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Planejamento em saúde pública

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PLANEJAMENTO EM SAÚDE PÚBLICA – SAÚDE COLETIVA II 
 
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 “Processo lógico pelo qual se procura prever racionalmente o amanhã, buscando maior eficiência a 
atividade humana e constituindo-se na face oposta a improvisação”. 
 
CONCEITOS BÁSICOS 
 Planejamento: obter plano de ações; 
 Plano: engloba vários programas; 
 Programa: Saúde Bucal; Agente Comunitário; Estratégia de Saúde da Família; Atendimento a 
Gestantes e Idosos; 
 Instância ou momento: fase ou etapa do planejamento; 
 Problema: necessidade não satisfeita, desde que se tenha consciência dela e o desejo de 
satisfazê-la; 
 Ator social: uma pessoa que participa e é capaz de interferir em determinada situação; 
detém os recursos críticos necessários para execução do planejamento; 
 Nó crítico: causa do problema que, se for “atacada”, terá grande impacto na resolução do 
mesmo. 
 
PLANEJAMENTO 
1- Deve-se definir o ator que planeja (poder de decisão); 
2- Ter clara a missão (propósito) do referido planejamento; 
3- Quais produtos? Para qual clientela? Com quais características? 
 
EXEMPLOS 
 Escola municipal: oferecer ensino básico para crianças de 5 e 6 anos de forma gratuita e com 
qualidade; 
 Centro odontológico: oferecer tratamento odontológico para crianças de 7 a 14 anos, de fácil 
acesso e boa qualidade. 
 
ETAPAS DO PLANEJAMENTO 
 
1ª Compreensão da realidade 
 Obter informações qualitativas e quantitativas que permitam a correta compreensão da 
situação de saúde em determinada localidade; 
 É importante levantar os serviços existentes, seu acesso e a representatividade; 
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 Informações qualitativas: opinião da população em relação à quantidade de profissionais e 
qualidade dos procedimentos realizados; 
 Informações quantitativas: informações gerais, dados epidemiológicos e oferta de serviços 
odontológicos; 
 
 INFORMAÇÕES GERAIS 
 Renda per capita (distribuição da população em grupos de renda); 
 Escolaridade; 
 Unidade de saúde geral e bucal existentes; 
 Instituições formadoras de recursos humanos. 
 
 DADOS EPIDEMIOLÓGICOS 
 Prevalência da cárie dentária; 
 Básico: CPOD aos 12 anos (idade base de comparação internacional); 
 Tendência do processo cárie; 
 Indicação do comportamento da doença; 
 Doença periodontal; 
 Índice CPI (15 a 19 anos; 35 a 44 anos); OBS.: Atualmente, a redução do índice não se dá pela 
melhoria na qualidade da saúde periodontal e sim pelo aumento de sextantes excluídos 
devido a perda dentária; 
 Indicadores de saúde (taxa de mortalidade infantil e por causas); 
 Percentual de crianças de 5 a 6 anos livres de cárie (CPO + ceo = 0). 
 
 OFERTA DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS 
 Número total de profissionais; 
 Estimativa do número de cirurgiões-dentistas em clínica privada e cobertura populacional; 
 Existência de planos de saúde e seguro-saúde com o número de pessoas seguradas; 
 Disponibilidade de serviços preventivos públicos e privados e de ações de educação, 
consumo de dentífricios e produtos destinados a prevenção; 
 Sistema de vigilância sanitária em relação ao teor e regularidade de flúor na água. 
 
 
 
 
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2º Hierarquização dos problemas e definição de prioridades 
 
Em Saúde Pública, faz-se necessário priorizar devido a: 
 Várias necessidades acumuladas; 
 Escassez de recursos financeiros, humanos e materiais. 
 
“Prioridade (dar ênfase) é diferente de exclusividade (sentido de excluir)”. 
 
QUESTÕES QUE DEVEM SER RESPONDIDAS PARA O PLANEJAMENTO 
a) O que é mais frequente? 
b) O que é mais grave? 
c) O que mais incomoda a população? 
d) O que mais incomoda a equipe de saúde bucal? 
 
CRITÉRIOS PARA ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES 
 Número de pessoas atingidas; 
 Seriedade do dano causado; 
 Possibilidade de atuação eficiente; 
 Custo per capita; 
 Grau de interesse da comunidade; 
 Valor educativo do programa; 
 Capacidade técnico-administrativa; 
 Rendimento esperado do programa. 
 
HISTÓRICO DE PRIORIDADES EM ODONTOLOGIA 
 Grupos populacionais: faixa etária de escolares e situação econômica baixa; 
 Tipo de serviço: urgência e emergência; 
 Após o SUS, foi incluída na lista de prioridades a atenção à saúde do adulto e idoso. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS 
 
1- Problemas estruturados e quase estruturados 
 ESTRUTURADOS: mais simples, pois as causas são conhecidas e as soluções são consensuais 
entre os atores sociais; 
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 QUASE ESTRUTURADOS: mais complexos, pois são múltiplas as causas e não são vistos como 
problema por todos os atores e as soluções nem sempre são vistas como tais. 
 
2- Problemas intermediários e finais 
 INTERMEDIÁRIOS: vividos no cotidiano da organização e interfere na qualidade final do 
produto. Ex.: baixos salários, sucateamento da rede física; 
 FINAIS: vividos pelos pacientes. Ex.: má qualidade no atendimento e filas. 
 
“O alvo do plano deve ser sempre os problemas finais, é a modificação destes que mede o 
seu sucesso”. 
 
CONSTRUÇÃO DA EXPLICAÇÃO DO PROBLEMA 
“É a identificação de outros problemas que estão por trás do problema aparente, fazendo com que 
ele exista”. 
 
1º Brainstorming (tempestade cerebral) 
 Todos os presentes escrevem sobre uma cartolina quais são as explicações para o problema; 
 Ex.: cárie dentária = má higienização = falta de escova = baixo salário = política econômica = 
ajuste ditado pelo FMI. 
 Espaço de governabilidade: limite de atuação. 
 
2º Jogo dos 3 porquês: 
3º Espinha de peixe: diagrama na forma de espinha de peixe. 
 
REDE EXPLICATIVA 
 Equipe > Participação da comunidade > Caráter dinâmico > Problemas mudam com o tempo. 
 
3º Elaboração e execução da programação 
 “Colocar o plano em ação”; 
 A força de mudança deve ser maior que as forças conservadoras para que haja resolução dos 
problemas e viabilidade do plano; 
 Surgimento do status quo: pessoas que se opõem as mudanças; 
 
 
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ATOR QUE CONTROLA OS RECURSOS CRÍTICOS 
 Motivação: favorável, indiferente ou contrária; 
 Motivação: situacional, instável; 
 Ações: mobilização, pressão, convencimento (através de dados epidemiológicos); 
 Inviabilidade é diferente de abandono. 
 
4º Acompanhamento e avaliação 
 Correções necessárias; 
 Introdução de ajustes; 
 Plano de contingência: eventualidade; 
 Objetivos e métodos atingidos; 
 Formulação de planos futuros mais adequados. 
 
DEFINIÇÃO 
“O procedimento pelo qual se determina o grau de êxito alcançado na execução de objetivos pré-
determinados”; 
“Uma investigação sobre a performance de um programa em termos de seu sucesso ou insucesso no 
alcance de seus objetivos pré-estabelecidos”. 
 
PRÉ-REQUISITOS PARA UMA BOA AVALIAÇÃO 
 Avaliação interna: tem os melhores resultados, pois é feita pelo pessoal que nele atua 
(autocrítica/reflexão); 
 Avaliação externa: realizada por instituições financiadoras. Para que tenha valor, deve ser 
feita por profissionais independentes conhecedores da área; 
 Avaliação de gastos: controle (pessoal administrativo); 
 A avaliação contínua realizada paralelamente ao desenvolvimento do programa é superior e 
mais útil que aquela levada a efeito de maneira periódica ou apenas no final. 
 
 ASPECTOS FUNDAMENTAIS 
 Dedicar-lhe tempo e recursos, não considerando como umaatividade eventual; 
 Pertinente com os objetivos do programa, dando resposta ao que foi pedido; 
 Reflete parte da realidade. Os efeitos reais do trabalho na comunidade só poderão ser 
constatados mais tarde (mudança de hábito); 
 Captar as mudanças mais representativas (impossibilidade de avaliar integralmente); 
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 Não pode ter sentido negativo de fiscalização: pode ser considerada uma ameaça e fracassar; 
 Evitar imprecisões e a desvalorização da informação (obrigação): registros simples e 
objetivos. 
 
 REGISTROS ADEQUADOS: ETAPAS DE PRODUÇÃO 
 Pacientes novos; 
 Pacientes subsequentes; 
 Dentes restaurados com resina; 
 Exodontias; 
 Orientação de higiene bucal. 
 
 REGISTROS ADEQUADOS: INDICADORES 
 Média, por clínica e por profissional, de procedimentos realizados; 
 Porcentagem de pacientes novos em relação aos que estão em acompanhamento; 
 Porcentagem de pacientes com foco preventivo em relação ao total de pacientes. 
 
AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS ODONTOLÓGICOS 
 Esforço: número de recursos humanos, financeiro e materiais para desenvolver o programa; 
 Eficácia: relação entre as atividades realizadas e aquelas inicialmente previstas; 
 Rendimento: o que foi produzido em relação aos recursos despendidos e atividades 
realizadas; 
 Cobertura: se a população alvo foi atingida; 
 Qualidade: satisfação da clientela com os serviços prestados.

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