quando voltarem as 
embarcações já terão desaparecido, roubadas, e, como se trata de fronteira, nunca mais 
as encontrarão. Por isso entregam o pescado a menores, que vendem no Mercado por 
preços majorados em mais de 100%. 
Nos municípios menores , onde não existem pescadores organizados, ou em 
alguns casos até mesmo com Associação de Pescadores, a comercialização acontece no 
próprio rio, diretamente de suas canoas. 
Em certos municípios os prefeitos tentam disciplinara Comercialização, obrigando 
os pescadores individuais de pequenas canoas a vender o produto no Mercado. Às1 
vezes não oferecem nem dez peixes. Cremos com a experiência de três gestões como 
Prefeito, que obrigar um pobre pescador, após um dia de trabalho solitário com 
apetrechos primários, com produção insignificante, a vender 04 ou 05 peixes no 
Mercado, chega a ser desumano. A taxa paga à Prefeitura nem cobrirá as despesas com 
a limpeza de sua banca. 
Também os Prefeitos Municipais, com base na tradição e nos costumes locais, 
tabelam o preço do peixe e da carne evitando que os preços sejam violados. Outras 
vezes cobram uma taxa de 3 a 5% para manutenção dos Mercados. Somando-se às taxas 
cobradas pelas Colônias e Associações, até 5%, o pescado chega aos consumidores 
onerado de aproximadamente 10%. 
Em Manaus o sistema de comercialização é bem mais complexo. Ao chegarem a 
Manaus os barcos pesqueiros ficam à espera do leilão noturno, às 22:00 horas. Neste 
horário, mesmo aos domingos e feriados, realiza-se a comercialização do pescado. 
Ontem, ao largo do Mercado Adolpho Lisboa, hoje, no porto da Feira da Panair, 
com uma frota que pode somar 60 barcos, dependendo da época, o peixe é leiloado sob 
o pregão dos despachantes e a bordo de cada barco, com a participação dos feirantes. 
Munidos de apenas um caderno e uma "esferográfica"os despachantes vão anotando os 
peixes adquiridos pelos feirantes, que os deverão pagar antes da próxima compra, 
geralmente no dia

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