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ARTE E DIREITO PROVA 01 - Daniel Nicory

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Leonardo David – 2º semestre – Arte e Direito – T4AA – 2017.2 
 
Fontes: aulas Daniel Nicory, apontamento Carolina Ribeiro 
 
Arte e Direito 
A arte é uma forma de expressão cultural, assim como o direito. Ou seja, 
uma forma de comunicação. Nesse sentido, ambas expressam um sentimento, 
um tempo histórico. Sentimento esse que, no direito, é o sentimento de liberdade, 
de justiça. Para a arte, segundo Aristóteles, a arte imita, representa a vida 
(mimese). Ou seja, o olhar subjetivo de um artista sobre algo da vida é 
recolocado na arte. Sob essa perspectiva, a criação da arte pode ser renunciada, 
a criação do direito não, pois este tem um constrangimento da liberdade que a 
arte não tem. 
Tanto o direito quanto a arte, como objetos culturais, pretendem passar 
uma mensagem, portanto precisam ser interpretados. Para isso, é preciso 
entender que os valores que julgam a arte e o direito são diferentes. O direito 
persegue o valor da justiça, a arte, do belo. Ambos tratam de todos os aspectos 
da vida social e, portanto, reconstroem um ao outro. 
Direito da arte 
Trata-se do conjunto de disposições que regulam a arte. Ex: direitos 
autorais, responsabilidade penal e civil do artista, liberdade de expressão, etc. 
Direito na arte 
Estuda os temas jurídicos nas obras de arte. Desde a Grécia Antiga, as 
tragédias já tratavam de temas jurídicos. 
Direito como arte 
Assim como o direito regula a arte, a arte representa o direito, visto que 
muitas obras representam o direito. Assim, o direito como arte estuda as 
aproximações estruturais entre os fenômenos jurídicos e artísticos, 
principalmente no campo filosófico. Dessa forma, eles são próximos, na medida 
em que são formas de expressões culturais, tendo, inclusive, problemas comuns, 
como, por exemplo, a retórica, a interpretação e a narrativa. Na interpretação, os 
dois imprescindem dela para entender o seu sentido. Na narrativa, ambos têm 
relação forte com o “contar histórias”, na medida em que, no direito, o julgador 
não testemunha o fato, mas sim o relato, ou seja, a narrativa. 
Leonardo David – 2º semestre – Arte e Direito – T4AA – 2017.2 
 
Fontes: aulas Daniel Nicory, apontamento Carolina Ribeiro 
 
Conceito aristotélico 
Aristóteles é quem sintetiza melhor, na Grécia Antiga, a arte, embora não 
tenha sido o primeiro. Ele traz o conceito de imitação da vida, traz a ideia do 
“como se fosse o outro”. Ele subdivide em dois aspectos: a mimese e o mito. 
A mimese é a imitação mais propriamente, é o reflexo dos 
acontecimentos, mas não uma mera reprodução deles. É o fingimento da 
representação artística, mas sem a intenção de enganar. A obra de arte se 
realiza na experiência do intérprete. Esta pode renovar a arte. 
O mito, por sua vez, é a história que explica um mistério. É a organização 
dos fatos. Aristóteles diz que para uma história conter verossimilhança, tem que 
ter uma sucessão de fatos segundo o necessário ou o provável. Vários fatos 
ocorrem ao mesmo tempo. O mundo não começou no início da história. Nesse 
sentido, como o passado volta? Por meio de lembranças, testemunhas, na 
perspectiva natural e por meio de visões de personagens, volta no tempo, na 
perspectiva sobrenatural. Os mais importantes mitos são os fundadores e 
criadores. Traz a metáfora da explicação científica. É uma sequência de 
acontecimentos de forma organizada para cumprir determinado sentido. 
Poesia x história x direito 
O historiador trata do que aconteceu. A poesia trata do que pode 
acontecer e o direito fala sobre o que deve acontecer. Dessa forma, a poesia 
diferencia a arte da realidade. Diz que o artista exerce um trabalho mais nobre 
que os historiadores, pois este só trata de acontecimentos passados, enquanto 
o artista trata de algo mais no campo das ideias, do que pode acontecer ou o 
que poderia acontecer. Uma história é mais ou menos verdadeira de acordo com 
a sua organização, dentro do possível. O conceito de possibilidade depende do 
contexto normativo. Nesse sentido, a arte tem o poder de trazer outros mundos. 
Contudo, qualquer história tem que ter pretextos para que a torne coerente com 
a narrativa do texto, portanto, a arte não dá liberdade plena ao artista. O direito 
é a imitação da vida, assim como a arte, que guardam uma relação com o real, 
mas não necessariamente o reproduzem. O direito e a poesia mostram que o 
real pode se confundir com o ideal. 
Leonardo David – 2º semestre – Arte e Direito – T4AA – 2017.2 
 
Fontes: aulas Daniel Nicory, apontamento Carolina Ribeiro 
 
Origem da poesia 
Parece haver duas causas: a imitação, instintiva no homem desde a 
infância, na qual, por ela, adquirimos nossos primeiros conhecimentos e 
experimentamos o prazer. E a tragédia, como imitação de uma ação importante 
e completa. Tem por efeito obter a purgação da compaixão e do terror. 
Diferenças entre as formas de poética: tragédia x comédia 
Se diferenciam pela forma de imitação. A tragédia imita as pessoas 
melhores do que elas são e a comédia imita piores do que elas são. 
Aristóteles toma a tragédia como modelo ideal da arte. O objetivo de arte 
para Aristóteles é a catarse – despertar o sentimento do público, já que é pelo 
sentimento que a arte se comunica, que terá o papel da purificação espiritual, 
onde este vai se dá de forma diferente de acordo com a arte –, construída na 
obra a partir da peripécia e dos reconhecimentos. A peripécia é a mudança da 
sorte da personagem, enquanto os reconhecimentos acontecem quando a 
qualidade oculta da personagem aparece (revelação). O herói trágico é capaz 
de coisas maiores que os homens comuns. Assim, acha que pode tudo, inclusive 
lutar contra o destino. Contudo, o herói trágico, acima das pessoas, abaixo dos 
deuses, que for contra esses deuses significa que ele se excedeu e esse 
excesso, chamado de “hubres”, desencadeia a peripécia. Ou seja, a queda do 
herói desperta o sentimento de compaixão do público. Outro fator que pode 
desencadear a catarse é o patético, o sofrimento propriamente dito, o qual, as 
vezes, é a confirmação da peripécia. 
Comédia desperta a simpatia e o riso. 
Vale ressaltar que nem sempre o reconhecimento e a peripécia se dão ao 
mesmo tempo. 
Modos de imitação 
- Mítico: arte dos deuses. Os poderes das personagens são maiores em 
natureza e grau em relação aos homens e ao ambiente. 
Leonardo David – 2º semestre – Arte e Direito – T4AA – 2017.2 
 
Fontes: aulas Daniel Nicory, apontamento Carolina Ribeiro 
 
- Maravilhoso: abaixo dos deuses, mas tem personagens com poderes 
superiores em natureza e grau aos homens comuns. Não controla a natureza, 
mas transforma. 
- Mimético alto: um dos elementos trágicos. Personagens com poderes 
maiores apenas em grau aos homens comuns. São os heróis líderes. 
- Mimético baixo: mesmo nível dos homens comuns. Mostra em nós 
aquilo que não gostamos de nós mesmos. 
- Irônico: abaixo dos homens comuns. Renegados, insignificantes, 
derrotados. 
A história mostra a arte em uma sucessão do modo mítico ao modo 
irônico, mas do irônico volta ao mítico, caracterizando um movimento circular. 
A narrativa jurídica está, em sua maioria, no mimético baixo, mas há 
situações de mimético alto, irônico e maravilhoso. Este último se configura na 
religião e na psicografia. A narrativa jurídica sempre resvala nesse sobrenatural 
que a ciência tenta afastar. 
Verossimilhança e absurdo na ficção 
Verossimilhança é o conceito chave do pensamento de Aristóteles. É a 
aparência de realidade, o provável. Se dá pela experiência prévia do mundo. 
Entretanto, pode não ser real para o nosso mundo. No Direito, tem-se o exemplo 
da liminar, que é uma antecipação da tutela, a partir daprobabilidade e da 
urgência. 
As ficções, por sua vez, possuem verossimilhança, pois possuem 
coerência interna no mundo da obra. Os absurdos, muitas vezes, revelam o real 
que devemos evitar. 
Erros e contradições do direito na arte 
Segundo Ihering, a condição humana de detentor do direito, e a 
reivindicação do direito é o que garante a sua existência. Ou seja, se o direito 
não for utilizado, cai em desuso. A luta pelo direito não é somente a luta por um 
direito pessoal, mas sim pelo direito de todos. Os erros da prática judiciária são 
contradições presentes no direito. 
Leonardo David – 2º semestre – Arte e Direito – T4AA – 2017.2 
 
Fontes: aulas Daniel Nicory, apontamento Carolina Ribeiro 
 
Contar a lei – François Ost 
Literário ou não, a depender da perspectiva. Por exemplo a Bíblia. Ela 
pode ser histórica, literária, filosófica, sagrada ou, a depender do intérprete, pode 
ser as quatro juntas. Ela trata de questões jurídicas e éticas. Traz o antigo 
testamento, onde o povo hebreu, fugindo da escravidão, seguia para o Mont 
Sinai. Houve a revelação das leis de Deus a Moisés. Ou seja, o direito divino é 
imposto, resta apenas aceitar. Ost vai dizer que esse momento não é uma 
simples imposição, pois, ao revelar a lei, os hebreus propõem um pacto. Pacto 
com características desiguais, é verdade, mas um pacto. É a obrigação de se 
portar perante os 10 mandamentos, obrigação de pregar a palavra de Deus e, 
em troca, o povo hebreu terá o direito da salvação, vivendo no paraíso e o direito 
da terra prometida. 
Ost interpreta o texto dizendo que foi a primeira ideia de contrato. A partir 
daí que ele vai identificando os grandes fundamentos do direito. 
A luta pelo direito – Ihering 
Ihering traz a distinção entre o direito objetivo (law, ordenamento) e o 
direito subjetivo (right, direitos e obrigações aos indivíduos estabelecidos pelo 
direito objetivo). 
Pela concepção tradicional é apenas o direito subjetivo que depende do 
direito objetivo, pois este precisa ser válido, não necessariamente eficaz. Ou 
seja, mesmo que ninguém cumpra, continua sendo direito. Lutar pelos direitos é 
demonstrar compromisso com a coletividade perante a difusão da injustiça. 
Ainda que o sentimento seja egoísta, o efeito é altruísta. 
O mercador de Veneza – Shakespeare 
É uma metáfora acerca da justiça e do direito, e o que deve prevalecer. 
Ihering crê que o contrato não deveria ser validado, porém, já que foi validado, 
deveria ser cumprido. 
A história: Bassanio quer se casar com Portia. Bassanio não tem muitas 
posses, e ali havia o problema do dote, no qual exigia-se 3000 ducados de 
Bassanio para se casar. Este tinha o amigo Antonio, o mercador de Veneza, 
pedindo dinheiro emprestado. Antonio ainda não tinha dinheiro em mãos, mas 
Leonardo David – 2º semestre – Arte e Direito – T4AA – 2017.2 
 
Fontes: aulas Daniel Nicory, apontamento Carolina Ribeiro 
 
recorre a Shylock para ajudar Bssânio. Shylock era um agiota e judeu que 
detinha poder econômico, mas não tinha prestígio social. Emprestou a Antonio, 
mas exigiu uma libra de carne do peito de Antônio se não cumprisse o contrato, 
a dívida. Os barcos de Antônio, responsáveis pela sua renda, não voltam e 
Shylock procura a justiça, o doge. Shylock invoca a lei dizendo que se o direito 
dele não fosse visto, seria uma ameaça a todos os contratos de Veneza – Ihering 
diz que Shylock representa o direito. Bassanio, casado e rico, volta para ajudar, 
mas Shylock não aceita o dinheiro. Doge pede ajuda aos jurisconsultos, já que 
não é um jurista profissional. Um jovem jurista aparece no lugar dos 
jurisconsultos, alegando que lhe foi delegado essa tarefa. Esse jovem conclui 
que nenhuma das leis de Veneza proíbe esse tipo de contrato e então dá o direito 
de Shylock retirar a libra de carne de Antônio. Entretanto, alega que não poderia 
tirar nenhuma gota de sangue. Shylock volta atrás querendo os 3000 de 
Bassanio, mas já não pode mais negociar e Shylock desiste de tirar a carne no 
peito, mas doge diz que Shylock feriu a honra de um cidadão de Veneza. Antônio 
poupa a vida de Shylock. O jovem jurista era Portia disfarçada de homem. 
O Mercador de Veneza diz que entre direito e justiça, escolha a justiça. 
Ihering traz uma nova concepção: disse que esse jeitinho não poderia acontecer, 
já que serviria de precedentes, pois Shylock foi injustiçado, já que teve seu direito 
frustrado e sofreu um excesso ao perder seus bens e se tornar católico (foi 
exigido que Shylock se convertesse). Com essa concepção, Ihering foi tratado 
como positivista excessivo. 
Dessa forma, a obra de Shakespeare mostra as insuficiências do direito e 
a dificuldade do papel do julgador. 
Michael Kohlhaas – Von Kliest 
Michael é um nobre da Alemanha medieval e tem a vida da noiva ceifada 
e sua propriedade tomada por um lorde. Procura, então, a justiça e esta lhe fecha 
as portas. Procura vingança e mata o cara e, ainda, todos que negaram justiça 
a ele. Ele é caçado e preso e, enfim, encontra a paz, pois alega que finalmente 
teve o seu direito da pena de morte. 
A frustração da luta pelo direito pode levar à calamidade. 
Leonardo David – 2º semestre – Arte e Direito – T4AA – 2017.2 
 
Fontes: aulas Daniel Nicory, apontamento Carolina Ribeiro 
 
Mitos fundadores do direito 
Com a emergência do antropocentrismo, em detrimento do teocentrismo, 
o direito sofreu muito, pois antes era fácil interpretá-lo e aplica-lo, através dos 
cânones. Quando Deus perde o lugar central do mito fundador, é necessário que 
exista uma nova fundamentação para o direito. Com isso, vem afirmar o direito 
o mito mundano e humanista do contrato social, que tinha como princípio a 
liberdade. Nesse contexto, o juiz não é mais boca de Deus, mas sim boca da lei, 
tendo maior responsabilidade. O juiz passou a ser concursado e não eleito. 
Ficção e narrativa histórica 
- Ficção e história – Ricover 
O autor reconhece as duas principais narrativas na ficção e na narrativa 
histórica. Se inspira em Aristóteles e crê na tríplice mimese. 
- Pretensão de veracidade 
Na narrativa histórica, a intenção é reproduzir os fatos tais como 
ocorreram. 
- Pretensão de credibilidade 
Transporta o leitor para o mundo da ficção e o faz acreditar nas regras e 
coerência interna. 
Representação da ação – Ricover 
Texto passa por três etapas para transmitir a sua mensagem (tríplice 
mimese): 
- Prefiguração: o autor prefigura a ação (vontade da lei). É a capacidade 
que a vida tem de se repetir padrões e ser compreendida por nós a partir desses 
padrões. É a tradição. Por que existem esses padrões? Que padrões são esses? 
Essa é a discussão da prefiguração. 
A prefiguração nunca vai conseguir uma situação perfeita da vida. A vida 
oferece certos padrões que precisam ser organizados. O autor vai colher esses 
padrões e passar para a configuração. 
Leonardo David – 2º semestre – Arte e Direito – T4AA – 2017.2 
 
Fontes: aulas Daniel Nicory, apontamento Carolina Ribeiro 
 
- Configuração: o texto configura a ação (vontade do legislador). É a 
contribuição do autor para a mimese que está cristalizado no texto. A partir do 
momento que o texto é publicado, ele se torna independente do autor. É 
importante saber suas intenções, mas não significa que a sua interpretação é a 
única válida. O contexto e até o futuro trazem sentidos adicionais ao próprio 
texto. 
- Refiguração: o leitor refigura a ação (vontade do juiz). É como o leitor 
atribui sentido ao texto. Embora não tenha como dizer a interpretação correta, 
há como excluir as absurdas, ou seja, há um limite interpretativo. Dessa forma, 
as interpretações podem sofrer mudanças à medida queo tempo histórico muda. 
O que permanece na obra são seus signos e não os significados. 
Conceitos de ação e de verdade – Habermas 
Ação é o comportamento humano voluntário. Verdade é o elemento 
básico do processo, pois busca-se sempre ela. 
Estrutura teleológica da ação 
Divide-se em: 
Aspectos internos: vontade, finalidade, conhecimento causal, eleição do 
meio, definição do plano de ação. 
Aspectos externos: execução do plano, produção de efeito, alcance do 
fim. 
Para Habermas, a ação está considerada dentro de um contexto de várias 
ações diferentes. 
- Ação estratégica (verdade-correspondência): instrumentalmente 
orientada. Baseada na percepção. A verdade-correspondência é uma relação 
entre os fatos e os acontecimentos do mundo real. O conceito de verdade-
correspondência é baseado na realidade objetiva, que pode ser percebida por 
qualquer um. A ação estratégica é aquela de estrutura teleológica que se acopla 
ao mundo objetivo em busca do êxito e do sucesso. Esta ação estratégica 
maximiza as chances de sucesso de acordo com o comportamento dos outros 
sujeitos. Busca da máxima eficácia, todos os indivíduos na busca do seu próprio 
Leonardo David – 2º semestre – Arte e Direito – T4AA – 2017.2 
 
Fontes: aulas Daniel Nicory, apontamento Carolina Ribeiro 
 
êxito, desconsiderando juízo de valor. O limite para a ação estratégica é a 
eficiência. 
- Ação normativa (verdade-correção): axiologicamente orientada. 
Mundo social ou intersubjetivo. Verdade-correspondência consiste na relação 
entre uma afirmativa, fato ou comportamento e uma ordem normativa. Se o fato 
está em conformidade com a ordem normativa, ele é válido e correto. Ou seja, o 
primeiro passo é saber o que não pode. Exemplo: o dinheiro, em verdade-
correspondência, é um mero pedaço de papel. Contudo, com a verdade no 
sentido de correção, há uma compatibilidade com um sistema na qual torna o 
dinheiro verdadeiro. Aqui ocorre o controle dos comportamentos, onde a busca 
pelo êxito é limitada pelo papel social de cada um. Considera-se, portanto, o 
juízo de valor. 
- Ação dramatúrgica (verdade-credibilidade): ligada ao mundo 
subjetivo. Ideia de sinceridade ou credibilidade. Essa verdade-credibilidade é a 
relação de conformidade entre um sentimento e a sua expressão. É a expressão 
sincera de um sentimento. A ação dramatúrgica é a melhor representação de si 
mesmo na sociedade. É o que faz as pessoas acreditarem em você. Reconhece 
as suas necessidades e capacidades para agir. Só sabendo o que você é que 
se chega a um meio mais eficaz para chegar às finalidades. Busca-se o sucesso 
como o limite da fidelidade ao próprio sentimento. Alternativa é vestir máscara 
para buscar o sucesso. 
- Ação comunicativa (verdade-consenso): é o grande projeto de 
Habermas. Consiste na unificação das três ações. A verdade-consenso consiste 
na verdade comum a qual vários agentes conseguem alcançar. É a verdade da 
livre concórdia. O comum acordo entre valores é a base da ação comunicativa. 
Maurice Marleau-Ponty – fenomenologia da percepção 
- Percepção: captação dos sinais do mundo com os órgãos sensoriais 
- Recordação: memória 
- Imaginação 
- Intuição ou empatia: forma mais impalpável do conhecimento. 
Leonardo David – 2º semestre – Arte e Direito – T4AA – 2017.2 
 
Fontes: aulas Daniel Nicory, apontamento Carolina Ribeiro 
 
Para que se compreenda as coisas é necessário que haja a interpretação 
desses sinais. No direito, a tomada de decisões ocorre através desses sentidos. 
A narrativa jurídica 
Tenta explicar como os fatos jurídicos viram narrativa. O fato jurídico sobre 
o qual o direito vai incidir deve virar texto para ser valorado pelo direito. A 
enunciação do fato é a narrativa jurídica. 
Conformação da situação de fato 
É a passagem do fato bruto para o fato definitivo. O juiz não pode contar 
somente com a versão de uma das partes. Aos fatos é atribuído o sentido e é a 
narrativa que dá esse sentido. O fato bruto é reconstruído como texto adequado 
à linguagem jurídica. Esse é o sistema: fato – enunciação do fato – ordenamento 
– aplicador – executor – consequência. 
Teorias do fato e da conduta 
A narrativa jurídica já é previamente organizada. As vezes a lei cria ficção 
jurídica para evitar conflitos e resistência por parte da sociedade. 
A ficção jurídica – Larenz 
Ficção x presunção 
A diferença entre ficção e presunção é que esta não se sabe se é verdade, 
mas trata-se como se fosse. Aquela, sabe-se que algo não é verdade, mas trata-
se como se fosse. 
Modelos narrativos aplicados ao direito 
James Bond 
Umberto Eco encontra três principais categorias de relação de Bond em 
007 (Cassino Royale): 
- Relações com o adversário: quase invulnerabilidade. Bond apanha 
muito. O adversário é o não britânico, o exótico. Ou seja, há um maniqueísmo 
racista, por conta da Guerra Fria. 
Leonardo David – 2º semestre – Arte e Direito – T4AA – 2017.2 
 
Fontes: aulas Daniel Nicory, apontamento Carolina Ribeiro 
 
- Relação com a mulher: quase insensibilidade. Arquétipo do machismo, 
da satisfação do desejo e da conquista. Se apaixona apenas por Vesper e, ao 
perde-la, torna-se insensível com as outras mulheres. 
- Relação como comando: fidelidade quase absoluta. As vezes contraria 
o comando para o cumprimento da missão. 
Intriga mínima completa – Todorov 
Propõe um modelo universal para todo o tipo de narrativa. Passagem de 
um equilíbrio para um desequilíbrio, até chegar a um estado novo de equilíbrio, 
que pode ser diferente do primeiro. 
Modelo quinário – Yves Reuter 
Estado inicial – alterado por força perturbadora – desencadeia uma 
sucessão de forças – força equilibradora instaura estado final.

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