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19.Morte e Envelhecimento(1)

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MORTE E ENVELHECIMENTO
Profa. Dra. Everley R. Goetz
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Morte no Ocidente – História
(Philippe Ariés, 1977)
Início da Idade Média:
Morte aceita sem preocupação com o destino
Consciência da finitude – sabiam quando morreriam
Morte esperada – cerimônia pública e organizada – presidida pelo moribundo
Lamento da vida – perdão dos companheiros – absolvição sacramental
Medo dos mortos – eram mantidos à distância
Sepulturas próximas às igrejas - proteção
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Morte no Ocidente - História
A partir do século XII – A morte em si mesmo
Drama pessoal e solitário
Medo da própria morte – destino da alma
Testamentos
O corpo é escondido - caixão
As sepulturas passam a ser identificadas e individualizadas nas capelas mortuárias
Uso do preto - proteção
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Morte no Ocidente - História
Meados do século XVIII
Dramatizada e exaltada – cortejos fúnebres, roupas de luto, visitas ao túmulo. 
Sentido de ruptura.
Indesejada, mesmo que romanticamente bela.
Medo da morte do outro.
Morte é mantida à distância.
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Morte no Ocidente - História
Século XIX
Rituais emotivos da religião católica ou protestante.
Culto dos túmulos individuais ou familiares, das sepulturas perpétuas e propriedades particulares.
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Morte no Ocidente - História
Século XX 
Inominável, silenciosa, interdita, ausente no luto das roupas, expressão reprimida.
Ocultada do doente.
Hospital – morte institucionalizada – aceitável – controlada pela equipe em cumplicidade com a família X morte embaraçosa, que foge ao controle do hospital.
Tabu – morte temida.
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Aspectos culturais
Rituais
 Marcam a perda.
 Contextualizam a experiência.
 Pertencimento.
 Facilitam a expressão do sofrimento.
 Apontam direções para conferir sentido à perda e continuidade aos vivos.
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Estágios do Morrer
Elisabeth Kübler-Ross
Processo em 5 estágios:
- Negação
- Raiva
- Barganha
- Depressão 
- Aceitação
Considerações importantes
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Hospices
Cicely Saunders, 1967- Saint Christopher’s Hospice:
- Equipe interdisciplinar.
- Controle dos sintomas – dor.
- Paciente e família = unidade.
- Programa ativo de cuidados no lar.
- Programa ativo de trabalhar o luto – acompanhamento das famílias após a morte dos pacientes.
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Impacto da morte na Família
História de perdas anteriores.
Momento da morte no ciclo de vida.
A natureza da morte.
A franqueza do sistema familiar.
A posição da pessoa, que está morrendo ou morreu, na família.
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Luto
Freud (1917) – depressão clínica sem culpa, autoacusações e rebaixamento da autoestima.
Lindemann (1994) – luto resolvido – retirada da libido do objeto perdido e reinvestimento em outro objeto.
Bowlby – perspectiva da teoria do vínculo - reação à separação – depende do vínculo anterior à morte.
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Luto
Despedida de algo que se perdeu.
Processo psicológico doloroso.
Corte do vínculo afetivo.
Qualidade do vínculo e condições para elaboração da perda.
Integrar a morte à biografia do enlutado – construção de narrativas a respeito do falecido.
Há lutos que não se elaboram.
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	Vaga, no azul amplo solta, Vai uma nuvem errando. O meu passado não volta. Não é o que estou chorando. O que choro é diferente. Entra mais na alma da alma. Mas como, no céu sem gente, A nuvem flutua calma. E isto lembra uma tristeza 
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 E a lembrança é que entristece, Dou à saudade a riqueza De emoção que a hora tece. Mas, em verdade, o que chora Na minha amarga ansiedade Mais alto que a nuvem mora, Está para além da saudade. Não sei o que é nem consinto À alma que o saiba bem. Visto da dor com que minto Dor que a minha alma tem. (Fernando Pessoa)
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Sintomas do luto
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Fases do Luto
(Bromberg, 1994)
Entorpecimento.
Anseio e protesto.
Desespero.
Recuperação e 
restituição.
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Luto Patológico
Ocorrência de depressão clínica:
Reação adiada; reação distorcida (Lindemann, 1944).
Luto crônico; luto adiado; luto inibido (Parkes, 1965).
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Luto Patológico
Fatores de risco: 
- o enlutado ser jovem ou criança;
- tem baixa autoestima;
- ter problemas relacionais com os pais;
- ser o morto cônjuge ou um dos pais ou filhos menores de cinco anos de idade, principalmente ser adolescente perdendo um dos pais; 
- ser dependente da pessoa que morreu;
- a morte ter sido repentina ou prematura, ou após doença longa; 
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Luto Patológico
Fatores de risco: 
o enlutado não ter conhecimento do diagnóstico e prognóstico em relação ao morto e vivenciar doença por algum tempo antes da morte;
estar distante fisicamente ou geograficamente, quando ocorreu a morte;
em caso de suicídio e de assassinato;
o enlutado não ter filhos ou familiares próximos na ocasião da morte ou após ela.
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	“É a consciência da morte ou mais precisamente, as suas consequências, tais como o sentimento de efemeridade, transitoriedade e responsabilidade, que podem colocar a vida numa perspectiva mais autêntica, e podem ajudar a reorientar opções, preferências e atitudes para quem ainda se encontra teoricamente mais afastado da efetividade da morte.” (SEIBT, 2006, p.135).
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A MORTE E SEUS SENTIDOS
Morte social – exclusão.
Morte psíquica – comprometimento das funções psicológicas.
Morte física – degeneração e decomposição.
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Morte do idoso
A PRÓPRIA MORTE
Morte do idoso desfaz as fantasias de juventude eterna e imortalidade (WAGNER, 1989).
Capacidade física, oportunidades sociais...
Teoria do 
desengajamento?!?
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MORTE SOCIAL
Fim da existência social
Não representar algo no presente
Sepultamento social
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Sentido de vida e de morte na velhice
Há um sentido que ofereça a humanidade condições de sobrevivência, qualidade de vida e felicidade?
O que poderia oferecer ou constituir esse sentido?
O que poderia oferecer dignidade às pessoas, para chegarem a velhice?
“O sentido se dá pela efetivação de valores” (SEIBT, 2006, p.127)
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Sentido de vida e de morte na velhice
Que valores poderíamos compreender como significativos para pensar a dignidade na velhice?
Valores criadores – que sustentam os atos criadores.
Valores vivenciais – que direcionam-se ao reconhecimento da beleza da natureza ou da arte.
Valores de atitude – que sustentam posturas de enfrentamento diante de situações difíceis e imutáveis.
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Sentido de vida e de morte na velhice
Posturas diante da vida/ da morte/ do dia a dia...
Paciente X Agente
Passivo X Ativo
Alienado X Consciente
Leviano X Responsável
Ausente X Presente - aqui e agora.
Perda de capacidade intelectual e envolvimento com atividades significativas X Sabedoria e intimidade.
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As perdas/morte dos idosos
Quanto melhor você vive, menos teme a morte – paradoxal.
Erick Erickson
Integração X Desespero
Espiritualidade – sentido da vida.
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As perdas/morte dos idosos
Espera da morte
Dificuldade de desligar-se do idoso
Tratar a pessoa como se já estivesse morta
Desejo da morte
Tristeza – Raiva - Desânimo 
Resignação - Frustração – Culpa - Pena
Medo - Preocupação
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As perdas/morte dos idosos
Viuvez - separação e confronto com a proximidade da própria morte
43% das pessoas com mais de 60 anos são viúvas no Rio Grande do Sul
Há mais mulheres viúvas
Os homens normalmente se casam novamente
Viúvas – impacto social e psicológico
Mulheres – “doenças mentais” X Homens – doenças físicas (coração)
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SUICÍDIO
O suicídio “bem-sucedido” é mais prevalente.
Viuvez, viver só, ter doenças crônicas e/ou dolorosas aumentam o risco de suicídio.
Falta de perspectiva, desesperança, expectativa pessimista em relação ao futuro precisam ser abordados logo.
TABUS.
(SCAZUFCA, 2004; STOPPE, 2004)
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SUICÍDIO
Outros fatores desencadeantes: drogas e álcool, doenças físicas crônicas, dor crônica, doenças neurológicas, perda de familiares, isolamento e solidão, alta hospitalar, medo de hospitalização ou institucionalização.
Mais frequente entre os homens.
Homens – métodos
mais violentos (arma de fogo).
Mulheres (envenenamento/medicações).
Tentativas de suicídio são igualmente distribuídas entre os sexos e o método mais utilizado é a ingestão de substâncias
 (SCAZUFCA, 2004)
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BY LINCOLN FERREIRA 
CASO CLÍNICO
M. Senhor de 67 anos. Aposentado. Encaminhado pelo médico.
Uma filha o acompanhava.
Queixa: estava muito decepcionado com a família e sem razão para viver. Chorava o tempo todo.
Histórico: estava separado; havia sido agredido por um filho; outro filho havia falecido há 2 anos com cirrose (alcoolismo).
Flores: não cuidava mais, apesar de gostar muito.
Acidente de trânsito.
BY LINCOLN FERREIRA 
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Morte do Idoso no Hospital
Enfermagem
Sentimentos/Reação frente à morte
Notícia da morte
Preparo do corpo / tamponamento
Dificuldades
Familiares
Sentimentos/Reação frente à morte
Notícia da morte
Contato com o corpo
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Morte do Idoso no Hospital
“Não sei o que fizeram com minha mãe depois de morta, ficamos lá fora esperando.” (filha).
“No interior as pessoas morriam em casa, minha avó ajudava os vizinhos a vestir e arrumar seus mortos. Havia muito carinho em lavar, vestir, pentear, fechar os olhos...” (esposa)  “maquiagem da morte”.
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Sistema Social de Defesas
Fragmentação da relação técnico-paciente
Despersonalização e negação da importância do indivíduo
Distanciamento e negação de sentimentos à morte/corpo
Tentativa de eliminar decisões pelo ritual do desempenho das tarefas
Redução do peso da responsabilidade
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Técnicas e cuidado
Serviços de saúde são lugares de medo, ameaça e sofrimento
Agravamento pela defasagem comunicacional
Não são as grandes realizações ou prodígios da tecnologia que orientam o pensamento para o humanismo
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Cuidadores
Iniciantes – inocência, insegurança, ignorância
Experientes – Engessamento e desencorajamento
Estilo – acolhimento; autoridade amorosa; apoio e segurança; criação de outras formas de comunicação...
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MORTE COMO DESAFIO
Mudanças - Dor e mistério
Desafios 
compreender o incompreensível; 
escutar o não dito; 
construir a liberdade do outro;
Capacidade de verbalizá-lo, intuí-lo, fazer por ele;
Sentimento de estranhamento – reconhecimento do que há no paciente e em nós.
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EPITÁFIO
Devia ter amado mais Ter chorado mais Ter visto o sol nascer Devia ter arriscado mais E até errado mais Ter feito o que eu queria fazer... Queria ter aceitado As pessoas como elas são Cada um sabe alegria E a dor que traz no coração... O acaso vai me proteger Enquanto eu andar distraído O acaso vai me proteger Enquanto eu andar... 
Composição: Sérgio Britto
https://www.youtube.com/watch?v=65kl-14nGMs
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EPITÁFIO
 Devia ter complicado menos Trabalhado menos Ter visto o sol se pôr Devia ter me importado menos Com problemas pequenos Ter morrido de amor... Queria ter aceitado A vida como ela é A cada um cabe alegrias E a tristeza que vier... O acaso vai me proteger Enquanto eu andar distraído O acaso vai me proteger Enquanto eu andar...(2x) Devia ter complicado menos Trabalhado menos Ter visto o sol se pôr... 
Composição: Sérgio Britto
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REFERÊNCIAS
DUARTE, Valter. Morte social. In: LEMOS, M.T.T.B.; ZAGAGLIA, R. A. (Orgs.) A arte de envelhecer: saúde, trabalho, afetividade, Estatuto do Idoso. São Paulo: Idéias e Letras; Rio de Janeiro: UERJ, 2004. 
SEIBT, Cezar Luís. O sentido da vida e terceira idade. Ideação. v. 8 nº 8 p. 121-136 1º semestre de 2006.
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