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Comentários a Lei 12

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Comentários a Lei 12.403/11 – Conhecida vulgarmente como “Lei da Fiança”.
Foi aprovado no dia 05 de maio de 2011, a Lei 12.403, conhecida vulgarmente como “lei da fiança”, que altera dispositivos do Decreto-Lei nº. 3.689 – Código de Processo Penal, relativos à prisão processual, fiança, liberdade provisória, e implantada uma nova denominação em nossa lei processual penal, as chamadas medidas cautelares.
 A Lei 12.403/2011, trouxe importantes modificações no Código de Processo Penal, o que já vinha sendo esperando por todos os aplicadores do Direito, cumprindo assim a 2ª (segunda) etapa de reforma do Código de Processo Penal, que mais uma vez, acertadamente, resguardou os princípios constitucionais da presunção de inocência, devido processo legal, ampla defesa e contraditório.
 A Lex tão critica nos meios de comunicação de nosso pais, logo despertou o interesse da população, através de comentários críticos de alguns profissionais do Direito, que não tiveram o devido cuidado de analisar a Lei 12.403, antes de formarem opiniões errôneas, e fomentarem, infelizmente, a revolta sem motivo de nossa sociedade que não conhece sequer nossa Constituição Federal.
 Dentre as várias alterações trazidas pela Lei 12.403/11, dentre as quais podemos citar:
a revogação de artigos que já não tinham aplicabilidade em nosso ordenamento jurídico, (artigos 321, incisos I e II; art. 322, inciso IV e V, artigo 324, inciso III; art. 325, alíneaa , b, c; dentre outros),
a possibilidade de pagamento de fiança em crimes cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 04 (quatro) anos,
a vedação da decretação de prisão preventiva para delitos cuja pena máxima seja de 04 (quatro) anos;
criação das medidas cautelares
e atualização como nos casos do art. 289, §1º, que permite a comunicação da requisição de prisão pelo juiz, em caso de urgência, através de qualquer meio de comunicação, como por exemplo o email; dentre várias outras atualizações.
 Objetivando a elucidação das principais alterações trazidas pela nova norma processual, analisaremos as alterações na possibilidade de pagamento de fiança, as alterações trazidas na prisão preventiva e a criação das medidas cautelares.
 A principal alteração no que diz respeito a fiança, é a possibilidade de concessão de fiança para os delitos em que a pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 04 (quatro) anos.
 Com devido respeito às opiniões criticas de alguns dos operadores do direito, mas a alteração expressa no art. 322 da Lei 12.403, foi salutar para desafogar as varas criminais de nosso judiciário, eis que os delitos cuja pena máxima não é superior a 04 (quatro) anos de reclusão, fatalmente eram concedidos liberdades provisórias, através dos inúmeros pedidos de advogados e da Defensória Pública.
 Delitos como furto simples, previsto no art. 155, caput, do CPB, receptação, previsto no art. 180, caput, do CPB, que serão abrangidos pela concessão de fiança, fatalmente já eram concedidas liberdades provisórias, abalroando nosso judiciário com questões que não demandam complexidade alguma.
 Com a alteração implementada pela Lei 12.403, os infratores desses tipos penais, poderão realizar o pagamento de fiança para terem sua liberdade, sendo desnecessário bater a porta do judiciário, com questões de menores complexidades.
  Devemos ressaltar, que a fiança somente será concedida para delitos cujo pena máxima privativa de liberdade não seja superior a 04 anos, desse modo NÃO HÁ QUE SE COGITAR A CONCESSÃO DE FIANÇA PARA DELITOS COMO HOMICIDIO, ROUBO, ESTUPRO, TRÁFICO DE DROGAS e outros de maior complexidade, como erroneamente foram passados pela mídia.
 De outro norte, a alteração referente a prisão preventiva, segue a mesma linha de raciocínio da fiança, ou seja, não será decretado a prisão preventiva para os delitos em que a pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 04 (quatro) anos.
 Vejam bem, o texto exposto no art. 313, inciso I da Lei 12.403, não está acabando com a prisão preventiva em nosso ordenamento, está simplesmente delimitando os delitos em que serão possíveis a decretação da prisão preventiva, ou seja, para todos os delitos cuja a pena máxima seja superior a 04 (quatro) anos, como por exemplo: HOMICIDIO, ROUBO, ESTUPRO, TRÁFICO DE DROGAS e outros de maior complexidade.
 Ademais, sempre que estiverem presentes os requisitos autorizadores da prisão preventiva, previsto no art. 312 do Código de Processo Penal será possível sua decretação, em razão de tais fatos, não procedem a indignação de alguns operadores do direito, com a Lei 12.403, visto que até o presente momento a mesma apresenta boas saídas para desafogar o judiciário e retirar da sociedade a sensação de impunidade, devido a morosidade da justiça.
 Por fim, a criação das medidas cautelares no Código de Processo Penal, que deverão ser aplicadas respeitando o binômio: necessidade (para garantir a investigação ou a instrução criminal ou para evitar a prática de infrações penais) e adequação da medida (levando-se em consideração a gravidade do delito, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado).
 As medidas cautelares, estão expostas no art. 319, em seus incisos e parágrafos, e caso não sejam cumpridas pelo infrator, poderá ser decretada a prisão preventiva do mesmo, conforme art. 312, parágrafo único da Lei 12.403/11.
À vista de todo o exposto, espero ter dado uma pequena contribuição a nossa sociedade, ao comentar as alterações trazidas pela Lei 12.403/11, e demonstrar que as criticas que estão sendo lançadas nos meios de comunicação, são infundadas e realizadas por profissionais que, ainda, não perceberam, que o maior problema de nosso judiciário é a ausência de uma estrutura digna, de funcionários, e de salários dignos, e que a criminalidade só será combatida com a educação e a inclusão social, e não com leis mais rígidas.
 
Por Dr. ISRAEL FERREIRA CANDIANI – OAB/MG 118.731