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DIREITO PENAL III - Daniela Portugal - Caderno para a 1a Prova

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DIREITO PENAL III
Aluno: Joao Felipe Cabral Fagundes Pereira 
ESPÉCIES DE PENA (Artigo 32, CP) - Existem três espécies de penas, que estão previstas no Artigo 32 do CP/40. O juiz não pode inventar nenhum tipo de pena que não tenha previsão legal, pois devem obediência ao principio da legalidade escrita.
   Art. 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - privativas de liberdade;
        II - restritivas de direitos;
        III - de multa.	
RECLUSÃO X DETENÇÃO (ARTIGO 33, CP) – Nas (i) penas de reclusão, o regime inicial poderá ser Fechado, Semiaberto ou Aberto. Já nas (ii) penas de detenção, o regime inicial poderá ser Semiaberto ou Aberto, cabendo regressão para o regime fechado. 
REGIME ESPECIAL (Artigo 37, CP) - É o regime de cumprimento de pena para as mulheres, que está previsto no Artigo 37 do Codex. O regime especial para a mulher e homem com mais de sessenta anos é garantia estabelecida em nosso ordenamento jurídico, presente no Código Penal, na Lei de Execução Penal, e, por extensão, o aproveitamento do Estatuto do Idoso, e, principalmente, em observância aos direitos e garantias e fundamentais firmados na Carta Magna 1988.
Art. 37 - As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
LEI DE EXECUÇÃO PENAL - Art. 83, §2º: Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade.
§3º: Os estabelecimentos de que trata o §2º deste artigo deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na segurança de suas dependências internas.
PRISÃO ESPECIAL - O regime especial não se confunde com a prisão especial. A prisão especial está referida no CPP, sendo o recolhimento separado de determinados presos provisórios. Também não poderão ser transportados conjuntamente com presos comuns. Os demais direitos e deveres são idênticos, valendo lembrar que a prisão especial somente se aplica ao preso processual e não ao condenado definitivo. Caso não haja estabelecimento separado no Estado ou Município, tais pessoas ficarão em celas separadas no mesmo estabelecimento dos presos comuns. Os indivíduos passiveis de prisão especial estão nos incisos do Artigo 295 do CPP.
Art. 295.  Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
     I - os ministros de Estado;
       II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia;            (Redação dada pela Lei nº 3.181, de 11.6.1957)
     III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas dos Estados;
        IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito";
        V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;            (Redação dada pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
        VI - os magistrados;
        VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
        VIII - os ministros de confissão religiosa;
        IX - os ministros do Tribunal de Contas;
        X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de incapacidade para o exercício daquela função;
        XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos.           (Redação dada pela Lei nº 5.126, de 20.9.1966)
        § 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em local distinto da prisão comum.            (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
        § 2o Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do mesmo estabelecimento.            (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
        § 3o A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana.              (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
        § 4o O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum.               (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
 § 5o Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum.             (Incluído pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL (Artigo 41, CP DE 40) 
 Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. 
	IMPUTÁVEIS
	INIMPUTÁVEIS
	SEMI-IMPUTÁVEIS
	Presunção para maiores de 18 anos
	Artigo 26, CP, Caput
	Artigo 26, CP, Parágrafo Único
	Pleno desenvolvimento mental
	Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado
	Perturbação Mental ou desenvolvimento incompleto/retardado 
	Plena capacidade de entendimento/comportamento
	No momento do crime, é inteiramente incapaz de entender o comportamento.
	Sujeito não era inteiramente capaz de entender o comportamento.
	Pena
	Medida de Segurança
	Pena com diminuição ou Medida de Segurança (Sistema Vicariante)
 Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
OBS: A definição de punição do semi-imputável caberá ao juiz, que avaliará a situação de acordo com o caso concreto. O código penal descreve que a Medida de Segurança não tem um período determinado, sendo dada para o máximo abstrato da pena (se um crime tem pena de 4 anos, a MS poderá durar, no máximo, 4 anos).
PENA X MEDIDA DE SEGURANÇA 
-Pena: A pena visa, sobretudo, a ideia de retribuição (uma linha de pensamento baseada na Teoria Absoluta da Pena), sendo uma diferenciação tradicional e bastante questionada hoje, devido a Teoria Relativa da Pena (função de prevenção). O prazo da pena é determinada.
-Medida de Segurança(Artigo 96, CP): A medida de segurança visa a prevenção, tendo como motivo a alegação de prender o inimputável pelo fato do mesmo ser perigoso e possuir grau de periculosidade para a sociedade. O prazo de duração da Medida de Segurança é indeterminado, de acordo com o CP.
 Art. 96. As medidas de segurança são:  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - sujeição a tratamento ambulatorial.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        Art. 97 - Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        § 1º - A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto
não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. O prazo mínimo deverá ser de 1 (um) a 3 (três) anos.   (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(i) Internação em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico é quando o sujeito fica completamente internado, tendo sua liberdade de locomoção cerceada e privada. É a medida de segurança preferencialmente utilizada pelo juiz, de acordo com o texto legal.
(ii) Tratamento Ambulatorial é quando há a garantia da liberdade de ir e vir, podendo o individuo ir para a clínica, tomar o medicamento e retornar para sua casa. O tratamento ambulatório só é possível nas infrações punidas com detenção.
OBS: Modernamente, os tribunais passaram a limitar a duração da medida de segurança à pena máxima abstratamente cominada. A súmula vinculante 26 do STF autoriza expressamente a possibilidade de realização de exame criminológico. 
Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.
OBS: Não existe consequência jurídica para o psicopata, pois apesar do mesmo ter uma doença mental, não há possibilidade de aplicação de MS devido ao fato de que o psicopata tem pleno entendimento do fato.
	PENA
	MEDIDA DE SEGURANÇA
	RETRIBUIÇÃO
	PREVENÇÃO
	CULPABILIDADE
	PERICULOSIDADE
	DURAÇÃO DETERMINADA
	DURAÇÃO INDETERMINADA
DETRAÇÃO - É o abatimento na condenação definitiva do tempo de prisão provisória ou do tempo de internação. O CP¸ ao admitir a detração (Artigo 42, CP/40), o fez prevendo a operação no mesmo processo em que se decretou a prisão.
 Jurisprudencialmente, admitiu-se detração entre processos distintos desde que o crime em que se pretende detrair tenha sido anterior à absolvição no processo em que se decretou a prisão processual. Em outras palavras, a intenção é que não se encoraje o preso a praticar delitos sobre o estímulo do crédito de pena (REsp 878.574 do STJ).
 Caso A tenha sido preso preventivamente e, 1 ano após sua prisão preventiva, o mesmo foi condenado/sentenciado por 4 anos, ele irá cumprir apenas os 3 anos restantes, havendo detração.
 Na situação em que uma pessoa responde por dois processos ao mesmo tempo, sendo que no Processo A ela foi presa preventivamente por um ano e absolvida, e, no Processo B, a pessoa responde em liberdade, mas é julgada pela condenação e é sentenciada a cumprir pena definitiva de 4 anos, se admite a pena, mas apenas se o crime ocorreu antes da prisão.
 Art. 42 - Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
REGIME DOMICILIAR – O regime domiciliar está previsto no Artigo 117 da Lei de Execução Penal, tendo como primeiro requisito é que o preso já esteja cumprindo pena no regime aberto e que ele tenha um dos requisitos nos quatro incisos do mesmo artigo.;
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doença grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante.
 É permitido o regime domiciliar baseado na alegação de insuficiência de vagas, isto porque é direito publico subjetivo do réu cumprir sua pena no regime determinado sem que possa ser prejudicado por fator de responsabilidade exclusiva do Estado. Portanto, não havendo vaga, admite-se regime mais brando ou domiciliar.
EXECUÇÃO PROVISÓRIA DE PENA – Trata-se do cumprimento da pena antes do trânsito em julgado, de modo provisório e com o fundamento (inicialmente) no benefício geral do réu, para que ele não vivenciasse situação fática mais gravosa do que a que ele sofreria se condenado fosse. Foi o que o STF permitiu por meio da súmula 716, que admite progressão de regime, ou aplicação imediata de regime menos severo antes do trânsito em julgado da eventual sentença condenatória.
SÚMULA 716 STF - Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.
CUMPRIMENTO IMEDIATO DE PENA – Recentemente, o STF passou a se valer do instituto contra o réu, passando a admitir cumprimento imediato de pena após confirmação em 2º grau da decisão condenatória, mesmo sem trânsito em julgado (STF Plenário, HC 126292/SP de 17/02/2016). 
	ANTES
	DEPOIS
	HC 84078, STF, 2009
	HC 126292, STF, 2016
	Não cabe pena antes do trânsito em julgado
	Cabe pena antes do trânsito em julgado
	Pena antes do trânsito em julgado fere a presunção de inocência 
	Não ofende o princípio da Presunção de Inocência 
	RE e RESP possuem efeito suspensivo
	RE e RESP não possuem efeito suspensivo (não suspendem o acórdão condenatório)
OBS: Para Teori Zavascki, relator do novo HC, STF e STJ somente discutem em sede de RE e REsp os fundamentos constitucionais e legais aplicáveis ao caso, de modo que, a discussão dos fatos transitaria em julgado no 2º grau de jurisdição. Para o Ministro, não haveria violação ao Artigo 5º, LVII, CF/88, bem como o Artigo 283 do CPP. Atualmente, tal entendimento tem eficácia vinculante (vide ADC 43 e 44).
REMIÇÃO DE PENA – É uma palavra que possui dois sentidos no Direito Penal, havendo remissão (perdão de dívidas, etc) e remição. A remição, prevista na LEP, em seu artigo 126, consiste no abatimento de um dia de pena para cada 3 dias de trabalho. Somente se admite a remição de pena àquele que esteja em regime de cumprimento fechado ou semiaberto. Pode haver também a remição de 1 dia de pena para cada 12 horas de frequência escolar.
Art. 126.  O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. 
 § 1o  A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:       (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias;        (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.       (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
§ 2o  As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados.        (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
§ 3o  Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem.       (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)
§ 4o  O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição     .(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
§ 5o  O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação.       (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
§ 6o  O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.      (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
§ 7o  O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar      .(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
§ 8o  A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério
Público e a defesa.        (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)
 Quem promove a remição de pena é o juiz da execução penal, sendo que a Lei 12.433/11 ampliou a possibilidade da remição, já que antigamente, só era possível a remição pelo trabalho, sendo possível, atualmente, a remição de pena pelo estudo. A remição é contada com base no total da condenação, e não no limite de 30 anos (Súmula 715 STF).
SÚMULA 715 STF - A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.
Art. 38 - O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 39 - O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)        
Art. 40 - A legislação especial regulará a matéria prevista nos arts. 38 e 39 deste Código, bem como especificará os deveres e direitos do preso, os critérios para revogação e transferência dos regimes e estabelecerá as infrações disciplinares e correspondentes sanções. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE – O conceito de pena privativa de liberdade se relaciona com o os seguintes princípios: 
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DAS PENAS – É um desdobramento do Princípio da Responsabilidade Pessoal, que consiste na ideia de que ninguém será responsabilizado na esfera criminal por conduta de terceiro. O Princípio da Intranscendência das Penas, reza que nenhuma pena passará da pessoa do condenado. Podendo todavia, a obrigação de reparar o dano se estender aos sucessores até o limite do que lhes foi transferido (Inciso XLV , Artigo 5º)
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
PRINCÍPIO DA HUMANIZAÇÃO DAS PENAS - Não serão admitidas penas de morte, banimento, penas cruéis, de caráter perpétuo e de trabalho forçado. O Princípio de Humanização das Penas tem fundamento e está previsto no Art 5º, Inciso XLVII.
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM - Nenhuma circunstância poderá ser duplamente ponderada na dosimetria da pena (agravar a pena de um crime de aborto pela mesma ser gestante, pois já existe tal agravamento da pena na leI), sendo possível identificar um bis in idem não só na dupla punição. Veda a dupla punição ou duplo processamento em virtude de um mesmo fato.
PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DAS PENAS - Todas as particularidades do caso e seus aspectos específicos precisarão ser levados em consideração na dosimetria da pena.
SISTEMA TRIFÁSICO DE NELSON HUNGRIA
	FASE
	PONTO DE PARTIDA
	CRITÉRIO EXAMINADO
	PONTO DE CHEGADA
	1ª 
	Pena Cominada
	Circunstâncias Judiciais (Artigo 59, CP)
	Pena Base
	2ª 
	Pena Base
	Circunstâncias Legais Atenuantes e Agravantes
	Pena Provisória ou Intermediária
	3ª 
	Pena Provisória ou Intermediária
	Causas de diminuição e de aumento (minorantes e majorantes)
	Pena Definitiva
1ª FASE DE DOSIMETRIA
PENA COMINADA – É o ponto inicial para a dosimetria da pena. Quando falamos de pena cominada, nos referimos a identificação dos limites mínimo e máximo da dosimetria, tendo como exemplo o Artigo 121 do CP, que prevê na Legislação o limite mínimo e máximo (6-20 anos de prisão) para a dosimetria de pena. Quando identificamos a pena cominada, devemos analisar se estamos falando de um tipo simples, qualificado ou privilegiado.
-Tipo Simples: É a regra geral de incidência, como no caput do Artigo 121 do CP/40 (6-20 anos).
-Tipo Qualificado: São estabelecidos limites com patamares acima do tipo simples, tendo como exemplo o homicídio qualificado no §2º do Artigo 121 (12-30 anos de prisão) e na receptação qualificada no Artigo 180, §1º (3-8 anos). Logo, a pena a ser aplicada nesses tipos serão maiores do que a do tipo simples.
-Tipo Privilegiado: É quando são estabelecidos limites com patamares abaixo do tipo simples, tendo como exemplo o furto de pequeno valor praticado por agente primário (art. 155, § 2º) e o estelionato que causa pequeno prejuízo, desde que primário o autor (art.171, § 1º). Logo, a pena a ser aplicada nesses tipos são menores do que a do tipo simples.
OBS: Caso incidam em tese múltiplas qualificadoras/privilégios para o mesmo delito, o juiz irá eleger somente uma qualificadora e/ou privilégio livremente, e as demais circunstâncias serão ponderadas na 2ª Fase de Dosimetria.
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS – As circunstâncias judiciais estão previstas no caput do Artigo 59 do CP. 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
-Culpabilidade: Culpabilidade significa juízo de censura, ou seja, o grau de reprovabilidade. É diferente da culpabilidade como elemento analítico do crime, pois ao aplicarmos a pena, já houve o reconhecimento da culpabilidade como elemento do crime.
-Antecedentes: O desafio é saber se o criminoso é possuidor de bons antecedentes ou maus antecedentes. (i) Maus Antecedentes, conforme a Súmula 444 do STJ, só poderão ser gerados pela sentença condenatória transitada em julgado que não gere reincidência, tendo como exemplo a condenação criminal após ultrapassado o prazo depurador do Artigo 64, I.
SÚMULA 444 STJ - É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
OBS: A súmula 241 do STJ impede que o mesmo fato seja considerado para efeito de reincidência e de maus antecedentes (Princípio do Ne Bis In Idem). Condenação por ato infracional e absolvição imprópria para Medida de Segurança não caracterizam nem reincidência nem maus antecedentes.
-Conduta Social e Personalidade: Quando falamos de (i) conduta social, estamos analisando a maneira com que o indivíduo se relaciona com a sociedade (se o indivíduo é bem quisto, querido e ou respeitado em sociedade). (ii) Personalidade é uma análise de características das pessoas, se ela é um indivíduo tranquilo e pacífico, por exemplo. Existe uma crítica a esses critérios de dosimetria, pois esta circunstância aproxima o Direito Penal do Fato ao Direito Penal do Inimigo/do Autor, que pune o agente pelo que ele é, e não pelo o que ele fez. Justamente por isso, muitos juízes, sob o fundamento de trabalharem com o Direito Penal do Fato, se recusam a analisar a conduta social e a personalidade.
OBS: Testemunhas abonatórias são as testemunhas que apesar de não terem conhecimento dos fatos, alegam que o réu é um sujeito que possui uma conduta social positiva e uma personalidade pacífica.
-Motivos, Circunstâncias e Consequências do Crime: Uma das maiores preocupações do juiz é evitar o Bis In Idem. O juiz só trabalhará tais elementos na 1ª fase caso os mesmos não possam ser especificamente ponderados nas fases subsequentes (2ª ou 3ª fase). Muito dificilmente essa consequência já não
é um motivo de aumento ou diminuição de pena, por isso vai ser usada onde “pesa mais”, onde é mais específica, tendo como exemplo o motivo fútil, que vai ser usado como agravante de pena por ter um peso maior na dosimetria mais específico do que nas circunstâncias judiciais.
 Deve-se listar todas as circunstâncias fáticas e avaliar a preferência de onde aquilo vai ter um peso maior. Na hora de escrever a sentença, a mesma é iniciada com as circunstâncias judiciais. 
1º: aumento e diminuição;
2º: agravante e atenuante;
3º: circunstância judicial (não se encaixa nas outras). 
-Comportamento da Vítima: Este pedaço do artigo 59 existe especificamente para a análise do comportamento da vítima em crimes sexuais. O comportamento da vítima, de acordo com a doutrina, só poderá ser ponderado em situações agressivas por parte da vítima (comportamento vitimal agressivo), não sendo uma circunstância muito ponderada pela jurisprudência.
TRANSIÇÃO 1ª-2ª DA DOSIMETRIA DAS PENAS
PENA BASE – Não há um valor pré-determinada para as circunstâncias judiciais. A doutrina costuma diferenciar tais circunstâncias judiciais em Circunstâncias Judiciais Favoráveis (beneficiais ao réu), Desfavoráveis (prejudiciais ao réu) e Neutras (não tem como ser avaliada, devido a ausência de elementos fáticos. 
-Critério do Termo Médio: Um dos critérios sugeridos pela doutrina é o Critério do Termo Médio, que funciona da seguinte maneira: (Pena Mínima + Pena Máxima) ÷ 2. O termo médio serve como limite máximo da Pena Base, caso todas as circunstâncias sejam desfavoráveis. Se todas as circunstâncias são favoráveis, a pena base será igual a pena mínima (Pena Base = Pena Mínima).
-Critério do Cálculo de 1/8: Consiste na lógica do acréscimo de 1/8 para cada circunstância judicial desfavorável em cima da pena mínima cominada.
OBS: Tanto na 1ª fase de dosimetria quanto na 2ª fase, os limites mínimo e máximo da pena cominada são intransponíveis. Portanto, se todas as circunstâncias judiciais forem favoráveis ao agente ou neutras, o magistrado não terá outra alternativa senão fixar a pena base no mínimo. Vale dizer ainda que, jurisprudencialmente, orienta-se que o valor da pena base, mesmo quando integralmente desfavoráveis as circunstâncias, se aproxime do mínimo legal, já que ainda estaremos na 1ª fase de dosimetria.
2ª FASE DE DOSIMETRIA 
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES (Artigo 61) – As circunstâncias agravantes são aquelas que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime. Esta previsão significa que o Artigo 61 deve obediência ao Princípio do Ne Bis In Idem, justamente pelo fato de que uma mesma circunstância fática não pode ser usada como qualificadora e agravante ou elemento constitutivo do crime e agravante, pois estaríamos punindo duplamente a mesma circunstância fática, havendo Bis In Idem. Se temos uma circunstância fática que pode qualificar ou agravar o fato, a mesma sempre qualificará o fato, pois pesará mais.
    Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        a) por motivo fútil ou torpe;
        b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
        c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
        d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
        e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
        f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
        g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
        h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
        i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
        j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
        l) em estado de embriaguez preordenada.
-Ter o Agente Cometido o Crime Por Motivo Fútil ou Torpe (61,II,A): (i) Motivo Fútil é um motivo banal, de menor relevância (Motivo de Somenos Nonada, quando um indivíduo mata o outro pelo fato da vítima dever 10 reais). A ausência de motivo não pode ser comparada com o motivo fútil, se seguirmos a linha do garantismo penal.
(ii) Motivo Torpe é o motivo abjeto, desprezível e cruel. É, pois, o motivo repugnante, moral e socialmente repudiado. Em muitos casos de violência doméstica, há motivos torpes (ex-namorado agredir a face de uma modelo para que a mesma nunca mais possa ser modelo). Nem toda vingança é torpe.
por motivo fútil ou torpe;
-Agravantes Por Conexão (61,II,B): São os crimes que são feitos para facilitar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime. Uma morte de “queima de arquivo” é um exemplo de agravante de conexão. Quando um crime se relaciona com um crime que já aconteceu ou que irá acontecer (assegurar a execução de um crime futuro, o mesmo será um agravante por conexão.
para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
-Agravantes por ter Cometido Crimes de Traição, Emboscada, Dissimulação ou outro Recurso (61,II,C): A (i) Traição significa quebra de confiança. Caso o garantidor quebre a confiança, a pena será agravada. Confiança em Direito Penal não se resume, dependendo de caso em caso. (ii) Emboscada é o sinônimo de tocaia, quando o agente fica na espreita para praticar o delito, dificultando a defesa da vítima. (iii) Dissimulação é a ocultação do seu verdadeiro intento ao ludibriar e fingir. Um exemplo é quando o agente se disfarça de Policial, entra na casa da vítima e mata o indivíduo enganado. (iv) Outro Recurso que Dificultou ou Tornou Impossível a Defesa do Ofendido, é completado através da interpretação analógica, sendo uma cláusula geral. Na Interpretação Analógica (também chamada de interpretação extensiva) é quando há uma norma parcialmente fechada e parcialmente aberta, onde para a parte fechada temos o que chamamos de forma exemplificativa e para a parte aberta temos a cláusula geral (autoriza o intérprete a equiparar situações não regradas pelo direito similares a fórmula exemplificada), onde há a transposição da fórmula exemplificativa para a cláusula geral que compõe a parte aberta da norma.
OBS: A interpretação extensiva ou analógica pode ser aplicada tanto para prejudicar quanto para beneficiar o réu.
(c)à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
-Agravantes por ter cometido Crimes com Emprego de Veneno, Fogo, Explosivo, Tortura ou Outro Meio Cruel (61, II, D): O (i) Veneno possui um sentido amplo em matéria penal, levando as características da vítima, podendo ser qualquer coisa considerada as características da vítima. Ou seja, o camarão pode ser veneno para uma vítima alérgica a camarão. 
(ii) Fogos e Explosivos são autoexplicativos, tendo que ter cuidado com o Bis In Idem nos casos de atos terroristas, não havendo a possibilidade de agravamento da pena por uso de fogos e explosivos. 
(iii) Tortura pode ser física ou psicológica, mas também devemos ter cuidado com o Bis In Idem. Ou seja, o crime de tortura não poderá ter como agravante a tortura. 
(iv) Meio Insidioso é aquilo camuflado, oculto, sendo mais um exemplo de cláusula geral, sendo uma parte da norma passível de Interpretação Analógica. 
(v) Meio Cruel é aquilo que gera à vítima um sentimento além do necessário de dor, pânico, etc (cortar a bala para causar mais
dor ao indivíduo). É uma cláusula geral, passível de interpretação extensiva/analógica.
(vi) Perigo Comum é o perigo para outras pessoas, ou para terceiros. Uso de armas biológicas são um exemplo de crimes de perigo comum. É também uma cláusula geral, passível de interpretação extensiva/analógica.
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
-Crimes cometidos contra Ascendente, Descendente, Irmão ou Cônjuge (61,II,E): Quando falamos de ascendente, descendente, irmão ou cônjuge, valem tanto laços biológicos quanto civis. Ou seja, pais biológicos e adotivos tem a mesma importância no Direito Penal, obviamente desde que haja um conhecimento prévio do agente sobre o seu parentesco com a vítima. O crime contra companheiros ou companheiras são aplicados com outro agravante de pena (alínea f).
        e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
-Crimes cometidos com Abuso de Autoridade (Coabitação, Hospitalidade, Relações Domésticas) ou com Violência Contra a Mulher (61, II, F): Nos casos de crimes (i) Com Violência Contra a Mulher, a Lei Maria da Penha existe autonomamente, possuindo seus próprios dispositivos, trabalhando apenas a violência familiar contra a mulher. Além dos seus dispositivos próprios, a mesma alterou o CP, que é justamente a redação do Artigo 61, II, F do CP/40.
        f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
-Crimes com Abuso de Poder ou Violação a Cargo, Ofício, Ministério ou Profissão (61, II, G): Ao trabalharmos com (i) abuso de poder, vale trabalharmos com a Lei de Abuso de Poder de 1965, que trata sobre os tipos diferentes de crime de abuso de poder, possuindo âmbito corporativista. O crime de abuso de poder não poderá ter sua pena agravada pelo abuso de poder, pois haveria um Bis In Idem. 
 Não se aplica a apenas a militares, pois a alínea também envolve a (ii) Violação de Dever Inerente a cargo, ofício, ministério (estruturas eclesiásticas, quando um padre pratica um crime contra o coroinha) ou profissão (qualquer profissão). 
        g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;
-Crimes cometidos contra Criança, Enfermo, Grávidas e Maior de 60 Anos (61, II, H): (i) Criança é estabelecida de acordo com o ECA. Ou seja, criança é a pessoa menor de 12 anos. Se a mesma for igual ou maior de 12, a pessoa é uma adolescente. O agente precisará conhecer esta circunstância. 
 Como está previsto no Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03), (ii) idoso é o indivíduo que tem 60 anos ou mais. Portanto, todo crime contra idoso serve como agravante de pena. 
 O (iii) Enfermo é o indivíduo dotado de qualquer doença. A deficiência não é entendida como doença, ou seja, não se aplica o agravante da Alínea H. A doença deverá ser ponderada pelo juiz, que avaliará se a doença da vítima avaliará se a conduta do indivíduo é mais ou menos reprovável.
 (iv) A mulher grávida, caso seja vítima de um crime, o agente delitivo sofrerá agravante da pena pelo crime.
        h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
-Crimes contra Ofendidos sob Imediata Proteção de Autoridade: Este crime se dá quando o ofendido estava sob a proteção de uma autoridade pública. A Lei de Proteção de Testemunhas (Lei 9807/99) e Réus Colaboradores trata destes indivíduos. Só será aplicada o agravante caso o agente saiba da condição da vítima.
        i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
-Agravantes para Crimes em caso de Incêndio, Naufrágio, Inundação, Calamidade e Desgraça Particular: Nessas situações, a vigilância do sujeito estará diminuída, aumentando a reprovabilidade. 
(i) Desgraça Particular é quando o carro da vítima capota e desmaia e as pessoas que estavam no local roubam os itens do indivíduo, sendo possível a aplicação do agravante da alínea J. 
(ii) As situações de incêndio, naufrágio e inundação são autoexplicativas, sendo que qualquer calamidade pública é uma cláusula geral, sendo aplicada a Interpretação Analógica.
        j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
-Crimes em Estado de Embriaguez Preordenada: O Estado de Embriaguez Preordenada é quando o indivíduo se embriaga para poder cometer o crime, sendo esta uma agravante prevista pela alínea I, Inciso II do Artigo 61. 
        l) em estado de embriaguez preordenada.
-Reincidência: Ela possui um tratamento especial nos Artigos 63 e 64 do CP além do Artigo 62, I. A reincidência é um agravante preponderante de pena. Prevista nos Artigos 63 e 64, verifica-se a reincidência quando o agente pratica novo crime após transitar em julgado a sentença que o condenou no Brasil ou estrangeiro pelo crime anterior. Ou seja, caso um indivíduo cometa um crime A em 2000, e a sentença condenatória transitou em julgado em 2003 e em 2004 o indivíduo cometeu um crime B em 2004, a sentença aplicada em 2005 terá o agravante da reincidência. Os elementos da reincidência são o novo crime, depois do trânsito em julgado e crime anterior no Brasil ou exterior. Para analisarmos a reincidência, devemos levar em conta a infração anterior, o local da conduta anterior, a nova infração, o status do agente e o fundamento legal. 
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
   I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)       
OBS: Reincidência Genérica é quando os crimes são diferentes, enquanto Reincidência Específica se opera em virtude do mesmo crime.
(i)Novo Crime significa que o fato anterior precisa ser um crime, não abarcado às contravenções penais. Portanto, se no passado, o que existe é um transito em julgado de uma contravenção penal, não haverá agravamento de pena com fundamento na reincidência, gerando apenas maus antecedentes. O novo crime não precisa ser o mesmo delito do crime anterior. 
(ii) Depois do Trânsito em Julgado consiste na ideia de que só haverá reincidência caso o agente tenha cometido o crime após o trânsito em julgado do crime anterior. Caso A tenha cometido furto e estelionato em 2000 e em 2002 houve o trânsito em julgada da sentença por furto, a sentença em 2003 de estelionato não será aplicada a reincidência, pois o indivíduo é primário e não reincidente, pois não praticou crime após o trânsito em julgado do crime anterior.
(iii) Crime Anterior no Brasil ou no exterior podem ser considerados para a aplicação da reincidência.   
	INFRAÇÃO ANTERIOR
	LOCAL DA CONDUTA ANTERIOR
	NOVA INFRAÇÃO
	STATUS DO AGENTE
	FUNDAMENTO LEGAL
	CRIME
	BRASIL OU ESTRANGEIRO
	CRIME
	REINCIDENTE
	Artigo 63, CP
	CONTRAVENÇÃO
	BRASIL
	CONTRAVENÇÃO
	REINCIDENTE
	Artigo 7º, LCP
	CRIME
	BRASIL OU ESTRANGEIRO
	CONTRAVENÇÃO
	REINCIDENTE
	Artigo 7º, LCP
	CONTRAVENÇÃO
	BRASIL OU ESTRANGEIRO
	CRIME
	PRIMÁRIO
	Artigo 63, CP*
	CONTRAVENÇÃO
	ESTRANGEIRO
	CONTRAVENÇÃO
	PRIMÁRIO
	Artigo 7º, LCP
OBS: Atos infracionais anteriores não geram reincidência nem maus antecedentes porque não são crime ou contravenção, todavia, os tribunais entendem que poderão fundamentar Pedido de Decretação de prisão preventiva uma vez que tornariam evidente a “periculosidade” do agente. A aplicação anterior de medida de segurança não gera maus antecedentes, pois estaremos diante de Sentença Absolutória Imprópria (STJ HC 182376/2012).
(iv) O Artigo 64 trata das situações expressas no CP em que não haverá reincidência,
que são em situações de:
(a)Crimes Militares Próprios, que são crimes propriamente militares, ou seja, aqueles que não encontram previsão em nenhum outro diploma senão no Código Penal Militar, tendo como exemplo a deserção, Artigo 187, CPM). Se o indivíduo pratica deserção, há o trânsito em julgado do crime e o mesmo pratica deserção novamente, ou um outro exclusivo do CPM, o agente será reincidente.
OBS: Crimes militares impróprios são infrações militares que, para além de estarem previstas no CPM, também encontram correspondente legal em leis penais comuns e, por essa razão, poderão gerar reincidência. Mas se o indivíduo após o trânsito em julgado de deserção (CPM) pratica injúria (CP), não haverá reincidência.
(b) Nos Crimes Políticos discute-se quais seriam os crimes políticos referidos no Artigo 64, II. Podemos citar, nesse sentido, a Lei 1079/50 de Crimes de Responsabilidade e a Lei de Segurança Nacional, 7.170/82, muito embora discuta-se a sua recepção pela CF/88 – STF RC 1468/00. Para que se aplique a lei 7.170/82 é preciso que haja dois elementos: conduta descrita na lei e motivação política (atentar contra soberania nacional).
 (c) Condenações Após O Término Do Prazo Depurador que é o prazo de 5 anos após o fim do cumprimento da pena). 
Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
OBS: Existe um movimento doutrinário para transpor o prazo depurador para os maus antecedentes que, de acordo com o entendimento majoritário atual, permanecem para sempre com o indivíduo.
EXEMPLO DE MOMENTO DE APLICAÇÃO DE REINCIDÊNCIA
Trânsito em Julgado de Furto
Injúria
Estelionato
Furto
Sentença do Estelionato (Reincidência + Maus Antecedentes)
Sentença do Homicídio (Reincidência e Bons Antecedentes)
Trânsito em Julgado do Homicídio
Homicídio (Novo Crime)
 +
Sentença da Injúria (Reincidência + Maus Antecedentes)
Trânsito em Julgado do Estelionato
AGRAVANTES NO CONCURSO DE PESSOAS (Artigo 62) – Só irão se aplicar quando haver mais de um indivíduo concorrendo no crime. É um crime que envolve mais de um sujeito. Nem todos os concorrentes serão punidos com agravantes.
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
-Agravante para o “Sujeito Central”: O sujeito que exerce uma função central no concurso terá sua pena agravada com relação aos demais, pois o mesmo age com uma reprovabilidade maior.
 I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
-Agravante para o Indivíduo Coator/Indutor: Também haverá agravante para o indivíduo que coage ou induz outro indivíduo à execução do crime, excluindo a conduta (coação física irresistível) ou a responsabilidade/culpabilidade (coação moral irresistível). 
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984.
-Agravante para o Instigante de Crimes por Não-Puníveis: É o indivíduo que manda um outro individuo inimputável a cometer certo crime, como por exemplo quando o chefe de tráfico faz uso de sua autoridade para designar um menor de 18 anos para vender drogas ou assassinar alguém. O chefe do tráfico, no caso, será passível de sofrer a aplicação do agravante na pena.
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
OBS: O crime de corrupção de menores (Artigo 244, D, ECA) gera para o agente imputável o agravamento de pena previsto no Artigo 62, III, CP/40
-Agravante para quem participa do crime mediante Paga ou Promessa de Recompensa: O indivíduo que participa ou executa o crime por pagamento ou promessa de recompensa é passível de aplicação no agravante da pena, tendo como exemplo um assassino de aluguel.
        IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES - São circunstancias que atenuam a pena, previstas no Artigo 65 do CP. O entendimento atual é que não podemos usar a mesma circunstância fáticas para múltiplos benefícios. 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
        b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
        c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
        d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
        e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
        Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
-Agente Menor de 21 Anos no Momento do Crime ou Maior de 70 na Data da Sentença (65, I, CP): A atenuante do 65, I é uma atenuante superpreponderante, também conhecida como Atenuante da Menoridade ou Senilidade. É considerada atenuante pois a pessoa menor de 21, mesmo sendo maior de idade, age com mais ímpeto enquanto a pessoa maior de 70 anos na data da sentença, a mesma sofrerá um abrandamento da pena em virtude da idade.
        I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
-Desconhecimento da Lei (65, II, CP)): O desconhecimento da lei é inescusável. Caso o erro de proibição (quando interpretamos de forma errônea se a situação praticada é legal ou ilegal) seja inevitável, haverá a exclusão da culpabilidade. Porém, caso o erro de proibição por desconhecimento da lei seja evitável, o agente será punido, só que com abrandamento de pena. O desconhecimento da lei, nos termos dos Artigo 21, não excluirá a culpabilidade. Todavia, o crime permitirá, nesse caso, que sua pena seja atenuada com fundamento no Artigo 65, II.
II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
-Crimes Cometidos por Relevante Valor Social ou Moral (65, III, A, CP):Na alínea A do Inciso III, os crimes cometidos por relevante valor social ou moral serão atenuados. (i) Valor Social é um valor comum ao interesse de toda a coletividade, ou seja, a comunidade deseja e legitima aquela prática. Exemplos disso são matar um ditador ou tirano, e até mesmo os justiceiros. Um (ii) Valor Moral é algo relevante somente para o próprio indivíduo que pratica o delito, que abranda a reprovabilidade da sua conduta. Um exemplo é quando o indivíduo mata o assassino da sua família. 
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
-Tentativa de Reparar, Minorar ou Evitar as Consequências do Crime (65, III, B): Já na alínea B, caso não seja possível o arrependimento
posterior ou arrependimento eficaz, haverá abrandamento da pena, pois o agente, após o crime, tentou evitar ou minorar as consequências do crime e ter, antes do julgamento, reparado o dano.
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;
-Coação Resistível, Crime Passional por Ato Injusto da Vítima ou Ordem Autoridade (65, III,C): Na alínea C, caso haja crime sob coação moral resistível, cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sobre crime passional, após provocação por ato injusto da vítima, haverá aplicação da pena atenuada.
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
-Confissão Espontânea (65, III, D): A confissão espontânea (chegar na delegacia provando e confessando o crime), na alínea D, é uma razão que atenua a pena. 
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
-Crime Multitudinário (65, 	III, E): Na alínea E, caso o agente cometa crime multitudinário (crime com base no “efeito manada”), onde o agente pratica o crime por influência da multidão, haverá atenuação da pena.
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
        e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
-Atenuante Inominada: Atenuante inominada, presente no Artigo 66, consiste na ideia de que qualquer razão de circunstância relevante benéfica ao réu e que não está prevista na lei poderá ser usada como atenuante para a pena.        
        Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
OBS: Perante autoridade, gera dúvidas a respeito da atenuação nos casos em que a confissão é feita perante o delegado e, posteriormente, retificada perante o juiz(alega não ter cometido o crime, confessou por erro, dolo ou coação, etc). A doutrina diverge, entendendo a parcela mais garantista, que a confissão retratada, por se tratar de elemento inquisitorial repetível, não poderia ser utilizada nem para formar o convencimento condenatório nem para atenuar.

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