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Seminário 6 Redação Científica e Estruturação de Trabalhos Científicos. (1)

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Redação Científica e Estruturação de Trabalhos Científicos 
 
André Maciel; Flávio Rossi; Gabriela Demarchi; M
a.
 Esther Alpire; Sara Pereira 
 
Palavras-chave: artigo científico, artigos originais, divulgação científica, métodos de escrita. 
 
Contexto Histórico 
 A comunicação científica é um importante instrumento de conhecimento, foi através de 
cartas pessoais entre os pesquisadores e atas ou memórias de reuniões científicas que teve início 
antes do século XVII a publicação científica. As cartas tinham alcance limitado e eram direcionadas 
especialmente aos pesquisadores que compartilhavam a mesma linha de pensamento. As atas e 
memórias eram resumos impressos de reuniões que eram distribuídos àquela comunidade científica. 
Estes grupos (invisible college) deram origem às sociedades e academias científicas (STUMPF, 
1996). 
 O periódico científico no século XVII eliminou o caráter pessoal das cartas, resumia o 
processo investigativo, possuía poucas páginas e era mais curto que atas e cartas. As duas primeiras 
revistas surgiram em 1665, Journal des Sçavants, francês publicado até os dias de hoje, e o 
Philosophical Transactions da Royal Society of London, considerado modelo das futuras 
publicações científicas. 
 Devido ao aumento do número de pesquisadores, a produção das publicações tem crescido 
desde o século XIX até os dias atuais. A partir do século XX as revistas obtiveram maior 
credibilidade, pois até então os livros eram considerados o meio mais importante e completo. 
A importância da velocidade da comunicação superou o tempo de edição, impressão e custo 
do livro. O inglês como língua mais conhecida facilitou a divulgação internacional. 
O uso do computador nos anos 70 em diante trouxe melhorias na qualidade da editoração e 
rapidez. A partir da década de 90, a internet promoveu uma facilidade de acesso, armazenamento, 
redução de custo e atualmente a publicação eletrônica se constitui como alternativa à publicação 
impressa (STUMPF, 1996). 
 
 
 
 
 
 
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Artigo científico: Conceituação e características 
O texto científico na forma de artigo é uma das formas mais abrangentes de divulgação da 
ciência. O artigo é a apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos resultados de 
investigações ou estudos realizados a respeito de uma questão. O objetivo fundamental de um artigo 
é o de ser um meio rápido e sucinto de divulgar e tornar conhecidos, através de sua publicação em 
periódicos especializados, a dúvida investigada, o referencial teórico utilizado (as teorias que 
serviram de base para orientar a pesquisa), a metodologia empregada, os resultados alcançados e as 
principais dificuldades encontradas no processo de investigação ou na análise de uma questão 
(VOLPATO, 2015). 
 O artigo científico possui a seguinte estrutura: Título, Autor (es), Epígrafe (facultativa) 
Resumo e Abstract, Palavras-chave; Conteúdo (Introdução, desenvolvimento textual e conclusão), 
referências. 
 Antes de iniciar a redação do manuscrito, deve-se estruturar a idéia do artigo. Para isso, alguns 
aspectos devem ser notados, como os descritos a seguir (VOLPATO, 2007). Na redação científica 
não há regras rígidas. As únicas regras rígidas são as formais estabelecidas pela revista (normas de 
formatação do texto) e as regras lógicas da pesquisa científica. Todo o resto pode ser criado e 
inovado para se conseguir um texto ideal, aquele que o leitor procura ler com prioridade, que gosta 
de ter lido e que aceita e divulga o conteúdo. Para iniciar a redação, primeiro discuta criticamente 
todos os seus dados, de preferência com outros pesquisadores da área. Critique suas conclusões e 
procure derrubá–las. As conclusões que você não conseguir derrubar serão a base de seu artigo. Por 
acreditar nelas você escreve um texto que procura convencer também os outros cientistas da área. 
Certifique–se que o conjunto de seus resultados sustente ao menos uma conclusão que seja 
novidade para a comunidade acadêmica. Análise se essa conclusão é interessante o suficiente para 
que os editores queiram publicá–la e os leitores queiram lê–la. Lembre–se que um trabalho aceito 
para publicação deve ser, além de correto, necessário. No texto devem aparecer apenas as 
metodologias e os resultados usados para a sustentação de sua(s) conclusão(ões). Escreva o Resumo 
de seu trabalho. Isso é importante para que não inicie a redação antes de ter noção clara do que 
pretende escrever (VOLPATO, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
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Tipos de publicações 
Editoriais 
 Há periódicos científicos que contêm editoriais, textos geralmente redigidos pelo seu corpo 
editorial, ou por ele solicitados. Editoriais tratam da posição de pesquisador categorizado sobre 
assunto relevante e de importância no momento, seja metodológico ou conceitual, seja na área de 
política científica ou de saúde, ou do ponto de vista ético (Campana, 2000). 
 
Comunicação Breve (short-communication) 
 Neste tipo de publicação, não há separação entre as partes componentes do trabalho científico. 
Introdução, material e métodos, resultados e discussão são apresentados seqüencialmente, sob a 
forma de texto único. Resumo, summary e referências bibliográficas acompanham o texto principal. 
Como o próprio nome diz, a característica principal desta apresentação é o seu reduzido tamanho 
(Campana, 2000). 
 . 
Carta ao editor 
 É forma de publicação similar à comunicação breve, utilizada usualmente por algumas 
revistas. Obedece, de modo geral, ao esquema da comunicação breve, com a diferença que não 
contém resumo ou summary (Campana, 2000). 
 
Relato de caso 
 Ocasionalmente, relatos de caso são aceitos para publicação em revistas de alto padrão: quando 
o caso parece corresponder a uma doença ou síndrome até o momento não descrita; quando o caso 
mostra a associação de duas ou mais doenças, com sugestão de possível relação causal entre elas; 
quando é documentada importante e nova variação em relação ao padrão já conhecido de alguma 
doença; ainda, quando o caso exibe uma evolução inesperada, que sugere algum efeito terapêutico 
ou adverso de droga. A estrutura do relato de caso pode ser assim esquematizada: Introdução (qual 
é o interesse em publicar o caso?), Descrição do caso (inclusive contendo dados) e, a seguir, 
Discussão e Conclusões (Campana, 2000). 
 
 
 
 
 
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Revisão da literatura 
 Pode ser definida como o processo de busca, análise e descrição de um corpo do conhecimento 
em busca de resposta a uma pergunta específica. “Literatura” cobre todo o material relevante que é 
escrito sobre um tema: livros, artigos de periódicos, artigos de jornais, registros históricos, 
relatórios governamentais, teses e dissertações e outros tipos”. 
 Existem três tipos de revisão de literatura, que são definidos de acordo com o método de 
elaboração. 
 A “revisão narrativa” não utiliza critérios explícitos e sistemáticos para a busca e análise 
crítica da literatura. A busca pelos estudos não precisa esgotar as fontes de informações. Não aplica 
estratégias de busca sofisticadas e exaustivas. A seleção dos estudos e a interpretação das 
informações podem estar sujeitas à subjetividade dos autores. É adequada para a fundamentação 
teórica de artigos, dissertações, teses, trabalhos de conclusão de cursos. 
 A “revisão sistemática” é um tipo de investigação científica. Essas revisões são consideradas 
estudos observacionais retrospectivos ou estudos experimentais de recuperação e análise crítica da 
literatura. Testam hipóteses e têm como objetivo levantar, reunir, avaliar criticamente a 
metodologia da pesquisa e sintetizar os resultados
de diversos estudos primários. Busca responder a 
uma pergunta de pesquisa claramente formulada. Utiliza métodos sistemáticos e explícitos para 
recuperar, selecionar e avaliar os resultados de estudos relevantes. Reune e sistematiza os dados dos 
estudos primários (unidades de análise). Dados quantitativos de diferentes estudos de uma revisão 
sistemática podem ser integrados, visando conclusões generalizáveis; este procedimento 
metodológico corresponde à metanálise. As revisões sistemáticas são consideradas a evidência 
científica de maior grandeza e são indicadas na tomada de decisão na prática clínica ou na gestão 
pública. 
 A “revisão integrativa” surgiu como alternativa para revisar rigorosamente e combinar 
estudos com diversas metodologias, por exemplo, delineamento experimental e não experimental, e 
integrar os resultados. Tem o potencial de promover os estudos de revisão em diversas áreas do 
conhecimento, mantendo o rigor metodológico das revisões sistemáticas. O método de revisão 
integrativa permite a combinação de dados da literatura empírica e teórica que podem ser 
direcionados à definição de conceitos, identificação de lacunas nas áreas de estudos, revisão de 
teorias e análise metodológica dos estudos sobre um determinado tópico. A combinação de 
pesquisas com diferentes métodos combinados na revisão integrativa amplia as possibilidades de 
análise da literatura (USP, 2015). 
 
 
 
 
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Elementos pré textuais 
 
Todo trabalho acadêmico apresenta elementos pré textuais que servem para demonstrar 
ao leitor as principais ideias do texto e em um ambiente onde as pesquisas são selecionadas para 
leitura através de bancos de dados online esses elementos pré textuais são os primeiros elementos 
que o leitor encontrará e também o que decidirá se ele continuará sua leitura ou não. Os elementos 
textuais são: título, autores, resumo e palavras chave (VOLPATO, 2015). 
O título é o elemento que diz em poucas palavras do que se trata o texto em questão 
buscando apresentar o objetivo ou o principal achado do estudo de forma clara, para que o leitor 
saiba o que encontrará ao ler o texto (VOLPATO, 2015). Atualmente há uma grande 
interdisciplinaridade entre as área o que faz com que pesquisadores não fiquem restritos a artigos 
apenas de uma área e como forma de dialogar com esses leitores o título deve evitar o uso de muitos 
termos técnicos que o torne de difícil compreensão a eles. 
Os autores do artigo mostra aqueles que participaram da criação e produção intelectual 
do mesmo e que são capazes de defender este trabalho (VOLPATO, 2007). 
O resumo discorre brevemente sobre todo o trabalho, partindo do que foi pesquisado, 
como foi pesquisado e o qual foi o principal achado, não possui estrutura ficando a cargo do 
pesquisador decidir como escreverá (VOLPATO, 2007). 
As palavras chave servem para localizar o artigo em um banco de dados, as indicações 
para uso são: que elas pertençam aos descritores em saúde, tenham relação com o trabalho, utilizar 
o máximo permitido pela revista em que será publicado e também palavras que não apareçam no 
corpo do texto (VOLPATO, 2007). 
 
Elementos textuais 
Introdução 
Segundo Campana (2000) a introdução de um trabalho deve responder às seguintes 
perguntas: o que está sendo pesquisado/questionado? O que sustenta este questionamento? O que se 
espera desta pesquisa (seu objetivo)? Para responder estas perguntas uma introdução pode ser 
dividida em três partes: referencial teórico, justificativa e objetivos. 
O referencial teórico situa o estado atual em que se encontra as pesquisas na área do 
conhecimento a ser investigado, com o referencial teórico já inicia-se a justificativa do trabalho, 
mostrando na literatura as limitações e possíveis aplicações da área e já relacionando tais questões 
com o que se deseja pesquisar (CAMPANA, 2000). Um lembrete importante é que introdução não 
 
 
 
 
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significa uma revisão de literatura que é um trabalho completamente a parte, uma introdução mostra 
o estado atual de um conhecimento para dar razão ao objetivo de uma pesquisa. 
Os objetivos devem ter relação com o referencial teórico escrito, pois irá mostrar o que 
estará sendo pesquisado e deve estar bem justificado, não pode sair do nada, então com base no 
referencial e suas limitações pode-se traçar um objetivo e justificá-lo (VOLPATO, 2007). 
 
Métodos 
 
Como nos demais tópicos não existe uma estrutura rígida, no entanto, é essencial que 
apresentar informações necessárias para que o leitor consiga avaliar e, eventualmente, repetir seu 
estudo apenas com base no que você forneceu neste tópico do artigo; é considerado um dos mais 
difíceis de ser escrito, pois normalmente não é agradável de ser lido, por tanto, recomenda-se 
didática e clareza para a exposição (Volpato, 2007, 2015). 
 Pereira (2013) apresenta sugestões para compor a seção de método do artigo científico 
original, exibidos no quadro abaixo: 
 
Tópicos Explicações ou detalhamento 
Delineamento O mesmo que tipo de estudo 
Cenário 
 
Contexto da pesquisa como datas, local e suas 
características 
Amostra Casuística, população de referência, forma de seleção 
da amostra 
Coleta de dados Procedimentos, instrumentos de mensuração, definição 
operacional dos eventos relevantes 
Intervenção Necessário em ensaios clínicos, por exemplo 
Métodos estatísticos Quando apropriados: cálculo do tamanho da amostra, 
forma de análise dos dados 
Aspectos éticos Em acordo com resoluções que regem as pesquisas em 
seres humanos no País 
 
Os tópicos serão utilizados variam de acordo com os tipos de investigação, por exemplo: no 
 
 
 
 
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caso da intervenção (ausente em estudos observacionais) e dos métodos estatísticos (usualmente não 
utilizados em pesquisa qualitativa). No entanto, os demais tópicos precisam ser considerados para 
inclusão nos textos submetidos para publicação (PEREIRA, 2013). 
Para facilitar a redação pode-se adotar subtítulos, sendo os sugeridos no quadro ou 
modificados em função do tipo de investigação. Na finalização do artigo, o autor decide se os 
subtítulos serão ou não mantidos, em textos longos, é sugerido conservá-los, pois os mesmo 
auxiliam a captar rapidamente a essência do relato e a importância relativa das suas partes 
(PEREIRA,2013). 
Qualquer método citado deve ser acompanhado da correspondente indicação bibliográfica. 
Quando o método utilizado é conhecido e aceito pela comunidade científica, não há necessidade de 
descrevê-lo: cita-se o método, indica-se qual sua finalidade e registra-se a publicação em que o 
método é descrito, tal como foi usado no experimento em pauta. Se for usada uma modificação 
desse método, é a publicação referente a essa alteração que deve ser citada. Entretanto, se a 
modificação tiver sido feita pelo próprio autor da tese, todas as novas passagens do procedimento 
devem ser descritas seqüencialmente. Se o autor da tese propõe novo método de estudo, então ele 
deverá descrevê-lo por inteiro e usar um método conhecido e aceito, para testar seu método 
(CAMPANA, 2000). 
No delineamento, descreve-se o experimento: duração total, fases que o constituem (por 
exemplo: período de observação, período de estudo, período de recuperação) e os procedimentos 
gerais da investigação, segue-se a descrição dos indivíduos ou grupos utilizados. A descrição dos 
grupos, no corpo principal da tese, deve ser tão completa quanto possível, tendo em vista o contexto 
da pesquisa realizada (CAMPANA, 2000). 
Os demais detalhamentos estão inseridos no quadro apresentado, seguindo de cenário, 
amostra, coleta de dados, intervenção, métodos estatísticos utilizados e o nível de significância
adotado e aspectos éticos. 
O autor deve estar preparado para detalhar cada aspecto que seja essencial para o 
entendimento da sua pesquisa. O detalhamento correto permite levar a bom termo a avaliação 
crítica da investigação (PEREIRA,2013). 
 Siga a lógica da pesquisa. Importante pontuar que nem sempre a descrição acompanhando a 
evolução temporal dos acontecimentos é a melhor alternativa (VOLPATO, 2007). O público leitor 
ficará agradecido se a mensagem for clara e breve. E mais, que essa informação não esteja 
distribuída em todo o texto mas confinada à seção de método, o local do artigo em que ela deve 
estar situada (PEREIRA,2013). 
 
 
 
 
 
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Resultados 
A exposição dos dados obtidos no estudo são colocados neste item, através de um texto 
descritivo, conciso, claro, ordenado porém simples, geralmente o verbo escrito no passado. O autor 
poderá caracterizar inicialmente seu objeto de estudo, identificando e delimitando sua amostra 
estudada e quando necessário o grupo controle, seja em relação demográfica, socioeconômica, 
clínica, ou aquela que melhor se adeque ao artigo, para posteriormente guiar o leitor aos achados 
mais relevantes. 
Os resultados permitem o uso de criatividade e podem tornar a leitura mais ou menos 
atraente, em geral, figuras são mais atraentes que tabelas que por sua vez atraem mais do que o 
texto. O autor pode e deve usar este artifício para chamar a atenção do leitor, sabendo escolher a 
melhor forma de mostrar seus resultados e direcionando para o ponto mais importante do seu 
estudo. Dados de menor importância podem ser descritos no texto. É bom ressaltar que ao folhear 
um artigo as figuras são sempre um ponto de interesse, portanto devem ser além de criativas, 
elucidativas, claras e autoexplicativas, de forma que o leitor não precise recorrer ao texto para 
entendê-las. Figuras compreendem gráficos, fotos, desenhos e esquemas. Tabelas são mais 
utilizadas quando temos informações muito complexas ou muitos dados que seriam maçantes se 
descritos no texto (PEREIRA, 2013). 
Os dados registrados em figuras ou tabelas não devem ser repetidos no texto, além disso, 
nos resultados não é feita discussão dos dados que devem ser apenas apresentados. 
Figuras e tabelas devem ter título e legendas curtos porém explicativos, são pontuados. Suas 
variáveis e respectivas unidades de medida sempre registradas. Devem ser numerados em 
algarismos arábicos e exibidos de forma sequencialmente conforme o texto. Nos trabalhos 
quantitativos os resultados podem ser submetidos a análise estatística. É ideal fixar a mesma sigla 
(número, cor, letra) para uma mesma variável caso esta esteja presente em mais de uma 
figura/tabela. A coerência com a sigla utilizada para determinar uma variável torna a compreensão 
mais óbvia, por exemplo, azul para identificar água, preto para identificar stress. Pesquisas na área 
médica utilizam unidades do Le système Internacional dÚnités (SI) para exprimir valores dos 
resultados, tais siglas são internacionais e não aceitam plural. 
A comunicação visual é parte importante na comunicação científica e quando bem usada 
enriquece o artigo. 
 
 
 
 
 
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Discussão 
 A discussão é o tópico mais importante. Pois é nessa seção que o autor deve fundamentar seus 
resultados obtidos. Cabe ao autor, conversar com o leitor, por meio de um texto argumentativo, 
com a finalidade de sustentar adequadamente as conclusões do estudo. O texto deve ser lógico e 
argumentativo. Nesta seção deve-se validar os métodos utilizados e mostrar que a sua interpretação 
dos dados está correta (VOLPATO, 2007). 
É necessário relacionar os dados com idéias teóricas e associar com o conhecimento 
atualizado. Porém, o autor deve evitar ao máximo, se limitar somente ao confronto de resultados 
entre outros autores. Faz-se necessário a fundamentação teórica e lógica dos fatos, de forma que o 
autor consiga sustentar seus achados. Ou seja, cabe ao autor utilizar de todas as evidências para 
convencer ao leitor da validação de suas conclusões (VOLPATO, 2015). 
É interessante e cada vez mais usual iniciar o tópico discussão com um parágrafo que 
concisamente reúna todos os resultados, de forma lógica e interligada, a fim de elucidar a temática 
do trabalho. Isso deve nortear o que será defendido durante toda a discussão e permite que o leitor 
possa acompanhar melhor a argumentação. Além do mais, ajuda ao leitor e ao próprio autor a criar 
a sequência da discussão a ser feita (VOLPATO, 2007). 
Não é exatamente uma regra, mas a discussão deve ser escrita no presente, embora isso vai 
depender do tipo de pesquisa feita. Outro ponto importante, é evitar o nome do autor dentro da 
frase, de forma que o destaque não seja o autor, mas a informação. Assim o texto se torna mais 
sintético e somente é enfatizado o que é relevante. Não é exatamente errado juntar Resultados e 
Discussão, mas há o risco eminente de empobrecimento da Discussão. Isso ocorre porque, a seção 
única agregada, será destinada em grande parte a reportar ao resultado obtido, ocultando a essência 
do artigo que é a discussão, ou seja, a argumentação e validação desses resultados. Escrevendo 
separadamente, o autor chama a atenção ao conhecimento produzido, e evidencia o cerne da 
pesquisa (VOLPATO, 2007). 
Por fim, deve-se evitar extrapolar os dados obtidos, para não cair no campo da suposição, 
assim como deixar de discutir aquilo que foi descortinado também se configura um erro grave. De 
um modo geral os dados devem corroborar fortemente com a interpretação (VOLPATO, 2015). 
 
Conclusão 
Na conclusão o autor deve destacar as conclusões fundamentadas no item Discussão. De um 
modo objetivo, deve atender aos objetivos traçados. Não cabe ao tópico conclusão apresentar nada 
 
 
 
 
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novo. Também não cabem divagações nem extrapolações dos resultados, muito menos um manual 
ou guia de ações. Além do mais, as conclusões não podem extrapolar o embasamento dos dados 
coletados. Se o tipo de trabalho permitir, pode o autor inferir uma aplicação prática (VOLPATO, 
2007). 
 
Agradecimentos 
É de bom tom agradecer quem ajudou e não é co-autor. De forma objetiva e profissional. 
Instituições de fomento a pesquisa não fazem parte do agradecimento, pois existem para este fim. 
Se necessário aqui, no tópico agradecimento, deve limitar-se a reportagem do financiamento. Caso 
contrário, esse tipo de informação deve ser colocado em seção apropriada (VOLPATO, 2007). 
 
Elementos pós textuais 
 
Segundo Curty & Boccato (2005), são considerados aqueles que complementam o artigo. Sua 
ordem é a seguinte: 
● Título em língua estrangeira; subtítulo (se houver) em língua estrangeira; 
● Resumo em língua estrangeira: versão do resumo da língua do texto para o inglês; 
● Palavras-chave em língua estrangeira é a versão das palavras chave da língua do resumo em 
língua estrangeira. Em inglês chama-se key words. 
● Notas explicativas: são usadas para apresentação de comentários e esclarecimentos que não 
possam ser incluídos no texto; sua numeração é feita em algarismos arábicos, 
consecutivamente, e são apresentadas no final dos artigos; 
● Referências: item obrigatório. 
● Glossário: elemento opcional. É uma relação, em ordem alfabética, de termos técnicos 
empregados no decorrer do texto, com o significado atribuído a cada item, para facilitar sua 
compreensão. 
● Apêndices: são considerados elementos opcionais criados pelo próprio autor com a 
finalidade de complementar o trabalho (suporte elucidativo e ilustrativo dispensável à 
compreensão do texto). São identificados por letras maiúsculas consecutivas acompanhadas 
de travessão e de seus respectivos títulos. 
● Anexo(s)
: também elemento(s) complementar(es), mas não elaborado(s) pelo autor do 
trabalho, e serve(m) de fundamentação, comprovação ou ilustração (suporte elucidativo e 
 
 
 
 
11 
 
ilustrativo indispensável à compreensão do texto). São identificados por letras maiúsculas 
consecutivas acompanhadas de travessão e de seus respectivos títulos. 
 
 Referências Bibliográficas 
É uma lista ordenada dos documentos efetivamente citados no texto; a menção dos 
documentos que serviram de base para sua produção é imprescindível para que esses documentos 
possam ser identificados, sendo necessário que tais elementos permitem sua identificação e 
reconhecimento, e isto só acontecerá através das referências bibliográficas. 
Sendo importante frisar que a qualidade é mais importante do que a quantidade, e quando 
temos muitas referências sobre o mesmo assunto, o ideal colocar a primeira que equivale a original 
e a última validando que o assunto ainda está em vigor. 
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define padrões para apresentação de 
trabalhos, sem esses padrões fica difícil localizar e identificar as fontes utilizadas no trabalho 
científico, no entanto, cada revista solicita o formato de sua preferência. 
 
Referências Bibliográficas 
 
CAMPANA, A.O. Redação de trabalho científico. Jornal de Pneumologia, 26(1) 30-35, 2000. 
CURTY, M.G. & BOCCATO, V.R.C. O artigo científico como forma de comunicação do 
conhecimento na área de ciência da informação. Perspectivas da ciência da informação, Belo 
Horizonte, v.10 n.1, p. 94-107, jan./jun. 2005. 
Köche, J. C. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 
13.ed. Petrópolis: Vozes, 1997. 
PEREIRA, M.G. A seção de resultados de um artigo científico. Epidemiol. Serv. Saúde v.22 n.2 
Brasília jun. 2013. 
STUMPF, I.R.C. Passado e futuro das Revistas Científicas. Ciência da Informação - Vol 25, n 3, 
1996. 
VOLPATO, G.L. Publicação científica. Botucatu:Santana, 2002. 
VOLPATO, G.L. Como escrever um artigo científico. Anais da Academia Pernambucana de 
Ciência Agronômica, Recife, vol. 4, p.97-115, 2007. 
VOLPATO, G.L. O método lógico para redação científica. RECIIS – Rev Eletron de Comun Inf 
Inov Saúde. jan-mar; 9(1), 2015. 
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Instituto de Psicologia - Biblioteca Dante Moreira 
Leite, Tipos de revisão de literatura, 2015. Disponivel 
em:<http://www.ip.usp.br/portal/images/biblioteca/revisao.pdf>

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