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4/20/2017 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA E ZOOLOGIA Legislação Ambiental - evolução e risco de retrocesso Problemática ambiental O paradigma atual (colonialista, progressista, economicista) gerou uma s érie de problemas, os quais não é capaz de resolver. Problemas ambientais surgem do modo como a sociedade relaciona-se com a natureza. Essa relação com a natureza nada mais é do que parte da relação que se estabelece entre as sociedades e entre os indiv íduos. “A história dos esforços para subjugar a natureza é também a história da subjugação do homem pelo homem.” (Fernandes e Sampaio, 2008) Relação entre economia e biosfera A economia deveria ser apenas um subsistema da biosfera, mas tornou-se o seu determinante maior . - houve uma separação e dicotomia - não se considera que a biosfera é um sistema finito. 4/20/2017 2 Pressupostos básicos para manter a dinâmica natural: 1) não retirar dos ecossistemas mais do que sua capacidade de regenera ção; 2) não lançar aos ecossistemas mais do que a sua capacidade de absor ção. “a biosfera não ‘cresce’ e é a fonte de todos os materiais que alimentam a economia, e lugar de despejo dos seus rejeitos” (Fernandes e Sampaio, 2008) Nas últimas décadas começou-se a discutir uma outra perspectiva: Abordagem sistêmica complexidade dos sistemas humano-natureza e na inter-relação entre as diferentes partes. - sustentabilidade - inclusão - equidade - justiça - saúde - ... 4/20/2017 3 Legislação ambiental Conjunto de regulamentos jur ídicos especificamente dirigidos às atividades que afetam a qualidade do meio ambiente. Legislação Ambiental Legislação Ambiental Direito Ambiental - Área do conhecimento jurídico que estuda as interações do homem com a natureza e os mecanismos legais para proteção do meio ambiente - Se estabelece com a Constitui ção Federal do Brasil de 1988 1. Princípio do direito a sadia qualidade de vida 2. Princípio de acesso equitativo aos recursos naturais 3. Princípio do usuário-pagador e poluidor-pagador 4. Princípio da precaução Direito Ambiental - Princípios 4/20/2017 4 5. Princípio da prevenção 6. Princípio da reparação 7. Princípio da informação 8. Princípio da participação Direito Ambiental - Princípios Histórico - Legislação Ambiental no Brasil 1802 Primeiras instruções para reflorestamento da costa brasileira - recomendação do naturalista José Bonifácio 1808 Jardim Botânico do Rio de Janeiro 1850 Primeiro Código Criminal - corte ilegal de madeira (intuito comercial) Criada a primeira reserva florestal do Brasil (Acre) “conter a devastação desordenada das matas” 1911 Revolução Industrial Histórico - Legislação Ambiental no Brasil 1934 Constituição Código da água Código florestal 1960 Código Florestal (Lei nº 4.771) Parque Nacional de Itatiaia 19671937 1965 Preocupação ambiental e social IBDF - Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal 1972 - tratar da degradação ambiental Conferência de Estocolmo Controle “racional” pelos planejadores do poder público Federal IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) Constituição Federal Histórico - Legislação Ambiental no Brasil 1989 ICMBio + IBAMA 20071981 Lei 6.938 - Política Nacional do Meio Ambiente CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) 1983 19881985 MMA (Ministério do Meio Ambiente) Redemocratização do Brasil 1992 Rio 92 1998 Lei de Crimes Ambientais 2000 2012 SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) Novo Código Florestal 4/20/2017 5 Constituição federal : - Um capítulo específico ao meio ambiente – Artigo 225 “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder P úblico e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gera ções.” Mecanismos legais de conserva ção Outros mecanismos da legisla ção ambiental brasileira: 1965 - Código Florestal - Lei 4.771 (Revogado pela Lei 12.651/2012) 1981 - Política Nacional de Meio Ambiente - Lei 6.938 1998 - Lei de Crimes Ambientais 2000 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) – Lei 9.985. Conselho Superior de Meio Ambiente IBAMA Instituto Chico Mendes Órgãos Estaduais Política Nacional do Meio Ambiente Lei 6.938/81 CONAMA Órgãos Municipais Conselho Superior de Meio Ambiente IBAMA Órgãos Estaduais Política Nacional do Meio Ambiente – L. 6.938/81 CONAMA Órgãos Municipais SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente Conselho Superior de Meio Ambiente IBAMA Órgãos Estaduais Política Nacional do Meio Ambiente – L. 6.938/81 CONAMA Órgãos Municipais SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente Colegiado representativo de 5 setores: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil. EXEMPLO: • o Ministro de Estado do Meio Ambiente (MMA) = Presidente; • o Secretário-Executivo do MMA = Secretário-Executivo; • 1representante do IBAMA; • 1representante da Agência Nacional de Águas-ANA; • 1representante de cada um dos Ministérios + Defesa; • 1 representante de cada um dos Governos Estaduais e do Distrito Federal, • 8 representantes de municípios que possuam órgão ambiental estruturado e CONSEMA • 1 representante da Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente- ANAMMA; • 22 representantes de entidades de trabalhadores e da sociedade civil (ONG ambiental) • 8 representantes de entidades empresariais; e etc... CONAMA Destaca a ação governamental na manuten ção do equilíbrio ecológico, proteção dos ecossistemas, controle das atividades potenciais ou efetivamente poluidoras e recupera ção das área degradadas. Instrumentos da política nacional do meio ambiente • O zoneamento ambiental • O licenciamento ambiental de atividades potencialmente poluidoras. • A avaliação de impacto ambiental Política Nacional de Meio Ambiente - Lei 6938/81 4/20/2017 6 Licenciamento (LEI Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981 - Pol ítica Nacional do Meio Ambiente) Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degrada ção ambiental dependerão de prévio licenciamento ambiental. (Redação dada pela Lei Complementar n º 140, de 2011) Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degrada ção ambiental, considerando as disposi ções legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. (RES. CONAMA Nº 237, DE 19/DEZ/97) Essa licença é obtida junto aos orgãos competentes nas esferas Municipal, Estadual e Federal Licenciamento Ambiental Licenças Ambientais Tipos I - Licença Prévia (LP) – na fase preliminar do planejamento de atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localiza ção, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo. (At é 5 anos) II - Licença de Instalação (LI) – autorizando o início da implantação, de acordo com as especificações constantes do Projeto Executivo aprovado (n ão superior a 6 anos); e III - Licença de Operação (LO) - autorizando,após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de polui ção, de acordo com o previsto nas Licen ças Prévia e de Instalação. Deve considerar os planos de controle ambiental (não superior a 10 anos). 4/20/2017 7 Atividades ou empreendimentos sujeitos ao licenciamento (...) RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237 DEFINE: Estudos Ambientais – “são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida.” Estudos de Impacto Ambiental (EIA) • EIA– 4 pontos básicos • O que está sendo proposto. • O ambiente afetado - que ambiente (biogeof ísico e/ou sócio-econômico) será modificado pela ação. • Quantificar os impactos no ambiente e quantificar as mudan ças. • Divulgar os resultados do estudo. Estudos de Impacto Ambiental (EIA) • Previsto na Constituição Federal de 1988 • Deve ser anterior à autorização da obra e/ou da atividade • A cada licenciamento pode ser necess ário um novo EIA • Deve ser exigido pelo Poder P úblico • Deve ser dada publicidade • Normas gerais estabelecidas pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 4/20/2017 8 RAP e TR • Relatório Ambiental Preliminar (RAP): • Estudos ambientais necessários para a tomada de decisão quanto à realização de EIA/RIMA. • Subsidia a elaboração do Termo de referência anterior ao EIA/RIMA • Termo de referência (TR): • Instrumento orientador para o EIA com objetivos de: • Estabelecer as diretrizes e • O conteúdo e a abrangência - de acordo com as exigências do órgão ambiental • Preparado em conjunto pelo IBAMA e órgãos das esferas administrativas competentes do empreendimento Conteúdo dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) • Definir a área de influência do projeto • Considerar os planos e programas governamentais ( compatibilidade com o zoneamento ambiental ) • Apresentar alternativas viáveis • Descrição do local • Identificação e avaliação dos impactos ambientais do projeto • Medidas para corrigir os impactos ambientais desfavor áveis (Medidas mitigadoras) • Medidas preventivas de riscos e catástrofes • O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos • Medidas mitigadoras, exemplos em transportes: • Recomposição da vegetação • Obras de contenção • Construção de passagens inferiores • Viadutos • Sistemas de drenagem • Aplicação de programas de comunicação social e ambiental • Redimensionamento de vias • Tratamento de efluentes • Descontaminação dos solos Estudos de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) • Ao final do EIA, elabora-se o RIMA (Relat ório de Impacto Ambiental) --> apresentação objetiva e de fácil compreensão para o público • Acesso e comentários • Audiência pública • Decisão do órgão licenciador 4/20/2017 9 Etapas do Licenciamento Processo de Licenciamento Ambiental Atividades Empreendedor Órgão Ambiental Consultora Comunidade Solicita o de Licen Ambiental Emissão de termo de referência Contrata o do EIA/RIMA Elabora o do EIA/RIMA Entrega do EIA/RIMA Análise do EIA/RIMA Manifesta es da comunidade Convoca o de Audi cia P lica Participa o na Audi cia P lica Elabora o de parecer t nico Reunião de Conselho Estadual Emissão da Licença Ambiental Atividades Empreendedor Órgão Ambiental Consultora Comunidade Solicita o de Licen Ambiental Emissão de termo de referência Contrata o do EIA/RIMA Elabora o do EIA/RIMA Entrega do EIA/RIMA Análise do EIA/RIMA Manifesta es da comunidade Convoca o de Audi cia P lica Participa o na Audi cia P lica Elabora o de parecer t nico Reunião de Conselho Estadual Emissão da Licença Ambiental Conclusões (modificado de Fogliatti et al. 2004) • Restrições e pontos críticos (EIA) ▫ Série de atividades: graus distintos de dedicação técnica ▫ Pouca ênfase para o caráter evolutivo dos ecossistemas ▫ Pouco conhecimento do potencial dos recursos naturais ▫ Os custos indiretos “absorvidos” pelo ambiente ou por usuários dele após a instalação de um projeto não são apontados Conclusões (modificado de Fogliatti et al. 2004) • Restrições e pontos críticos (RIMA) • Divulgação restrita e próxima à decisão final (informação fragmentada) • Linguagem teórica dirigida a um público seleto • Desequilíbrio na participação dos agentes envolvidos – audi ência muitas vezes transformada em mera exig ência legal • Quantos aos órgãos públicos • Falta de recursos financeiros • Desigualdade regional • Falta de definição de termos de referência para balizar os projetos • Problemas “outros”... 4/20/2017 10 Aeroporto em Ratones 4/20/2017 11 Estudo de caso: Avanço Baía da Babitonga COPAH/IBAMA Proposta de Monitoramento Integrado dos Empreendimentos portuários PEC 65/2012 Riscos de retrocesso!! - Autoriza qualquer atividade com potencial negativo pela simples apresenta ção do Estudo Prévio de Impacto Ambiental - proibi que orgãos ambientais e até o Poder Judiciário impeçam prosseguimento da atividade - Cria o licenciamento ambiental especial para empreendimentos estratégicos. - prazos são curtos (pode inviabilizar estudos ambientais e sociais de qualidade) - elimina obrigatoriedade de audi ência pública - impõe prazos apertados para os órgãos que auxiliam os processos de licenciamento (p.ex. FUNAI e ICMBio) PLS 654/2015 4/20/2017 12 REFERÊNCIAS: Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Legislação Ambiental Básica . Consultoria Jurídica. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, UNESCO, 2008. 350 p. Fernandes, V.; Sampaio, C.A.C. Problem ática ambiental ou problemática socioambiental? A natureza da rela ção sociedade/meio ambiente. Desenvolvimento e Meio Ambiente , n. 18, p. 87-94, jul./dez. 2008. Editora UFPR Machado, P.A.L. Direito Ambiental Brasileiro. Malheiros, São Paulo, 2002. Sanchés, L.E. Avaliação de Impacto ambiental - conceitos e m étodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. Vitório, D. Logística Verde. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2008. 275 p. Livro: O Colapso - Como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso Autor: Jared Diamond Mistura ciência, pesquisa histórica e experiências pessoais do autor. "Graças à globalização, ao comércio internacional, aos aviões a jato e à Internet, todos os países do mundo hoje compartilham os mesmos recursos finitos. A Ilha de P áscoa era um lugar isolado no Oceano Pacífico, tanto quanto a Terra é um planeta solitário na imensidão do universo. Quando os habitantes polin ésios da ilha se viram em dificuldade, não havia para onde fugir, da mesma forma como nós, seres humanos atuais, não teremos para onde ir caso os problemas atuais continuem a se agravar at é o limite do desastre".
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