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NEGÓCIO JURÍDICODIREITO CIVIL I –PARTE GERAL2

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Matéria de Direito Civil II	
TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL II
1. NOÇÕES GERAIS 
“Enquanto José vivia sozinho na ilha, não importava o surgimento do Direito. Que importância teria uma lei que lhe garantisse a propriedade da sua cabana, se era o único morador da ilha?”. PORTANTO, onde se encontrem duas ou mais pessoas, se faz necessário o Direito, como um conjunto de regras para a regulamentação da vida em sociedade.
O DIREITO PODE SER PÚBLICO, quando trata daquilo que interessa à população em geral (Direito Constitucional, Penal, Eleitoral, Administrativo, Processual, etc.) E PODE SER PRIVADO, quando regula as relações que interessam apenas às pessoas diretamente ligadas entre si (compra e venda, locação, doação, reconhecimento de paternidade, prestação de serviços, etc.). 
2. FATOS JURÍDICOS – NOÇÕES GERAIS
O que são, para que servem e qual a importância dos fatos jurídicos?
(A IMPORTÂNCIA) Pablo e Rodolfo1 retratam muito bem a importância dos fatos jurídicos ao afirmarem que “fora da noção de fato jurídico, pouca coisa existe ou importa para o direito (...) Indiscutivelmente, trata-se de conceito basilar, verdadeira causa genética das relações jurídicas, e, bem assim, dos direitos e obrigações aí compreendidas”.
O componente curricular “Teoria Geral do Direito Civil II” inclui o estudo dos artigos 104 a 232 do Código Civil. Trata-se do Livro III da parte geral (FATOS JURÍDICOS). Já no primeiro artigo (104), o código menciona “negócio jurídico”. Mais adiante, o art. 185 trata dos “atos jurídicos lícitos”. Por sua vez, o art. 212 se refere a “negócio” e a “fato jurídico”. Mas o Código não esclarece qual a diferença entre tais termos (fatos, negócios e atos lícitos). Portanto, é imprescindível o recurso à doutrina. Os conceitos e a classificação dos fatos jurídicos é conhecimento indispensável para a compreensão e correta interpretação da lei.
(O QUE SÃO) Para Savigny, fatos jurídicos são os acontecimentos em virtude dos quais começam ou terminam as relações jurídicas. Caio Mário da Silva Pereira2, ao lado de outros civilistas importantes, acrescenta ao conceito de Savigny os efeitos conservativos e os modificativos das relações jurídicas.
(PARA QUE SERVEM) Podemos dizer, então, que FATOS JURÍDICOS são os acontecimentos, naturais ou humanos, que criam, modificam, conservam ou extinguem direitos e obrigações (são exemplos o nascimento, a morte, o decurso do tempo, a maioridade, as ações judiciais e os contratos).
As duas principais classificações dos FATOS JURÍDICOS são: 
Classificação Tradicional (Teoria Unitária) e Classificação Moderna (Teoria Dualista)
A Tradicional ou Teoria Unitária foi a classificação adotada pelo Código Civil de 1916: dividia os fatos jurídicos em naturais e humanos. Os fatos humanos eram divididos em lícitos e ilícitos. Esta teoria não fazia distinção entre atos negociais e não negociais.
A Teoria Dualista, por sua vez, TAMBÉM divide os Fatos Jurídicos em NATURAIS e HUMANOS. Os atos humanos podem ser lícitos ou ilícitos. A diferença desta teoria dualista é que ela divide os atos lícitos em “atos negociais” e “atos não negocias” (negócios jurídicos e atos jurídicos em sentido estrito).
E os ATOS/FATOS JURÍDICOS?
Alguns autores, como Pablo, Rodolfo, Pontes de Miranda e Marcos Bernardes de Mello acrescentam uma terceira categoria de Fatos Jurídicos. Para eles, existem alguns acontecimentos caracterizados pela participação humana, MAS SEM VONTADE, OU CUJA VONTADE É IRRELEVANTE PARA O DIREITO. São exemplos: uma criança que, mesmo sendo absolutamente incapaz de exercer os atos da vida civil, adquire produtos no armazém da esquina. É inegável que ouve um negócio jurídico (um contrato de compra e venda), juridicamente inválido pela incapacidade, mas amplamente aceito pela sociedade e que não pode ser ignorado pelo ordenamento jurídico. Outro exemplo: um louco que pinta um quadro e adquire-lhe a propriedade, mesmo sem querer ou mesmo sem a consciência jurídica.
2.2 EFEITOS DOS FATOS JURÍDICOS
Aquisição de direitos: aquisição de um direito é a sua conjunção com seu titular; no âmbito patrimonial são 2 os modos de aquisição: o ordinário, se o direito nascer no momento em que o titular se apropria do bem de maneira direta, sem interposição ou transferência de outra pessoa; o derivado, se houver transmissão do direito de propriedade de uma pessoa a outra, existindo uma relação jurídica entre o anterior e o atual titular.A aquisição pode ser ainda, gratuita, se não houver qualquer contraprestação, e onerosa, quando o patrimônio do adquirente enriquece em razão de uma contraprestação; levando-se em consideração a maneira como se processa, temos: aquisição a título universal, se o adquirente substitui o seu antecessor na totalidade de seus direitos ou numa quota ideal deles, e aquisição a título singular, quando se adquire uma ou várias coisas determinadas, apenas no que concerne aos direitos, como sucede o legatário, que herda coisa individuada.
Quanto ao processo formativo, pode ser: simples, se o fato gerador da relação jurídica consistir num só ato; ou complexa, se for necessário a intercorrência simultânea ou sucessiva de mais de um fato, por exemplo, o usucapião que requer posse prolongada, lapso temporal, inércia do titular e em certas hipóteses justo título e boa-fé.
Normas legais sobre a aquisição de direitos: adquirem-se direitos mediante ato do adquirente ou por intermédio de outrem; pode uma pessoa adquiri-los para si, ou para terceiros; dizem-se atuais os direitos completamente adquiridos, e futuros os cuja aquisição não se acabou de operar. Expectativa de direito: é uma mera possibilidade ou esperança de adquirir um direito (exemplo: as tratativas de celebração de um contrato. Enquanto não concluído o contrato (acordo), não há qualquer direito).
Direito eventual: ocorre se houver interesse, ainda que incompleto, pela falta de um elemento básico protegido por norma jurídica (exemplo: o direito de o herdeiro herdar os bens dos pais, que somente se completa pelas mortes destes).
Direito condicional: é o que se perfaz pelo advento de um acontecimento futuro e incerto, de modo que o seu titular só o adquire se sobrevier a condição (exemplo: dar-te-ei um milhão de reais se eu acertar a mega-sena do próximo sábado - o evento futuro e incerto, neste caso, é “acertar os seis números da mega-sena”; se, chegado o dia do sorteio, eu acertar os seis números, estarei obrigado a cumprir minha promessa de dar um milhão de reais
Modificação dos direitos: tem-se modificação objetiva quando atingir a qualidade ou quantidade do objeto ou conteúdo da relação jurídica; a modificação subjetiva é a pertinente ao titular, subsistindo a relação jurídica, hipótese em que se pode ter a substituição do sujeito de direito inter vivos ou causa mortis.
Defesa dos direitos: para resguardar seus direitos, o titular deve praticar atos conservatórios como o protesto, retenção, arresto, sequestro, caução fidejussória ou real, interpelações judiciais para constituir devedor em mora, quando esta não resulta de cláusula expressa na convenção ou de termo estipulado com esse escopo de notificação extrajudicial; quando sofrer ameaça ou violação, o direito subjetivo é protegido por ação judicial; o titular também está provido de instrumentos de defesa preventiva, para impedir a violação de seu direito, que pode ser extrajudicial (arras, fiança, etc.) ou judicial (interdito proibitório, ação de dano infecto, etc.); está prevista também a autodefesa, em que a pessoa lesada, empregando força física, se defende usando meios moderados, mediante agressão atual e iminente, sem recorrer ao Judiciário.
Extinção dos direitos: extinguem-se os direitos quando ocorre:
a) perecimento do objeto sobre o qual recaem se ele perder suas qualidades essenciais ou o valor econômico; se se confundir com outro de modo que não se possa distinguir; se cair em lugar onde não pode mais ser retirado;
b) alienação, que é o ato de transferir o objeto de um patrimônio a outro, havendo perda do direito para o antigo titular;c) renúncia, que é o ato jurídico pelo qual o titular de um direito dele se despoja, sem transferi-lo a quem quer que seja, sendo renunciáveis os direitos atinentes ao interesse privado de seu titular, salvo proibição legal;
d) abandono, que é a intenção do titular de se desfazer da coisa;
e) falecimento do titular, sendo o direito personalíssimo e por isso intransmissível;
f) prescrição, que extingue o poder de exigir do outro, forçadamente, o cumprimento da obrigação;
g) decadência, que atinge o próprio direito;
h) confusão, quando numa só pessoa se reúnem as qualidades de credor e de devedor;
i) implemento de condição resolutiva;
j) escoamento do prazo, se a relação jurídica for constituída a termo;
k) perempção da instância ou do processo, ficando ileso o direito de ação;
l) aparecimento de direito incompatível com o direito atualmente existente e que o suplanta.
3. NEGÓCIO JURÍDICO 
Noções gerais - A MANIFESTAÇÃO DE VONTADE
A manifestação de vontade constitui o núcleo do negócio jurídico. 
A manifestação de vontade pode ser expressa (palavra escrita ou falada, gestos ou sinais) ou tácita (resulta de um comportamento do agente). O silêncio também pode significar manifestação de vontade, conforme determina o art. 111 do CC (Arts. 147, 659 e 539 do CC).
O emprego de meios que neutralizem a vontade, como a violência física, entorpecentes e hipnose, tornam inexistente o negócio jurídico.
Para ser válida, a manifestação de vontade deve estar livre dos defeitos que atacam a liberdade (autonomia privada) ou a boa-fé subjetiva dos negociantes (estado psicológico do agente, a crença interna). Os vícios relacionados na parte geral do CC são: erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo, simulação e fraude contra credores.
Além da ausência desses defeitos, para a validade da declaração de vontade, é indispensável a observância dos princípios da autonomia privada e da boa-fé objetiva.
(BOA-FÉ OBJETIVA: comportamento segundo um padrão ético objetivo, que se espera de cada um, e respeito a deveres implícitos dos negócios jurídicos bilaterais: confidencialidade, respeito, lealdade recíproca, assistência, etc.).
A autonomia privada representa a liberdade que os indivíduos possuem para determinarem-se no âmbito da sua vida privada (produção, industrialização, transporte, circulação e comércio de bens e serviços, relacionamentos familiares, etc.). 
Porém, essa vontade humana tem limites, pois, a liberdade ilimitada converte-se em tirania do mais forte.
Assim é que, a autonomia privada encontra limites em leis e em princípios.
Vejamos quais são os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil (art. 3º da CF):
“Construir uma sociedade livre, justa e solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, promover o bem de todos...”
Veja-se que a CF consagra o direito de propriedade, vinculando-o à sua função social (Art. 5º, XXII e XXIII, e 170, III); e, condiciona o exercício da atividade econômica a princípios superiores (soberania nacional, defesa do consumidor, livre concorrência, defesa do meio ambiente, redução de desigualdades regionais, etc. - Art. 170).
Essas limitações não representam o fim da autonomia privada, apenas indicam que o individualismo selvagem cedeu lugar ao solidaríssimo social (os negócios devem ser bons para todos os envolvidos e, também, para a sociedade em geral); indicam que a igualdade formal entre as pessoas cedeu lugar à igualdade material (os desiguais devem ser tratados de forma desigual, para formação do equilíbrio); indicam que quaisquer manifestações de vontade devem contribuir para a efetivação da dignidade da pessoa humana, etc.
3.1 - O NEGÓCIO JURÍDICO
Exemplos de negócio jurídico: compra e venda, troca ou permuta, doação, locação de coisa, empréstimo, prestação de serviço, empreitada, depósito, transporte, seguro, fiança, compromisso, etc. (ver artigos 481 à 853 do Código Civil)
CONCEITO DE NEGÓCIO JURÍDICO: 
Para Pablo e Rodolfo, 
“Negócio jurídico é a declaração de vontade, emitida em obediência aos seus pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico pretendidos pelo agente.” 
(Declaração é a exteriorização da vontade. Pressupostos são os requisitos que dão vida e regulam o negócio jurídico. Agente é a pessoa que emite a declaração de vontade. Os efeitos do negócio são aqueles resultados, aquelas conseqüências buscadas pelo agente, as quais não podem ser proibidas pelo ordenamento jurídico).
CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
a) Quanto ao número de declarantes: unilaterais (somente uma manifestação de vontade, como no testamento), bilaterais (duas manifestações de vontade opostas, que se encontram, como nos contratos de compra e venda, de locação, de prestação de serviço) e plurilaterais (mais de uma vontade, mas voltadas para a mesma finalidade, como na formação de uma sociedade);
b) Quanto ao exercício de direitos: negócios de disposição (transferem direitos de propriedade) e negócios de administração (não transferem direitos de propriedade);
c) Quanto às vantagens patrimoniais: negócios gratuitos (somente uma das partes é beneficiada – não há contraprestação, como na doação pura) ou negócios onerosos (ao benefício recebido vincula-se uma obrigação correspondente – contraprestação). Os negócios onerosos podem ser comutativos (tem que haver equivalência entre as prestações, como no contrato de locação/aluguel) ou aleatórios (pode não haver equilíbrio entre as prestações, porque a prestação de uma das partes fica condicionada a um acontecimento exterior, como na compra “da safra agrícola”, em que o comprador assume o risco de receber uma quantidade inferior de produtos, dependendo das condições climáticas);
d) Quanto à forma: podem ser formais ou solenes (quando a lei exige determinada forma para serem válidos, como no casamento) ou não formais ou não solenes (quando a forma de realização do negócio é livre, como na compra e venda de móveis, de locação, de doação de móveis);
e) Quanto ao momento da produção do resultado: negócio Inter vivos (negócios entre pessoas vivas, como na compra e venda e na locação) ou mortis causa (negócio feito para produzir efeitos depois da morte, como no testamento, que somente produzirá efeito depois da morte do testador);
f) Quanto à existência: negócio principal (que existe por si mesmo, independentemente da existência ou não de outro negócio, como na compra e venda e na locação) ou negócio acessório (que somente existe se outro negócio existir, como na fiança, que somente existe porque existe um negócio principal);
g) Quanto ao conteúdo: negócios patrimoniais (os quais tem valor econômico) e negócios extra-patrimoniais ou não patrimoniais (sem valor econômico, como no casamento);
ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: 
a) ELEMENTOS ESSENCIAIS/CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Elementos essenciais são aqueles sem os quais o negócio jurídico não existe. São eles: Declaração de Vontade (para todo e qualquer negócio), Coisa (para todo e qualquer negócio), Preço (para os negócios onerosos), Forma Adequada (em regra os negócios podem ser realizados de forma livre: escrito particular, escritura pública, verbal, por sinais, pelo silêncio em alguns casos. Somente quando a lei impõe determinada forma é que o negócio deverá segui-la). COMO REGRA, podemos afirmar que jamais existirá um negócio jurídico sem declaração de vontade (e agente, como pressuposto lógico) e sem objeto. 
b) ELEMENTOS NATURAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Elementos naturais são os que fazem parte da natureza do negócio, não havendo a necessidade de menção expressa a seu respeito pelos negociantes. São elementos previstos no ordenamento jurídico, que aderem, automaticamente, ao negócio realizado. Por exemplo: a responsabilidade do vendedor pelos “vícios redibitórios” (defeitos ocultos - CC, art. 441) ou pela “evicção” (CC, art. 447) da coisa vendida. Outro exemplo é o lugar do pagamento– se os negociantes não estabelecerem o lugar do pagamento, o art. 327 do CC resolve;
c) ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO
Elementos acidentais são estipulações/determinações acessórias que os negociantes, facultativamente, adicionam ao negócio jurídico, como a “condição” (determinação acessória que subordina os efeitos do negócio a evento futuro e incerto), o “termo” (determinação acessória que subordina os efeitos do negócio a evento futuro e certo) e o “modo ou encargo” (ônus a ser suportado pelo beneficiário em favor da outra parte – somente é possível nos negócios não onerosos, porque não se trata de contraprestação).
DECLARAÇÃO DE VONTADE:
Para Roberto de Ruggiero, 
“a vontade deve ser manifestada (...) somente com a sua manifestação o agente pode provocar a desejada reação jurídica e esta exteriorizada, que torna visível a vontade e lhe dá existência (...), é o que nós chamamos declaração ou manifestação, sendo indiferente que se faça com palavras, gestos ou até mesmo com o silêncio.”
Assim, podemos dizer que a declaração ou manifestação é a exteriorização da vontade. 
A vontade interna, mero pensamento, que não chega ao conhecimento de outrem, não é reconhecida pelo Direito, por não ter sido exteriorizada.
“A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento” 
(Código Civil – Art. 109).
Ocorre reserva mental quando um dos declarantes oculta a sua verdadeira intenção, isto é, quando não quer um efeito jurídico que declara querer. Tem por objetivo enganar o outro contratante. Se este, entretanto, não soube da reserva, o ato subsiste e produz os efeitos que o declarante não desejava. A reserva, isto é, o que se passa na mente do declarante, é indiferente ao mundo jurídico e irrelevante no que se refere à validade e eficácia do negócio jurídico. 
Exemplo: Paulo manifesta várias vezes que quer comprar o carro X de José. Certo dia, José declara para várias pessoas que vai fazer uma brincadeira com o amigo Paulo. Assim, vai ao encontro de Paulo e lhe “vende” o referido carro (fazendo a reserva mental de não querer o que estava declarando – sua intenção não era vender o carro e sim brincar com o amigo). 
O exemplo acima permite duas conclusões: 
1ª: José sabia da verdadeira intenção de Paulo, que era de brincar consigo (o negócio não subsiste); 
2ª: José não sabia da verdadeira intenção de Paulo (o negócio subsiste, a manifestação de vontade de José é válida, apesar de ter feito a reserva mental de não querer o que declarou, porque Paulo não sabia da sua reserva mental).
“O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.”
(Código Civil – Art. 111).
Em regra, o silêncio nada significa. Porém, excepcionalmente, em determinadas circunstâncias o silêncio pode ter um significado relevante e produzir efeitos jurídicos. 
Exemplo: O doador fixa um prazo para que o donatário (beneficiário) declare se aceita ou não a doação. Se o donatário, ciente do prazo, nada declarar naquele tempo, ter-se-á como aceita a doação (CC, art. 539). Neste caso, o silêncio é tido como manifestação de vontade (manifestação de aceitação da doação), produzindo efeitos jurídicos, ou seja, a propriedade do bem doado passa ao donatário.
Cabe ao Juiz examinar, caso por caso, para verificar se o silêncio traduz, ou não, a vontade de quem permaneceu calado.
3. 2 - PLANO DE EXISTÊNCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO (PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO): 
(Neste momento, somente o que interessa é a existência ou não do negócio jurídico. Não se discute sua validade, nem sua eficácia). A grande maioria dos negócios tem existência, tanto é verdade que raramente se discute sobre alguma coisa que não existe. Se vemos o negócio é porque ele existe. O alerta que se deve fazer ao operador do direito é o de que, às vezes, o negócio apenas aparenta existir, porque pode não ter havido declaração de vontade, por exemplo, como no caso de alguém que é agredido fisicamente e forçado a assinar um contrato (o agressor agarrou a mão da vítima e a fez assinar). No exemplo, não houve declaração de vontade da vítima; a ofensa ao direito é tão grande (violência física contra a vítima) que o contrato é tido por inexistente. Diferente seria se a vítima assinasse um contrato sob erro ou dolo, em que existiria a declaração de vontade, apesar de viciada/defeituosa (o que tornaria inválido o negócio, apesar de sua existência).
A inexistência é o não ser do negócio jurídico. Ou existe, ou não existe para o Direito.
Elementos constitutivos do negócio jurídico, que lhe dão existência 
(SÃO OS PRESSUPOSTOS de existência dos negócios jurídicos):
a) Manifestação/declaração de vontade – exteriorização da vontade (pode ser expressa, através da palavra escrita ou falada, gestos ou sinais; ou tácita, aquela que resulta de um comportamento do agente);
b) Agente emissor da vontade – quem? (Sem a participação de pessoas, físicas ou jurídicas, não há negócio jurídico). Este elemento poderia ser dispensado (não há declaração de vontade sem agente), mas é importante tê-lo em vista, porque será indispensável no momento de se estudar a validade do negócio, em que será levada em consideração a capacidade civil para negociar.
c) Objeto – o quê? (A utilidade em razão da qual giram os interesses das pessoas);
d) Forma – como? (meio pelo qual a declaração de vontade se exterioriza; pode ser escrita, oral, silêncio, sinais, etc.).
3.3 PLANO DE VALIDADE DO NEGÓCIO (PRESSUPOSTOS DE VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO)
(Neste momento, passamos a verificar se o negócio é reconhecido pelo Ordenamento Jurídico)
“A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto lícito possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei” (CC. Art. 104)
Além desses pressupostos, tanto a doutrina majoritária quanto os operadores do direito acrescentam a “declaração de vontade livre e de boa-fé” como condição para a validade do negócio jurídico.
a) AGENTES (pessoas que estão negociando) CAPAZES (ver artigos 3º, 4º e 5º do Código Civil); A CAPACIDADE A SER VERIFICADA É A DE EXERCÍCIO PESSOAL DOS ATOS DA VIDA CIVIL. Nada impede que uma pessoa incapaz realize negócios jurídicos, desde que os faça assistido ou representado por seu representante legal (os filhos menores representados pelos pais, por exemplo).
b) DECLARAÇÃO DE VONTADE (exteriorização da vontade) LIVRE E DE BOA FÉ (ausência de erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo, simulação e fraude contra credores);
c) OBJETO (o bem sobre o qual os agentes estão negociando) LÍCITO (ninguém pode contratar alguém para matar outrem, ninguém), POSSÍVEL (física ou juridicamente: não se pode vender terrenos em Marte; não se pode querer apagar a luz do sol; os filhos não podem vender s bens que irão herdar dos pais, enquanto estes estiverem vivos; não se pode vender um imóvel que se encontra em condomínio, sem observância das determinações legais ou condominiais) e DETERMINADO OU DETERMINÁVEL (o objeto, o bem que está sendo negociado deve ser identificado desde logo ou deve ser passível de identificável);
d) FORMA (como está sendo realizado o negócio – verbal, sinais, escrito particular, escritura pública, silêncio) – em regra, a forma é LIVRE (somente em casos excepcionais, previstos em Lei, é que deverá ser observada determinada forma de realização do negócio) – ver artigo 108 do CC.
Manifestação de vontade LIVRE E DE BOA FÉ (art. 171): 
A manifestação de vontade não será livre quando ocorrer algum dos vícios de consentimento. E não será de boa-fé a manifestação de vontade quando ocorrer algum dos vícios sociais. 
São vícios de consentimento:
Erro ou ignorância (é o desconhecimento da verdade).
Dolo (é o erro provocado por terceiro).
Coação (é a violência psicológica (apenas psicológica) que leva a vítima a realizar o negócio jurídico).
Lesão (prejuízo decorrente da desproporção entrea prestação e o benefício recebido, em razão da inexperiência, necessidade econômica ou leviandade de uma das partes do negócio).
Estado de perigo (configura-se quando o agente, diante de situação de perigo conhecida da outra parte, emite declaração de vontade para proteger direito seu ou de pessoa próxima, assumindo obrigação excessivamente onerosa).
São vícios sociais:
Simulação (art. 167) é uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso daquele que aparenta ser.
Fraude contra credores – consiste na venda ou oneração de bens, ou perdão de dívidas, praticado por pessoa cujas dívidas ultrapassam o patrimônio (insolvente), em prejuízo de credores pré-existentes.
A forma especial do negócio, quando exigida pela lei, pode ser composta através de SOLENIDADE ÚNICA (num só ato solene/especial, o negócio inicia, se desenvolve e termina, como é o caso da escritura pública de compra e venda de imóvel acima de 30 salários), SOLENIDADE COMPLEXA (são inúmeras solenidades sequenciais, como no casamento, em que deverá acontecer a habilitação, a cerimônia em local aberto e com testemunhas, os noivos declaram sua vontade de casar e o oficial os declara casados) ou SOLENIDADE MÚLTIPLA (o ato pode ser realizado de diversas formas, como no reconhecimento de paternidade, que pode ser feita de cinco maneiras: 1. Declaração ao oficial do registro civil; 2. Escritura Pública; 3. Escrito Particular; 4. Testamento; 5. Declaração expressa e direta perante o Juiz de Direito).
3.4 PLANO DE EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO
Além de ser juridicamente válido (de acordo com o direito) alguns negócios não produzem efeitos imediatamente depois de realizados. Podem as partes do contrato estabelecerem (criarem cláusulas contratuais acessórias) que os efeitos práticos do negócio fiquem subordinados a acontecimentos futuros (a estes acontecimentos, também chamados de eventos, damos o nome de CONDIÇÃO, TERMO E MODO OU ENCARGO)
CONDIÇÃO, TERMO E MODO OU ENCARGO SÃO ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO.
a) A CONDIÇÃO - A condição é a cláusula contratual acessória, estabelecida pelas partes, que subordina a eficácia do negócio jurídico a um acontecimento futuro e incerto (evento que poderá ou não acontecer).
SOMENTE A CONDIÇÃO DECORRENTE DA VONTADE DAS PARTES É CONSIDERADA PARA EFEITOS DA EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO
A CONDIÇÃO PODE SER SUSPENSIVA OU RESOLUTIVA
A condição suspensiva não deixa acontecerem os efeitos práticos do negócio até sua ocorrência, isto é, os efeitos do negócio passam a ocorrem no momento em que a condição acontece (art. 125). EXEMPLO: o tio promete doar uma casa ao sobrinho, quando ele se casar (o evento casamento é futuro e incerto, pois o casamento pode não acontecer. O negócio jurídico existe, é valido, mas somente produzirá efeitos quando e se o sobrinho casar);
A condição é resolutiva extingue, põe fim aos efeitos de um negócio que vinha produzindo naturalmente os efeitos estabelecidos pelas partes. EXEMPLO: o tio empresta uma casa ao sobrinho, para que nela resida até concluir a faculdade. O negócio existe, é valido, e seus efeitos acontecem desde o momento da declaração de vontade do tio até o momento em que o sobrinho termina a faculdade. Neste caso, a condição resolutiva é o “término da faculdade”, que tira do sobrinho o direito de continuar morando naquela casa.
SÃO EXPRESSAMENTE PROIBIDAS as condições que privarem de todo efeito o negócio jurídico (perplexas); as que o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes (puramente potestativa); as ilícitas, as física ou juridicamente impossíveis e as incompreensíveis ou contraditórias.
A CONDIÇÃO SUSPENSIVA, QUANDO IMPOSSÍVEL, ANULA TODO O NEGÓCIO JURÍDICO, porque evidencia que o declarante não está disposto a cumprir a obrigação.
A CONDIÇÃO RESOLUTIVA, QUANDO IMPOSSÍVEL, NÃO ANULA O NEGÓCIO JURÍDICO (a condição é tida como inexistente, porque não há dúvidas quanto ao interesse das partes na realização do negócio; a condição resolutiva apenas visa fixar o fim dos efeitos do negócio)
OS ATOS JURÍDICOS EM SENTIDO ESTRITO (não negociais, cujos efeitos estão previstos em lei e não na vontade das partes) NÃO ADMITEM CONDIÇÃO.
b) O TERMO 
O termo é a determinação acessória, estabelecida pelos contratantes, que condiciona a produção dos efeitos práticos do negócio a um acontecimento futuro e certo (pode subordinar tanto o início, quanto o fim da eficácia jurídica de determinado negócio).
Por exemplo, num contrato de prestação de serviços, as partes estabelecem que o serviço será prestado a partir da data x (evento futuro e certo), estaremos diante de um termo inicial, a partir do qual as obrigações serão exigíveis (prestação do serviço e respectivo pagamento). Se, no mesmo caso, ficar estabelecido que o serviço terminará em determinada data, estaremos diante do termo final, ocasião em que o negócio jurídico deixará de gerar efeitos.
TERMO é o dia ou momento em que começa ou termina a eficácia do negócio jurídico, podendo ter como unidade de medida a hora, o dia, o mês ou o ano.
OS ATOS JURÍDICOS EM SENTIDO ESTRITO (não negociais, cujos efeitos estão previstos em lei e não na vontade das partes) NÃO ADMITEM TERMO. Além disso, determinados negócios não admitem termo, como o casamento (por exemplo: não posso casar e já estabelecer que o casamento terminará em determinada data).
Espécies de termo: convencional (estabelecido pelas partes), de direito (decorre da lei), de graça (dilação de prazo concedida ao devedor).
SOMENTE O TERMO DECORRENTE DA VONTADE DAS PARTES É CONSIDERADA PARA EFEITOS DA EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO.
Ao contrário da condição suspensiva (que impede o nascimento do direito até sua ocorrência – art. 125), o termo inicial suspende apenas o exercício, não o direito (art. 131). Significa que, tratando-se de evento futuro e certo, o direito nasce no momento da celebração do negócio, apenas seu exercício fica postergado para o momento fixado como termo inicial.
O TERMO INICIAL, QUANDO IMPOSSÍVEL, ANULA TODO O NEGÓCIO JURÍDICO, porque evidencia que o declarante não está disposto a cumprir a obrigação (vejamos: alguém promete praticar tal ato no dia 31 de fevereiro. É evidente que não pretende cumprir, porque este dia nunca existirá)
VERIFICAÇÃO DO TERMO
Meado (é sempre o 15º dia do mês, não importando quantos dias ele tem)
Prazo em hora (conta-se de minuto a minuto)
Prazo em dia (conta-se da meia-noite a meia-noite);
Prazo em mês e ano (na contagem de prazo em mês ou ano, exclui-se o dia inicial e inclui o do vencimento. O prazo termina no dia de igual número do dia inicial da contagem, desde que o dia final seja dia útil).
c) O MODO OU ENCARGO
(Parte 3 de 3)
MODO OU ENCARGO é cláusula acessória, determinada pela vontade das partes, que obriga o beneficiário à realização de determinado ato. É cláusula típica das liberalidades (doações, testamentos e promessas de recompensa). 
Este tipo de cláusula acessória (modo ou encargo) não pode ser fixada nos negócios onerosos, pois equivaleria a uma contraprestação.
Geralmente o modo ou encargo é identificado pelas expressões: “para que”, ”com a obrigação de”, “com o encargo de”.
Não sendo cumprido o encargo, o negócio continua sendo válido e eficaz, pois o encargo não suspende os efeitos do negócio. Neste caso, resta apenas a opção da cobrança judicial do encargo.
EXEMPLOS: “te doarei este imóvel, para que você construa um albergue para viajantes”; “faço doação deste imóvel à Prefeitura, sob a condição de ser colocado meu nome em uma das ruas”.
Geralmente a cláusula que estabelece modo ou encargo é reconhecida pelas expressões “PARA QUE”, “A FIM DE QUE”, “COM A OBRIGAÇÃODE”.
4. DA INVALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
A INVALIDADE é a sanção imposta ao ato ou negócio realizado em desacordo com os mandamentos previstos pelo ORDENAMENTO JURÍDICO. (Invalidade é a qualidade negativa do ato ou negócio jurídico celebrado sem a observância das leis)
1. INVALIDADE ABSOLUTA E RELATIVA
A INVALIDADE PODE SER ABSOLUTA OU RELATIVA, dependendo da maior ou menor ofensaao ordenamento jurídico. Quando elaboram as leis, em alguns casos os legisladores tem por objetivo proteger a coletividade, a sociedade em geral. Nestes casos, diz que a lei é de ordem pública (de observância obrigatória; a parte não pode dispor e agir de forma contrária) e interesse social (visa mudar o comportamento da sociedade). Outras leis visam proteger apenas o interesse da parte lesada no negócio. No primeiro caso, a inobservância da lei gera invalidade absoluta (nulidade); no segundo caso, a inobservância da lei gera invalidade relativa (anulabilidade)
ASSIM, quando a invalidade é absoluta, existe NULIDADE do ato ou negócio jurídico. Nestes casos, qualquer interessado pode pedir ao juiz que declare a invalidade do ato ou negócio. Também o juiz pode declarar de ofício esse tipo de nulidade, se a encontrar provada. Além disso, a invalidade absoluta (nulidade) não pode ratificada pela parte lesada, nem aceita confirmada pelo juiz. Finalmente, a invalidade absoluta não prescreve jamais, mesmo que, com o passar do tempo, a restituição das partes ao estado anterior seja impossível (resolve-se em perdas e danos).
POR OUTRO LADO, a invalidade relativa (ANULABILIDADE), por visar apenas a proteção da parte lesada no negócio e não da sociedade, pode ser confirmada pela parte. Esta invalidade somente pode ser alegada pelo prejudicado e não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz (sem requerimento). Neste caso, ocorre prescrição ou decadência do direito de obter da justiça a decretação de invalidade do ato ou negócio.
2. INVALIDADE TOTAL E PARCIAL (conforme atinja todo ou somente parte do negócio, quando possível a separação. Ex. o testador dispôs de seus bens e, ao mesmo tempo, reconheceu a paternidade de um filho havido fora do casamento. Declarada a nulidade do testamento, por inobservância de alguma formalidade, o reconhecimento da paternidade é valido mesmo assim, porque não há necessidade de formalidades para este ato).
3. INVALIDADE EXPRESSA E IMPLÍCITA/VIRTUAL (É textual quando vem expressa na lei. Ex. art. 548 do CC: “é nula a doação de todos os bens ...”) e é implícita a invalidade quando, não sendo expressa, pode ser deduzida de expressões utilizadas pelo legislador, como “não podem” (art. 1.521), “não se admite” (art. 380).
4. E QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DA INVALIDADE?
A sentença judicial de declara a invalidade absoluta (nulidade) apenas reconhece que o ato ou negócio nunca gerou efeitos jurídicos. Por isso, as partes são restituídas ao estado anterior (status quo) – o efeito da decisão judicial tem efeito ex: tunc (retroage ao momento da realização do ato ou negócio declarado).
Por outro lado, quando se trata de invalidade relativa (anulabilidade), a decisão do juiz desconstitui o negócio, que produziu efeitos jurídicos até aquele momento (momento da decisão judicial). 
5. CAUSAS DA INVALIDADE
As causas de anulabilidade (invalidade relativa) dos negócios jurídicos estão previstas no artigo 171 do Código Civil. São elas: incapacidade relativa do agente e vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
As causas da nulidade (invalidade absoluta) dos negócios estão previstas nos artigos 166 e 167 do Código Civil, e são: incapacidade absoluta do agente; ilicitude, impossibilidade ou indeterminabilidade do objeto; a ilicitude do motivo determinante do negócio; inobservância da forma prevista; falta de solenidade essencial da validade; fraude à lei imperativa; quando a lei taxativamente declarar a nulidade do negócio ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção; e simulação.
5. DOS ATOS ILÍCITOS
Dentro da classificação do fatos jurídicos, encontramos a categoria dos atos ilícitos. São aqueles atos praticados voluntariamente (por ação ou omissão), contrários ao ordenamento jurídico e que causam danos a outrem.
Inicialmente, cumpre destacar que não há quaisquer diferenças entre ilícitos civis e criminais. O mesmo comportamento humano, contrário ao ordenamento jurídico, pode ser punido criminalmente (se aquele ato é tido como uma infração penal) e civilmente (quando a lei prevê consequências, como a indenização pelos danos causados). O mesmo ato também pode ser punido administrativamente, há existir previsão para esse fim (como nas infrações de trânsito, que podem ser punidas criminalmente, civilmente e administrativamente.
Para a caracterização do ato ilícito deve haver a conjugação (associação) de três elementos, indispensáveis: comportamento humano voluntário, contrariedade ao ordenamento jurídico e dano ao direito de outrem (mesmo que apenas moral). 
Porém, existem circunstâncias que excluem a ilicitude do ato, nas hipóteses de legítima defesa, exercício regular de direito reconhecido, deterioração ou destruição da coisa alheia, ou lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Também existe a espécie de ato ilícito caracterizado pelo “abuso do direito”. Aqui se trata do exercício excessivo do direito. Caracteriza-se o abuso de direito quando o seu titular excede manifestamente os limites impostos pela finalidade econômica ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
6. DA PRESCRIÇÃO E DA DECADÊNCIA
DISTINÇÃO ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Os direitos subjetivos são os poderes conferidos pela ordem jurídica a alguém para agir (direito potestativo) ou exigir de outrem um determinado comportamento, positivo ou negativo (direito de prestação). 
Por exemplo: Através do Poder Judiciário, posso forçar alguém a me pagar certa quantia em dinheiro, ou me entregar determinada coisa, a partir da data em que ele voluntariamente deveria ter efetuado o pagamento ou entregado a coisa. (Prestação positiva, ou seja, ele deveria ter efetuado o pagamento ou entregado a coisa).
Outro exemplo: Através do Poder Judiciário, posso forçar alguém a desocupar um imóvel meu, invadido contra minha vontade, para que eu possa exercer meu direito de posse e/ou propriedade (prestação negativa violada, ou seja, ele não deveria ter invadido).
Segundo a finalidade, os direitos subjetivos podem ser agrupados em duas grandes categorias: Direitos a uma prestação e Direitos protestativos.
1. Os direitos a uma prestação somente podem ser exercitáveis mediante uma prestação de outrem, como nos direitos de créditos, que somente são usufruídos se os devedores pagarem (prestação positiva); ou nos direitos de propriedade, que somente são usufruídos se as outras pessoas a respeitarem (prestação negativa). Portanto, estes direitos são violados sempre que as prestações não são feitas. 
No momento da violação do direito, nasce para seu titular o poder de submeter o devedor à sua vontade, nasce o poder de forçar o devedor da prestação a cumprir sua obrigação (prestação positiva) ou a abster-se de agir (prestação negativa). A este poder de agir sobre o outro, através do processo judicial, dá-se o nome de pretensão.
Mas este poder de agir sobre o outro é limitado no tempo, ou seja, deve ser exercitado no prazo fixado em lei. A fluência desse prazo, aliada à inércia do seu titular, implica prescrição. 
Nada impede, porém, que o caso seja discutido judicialmente, através do direito de ação, que continua existindo. 
O direito prescrito se transforma em direito natural. Assim, caso o devedor cumpra sua obrigação já prescrita, não pode pedir restituição do que pagou.
2. Os direitos protestativos são exercitáveis independentemente da participação de outrem (não existe prestação a ser cumprida pelo outro). Assim, não há violação de direito potestativo. Consequentemente, não há pretensão em direito potestativo. 
Se não há pretensão, não há prescrição.
Em regra, estes direitos não são extintos. Porém, alguns deles, por determinação legal ou dos negociantes, devem ser exercitáveis em determinado período de tempo, sob pena de extinção. A esta extinção do direito, pelo não exercício no prazo fixado, dá-se o nome de decadência.
Logo, decadência é a perda de um direito potestativo, pela inércia do seu titular, que não o exerce no prazo fixado.
Existem causas que suspendem, interrompemou impedem a fluência do prazo de prescrição. Em regra, estas causas não se aplicam à decadência.
Pode haver renúncia, expressa ou tácita, à prescrição. Porém, a decadência estabelecida em lei não pode ser renunciada pelas partes do negócio jurídico.
A prescrição, que somente é prevista em lei, e a decadência estabelecida pelas partes, devem ser reconhecidas de ofício pelo juiz da causa.
7. DAS PROVAS DOS FATOS JURÍDICOS
JÁ VIMOS QUE AS DECLARAÇÕES DEE VONTADE SÃO A ESSÊNCIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS. AS DECLARAÇÕES DE VONTADE SÃO O PONTO DE PARTIDA PARA QUALQUER DISCUSSÃO ACERCA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS.
FORMA É O REVESTIMENTO EXTERNO DOS FATOS JURÍDICOS, é o modo pelo qual a vontade é exteriorizada. Quando a lei estabelece determinada forma, esta constitui pressuposto de validade do negócio.
Como vimos, é livre a forma de exteriorização da vontade (forma livre). Para os casos excepcionais, a forma deve ser especial (ou solene). A forma especial apresenta-se em três espécies: FORMA ESPECIAL POR UM ÚNICO ATO (escritura pública de compra e venda); pode ser COMPLEXA, quando uma série de solenidades deve ser observada, para a validade do negócio (casamento) ou forma especial MÚLTIPLA (reconhecimento de paternidade).
A prova dos fatos jurídicos pode ser feita através da CONFISSÃO, DE DOCUMENTOS, DE TESTEMUNHAS, DE PRESUNÇÃO E/OU DE PERÍCIAS.
PORÉM, quando a lei determina que o negócio deva obedecer determinada forma, a sua prova somente poderá ser feita através do seu instrumento representativo (exemplos: Escritura Pública, Certidão de Casamento, Termos de Reconhecimento de Paternidade) – Ver art. 212.

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