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PLANEJAMENTO EM SAÚDE PÚBLICA – SAÚDE COLETIVA II DIEGO MARDEGAN Página 1 “Processo lógico pelo qual se procura prever racionalmente o amanhã, buscando maior eficiência a atividade humana e constituindo-se na face oposta a improvisação”. CONCEITOS BÁSICOS Planejamento: obter plano de ações; Plano: engloba vários programas; Programa: Saúde Bucal; Agente Comunitário; Estratégia de Saúde da Família; Atendimento a Gestantes e Idosos; Instância ou momento: fase ou etapa do planejamento; Problema: necessidade não satisfeita, desde que se tenha consciência dela e o desejo de satisfazê-la; Ator social: uma pessoa que participa e é capaz de interferir em determinada situação; detém os recursos críticos necessários para execução do planejamento; Nó crítico: causa do problema que, se for “atacada”, terá grande impacto na resolução do mesmo. PLANEJAMENTO 1- Deve-se definir o ator que planeja (poder de decisão); 2- Ter clara a missão (propósito) do referido planejamento; 3- Quais produtos? Para qual clientela? Com quais características? EXEMPLOS Escola municipal: oferecer ensino básico para crianças de 5 e 6 anos de forma gratuita e com qualidade; Centro odontológico: oferecer tratamento odontológico para crianças de 7 a 14 anos, de fácil acesso e boa qualidade. ETAPAS DO PLANEJAMENTO 1ª Compreensão da realidade Obter informações qualitativas e quantitativas que permitam a correta compreensão da situação de saúde em determinada localidade; É importante levantar os serviços existentes, seu acesso e a representatividade; PLANEJAMENTO EM SAÚDE PÚBLICA – SAÚDE COLETIVA II DIEGO MARDEGAN Página 2 Informações qualitativas: opinião da população em relação à quantidade de profissionais e qualidade dos procedimentos realizados; Informações quantitativas: informações gerais, dados epidemiológicos e oferta de serviços odontológicos; INFORMAÇÕES GERAIS Renda per capita (distribuição da população em grupos de renda); Escolaridade; Unidade de saúde geral e bucal existentes; Instituições formadoras de recursos humanos. DADOS EPIDEMIOLÓGICOS Prevalência da cárie dentária; Básico: CPOD aos 12 anos (idade base de comparação internacional); Tendência do processo cárie; Indicação do comportamento da doença; Doença periodontal; Índice CPI (15 a 19 anos; 35 a 44 anos); OBS.: Atualmente, a redução do índice não se dá pela melhoria na qualidade da saúde periodontal e sim pelo aumento de sextantes excluídos devido a perda dentária; Indicadores de saúde (taxa de mortalidade infantil e por causas); Percentual de crianças de 5 a 6 anos livres de cárie (CPO + ceo = 0). OFERTA DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS Número total de profissionais; Estimativa do número de cirurgiões-dentistas em clínica privada e cobertura populacional; Existência de planos de saúde e seguro-saúde com o número de pessoas seguradas; Disponibilidade de serviços preventivos públicos e privados e de ações de educação, consumo de dentífricios e produtos destinados a prevenção; Sistema de vigilância sanitária em relação ao teor e regularidade de flúor na água. PLANEJAMENTO EM SAÚDE PÚBLICA – SAÚDE COLETIVA II DIEGO MARDEGAN Página 3 2º Hierarquização dos problemas e definição de prioridades Em Saúde Pública, faz-se necessário priorizar devido a: Várias necessidades acumuladas; Escassez de recursos financeiros, humanos e materiais. “Prioridade (dar ênfase) é diferente de exclusividade (sentido de excluir)”. QUESTÕES QUE DEVEM SER RESPONDIDAS PARA O PLANEJAMENTO a) O que é mais frequente? b) O que é mais grave? c) O que mais incomoda a população? d) O que mais incomoda a equipe de saúde bucal? CRITÉRIOS PARA ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES Número de pessoas atingidas; Seriedade do dano causado; Possibilidade de atuação eficiente; Custo per capita; Grau de interesse da comunidade; Valor educativo do programa; Capacidade técnico-administrativa; Rendimento esperado do programa. HISTÓRICO DE PRIORIDADES EM ODONTOLOGIA Grupos populacionais: faixa etária de escolares e situação econômica baixa; Tipo de serviço: urgência e emergência; Após o SUS, foi incluída na lista de prioridades a atenção à saúde do adulto e idoso. CLASSIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS 1- Problemas estruturados e quase estruturados ESTRUTURADOS: mais simples, pois as causas são conhecidas e as soluções são consensuais entre os atores sociais; PLANEJAMENTO EM SAÚDE PÚBLICA – SAÚDE COLETIVA II DIEGO MARDEGAN Página 4 QUASE ESTRUTURADOS: mais complexos, pois são múltiplas as causas e não são vistos como problema por todos os atores e as soluções nem sempre são vistas como tais. 2- Problemas intermediários e finais INTERMEDIÁRIOS: vividos no cotidiano da organização e interfere na qualidade final do produto. Ex.: baixos salários, sucateamento da rede física; FINAIS: vividos pelos pacientes. Ex.: má qualidade no atendimento e filas. “O alvo do plano deve ser sempre os problemas finais, é a modificação destes que mede o seu sucesso”. CONSTRUÇÃO DA EXPLICAÇÃO DO PROBLEMA “É a identificação de outros problemas que estão por trás do problema aparente, fazendo com que ele exista”. 1º Brainstorming (tempestade cerebral) Todos os presentes escrevem sobre uma cartolina quais são as explicações para o problema; Ex.: cárie dentária = má higienização = falta de escova = baixo salário = política econômica = ajuste ditado pelo FMI. Espaço de governabilidade: limite de atuação. 2º Jogo dos 3 porquês: 3º Espinha de peixe: diagrama na forma de espinha de peixe. REDE EXPLICATIVA Equipe > Participação da comunidade > Caráter dinâmico > Problemas mudam com o tempo. 3º Elaboração e execução da programação “Colocar o plano em ação”; A força de mudança deve ser maior que as forças conservadoras para que haja resolução dos problemas e viabilidade do plano; Surgimento do status quo: pessoas que se opõem as mudanças; PLANEJAMENTO EM SAÚDE PÚBLICA – SAÚDE COLETIVA II DIEGO MARDEGAN Página 5 ATOR QUE CONTROLA OS RECURSOS CRÍTICOS Motivação: favorável, indiferente ou contrária; Motivação: situacional, instável; Ações: mobilização, pressão, convencimento (através de dados epidemiológicos); Inviabilidade é diferente de abandono. 4º Acompanhamento e avaliação Correções necessárias; Introdução de ajustes; Plano de contingência: eventualidade; Objetivos e métodos atingidos; Formulação de planos futuros mais adequados. DEFINIÇÃO “O procedimento pelo qual se determina o grau de êxito alcançado na execução de objetivos pré- determinados”; “Uma investigação sobre a performance de um programa em termos de seu sucesso ou insucesso no alcance de seus objetivos pré-estabelecidos”. PRÉ-REQUISITOS PARA UMA BOA AVALIAÇÃO Avaliação interna: tem os melhores resultados, pois é feita pelo pessoal que nele atua (autocrítica/reflexão); Avaliação externa: realizada por instituições financiadoras. Para que tenha valor, deve ser feita por profissionais independentes conhecedores da área; Avaliação de gastos: controle (pessoal administrativo); A avaliação contínua realizada paralelamente ao desenvolvimento do programa é superior e mais útil que aquela levada a efeito de maneira periódica ou apenas no final. ASPECTOS FUNDAMENTAIS Dedicar-lhe tempo e recursos, não considerando como umaatividade eventual; Pertinente com os objetivos do programa, dando resposta ao que foi pedido; Reflete parte da realidade. Os efeitos reais do trabalho na comunidade só poderão ser constatados mais tarde (mudança de hábito); Captar as mudanças mais representativas (impossibilidade de avaliar integralmente); PLANEJAMENTO EM SAÚDE PÚBLICA – SAÚDE COLETIVA II DIEGO MARDEGAN Página 6 Não pode ter sentido negativo de fiscalização: pode ser considerada uma ameaça e fracassar; Evitar imprecisões e a desvalorização da informação (obrigação): registros simples e objetivos. REGISTROS ADEQUADOS: ETAPAS DE PRODUÇÃO Pacientes novos; Pacientes subsequentes; Dentes restaurados com resina; Exodontias; Orientação de higiene bucal. REGISTROS ADEQUADOS: INDICADORES Média, por clínica e por profissional, de procedimentos realizados; Porcentagem de pacientes novos em relação aos que estão em acompanhamento; Porcentagem de pacientes com foco preventivo em relação ao total de pacientes. AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS ODONTOLÓGICOS Esforço: número de recursos humanos, financeiro e materiais para desenvolver o programa; Eficácia: relação entre as atividades realizadas e aquelas inicialmente previstas; Rendimento: o que foi produzido em relação aos recursos despendidos e atividades realizadas; Cobertura: se a população alvo foi atingida; Qualidade: satisfação da clientela com os serviços prestados.
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