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ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES DIREITO DAS OBRIGAÇÕES Washington Carlos de Almeida P1 - 23 de março P2 - 12 maio E-mail monitor: monitoria_civil@outlook.com 09/02/2017 Art. 233 a 420 do CC Livro do professor - Direito Civil (6a edição) Resumo no Moodle Provas: 2 questões teste - com fundamentação (questão do ENADE) - citar o art. Do CC 3 questões dissertativas Usar só legislação Passa olhando o Código Natureza especial da norma jurídica: imperatividade e coercitividade. Não é sanção! Norma moral tb tem sanção. PARTE GERAL - Formular 10 questões 2 folhas - 1 preenchida e a outra em branco com as questões 1 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES 10/02/2017 Livro página 5 1) A posição do Direito das Obrigações no Código Civil; Parte Geral - art. 1 a 132. Direito das Obrigações do art. 233 a 420, na Parte Especial. É o ramo das atividades onde a pessoa e os bens estão envolvidos, gerando vínculo. 2) Estrutura da Relação Jurídica Obrigacional; Sustentação. Três elementos, princípios. 1) PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE PRIVADA- a liberdade de contratar. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Ninguém é obrigado a assumir compromisso se não quiser. Mas esse princípio fica condicionado ao poder aquisitivo. É o elemento da estrutura jurídica obrigacional que fica condicionado ao poder aquisitivo das partes de acordo com a função social do bem. 2) PRINCÍPIO DA BOA FÉ OBJETIVA Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. As obrigações são cumpridas de forma espontânea. É característica do cumprimento da obrigação (Pergunta de prova!!!). A partir do momento que o estado entra na relação jurídica obrigacional (juiz), não chama mais obrigação. Chama RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL. Isso acontece quando o estado entra na relação jurídica obrigacional, a pedido de uma das partes, e determina o cumprimento de uma obrigação. 3) CAPACIDADE E LEGITIMIDADE DAS PARTES Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei Agente capaz. Legitimidade significa autorização. É um outro princípio da estrutura jurídica obrigacional. Ex. marido precisa da autorização da mulher para vender. 3) Sujeitos da Relação Jurídica Obrigacional São dois, ativo e passivo. O ativo é chamado de credor e o passivo é o devedor. O sujeito, na relação jurídica obrigacional, ora é ativo e ora é passivo. É ativo quando é o titular do direito de crédito, e passivo quando ao receber o crédito tem a obrigação de entregar a coisa certa. 2 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES Dependendo do negócio jurídico poderão surgir outros sujeitos. Ex: Locador e Locatário. Fiador Terceiro Interessado: Fiador. Aquele sujeito que participou das tratativas, opinou, assinou. Estava no nascimento da obrigação. Está diretamente interessado no cumprimento da obrigação. Outro exemplo: avalista. Terceiro não interessado: não estava no nascimento da obrigação. Aparece no negócio jurídico por força da lei. Ex. o avô que é chamado a cumprir obrigação de pagar alimentos. Sujeito Indeterminado (art. 467): Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. Poderá surgir ou não. Ex. revender a terceiro imóvel que adquiri. Art. 467 contrato com pessoas a declarar. Tem que ter a previsão contratual. 3 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES 16/02/1979 CONCEITO DE OBRIGAÇÕES Pg 12: conceito recepcionado na teoria é o de Washington de Barros Monteiro ¨É a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre o devedor e o credor, cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, derivada pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio”, em se tratando de pessoa jurídica, aplicar-se-á o entendimento do art. 50 do CC. 1) Transitório: ninguém fica atrelado a uma pessoa indefinidamente. A obrigação tem data para começar e para ser extinta. Todo contrato tem começo e fim. 2) O objeto da obrigação é a prestação: é aquilo que vou fazer no relacionamento entre pessoa/pessoa, ou pessoa e coisa. 3) Positiva / Negativa: Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. Art. 243 = obrigação de coisa incerta Art. 247: objeto de fazer ANOTAR no CC: obrigações positivas: dar e fazer (coisa certa ou incerta). Art. 250: não fazer. ANOTAR NO CC: obrigação negativa (não fazer) 4) Adimplemento: é diferente de pagamento. É a extinção da obrigação. Já pagamento se aplica às quotas periódicas. Adimplemento é o cumprimento, a extinção da obrigação, põe fim ao cumprimento da obrigação. Questão OAB: compra e venda em balcão à vista. Foi pagamento ou adimplemento? Os dois! 5) Garantias no negócio jurídico obrigacional: a) Pessoais ou Fidejussórias: são duas = fiador para contrato, e avalista para títulos de crédito. É se comprometer com o cumprimento das obrigações. b) Reais: Art. 1225 do CC. Garantias reais 4 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; ESCREVER : DIREITOS REAIS DE GARANTIA. Surgem porque precisa de dinheiro e não tenho. Direitos reais são direitos da coisa. Penhor é a garantia da coisa móvel. A coisa dada em garantia no penhor fica empenhada (não é penhorada! Penhora é a execução da dívida). O bem dado em garantia fica de posse do credor. Hipoteca:é a garantia da coisa imóvel. O bem dado em garantia fica de posse do devedor. Transferência da propriedade: Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição. Tradição = é a transferência da propriedade móvel. Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. No registro de imóveis, vai escrever que imóvel está hipotecado, durante o período de financiamento. A propriedade móvel se transfere pela tradição, a imóvel pelo registro imobiliário. Anticrese: é a garantia dos frutos. Se vc não pagar, vou ficar com o aluguel que você recebe. Outro exemplo: produtor rural dá safra em garantia. Há ainda uma quarta garantia que não aparece no CC: alienação fiduciária em garantia (fiducia = confiança). Ex: compra de veículo com financiamento do banco (alienado ao banco x). 5 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES 6 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES AULA 09/03/2017 Estamos estudando as obrigações alternativas Exemplo 06 estátuas ou 06 quadros Objetos devem ter o mesmo valor. Dois objetos distintos mas de mesmo valor patrimonial. Tratado no nascimento da obrigação (art. 252 do CC). 09 mar 6 quadros 09 abr 6 quadros 09 maio 6 quadros 09 jun 6 quadros Art. 253 do CC: se uma das duas não for exequível, substituirá o débito quanto a outra. Ou seja, se faltar bronze, entrego os quadros. Art. 254 do CC: ia entregar estátua, ia entregar quadro, não tenho nenhum dois dois. Responde pelo valor em dinheiro. Credor pode ainda ajuizar ação por perdas e danos. Art. 255 do CC: IMPORTANTE: OS VALORES PRECISAM SER EQUILIBRADOS NAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS COM CULPA = 402 do CC SEM CULPA = RESOLVIDA A OBRIGAÇÃO, DEVOLVE o DINHEIRO (ART. 256) --------------------- OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS Art. 257 a 258 Presunção legal e a figura do ¨concursu partes fiunti¨ Temos no direito duas presunções: 1) ¨Juris Tantum ¨ = relativa, pode ser que seja assim… (ex. Exame de DNA = probabilidade de 99%... 2) ¨Yuri At de Yuri ¨ = absoluta, não admite prova em contrário (Ex. está no contrato, está na lei) 7 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES OBS: Se houver multiplicidade de devedores ou de credores (cocredores ou codevedores) em obrigação divisível, haverá presunção legal, ¨juris tantum¨, de que a obrigação está dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos forem os credores ou devedores. Dessa presunção legal decorre o princípio do ¨concursu partes fiumti¨, de que havendo concurso de mais participantes numa mesma obrigação, nenhum credor poderá pedir senão a sua parte, nenhum devedor está obrigado senão pela sua parte material ou intelectual. Quatro sujeitos: A B C D Cada um responde por 25% do crédito e do débito. Parte exata daquilo que foi tratado. Se não estiver nada no contrato, pressupõe cotas iguais. Se no contrato estiver diferente, vale o contrato. Art. 87 e 88 do CC + art. 257, 258, 259 do CC. Art. 259: A B C (codevedores) = D (credor) Estátua é a dívida é de R$ 90 mil Se a paga a totalidade, vira credor de B e C Art. 260 A e B cantores de música sertaneja, encomendaram de C par de brincos. No dia do cumprimento da obrigação A compareceu e pagou R$ 10 mil Dez dias depois B disse que desfez a sociedade e exigiu que C entregasse outro par de brincos. Caução de ratificação: documento expedido por um cocredor a outro credor autorizando o recebimento da obrigação indivisível por inteiro. Juiz mandou entregar novo par de brinco. Está certo. Art. 260, II Art. 261 A deve para B C e D um cavalo árabe B C e D são cocredores R$ 600 mil Quando A entrega o cavalo para B, esse vira devedor de C e D (R$ 200 mil para cada um) Art. 262 Quando um credor perdoa a dívida ela subsiste nos outros Art. 263 8 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES AULA 10/03/2017 OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS Arts. 264 a 266 do CC Solidariedade Ativa Solidariedade Passiva Aplica-se tanto no débito quanto no crédito da solidariedade. A solidariedade é determinada pela lei ou a vontade das partes. Não se presume. É um acúmulo de responsabilidade. É aquela em que havendo multiplicidade de credores ou de devedores, ou de uns e outros, cada credor terá direito a totalidade da prestação , como se fosse o único credor, ou cada devedor estará obrigado pelo débito todo, como se fosse o único devedor. O pagamento do débito a um dos credores exonera o devedor da cobrança dos demais. Se um dos devedores pagar a dívida ao credor, ter-se-á a quitação dos outros. O credor, que vier a receber, deverá entregar a parte cabível aos cocredores, e o devedor, que solver o débito deverá exigir dos outros as suas partes. Não precisa ter caução de ratificação, porque não se presume. Art. 266: diz que prazo e local do pagamento podem ser diferentes. Estabelecida no nascimento da obrigação. SOLIDARIEDADE ATIVA Art. 267: cumprimento da obrigação por inteiro. Art. 268: princípio da prevenção judicial. Até a demanda qualquer devedor poderia cobrar, qualquer poderia pagar. A partir desse momento, só quem demandou pode receber, só quem foi demandado, pode pagar. 270: sucessão. Herdeiros credores podem exigir a sua parte 276: só é possível cumprir a obrigação se devedor deixou herança. Se não deixou herança, quem assume não são herdeiros, mas os outros codevedores solidários. 271: todos pagam perdas e danos. 272: credor que perdoar a dívida responderá aos outros pela parte que lhes cabia. 273: o devedor poderá opor exceção comum a todos (por exemplo extinção da obrigação, impossibilidade da prestação). Devedor não vai cumprir a obrigação porque ele se tornou inexequível. Isso é comum a todos e vale para todos. Todavia, o devedor não poderá alegar contra um dos credores solidários exceções ou defesaspessoais (incapacidade, vício de consentimento, etc) que sejam oponíveis aos demais. A defesa apresentada contra um cocredor, que agiu por exemplo com dolo, não poderá prejudicar os outros, nem alterar o vínculo devedor com os demais credores solidários. Exemplo: se ¨Ä ¨ (cocredor) usar de artifícios maliciosos na celebração do contrato, enganando ¨D ¨ (devedor) estando ¨B ¨ e ¨C¨ cocredores de boa fé, a alegação daquele dolo pelo devedor ¨D ¨ não poderá ser oposta 9 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES contra eles (B e C). Se prejudicou toda a relação jurídica, extinta a obrigação. Se só prejudicou quem fraudou, ele sai da obrigação mas ela continua. 274: 10 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES AULA 16/03/2017 SOLIDARIEDADE PASSIVA (estudamos classificações das obrigações e depois as obrigações (modalidades - dar coisa certa, etc, obrigação solidária) Art. 275: Parágrafo único: o fato de eu demandar um devedor não exime a dívida dos demais devedores. Não está renunciado. Art. 283: insolvente Art. 285: impossibilidade do direito de regresso. Se aplica em garantia fidejussória (pessoal). Exemplo contrato de locação. No caso de fiança o fiador não tem direito de regresso contra outros cofiadores. Tem regresso contra locatário. SÓ EM GARANTIa DE CONTRATO DE FIANÇA. Art. 279. Pelas perdas e danos só responde o culpado. Art. 280. Todos os devedores respondem pelo juro da mora, mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. Art. 277. Remissão na solidariedade passiva é diferente na passiva da ativa. Quando credor perdoa a dívida na solidariedade ativa, todos os devedores aproveitam (art. 272) Já no 277, o não aproveitam os devedores, não extingue a obrigação. Como saber? Está no contrato. Se aplicar com base no 272 está extinguindo a obrigação. Se aplicar com base no 277, não extingue a obrigação. ENCERRAMOS OBRIGAÇÃO CIVIL Imprimir acórdão que está no moodle (safra de arroz) Exercicio: Contrato de dar coisa incerta não é contrato aleatório. Concentração: é o momento de informar o credor que ele vai entregar. 1) 2) 11 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES ESTUDO PARA PROVA 1: Direito das Obrigações: ramo das atividades onde as pessoas e os bens estão envolvidos, gerando vínculo. A palavra obrigação constitui ligação entre credor e devedor. São dois elementos: a existência de uma prestação e a responsabilidade do devedor pelo seu pagamento. É a obrigação jurídica de caráter transitório, estabelecida entre o credor e devedor, cujo objeto consiste numa prestação econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio. Sua principal finalidade consiste em fornecer meios ao credor para exigir do devedor o cumprimento da prestação. Em se tratando de pessoa jurídica, aplicar-se-á o entendimento do art, 50 do CC. Se não conseguir pagar com a pessoa jurídica, passa a pagar com os da pessoa física, exceto o bem de família que não pode ser penhorado. Exigências da Obrigação: - Um sujeito ativo (credor) e um passivo (devedor); - Um objeto que pode consistir em dar, fazer, não fazer; - Uma sanção decorrente do vínculo jurídico. Características do direito das obrigações: - O objeto: é a prestação a se transformar em obrigação de dar, fazer ou não fazer. - Sujeitos: credor e devedor; - Vínculo: é o contrato, que pode ser escrito ou não. Precisa apenas ter valoração econômica (valor relevante); - Exigibilidade: deve ser espontaneamente cumprida pelo devedor; - Extensão: são ilimitadas quando se referem às prestações e limitadas ao se tratarem de direitos reais; - Autonomia privada: indivíduos têm ampla liberdade em externar a sua vontade, limitada apenas pela ilicitude do objeto, pela inexistência de vícios, pela moral , bons costumes e ordem pública. Vontade. Fonte das obrigações: - Contrato: acordo entre partes faz nascer um vínculo entre elas (art. 421 a 480); - Declaração unilateral de vontade: nos títulos ao portador ou na promessa de recompensa, onde apenas uma parte se manifesta e cria obrigações resultantes de vontade. Arts 854, 861, 876, 884 - Ato ilícito: traduz o dever de reparar o dano produzido por comportamento humano. Arts 186, 187 e 927 Elementos da obrigação: - Os sujeitos ativo e passivo; - O vínculo obrigacional entre os sujeitos (a prestação) - O objeto da relação jurídica. Fases do direito obrigacional: - 1a fase: nascimento da obrigação. Fase mais importante, representada pelos princípios da boa fé objetiva e autonomia da vontade. Para a obrigação existir basta 12 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES um sujeito ativo e um passivo; um objeto (prestação de dar, fazer ou não fazer). (Contrato de doação, pode recusar, precisa de 2 sujeitos). Todos amparados pelo artigo 104 do CC, que fala dos requisitos do negócio jurídico. - 2a fase: submissão ao vínculo jurídico: compromisso fundado na lei, submisso através da imperatividade da lei. Nessa etapa, situações particulares como os costumes assumem importância. - 3a fase: cumprimento da obrigação: característica é a espontaneidade - A modo direto: exemplo no artigo 304 , 308 Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor (Seção I - De quem deve pagar) Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito. (Seção II - Daqueles a quem se deve pagar). Arts. 304 a 333. - Modo indireto: exemplo prestar serviço do valor que você devia, ou dar objeto no valor da sua dívida. Dação em pagamento, novação, confusão, compensação, dentro outros Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais. E demais. - Transmissão de obrigação: a) Cessão de crédito: Se eu for credor, cedo o meu crédito (art. 286) Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito,se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. b) Assunção de dívida: (art. 299) Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. c) Cessão de contrato Evolução histórica da Obrigação: No instituto das obrigações foi Aristóteles quem dividiu as relações obrigacionais em 2 tipos: as voluntárias - que são oriundas de um acordo entre as partes (compra e venda, o mútuo e o comodato/empréstimos e o depósito); e as involuntárias - oriundas de um fato do qual nasce uma obrigação. No Direito Romano as fontes obrigacionais foram evoluindo conforme a transformação da sociedade nascendo novos vínculos e obrigações. Classificação das Obrigações: - Obrigação Civil: há um vínculo jurídico que sujeita o devedor à realização de uma prestação no interesse do credor, conferindo a este o direito de ação contra o devedor inadimplente. O liame entre os sujeitos compreende o debitum (o dever) e a obligatio (a responsabilidade) para o débito. Modalidades: - Art. 233: obrigação de dar coisa certa - Art. 243: obrigação de dar coisa incerta 13 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES - Art. 247: obrigação de fazer (positiva) - Art. 250: obrigação de não fazer (negativa) - Art. 252: obrigações alternativas - Art. 257: obrigações divisíveis - Art. 258: obrigações indivisíveis - Art. 264: obrigações solidárias propedêuticas - Art. 267: obrigações solidárias ativas - Art 275: obrigações solidárias passivas - Obrigação Natural: quem paga, paga o que deve). É a obrigação que, embora desprovida de ação, o seu adimplemento (cumprir, executar, completar) constitui verdadeiro pagamento, e não mera liberalidade, conferindo ao credor a soluti retentio, de modo que, quem a cumpriu, não tem direito de reclamar a restituição. Ex. pagamento de dívida de jogo. É inexigível do ponto de vista jurídico. Arts. 814 ao 823. - Obrigação Moral: não reflete na seara jurídica. É aquela cumprida por dever de consciência, cuja execução é mera liberalidade e não pagamento, embora confira a quem recebeu a soluti retentio. Ex. gorjeta de garçom, uma vezes pago, não posso pedir de volta. - Obrigação moral é diferente da natural. A moral não tem previsão legal. - Obrigação proprier rem: própria da coisa. Aquela que acompanha a coisa. Ex. condomínio - pagamento diferente de acordo com o valor do bem. Liberalidade de contratar. IPTU, IPVA, multa do veículo (e não do condutor). - Princípios relacionados às obrigações : - Princípio da autonomia da vontade privada: ninguém é obrigado a assumir compromisso se não quiser. Mas fica condicionado ao poder aquisitivo. Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. - Princípio da boa fé objetiva: as obrigações são cumpridas de forma espontânea. É característica do cumprimento da obrigação. A partir do momento que o ESTADO entra na relação jurídica obrigacional (juiz) não chama mais obrigação. Passa a se chamar RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. - Capacidade e Legitimidade das parte: a validade do negócio jurídico requer agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, forma prescrita ou não defesa em lei (art. 104 do CC). - Sujeitos na relação jurídica obrigacional: ativo (credor - titular do bem) e passivo (devedor - adquirente). Pode haver também terceiros interessados (ex. fiador). Esses devem estar no nascimento da obrigação. Terceiro não interessado, que não 14 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES estava no nascimento da obrigação mas aparece por força da lei (ex. Avó que é chamada a cumprir a obrigação de pagar alimentos). E ainda sujeito indeterminado, que pode ou não surgir (ex. Revender a terceiro imóvel que adquiri. Tem que haver previsão contratual - CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR). Art. 467. No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA Consiste na disponibilização de um bem individualizado e determinado, fazendo-se distinto dos demais. Poderá, entretanto, a entrega ser de natureza não específica, mas genérica; isto é, com o objeto da entrega recaindo sobre a quantidade e não sobre a qualidade da coisa (ex. entrega por parte do devedor de 100 sacas de café). Em sentido oposto, será específica quando incidir sobre um objeto certo e determinado (ex. Um cavalo de corrida de nome faraó, um quadro x de determinado pintor). O objeto da obrigação, a coisa certa, servirá para o adimplemento da obrigação (art. 313 do CC). Do mesmo modo, o credor não pode exigir outra prestação, ainda que menos valiosa. Esse ideário sustenta o princípio pelo qual os contratos devem ser cumpridos conforme ajustados. Também não pode o devedor extinguir a obrigação, substituindo a coisa que é seu objeto por dinheiro, uma vez que esse procedimento significaria a mudança arbitrária e unilateral de uma obrigação simples para uma obrigação alternativa. Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. (o acessório segue o principal. Coisa certa é uma coisa única. Acessório é todo bem que auxilia e faz parte do principal, roda, estepe, macaco, do carro. Título = contrato. O acessório está sempre com o principal, mas pode estar previsto no contrato que não estará - vender carro sem estepe… a pessoa que comprar vai pagar mais barato - precisa saber - boa fé). Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que maisvaliosa. Consequência da perda ou deterioração da coisa certa: O devedor deverá zelar pela conservação da coisa, mas ainda que assim o proceda, de modo diligente, pode o objeto se perder. Nesse sentido, não havendo então a culpa do devedor e perdida a coisa ANTES da tradição (entrega do bem), encerra-se a obrigação para ambos e o prejuízo fica adstrito ao dono do bem. Se já houver sido efetuada a tradição, e os danos ocorrem em seguida, recairão ao novo proprietário os prejuízos. De outro modo, se existir a culpa por parte do devedor e a coisa se deteriorar, sofrendo diminuição de seu valor, o credor escolherá se prefere a coisa nas condições em que se encontrar, com abatimento do preço do estrago, ou se considerará desfeita a relação. Nas obrigações de dar se incluem as prestações de índole diversa: de restituir. Caracteriza-se por envolver uma devolução, como no caso do locatário, do mutuário, do comodatário, do depositário e do mandatário. O devedor, por ter recebido coisa alheia, deve 15 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES devolvê-la ao seu proprietário, uma vez que houve apenas cessão da posse da coisa (art. 238). Se o bem sofre deterioração sem culpa do devedor, o credor o receberá no estado que estiver, sem direito a indenização. Se houver culpa do devedor, poderá o credor exigir o equivalente acrescido de perdas e danos. Pode ainda optar por receber o bem no estado em que se encontrar, mais perdas e danos (arts. 239, 240 e 1.435,IV). Logo, se for provada a perda total do bem, sem a culpa do devedor, o credor, isto é, o proprietário, assume todos os prejuízos e a obrigação acaba, assim como ocorre na hipótese da perda ou deterioração da coisa certa, PORÉM, uma vez provada a culpa do devedor, este responderá pelo valor equivalente, mais perdas e danos (arts. 239, 583, 1995). Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. (Perda = coisa perdeu a finalidade principal e não pode mais empregá-la em nenhuma atividade. Ex. perda total). (Condição Suspensiva: é o ato do negócio jurídico que interrompe temporariamente até que se cumpra determinada situação. Ex. esperar cair o cheque, compensar) Exemplo: vendi um automóvel para você, digo que entrego amanhã, você já me pagou, parei o carro em frente a minha casa, caiu uma árvore nele por causa da chuva, não tive culpa… devolvo o cheque para você e arco com o prejuízo. Perdas e danos: art. 402: exceções caso fortuito (ação da natureza) e força maior (ação humana - assalto). São excludentes de responsabilidade. O que deixa de lucrar = lucro cessante. Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. Se a perda resultar da culpa, responderá pelo equivalente (valor da coisa em dinheiro) e mais perdas e danos. Art. 927: Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Ex. barqueiro que comprou barco do casal, além de receber o dinheiro de volta, pode pedir lucros cessantes (já que trabalha com isso e teve prejuízo) e ainda danos morais pelos seus clientes que deixou de levar. Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. (exemplo - deterioração de um imóvel por uma grande tempestade) (Deterioração = a coisa perdeu a finalidade principal, porém pode empregá-la em outra atividade. Ex. boi que antes dava sêmen e agora é estéril) Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. 16 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. (se resolver a obrigação, não pode pleitear perdas e danos). São as vantagens produzidas pelas coisas, ou seja, seus melhoramentos (quantitativos ou qualitativos) que na obrigação de dar coisa certa, pertencem ao devedor que poderá deles exigir aumento no preço ou a resolução da obrigação, se o credor não concordar em pagar. Ex. comprei 10 vacas, já paguei, mas só vou pegar daqui 4 dias. Nesse meio tempo , duas delas tem filhote, eles pertencem a quem vendeu, por isso pode me cobrar mais para levá-los também. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. (como melhoramentos devem ser incluídos os frutos, bens acessórios que são retirados do principal sem lhe diminuir a quantidade. Os frutos podem ser classificados da seguinte forma: a) frutos pendentes, aqueles que ainda não foram colhidos; b) frutos percipiendos, aqueles que deveriam ter sido colhidos mas não foram; c) frutos percebidos, aqueles que já foram colhidos pelo dono; d) frutos estantes, aqueles que já foram colhidos e encontram-se armazenados; e) frutos consumidos, aqueles que foram colhidos e desapareceram. Frutos percebidos são do devedor e pendentes são do devedor. Os demais, são todos do devedor. Quanto aos percipiendos, se não colhidos após a tradição, serão do credor, novo proprietário do bem principal) Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. (Exemplo 1: se vigente um comodato e o comodatário (devedor) for assaltado à mão armada, sendo levado o veículo emprestado, o comodante (credor) sofrerá a perda, não podendo pleitear qualquer direito da outra parte. Exemplo 2: uma locaçãoem que há o dever de devolver o imóvel ao final do contrato. Na hipótese de incêndio causado por caso fortuito (imprevisível) ou força maior (previsível, mas inevitável), e que destruiu o bem locado, o locador não poderá pleitear um novo imóvel ou o valor correspondente, mas terá direito aos aluguéis vencidos e não pagos até o evento danoso). Res perit creditore: a coisa perece para o credor ¨A locadora de veículos Viagem Feliz locou a José um carro da marca Ford K por um período de 10 dias, pelo valor de R$ 250. No primeiro dia da locação José, ao ultrapassar outro veículo, foi multado em R$ 750. No terceiro dia José foi multado por ultrapassar o sinal vermelho em R$ 180. No quinto dia o carro foi roubado por dois indivíduos fortemente armados. O proprietário ajuizou ação cobrando o valor de R$ 50 mil, referente ao valor total do veículo, incluindo as obrigações propter rem. Diante dos fatos, redija a defesa de José. Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. (No exemplo anterior, do aluguel, caso o locatário seja responsável pelo incêndio, diga-se provado o seu dolo ou culpa, o locador poderá pleitear o valor correspondente ao bem, sem prejuízo de perdas e danos) 17 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. (a-Havendo deterioração sem culpa do devedor, sem direito a indenização, como nos casos de caso fortuito e força maior; b-havendo culpa do devedor, o credor passa a ter direito de exigir o valor da obrigação, mais perdas e danos. Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. (vedação do enriquecimento sem causa) (melhoramentos na coisa restituível por acessão natural. Melhoramentos (benfeitorias) ou acréscimos (avulsão / aluvião). Se o bem restituível se valoriza em função de melhoramentos (benfeitorias) ou acréscimos (avulsão), que se derem sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor com o fato sem pagar qualquer indenização pelo simples fato de ser o proprietário da coisa. Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. § 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. § 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. § 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Necessárias: indenizáveis Úteis: discutível Voluptárias: jamais (piscina na casa alugada) Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. (vedação do enriquecimento sem causa. Devedor deverá ser indenizado pelas benfeitorias úteis e necessárias) Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé. (Frutos percebidos são os já colhidos pelo proprietário, no caso, pelo devedor. Se de boa fé, terá direito aos frutos. Se de má fé, não haverá qualquer direito, além de responder por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como por aqueles que por sua culpa, deixou de perceber (arts. 1214 a 1216). Se a coisa restituível se valorizar em virtude de frutos, benfeitorias Adimplemento: é diferente de pagamento. É a extinção da obrigação. Já pagamento se aplica às quotas periódicas. Adimplemento é o cumprimento, a extinção da obrigação, põe fim ao cumprimento da obrigação. Questão da OAB: compra e venda em balcão, a vista. Pagamento ou adimplemento? Os dois! Garantias no negócio jurídico obrigacional: 18 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES - Pessoais ou Fidejussórias: são de dois tipos, fiador para contrato e avalista para títulos de crédito. É se comprometer com o cumprimento das obrigações. - Reais: direito da coisa. São direitos reais o penhor (a se aplica a coisa ,móvel), a hipoteca, a anticrese (contrato em que o devedor entrega um imóvel ao credor, transferindo-lhe o direito de auferir os frutos e rendimentos desse mesmo imóvel para compensar a dívida), alienação fiduciária em garantia. Objeto empenhado: bem móvel dado em penhor, o bem dado em garantia do penhor fica de posse do credor (tradição: transferência da propriedade móvel art. 1226); hipoteca: coisa móvel (exceção navio e motor do avião), o bem dado em garantia do penhor fica em posse do devedor (art. 108); anticrese: garantia dos frutos (ex. Aluguel - se você não pagar, vou ficar com o aluguel que você recebe, recebe aluguel direto; a safra de grãos em garantia, quero plantar e não tenho dinheiro); alienação fiduciária em garantia: móveis e imóveis (ex. Carro fica alienado, se não pagar devolve e vai para leilão). Art. 1.225. São direitos reais: VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. Transferência de propriedade: A propriedade móvel se transfere pela tradição; a imóvel, pelo registro imobiliário. Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição. Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA Sua prestação é indeterminada, mas suscetível de determinação, pois seu pagamento é precedido de ato preparatório de escolha que individualizará a prestação. Nesse momento a obrigação deixa de ser ¨dar coisa incerta¨para se tornar ¨dar coisa certa¨. Essa escolha acarreta na entrega do bem, nem de pior, nem de melhor qualidade, mas sim na seleção daquele com atributosmedianos. É importante que uma vez que a priori não exista a determinação da coisa em si, deve ser feita a determinação genérica e em quantidade. Essa indeterminação é finalizada em um momento conhecido como CONCENTRAÇÃO, no qual existe a efetiva escolha e individuação da coisa. Em 99% dos casos estamos falando de assuntos relacionados ao agronegócio. Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. (pelo gênero e espécie / quantidade) 19 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. (a escolha pertence ao devedor, se o contrário não constar no contrato = princípio da autonomia da vontade) Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. (se você especificar o que vai vender, vira coisa certa). Aplica-se portanto também o disposto no art. 313: Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. (gennus nunquam perit = gênero nunca perece. Escolha = concentração) Ex. safra de arroz seca: não consegue produzir, então você pode comprar/importar. Não pode chegar no dia e dizer que não tem nada para entregar Não se pode falar em inadimplemento da obrigação de dar coisa incerta. Só pode inadimplir de coisa certa, por força maior ou caso fortuito. OBRIGAÇÃO DE FAZER A obrigação de fazer vincula o devedor à prestação de um serviço ou ato positivo, imaterial ou material, podendo ser seu ou de terceiro, em benefício do credor ou de terceira pessoa. São dos seguintes tipos: Obrigação de fazer infungível: é uma obrigação de natureza individualizada que leva em consideração as habilidades específicas, os conhecimentos técnicos, culturais, artísticos e a capacidade de um determinado agente ante os demais, de maneira que a sua substituição se faz impossível. O devedor é insubstituível. Em muitas ocasiões a infungibilidade não está expressa, visto que a natureza da operação é personalíssima: se ¨A ¨ procura ¨B ¨ pois este é renomado cirurgião ou advogado, pondo suas esperanças na atividade laboral deste, é natural de se esperar que ¨B ¨ não possa ser substituído por outro médico ou advogado. Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível. (consequência do inadimplemento voluntário da obrigação, ver art, 389 Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Ou seja, devolve o dinheiro e paga danos morais / materiais. Nemo Potest precise cogi ad factum = ninguém pode ser diretamente coagido a praticar ato a que se obrigava. Ex. Tim Maia que cancelava shows, baile de debutantes sem príncipe global… Obrigação de fazer fungível: trata da obrigação em que a pessoa do devedor não é essencial, fazendo-se com que ela possa ser substituída por terceiro para a realização da 20 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES obrigação. Se o credor quer apenas o reparo em um determinado bem como o relógio ou um carro, pode não importar a ele se será feito por A, B ou C. São fungíveis já que para as prestações não são necessárias habilidades, conhecimentos ou aptidões individuais específicas. Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. (Trata da obrigação de fazer coisa fungível. Resta uma opção ao credor, antes da conversão da obrigação em perdas e danos, a de exigir que outra pessoa cumpra com a obrigação. Mesmo cumprida a obrigação por terceiro, o credor ainda poderá pleitear perdas e danos, desde que comprovados os prejuízos, já que não se pode indenizar dano eventual mas apenas o dano presente e efetivo) Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. (Quando a obra/fato não estiver concluída, em caso de urgência, o credor pode desfazer sem autorização judicial) Espécie de autotutela civil. Em casos de urgência, o credor, sem necessidade de autorização judicial, poderá executar ou mandar executar a obrigação, sem prejuízo de futura indenização por perdas e danos a que tiver direito. Pode ser ressarcido. Ex. em reforma de banheiro, se o pedreiro der o prazo e não cumprir, pode contratar outro, terminar a obra e fazê-lo pagar a diferença. Se a prestação não ocorrer com o devedor NÃO tendo culpa para tanto, assim como na obrigação de dar, resolve-se a obrigação, voltando as pessoas ao estado anterior a ela e com a devolução do que possam ter recebido. Ex. cantor que não pode cantar por culpa de acidente no qual não teve culpa; cirurgião que não opera pois estava internado, etc. De todo modo, para que se exonere da prestação, o devedor deverá provar que não teve participação nos fatos e que houve a impossibilidade de prestar a dita obrigação, como nos moldes do art. 393. Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. No entanto, se o devedor não prestou a obrigação por conta de seus procedimentos, deverá ele responder por perdas e danos. Ex. cantor que não comparece a show porque decidiu prolongar suas férias. Paga ele por perdas e danos, convertendo-se a obrigação de fazer em obrigação de dar. Se a prestação for de caráter fungível e o devedor agir de maneira morosa ou simplesmente não cumprir com a sua incumbência, pode o credor mandar executar o fato, à custa do devedor, sendo a prestação realizadapor terceiro e ainda cobrar do devedor original perdas e danos (art. 249). OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER As obrigações de fazer são obrigações positivas. A modalidade de não fazer é de natureza negativa, ou seja, se nas primeiras o devedor se compromete a realizar uma atividade, nas obrigações de não fazer o devedor se compromete a uma abstenção. Isso se verifica, por exemplo, quando o locador, propõe-se a não incomodar o locatário na relação que os 21 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES envolve; ou a obrigação de um artista de não se vincular a um empresário específico; ou ainda quando um estabelecimento comercial informa que não manterá atividades em uma região em que já existe um concorrente. Exemplo: servidão de passagem Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster. Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar. Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. (em caso de urgência, o devedor que descumpriu o convencionado pela lei, deverá ainda, indenizar as perdas e danos. Ex. prédio com mais andar do que o previsto no projeto. (Ex. tendo sido feita a construção pelo vizinho, o proprietário prejudicado, independentemente de permissão judicial, está autorizado pela lei a demolir o prédio construído irregularmente) Novamente se deve ponderar acerca da culpa ou não do devedor. Se este não se absteve de sua obrigação, sem ter culpa no episódio, resolve-se a obrigação ao se exonerar o devedor (art. 250). Exemplo caso em que uma pessoa assume a responsabilidade de não impedir a passagem de pessoas em sua propriedade, porém, por meio de determinação do poder público, para que se feche a passagem, é ela obrigada a agir dessa maneira, ferindo o que havia convencionado. Em sentido oposto, verifica-se a situação em que a pessoa se compromete a NÃO FAZER e contraria essa máxima, agindo de modo voluntário ou apenas negligente, denotando elemento de CULPA. Assim se consolida a possibilidade de o credor mandar desfazer o ato (art. 250), sob pena de se desfazer à custa do devedor e de o credor obter ainda perdas e danos. Não fazer é uma obrigação personalíssima e infungível. Pode ter origem legal ou convencional. Legal: não construir até certa distância do imóvel vizinho. Convencional: ex-empregado que celebra com a ex-empresa contrato de sigilo industrial por ter sido contratado pela concorrente. OBRIGAÇÕES SIMPLES E CUMULATIVA A primeira se refere às prestações que recaem somente sobre uma coisa (certa ou incerta) ou sobre um ato (fazer ou não fazer), destinando-se a produzir apenas um efeito, liberando-se assim o devedor após seu cumprimento. Pode-se, entretanto, a obrigação ser cumulativa: vende-se um quadro e um cavalo. Mais de uma prestação é devida conjuntamente, tendo o credor o direito de exigir todas elas do devedor. 22 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA É aquela em que existem duas ou mais prestações com objetos distintos, da qual o devedor se libertará mediante o cumprimento de uma delas. A escolha de qual será exercida normalmente fica adstrita ao devedor (art. 252), se outro formato não se pactuou. De todo modo, pode ser feita a escolha pelo credor ou mesmo por terceiros. Exemplo: quadro ou estátua. Outro exemplo: quando o devedor se obriga a construir uma casa OU a pagar quantia equivalente ao seu valor ao credor. Ele se liberta da prestação quando efetua uma das prestações convencionadas. Caracteriza-se então por: a) haver dualidade ou multiplicidade de prestações heterogêneas; b) exonerar o devedor da obrigação pela satisfação de uma das prestações para com o credor. Ela é vantajosa para ambas as partes em virtude do fato de que o devedor pode escolher a prestação que lhe trouxer menor prejuízo; e também é interessante ao credor pois com mais possibilidades de adimplemento, tem ele elevada a chance de ver a obrigação cumprida. Sendo assim, se um dos objetos perecer não será finalizada a obrigação, pois o credor pode reclamar o pagamento da prestação que ainda subsiste (art. 253). Porém importa dizer também que não pode a obrigação ser executada com o devedor dando parte de uma e depois parte da outra prestação (art. 253, parágrafo 1o). Frise-se que decidirá o juiz a respeito de qual prestação será cumprida se credor e devedor não a reconhecerem em comum acordo (art. 252,parágrafo 3o). Ademais, vale lembrar que antes da concentração, do momento da escolha do objeto, a obrigação é realmente alternativa, mas conforme ocorre indicação do bem esta se transmuta para uma obrigação simples. Vale mencionar que não se aplica à escolha da prestação o princípio do meio termo ou da qualidade média, uma vez que o titular desse direito pode optar por qualquer das obrigações. Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. § 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. § 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. § 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. § 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindoao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar. Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível 23 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. OBRIGAÇÃO FACULTATIVA A obrigação facultativa tem por objeto apenas uma obrigação principal e confere ao devedor a possibilidade de se liberar a partir do pagamento de outra prestação prevista na avença, com caráter subsidiário. Exemplo: vendedor se compromete a entregar 50 sacas de açúcar, mas o contrato permite que ele se libere entregando a cotação do produto em ouro. Não se confunde com a obrigação alternativa. Na facultativa há uma obrigação principal e uma acessória, e é a principal que determina a natureza do contrato. Na alternativa, as duas ou mais prestações estão no mesmo nível e o desaparecimento de uma não finaliza a relação. Na facultativa, não se fala em uma pluralidade de objetos; há uma unidade contraída que pode vir a ser substituída. Outra diferença é o fato de que a escolha, na alternativa, pode competir ao credor ou ao devedor; mas na facultativa a faculdade recai exclusivamente sobre o devedor. Aliás, na obrigação facultativa não existe uma escolha propriamente dita, ou seja, a concentração, mas sim o exercício de uma opção. E contrariando a obrigação alternativa, no caso do erro, não pode existir retratação se o devedor cumpre a obrigação principal, porque esta é a que gera a natureza da obrigação. Já se o devedor cumpre a subsidiária por erro, poderá repetir, pela mesma razão pela qual pode repetir nas alternativas. Se a coisa principal se perde, sem culpa do devedor, extingue-se a obrigação. Se a perda ou impossibilidade decorre de fato ligado ao devedor, o credor pode pedir o preço referente a coisa que pereceu, acrescido de perdas e danos. Se o perecimento foi do objeto principal, é justo que o credor possa exigir o pagamento da coisa acessória - se não quiser pedir indenização. Ainda, a nulidade da obrigação principal finaliza também a assessoria. No entanto a perda ou a deterioração do objeto da prestação acessória, com ou sem culpa do devedor, não influencia em nada a principal. A obrigação alternativa é uma obrigação comum, que tem por objeto uma só prestação, com uma faculdade atribuída ao devedor. OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS Divisíveis: são as obrigações possíveis de cumprimento fracionado Indivisíveis: são aquelas que só podem ser cumpridas em sua integralidade. Sob o prisma material tudo pode ser fracionado. Mas não é isso que se discute. O que importa é ver se algo será divisível e se não perderá as propriedades do todo. A indivisibilidade decorre da natureza de um objeto: um cavalo não será passível de fracionamento. A indivisibilidade pode vir da natureza jurídica: todo imóvel pode ser dividido, mas a lei pode proibir esse tipo de iniciativa (zoneamento). As obrigações de dar podem ter por objeto prestação divisível ou indivisível. Consistem na entrega da coisa. Será considerado divisível quando cada uma das parcelas separadas guardar as características do todo. Em contraponto, se o objeto da prestação é corpo certo 24 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES e determinado, móvel ou imóvel, não se fala em divisibilidade, ainda que materialmente as coisas permitam fracionamento. As obrigações de restituir, geralmente são indivisíveis, já que o credor não pode ser obrigado a receber coisa por partes, a não ser que o acordo disponha de forma contrária. A obrigação de fazer pode ser divisível ou indivisível. Um determinado trabalho a ser realizado pode ser cumprido em partes ou não. Já na obrigação de não fazer, normalmente costuma ser uma e indivisível, não sendo possível o parcelamento. Obrigação divisível: é aquela cuja prestação é suscetível de cumprimento parcial, sem prejuízo de sua substituição e de seu valor. Bens divisíveis: art. 87 e 88. Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam. Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes. Presunção legal e a figura do ¨concurso partes fiunt¨ Juris tantum - presunção relativa (acho) - admite prova em contrário - reconhecimento de assinatura por comparação. Pode ser que seja assim… Ex. Exame de DNA com 99%... Juris at de juris - presunção absoluta (tenho certeza) - não admite prova em contrário - assina na frente do tabelião. (Ex. está no contrato, está na lei) Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. (cocredores e codevedores) Se houver multiplicidade de devedores ou de credores, em obrigação divisível haverá presunção legal juris tamtum de que a obrigação está dividida em tantas obrigações, iguais e diferentes, quantos forem os credores ou devedores. Dessa presunção legal decorre o princípio do ¨concurso parte fiumti¨, ou seja, havendo concurso de mais participantes numa mesma obrigação, nenhum credor poderá pedir senão a sua parte, nenhum devedor está obrigado senão pela sua parte material ou intelectual conforme o caso. Exemplo: Quatro sujeitos A B C e D Cada um responde por 25% do crédito e do débito. Parte exata daquilo que foi tratado. Se não estiver nada no contrato, pressupõe cotas iguais. Se no contrato estiver diferente, vale o contrato Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveisde divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Exemplo: um boi. Se utilizado para churrasco, é divisível. Se para reprodução, obviamente indivisível. Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. A B C (codevedores) = D credor 25 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES Estátua é a dívida de R$ 90 mil. Se A paga a totalidade, vira credor de B e C Na obrigação indivisível,, se houver dois ou mais devedores, ocorre a presunção relativa (iuris tantum) de que todos os sujeitos passivos da obrigação são responsáveis pela dívida de forma integral. A diferença inicial entre obrigação indivisível e obrigação solidária passiva é a primeira ter a sua origem na natureza de coisa, tarefa ou negócio, enquanto a segunda surge em decorrência de previsão em lei ou contrato. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados. Subroga = substitui, com direito de regresso sobre os demais devedores. Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. Caução de ratificação: é o documento comprobatório que autoriza um dos credores a obrigação por inteiro. Emitido por um cocredor ao outro, autorizando o recebimento da obrigação indivisível por inteiro. A e B cantores de música, encomendam a C par de brincos No dia do cumprimento da obrigação, A compareceu e pagou R$ 10 mil Dez dias depois B disse que desfez a sociedade e exigiu que C entregasse outro par de brincos. Juiz mandou entregar novo par de brincos. Está certo, nos termos do art. 260, II. Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. A deve para B, C e D um cavalo árabe B, C e D são cocredores Quando A entrega o cavalo para B, B vira devedor de C e D (R$ 200 mil para cada) Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Quando um credor perdoa a dívida, ela subsiste nos outros. A remissão, perdão da dívida feita por um credor, feita por um credor e aceita pelo devedor, é forma de pagamento indireto. Se um dos credores perdoar a dívida, as frações dos demais permanecerao, não sendo atingidas pelo perdão. No entanto, em tais casos, os credores somente poderão exigir as suas cotas correspondentes. Exemplo: A, B e C são credores e D devedor na obrigação de entregar um touro reprodutor que vale R$ 30 mil. Se A perdoar a dívida, B e C somente poderão exigir o touro se pagarem R$ 10 mil perdoados ao devedor D. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão. 26 ANOTAÇÕES BRUNO CAETANO - OBRIGAÇÕES A regra do perdão deve ser aplicada a transação (contrato por concessões recíprocas), novação (forma de pagamento indireta que substitui uma obrigação por outra), compensação (pagamento indireto, extinção de dívidas recíprocas até o ponto no qual se encontrarem) e confusão (quando houver identidade entre credor e devedor na mesma pessoa). Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. Aqui reside outra diferença entre obrigação indivisível e solidária. A obrigação indivisível perde seu caráter se convertida em obrigação de pagar perdas e danos, que é uma obrigação de dar divisível. Já a obrigação solidária, tanto ativa quanto passiva, não perde sua natureza se convertida em perdas e danos. Qual efeito de dar coisa incerta após concentração? Vira coisa certa. Qual efeito de coisa indivisível? Vira divisível. § 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais. A responde por perdas e danos. A, B e C são sócios de uma empresa. D importa um vaso. A busca e por negligencia, destrói a coisa. Todos respondem pelo valor, mas só A responde por perdas e danos e também por lucros cessantes. § 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS É aquela em que havendo multiplicidade de credores ou de devedores, ou de uns e outros, cada credor terá direito a totalidade da prestação, como se fosse o único credor, ou cada devedor será obrigado pelo débito todo, como se fosse o único devedor. O pagamento do débito a um dos credores exonera o devedor da cobrança dos demais. Se um dos devedores pagar a dívida ao credor, ter-se-á a quitação dos outros. O credor que vier a receber, deverá entregar a parte cabível aos cocredores, e o devedor, que solve o débito deverá exigir dos outros as suas partes. Não precisa ter caução de ratificação porque não se presume. A solidariedade na obrigação é um artifício utilizado com o intuito de reforçar a avença, facilitando o cumprimento ou a solução da dívida. A solidariedade não se presume, resulta da lei ou vontade das partes. Não havendo expressa menção no título constitutivo e sem previsão legal, prevalece a presunção contrária à solidariedade. Verifica-se a existência da obrigação solidária quando a totalidade de seu objeto pode ser reclamada e satisfeita por qualquer dos credores ou dos devedores. Assim, cada credor pode demandar e cada devedor é obrigado a satisfazer o pagamento em sua integralidade, com a particularidade de que tal pagamento extingue a obrigação quanto aos outros devedores. Há casos em que a solidariedade não é discutida entre as partes e que decorre pela repercussão dos fatos. Exemplo, quando um motorista particular, agindo sem culpa, atropela um pedestre. Na ocorrência, motorista e proprietário do veículo respondem, sendo o segundo por culpa indireta.
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