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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA origem das cidades o trânsito no Brasil administração ou gestão? unidade I unidade II unidade III Prof.ª Me.Daiane Maria De Genaro Chiroli VIVER EM CIDADES CONTEXTUALIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE TRÂNSITO ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE TRÂNSITO Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualida- de, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsa- bilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar – assume o compromisso de democra- tizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promo- ver a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cida- dãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro Universitário Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-extensão com as demandas Reitor Wilson de Matos Silva palavra do reitor Direção UniceSUMar reitor Wilson de Matos Silva, Vice-reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-reitor de administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-reitor de eaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. neaD - núcleo De eDUcação a DiStância Direção de operações Chrystiano Mincoff, coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha, coordenação de Polos Reginaldo Carneiro, coordenação de Pós-Graduação, extensão e Produção de Materiais Renato Dutra, coordenação de Graduação Kátia Coelho, coordenação administrativa/Serviços compartilhados Evandro Bolsoni, Gerência de inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge, Gerência de Marketing Harrisson Brait, Supervisão do núcleo de Produção de Materiais Nalva Aparecida da Rosa Moura, Design educacional Nalva Aparecida da Rosa Moura, Diagramação Melina Belusse Ramos, revisão textual Hellyery Agda Gonçalves da Silva, ilustração Melina Belusse Ramos, Fotos Shutterstock. neaD - núcleo de educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desen- volvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento aca- dêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Centro Universitário Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição univer- sitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de com- petências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão univer- sitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e adminis- trativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a edu- cação continuada. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância: C397 Administração e Gestão de Trânsito / Daiane Maria De Genaro Chiroli. Publicação revista e atualizada, Maringá - PR, 2014. 119 p. “Pós-graduação Núcleo Comum - EaD”. 1. Administração. 2. Trânsito . 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. ??? CIP - NBR 12899 - AACR/2 Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a UNICESUMAR tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, de- mocratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da edu- cação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informa- ção e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a co- nhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas fer- ramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da UNICesumar se propõe a fazer. Pró-Reitor de EaD Willian Victor Kendrick de Matos Silva boas-vindas sobre pós-graduação a importância da pós-graduação O Brasil está passando por grandes transformações, em especial nas últimas décadas, motivadas pela estabilização e crescimento da economia, tendo como consequência o aumento da sua impor- tância e popularidade no cenário global. Esta importância tem se refletido em crescentes investimentos internacionais e nacionais nas empresas e na infraestrutura do país, fato que só não é maior devido a uma grande carência de mão de obra especializada. Nesse sentindo, as exigências do mercado de trabalho são cada vez maiores. A graduação, que no passado era um diferenciador da mão de obra, não é mais suficiente para garantir sua emprega- bilidade. É preciso o constante aperfeiçoamento e a continuidade dos estudos para quem quer crescer profissionalmente. A pós-graduação Lato Sensu a distância da UNICESUMAR conta hoje com 21 cursos de especialização e MBA nas áreas de Gestão, Educação e Meio Ambiente. Estes cursos foram planejados pensando em você, aliando conteúdo teórico e aplicação prática, trazendo informações atualizadas e alinhadas com as necessida- des deste novo Brasil. Escolhendo um curso de pós-graduação lato sensu na UNICESUMAR, você terá a oportunidade de conhecer um conjun- to de disciplinas e conteúdos mais específicos da área escolhida, fortalecendo seu arcabouço teórico, oportunizando sua aplicação no dia a dia e, desta forma, ajudando sua transformação pessoal e profissional. Professor Dr. Renato Dutra Coordenador de Pós-Graduação , Extensão e Produção de Materiais NEAD - UNICESUMAR “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” Missão apresentação do material Caro(a) aluno(a), Sou a professora Daiane Maria De Genaro Chiroli, possuo graduação em Engenheira de Produção e mestrado em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá. Sou Especialista em Engenharia de Produção com ênfase em Logística pela Faculdade Paranaense e doutoran- da no programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção pela UniversidadeFederal de Santa Catarina, na área de Logística e Transportes. Atuo como docente do curso de Engenharia de Produção da Universidade Estadual de Maringá desde 2008, nas áreas de Qualidade, Planejamento e Controle da Produção, Gestão de Custos, Gestão de Projetos e Logística, na Pós-Graduação em Produção Industrial: Sustentabilidade de processos com as disciplinas Gestão de Cadeias e Redes de Empresas e Tópicos Avançados de PCP. Na Unicesumar, sou professora na EAD desde 2011, no curso de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão de Trânsito nas disciplinas de Projetos Especiais de Segurança e Mobilidade e Administração e Gestão de trânsito. Nos cursos presenciais atuei na Pós-Graduação de Gestão de Negócios Internacionais e Relações Internacionais, Engenharia de Produção e Qualidade e Produtividade com a dis- ciplina de Gestão da Qualidade e na Pós-Graduação de Engenharia de Edificações com a disciplina Lean Construction. Professora Mestre Daiane Maria De Genaro chiroli Desejo a você boas-vindas à disciplina de Administração e Gestão de Trânsito. É com muita satisfação que apresento o material para estudo, que permitirá melhor familiarização do tema. Nesta introdução, apresento parte de minha dissertação de mestrado, em que estudei como avaliar a qua- lidade no trânsito em cidades brasileiras. Uma das formas de melhorar a qualidade de vida nas cidades é melhorar as condições no trânsito das mesmas, e para isso a sua especialização, a sua preparação para o mercado de trabalho é fundamental. Você está no caminho correto, pois existe grande carên- cia de profissionais nesta área de conhecimento. Como todos sabem, o homem sempre buscou ferramentas e maquinários para facilitar sua vida diária de maneira a ter conforto, comodidade e melhor qualidade de vida. Após a Segunda Guerra Mundial, e com o advento da mecanização, os veí- culos de transporte modificaram a vida das pessoas, pois além de proporcionar grandes benefícios, lhes deram o sentido de poder e status social. Estes ins- trumentos com suas funcionalidades conquistaram o mercado rapidamente, favorecendo a melhoria da economia. Apesar da grande contribuição social e técnica desses equipamentos para a sociedade, trouxeram também alguns problemas. As cidades nem sempre estavam preparadas para atender tal demanda de veículos, pois o planejamento de po- líticas públicas urbanas e viárias não cresceu no Administração e Gestão de Trânsito 8 mesmo ritmo, acarretando em problemas sociais. Abreu (2006) cita que no Brasil, o trânsito é um dos piores e mais perigosos do mundo. Algumas estatísticas podem ilustrar essa asser- tiva, pois, estudos técnicos de mapeamento das mortes de trânsito no Brasil mostram que a quanti- dade de fatalidade em acidentes de tráfego cresceu 30% entre os anos de 2000 a 2007 (BOSSELI, 2009). Os problemas não estão somente nos aciden- tes ocasionados, mas no individualismo e estresse dos condutores, na violência e perda de pessoas no trânsito, nos impactos ambientais e urbanís- ticos, nos altos custos no setor de saúde pública entre outros. Para reduzir o número alarmante de acidentes, os altos custos para o poder público e evitar que mais vidas se cessem, é necessário buscar soluções práticas que visem à melhoria da quali- dade de vida no trânsito das cidades. Para que isso ocorra, é preciso criar subsídios para a tomada de decisões e de ações. Aqui cabe fazer uma pergunta: Quem toma de- cisões e define as ações a serem executadas para melhorar tais condições? A resposta: uma equipe bem preparada formada pelo Sistema Nacional de Trânsito (SNT), a qual você fará parte, se já não faz. Todos os órgãos formados pelo SNT podem também ser nomeados como processos, com suas diretrizes definidas e a cada um deles compete um nível de responsabilidades (nação, estado, município). No entanto, a estes profissionais cabe compre- ender o que acontece no trânsito das cidades e a competência de gerenciá-la neste quesito. Para tal, faz-se necessário entender que o trânsito é um sistema, o qual interage diversos atores em prol de um mesmo objetivo: o deslocamento, o sair de uma origem até um destino e vice-versa e chegar no tempo certo ao local pré-determinado com segurança, isto seria um sistema ideal. Mas o que na prática ocorre, é que a rapidez, o que querer chegar a tempo, faz com que muitos condutores tomem atitudes, que mesmo inconsciente, coloca em risco a vida das pessoas que utilizam as vias e, como citado anteriormente, a posse do veículo dá poder para tal. Por que falar em atores, se este conteúdo não apresenta roteiros de teatro, cinema ou novela? Pois o elemento fundamental da sociedade é o homem (homo sapiens), é o protagonista do sistema e o seu comportamento se reflete de forma impor- tante no trânsito, pois este age de diversas formas, podendo por hora ser o condutor do veículo, e por Pós-Graduação | Unicesumar 9 hora ser o pedestre, atuando também como pas- sageiro, operador de trânsito, e com uma série de fatores inter-relacionados com o mesmo. Neste sentido diversos fatores devem ser anali- sados e contextualizados de acordo com a realidade de cada lugar para que as intervenções possam realmente proporcionar efeitos positivos. Este con- texto mostra a necessidade de se fazer o trabalho de gestão no trânsito das cidades brasileiras, com uma visão estratégica que vise atuar de forma res- ponsável e contínua junto à sociedade. Deste modo, administração e gestão de trânsito possibilitará conduzir o planejamento do mesmo de forma criteriosa, o qual deverá ser preparado com uma abordagem criteriosa e ser elaborado com uma ampla visão, de modo a poder detectar todas as consequências positivas ou negativas de sua execução. Com o intuito de que você realmente compre- enda e desenvolva planos de trabalho de forma a gerenciar de maneira eficaz o trânsito de onde atua, o presente material apresentará na Unidade 1 o por quê vivemos em cidades, pois como cita Wright (1988), o transporte urbano é uma ativida- de essencial que abrange toda a movimentação de pessoas e mercadorias nas nossas cidades. É muito interessante observar como as cidades evoluíram com o tempo e como as necessidades da socieda- de, são explícitas no trânsito das cidades, pois este, é uma atividade-meio que permite a realização das demais atividades urbanas, como trabalho, estudos, diversões, manufaturas e comércio. São as calçadas, ruas e avenidas que dão vida às cidades, por isso devemos desenvolver planos coerentes com o es- tatuto da cidade, seu plano diretor e acessibilidade. A Unidade 2 contextualiza a estrutura do Sistema Nacional de Trânsito, a municipalização, que permi- tiu o desenvolvimento de melhorias pertinentes a característica de cada cidade. Também apresenta a organização da municipalização e os dados im- portantes a serem analisados para que ocorra um gerenciamento com qualidade. Por fim, na Unidade 3 você será levado a apro- fundar seus conhecimentos sobre administração e gestão, o que possibilitará a você entender as diferenças entre estes contextos. Também serão explanados modelos de administração e gestão aplicável no trânsito das cidades. Desejo a você bom estudo! Realize as atividades e pesquise, pois o conhecimento não tem limites e os conceitos evoluem muito rapidamente. su m ár io 01 14 origem das cidades 21 planejamento dos transportes no brasil 27 estatuto das cidades 31 plano diretor VIVER EM CIDADES 02 03 42 o trânsito no brasil 46 o código de trânsito brasileiro e o sistema nacional de trânsito 53 municipalização do trânsito no brasil 61 coleta de dados para compreender a realidade de sua cidade 72 administração ou gestão 73 administração e gestão de trânsito 85 modelosde administração e gestão de trânsito 86 planejamento e gestão estratégica 89 gestão baseada por processos 92 a gestão da qualidade 95 balanced scorecard Contextualização do Sistema Na- cional De Trânsito ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE TRÂNSITO 1 VIVER EM CIDADES Prof.ª Me. Daiane Maria De Genaro Chiroli Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estu- dará nesta unidade: • Origem das cidades • Planejamento dos transportes no Brasil • Histórico dos planos no Brasil • Estatuto das Cidades • Plano Diretor objetivos de aprendizagem • Estudar a origem das cidades e seus principais elementos. • Compreender como a industrialização e os meios de transportes influenciaram no desenvolvimento dos sítios urbanos. • Entender a importância do estatuto das cidades para a melhoria da qualidade de vida tendo como consequ- ência a melhoria do trânsito nas mesmas. • Enxergar como o plano diretor retrata como uma cidade pode crescer de forma ordenada e sem ocasionar ônus aos seus citadinos. Ao pensarmos em como as cidades surgiram, podemos imaginar várias formas de crescimento e vários modelos de desenvolvimento, assim como o enredo de uma novela. Mas, na vida real, ao olharmos para o passado, conseguimos enxergar uma linha do tempo, que nos trouxe um grande desempenho e este, correlacionado com um con- junto de elementos que devem ser estudados para que possamos olhar para as cidades que vivemos hoje, analisar suas demandas e assim projetar melhorias para o futuro. Pois bem, as cidades foram constituídas por razão da necessidade. Por quê? Basta tentar responder a esta pergunta: Você consegue viver sozinho? Mas, cito outras perguntas, para fazê-los refletir. Em seu trabalho você necessita de informações para a realização de suas ati- vidades? E para se alimentar, você planta seus alimentos, os prepara sem a necessidade de ir a um supermercado fazer as compras? E, se todas as suas respostas forem negativas? Quais os meios que você utiliza para viver da melhor maneira possível na sociedade e em sua cidade? Se olharmos então para o surgimento das cidades brasileiras, ficare- mos “embasbacados” em enxergar como o crescimento das mesmas se deu ao redor de rios, de estradas e ferrovias. Segundo Borsagli (2010), a manutenção de uma cidade ou região, em parte sempre foi devida aos caminhos que a ela levam. Já que, é por meio deles que se desenvolvem os fluxos migratórios, as trocas de mercadorias, entre outros fatores materiais e imateriais, os quais são necessários para o surgimento, crescimento ou decadência de um núcleo urbano. Os caminhos, portanto, são decisivos para determinar a importância e influência de uma cidade em uma região. Nesta unidade, brevemente, será apresentado este processo de ur- banização, o qual uma população se instala e multiplica numa área dada, que aos poucos se compõe como cidade e que deve ser es- truturada seguindo regimentos e diretrizes, para que os resultados sejam satisfatórios na sua prática gerencial. Administração e Gestão de Trânsito 14 Administração e Gestão de Trânsito 14 origem das cidades Na realidade, não se tem uma data exata de quando a humanidade começou a se urba- nizar. Mas em vários estudos, existem indícios que tal urbanização teve origem há cerca de 5.500 anos, quando a evolução da agricul- tura permitiu a produção e estocagem de excedentes e as sociedades tornaram-se mais complexas, com o surgimento das classes sociais baseadas na divisão social (BRAGA e CARVALHO, 2004). As comunidades passaram a ocupar as terras de plantio e a viver em aldeias. As pri- meiras civilizações surgiram na Mesopotâmia em torno de 3500 a.C. A palavra Mesopotâmia, de origem grega, signifi ca "a terra entre os rios”, nome dado por estar localizado no vale fl uvial do Eufrates e Tigre, atual terri- tório Iraquiano(Figura 1). Ao longo destes rios, muitas grandes cidades comerciais se formaram, tais como Ur e Babilônia. Logo pontilharam outras regiões do Oriente, como a Índia e a China. Pós-Graduação | Unicesumar 15 Figura 1 – Mapa da região Mesopotâmia Fonte da imagem: http://www.historiadomundo.com.br/persa/mapa-do-imperio-persa-e- da-mesopotamia.htm De modo geral, podemos destacar que as causas que deram origem ao nasci- mento das cidades tiveram uma função bem defi nida, destacando-se as condições naturais da região. As cidades nasceram sempre próximas da água, nas regiões mais planas, ou seja, em locais onde a natureza As primeiras cidades surgem como resultado de transformações sociais gerais – econômi- cas, tecnológicas, políticas e culturais -, quando, para além de povoados de agricultores (ou aldeias), que eram pouco mais que acampamentos permanentes de produtores diretos que se tornaram sedentários, surgem assentamentos permanentes maiores e muito mais complexos, que vão abrigar uma ampla gama de não-produtores: governantes, funcionários, sacerdotes e guerreiros. A cidade irá, também, abrigar artesãos especializados, como carpinteiros, ferreiros, ceramistas, joalheiros, tecelões e construtores navais, os quais contribuirão com suas manufa- turas para o fl orescimento do comércio entre os povos (SOUZA, 2005, P.46). era favorável ao homem (água abundan- te – rios ou mar-, facilidades no plantio e deslocamento das pessoas, clima propí- cio). Com desenvolvimento das cidades houve a geração de trabalho, que resultou em transformações sociais, como enfatiza SOUZA (2005, p. 46): Administração e Gestão de Trânsito 16 estas transformações sociais são decor-rentes das características das cidades do ocidente antigo, como cita Tavares (1993, p. 24-26): • A água - origem da sedentarização e formação de grandes povoados. • Topografia - mais relevante que a unidade administrativa. • Enormes povoados. • Divisão de trabalho, diversidade de profissões e diferenciação social. • As primeiras cidades são centros religiosos • Havia plano urbanístico. • A defesa era assegurada por muralhas, em cujas portas se exercia a justiça. Com o decorrer do tempo, aperfeiçoaram-se as técnicas de irrigação e as áreas cultivá- veis ampliaram-se cada vez mais. O que também favoreceu para o desenvolvimen- to das regiões foi a introdução dos metais, da roda, do carro puxado pelos bois, do burro de carga e das embarcações à vela e a remo (ABIKO et al, 1995). Na Europa, a característica da região também favoreceu para o crescimento das cidades, porém, diferentemente das cidades que se propagaram de maneira concentrada ao redor dos rios, as cidades europeias cres- ceram de forma espalhada. No Brasil, a ação da concentração em áreas urbanas e rurais se iniciou quando o território ainda era uma colônia europeia, antes mesmo da definição da maioria das atuais fronteiras. O Brasil, até a metade do século XIX era um país eminente mente agrário, onde apro- ximadamente 10% da população brasileira moravam em áreas urbanas e apenas quatro cidades brasileiras possuíam mais que 100 mil habitantes: Rio de Janeiro (691 mil habitan- tes), São Paulo (239 mil habitantes), Salvador (205 mil habitantes) e Recife (113 mil habi- tantes) (Santos 1998). São apresentados na Tabela 1 os dados do IBGE(2010) referentes à população brasi- leira no período entre os anos de 1872 até 2010. Período PoPulação (habitantes) 1872 9.930.478 1890 14.333.915 1900 17.438.434 1920 30.635.605 1940 41.236.315 1950 51.944.397 1960 70.992.343 1970 94.508.583 1980 121.150.573 1991 146.917.459 2000 169.590.693 2010 190.755.799 tabela 1 – População Brasileira Fonte:iBGe, 2010 Como pode ser observado pelosdados apre- sentados na Tabela 1, foi ao longo do século XX que houve elevado aumento da popu- lação, foi também neste período que um grande número de cidades nasceu, cresce- ram e se desenvolveram. Pós-Graduação | Unicesumar 17 Segundo Oliveira (2001), foi neste século que o país mais se urbanizou. O mesmo autor também enfatiza que o Brasil é um dos países que se urbanizou mais rapidamente em com- paração aos demais países do mundo. Em 50 anos se transformou em um país eminen- temente urbano, onde 82% da população moram em cidades. A industrialização também foi um marco para a história das cidades, e trouxe benefí- cios para o crescimento demográfi co. Esse grande crescimento da população urbana é consequência de progressos científi cos e técnicos realizados a partir da metade do século XVIII (HAROUEL, 1990). O aumento de população, tanto urbana quanto rural, ocorreu devido à diminuição da taxa de mortalidade, maior produção de ali- mentos, melhoria sanitária, diminuição das epidemias, avanço da medicina. Este mecanismo de crescimento dá origem a uma mudança da composição interna - aumenta a porcentagem da po- pulação jovem, pela queda da mortalidade infantil - e interrompe, sobretudo, o secular equilíbrio das circunstâncias naturais, pelo qual cada geração tendia a ocupar o lugar das precedentes e a repetir o seu destino. Sem cidades não há civilização! Fonte: A autora. Como citado em Brasil (2001, p. 9): A cidade é fruto do trabalho coletivo de uma sociedade. Nela está materializada a história de um povo, suas relações sociais, políticas, econômicas e religiosas. Sua exis- tência ao longo do tempo é determinada pela necessidade humana de se agregar, de se interrelacionar, de se organizar em torno do bem estar comum; de produzir e trocar bens e serviços; de criar cultura e arte; de manifestar sentimentos e anseios que só se concretizam na diversidade que a vida urbana proporciona. Todos buscam uma cidade mais justa e mais democráti- ca, que possa de alguma forma, responder a realização dos nossos sonhos. Nesta evolução de desenvolvimento das cidades, as economias modernas procu- raram, por meio da especialização de suas atividades, fazer o melhor uso de seus re- cursos produtivos. Deste modo, cada região procura produzir o que tem de melhor, ou o que tem mais vocação, e através do câmbio com outras regiões, igualmente especializa- das, buscam satisfazer as necessidades de seus habitantes (MELLO, 1975). Tal fator cria certa interdependência entre as diferentes regiões ou nações, as quais passam a de- pender umas das outras, originando o fl uxo de transportes. O transporte urbano é uma atividade essencial que abrange toda a mo- vimentação de pessoas e mercadorias nas nossas cidades, e forma o elo na cadeia de desenvolvimento das cidades, sem o qual levaria as mesmas à crise. Administração e Gestão de Trânsito 18 cabe aqui salientar que o trânsito é uma atividade essencial. De fato, ele representa importante elemen- to transformador do cenário econômico mundial. Ele se constitui também de forte receita de trocas para as nações desenvolvi- das e em desenvolvimento, é fonte geradora de empregos diretos e indiretos, explorador de potencial agrícola, turístico e comercial, enfim possibilita melhores condições de vida das populações (MELLO, 1975). No entanto, apesar da grande contribuição social e técnica para a sociedade, o trânsito e o transporte trouxeram também alguns problemas. No Quadro 1 se apresentam os efeitos ambientais e externos do transporte, segundo pesquisas de Bovy (1990), Button (1993), Miller &Moffet (1993), Verhoef (1994) e Litman (1996), estes autores foram pesqui- sados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2003). bovy (1990) button (1993) Miller &Moffet (1993) verhoef (1994) litMan (1996) Poluição do ar Poluição do ar Energia Congestionamento Acidentes Ruído Água Congestionamento Acidentes Congestionamento Solo Solo Estacionamento Poluição Estacionamento Lixo sólido Lixo sólido Vibração Ruído Uso do solo Acidentes Acidentes Acidentes Estacionamento Valor da terra Energia Ruído Ruído Recursos naturais Poluição do ar Paisagem Destruição urbana Poluição do ar Lixo Ruído Congestionamento Poluição da água Efeito “barreira” Recursos naturais Perda de solo Impacto visual Efeito “barreira” Construções históricas Poluição da água Valor da propriedade Lixo sólido Expansão urbana Quadro 1- efeitos ambientais e externos do trânsito Fonte: iPea, 2003. Pós-Graduação | Unicesumar 19 ao observar os efeitos ambientais pesquisados na literatura técnica, podemos enxergar um grande con- junto de elementos que o trânsito pode influenciar negativamente para o desenvol- vimento das cidades, mas os que estão em destaque, tanto pela visibilidade quanto pela natureza mais tangível são o congestiona- mento, a poluição e os acidentes. Os acidentes têm particular importância entre os fatores negativos produzidos pelo trânsito, não somente pelos custos econô- micos provocados, mas, sobretudo, pela dor, sofrimento e perda de qualidade de vida imputados às vítimas, seus familiares e à so- ciedade como um todo (IPEA, 2003). Os problemas não estão somente nos acidentes ocasionados, mas no individualis- mo e estresse dos condutores, na violência e perda de pessoas no trânsito, nos impactos ambientais e urbanísticos, nos altos custos no setor de saúde pública entre outros, pois as cidades nem sempre estavam preparadas para atender tal demanda de veículos, pois o planejamento de políticas públicas urbanas e viárias não cresceu no mesmo ritmo, acar- retando em problemas sociais. Por isso, a implantação de um sistema de transportes deve ser calcada em um plano que racionalize a aplicação dos investimentos otimizando a colocação dos escassos recursos disponíveis. Erros de planejamento dos siste- mas de transportes provocam consequências irremediáveis a toda camada social, tais como: elevação dos custos de produção, desvalori- zação de áreas urbanas, prejuízos à paisagem, má localização industrial, enfim, problemas ir- remediáveis e de elevado custo social. No ano de 2005, foi inserida no Brasil a Lei Federal Nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Esta Lei introduz o biodiesel na Matriz Ener- gética brasileira. A mesma é importante, pois permite ao país melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes, é claro que deve-se tam- bém incentivar o uso do transporte coletivo. Podemos afirmar que um grande passo para os ganhos ambientais foi dado, uma vez que o uso do biodiesel pode diminuir a poluição entre 65% e 72% se comparado ao diesel de petróleo. Além de ser isento de enxofre, reduz significativamente os demais poluen- tes emitidos pelo diesel fóssil, inclusive os cancerígenos. Fonte: Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11097.htm>. Acesso em:12 out. 2014 Administração e Gestão de Trânsito 20 Diante do que foi abordado sobre a criação e função das cidades, bem como sobre os impactos que o homem provoca na cidade, seja por meio do uso excessivo do ve- ículo, seja por falta de cultu- ra, vamos falar um pouco de uma cidade que está sendo construída com o objetivo de não poluir. O projeto está em andamento desde o ano de 2008. Masdar (a fonte), uma cidade no emirado de Abu- Dhabi, no golfo Pérsico é a “primeira cidade do mundo com neutralidade na emis- são de carbono, é uma cida- de moderna com um con- sumo de energia per capita nove vezes inferior ao que se tem nos Estados Unidos. Os planejadores a concebem como um núcleopara o de- senvolvimento de tecnologia ‘verde’. Foi projetada pensando no mais vulnerável no trânsito “o pedestre”, estão desenvol- vendo um sistema de trân- sito rápido individual – mini vagões sobre trilhos – que oferecerá uma mobilidade comparável a andar num va- gão de metrô particular. O projeto, que pode ser consi- derado um verdadeiro expe- rimento social com centenas de cobaias humanas, foi de- senhado pelo arquiteto bri- tânico Norman Foster. Entre os recursos disponíveis aos residentes estão carros elé- tricos que se movimentam sem o auxílio de motoristas, ruas resfriadas por uma gi- gantesca torre eólica e até mesmo uma “polícia verde” responsável por gerenciar o gasto de energia dos mora- dores. Fonte: Adaptado de: <http:// www.tecmundo.com.br/futuro/ 9871-masdar-city-bem-vindo-a- cidade-do-futuro.htm>. Acesso em: 15 set. 2014. Devido a tantos fatores envolvidos no trânsito de uma cidade e que podem ocasionar problemas irre- versíveis, é que a administração e a gestão de trânsito se fazem tão necessária, ou seja, é por meio do planejamento dos transportes, abordando criteriosamente todos os aspec- tos positivos e negativos de sua execução que se faz de maneira ímpar a coordenação de planos baseados na realidade de toda a população. Por isso, os transportes e os demais setores da economia formam um todo, não sendo possível dissociar as implicações dos sistemas de movimentação de pessoas e bens da restante atividade econômica. Pós-Graduação | Unicesumar 21 planejamento dos transportes no brasil histórico dos planos no brasil "Em uma apreciação geral, pode-se afi rmar que a prática do planejamento de transportes no Brasil não é tão nova assim. Desde o Império, a adoção de planos de viação foi preocupação de muitas personalidades, embora a história tivesse de esperar até o início da República para que o Estado brasileiro tomasse alguma iniciativa com vistas a preparar planos. Após a frustração com relação ao primeiro plano geral, fruto de uma comissão composta em 1890, continuou-se a adotar programas independentes para cada modal, e somente em 1934 o país adotou formal- mente um Plano Geral de Viação. A prática de planejamento, mais sistemática e recorrente, iria, contudo, começar após a Segunda Guerra e se consolidar, defi nitivamente, no Regime Militar, onde gozou de alguma estabilidade institucional". (GEIPOT, 2001, pg. 434) Administração e Gestão de Trânsito 22 neste tópico, será apresentada uma linha do tempo relacionando a questão de planejamento nacional, regional e municipal brasileiro. Dentre os anos de 1926-1930 no Governo de Washington Luís, devido ao fracasso que assolava as estruturas do setor ferroviário, foi imprescindível investigar modos alternativos de transportes de longa distância, com isso, houve grande investimento para o desen- volvimento das rodovias brasileiras. Vale destacar os seguintes planos desenvolvidos: Nos anos 1926 e 1927 foram estabele- cidas as bases da Rede Rodoviária do Brasil, com o Plano Catrambi, que criou as cate- gorias de estradas Federais ou troncais de penetração e Estradas Estaduais ou de união dos estados (SEMAN apud DNIT, 19??). No ano de 1927, no Plano de Luis Schoor, Ministro da Viação e Obras Públicas criou o Fundo Especial para a Construção e Conservação de Estradas de Rodagem, um imposto adicional sobre os combustíveis e veículos importados. Para o presidente Washington Luís, além de "abrir estradas", era preciso "construir estra- das para todas as horas do dia e para todos os dias do ano" e, ainda: a rodovia seria um elo com as ferrovias, sua plataforma de governo enfatizava “Governar é abrir estradas” (Paula, 2006). No ano de 1930, em que Getúlio Vargas destituiu o Presidente Washington Luís, exis- tiam 2.255 km de estradas de rodagem e 5.917 km de estradas carroçáveis, em mau estado de conservação (SEMAN apud DNIT, 1934). Ou seja, o Brasil não entrou, nos anos 30, no que se poderia chamar de era rodoviária. No entanto, no ano de 1934 foi aprovado pelo governo um plano geral de viação na- cional (Figura 2), o qual se contempla todas as modalidades de transporte, porem ainda existia prioridade à cabotagem e à navega- ção fluvial sobre as rodovias, e preferência total era atribuída às ferrovias (GALVÃO, 1996), estas últimas vistas pela comissão encarre- gada da elaboração do plano como a única modalidade de transporte que "poderia satisfazer como solução definitiva no esta- belecimento dos grandes troncos da viação nacional" (BRASIL, 1974, p. 125). Pós-Graduação | Unicesumar 23 Figura 2 –Plano Geral de Viação nacional Fonte: DNIT(1934) Porém, mais precisamente na década de 1940 foi que se iniciou o pensamento dos gestores brasileiros na implantação de planejamento econômico nacional. Nos anos entre 1946 e 1947 (Governo Dutra) foi elaborado o plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transportes e Energia), onde se previa a aplicação de in- vestimentos na ordem de 500 milhões de dólares somente no setor de transportes (MELLO, 1975), contudo este plano não foi amplamente implementado devido às ques- tões de caráter financeiro e de aumento de dívidas externas. Segundo Almeida (2005), foi no governo de Juscelino Kubitschek, no período de 1956 a 1960, que ocorreu a elaboração do Plano de Metas do Governo, constituído o primeiro plano brasileiro a ser efetivamente executado. As metas foram coordenadas entre o setor público e o privado, estimulando à indus- trialização, e visava à eliminação de pontos de estrangulamento na infraestrutura e na demanda de vários setores da economia, for- mação de recursos humanos, financiamento público, empréstimos externos, investimen- tos privados, abertura ao capital estrangeiro. O plano foi formado por trinta metas a serem atingidas em cinco anos e repartidas em cinco segmentos: energia, transportes, alimentação, indústrias de base e educação (formação de pessoal técnico). O setor de transportes estava em segundo lugar no in- vestimento, representando 29,6% do total, porém, de forma indireta, o impulso pela industrialização atingiu este setor, pois o desenvolvimento da ocupação automobi- lística gerou a necessidade de investimentos crescentes para a melhoria e construção de rodovias (MELLO, 1975). No período datado entre 1961 e 1964 foi proposto o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, no Governo Goulart, im- plementado de forma incompleta, visava superar desequilíbrios estruturais da eco- nomia brasileira; reforma fiscal, redução do dispêndio público e mobilização de recur- sos externos. Administração e Gestão de Trânsito 24 nos anos de 1964 a 1967, o Governo Castelo Branco instituiu o Plano de Ação Econômica do Governo o qual estabelecia uma ampla reforma da política econômica e de seus instrumentos básicos, como início de uma forte expansão do setor estatal, com criação de empresas públicas e forte intervencionismo e centralização econômica. No ano de 1965, o Governo Federal esta- beleceu o Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes (GEIPOT), criado pelo Decreto nº 57.003, de 11 de outubro de 1965 onde iniciou um estudo profundo e exaustivo dos transportes nacionais. A direção superior era formada pelo Ministro da Viação e Obras Públicas, Ministro de Estado da Fazenda, Ministro Extraordinário para o Planejamento e Coordenação Econômica e pelo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, confor- me foi sugerido pelo Acordo de Assistência Técnica firmado naquele ano entre o governo brasileiro e oBanco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) (GEIPOT, 2011). No ano de 1968, cobrindo o período de 1968 a 1970 (Governo Costa e Silva) foi lançado o Programa Estratégico de Desenvolvimento com o objetivo de acelerar o desenvolvimento regional, com o intuito de conter a inflação. O plano setorial de transportes distinguia duas áreas de ação: política de investimento e de tarifas, ficando assegurada aos usuários dos transportes a liberdade de escolha dos serviços. Em 1970, foi apresentado no Governo Médici, o Programa de Metas e Bases para a Ação do Governo, com diretrizes gover- namentais para a elaboração de um novo orçamento plurianual, com orientação para quatro áreas prioritárias: sendo a primeira grande área de educação, saúde e saneamen- to; a segunda de agricultura e abastecimento; a terceira de desenvolvimento científico e tecnológico; e por fim, de fortalecimento do poder de competição da indústria nacional (ALMEIDA, 2005). Nos anos de 1972 a 1974, o Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, conjeturou grandes investimentos no setor de transportes, visando permitir um fluxo de movimentação, o que resultou em cor- redores de exportação, telecomunicações e expansão dos investimentos estatais e uso da capacidade regulatória do Estado. O plano preconizou o crescimento anual a taxas de 9 a 11%. O GEPOIT intuído em 1969 foi converti- do em órgão do Ministério dos Transportes, e em 1973 originou-se a Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes pela Lei nº 5.908, de 20 de agosto de 1973, preservan- do a sigla GEIPOT. Um dos principais objetivos da Empresa Brasileira de Planejamento e Transportes é dar apoio técnico e administrativo aos órgãos do Poder Executivo que tenham atribuições de formular, orientar, coordenar e executar a política nacional dos transportes, bem como Pós-Graduação | Unicesumar 25 promover, executar e coordenar atividades de estudos e pesquisas necessárias ao pla- nejamento de transportes no País. Em setembro de 1973, também foi ins- tituída a Lei no. Nº. 5917 do Plano Nacional de Viação que trata o artigo 8º., item XI da Constituição Federal que complementa a conceituação geral do Sistema Nacional de Viação, do Sistema Nacional de Transportes Urbanos e articulação dos sistemas viário federal, estadual e municipal. E entre os anos de 1974-1979 do Governo Geisel, foi elaborada a parte II do Plano Nacional de Desenvolvimento, o qual previa a integração de rodovias nacionais, destacando também o desenvolvimento das indústrias siderúrgicas e petroquímicas, o programa do álcool e construção de hidrelétricas, como Itaipu. No ano de 1975, no Governo de Ernesto Geisel, foi aprovada a Lei Federal nº 6.261. Esta lei autorizava a criação da Empresa Brasileira dos Transportes Urbanos (EBTU), como com- plementação da Lei Federal nº 5.917 de 10 de setembro de 1973 a qual instituía o Plano Nacional de Viação. A EBTU foi criada com a finalidade de promover a efetivação da política nacional dos trans- portes urbanos e reunia em seu corpo pessoas altamente qualificadas, focada na estrutura centralizada de planejamento, repasse de recursos e controle da execução de projetos de infraestrutura de transporte urbano Fonte: ANTP, 2013. No Governo de Figueiredo em vigência entre os anos de 1979 e 1985, por motivos de crise econômica, encerrou-se um ciclo de trinta anos do Plano Nacional de Desenvolvimento (I; II e III). A ele incidiu meros planos de esta- bilização macroeconômicos, até meados dos anos 90 (ALMEIDA, 2005). No ano de 1988 foi estabelecida CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exer- cício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o de- senvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade frater- na, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pací- fica das controvérsias. Para Moraes (1995) em uma rápida análise Administração e Gestão de Trânsito 26 sobre a divisão de competências prevista nesta Constituição Federal pode-se afirmar que a União não detém de outras compe- tências senão daquelas que lhe são deferidas expressamente pelo texto constitucional. No tocante, porém, aos Estados-membros, apesar de possuírem algumas competências descritas explicitamente no artigo 25, inciso 1º, a grande fonte de sua competência: “§ 1º - São reservadas aos Estados às com- petências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição”. Moraes (1995) complementa ainda que, em relação aos Municípios a Constituição adota a técnica de enunciar competências explícitas, além de fornecer um critério para determinar capacidades, por meio da cláu- sula "assuntos de interesse local", conforme o Art. 30, o qual promulga a competência aos municípios: I - Legislar sobre assuntos de interesse local". Neste contexto faz-se necessário iden- tificar a Pessoa Política competente para disciplinar regra sobre trânsito e transporte intermunicipal. Nesta Constituição de 1988 também foi estabelecido o Plano Plurianual (PPA) que es- tabelece os projetos e os programas de longa duração do governo, definindo objetivos e metas da ação pública para um período de quatro anos. Cada PPA deve conter diretrizes para a organização e execução dos orçamen- tos anuais e a vigência de um plano deve começar no segundo ano de um governo e findar no primeiro ano do mandato seguinte, com o objetivo explícito de permitir a con- tinuidade do planejamento governamental e das ações públicas; o primeiro PPA foi ela- borado para o período 1991-1995. Como citado anteriormente, a criação da EBTU foi importante para o desenvolvi- mento da política nacional dos transportes urbanos, porem no ano de 1991, no então governo de Fernando Collor, foi extinta. A jus- tificativa foi que ao cumprir o Art. 30, Inciso V da Constituição Federal de 1988, que dá aos municípios a competência da gestão do transporte urbano e de prestar os serviços de transporte coletivo, direta ou indiretamen- te, por meio de concessões, achou que não se fazia mais necessária a continuidade de uma estatal com a mesma finalidade, redu- zindo o déficit fiscal e das responsabilidades financeiras federais com o transporte urbano (ANTP, 2013). Podemos dizer que por não mais haver uma estrutura forma que permitisse uma efe- tivação da política nacional dos transportes urbanos, houve um regresso ou um “vazio”- de gestão, mais especificamente entre os anos de 1991 e 2012, pois não existia uma metodologia voltada as questões de transi- to e transporte das cidades. Acredito que, por enxergar esse gargalo na legislação, no ano de 2012 foi institu- ída a Lei Federal nº 12.587/2012, a qual designa a Política de Mobilidade Urbana. Um marco regulatório que impõe uma polí- tica de mobilidade com qualidade, associada a integração de transportes e melhoria da acessibilidade. Pós-Graduação | Unicesumar 27 estatuto das cidades Como apresentado no tópico anterior para as cidades se desenvolverem, elas precisam estar baseadas em planos para que o seu crescimento seja ordenado e sustentável. Por isso, fora estabelecida a Lei Nº 10.257, de 10 de julho de 2001, mais conhecida como Estatuto da Cidade, que constitui, sem dúvida alguma, um dos maiores avanços legislativos consolidados nos últimos anos, poisregula- menta os instrumentos de política urbana que devem ser aplicados tanto pela União, como pelos Estados e Municípios. IBAM (2005) salienta que a concepção do Ministério das Cidades juntamente com os anseios que toda sociedade deseja é de suma importância para a melhoria e desen- volvimento das cidades no futuro. E, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida nas cidades é que a realização das Conferências das Cidades foi e é fundamental, pois são re- alizados inúmeros encontros sobre políticas urbanas, enfatizando a necessidade de novas visões e ações para melhoria nas cidades. Os primeiros esforços se dirigiram na defi nição de diretrizes nacionais que destacaram a relação dos transportes com a política do uso do solo e habitação, por isso o Estatuto das Cidades, em suas Diretrizes Gerais, no Art. 1º, institui: “Art. 1º -Na execução da política urbana, de que tratam os artigos. 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 será aplicado o previsto nesta Lei. Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.” O artigo 182 constitui como uma política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire- trizes gerais fi xadas em lei, a qual tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Oliveira (2001) complementa que o que garante uma gestão mais sólida do município é defi nir bases para a mesma, e que o plano diretor, se faz um ins- trumento básico para tal. Já, o artigo 183 estabelece que todo aquele que possuir como sua área urbana de até du- zentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utili- zando-a para sua moradia ou de sua família, adquirirá o seu domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Administração e Gestão de Trânsito 28 novamente Oliveira (2001) comenta este artigo, enfatizando que o mesmo abriu a possibilidade de regularização de extensas áreas de nossas cidades ocupadas por favelas, vilas, alagados ou invasões, bem como loteamentos clan- destinos espalhados pelas periferias urbanas, transpondo estas formas de moradia para a cidade denominada formal. No capítulo II, Art. 23, aborda quais são as competências comuns da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ad- vertindo no inciso XII o estabelecimento e implantação de políticas de educação para a segurança do trânsito. E para que possa- mos gerenciar este trânsito, devemos saber quais são as competências exigidas pelos municípios segundo a legislação, que no Capítulo IV Art. 30. inciso V apresenta estas responsabilidades: Compete aos Municípios: organizar e prestar, diretamente ou sob regime de con- cessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte co- letivo, que tem caráter essencial. Porém, quando olhamos para as nossas cidades brasileiras e como o transporte público urbano (TPU) tem se desenvolvido nas mesmas, observamos um empobreci- mento no uso dos TPU, e pesquisas do IPEA (2004) comprovam tal fator, quando citam que tal declínio é expresso pela queda da demanda e da produtividade dos serviços, e de instabilidade institucional, no que se refere à adequação das relações entre os agentes públicos e privados à atual legislação de concessões. A maioria dos sistemas não está ancorada em base contratual sólida ou, nos casos em que as relações são regidas por algum tipo de contrato, estes foram firmados sem o suporte legal e, muitas vezes, encon- tra-se em caráter precário. Tal situação produz um cenário nada propício ao desenvolvimen- to setorial, resultando no desinteresse dos agentes, especialmente os privados, em pro- mover investimentos ou buscar melhorias na qualidade da prestação dos serviços. Isso se deve pela falta de conhecimento das leis por parte de muitos agentes públi- cos e até mesmo pela falta de fiscalização neste segmento. No entanto, nós como pen- samos em trabalhar para atender aos anseios de toda a sociedade, devemos conhecer as leis e trabalhar para que as mesmas sejam para favorecer o bem comum. Aqui estão ex- postas as leis voltadas para a administração e gestão do trânsito nas cidades, principal- mente quando observamos as diretrizes gerais apresentadas pela Constituição, em seu Capítulo I, Art. 2º a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvi- mento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais, sendo elas: Pós-Graduação | Unicesumar 29 I. Garantia do direito a cidades sustentá- veis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; II. Gestão democrática por meio da parti- cipação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, exe- cução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvi- mento urbano; III. Cooperação entre os governos, a ini- ciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social; IV. Planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da po- pulação e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corri- gir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; V. Oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às carac- terísticas locais; VI. Ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: a. a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b. a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; c. o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infraestrutura urbana; d. a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como polos geradores de tráfego, sem a pre- visão da infraestrutura correspondente; e. a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutiliza- ção ou não utilização; f. a deterioração das áreas urbanizadas; g. a poluição e a degradação ambiental; Silva Junior e Passos (2006) salientam que três principais diretrizes devem ser destaca- das: o desenvolvimento sustentável, a gestão democrática e o planejamento do desenvol- vimento das cidades. Contudo, as cidades sustentáveis devem ser percebidas como aquelas que praticam políticas urbanas baseadas no concei- to de desenvolvimento sustentável e que possui mecanismos de gestão que possibi- litam o acesso de todos os cidadãos, desta e das futuras gerações, aos bens e equipa- mentos públicos e às riquezas naturais. Ou seja, que possibilitem uma gestão demo- crática, ouvindo as necessidades tanto do governo como da população, até mesmo, Administração e Gestão de Trânsito 30 nos processos de tomada de decisão, para a formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desen- volvimento urbano. Por fim, o planejamento e desenvolvimen- to das cidades devem estar focados na justa distribuição espacial da população e das ativi-dades econômicas, não somente do território do município, mas também da área sob sua influência, com vistas a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente (SILVA JUNIOR E PASSOS, 2006). Conhecendo as leis devem-se realizar proje- tos que favoreçam o bem comum, todavia, os órgãos gestores possuem certas fragilida- des, estas podem ser de recursos humanos para que o projeto entre realmente em ação, e outras pela própria escassez de recursos financeiros no atendimento às demandas por investimentos colocam o desafio do desenvolvimento de novas políticas e instru- mentos para alcançar eficiência (via redução de custos e tarifas) e eficácia (via aumento da oferta e da qualidade) na prestação desse serviço público de caráter essencial, como define a Constituição Federal (IPEA, 2004). Mas, ainda calcado na Constituição em seu Art. 3º, cabe à União, entre outras atribuições de interesse da política urbana em seu inciso IV, instituir diretrizes para o desenvolvimen- to urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos, elaborando e executando planos nacionais e regionais. Ou seja, o estatuto da Cidade serve como guia para que os gestores em sua prática conheçam e o implementem na direção de uma cidade mais eqüitativa, sustentável e democrática. E como definido no próprio ESTATUTO DA CIDADE: guia para implementação pelos municípios e cidadãos, (Brasil, 2001), é um material no qual está expressa uma concep- ção de cidade e de planejamento e gestão urbana – e uma série de instrumentos que, como a própria denominação define, são meios para atingir as finalidades desejadas. Entretanto, delega –como não podia deixar de ser – para cada um dos municípios, a partir de um processo público e democrá- tico, a explicitação clara destas finalidades. Neste sentido, o Estatuto funciona como uma espécie de “caixa de ferramentas” para uma política urbana local. É a definição da “cidade que queremos”, nos Planos Diretores de cada um dos municípios, que determinará a mo- bilização (ou não) dos instrumentos e sua forma de aplicação. Fazer a lei ser implementada, universalizando a aplicação de seus princípios na reconstru- ção do território do país, é o desafio que marcará os primeiros anos de vigência do Estatuto da Cidade. Pós-Graduação | Unicesumar 31 Ministério das Cidades: incentivo ao plane- jamento urbano nos municípios brasileiros No ano de 2003 foi criado o Ministério das cidades com o intuito de incentivar, ou co- brar um melhor planejamento urbano nas cidades brasileiras. Teve o propósito de inse- rir uma nova cultura gerencial, pois permitiu aos municípios menos favorecidos exercer ações que permitem melhor diagnosticar seus problemas, baseados em evidencias reais e assim requerer apoio do Governo Federal e Estadual. A Secretaria Nacional de Programas Urbanos (SNPU) – sob domínio do Ministério das Cida- des apoia e coordena ações relacionadas ao planejamento urbano e tem buscado, desde sua concepção, mobilizar, sensibilizar e capa- citar os municípios, bem como disponibilizar meios e recursos para que estes consigam efetivar uma política urbana em consonância com o Estatuto da Cidade. Fonte: Adaptado de: <http://www.cidades.gov.br/ index.php/o-ministerio.html>. Acesso em: 12 out.2014. plano diretor como citado no tópico anterior, o Estatuto da Cidade é o passaporte a ser utilizado pelos municípios para o futuro das cidades, e este está acompanha- do por diretrizes e instrumentos que cada gestor ira utilizar por meio da elaboração do Plano Diretor. Cada cidade possui o seu próprio plano diretor, pois neste devem estar todos os di- recionadores para o desenvolvimento e expansão urbana do local. O Plano Diretor é definido pelo Estatuto da Cidade, artigo 40 como o “instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana” do município. Entretanto, nem todas as cidades possuem o plano diretor, mas existe obrigatoriedade de possuí-lo (segundo o Estatuto das Cidades), as cidades que: • Possua acima de 20 mil habitantes; • Faça parte de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas; • Cidades turísticas ou com obras de grandes magnitudes que venha a colocar em risco o meio ambiente ou que modifiquem muito a região, como por exemplo, usinas hidrelétricas; e os • Municípios que nãose incluem em qualquer destas categorias precisam dispor obrigatoriamente de um Plano Diretor, se o poder público pretender aplicar os instrumentos previstos no capítulo de Reforma Urbana da Constituição de 1988. Administração e Gestão de Trânsito 32 o município que não cumprir as exi-gências contidas na Constituição fica impossibilitado de participar de programas e buscar amparos financeiros do governo Estadual e Federal. Uma questão, então as cidades que não se encaixam nesta obrigatoriedade não devem ter um plano diretor? Com certeza devem ter, pois é somente por meio deste plano que se é possível utilizar as regras do estatuto das cidades e possibili- tar que as nossas cidades sejam planejadas para o futuro baseadas em dados e fatos para decidir como melhorar as condições de vida de todos os cidadãos. Por isso deve ser re- alizado de maneira democrática, de modo a traduzir os anseios de todos os cidadãos sobre o desenvolvimento municipal e englo- bar o território do município como um todo. No Capítulo III, Artigo 40, inciso 2º e 3º imputa que a lei que instituir o plano diretor deve ser revista, pelo menos, a cada dez anos devendo o plano plurianual, as diretrizes or- çamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas. No que se refere à elaboração do Plano diretor e à melhoria da mobilidade nas cidades, o Ministério das Cidades pressupõe a realização de, pelo menos, quatro etapas: metodologia, leitura da realidade municipal, seleção e compactuação de temas prioritá- rios e elaboração do projeto de lei do plano diretor, assim como, o estímulo em ações de mobilidade, onde estabelece por meio do Plano Diretor de Transporte e Mobilidade (PlanMob), as ações futuras no campo da mobilidade em municípios (áreas urbanas e rurais) e regiões metropolitanas. A metodologia nada mais é do que o caminho a ser percorrido para a análise da cidade, ou seja, quais passos os gestores deverão seguir para um melhor desempe- nho de seu trabalho. Neste caminho se define o processo de elaboração do plano diretor, bem como um cronograma de atividades, onde são estabelecidos os prazos para im- plementação de mudanças de acordo com a realidade local, bem como na análise dos custos, e quem serão as pessoas que coorde- narão este processo de elaboração (Núcleo Gestor Local). Para Silva Júnior e Passos (2006), a leitura da realidade municipal contempla a leitura técnica e a leitura comunitária. Na leitura técnica é realizado o diagnóstico do município, por um pessoal especializado (técnicos), estes se baseiam em dados oficiais dos órgãos federais e estaduais, assim como os dados disponíveis na Prefeitura. Nesta análise são comparados os dados, juntamente com informações so- cioeconômicas, culturais, ambientais e de infraestrutura disponíveis sobre a área rural e urbana do município. Destes dados, elaboram- se gráficos, tabelas e, principalmente, mapas Pós-Graduação | Unicesumar 33 temáticos, que possibilitam a visualização es- pacial da realidade do município. A leitura comunitária se dá ouvindo os munícipes, contudo, oproduto da leitura técnica servirá como subsídio à realização da leitura comunitária, na verificação das condições que as atividades estão se de- senvolvendo, também são verificados os seguintes aspectos: infraestrutura existen- te (sistema viário, abastecimento d’água, energia elétrica, rede telefônica, saneamento, etc.), potencialidade econômica e compati- bilidade de uso do território. Após a análise da realidade do município, o desenvolvimen- to do plano diretor deve destinar espaços e fixar parâmetros de urbanização que viabi- lizem e ordenem as atividades econômicas. A terceira etapa, nomeada de seleção e compactuação de temas prioritários é onde se sistematiza todas as informações da comunidade, e deve ser priorizadas as potencialidades das cidades, posteriormen- te deve ser apresentado à comunidade, de forma a gerar debates que venha a analisar a cidade em sua totalidade (problemas e pro- postas de melhorias). Por fim, na elaboração do projeto de lei do plano diretor devem estar contidos quais são os princípios e objetivos gerais da po- lítica urbana, bem como o ordenamento territorial, com as macrozonas, zonas e zonas especiais; parâmetros de uso e ocupação do solo; definição de objetivos, diretrizes e ações estratégicas para as políticas relacionadas ao desenvolvimento urbano; instrumentos de planejamento jurídicos, urbanísticos, tri- butários e de democratização que venham a ser utilizados na política urbana; e, por fim deve estar bem definido como será realiza- da a gestão da política territorial, ou seja, um desenho do sistema de planejamento. Este projeto é discutido e aprovado por um conselho intitulado Conselho da Cidade em conferência municipal, isso numa instan- cia menor, pois posteriormente, ele deverá ser encaminhado ao Poder Legislativo para outra discussão e aprovação, só após este processo é que este projeto é sancionado pelo Prefeito e publicado, quando entrará em vigor. No Estatuto da Cidade, Capítulo III, no artigo 41, § 2º, determina que em cidades que possuam mais de quinhentos mil habitan- tes, deverá também ser elaborado um plano de transporte urbano integrado, compatível com o plano diretor ou nele inserido. Tal dis- posição foi complementada pela Resolução nº 34, de 01 de julho de 2005, do Ministério das Cidades, e a aprovada pelo Conselho das Cidades que, no art.8º, diz: nos casos pre- vistos pelo art. 41 do Estatuto da Cidade, o Plano de Transporte Urbano Integrado, ora denominado de Plano Diretor de Transporte e Mobilidade, deverá contemplar os seguin- tes princípios e diretrizes gerais: Administração e Gestão de Trânsito 34 o art. 9º da mencionada Resolução complementa: “os princípios e di-retrizes expostos no art. 8º deverão ser considerados na elaboração dos Planos Diretores municipais ao tratar dos temas da mobilidade urbana”. Estas disposições evidenciam a preocupação com a neces- sária coerência que devem observar os Planos Diretores e os Planos de Transporte e Mobilidade (IBAM, 2005), por isso é neces- sário que o planejamento do uso do solo e dos transportes estejam relacionados. A busca por melhores condições nas cidades deve atender as diretrizes de Política Municipal para os Sistemas Viário (visando o Plano diretor), de Transporte Público e de Trânsito e do Estatuto das cidades, pôde-se per- ceber que tal elaboração é minuciosa, exigindo que todos os envolvido na gestão municipal se comprometam na busca da eficácia dos ele- mentos constituintes de um município, por isso, um Plano diretor que não respeita as ca- racterísticas locais pode se transformar num grande empecilho para o desenvolvimento local. Ou seja, não existe uma cidade que tenha um sistema de trânsito ideal. Cada município possui particularidades, cada qual com seus próprios problemas, necessitando, no entanto, procurar soluções adequadas a eles. Por isso a Lei do Sistema Viário de um Município deve ter por objetivo hierarqui- zar, dimensionar e disciplinar o sistema viário básico, desenvolvendo mapas de Hierarquia da Rede Viária Urbana do Município e de seus distritos e os perfis viários. Deve sempre reforçar que o serviço ofe- recido no sistema de trânsito deve focar o usuário, este não deve ser visto apenas como um consumidor, que compra pela segurança almejada no trânsito, e sim como um cidadão, que tem por direito utilizá-lo em condições seguras, e mantê-lo em condições seguras é dever dos órgãos e entidades componentes do SNT, que devem adotar as medidas cabí- veis a assegurar esse direito conforme imputa o CTB em seu primeiro capítulo. Outro fator a ser novamente destacado, é a necessidade da participação da sociedade para se conseguir viabilizar, no território mu- nicipal, as diretrizes contidas no Estatuto da Cidade, pois o objetivo do Plano Diretor não é resolver todos os problemas da cidade, mas sim ser um instrumento para a definição de uma estratégia para a intervenção imediata, estabelecendo poucos e claros princípios de ação para o conjunto dos agentes envolvidos na construção da cidade, servindo também de base para a gestão pactuada da cidade. Pós-Graduação | Unicesumar 35 considerações finais Podemos afirmar que a maioria das cidades se desenvolveu ao redor de rios e estra- das. Ao analisarmos este desenvolvimento temos a capacidade de considerar que o ambiente pelo qual a cidade se inseriu favoreceu para o seu crescimento e o trânsi- to foi propulsor deste mecanismo. A necessidade de deslocamentos e de maneiras mais rápidas de se chegar a um destino fez com que o homem visasse o meio de transporte como um objeto de desejo, o qual, por meio do desenvolvimento indus- trial inchou muitas cidades, as quais não estavam preparadas, porém que subsidiou a necessidades de elaboração de planos viários que viessem resolver tal sistemática. Os planos voltados ao sistema viário foram desenvolvidos a partir da década de 20, mas por questões financeiras muitos ficaram apenas no papel, e por isso a partir da década de 40 os gestores brasileiros implementaram o planejamento econômi- co nacional, em que foi possível ratear os recursos para os vários setores necessários à melhoria da qualidade de vida e melhoria do desenvolvimento da população. É claro que o trânsito fez e faz parte deste contexto, por isso em 1965, foi estabeleci- do o Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes (GEIPOT), que mais tarde veio a se tornar o Ministério dos Transportes que dá subsídios ao desenvol- vimento do transporte nacional e apoia tecnicamente o plano nacional de viação. Destes planos desenvolvidos, acredito que o estabelecido em 1988 foi o que veio a favorecer realmente toda a população brasileira, pois por meio da Constituição da República Federativa do Brasil, trabalhou-se a busca por um Estado Democrático, o que posteriormente veio a conceber Estatuto das Cidades que estabeleceu com- petências comuns da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios com relação à implantação de políticas de educação para a segurança do trânsito, bem como diretrizes que tracem uma radiografia das cidades que temos hoje, porém voltadas para o amanhã, para o futuro. Qual cidade você quer no futuro? Com certeza pensou na ideal para suas futuras gerações, para tal, o plano diretor é instrumento fundamental para que as nossas cidades sejam planejadas para o futuro baseadas em dados e fatos para decidir como melhorar as condições de vida de todos os cidadãos. Por isso, mãos à obra e bom trabalho para você! Administração e Gestão de Trânsito36 atividades de auto estudo 1. Ao estudarmos a história das cidades, podemos perceber que cada uma tem uma história diferente, algumas surgiram sem planejamento algum, mas a partir de um núcleo inicial, outras, como a cidade de Maringá- Paraná foram planejadas, o que consistiu no aproveitamento do seu aspecto geográfico. Assim, pode-se afirmar que as cidades puderam ter sua origem tanto espontânea como planejadas. Porém, mesmo sendo planejada, o aumento da população faz com que este planejamento seja desrespeitado, favorecendo ao crescimento desordenado da mesma. Partindo desta afirmativa, como você enxerga o planejamento de sua cidade? 2. Mesmo sendo planejada, você acredita que os meios de transportes influenciaram no surgimento e crescimento da cidade que você vive? Justifique. 3. No ano de 1988 foi estabelecida Constituição da República Federativa do Brasil, para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. No que esta constituição contribuiu para o desenvolvimento das cidades brasileiras? 4. O Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana do município, favorecendo aos gestores municipais um norte a ser seguido para o desenvolvimento de métricas de melhorias a fim de atingir as necessidades da população. Sua cidade possui plano diretor? Qual a preocupação deste plano com relação à infraestrutura viária? 5. Quando eu era criança, assistia diariamente o desenho “Os Jatsons”, e sempre imaginava que o futuro seria como aquele desenho, ou seja, todos teriam um carro espacial. Você também já pensou nisso? Mas se levarmos em consideração que 82% da população vivem em cidades, e que houvesse facilidade econômica para aquisição deste veículo, as nossas cidades continuariam a ter problemas de trânsito? Pós-Graduação | Unicesumar 37 Livro A Cidade e a Lei recupera a trajetória da legislação urbana na cidade de São Paulo, contando a própria história da cidade. Analisa os efeitos culturais, econômicos e políticos da legislação, e questiona a ideia de que a legislação urbana é um instrumento puramente técnico, sem implicações que trans- bordem para outros aspectos da questão urbana. Fonte: ROLNIK, Raquel. Cidade e a Lei: Legislação, política urbana e territórios na cidade de São Paulo. São Paulo: FAPESP - Studio Nobel, 1999. 242 p. Para saber mais detalhes da Lei Nº. 5917 que aprova o Plano Nacional de Viação e sobre a conceitu- ação e explicação do Sistema Nacional de Viação, acesse: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5917.htm>. A respeito do ministério das cidades, que aborda a legislação urbana, bem como sobre o plano diretor, acesse: Ministério das cidades: <http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-urbanos/legis- lacao/Lei10.257-01.pdf/view>. ESTATUTO DA CIDADE: Guia para implementação pelos municípios e cidadãos: <http://www.cni. unc.br/unc2009/mestrado/mestrado_materiais/estatuto_cidade_2002.pdf>. Web Gestão de Negócios 38 relato de caso A cidade de Cantagalo, no Rio de Janeiro, se planejou para o desenvolvimento do Plano Diretor. Nas ações de planejamento houve divulgação para que este processo fosse participativo. Nesta fase de divulgação, a prefeitura apresentou informações que para as pessoas re- almente se envolvessem com o crescimento e desenvolvimento sustentável da cidade, marcando assim reuniões com a população. A chamada foi a seguinte: “O Governo Municipal está convidando você a participar do planejamento de seu bairro, sua vila, seu distrito, seu município”. No site da cidade divulgou informações relevantes, explicando o que é o Plano Diretor, a importância deste plano, e a importância da participação da sociedade. É claro que, assim como muitas outras cidades, Cantagalo iniciou o processo de desenvol- vimento do Plano diretor pelo fato de existir uma legislação que obrigasse, até outubro do ano de 2006 que municípios com mais de vinte mil habitantes tivessem a aprovação do plano da câmara municipal. O processo de Cantagalo foi aprovado sob a Lei LC 001-2006. Esta Lei foi organizada em seis capítulos, organizando um plano de desenvolvimento co- erente e que visou fortalecer a busca por um crescimento organizado e coerente com as necessidades locais. Abaixo são apresentadas as informações contidas no Plano Diretor de Cantagalo-RJ. CAPÍTULO I - DA POLÍTICA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CAPITULO II - DAS ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL - Seção I - Ampliar, diversificar e fortalecer as atividades agropecuárias e pesqueiras - Seção II - Reforçar a vocação mineradora do Município - Seção III - Estruturar o turismo sustentável - Seção IV - Fortalecer as atividades industriais, comerciais e de prestação de serviços - Seção V - Proteger o patrimônio ambiental - -Seção VI - Qualificar os espaços urbanos, protegendo e valorizando o acervo urbanís- tico e arquitetônico de interesse cultural - Seção VII - Garantir a todos moradia digna - Seção VIII - Promover a melhoria do saneamento ambiental, da energia elétrica e ilumi- nação pública, do transporte coletivo e das comunicações - Seção IX - Oferecer acesso universalizado à educação e saúde de qualidade - Seção X- Universalizar as oportunidades de acesso à cultura, esporte, lazer e entretenimento - Seção XI- Implementar sistema de planejamento e gestão municipal e urbana partici- pativa e eficaz Pós-Graduação | Unicesumar 39 relato de caso CAPITULO III - DO ORDENAMENTO TERRITORIAL E URBANO - Seção I - Do Macrozoneamento - Seção II - Das Diretrizes de Uso e Ocupação nas Macrozonas Urbanas - Subseção I - Das Diretrizes de Uso e Ocupação na Macrozona Urbana 1 - cidade de Cantagalo - Subseção II - Das Diretrizes de Uso e Ocupação nas Macrozonas Urbanas 2 a 5 - Seção III - Do Sistema Viário CAPITULO IV - DOS INSTRUMENTOS DE POLÍTICA URBANA - Seção I - Do Direito de Preempção - Seção II - Do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsórios - Seção III - Do Consórcio Imobiliário - Seção IV - Da Operação Urbana Consorciada - Seção V - Da Regularização Fundiária - Subseção I - Das Zonas Especiais de Interesse Social - ZEIS - Subseção II - Da Concessão Especial de Uso para Moradia Seção VI - Do Estudo de Impacto de Vizinhança CAPITULO V - DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO MUNICIPAL E URBANA CAPITULO VI - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS O desenvolvimento destas diretrizes é fundamental para que o Plano diretor acon- teça de forma ordenada, conforme rege o estatuto das cidades. Fonte: Caso real e adaptado pela autora de: <http://www.cantagalo.rj.gov.br/>. Acesso em:13 ago. 2014. 2 Contextualização do Sistema Nacional De Trânsito Me.Daiane Maria De Genaro Chiroli Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • O Trânsito no Brasil • O Sistema Nacional de Trânsito • A Municipalização do Trânsito no Brasil • Coleta de dados para compreender a realidade de sua cidade objetivos de aprendizagem • Compreender a formação do Sistema Nacional de Trânsito (SNT), bem como a função dos órgãos envol- vidos no SNT. • Apresentar a questão do trânsito brasileiro, e a impor- tância da municipalização nas cidades. • Apresentar a importância da coleta de dados para os gestores de trânsito. O Brasil é um país cheio de paisagens lindas e com uma miscelânea muito grande de culturas. Podemos fazer uma série de afirmativas e qualificações para o nosso país, assim como para o nosso povo brasileiro. Porém, quando estudamos e analisamos a realidade deste país enxergamos uma série de problemas,observe que este estudo não precisa nem ser tão aprofundado assim. Considerando o nosso trânsito, são inúmeras problemáticas que podemos destacar, tais como horas perdidas e vividas no trânsito pelas grandes filas de con- gestionamento, os altos índices de acidentes, o elevado número de mortes (etc., etc. e etc.). Entretanto, verificando esses problemas que tanto prejudicam a nossa sociedade, pois além de perdas físicas e humanas também temos altos custos financeiros inseridos nestes, e assim questionamos: O que podemos fazer para reverter este quadro? Muitos têm apenas uma resposta: Mas será que isso um dia será possível? Afirmo para você um clichê muito falado no Brasil: “Nós somos bra- sileiros e não podemos desistir nunca”. E mesmo que para muitos seja impossível encontrar uma solução para melhorar as nossas cidades, exponho que isso depende de cada um de nós e que se nós não começarmos a fazer a nossa parte nada mudará. Existem leis para que estas melhorias possam realmente ser in- seridas em cada canto deste Brasil. Para gerenciar estas cidades é preciso compreender as características do seu trânsito, a estrutura do Sistema Nacional de Trânsito, a necessidade da municipaliza- ção, que permitiu o desenvolvimento de melhorias pertinentes a característica de cada cidade, assim como deve ser organizada esta municipalização e quais dados devem ser analisados para que ocorra um gerenciamento com qualidade. Estes fatores serão abor- dados na presente unidade. Administração e Gestão de Trânsito 42 o trânsito no brasil Segundo Oliveira (2001), o Brasil é um dos países que se urbanizou mais rapidamen- te em comparação aos demais países do mundo. Em 50 anos se transformou em um país eminentemente urbano, onde 82% da po- pulação moram em cidades. Tal crescimento populacional desencadeou num crescimen- to veicular, criando problemas urbanos, pois, muitas cidades nem sempre estavam prepa- radas para atender tal demanda, as ruas e as vias urbanas não cresceram no mesmo ritmo. Pesquisas da FENABRAVE (2009) apontam que o Brasil teve uma taxa de crescimento veicular acentuado o que o levou a ocupar a 5ª posição no ranking mundial (Tabela 2, representado pela letra E). Pós-Graduação | Unicesumar 43 Por meio dos dados apresentados na Tabela 2, nota-se que houve grande crescimento no número de emplacamento de veículos no Brasil. Um fator que motivou tal aumento veicular foi o crescente desenvolvimento da economia brasileira nos últimos anos, a faci- litação dos créditos, a redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI), e com- parando apenas os anos de 2008 e 2009 pode-se verificar um aumento de 12,64%. País 1º. seMestre 2009 1º. seMestre 2008 1º. seMestre 2007 1º. seMestre 2006 1º. seMestre 2005 1º. seMestre 2004 1º. seMestre 2003 A 10.421.142 1º 13.221.150 1º 16.121.776 1 º 16.525.716 1 º 16.961.710 1 º 16.874.137 1 º 16.663.452 1 º B 9.848.086 2º 6.492.553 2º 6.072.015 2 º 4.263.864 3 º 5.696.301 2 º 2.489.470 5 º 2.882.650 4 º C 4.577.288 3º 5.060.639 3º 5.270.101 3 º 5.579.593 2 º 3.131.456 4 º 3.456.063 3 º 5.713.624 2 º D 3.982.467 4º 3.318.310 4º 3.374.740 4 º 3.669.837 4 º 3.523.330 3 º 5.698.021 2º 2.149.456 7 º E 3.009.191 5º 2.671.554 6º 2.323.192 9º 1.881.574 9º 1.167.785 9 º 1.474.097 10º 1.350.989 9º F 2.642.657 6º 2.510.555 7º 2.526.611 8 º 2.440.581 7 º 1.298.342 11 º 1.534.604 9 º 1.345.223 10 º G 2.336.758 7º 2.381.667 9º 2.727.884 6 º 2.565.203 6 º 2.456.659 7 º 1.218.585 11 º 1.593.479 8 º H 2.181.387 8º 2.421.256 8º 2.741.743 5 º 2.672.026 5 º 2.762.639 5 º 2.896.853 4 º 3.414.555 3 º I 1.967.472 9º 1.665.795 10º 1.499.755 12 º 1.309.970 12 º 1.108.237 14 º 1.093.310 12 º 846.963 15 º J 1.465.925 10º 2.923.540 5º 2.556.784 7 º 1.871.041 10 º 1.896.182 8 º 2.422.147 7 º 898.381 13 º K 1.459.735 11º 1.637.440 11º 1.653.364 11 º 1.614.763 11 º 1.583.395 10 º 1.829.329 8 º 2.390.680 6º L 1.408.575 12º 1.170.640 13º 1.212.357 13 º 1.152.970 14 º 1.125.711 13 º 1.064.924 13 º 1.270.248 11 º M 1.060.338 13º 1.324.627 12º 1.884.354 10 º 1.895.713 8 º 2.487.854 6 º 2.488.926 6º 2.459.195 5 º N 908.047 14º 974.831 15º 1.011.157 15 º 928.821 15 º 953.013 15 º 923.285 15 º 883.946 14 º O 722.463 15º 1.008.719 14º 1.074.410 14 º 1.157.509 13 º 1.125.950 12º 1.041.922 14 º 972.233 12 º P 555.057 16º 492.259 20º 594.379 18 º 622.103 18 º 717.491 16 º 429.009 20 º 565.772 16 º Q 531.686 17º 597.084 17º 608.477 17 º 659.543 17 º 677.132 17 º 596.727 17 º 508.052 18 º R 527.512 18º 600.691 16º 590.268 19 º 584.350 19 º 540.068 19 º 541.683 19 º 508.845 17 º S 436.843 19º 582.427 18º 583.610 20 º 547.797 20 º 533.864 20º 570.511 18 º 364.623 19 º T 376.409 20º 498.507 19º 639.114 16 º 669.269 16 º 575.640 18 º 696.107 16 º 352.143 20 º tabela 2:emplacamento anual de veículos - ranking de países Fonte: Jato do Brasil Informações Automotivas Ltda. (2009 apud FENABRAVE, 2009) País letra País letra País letra País letra estados unidos A França F Canadá K Turquia P China B Itália G Coréia L Tailândia Q JaPão C Inglaterra H esPanha M Bélgica R aleManha D Índia I austrá- lia N Holanda S brasil E Rússia J MéxiCo O África do Sul T tabela 3: legenda dos países apresentados na tabela 1 Administração e Gestão de Trânsito 44 Na Tabela 3 apresenta-se a legenda dos países em que foi realizado o estudo do número de emplacamento anual de veículos apresentados na Tabela 2. Esse aumento considerável no número de veículos gera como consequências diversos problemas e prejuízos nas cidades brasileiras. Segundo o DENATRAN (2010), o trânsito é res- ponsável pela ocorrência de 300 mil acidentes por ano, deixando a expressiva marca de 30 Uma comparação realiza- da entre o Brasil e os países desenvolvidos indicou que, proporcionalmente à popu- lação, o trânsito brasileiro mata 2,5 vezes mais do que nos Estados Unidos, e 3,7 ve- zes mais do que na União Eu- ropeia. Em 2008, enquanto os Estados Unidos obtiveram uma taxa de 12,5 mortes a cada 100.000 habitantes, o Brasil obteve uma taxa de 30,1, sendo que a frota de carros norte americana é o triplo da brasileira Fonte: Adaptado de DENATRAN (2010); CHIROLI, 2011. mil mortos e outros 350 mil feridos, represen- tando custo anual de cerca de R$ 10 bilhões. A quantidade de fatalidades em acidentes de trânsito brasileiro aumentou consideravelmen- te, cerca de 30% no período entre os anos de 2000 a 2007 (DENATRAN, 2009). A ocorrência de acidentes de trânsito acarreta grandes prejuízos à sociedade, ocasio- nando grandes perdas econômicas. Estudos do IPEA (2006), apontam que as perdas econômicas decorrentes dos acidentes de trânsito no Brasil situam-se entre 1 e 2% do PIB nacional, algo entre 11,67 e 23,34 bilhões de reais/ano. Pós-Graduação | Unicesumar 45 com o desígnio de reverter e mitigar essa situação, o Ministério das Cidades, através do DENATRAN, desenvolveu uma série de programas e ati- vidades. Somente no ano de 2009 investiu o total de R$ 428.417.806,66 em ações vol- tadas para a melhoria do trânsito. Destes, na educação para o trânsito foram investidos R$ 7.511.704,20. Entre os projetos desta- cam-se o Ciclo de Palestras para alunos do Ensino Médio e a impressão e o envio de 1.880.000 exemplares das Diretrizes Nacionais da Educação para o Trânsito na Pré-escola e no Ensino Fundamental para as instituições de ensino (DENATRAN, 2010). Noano de 2010, o DENATRAN trabalhou com uma previsão orçamentária de R$ 500 milhões. Embora haja um grande investimento por melhorescondições no trânsito das cidades brasileiras, ainda existem muitos problemas e prejuízos ocasionados pela falta de qualidade no trânsito, que, possivelmente é ocasionada pela carência de conhecimento nas áreas ou locais específicos de melhoria, ou seja, não há uma gestão eficaz do trânsito nas cidades. No ano de 1998, foi estabelecida pelo CTB a obrigação da municipalização do trânsito em todas as cidades brasileiras, tendo como intuito a melhoria de tal gestão. Mas para que isso aconteça, a legislação determina que cada município crie um órgão ou se- cretaria responsável por exercer vinte e uma atribuições. Uma vez preenchidos os requisi- tos para integração do município ao SNT, ele assume a responsabilidade pelo planejamen- to, o projeto, a operação e a fiscalização, não apenas no perímetro urbano, mas também nas estradas municipais. A prefeitura passa a desempenhar tarefas de sinalização, fiscali- zação, aplicação de penalidades e educação de trânsito (DENATRAN, 2010). Sendo assim, estudar o trânsito das cidades brasileiras, possibilitará analisar o foco pontual das campanhas locais, propor- cionando ações mais precisas no setor, de forma a avaliarem de forma sistemática a efi- cácia da gestão municipal do trânsito não apenas por medidas isoladas. Deste modo, conforme afirma Pereira (2000, apud França, 2004) a qualidade de vida da população das cidades brasileiras, passa pela melhoria das condições do transporte e trânsito urbanos. O investimento em transporte e trânsito tem elevado interesse social, econômico e estra- tégico e pode mudar a qualidade de vida e a eficiência de uma cidade. Administração e Gestão de Trânsito 46 e o sistema nacional de trânsito DE TRÂNSITO BRASILEIRO Um dos instrumentos utilizados para mini- mizar os problemas no trânsito do país é o Código de Trânsito Brasileiro sob Lei Federal Nº 9503 de setembro de 1997. Esta Lei já foi atualizada, como exemplo, temos a apro- vação da Lei Federal nº 11.705/2008 e mais recentemente da Lei Federal nº 12.760/2012, as quais tornaram mais severas a fi scalização e as sanções para os condutores de veículos automotores que estejam sob infl uência de qualquer substância alucinógena. Aliado ao rigor que as atualizações do Código de Trânsito Brasileiro trouxeram, houve também na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), recentemente, uma alteração valiosa, a qual procura aumentar a segurança de passagei- ros, usuários do transporte coletivo, pedestres e demais motoristas, por meio da Lei Federal Nº 12.619, de 30 de abril de 2012 que dispõe sobre o exercício da profi ssão de motorista. O CÓDIGO Pós-Graduação | Unicesumar 47 É importante ressaltar que no Brasil existe o Sistema Nacional de Trânsito (SNT), que segundo o Art. 5º, Seção I do CTB, é o conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de conduto- res, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização, julgamento, de infrações e de recursos e aplicações de penalidades. O SNT tem por objetivos básicos (DENATRAN, 2010): O SNTé formado pelo Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), Departamento de Trânsito dos Estados e do Distrito Federal (DETRAN), Conselho de Trânsito - Estados/Distrito Federal (CETRAN/ CONTRANDIFE), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), Junta Administrativa de Recursos de Infração (JARI), Órgãos Municipais como Polícia Militar e Departamento de Estradas e Rodagens (DER), o Quadro 2, apresenta o organograma do SNT. • Estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa ambiental e à educação para o trânsito, e fiscalizar seu cumprimento; • Fixar, mediante normas e procedimentos, a padronização de critérios técnicos, financeiros e administrativos para a execução das atividades de trânsito; • Estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de informações entre os seus diversos órgãos e entidades, a fim de facilitar o processo decisório e a integração do Sistema. Administração e Gestão de Trânsito 48 instân- Cia Consultivos e Coordenadores Órgãos exeCutivos agentes de fisCalização JulgaMentos e reCursos 2ª instânCia trânsito rodoviário Federal CONTRAN DENATRAN (Diretrizes e Supervisão) PRF DNIT PRF DNIT JARI Órgão especial da JARI CONTRAN Estadual CETRAN CONTRANDIFE DETRAN (veículo e condutor) DER DETRAN DER PM (Convênio) JARI CETRAN CONTRANDIFE Municipal X Órgãos municipais (esta- cionamento, circulação, pesos, dimensões, etc.) Órgãos munici- pais PM (Convênio) Órgãos munici- pais JARI CETRAN CONTRANDIFE Quadro 2: organograma do Sistema nacional de trânsito Fonte: Ferraz et al. (2008). As atribuições inseridas a cada órgão pertencente ao Sistema Nacional de Trânsito serão apresentadas de forma resumida, inicialmente seus conselhos e posterior- mente seus departamentos, sendo eles: Coordenador do sistema e órgão máximo normativo e consultivo, a ele se incumbe o estabe- lecimento das normas regulamentares mencionadas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), objetivando a integração de suas atividades, bem como as diretrizes da Política Nacional de Trânsito, como normatização dos procedimentos sobre aprendizagem, habilitação, expedi- ção de documentos de condutores e registro e licenciamento de veículos. São órgãos colegiados normativos, consultivos e coordenadores do correspondente Sistema Estadual ou Distrital, componentes do Sistema Nacional de Trânsito, responsáveis pelo jul- gamento em segunda Instância dos recursos interpostos contra penalidades aplicadas por órgãos e entidades executivos de trânsito e rodoviários dos estados, do Distrito Federal e CONTRAN CETRAN e CONTRANDIFE Pós-Graduação | Unicesumar 49 dos municípios. Possuem a missão de formar normas expressas no CTB e nas resoluções do CONTRAN no domínio de suas competências. Também são atribuídas a estes órgãos, as competências de responder consultas relativas à aplicação da legislação, dirimir conflitos sobre circunscrição e confiabilidade no domínio dos municípios e julgar os recursos interpostos contra as decisões das JARIs dos órgãos exe- cutivos estaduais e municipais que funcionam no Estado. Órgão executivo que integra a estrutura do Ministério das Cidades, com autonomia admi- nistrativa e técnica, com jurisdição em todo território nacional. Tem o poder para definir procedimentos para operacionalizar as normas estabelecidas pelo CTB ou por resoluções do CONTRAN. Realiza também a organização e manutenção do Registro Nacional de Carteiras de Habilitação (RENACH), do Registro Nacional de Veículos Automotores (RENAVAN) e do Registro Nacional de Infrações de Trânsito (RENAIF), etc.; presta suporte técnico, jurídico, ad- ministrativo e financeiro ao CONTRAN na execução de suas funções, etc. (FERRAZ et al., 2008). Tem como atribuições, no âmbito de sua circunscrição, as seguintes atividades: • Supervisão e fiscalização dos exames de habilitação; • Controle de informações sobre direitos e transações dos veículos; • Emissão e renovação de habilitação • Controle de multa de trânsito; • Supervisão e fiscalização do registro, licenciamento e expedição do certificado do registro de veículo automotor; • Prestação de serviços referentes a cursos,programas e campanhas educativas de trânsito; • Fiscalização e controle de apreensão e liberação de veículos e documentos; • Apuração das infrações penais de autoria incerta ou desconhecida, praticadas com veículos motorizados e oriundas de falsificação de documentos de veículos e condutores; • Aplicação e julgamento das penalidades por infrações de sua competência, notificando os infratores e arrecadando as multas que aplicar; etc. DENATRAN Administração e Gestão de Trânsito 50 Estes são órgãos executivos rodoviários da união, tanto dos estados como dos municípios, cabendo a tais as seguintes atribuições: • Planejar, projetar e regulamentar o trânsito na rodovia e estradas (não aplicável a PRF); • Implantar, manter e operar o sistema de sinalização (não aplicável a PRF); • Coletar dados e realizar estudos sobre acidentes de trânsito; • Executar a fiscalização de trânsito, de forma a autuar e aplicar penalidades de advertência e de multas; • Arrecadar multas; • Promover e participar de programas e projetos de educação e segurança no trânsito; • Fiscalizar a emissão de poluentes pelos veículos automotores, etc. DNIT e PRF Secretarias, departamentos ou empresas ligadas à prefeitura – compete a estes, o planejamen- to, projetos e regulamentos de trânsito em suas vias urbanas; implementação, manutenção e operacionalização do sistema de sinalização; coleta de dados e estudos dos acidentes de trânsito; aplicação e recebimento de multas; etc. órgãos executivos de trânsito do município Os DETRANs possuem divisões regionais conhecidas como as CIRETRANs (Circunscrição Regional de Trânsito), com finalidade de implementar no âmbito dos municípios as atri- buições dos DETRANs, e possui as mesmas atribuições operacionais do Departamento sede, possui o serviço de médicos e psicólogos credenciados para a realização de exames de sanidade física e mental e avaliação psicológica. DETRAN Pós-Graduação | Unicesumar 51 Por meio de convênios com os DETRANs e DERs, atua, na fiscalização das infrações nas rodo- vias e estradas estaduais, através da Policia Rodoviária. Nas vias urbanas e rodovias e estradas municipais, a PM, mediante convênio com DETRANs, atua na fiscalização das infrações de competência de estado, assim como mediante tais convênios com os órgãos municipais, atuam na fiscalização nesta competência. polícia militar (PM) dos estados Órgão colegiado, responsável pelo julgamento de recursos interpostos contra penalidades aplicadas pelos órgãos e entidades executivos de trânsito ou rodoviários. JARI todos os órgãos formados pelo SNT podem também ser nomeados como pro-cessos, com suas diretrizes definidas e a cada um deles compete um nível de responsabilidades (nação, estado, município). Tais diretrizes e responsabilidades devem estar focadas na melhoria contínua e envolver/comprometer a todos, basean- do-se em fatos e dados de forma que o SNT, que lidera todos os envolvidos, enriqueça com estratégias e planos, analisando os processos, criando indicadores, medindo resul- tados para que assim, conduza uma real gestão de qualidade. Administração e Gestão de Trânsito 52 Visando melhorar a relação entre os veículos automotivos e o ser humano, foi instituída a Lei 9.503 do CTB, sancionada pela Presidência da República, que entrou em vigor no dia 22 de janeiro de 1998, a qual estabeleceu a divisão de responsabilidades e uma sólida parceria entre órgãos federais, estaduais e municipais. O DENATRAN, no uso de suas atribuições delegou aos municípios o exercício de responsabilidades ampliadas no tratamento das questões de trânsito. Para obter a integração ao SNT, os municípios precisam criar um órgão municipal executivo de trânsito, previsto no artigo 8º, do CTB e Resolução nº 106/99-CONTRAN, com estrutura para desenvolver atividades de engenharia de tráfego, fiscalização de trânsito, educação de trânsito e controle e análise de estatística, ou seja, realizar a gestão do trânsito no município em sua totalidade (DENATRAN, 2010). Você percebeu quantas pessoas e informações são necessárias para deixar o trânsito mais organizado e humano. Como você pode ajudar esta equipe? Fonte: A autora Pós-Graduação | Unicesumar 53 do trânsito no brasil MUNICIPALIZAÇÃO O processo de municipalização do trânsito deu início de maneira irreversível, evi- denciando a consciência despertada pelo CTB sobre as questões relativas ao trânsito urbano, assunto de interesse direto das cidades e de seus habitantes. O código inseriu aos municípios alguns direitos que, se forem aplicados de maneira correta pela popu- lação, proporcionará a melhoria da qualidade de vida, pois serão elevados os padrões de segurança no convívio dos usuários do sistema viário, estejam eles na condição de motoristas ou de pedestres. Administração e Gestão de Trânsito 54 Segundo o CTB, o trânsito seguro é direito de todos, e o município deve adotar as medidas para assegurar este direito, no âmbito de sua competência. E a municipalização do trânsito possibilita esta busca por melhores condições de segurança e mobilidade no trânsito das “A importância em municipalizar o trânsito está no fato de que, sendo o município o gestor do seu próprio trânsito, poderá este tomar medidas que estarão diretamente relacionadas às condições de trânsito encontradas em suas vias, o que garante uma melhoria substancial no ordenamento e na qualidade da circulação viária, pois se consegue agir de forma rápida e direta nos problemas que aparecem diariamente” (Úmbria e Krüger, 2007 p. 02). Para DENATRAN (2000), a nova postura do CTB exige dos órgãos gestores uma descoberta das reais necessida- des da população, procurandoanteceder sua demanda com ações preventivas. E isto é muito positivo, pois os gestores municipais necessitam continuamente do aperfeiçoa- mento, e da compreensão das necessidades dos seus munícipes. Ou seja, é entendendo as reais necessidades da população e se in- ter-relacionando com os usuários, os órgãos competentes, com os prefeitos e secretá- rios municipais e compreendendo o plano diretor da cidade, é que será possível obter melhorias impactantes que reduzirá o des- contentamento da população nos fatores relacionados ao número de acidentes, de mortes e de perdas sociais e econômicas em acidentes. Porém, como evidenciado no tópico anterior, para que o município se integre a municipalização, cabe a ele seguir alguns passos defi nidos no CTB e que signifi cam, na prática, a estruturação administrativa, a preparação técnica e a adequação legal do município às normas defi nidas pelo CONTRAN e ao disposto na legislação. Ou seja, cabe ao município criar um órgão mu- nicipal executivo de trânsito, previsto no artigo 8º, do CTB e Resolução nº 106/99- CONTRAN, com estrutura para desenvolver atividades de engenharia de tráfego, fi sca- lização de trânsito, educação de trânsito e controle e análise de estatística, ou seja, re- alizar a gestão do trânsito no município em sua totalidade (DENATRAN, 2010). cidades brasileiras, como afi rma Santos (2005), "Municipalizar é trazer algo para o município. No trânsito é exatamente isto, trazer o trânsito para onde nós vivemos que é no município", a real importância dessa municipalização é a melhoria da qualidade de vida dos munícipes. Pós-Graduação | Unicesumar 55 No Art. 24. do CTB, Compete aos órgãos e entidades executivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua circunscrição: I. Cumprir e fazer cumprir a legislação e as normas de trânsito, no âmbito de suas atribuições; II. Planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, de pedestres e de animais, e promovero desenvolvimento da circulação e da seguran- ça de ciclistas; III. Implantar, manter e operar o sistema de sinalização, os dispositivos e os equipamentos de controle viário; IV. Coletar dados estatísticos e elaborar estudos sobre os acidentes de trânsi- to e suas causas; V. Estabelecer, em conjunto com os órgãos de polícia ostensiva de trânsito, as diretrizes para o policiamento ostensivo de trânsito; VI. Executar a fiscalização de trânsito, autuar e aplicar as medidas administrati- vas cabíveis, por infrações de circulação, estacionamento e parada previstas neste Código, no exercício regular do Poder de Polícia de Trânsito; VII. Aplicar as penalidades de advertência por escrito e multa, por infrações de circulação, estacionamento e parada previstas no CTB, notificando os infra- tores e arrecadando as multas que aplicar; VIII. Fiscalizar, autuar e aplicar as penalidades e medidas administrativas cabíveis relativas a infrações por excesso de peso, dimensões e lotação dos veículos, bem como notificar e arrecadar as multas que aplicar; IX. Fiscalizar o cumprimento da norma contida no art. 95, aplicando as pena- lidades e arrecadando as multas nele previstas; X. Implantar, manter e operar sistema de estacionamento rotativo pago nas vias; XI. Arrecadar valores provenientes de estada e remoção de veículos e objetos, e escolta de veículos de cargas superdimensionadas ou perigosas; XII. Credenciar os serviços de escolta, fiscalizar e adotar medidas de seguran- ça relativas aos serviços de remoção de veículos, escolta e transporte de carga indivisível; Administração e Gestão de Trânsito 56 XIII. Integrar-se a outros órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito para fins de arrecadação e compensação de multas impostas na área de sua competência, com vistas à unificação do licenciamento, à simplificação e à celeridade das transferências de veículos e de prontuários dos condutores de uma para outra unidade da Federação; XIV. Implantar as medidas da Política Nacional de Trânsito e do Programa Nacional de Trânsito; XV. Promover e participar de projetos e programas de educação e segurança de trânsito de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN; XVI. Planejar e implantar medidas para redução da circulação de veículos e reorientação do tráfego, com o objetivo de diminuir a emissão global de poluentes; XVII. Registrar e licenciar, na forma da legislação, ciclomotores, veículos de tração e propulsão humana e de tração animal, fiscalizando, autuando, apli- cando penalidades e arrecadando multas decorrentes de infrações; XVIII. Conceder autorização para conduzir veículos de propulsão humana e de tração animal; XIX. Articular-se com os demais órgãos do Sistema Nacional de Trânsito no Estado, sob coordenação do respectivo CETRAN; XX. Fiscalizar o nível de emissão de poluentes e ruído produzidos pelos veícu- los automotores ou pela sua carga, de acordo com o estabelecido no art. 66, além de dar apoio às ações específicas de órgão ambiental local, quando solicitado; XXI. Vistoriar veículos que necessitem de autorização especial para transi- tar e estabelecer os requisitos técnicos a serem observados para a circulação desses veículos. § 1º As competências relativas a órgão ou entidade municipal serão exerci- das no Distrito Federal por seu órgão ou entidade executivos de trânsito. § 2º Para exercer as competências estabelecidas neste artigo, os Municípios deverão integrar-se ao Sistema Nacional de Trânsito, conforme previsto no art. 333 deste Código Pós-Graduação | Unicesumar 57 Uma vez preenchidos os requisitos para integração do município ao SNT, ele assume a responsabilida- de pelo planejamento, o projeto, a operação e a fiscalização, não apenas no perímetro urbano, mas também nas estradas munici- pais, ou seja, a gestão acontece em nível mais detalhado, com foco na rotina do municí- pio, podendo desta forma adotar as medidas necessárias. Embora municipalizar o trânsito apresen- te as cidades vantagens próprias, e também obrigações estabelecidas pelo CTB, os muni- cípios brasileiros têm relutado em assumir o encargo desta municipalização, já que não há, conforme o CTB, penalidade prevista para os desalinhados com a lei. Dos 5.563 (cinco mil quinhentos e sessenta e três) municípios brasileiros, apenas 1087 (um mil e oitenta e sete) estão municipalizados, corresponden- do aproximadamente a 19,55% do total. Na Tabela 4 apresenta-se o número de municí- pios por estado integrados à municipalização. estado nº MuniCíPios integrados ACRE 1 ALAGOAS 13 AMAPÁ 3 AMAZONAS 10 BAHIA 49 CEARÁ 55 DISTRITO FEDERAL 1 ESPÍRITO SANTO 7 GOIÁS 35 MARANHÃO 52 MATO GROSSO 23 MATO GROSSO DO SUL 47 MINAS GERAIS 52 PARÁ 48 PARAÍBA 23 PARANÁ 39 PERNAMBUCO 28 PIAUÍ 10 RIO DE JANEIRO 65 RIO GRANDE DO NORTE 15 RIO GRANDE DO SUL 456 RONDÔNIA 6 RORAIMA 1 SANTA CATARINA 80 SÃO PAULO 275 SERGIPE 15 TOCANTINS 5 BRASIL 1418 tabela 4: Municípios municipalizados Fonte: DENATRAN, 2014. Segundo a Tabela 4, as regiões Sul e Sudeste são as mais bem representadas pela municipalização, e, juntas correspondem aproximadamente 55% dos municípios in- tegrados ao SNT. Administração e Gestão de Trânsito 58 tiPo (exeMPlos) aMPlitude Total -delega todas as atividades de engenharia, sinalização, educação, operação e fiscalização de trânsito; a arrecadação das multas fica para o DETRAN; - continua a responsabilidade objetiva do prefeito sobre questões de trânsito/ Auto de Infração de Trânsito (AIT)- DETRAN; - não tem Jari municipal; - a autoridade de trânsito é o diretor do DETRAN. Parcial Operação/fiscalização/arre- cadação - delega parte das atividades: operação, fiscalização, notificação e arrecadação; - continua com engenharia, sinalização e educação; - pode receber parte do valor arrecadado para aplicação na engenharia, sinali- zação, educação; - não tem Jari municipal; - a autoridade de trânsito é o diretor do DETRAN; - AIT é atribuição do DETRAN; - a responsabilidade objetiva é do município e do DETRAN. Parcial Arrecadação - delega parte da atividade: notificação e arrecadação; - a autoridade executiva é municipal (SNT); - AIT é atribuição municipal; - Jari é municipal; - recebe o valor da multa descontado o valor do serviço prestado pelo DETRAN que será repassado ao município; - aplica a penalidade de multa. Progressivo - delega inicialmente tudo por um período inicial de seis meses e vai assumin- do aos poucos a engenharia, a sinalização, a educação e a fiscalização, receben- do gradativamente valores para serem aplicados nessas áreas; - ao fim do período determinado (1 a 2 anos), o município, com o órgão municipal criado, já situado no tipo anterior, passa a realizar a gestão comple- ta, municipalizando, aplicando as penalidades, notificando e arrecadando as multas que aplicar; - faz parte do SNT; - a autoridade de trânsito começa no DETRAN e passa para o município. Quadro 3 - convênio com o Governo do estado e interveniência do Detran. Fonte: DENATRAN (2000). a) Convênio com o Governo do Estado e interveniência do DETRAN: Pós-Graduação | Unicesumar 59 b) Convênio com o Governo do Estado e interveniência da Polícia Militar: tiPo (exeMPlos) aMPlitude Total - a operação e a fiscalização serão feitas pela Polícia Militar através dos policiais devidamente treinados,designados e credenciados pela autoridade municipal de trânsito que é o dirigente do órgão ou entidade executivo de trânsito; - a remuneração dos serviços poderá ser feita através da comprovação da execução das ati- vidades solicitadas ou através do pagamento de pró-labore fixo a ser definido por legislação municipalespecífica apenas para os policiais militares que estão designados e credenciados nominalmente; - o município “poderá” fornecer viaturas, equipamentos de operação e fiscalização e outros a seu critério. Parcial - a operação e a fiscalização serão feitas parte pela Polícia Militar, parte pelos agentes civis treinados e credenciados pelo órgão ou entidade executivo municipal; - a remuneração dos serviços poderá ser feita conforme o item anterior; - o órgão ou entidade de trânsito definirá a atuação dos agentes de fiscalização e policiais militares em conjunto com o Comando do Policiamento de Trânsito; - sempre que solicitado, o policiamento de trânsito deverá dar apoio à autoridade de trânsito nas ações relativas a atuação da autoridade. Quadro 4 - convênio com o Governo do estado e interveniência da Polícia Militar. Fonte: DENATRAN (2000). c) Convênio com o Governo do Estado e interveniência do Departamento de Estradas de Rodagem - DER; d) Convênio com o Governo Federal e interveniência do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER; e) Convênio com outros órgãos executivos municipais de trânsito: • para estágios e prestação de serviços do CTB: engenharia, educação etc.; • poderão ser constituídos consórcios com a participação de mais de dois órgãos mu- nicipais, dividindo suas atribuições. Administração e Gestão de Trânsito 60 o que o CTB deixa claro, é que os municípios que devem cuidar de sua organização, pois exercerá o controle de eventos e movimentos que ocorrem em seus limites geográficos. Logo, a municipalização do trânsito torna-se uma ferramenta de auto -organização do município (FARIA, 2008). A Municipalização do Trânsi- to em Recife Desde janeiro de 2003, a Pre- feitura do Recife assumiu as atividades relacionadas à circulação de veículos e pe- destres, ao estacionamento e à parada de veículos e ani- mais, à aplicação e julgamen- to de multas e à sinalização nas ruas da capital. Sob res- ponsabilidade do Governo do Estado ficam as questões relacionadas aos condutores (formação, CNH, permissão para dirigir) e aos veículos automotores (registro, licen- ciamento, Renavam, que são atribuições estaduais, defi- nidas no CTB). DER, DNER e as polícias rodoviárias atuam nas rodovias. Além do aumento do efetivo, houve uma mudança de filo- sofia que permite à socieda- de uma participação muito maior nas decisões. Com a municipalização, entrou em cena o Conselho Municipal de Trânsito e Transportes do Recife (CMTT), que atua na formulação das políticas de forma democrática e trans- parente. O CMTT é composto por 14 membros, incluindo representantes da Prefeitu- ra, Governo Estadual, Câmara Municipal, usuários, estudan- tes, sindicatos e empresários. O Recife foi a penúltima ca- pital a municipalizar seu trânsito, à frente apenas de Florianópolis (SC). Fonte: Caso real, adaptado pela autora de: <http://www. recife.pe.gov.br/cttu/municipa- lizacao.php>. Acesso em: 13 de ago. 2014. Pós-Graduação | Unicesumar 61 coleta de dados para compreender A REALIDADE DE SUA CIDADE Administração e Gestão de Trânsito 62 o título deste tópico talvez nos leve a fazer um questionamento: Por que é necessário coletar dados para compreender a minha cidade? O que estes dados representam? E, para a administração e gestão de trânsito, por que estes dados são tão importantes? Pois bem, os dados são o fundamento, ou a base para tomada de decisões pauta- das na realidade e nos acontecimentos, ou seja, o estudo de qualquer acontecimento, seja ele natural, social, econômico, exige a coleta e a análise de dados estatísticos que são elementos confiáveis durante a análise de qualquer problema. A coleta de dados é, pois, a fase inicial de qualquer pesquisa. Então, para compreender sua cidade, o processo de coleta de dados se dá por meio de ações e objetivos. As ações representam o como coletar tais dados, se será por meio de pesquisa de campo, por histórico dos fatos acontecidos e registrados, por entre- vistas das pessoas envolvidas, etc. Todavia, sem objetivos bem definidos na coleta de dados certamente tal esforço surtirá em efeitos nem sempre tão satisfatórios, uma vez que são os objetivos que recomendarão ou indicarão as características que os dados deverão apresentar. Por isso é importante assumir responsabilidades para evitar que dados sejam coletados sem objetivos defi- nidos, pois muitas vezes esta coleta poderá ser onerosa, desnecessária e sem efeitos. Os objetivos da coleta de dados para conhecer a realidade de um município são importantes para o desenvolvimento de novos projetos, para a classificação dos efeitos que este proporcionou em dado local, para o controle e acompanhamento, assim como para projetar melhorias. Em uma cidade, assim como numa empresa ou departamento, a quantidade ma- nipulada de dados é muito grande e a gestão das informações apóia a tomada de decisões na gestão de suas necessidades, seja ela do transporte e do trânsito, seja da gestão interna, seja para formular o macrozoneamento etc. Neste grande número de dados, podemos nos deparar com dois tipos de dados, os men- suráveis (numéricos), conhecidos por dados discretos e contínuos, e os dados imensuráveis (não-numéricos) conhecidos por atributos. Os atributos possuem características qualitativas, ou seja, que qualificam algo. Por exemplo, uma via pode ser boa ou ruim, porém estes dados podem ser transformados em valores numéricos discretos, ou seja, quando estes atributos podem ser contados, no caso, uma via pode ser considerada boa quando não possui nenhum buraco por quilômetro, e considerada péssima quando existem mais de 10 buracos a cada quilômetro, outro exemplo de variável quantitativa discreta pode ser dado pelo número de carros que passam em certa esquina durante determinado instante. Já os dados contínuos são aqueles medidos em uma escala contínua, por exemplo, a temperatura de uma cidade (em grau Celsius). Outros fatores importantes a serem des- tacados na coleta de dados é com relação Pós-Graduação | Unicesumar 63 a população e amostra. Por população se entende o conjunto de todos os elementos (ou itens) extraídos de uma dada situação ou ação, e corresponde ao sistema ou ao todo que se quer descrever, por exemplo, todos os veícu- los Gol, Ano/Modelo 2011; Censo: inspeciona todos os elementos de uma população. Já a amostra é uma parte ou um conjunto de ele- mentos extraídos da população, nos estudos estatísticos, é comum se trabalhar com amos- tras aleatórias, esta aleatoriedade representa que todos os elementos de uma população possam ter a mesma chance de ser selecio- nado para compor a amostra, e é sobre estes dados que muitos estudos são desenvolvidos com o objetivo de se fazer deduções sobre a população. É importante frisar que quando se traba- lha com amostras, deve-se preocupar com a representatividade dela com relação à popu- lação pela qual ela foi extraída, de modo que os dados analisados sejam realmente confi- áveis, e que objetivem a garantia da tomada de decisão de forma apropriada. Quando da utilização de dados dispostos em bancos de dados, também se faz neces- sário análise da confiabilidade dos mesmos. O Brasil se destaca como grande produtor de dados (D’Antona e Vanwey, 2010), no entanto, se precisarmos utilizar dados de acidentes de trânsito e se formos comparar, por exemplo, os dados das cidades de Maringá-Paraná com os dados de sua capital Curitiba, teremos di- ficuldades, pois a cidade de Maringá utiliza como metodologia para analisar os acidentesde trânsito a NR10697 que tem por objetivos definir os termos técnicos utilizados na pre- paração e execução de pesquisas relativas a acidentes de trânsito e elaboração de rela- tórios. Já o dado da cidade de Curitiba não utiliza esta mesma normativa e contabilizam os óbitos ocasionados no local do aciden- te. Por isso é importante utilizar não apenas uma base de dados, mas quantas forem ne- cessárias para maior fidedignidade de sua tomada de decisão. A NR10697 classifica os aci- dentes de trânsito quanto às consequências, ou seja, acidentes simples ou gra- ves. Quanto à natureza ou maneira como ocorrem, os acidentes consistem em: atropelamento, capotamen- to, choque, colisão frontal, colisão lateral, colisão trans- versal, colisão traseira, enga- vetamento, queda, tomba- mento ou outros acidentes definidos no capítulo 3.2 da mesma NR. Esta Norma Regulamentadora qualifi- ca os acidentes em relação à classificação das vítimas dos acidentes, observando de acordo com os ferimentos recebidos, considerando a ví- tima de acidente no momen- to acontecido ou até 30 dias após, analisados conforme as seguintes definições: • Vítima fatal de acidente de trânsito; • Vítima de acidente de trân- sito de natureza grave; • Vítima de acidente de trân- sito com ferimentos, de na- tureza leve. Fonte: Chiroli, 2011. Administração e Gestão de Trânsito 64 considerações finais O Brasil é considerado um país com alto potencial de desenvolvimen- to, isso favoreceu na melhoria da economia, beneficiou no aumento do número de veículos em geral e refletiu de forma negativa no trânsito de muitas de nossas cidades brasileiras, pois o alto número de aciden- tes gerou um índice elevado de mortes, provocando custos excessivos para o poder público, bem como grandes perdas para a nossa popula- ção. Isso fez que aumentassem os investimentos em projetos voltados para a melhoria do trânsito, mas não impactou de forma efetiva, pois em muitas cidades há a carência de gestão eficaz do trânsito nas cidades. Esta deficiência de gestão fez com que se estabelecesse pelo SNT a obrigação da municipalização do trânsito em todas as cidades bra- sileiras, com isso todos os órgãos envolvidos ao SNT estudaram meios que favorecessem a melhoria de tal gestão, assim, para que isso ocorra, estes municípios devem se preparar, isto é uma grande vantagem para a sociedade brasileira. No entanto, a municipalização é o meio que ga- rantirá ao gestor público municipal de trânsito as condições de atender, de forma direta, as necessidades da população, por meio da prática de uma política de trânsito competente, focada em atender as ações de segurança e fluidez, gerando facilidades que favorecerão a uma gestão e a uma cidade mais humana, refletindo na melhoria da qualidade de vida da população. Pós-Graduação | Unicesumar 65 1. A municipalização do trânsito favorece aos gestores municipais de trân- sito a identificação das reais necessidades da cidade, de forma a tomar medidas que estará diretamente relacionado às condições de trânsito encontradas em suas vias, o que garante uma melhoria substancial no ordenamento e na qualidade da circulação viária impactando positiva- mente na melhoria da qualidade de vida dos munícipes. Os gestores municipais da cidade que você mora tem esta preocupação na melho- ria da qualidade de vida da população, visando melhorias no trânsito? O seu município é municipalizado? Como ele está organizado? 2. A coleta de dados é a fase inicial de qualquer pesquisa, e estes dados devem também estar disponíveis para a população, pois o objetivo de um gestor municipal é atender aos anseios da comunidade, e esta deve conhecer esta realidade. A cidade que você mora possui informações referentes ao trânsito do município disponíveis a população? Quais in- formações? Como você coletaria dados para identificar as condições no trânsito de uma cidade? 3. Você acredita que com estes dados disponíveis é possível compreender o trânsito de sua cidade? Justifique. atividades de auto estudo Administração e Gestão de Trânsito 66 ESTUDO DE CASO DOS ÓRGÃOS DE TRÂNSITO DA CIDADE DE CAMETÁ-PA O órgão municipal de trânsito de Cametá – DMUT possui uma estrutura enxuta, onde a coordenadoria de educação não possui uma equipe técnica perma- nentemente disponível, ou seja, as ações ocorrem esporadicamente, não acompanhando o que estabelece o CTB, que afirma que essas ações devem ter o caráter permanente. A equipe de fiscalização possui um quadro de 10 funcionários efetivos e 13 com contratos temporários. Esse quantitativo não atende as demandas de fiscaliza- ção de trânsito. Foi possível observar que as ações de fiscalização nas ruas do município geralmente não acontecem após as 18:00hs dos dias úteis, e rara- mente acorrem nos finais de semana. Nas visitas realizadas no município de Cametá, entre os meses de junho e setem- bro de 2012, foi possível observar que a maioria dos motoristas e motociclistas faz o uso do capacete e do cinto de segurança, assim como obedecer às normas de trânsito, mas esse fato está restrito aos períodos que possuem a presença dos agentes de fiscalização. Fora do horário de expediente dos mesmos, os con- dutores passam a deixar esse comportamento de lado em função da falta de fiscalização. Em fevereiro de 2013 foi realizada a última visita ao município, en- tretanto, não foram encontradas mudanças significativas. Diante disso, esse estudo obtiva avaliar os aspectos do trânsito da cidade de Cametá-Pa, adimplência e inadimplência dos veículos e habilitações, entre os anos de 2005 a 2010, período antes e após a municipalização do trânsito. Portanto, analisou-se a evolução da frota e situação dos veículos; a evolução do total de condutores e situação das habilitações; a evolução do total de aci- dentes, mortos e feridos; e foi feito a análise da relação entre os indicadores de acidentes, feridos e mortos. Os resultados das análises e interpretações feitas dos dadas e estatísticas do trânsito da cidade de Cametá. A frota de veículos do município vem apresentando um aumento considerável ao longo dos anos. O total de veículos passa de 1.801 veículos em 2005, para 2.536 veículos em 2007 (ano da municipalização do trânsito), e termina 4.385 veículos em 2010. Apesar do aumento do número de veículos da cidade, o total de adimplentes vem sofrendo queda ao longo dos anos. Em 2005, do total de 1.801 veículos, 940 (52,2%) eram adimplentes, passando para 1.310 (51,7%), já em 2007 (ano da municipalização do trânsito), e terminando com um total de 1.869 (42,6%), em 2010, ou seja, o total de adimplentes teve uma queda de 9,6% em relação aos inadimplentes entre 2005 e 2010. O percentual de inadimplentes de veículos da cidade tem aumentando ao longo dos anos, acompanhando o crescimento da frota total. Em 2005, do total de 1.801 veículos, 861 (47,8%) eram inadimplentes, passando para 1.226 (48,3%), em 2007 (ano da municipalização do trânsito), e terminando com um total de 2.516 (57,4%), em 2010. Esse aumento do percentual de inadimplentes no mu- nicípio, pode ser explicado pela ausência de ações de fiscalização, já que o órgão municipal de trânsito não pode fiscalizar os documentos dos veículos em função de não ser sua atribuição legal. Isso acaba por incentivar os proprietários Pós-Graduação | Unicesumar 67 de veículos a não fazer o licenciamento do mesmo, já que será pouco cobrado pelo poder público. O número de condutores habilitados do município aumentou consideravel- mente ao longo dos anos. Foi possível observar que no ano de 2005 havia 921 condutores habilitados passando a ter 1.638 no ano de 2010. Este crescimento torna-se mais visível se comparar os anos de 2005 e 2010, onde inicia com um total de921 condutores em 2005, para um total de 1.638 condutores em 2010. Desde a municipalização do trânsito, no ano de 2007, acorreu um aumento sig- nificativo nos índices de acidentes, passando de 10 acidentes em 2005, para 13 em 2007 (ano da municipalização do trânsito), terminando com 53 acidentes em 2010. Observa-se que antes da municipalização (de 2005 a 2006), foram 23 aci- dentes, tendo uma média de 11 acidentes ao ano. Após a municipalização do trânsito (de 2007 a 2010), foram 123 acidentes, com média de 31 acidentes por ano. Após a municipalização houve aumento na média de acidentes. Devido o aumento apresentado nos indicadores pode-se considerar que a falta de consis- tência nas campanhas de educação e fiscalização para o trânsito, são relevantes para o aumento desses indicadores. Sendo assim considera-se que o novo CTB foi criado no ano de 1997 com o intuito de garantir a segurança do trânsito para a sociedade brasileira, chegan- do próximo de completar 16 anos de implantação, muito ainda precisa ser feito. Com ele, a municipalização do trânsito tornou-se obrigatória, entretanto, muitas cidades não aderiram, fato que impacta nas melhorias que poderiam ocorrer nas cidades, devido à falta de planejamento e mudanças na gestão do trânsito local. Em Cametá, mesmo com a municipalização do trânsito no ano de 2007, não houve reduções acentuadas dos indicadores do trânsito, fato percebido em suas esta- tísticas entre os anos de 2005 e 2010. Nesses anos, houve somente a redução do número total de mortes. Já o número de acidentes e feridos teve um crescimento acentuado. Por outro lado, o número total de condutores aumentou considera- velmente, mas ainda é insuficiente para igualar o total de veículos registrados do município. Portanto, para haver mudanças, se faz necessário identificar e agir sobre as ineficiências da gestão atual, de forma a contribuir com toda a socieda- de com ações que garantam o trânsito seguro a todos. O presente estudo analisou as informações e indicadores do trânsito do mu- nicípio, de modo a permitir o conhecimento dos problemas apresentados no trânsito, como o aumento dos números de acidentes, mortos e feridos, e das necessidades de novos investimentos. Dessa forma, algumas intervenções são sugeridas de modo a melhorar o atendimento à população e facilitar o traba- lho nos órgãos de trânsito da cidade, sendo elas: Criar Circunscrição Regional de Trânsito do DETRAN-PA; Reestruturação do Órgão de Trânsito do Município – DMUT; Capacitação constante dos gestores e demais funcionários; Ampliações das ações de educação para a população. Fonte: Luiz Augusto Lisboa Dias; Daiane Maria De Genaro Chiroli (2013). Gestão de Negócios 68 relato de caso A cidade de Cacuingá, fictícia, no estado do Paraná, se destaca pelos problemas de trânsito, com índices elevados de acidentes, motoristas que não respeitam as leis, dificuldade de implantação da munici- palização, por falta de corpo técnico. O então secretário de transportes questionou quais seriam os principais passos para conduzir melhoria no trânsito da cidade. Então, respondi que para conduzir melhorias na cidade se faz necessário realizar um diagnóstico para planejar ações baseadas em evi- dencias concretas, em dados e fatos. Ele me perguntou, mas como posso fazer isto, então, apresentei-lhe um conjunto de passos que per- mitem a aplicação de forma facilitada. Um dos primeiros fatores a ser estudado para identificar as evidencias são as leis, decretos, resoluções etc., os quais se recomendam ações que permitam ao país crescer e atuar de maneira coordenada, porém é natural que o excesso de requisitos legais muitas vezes acabe dificultando, onerando ou até mesmo impedindo o progresso de certos ramos e atividades, dentre elas, o transporte, o trânsito e em consequência a mobilidade das grandes cidades. Além destes, outros dados importantes para serem analisados em sua cidade de forma que Gestão do Trânsito seja eficaz são: - Como se caracteriza sua cidade e o seu trânsito: estudo de informações físicas, geográficas e sociais da cidade e suas correlações com o sistema de trânsito. - Análise da composição do sistema de trânsito: formado por vias, veículos, pessoas e meio ambien- te, juntamente com um cadastro viário com o histórico de informações como intervenções efetuadas na malha viária do município, o sentido de circulação em cada trecho e do sistema semafórico; - Análise da municipalização, e de como se deu este processo, quais as melhorias foram aplicadas neste processo. Qual a organização da Secretaria de Transportes do município. - Definição de quem são os usuários do sistema de trânsito municipal e suas necessidades – expec- tativas e reclamações-; o perfil dos condutores de veículos, o número de veículos na cidade. - Como se caracteriza o sistema de acidentes de trânsito favorecendo no estudo das reais causas de morbidade e mortalidade no município, quais os pontos críticos dos acidentes. - O número de multas de trânsito ocorridas por período. - Análise de estacionamento na cidade, se esta possui estacionamento Rotativo, se é pago, quais os locais regulamentados, rotas de fiscalização e dados estatísticos (tempo de permanência, índice de infrações etc.). Pós-Graduação | Unicesumar 69 relato de caso o que? queM? quando? onde? Por que? CoMo? Manutenção e sinali- zação Equipe Técnica Por prioridade Nas 136 vias da cidade Para melhorar a mobi- lidade Implantados inicialmente nas vias arteriais, com maiores volumes de veículos, e posteriormen- te nos demais corredores, por ordem de prioridade. Criação de giros Equipe técnica 3º. Trimestre/2014 Importantes vias, acaban- do com algumas entradas à esquerda Para facilitar e me- lhorar a fluidez dos veículos, e assim, evitar retenções que se for- mam com a obstrução de uma das faixas na via. Implantado nos pontos mais problemáticos ana- lisados no diagnóstico. Com os dados devem-se extrair informações relevante e desenvolver um plano de ação, que seja co- erente com a realidade local e atenda aos anseios da população. Assim, o secretário o fez um plano com um investimento total de quase R$ 8 milhões e prazo de um ano para a execução, o projeto traz uma série de intervenções para melhoria dos padrões de mobi- lidade urbana. O pacote de serviços está dividido em sete metas, desde a modernização semafórica com a implantação de equipamentos de proteção para a variação de tensão, incluindo baterias nos semáforos de trânsito, a criação de giros de quadra até a manutenção de ciclovias. Também fazem parte do plano, ações de recuperação de pavimento e estudos de engenharia de tráfego. O objetivo é melhorar a circulação de pedestres, veículos e ciclistas intervindo nos logradouros e re- alizando a manutenção de locais estratégicos como os principais corredores viários do município e o entorno dos mercados públicos, o início de seu plano de ação é apresentado abaixo: 3 ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DE TRÂNSITO Prof.ª Me. Daiane Maria De Genaro Chiroli Plano de estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Administração ou gestão? • Administração e Gestão de Trânsito • Modelos de Administração e Gestão de Trânsito • Planejamento e Gestão Estratégica • Gestão baseada por Processos • A Gestão da Qualidade • Balanced scorecard objetivos de aprendizagem • Diferenciar administração de gestão • Conhecer a importância de estudar a administração e gestão de trânsito. • Assimilar os diferentes conceitos e metodologias de gestão. • Entender a respeito de ferramentas gerencias aplicá- vel aos gestores de trânsito. Atualmente, 84% da população vive em cidades, as quais estão em constante desenvolvimento. Podemos afirmar que a cidade é um elemento transformador da vida das pessoas, um elemento reali- zador de sonhos, um elementopara se viver. No entanto, para que seja possível tornar este elemento cidade como um local de grande qualidade de vida e um ambiente dinâmico, os gestores devem identificar dentro deste elemento complexo todas as variáveis que permitam interagir com os cidadãos e possibilitar melhorias. Sendo assim, todo órgão público tem por finalidade proporcio- nar aos cidadãos melhores condições de vida, e este objetivo cabe também ao órgão gestor de trânsito de uma cidade. No entanto, compete ao gestor desta organização, identificar as necessidades dos munícipes, ou seja, conhecer a realidade de seu município tanto em âmbito local como regional e gerar planos que venham a supri-los. Na realidade, este é um grande desafio a ser enfrentado pelos ges- tores, pois além proporcionar aos cidadãos uma qualidade de vida, deve demonstrar que é econômico, eficiente, eficaz e efetivo. Para tal, o planejamento é receita de sucesso e nele devem ser inseridos grandes ingredientes de sucesso: democracia, transparência, res- ponsabilidade social e controle. Nesta receita, o modo de preparo deve ser conjugado por uma série de metodologias que podem ser utilizadas para que os gestores possam considerar a organização de forma mais sistêmica e contribuindo para uma maior valoriza- ção da relação entre todos os envolvidos no negócio (fornecedores, clientes, público interno, governo, entre outros) e dando atenção não só a aspectos financeiros, mas também aos sociais, ambientais e culturais que permeiam uma organização. Além da receita de sucesso que é o planejamento, os gestores devem inserir neste planejamento a visão de concorrência, pois, as cidades competem entre si. Então, deve-se enxergar a cidade como uma grande organização. Administração e Gestão de Trânsito 72 administração ou gestão? Pode até ser que eu venha a me equivocar, mas será que você ainda não se pergun- tou qual a diferença entre administração e gestão? Na realidade estes termos são muito utilizados no dia a dia de muitas pessoas, e na realidade não existem muitos materiais que venham a esclarecê-los. No dicionário da língua portuguesa admi- nistração é conceituada como a ação de administrar, ou de quem administra. E ad- ministrar significa gerir negócios públicos ou particulares (BUARQUE, 1997). O mesmo autor conceitua gestão como o ato de gerir, ou apenas como gerencia. Dias (2002) realizou uma pesquisa em vários dicionários da língua inglesa e fran- cesa, bem como a pesquisa em vário livros de administração, nesta busca encontrou várias semelhanças entre os dois termos, citou também que esta semelhança esta nas obras de Fayol (1960), Tead (1972), Drucker (1975), Trewatha (1979), Allen (1974), Koontz (1978), Barnard (1971), Taylor (1990) entre outros. Cita também que Fayol (1960) aborda os princípios da administração como uni- versal e aplicável em todas as organizações, podendo ser o Estado, pequena ou grande empresa e, até mesmo o exército Pós-Graduação | Unicesumar 73 Ferreira(1997) afirma que não existe uma definição explícita entre tais termos, porem aborda que a gestão seja mais adequada para a ação sobre o bem privado, e administração sobre o bem público. Quando estudei tais conceitos na questão de administração pública ou gestão pública percebi também que tais termos são bastante similares, na realidade ambos os termos administrar e gerenciar exige conhecimento, planejamento, controle, or- ganização, de forma a atingir os objetivos de uma organização de maneira eficien- te e eficaz, portanto administre e gerencie. Certamente assim o resultado de seu traba- lho será satisfatório. administração e gestão de trânsito Estudos de administração e gestão de trânsi- to vêm de longa data, embora, são escassos os materiais disponíveis sobre o assunto. A administração do trânsito exige a adoção de procedimentos especiais, baseados na aplica- ção da técnica e na organização dos recursos disponíveis. Como apresentado na Unidade 2, o Brasil tem se destacado no grande número de problemas no trânsito das cidades brasilei- ras (acidentes, congestionamentos, mortes, aumento da frota, etc.) e isso tende a piorar se não houver mudanças gerenciais. Muitas cidades brasileiras já iniciaram a busca por melhores formas de gerenciamento, e isso se deu graças à municipalização, que permite uma organização administrativa mais sólida, planejada e pautada na busca de recursos fi- nanceiros para a intervenção de planos de mobilidade, conduzindo atividades organi- zadas com enfoque na segurança de todos os envolvidos no sistema de trânsito. Gerenciar e administrar o trânsito de uma cidade não é tarefa fácil, pois não é uma ati- vidade isolada que depende de apenas uma pessoa ou organização, mas sim uma ação de responsabilidade de um conjunto de órgãos Administração e Gestão de Trânsito 74 e entidades, os quais devem estar integrados e inseridos na gestão federativa, de forma a aplicar de maneira eficaz o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) a favor da Política Nacional de Trânsito (PNT). Dessa forma, o CONTRAN, levando em consideração a disposição contida no Art. 1º, parágrafo 3º, segundo a qual o trân- sito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do SNT, usou de suas compe- tências para estabelecer a Resolução Nº 166 de 15 de setembro de 2004 em todo o ter- ritório nacional a qual institui fundamentos para uniformidade e integração das ações do SNT. Baseando-se na Constituição Federal de- senvolveu-se a PNT, esta, tem como foco o cidadão brasileiro, por isso, o enxerga como o maior favorecido. A PNT esquematiza dire- ções e cria condições para a abordagem do trânsito de forma integrada ao uso do solo, ao desenvolvimento urbano e regional, ao transporte em suas diferentes modalidades, à educação, à saúde e ao meio ambiente. A PNT tem por balizador o CTB, como refe- rências a Convenção de Viena e o Acordo Mercosul e por agente o SNT. Para conhecimento: Convenção de Viena: É uma convenção sobre o Tráfego Viário de Viena, a qual o Brasil aderiu por meio do Decreto 86.714, de 10 de dezembro de 1981. Fonte: Disponível em: <http://dai-mre.serpro.gov.br/legislacao/convencao-de-viena-sobre-o-direito-dos- tratados-1/>. Acordo Mercosul: É um acordo sobre a Regulamentação Básica Unificada de Trânsito, entre Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai, autorizado por Decreto de 3 de agosto de 1993. Fonte: Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/temas/america-do-sul-e-integracao-regional/mer- cosul>. na Resolução Nº 166 de 15 de se-tembro de 2004, foram descritas as competências de cada organi- zação a favor de melhores condições no trânsito, sendo elas: Ministério das cidades, Câmara Interministerial de Trânsito, Conselho Nacional de Trânsito, Conferência Nacional das Cidades, Conselho das Cidades, Departamento Nacional de Trânsito, Câmaras Temáticas, Fórum Consultivo de Trânsito e o SNT, estes órgãos auxiliam no desenvol- vimento da PNT, de forma a constituir um Pós-Graduação | Unicesumar 75 panorama que retrate a realidade brasileira e aos anseios de toda a sociedade. Tal organi- zação se faz necessária, porque toda cidade deve ter parâmetros pelos quais possam se basear e assim se organizar com foco no melhor gerenciamento, ou seja, na busca da eficiência, eficácia e da efetividade em suas atividades. Aos gestores cabe a considera- ção da necessidade de garantir aqualidade dessa execução. Para melhor entendimento deste enfoque, vamos definir eficiência, que pode ser en- tendidacomo o desempenho interno de produtividade da organização e quão bem os recursos são utilizados, podendo ser medida pela relação entre os recursos alcançados e os recursos utilizados (SILVA, 2007). Para CNM (2008) eficiência éa capacidade de se- lecionar e usar os meios efetivos e de menor desperdício a fim de realizar uma tarefa ou um propósito. É a relação entre os custos e os produtos obtidos. Complementando estes conceitos cito a definição de Marinho e Façanha (2001) que a enxerga como com- petência para se produzir resultados com dispêndio mínimo de recursos e esforços. Silva (2007) cita que eficácia pode ser medida por meio dos resultados alcançados pela organização frente ao que foi planeja- do, e reflete a qualidade e adaptabilidade dos produtos e serviços, ou ainda quão bem as ex- pectativas do cliente (usuário/ cidadão) estão sendo atendidas frente aos seus requisitos. Ou seja, a eficácia descreve a importância em alcançar objetivos e metas. Já efetividade é conceituada como a capacidade de se promover resultados pre- tendidos (MARINHO; FAÇANHA, 2001), ou seja, é uma verdadeira contribuição em termos de resultados ao alcance da finali- dade de uma intervenção ou do impacto de desenvolvimento esperado, exemplificando pode ser relacionada entre os objetivos que pretende atingir no melhoramento viário e aquilo que realmente é atingido quando de seu funcionamento. Portanto para executar um processo de administração e gestão de trânsito de maneira eficiente e eficaz, capacitado a de- senvolvê-lo com efetividade é fundamental inicialmente que o órgão gestor de trânsito estabeleça as diretrizes a serem seguidas, e para tal se faz necessário o conhecimento das leis. Esta diretriz pode ser também conceitu- ada como um método, ou um caminho a ser seguido para executar ações com foco no atingimento dos resultados. A diretriz organi- zacional da administração pública municipal de trânsito deve estar baseada no princípio de que o serviço público existe para atender aos anseios de toda população, é servir, ser útil e ser um facilitador da sociedade, propor- cionando as condições para o pleno exercício das liberdades individuais e o desenvolvi- mento dos talentos, criatividade, vocações e potencialidades das pessoas e regiões. Administração e Gestão de Trânsito 76 epara atingir resultados o órgão gestor deve ter a capacidade de fazer o que precisa ser feito, e estabelecer missão, visão, valores, objetivos (metas), procedimen- tos e processos (metodologias) necessários para que todos compreendam as atividades a serem desenvolvidas, e conduzir toda a or- ganização para cumprir a sua missão. A fi m de deixá-los bem explicitos, vamos citar exem- plos de alguns órgãos gestores de trânsito em cidades brasileiras, assim como a expli- cação de cada termo. A missão pode ser defi nida como o motivo da existência de um órgao gestor de trânsito em uma cidade, de modo a orientar e delimitar as diretrizes a serem seguidas, pode ser a tradu- ção da estratégia do órgão gestor de trânsito. CNM (2008) cita alguns aspectos importantes na defi nição da missão, sendo eles: objetivos gerais; defi nição e competências do órgão municipal de trânsito; foco no futuro pen- sando sempre em responder os seguintes questionamentos: o que a gestão munici- pal de trânsito fará, o que nunca fará e o que poderá fazer? E a missão deve ser clara, curta e facilmente memorizável a todas as pessoas. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo tem por missão “prover mobilidade com segurança no trânsito, con- tribuindo com a cidadania e a qualidade de vida dos habitantes”. A missão da Secretaria de Estado de Transportes do Distrito Federal (DF) é “Proporcionar mobilidade e acessibilidade aos cidadãos do DF, com segurança, menor custo, tempo de percurso e impacto am- biental, por meio da gestão integrada dos sistemas viário, de trânsito e de transporte”. Peter Drucker (1975, p. 38) enfatiza a im- portância da missão, explicando: que uma empresa ou organização não se defi ne pelo seu nome, estatuto ou produto que faz; ela se defi ne pela sua missão. Somente uma defi nição clara da missão é razão de existir da organização e torna possíveis, claros e realistas os objetivos da empresa. Ou seja, a missão declara a razão da existência da organização. A visão pode ser entendida como um mapa que guia o futuro do órgão gestor, orientando-o nas capacidades e competências a desenvolver, bem como o tipo de gerenciamento que o mesmo busca desenvolver. Pós-Graduação | Unicesumar 77 Uma forma de se definir a missão, visão valores da em- presa é por meio de questio- nário, em que os responsá- veis analisam o contexto do órgão de trânsito responden- do algumas perguntas. Para definir a missão, se questio- na: O que faz a empresa? 2) Como ela faz? 3) Onde ela faz? 4) Com qual responsa- bilidade social? Depois de respondidas as perguntas, formula-se a Missão da em- presa. Para se definir a visão e os valores, os seguintes ques- tionamentos são importan- tes: 1) Qual é o desafio da empresa a ser alcançado no futuro? A Visão deve fazer com as pessoas se movam e se esforcem em sua direção. 2) Quais são os traços mar- cantes do comportamento da empresa ao longo dos anos, suas crenças e seus va- lores? Os princípios devem ser poucos e redigidos de forma clara e concisa. Como exemplo apresento a visão e os valores da CET do Rio de Janeiro A visão da CET do Rio de Janeiro é: “Ser reconhecida como referencial técnico em Engenharia de Tráfego”. Ou seja, a visão proporciona o desdobramento da realida- de da organização em fa- tore s que ainda não estão concretos, porém que leve ao o que queremos ser. Os Valores definidos pela CET do Rio de Janeiro são: ética; respeito; transparência; téc- nica; reconhecimento; res- ponsabilidade; informação e competência. Fonte: A autora, exemplos extra- ídos de: <http://www.rio.rj.gov. br/web/smtr/exibeconteudo?ar- ticle-id=107097>. Acesso: 12 out. 2014 Por valores entende-se os principios que permeiam a organização no seu dia a dia. Estes valores devem ser apresentado para demosntrar o que é importante para nós (a organização). O objetivos são descritos para traçar o melhor caminho a seguir ao alcance deles, para tal deve haver um sólido planejamento. Entender os procedimentos operacionais e seus processos se faz necessá- rio pra traçar os planos, poistoda organização é uma coleção de processos que são exe- cutados e não existe um serviço oferecido sem o tal. E para melhor compreender estes processos é imprescindível mapear os pro- cessos, de forma a identificar quais são os mais e os menos importantes, e assim criar uma hierarquia e também a delegação de responsabilidades em cada um deles. Em muitas organizações públicas, embora estes processos não estejam documentados (ma- peados) em detalhe, eles são conhecidos e executados. É claro que este processo estratégico não acontece da noite para o dia, é necessário tempo e determinação para conduzir as mu- danças, também lideres com disponibilidade para capacitar e ajudar o grupo de trabalho visando que todas as pessoas estejam envol- vidas, e o acompanhamento dos resultados, pois gerenciar é como um jogo de futebol, e para saber se esta vencendo ou perdendo é Administração e Gestão de Trânsito 78 necessário um placar, ou seja trabalhar com métricas de referência (indicadores). enfim, para a implantação de quaisquer tecnologias de gestão, é necessário compreender a realidade de cadacidade, pois se pode gerenciar muito bem utilizando uma metodologia em uma cidade, e a mesma não seja adequada para outra re- alidade, por isso a coleta de dados, a fim de diagnosticar de onde viemos, onde estamos e para onde queremos ir é tão importan- te, de modo a planejar de acordo com a realidade local. Assim sendo, a arte de ge- renciar as organizações públicas de trânsito deve-se ter em mente os seguintes fatores, para que o modelo de gestão utilizado seja bem sucedido: • Preocupação com a qualidade do serviço público de trânsito, incluindo as técnicas de gerenciamento para a qualidade total; • Desejo de alcançar a excelência nos serviços públicos; • Estabelecimento de uma missão organizacional como componente norteador para a obtenção dessa excelência; • A atenção nos valores e as opiniões do usuário, valorizando a cidadania; • O desenvolvimento de trabalho comunitário e outros relativos ao desenvolvimento da aprendizagem social (CMN, 2008, p. 19). Após entender a importância do estabeleci- mento das diretrizes, devemos desenvolver os fatores que nos conduzem a determina- ção delas, sendo estes: 1. Identificação e característica do município, ou seja, estudar as informações físicas, geográficas e sociais da cidade e suas correlações com o sistema de trânsito, avaliando a percepção dos responsáveis pelo gerenciamento do sistema de transportes com a percepção dos usuários deste sistema. Para correlacionar com o sistema de trânsito deve-se verificar o tamanho da malha viária, a frota veicular, valor do fundo de participação do município e receita orçamentária, bem como informações sobre o seu planejamento urbano, como dados do plano diretor e do plano de transporte e circulação. 2. Também se deve compreender o funcionamento e características do órgão gestor de trânsito municipal, com o intuito de visualizar toda a organização deste órgão, o seu porte e hierarquia no que tange à quantidade de profissionais que trabalham direta ou indiretamente a serviço deste órgão, quantos destes profissionais passaram por treinamentos, e quais e quantos são os equipamentos utilizados. Outro fator importante a ser analisado é a Pós-Graduação | Unicesumar 79 visão deste órgão sobre a qualidade dos serviços por eles prestados. 3. No tópico 2.2.1 foi exposto que cabe ao município municipalizado a competência de 21 atribuições, e estas devem ser sempre muito bem controladas, e constantemente avaliadas pelo órgão gestor de trânsito com o intuito da excelência em suas atividades, para tanto os benefícios básicos alcançados com a implantação e gestão da municipalização do trânsito também deve ser ponderada de modo a tomar medidas corretivas, quando a ação não obtiver os resultados esperados. 4. Outros dados importantes no gerenciamento são os relacionados às receitas e despesas, para tal é necessário o detalhamento da receita própria do órgão, com o objetivo de identificar os recursos provenientes de cada atividade executada pelo órgão gestor do trânsito, e também identificar o custo real de cada atividade realizada pelo órgão de Trânsito. 5. O estudo de impacto de vizinhança (EIV) inserido na SEÇÃO XII Art. 37. Do estatuto das cidades contempla os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade devida da população residente na área e suas proximidades, devendo o município a análise do adensamento populacional, dos equipamentos urbanos e comunitários, do uso e ocupação do solo, da valorização imobiliária, da geração de tráfego e demanda por transporte público, da ventilação e iluminação, assim como da paisagem urbana e patrimônio natural e cultural. 6. Estudos estatísticos sobre os acidentes e as multas de trânsito, os números de recursos julgados pelas JARIs municipais, os locais críticos de ocorrência dos acidentes, etc. 7. Para compreender também todos os fatores relacionados ao trânsito faz importante compreender como estão as vias, assim como alguns atributos de infraestrutura da cidade, estes propiciam os meios necessários para o desenvolvimento das atividades socioeconômicas e político- administrativas, entre as quais inclui o gerenciamento da própria cidade. São, portanto, pontos fundamentais a serem utilizados na avaliação dos serviços de trânsito em uma cidade. Por isso são apresentados nos Quadros 5, 6, 7, 8, 9 e 10 alguns parâmetros de referência na análise do trânsito num todo. Os itens do Quadro 5 foram parcialmente retirados da tese de doutorado de Nodari (2003), a qual pesquisou diversos trabalhos sobre Auditoria de Segurança Viária, embasada nos padrões e particularidades do tráfego de países desenvolvidos. Administração e Gestão de Trânsito 80 Traçado – rampas compridas ou íngremes; curvas verticais acentuadas x curvas horizontais fechadas; super largura e/ ou superelevação; alinhamento horizontal e vertical. Seção transversal - número e largura de faixas; largura de calçada; presença de canteiro central; tipo e largura do can- teiro central; altura do meio fio. Sinalização - presença das marcas no pavimento; faixas de pedestres; presença de placas; credibilidade das marcas e placas; condições das marcas e placas; iluminação. Pavimento - estado estrutural; resistência a derrapagem; condições de drenagem; vias pavimentadas/metro quadrado; capacidade da via. Interseções - complexidade do desenho; faixas adicionais e canalizações; visibilidade; tipo de controle de tráfego. Dispositivos complementares de segurança - presença de tachões; presença de delimitadores; presença de barreiras longitudinais; presença de guias sonoras. Dispositivos de controle de tráfego – localização e visibilidade do semáforo; ciclo do semáforo; presença e visibilidade do radar; moderadores de tráfego; número de radares; trafficcalming. Estacionamento – estacionamento permitido na via; número de vagas região central; número de vagas bairros; esta- cionamentos particulares; vagas especiais para pessoas portadoras de deficiências; vagas especiais para pessoas idosas; área privativa para carga e descarga de mercadorias. Condições operacionais – velocidade média dos veículos na via; manutenção; extensão total das vias consideradas para pedestres; possibilidade de acesso para transportes coletivos. Uso e ocupação do solo - classificação na hierarquia das vias; facilidade para ciclistas; comprimento total das vias para ciclistas. Órgão gestor de trânsito – quantidade de profissionais / treinamentos / equipamentos utilizados. Corpo de bombeiros – se na cidade possui pessoal qualificado e o número de profissionais, relacionando a importância destes para o atendimento às vitimas no trânsito municipal. Escola pública de trânsito – a existência de escola, a quantidade e a importância para possibilitar mudanças no modo de conduzir reações priorizando a educação, a cortesia e a paz no trânsito. Campanhas educativas permanentes; campanhas educativas nos meios de comunicação – se existem tais campanhas e os impactos destas campanhas para os cidadãos municipais. Padronização de horários para carga e descarga de mercadorias – importante para garantir, principalmente na região central da cidade um tráfego menos intenso de veículos pesados. Pistas exclusivas para ônibus, passe integrado no transporte público – proporciona facilidade no deslocamento para os demais veículos na cidade e a utilização do passe integrado permite facilidades aos usuários do transporte público melhorando assim, a qualidade neste tipo de serviço.Vias férreas que forma barreiras na cidade, número de barreiras – tal verificação é importante, pois estas barreiras podem provocar congestionamentos e a dificuldade de acesso a algumas áreas da cidade. Passarelas para pedestres – garante maior segurança aos transeuntes, uma vez que estes estarão menos expostos a riscos. Fonte: A autora Quadro 5 – Fatores a serem analisados para as vias. Pós-Graduação | Unicesumar 81 8. Entender os usuários e as pessoas também é importante para a gestão de melho- ria no trânsito, visto que o comportamento do homem na sociedade também se reflete de forma importante no trânsito, e este age de diversas formas, podendo por hora ser o condutor do veículo, e por hora ser o pedestre, atuando também como passageiro, operador de trânsito, e com uma série de fatores inter-relaciona- dos com o mesmo. Para tanto, faz-se necessário uma análise detalhada de todos envolvidos, a fim de que estes dados possam ser traduzidos em melhorias opera- cionais para o trânsito municipal. Os atributos apresentados no Quadro 6podem ser considerados: O ser humano – Pois atua como pedestre, motorista, ciclista, motociclista; agente de trânsito. Densidade populacional – Número médio de indivíduos divididos pela área em que ocupam. Faixa etária da população – Percentual populacional dividindo entre crianças, jovens, adultos e idosos. População característica da cidade – número de habitantes; transeuntes mais habitantes da cidade. Número de pessoas portadoras de necessidades especiais – a fim de conduzir planejamentos especiais tanto no trânsito como para as empresas de transportes público. Número habitações/cidade; Número de emprego/cidade - por retratar a movimentação de pessoas e veículos nos dias úteis. Taxa de crescimento da população - variação do número de indivíduos num determinado espaço de tempo, importante analisar, pois essa taxa influência no planejamento de longo prazo de uma cidade. Número de carteiras de motoristas emitidas/ano – avaliar a taxa de crescimento no número de condutores de veículos. PIB per capita – possibilita conhecer a economia local Quadro 6 – Fatores a serem analisados para usuários Fonte: A autora 9. Verificar o contexto Segurança contribui para a observância do envolvimento de ações governamentais e não governamentais na defesa da vida na sociedade e permite avaliar o comprometimento da busca da eficácia de tal princípio. Os prin- cípios citados no Quadro 7 podem ser avaliados: Administração e Gestão de Trânsito 82 Número de acidentes/ano – com vítimas, sem vítimas, com feridos, com mortes – permite avaliar a causas dos acidentes, e ser capaz de implementar medidas preventivas. Número de policiais – o que possibilita avaliar se a cidade possui pessoal capacitado para atender aos anseios da sociedade. Número de multas registradas na cidade – permite ponderar o não cumprimento das leis de trânsito por parte dos condutores. Número de atendimentos a vitimas pelo corpo de bombeiros – auxilia nas estatísticas de acidentes no trânsito. Número de viaturas de monitoramento – contribui na infraestrutura de segurança do município. Quadro 7 – Fatores a serem analisados em Segurança Fonte: A autora 10. Outro fator a ser avaliado nas cidades são os veículos, pois estes contribuem no desenvolvimento da sociedade, provendo capacidade e rapidez da locomoção das pessoas, mas, por outro lado, seu uso acarreta problemas ambientais e sociais gerando inumeráveis transtornos aos envolvidos. Os fatores de possível análise são expostos no Quadro 8. Quantidade de veículos na cidade - permite avaliar a economia local, a previsão de problemas futuros com a taxa de cresci- mento anual, assim como a possibilidade de congestionamentos em pontos específicos da cidade, principalmente em horários de pico. Tipos de veículos – favorecem distinguir a composição do tráfego que circula na cidade possibilitando discriminar o tipo de tráfego. Idade média dos veículos – relacionado ao estado de conservação dos veículos que podem colocar em risco a segurança do condutor. Veículos em circulação – capacita aos gestores do trânsito planejar e estabelecer condições de melhorias e facilidade no fluxo das vias da cidade. Empresas de aluguel de veículos; número de taxis e pontos de taxis; serviços de moto-boy e moto-entrega regulamentados; veículos comunitários, vans; Aumento nas vendas de combustível. Quadro 8 – Fatores a serem analisados para veículos Fonte: A autora Pós-Graduação | Unicesumar 83 11. O meio-ambiente deve ser levado em consideração nas ações gerenciais de um município, e avaliar esta questão favorece na introdução de medidas que venha a reduzir os impactos ambientais, pois a utilização dos veículos se dá neste meio e também pelo mesmo acarretar problemas ambientais. Podem ser avaliados os cri- térios apresentados no Quadro 9. Ruído/ conforto acústico – O ruído oriundo do tráfego de veículos é comprovadamente um dos maiores poluidores ambientais e o que causa maior incômodo à população (Nunes, 1999). Medidas para diminuição de ruído – Importante por melhorar a qualidade de vida da população. Paisagem / Poluição visual – A poluição visual contribui para a redução da segurança viária. Os artigos 81 e 82 da Lei nº 9503/97 estabelecem que nas vias públicas e nos imóveis é proibido colocar luzes, publicidade, inscrições, vegetação e mobi- liário que possam gerar confusão, interferir na visibilidade da sinalização e comprometer a segurança do trânsito, assim como institui a proibição de afixar sobre a sinalização de trânsito e respectivos suportes, ou junto a ambos, qualquer tipo de publici- dade, inscrições, legendas e símbolos que não se relacionem com a mensagem da sinalização (JUSBRASIL, 2010). Qualidade do ar - Fator importante a ser analisado por influenciar na qualidade de vida da população. A Comissão de Trânsito da Associação Nacional de Transporte Público estabelece programas para minimizar os impactos ambientais ocasionados pelos veículos, o qual institui O Plano de Controle de Poluição Veicular em Uso (PCPV), sendo este um instrumento obrigatório a to- dos os estados brasileiros, que visa melhorar a qualidade do ar através do controle de emissões relativas a fontes móveis, como carros, caminhões, ônibus coletivos e motocicletas, veículos que têm apresentado expressivo crescimento nos últimos anos. Congestionamento – importante fator a ser avaliado uma vez que possibilita verificar a capacidade da via, observando se esta apresenta restrições para atender satisfatoriamente à demanda. Condições climáticas – tais condições podem influenciar na maneira como o condutor do veículo age. Avaliação do impacto ambiental – envolve o estudo de todos os fatores relacionados ao meio ambiente que podem afetar a qualidade no trânsito de uma cidade. Quadro 9 – Fatores a serem analisados para Meio- ambiente Fonte: A autora Administração e Gestão de Trânsito 84 12. O último fator a ser destacado aqui, está relacionado ao tráfego municipal, esta análise se faz importante, pois com o crescimento no número de veículos em uma cidade, vários problemas podem acontecer, influenciando na qualidade do trân- sito (Quadro 10). Número de viagens realizadas por modo motorizado; número de viagens realizadas por modo não motorizado - fator impor- tante, uma vez que as pessoas se deslocam diariamente, este indicador possibilita conhecer a divisão modal dos deslocamen- tos do ser humano nas cidades, influenciando no planejamento da infraestrutura em todos os âmbitos. Tempo de deslocamento – tempo médio no deslocamento de um local para outro. Fator importante a ser estudado por verificar as origens e destinos dos usuários, permitindo identificar pontos de ineficácia no transporte público, estrutura viária, e conduzir melhorias pontuais. Densidadede tráfego – número de veículos de transitam em uma via de tráfego durante determinado período de tempo. Congestionamento - importante fator a ser avaliado uma vez que possibilita verificar a capacidade da via, observando se esta apresenta restrições para atender satisfatoriamente à demanda. Transporte público (acesso bairros/número de veículos, número de usuários/mês, dia, ano, número de empresas, numero de funcionários, rotas interbairros; metrô- subterrâneo e de superfície). Pólos geradores de tráfego – locais de grande deslocamento de veículos (shoppings, condomínios, igrejas e clubes). Quadro 10 – Fatores a ser analisado tráfego municipal Fonte: A autora São muitos fatores a serem trabalhados para que a gestão tenha a melhor eficá- cia possível, por isso é que os municípios, de forma geral, necessitam estruturar-se e capacitar-se para planejar e controlar o desenvolvimento dos espaços urbanos. Porém, o que ocorre em muitos órgãos gestores de transito é que por terem tantas informações e tantos problemas, não sabem como gerenciar tudo isso, e é ai que entram os modelos de administração e gestão existentes. Pós-Graduação | Unicesumar 85 modelos de administração e gestão de trânsito antes de citar os modelos de administração e gestão de trânsito cito alguns princípios importantes para a prática gerencial:• O serviço oferecido no sistema de trânsito deve focar o usuário, este não deve ser visto apenas como um consumidor, que compra pela segurança almejada no trânsito, e sim como um cidadão, que tem por direito utilizá-lo em condições seguras, e mantê-lo em condições seguras é dever dos órgãos e entidades componentes do SNT, que devem adotar as medidas cabíveis a assegurar esse direito conforme imputa o CTB em seu primeiro capítulo; • O foco dos projetos e ações desenvolvidos no trânsito municipal deve estar direcionado para os resultados; • Preocupação com a transparência às ações do Estado. • Criar empenhos de participação da sociedade na formulação de novos projetos, bem como no acompanhamento da execução e na avaliação das políticas públicas de trânsito. Diferentes técnicas são utilizadas para a administração e gestão, cabe a quem irá administrar qual delas é a melhor, a seguir serão apresentados os funda- mentos das seguintes: Planejamento e Gestão Estratégica, a Gestão baseada em Processos, a adoção de Programas de Qualidade e o Balanced Scorecard. Administração e Gestão de Trânsito 86 planejamento e gestão estratégica O Planejamento e gestão estratégica é um modelo de planejamento que procura identificar as funções públicas de trânsito le- vando-se em consideração aspectos como a vocação do município, seus pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades, com vistas ao traçado de planos de ações compa- tíveis com as políticas públicas (CNM,2008). É um instrumento que faz ou estimula os ad- ministradores a pensar em termos do que é importante ou relativamente importante para o trânsito municipal, e a se concentra- rem sobre assuntos de maior relevância. Kotler (1975) conceitua o planejamento estratégico como uma metodologia geren- cial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela organização, visando maior grau de integração com o ambiente. Esta direção pode ser norteada pelo âmbito de atuação do gestor municipal, suas macro estratégias, macro objetivos e objetivos funcionais. Segundo Ansoff (1991), o planejamen- to estratégico é um processo analítico, que se preocupa com tomada de decisões estra- tégicas ótimas e se concentra em variáveis empresariais econômicas e tecnológicas. Maximiano (2008) destaca que para efetuar um planejamento de qualidade é importante Pós-Graduação | Unicesumar 87 avaliar diversos componentes, dentre os quais encontra-se: a missão vocação e suas com- petências; o desempenho da organização; os desafios e oportunidades do ambiente; os pontos fortes e fracos dos sistemas inter- nos da organização; e, as competências dos planejadores. Megginson e Mosley, (1986) destaca que o planejamento estratégico oferece vanta- gens competitivas para uma organização, ou seja, fornece subsídios para os admi- nistradores se adaptarem as mudanças do ambiente; auxilia a estabelecer as respon- sabilidades com maior precisão; capacita os administradores a enxergarem as operações com mais clareza; torna os objetivos mais específicos e conhecidos; e, poupa tempo, esforços e recursos. O planejamento estratégico é um tipo de planejamento que passa pela análise de cenários, pela vocação do município, pela missão, pela visão e pelos objetivos estraté- gicos. Estes são fatores fundamentais para que o gestor possa olhar para o futuro de sua cidade sem inseguranças, por isso foi desen- volvida uma metodologia da administração estratégica, a qual abrange um conjunto de 5 etapas, sendo elas: etapa 1: execução de um diagnóstico do ambiente organizacional Esta análise do ambiente se faz importante para identificar os riscos e as oportunida- des presentes e futuras. No entanto, Bigaton (2003) ressalta que no processo de plane- jamento estratégico, é importante levantar também os pontos neutros. Esses pontos são aqueles que não conferem vantagem nem desvantagem para a organização, mas podem vir a apresentar uma deficiência se forem desprezados ou uma má qualidade se forem retrabalhados. Dentro dessa etapa de análise de ambientes, podem ser utilizadas algumas ferramentas para fortalecer a identificação de todos os fatores que influenciam as atividades da empresa. Na caracterização do ambiente, destaca-se a análise SWOT (Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats), traduzin- do significa Forças, Fraquezas, Oportunidades, Ameaças, que objetiva uma reflexão profun- da de todos os gestores no intuito de definir, as vantagens internas da empresa em relação aos seus concorrentes, as desvantagens inter- nas em relação aos concorrentes, os aspectos positivos da empresa que possam conferir vantagem competitiva e os aspectos nega- tivos que tem potencial para comprometer a vantagem competitiva. Como nós tra- tamos de serviço público de transito, não temos concorrentes, contudo devemos visar como estamos perante a gestão no trânsito de outras cidades. Administração e Gestão de Trânsito 88 Efetuada a análise de ambiente, inicia-se a seleção dos fatores críticos de sucessos. Para Thompson e Strickland (2000) esse processo consiste numa compilação de uma lista de fatores em itens verdadeiramente cruciais para o sucesso competitivo em longo prazo. etapa 2: estabelecimento de uma diretriz organizacional A segunda etapa do processo de administra- ção estratégica é o estabelecimento da diretriz organizacional, onde são definidos os obje- tivos e metas que o órgão gestor pretende atingir na utilização da estratégia adotada para, posteriormente, ser elaborado um plano de ações divulgando o que necessita ser feito para realizar o planejado. A primeira ativida- de é a definição dos objetivos. De acordo com Maximiano (2008) os objetivos são alvos ou intenções que a organização pretende alcan- çar em torno dos clientes/usuários/cidadãos, mercado, produtos, vantagens competitivas, participação no mercado ou qualquer outro indicador de desempenho. São definidos de acordo com a dinâmica do setor de atuação da empresa, missão e análise ambiental. A próxima atividade é a definição de metas, que trata de definir os períodos de tempo para se atingir as metas e os procedimentos de monitoramento. etapa 4: implementação da estratégia organizacionalConsiste na apresentação do plano elaborado para toda a equipe comunicando a estratégia e a importância do envolvimento de todos para o sucesso da empresa. etapa 5: controle estratégico Sem a prática do controle é impossível verificar a eficácia da estratégia, por isso é fundamental se concentrar na monitoração e avaliação do processo de administra- ção estratégica no sentido de melhorá-lo e assegurar um funcionamento adequado (Alday, 2000). Pós-Graduação | Unicesumar 89 Vencida estas cinco etapas, e registra- das todas as ações realizadas, o gestor deve defi nir um cronograma que vise a revisão das estratégias, para que o foco na melhoria seja constante dentro da instituição, favorecendo também numa cultura de desenvolvimento entre os funcionários. Como podemos perceber, o planeja- mento estratégico é utilizado com uma ferramenta que auxilia no processo de gestão, fornecendo um aperfeiçoamento de produtos e serviços de acordo com as necessidades dos usuários. Esta ferramen- ta possibilita realizar uma análise de como esta o trânsito de sua cidade com relação ao de outras, apresentando os pontos fortes e fracos e favorecendo em projetos que venham ao alcance das necessidades da população. Uma vantagem deste método é o baixo custo de elaboração e implementação, e como sem planejamento não acontece o crescimento, este deve ser visto como uma ferramenta que propicia um conjunto de refl exões e análises sobre o futuro, também proporciona um maior conhecimento da realidade local de atuação e as possíveis mudanças que este setor possa es- tabelecer, e dessa maneira se preparar para tal. E análise SWOT fornece uma abordagem ampla que consegue reunir os fatores indispensáveis para garantir maior satisfação tanto para os fun- cionários como para toda sociedade. gestão baseada por processos o controle de processos é muito importante na gestão das organizações pelo fato de empregar de forma mais efi ciente os recursos disponíveis na mesma. Se um processo complexo e de alta velocidade perde a condição de estar sobre controle, grandes perdas podem estar inerentes ao processo e em consequência no serviço desenvolvido, pois este sem valor traz gastos desnecessá- rios tanto de tempo como de recursos fi nanceiros e atravancando outros processos. Por isso, para produzir um bem ou serviço necessitamos construir um processo, e para construí-lo devemos entender o que é um processo, que é um conjunto de três ações, ou seja, entradas, processamento e saídas. O esquema apresentado na Figura 3 exemplifi ca um processo. Fornecedores, Informações, Problemas, Materiais e Serviços ENTRADAS Tarefas que agregam valor PROCESSAMENTO SAÍDAS Cliente/Usuário/Cidadão, Materiais, Serviços e Informações Figura 3: exemplo de processo Fonte: Adaptado da Autora Administração e Gestão de Trânsito 90 Podemos definir o processo como a transformação de um conjunto de en-tradas (inputs) em saídas adequadas (outputs), ou uma sequência coordenada de atividades, com o objetivo de produzir um dado resultado. Estas saídas podem ser de dois tipos: de performance e concomitan- tes. Segundo Mello (1975) as de performance são saídas que resultam dos objetivos ligados diretamente ao processo. Por exemplo, no sistema viário, os ônibus devem oferecer a performance de bem servir às populações por meio de deslocamentos rápidos e seguros. E as saídas concomitantes são aquelas que não atenderam aos objetivos do sistema, por exemplo, no caso do transporte de ônibus, o ruído e a fumaça são resultados concomitan- tes e indesejáveis ao funcionamento deste meio de transporte (MELLO, 1975). E, para que esse processo possa ser bem executado, tem-se vários envolvidos, e em uma organi- zação hora uma atividade é o cliente e hora é o fornecedor, por isso o processo deve ser deve ser mapeado, de forma a conduzir um melhor ponto de vista gerencial, bem como determinar padrões para tais atividades, per- cebendo se os recursos humanos e materiais estão trabalhando de acordo com a obser- vância das leis e identificando os pontos críticos, ou gargalos deste processo. Pós-Graduação | Unicesumar 91 Os fornecedores são aqueles que for- necem bens ou serviços, os clientes são aqueles consumem bens ou serviços. O conceito de cadeia cliente-fornecedor deriva da mecânica sistêmica e caracteriza o fluxo de trabalho como direcionamento de entradas, processamentos e saídas. A agregação de valor consiste em uma série de atividades relacionadas e desenvolvidas pela organização a fim de satisfazer as ne- cessidades dos usuários, desde as relações com os fornecedores e ciclos de produção até a fase da distribuição para o consumidor final, neste sentido o conceito de cadeia de valor é especialmente ajustado para expli- citar a integração da logística na estratégia empresarial. Cada elo dessa cadeia de ati- vidades está interligado. Para melhor definir um processo, podem ser trabalhadas com várias ferramentas, possi- bilitando enxergar todos os componentes de um processo. Algumas das ferramentas são: SIPOC ( Suppliers, Input, Process, Output, Customers): ou FEPSC (fornecedor, entra- da, processo, saída, cliente), sendo cabível a qualquer tipo de trabalho; Fluxograma; BPMN (Business Process Modeling Notation), ou Diagrama de Processo de Negócio, que se compõe por um conjunto de elementos gráficos que permite a elaboração simples e rápida do diagrama, os elementos são es- colhidos de maneira que se distinguem dos outros modeladores; UML (Unified Modeling Language), que ajuda na vizualização, espe- cificação, construção e documentação de ar- tefatos de um software em desenvolvimento e O IDEF0 (Integration for Function Modeling 0) possui a vantagem de ser totalmente grá- fico, ajudando na leitura dos processos. Fonte: a autora Como vantagem do gerenciamento por pro- cessos tem-se: o melhor entendimento de como o processo deve ser realizado, com isso o servidor tem maior segurança ao desenvol- ver suas atividades, fica motivado, e como conseqüência reduz-se os retrabalhos, o tempo de execução da atividade e os custos, e impactando diretamente no aumento da satisfação dos cidadãos, agregando assim maior valor ao serviço, ou seja, resultando di- retamente na qualidade e dando base para o gerenciamento da qualidade e abrindo a visão, pensando globalmente e agindo localmente. a gestão da qualidade Administração e Gestão de Trânsito 92 A Gestão da Qualidade é uma forma de ação administrativa que considera a gestão de gerenciar os recursos em busca da qua- lidade do serviço, sendo este o foco para qualquer atividade da empresa. A Gestão da Qualidade busca um gerenciamento dos recursos organizacionais tanto físico como humanos. Por isso, o funcionário/servidor é um importante instrumento, sobretudo no uso de sua a capacidade de resolver pro- blemas imediatos e inesperados, além da busca permanentemente pela perfeição. A Gestão da Qualidade precisa ser assimi- lada e praticada como uma nova forma e conceito de pensar, antes de agir e produ- zir. Seu uso eficaz e eficiente implica em uma mudança de postura gerencial e uma maneira diferenciada de entender e buscar o sucesso de uma organização. É uma nova filosofia gerencial que necessita de mu- danças de atitudes e de comportamento (LONGO, 1996). Pós-Graduação | Unicesumar 93 Pode-se afirmar que a Gestão da Qualidade é um “sistema eficiente para integra-ção do desenvolvimento da qualidade, da manutenção da qualidade dos diversos grupos de uma organização para permitirprodução e serviços aos níveis mais econômicos, que levem em conta a satisfação do cliente” (MIGUEL, 2001). Por isso, a apli- cação deste modelo na gestão de trânsito municipal proporcionará resultados eficazes pelo fato de visar às necessidades dos usuários deste sistema, ou seja, o bem-estar da população de forma geral. No ano de 1990, lançou no Brasil o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtivida- de (PBQP). Este programa objetiva aumentar a compe- titividade dos bens e serviços produzidos no país, sendo composto por outros cinco subprogramas, sendo eles: 1. Conscientização e motiva- ção para a Qualidade e Pro- dutividade; 2. Desenvolvimento e difu- são de métodos de gestão; 3. Capacitação de Recursos Humanos; 4. Adequação de serviços tecnológicos; e 5. Articulação institucional. O PBQP difundiu o conceito de qualidade como estraté- gia empresarial e gerencial, promoveu a criação do Prê- mio Nacional da Qualidade (PNQ), o que permitiu ou- tros diversos prêmios, entre eles se destaca o prêmio de qualidade da Associação Nacional de Transportes Públicos – ANTP. O prêmio é um programa de Incenti- vo, Treinamento e Educação para Melhoria da Eficiência da Gestão do Transporte e Trânsito Urbanos. Fonte: Adaptado de: <http:// www.premioantpdequalidade. org/>. Acesso em: 13 de ago. De 2014. Uma ferramenta bastante utilizada para o controle e a melhoria dos processos é o ciclo PDCA, que consiste em um método gerencial de tomada de decisões que visa garantir o funcionamento dos processos (WERKEMA, 1995). O PDCA é composto por quatro etapas, estas apresentadas no Quadro 11. Figura 4: ciclo PDca Fonte: SEBRAE (2005) P – PLAN – PLANEJAR Este processo é onde os gestores devem despender o maior tempo, pois ótimos planejamentos resultam em ótimos resultados. Nesta etapa se estabelece as diretrizes, que são as metas a serem alcançadas e os caminhos que deverão ser seguidos para o alcance das mesmas. D – DO – FAZER Nesta etapa ocorre o treinamento das pessoas e a execução das atividades que foram planeja- das na etapa anterior. Também são coletados dados que serão de extrema importância para as etapas seguintes. C – CHECK – CHECAR Aqui são examinados os efeitos do trabalho executado A – ACTION- AÇÃO Agir de acordo com a análise dos dados da etapa “C”, caso o planejamento tenha sido alcançado com sucesso, este será padronizado, caso contrário, volta-se à fase de planejamento e busca-se um novo método para a solução do problema e então o ciclo é rodado novamente até que a solução seja encontrada e o processo padronizado. Quadro 11 – etapas do ciclo PDca Fonte: A autora Administração e Gestão de Trânsito 94 Um exemplo de gestão por avaliação de desempenho é o conhecido o Balanced Scorecard (BSC). A Figura 4 apresenta o ciclo PDCA e as principais atividades de cada etapa. Pós-Graduação | Unicesumar 95 balanced scorecard Balanced Scorecard (BSC) é atualmente uma das metodologias mais bem aceitas nas organizações privadas e públicas. Esta metodologia foi desenvolvida no ano de 1992 por Robert Kaplan e David Norton. O termo pode ser traduzido como Indicadores Balanceados de Desempenho, que se dá ao fato da escolha de quais indicadores a or- ganização vai adotar, e não se restringindo somente no foco econômico-fi nanceiro. Nos dias de hoje, não é sufi ciente apenas mensu- rar os lucros fi nanceiros de uma organização, é necessário muito mais que isso, pois se uma organização é gerida somente se baseando em seus recursos fi nanceiros poderá perder o foco nos usuários, na sociedade, no pro- cesso e em todos os fatores essenciais para um bom andamento de qualquer entidade, o que não garantirá perspectivas de futuro. Com isso, surge o BSC, para medir a saúde es- tratégica das organizações em longo prazo. Olve (2001) defende que o Balanced Scorecard (BSC) pode ser defi nido como um conceito e um método que tem a função de ajudar em nossas discussões a respeito de para onde os interesses devem seguir. A idéia de ver um negócio em termos de um “scorecard” causou um impacto considerável desde 1992, quando foi apresentado. Este impulso dos “scorecard” é devido ao fato de cada vez mais os gerentes percebem que eles precisam de alguma coisa a mais do que os relatórios de curto prazo tão predominan- tes até hoje. Para Herrero (2005 p.26) o BSC pode ser defi nido como “uma ferramenta gerencial que permite capturar, descrever e transformar em objetivos, medidas, metas e iniciativas de fácil entendimento pelos participantes da or- ganização”. O BSC tem por objetivos, verifi car qual é a estratégia competitiva da empresa a partir da sua missão e valor. A partir disso, verifi car quais indicadores de desempenho são considerados importantes para um futuro acompanhamento. Verifi car a ligação entre esses indicadores, se possuírem, e verifi car quais desses indicadores realmente expres- sam a chance de sucesso em longo prazo (HERRERO 2005). Segundo Kaplan e Norton (1997) “Os ob- jetivos e medidas do scorecard derivam da visão e estratégia da empresa. Os objetivos e medidas focalizam o desempenho organiza- cional sob quatro perspectivas: fi nanceira, do cliente, dos processos internos e de apren- dizado e crescimento”. Administração e Gestão de Trânsito 96 os objetivos e medidas que tem como foco o desempenho organi-zacional, contribuem para que as empresas monitorem, e ao mesmo tempo, avancem na construção de capacidades e na aquisição dos ativos intangíveis necessários para o crescimento futuro da organização. É um projeto lógico onde o administrador ou gestor deve definir e implementar va- riáveis de controle, metas e interpretações para poder mensurar o desempenho po- sitivo e o crescimento ao longo do tempo (DAYCHOUM, 2007). Herrero (2005 p.39) afirma que os indica- dores de desempenho permitem avaliar até que ponto as atividades e ações que deveriam estar ser desenvolvidas na organização estão sendo completadas, ou merecendo o foco e a atenção dos colaboradores da organiza- ção. As medidas de desempenho, que levam em consideração o ambiente dos negócios, devem partir da estratégia de negócios e estarem ligadas entre si, para só assim, atin- girem o nível de eficiência esperada. A busca pela maximização dos resul- tados e processos dentro da organização deve ser o foco principal para o modelo de administração e serviços, que é o requisito principal para definição de quais indicadores serão abordados. Esses indicadores devem se basear em quatro perspectivas que refletem a visão e estratégia empresarial, que segundo Daychoum (2007), são: Financeira – Demonstra se todo o esforço para implementação da estratégia está refle- tindo em uma maior margem de lucro para a organização; Clientes – Analisa se a estratégia da or- ganização está alinhada com os interesses da empresa, ou seja, verifica a satisfação e fi- delização de clientes, além da conquista de novos clientes e um aumento na participa- ção do mercado. Aprendizado e Crescimento – Determina as tecnologias que podem ser implementa- das e o sistema organizacional necessário para o sucesso e desenvolvimento dos mais diversos setores dentro da organização. Processos internos – Analisa os principais processos da organização para verificar quais deles estão contribuindo para geração de valor percebido pelo cliente, refletindo assim no alcance das metas financeiras (aumen- tando a margem de lucro) da organização. Pós-Graduação | Unicesumar 97 Você saberia destacar quais são as métricas de sucesso para a gestão de trânsito?Pense nisso e perceba que se trata de uma infor- mação de extrema importância no processo de tomada de decisão. Fonte: A autora. As metas desses indicadores são traça- das, seguindo os conceitos de estratégia competitiva do BSC. Na administração de trânsito, essa ferramenta pode ser ajustada, tendo por objetivo a busca do equilíbrio das funções do trânsito do município conside- rando o serviço oferecido aos usuários, os tipos de transporte público, os polos gerado- res de tráfego, as JARIs, entre outros fatores, pois, muitos elementos no sistema de trans- porte não podem ser medidos em termos financeiros, entre eles destacamos: a modi- ficação dos hábitos da população, prejuízos à paisagem e meio ambiente. Entretanto, se o gestor tomar uma decisão errada ao im- plementar melhorias no sistema de trânsito, poderá adotar soluções que não atendam efetivamente a população. Administração e Gestão de Trânsito 98 Esta unidade foi de grande importância para você, pois pode lhe apresentar o quanto é importante a administração e gestão de trânsito para uma cidade, e que esta administração deve ser gerida com muito cuidado e principalmente com muito amor, pois com o gerenciando de maneira eficaz, eficiente e efetiva conseguiremos ter maior controle sobre o que está ocorrendo no trânsito, pla- nejando melhorias que impactam em uma nova realidade da cidade, de forma a garantir melhores condições a nossos irmãos brasileiros. Para atingir estes resultados são vários os modelos pelos quais podemos nos basear, no entanto, cabe ao órgão gestor de trânsito a capacidade de traduzir as necessidades da população em prioridades projetadas para uma melhor efe- tividade das ações, com isso a missão, visão, valores, objetivos, procedimentos e processos devem ser desenhados para que todos os envolvidos compreendam e tomem atitudes concretas na busca destes resultados. considerações finais 1. Visto que o trânsito em condições seguras é um direito de todos e é dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito parametrizar estas qualidades, como você enxerga que estes órgãos podem conduzir ações para proporcionar tais condições a toda sociedade? Neste contexto, por que é importante administrar e gerenciar o trânsito? 2. Peter Drucker (1975) enfatizou que a missão declara a razão da existência da organização. Para alcançar esta missão, quais são os fatores necessários para um bom gerenciamento? 3. Diferentes técnicas são utilizadas para a administração e gestão, cabe a quem irá administrar escolher qual delas é a melhor. Que tipos de metodologias gerenciais podem ser aplicados nas ações gerenciais? Qual das metodologias você acha mais fácil de ser implementada? Por quê? atividades de auto estudo Pós-Graduação | Unicesumar 99 Livro Livro: TQC – Controle da Qualidade Total: no estilo japonês. Autor: Vicente Falconi Campos. Editora EDG, 2004. O livro aborda questões de implantação da qualidade, apresentando conceitos fundamentais para que os gestores possam compreender o verdadeiro significado da prática da qualidade. Apresenta a importân- cia de conhecer o processo para melhorar a produtividade, bem como práticas necessárias para a qualidade ser vista por todos os stakeholders. Gestão de Negócios 100 RELATÓRIO DE GESTÃO DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO - EXERCÍCIO DE 2010 O presente Relatório de Gestão objetiva apresentar informações e esclarecimentos acerca dos atos de gestão desempenhados pelos administradores dos bens e recursos da Unidade intitulada Departamento Nacional de Trânsito-DENATRAN, à qual está agre- gado o Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito-FUNSET, cuja execução se deu por meio do Programa 0660 - SEGURANÇA E EDUCAÇÃO DE TRÂNSITO: Direito e Responsabilidade de Todos. O Relatório divide-se em duas partes distintas: 1) Conteúdo geral abrangendo todos os procedimentos relacionados ao planejamento das ações, execução orçamentária e financeira, força de trabalho que operacionaliza as atividades e projetos da Unidade (incluindo servidores ativos, inativos e pensionistas, estagiários, terceirizados e custos associados à manutenção dos recursos humanos), informações quanto à adoção de critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, materiais de tecnologia da informação, comentários acerca da gestão do patri- mônio imobiliário de responsabilidade da Unidade, parcerias realizadas, recomendações e determinações atendidas, dentre outras informações pertinentes; 2) Declaração do contador e informações contábeis refletindo a situação orçamentária, financeira e patrimonial da Unidade. Por meio dessas informações, poderá ser percebido o grande esforço gerencial do DENATRAN para, em meio a restrições legais, orçamentárias e financeiras, apresentar um desempenho global de 66,4% de execução do total de seu orçamento. Nos termos do artigo 19 do Código de Trânsito Brasileiro-CTB e fundamentado na legislação orça- mentária e financeira vigente, o DENATRAN executou as diversas ações relacionadas à educação, capacitação, engenharia, fiscalização, segurança, dentre outras, ouvindo e agregando sugestões de diversas entidades representativas dos mais amplos setores da sociedade. Tudo isso resultou em instrumentos e condições para que as pessoas possam circular nas vias de tráfego com segurança, conforto e harmonia, com vistas a redução de acidentes nas vias, poupando preciosas vidas. Com relação à execução orçamentária da Unidade Gestora (UG) 200012 – Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN é importante esclarecer que a referida UG não possui dotação orçamentária, sendo apenas uma UG arrecadadora de receitas próprias e dos 5% do DPVAT. Dessa forma, toda execução de despesas da UG DENATRAN é feita por meio da UG 200320 – FUNSET, cuja unidade orçamentária é 56901 – Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito – FUNSET. Pós-Graduação | Unicesumar 101 Objetivos e metas institucionais e/ou programáticos 2.1. Responsabilidades institucionais da Unidade a) Competências Vinculado à Secretaria Executiva do Ministério das Cidades, o Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN é o órgão máximo executivo da política de trânsito na esfera Federal, portanto, responsável pelo cumprimento das atribuições determinadas pela Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro-CTB), cujas competências estão definidas no artigo 19. Objetivos Estratégicos O DENATRAN atua no desenvolvimento de programas, projetos, atividades e sistemas de âmbito nacional voltados para a educação e segurança no trânsito, além de apoiar órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito no desempenho de suas atribui- ções, dentre as quais está a de gerenciar e executar o Programa governamental nº 0660, intitulado SEGURANÇA E EDUCAÇÃO DE TRÂNSITO: Direito e Responsabilidade de Todos, cujas ações administrativas encontram-se devidamente registradas no Sis- tema de Informações Gerenciais e de Planejamento– SIGPLAN e serão demonstradas adiante. O Programa acima mencionado tem como objetivo “reduzir a mortalidade, a gravidade e o número de acidentes de trânsito no país” e tem como público-alvo (beneficiários) a sociedade em geral, visto que o Sistema Nacional de Trânsito ocupa um papel de destaque sob o aspecto social e econômico, na medida em que envolve, no dia a dia, praticamente todos os cidadãos brasileiros no exercício pleno do seu direito de ir e vir, de locomover-se livremente em busca de suas necessidades, de seu bem-estar e da comunidade em que vivem. Das atribuições do DENATRAN decorre vasto conjunto de atividades direcionadas a toda a população brasileira, atingindo diretamente um universo de 54,7 milhões de condutores habilitados, 66,7milhões de veículos cadastrados, 1.047 órgãos executi- vos municipais, 27 órgãos executivos estaduais, 27 órgãos rodoviários estaduais, 27 Unidades da Polícia Militar de Trânsito, 10.900 mil centros de formação de condutores, 1.156 juntas administrativas de recursos, 27 órgãos normativos de trânsito estaduais, ciclistas, pedestres e os órgãos da União a saber: do Ministério dos Transportes, a Agência Nacional de Transportes Terrestres-ANTT e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes-DNIT e do Ministério da Justiça, o Departamento de Polícia Rodoviária Federal-DPRF. 2.2. Estratégia de atuação frente às responsabilidades institucionais Gestão de Negócios 102 O DENATRAN, por meio de seu Programa intitulado Segurança e Educação de Trânsito: Direito e Responsabilidade de Todos, desenvolveu ações diversas em cumprimento às competências que lhe foram delegadas no art. 19 da Lei nº 9.503/97, em observância à Lei de Diretrizes Orçamentárias-LDO n.º 12.017, de 12/08/2009, que estabeleceu as diretrizes para elaboração e execução da Lei Orçamentária Anual de 2010, a Lei Orçamentária Anual-LOA nº 12.214, de 26/01/2010, que estimou a receita e fixou a despesa da União para o exercício financeiro de 2010, a programação orçamentá- ria e financeira definida no Decreto 7.094, de 03/02/2010 e a Portaria MF nº 48, de 09/02/2010 e posteriores que definiram os limites para movimentação e empenho. Considerando os objetivos, metas e prioridades definidas para o exercício de 2010, apresentamos a seguir o Plano de Ação elaborado para ser executado no exercício de 2010: i) capacitar 5.000 profissionais de órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito; ii) realizar o Exame Nacional de Instrutores de Trânsito – ENIT e o Exame Nacional de Examinadores de Trânsito – ENET; iii) implementar o Projeto de Ensino a Distância (EAD); iv) implantar uma rede nacional de controle das características dos veículos automo- tores e dos atos de registro, até dezembro de 2010, visando fiscalizar a frota do país quanto às condições físicas e documentais do veículo em circulação, bem como as condições de habilitação dos respectivos condutores; v) disciplinar a circulação de bicicletas em todas as vias públicas do país até dezembro de 2010 divulgando o Manual de Ciclovia; vi) promover o III Seminário Denatran de Educação e Segurança no Trânsito; vii) realizar o X Prêmio Denatran de Educação para o Trânsito; viii) realizar programas educativos permanentes de âmbito nacional, com campanhas de utilidade pública; ix) promover a edição de publicações diversas tais como: Código de Trânsito Brasileiro e Legislação Complementar em vigor, Manuais Brasileiros de Sinalização de Trânsito e Manuais Técnicos de Engenharia de Tráfego; x) concluir a implantação do Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (SINIAV) e Sistema Integrado de Monitoramento e Registro Automático de Veículos (SIMRAV). Todavia, o conjunto de ações acima planejadas para o exercício de 2010 sofreu al- gumas modificações, como poderá ser notado ao longo do Relatório nas demons- trações da gestão das ações e resultados esperados. As alterações foram necessárias para adequação das prioridades, com vistas à plena execução das ações ajustadas aos valores autorizados na LOA e aos respectivos limites orçamentários e financeiros, atribuídos à Unidade. Para continuar a leitura sobre o plano de desenvolvimento, acesse o material disponível em: <http://www.denatran.gov.br/download/tomada_contas/2010/Relat%- C3%B3rio%20de%20Gest%C3%A3o%20do%20Exerc%C3%ADcio%20de%20 2010.pdf>. Acesso: 15 set. 2014 Pós-Graduação | Unicesumar 103 relato de caso Na cidade de Estherlandia (fictícia) foi inserida a municipalização do trânsito, de modo a iniciarem as melhorias, a equipe de gestores fizeram um estudo para saber o que considerar neste processo. O primeiro fator que eles enxergaram foi que para a etapa do planejamento é necessário levar em consideração os objetivos a serem atingidos, bem como refletir sobre os proble- mas que venham a ocorrer na implantação de um projeto. Com isso a equipe traçou que o objetivo era desviar a malha ferroviária que atravessa parte da área urbana de Estherlandia para área periférica, objetivando a eliminação dos conflitos existentes nas passagens de nível da Zona Sul, como acidentes, congestionamentos e ruídos, e o aproveitamento da faixa remanescente da ferrovia para fins de lazer e outros modais de transporte. Assim, começaram a estudar a viabilidade do projeto, observando os benefícios e os impactos e riscos que este projeto poderia trazer. A definição de problemas é parte essencial deste método, pois desacertos nesta etapa anularão irreversivelmente todo o restante do processo. Esquematizar matematicamente, fisicamente e conceitualmente o planejamento também se faz necessário, pois descreverá as relações entre todos os envolvidos no processo. Dessa forma, os gestores começaram a questionar como que eles iriam descrever o pla- nejamento. Por meio dos estudos do material de Administração e Gestão de trânsito, eles observaram que era importante que no planejamento estivesse bem claro: o quê, por que e onde tais atividades deveriam ser realizadas, quem irá fazer, quando será necessário executar e como executar. No planejamento inicial descreveram a localização do município e onde seria a implantação do contorno, foi necessário verificar se existiria o atravessamento de outros municípios. A implantação do Contorno Ferroviário de Estherlandia cumpre o objetivo de remover, da área central da sede do município, densamente urbanizada. A implantação do contorno, além de atender as aspirações da população de seu entorno, que se livra do desconforto e dos riscos inerentes à circulação de composições ferroviárias em zonas de alta densidade demográfica, irá de encontro aos interesses dos administradores municipais, dos usuários do sistema viário urbano e suburbano, dos operadores do sistema de transporte urbano, suburbano e intermunicipal e dos usuários e concessionários do transporte ferroviário. Dentre os benefícios gerados pela remoção da via férrea, merecem destaque: - a eliminação do desconforto provocado pelo ruído, vibrações de alta frequência e emis- sões de gases particulados consequentes do tráfego de trens; - a eliminação dos riscos de acidentes e interrupções/congestionamentos pela supressão de numerosas passagens de nível; - integração à comunidade de parcela da atual faixa de domínio da ferrovia, permitindo à administração municipal dar-lhe destino voltado para a melhoria da qualidade de vida da população; - localização estratégica de pátio de cruzamento e carga que, sem interferir com o cotidia- no da cidade, permitirá uma melhor integração ferrovia x rodovia e, consequentemente, pela otimização do custo de transporte, se traduzirá em incremento da competitividade industrial de Estherlandia; - redução do valor do frete ferroviário devido à diminuição do percurso em cerca de 7 km, bem como pela eliminação dos conflitos com o tecido urbano, resultando em circulação sem restrições Gestão de Negócios 104 relato de caso A partir dos benefícios advindos do projeto, foi necessário analisar o sistema viário da cidade bem como em relação à operação ferroviária, Assim, avaliou-se também as condicionantes regionais, que possibilitou mostrar que a ci- dade esta localizada em um polo industrial bem como em um eixo de grande circulação de mercadorias. Na sequência, serão abordadas as condicionantes básicas definidoras da solução dos pro- blemas inerentes à elaboração do Projeto Executivo de Engenharia do Contorno Ferroviário de Estherlandia como, também, uma síntese das soluções recomendadas. Condicionantes Básicas: Características técnicas e operacionais; b) Posicionamento e ex- tensão; c) Interferências com o sistema rodoviário;Com a analise destas condicionantes foi possível traças algumas recomendações: avaliar no anteprojeto o Traçado e Geometria de modo a obedecer as condicionantes pré-estabelecidas obter uma solução balanceada; especificidades em relação a extensão, perfil, terraplanagem, drenagem; Obras- de-arte especiais; Interferências com sistema viário; Obras complementares e superestrutura da via permanente; Acessos ao canteiro de obras e acampamentos Para bem ressaltar a importância da alteração do traçado foi importante avaliar as condi- cionantes do trecho de implantação da ferrovia, e por fim traçado um plano de ação para conseguir conduzir um bom planejamento do projeto. No plano de ação ficou claro o cronograma a ser seguido para atender aos objetivos, além disso, os gestores sugeriram que para que o projeto fosse adequado fazia-se necessário que algumas técnicas que favorecem uma boa gestão da qualidade fossem utilizadas, destacando as seguintes: - Gerenciamento pelas Diretrizes. - Gerenciamento da Rotina do trabalho do dia-a-dia. - Programa de Melhoria Contínua. - Programas Kaizen. - Programa Cinco Sensos (5’Ss). - Shake-down (sacudir para derrubar). - Brainstorming (tempestade de ideias). - Folha de Verificação. - Diagrama de Causa e Efeito. - Diagrama de Pareto. - Ferramentas gerencias da qualidade, entre outros. Para a prática destas metodologias de gestão é fundamental o treinamento dos funcionários, e também é fundamental sempre lembrar o que Deming (1990) enfatiza: “Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, não há sucesso no que não se gerencia”. Para exercer seu papel de forma eficiente um ges- tor precisa saber o que fazer, saber se está fazendo o que deve ser feito, saber se está sendo bem feito, e ainda é preciso provar que é bem realizado, e para tal a única possibilidade é ter métricas de referência, ou seja, é avaliar periodicamente o seu processo para comparar com as métricas, ou também conhecidas como indicadores, que favorecem evidenciar como está o desempenho de seu processo, e que fornecem informações essenciais para o processo de tomada de decisão. Fonte: Caso fictício, elaborado pela autora. Pós-Graduação | Unicesumar 105 Quem nunca ouviu o seguinte questionamento: Quem veio primeiro: o ovo ou a galinha? Parece sarcasmo de minha parte utilizar tal termo, porém este me faz questionar quem veio primeiro: a cidade ou o trânsito? Pois bem, um depende do outro, uma aglomeração de pessoas transforma o ambiente e neste há a ne- cessidade de locomoção. O trânsito faz parte deste meio, por isso, os caminhos são decisivos para determinar a importância e influência de uma cidade em uma região, como citou Borsagli (2010), a manutenção de uma cidade ou região, em parte sempre foi devida aos caminhos que a ela levam. Entender os elementos que transformaram estes caminhos, que são muitos, é fundamental, pois ao compreendê-los, enxergamos a forma de crescimento de cada região, sendo possível balizar a necessidade do planejamento das mesmas de forma a oferecer qualidade de vida aos seus habitantes. Para planejar, o que é preciso? Basta apenas a boa vontade de algumas pessoas para tal? Quantas pessoas são necessárias para este planejamento? Em que estas pessoas poderão se basear para ter um norte a seguir? Para a cidade se plane- jar é preciso que esteja fundamentada no governo federal, que rege leis para as necessidades de toda a nação. Estas leis demoraram a serem desenvolvidas, mas no ano de 1988 foi estabelecida a Constituição da República Federativa do Brasil visando instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvi- mento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida. Esta constituição trabalhou em prol da integração dos recursos existentes em cada elo da rede de cidades do país, levando a formação de um estatuto que consolida um melhor embasamento aos gestores compreendendo as responsabilidades em âmbito federal, regional e local. Este estatuto foi nomeado Estatuto das Cidades e funciona como elemento-chave para política urbana local, visando realizar o sonho de todo o povo brasileiro na busca de uma sociedade justa e igualitária. conclusão Administração e Gestão de Trânsito 106 Nesta busca, os gestores devem entender o estatuto das cidades e visar com certeza na melhoria da qualidade de vida e isto refletirá diretamente na melhoria do trânsito nas mesmas, porém não basta apenas compreende-los e não atuar eficazmente para o alcance destes resultados. A seção XII do Estatuto das Cidades se refere ao Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). Este estudo ajuda na gestão ambiental urbana, promovendo uma melhor gestão do trânsito e do sossego público, que são os fatores que causam mais impacto na qualidade de vida. O estatuto das cidades também diz que os representantes do poder público local devem fornecer transporte público de qualidade e que locais (espaços urbanos) que provoquem um aumento no fluxo de trânsito devem passar por uma avaliação do poder público para que o trânsito no local seja otimizado. Nesta atuação, mesmo que o estatuto das cidades obrigue a apenas uma parcela destas ao desenvolvimento do plano diretor, os gestores devem buscar a elaboração deste plano, pois é somente por meio dele que se é possível utilizar as regras do estatuto das cidades e possibilitar que as nossas cidades sejam pla- nejadas para o futuro baseadas em dados e fatos para decidir como melhorar as condições de vida de todos os cidadãos. Embora nem todas as cidades possuam a obrigatoriedade de ter o plano diretor elas possuem a obrigatoriedade de serem municipalizadas e com estrutu- ra para desenvolver atividades de engenharia de tráfego, fiscalização de trânsito, educação de trânsito e controle e análise de estatística, ou seja, realizar a gestão do trânsito no município em sua totalidade. Os munícipes devem participar da melhoria da qualidade do trânsito a partir do momento que exigem mais segu- rança, uma melhora da sinalização de trânsito e um aumento da mesma, caso seja necessário. Isso faz com que o órgão de trânsito evolua, de forma a implantar leis e sinalizações mais eficientes. Por todas essas razões expostas, municipalizar o trânsito não se tornou uma opção e sim, uma obrigação e para isso cabe aos que trabalham neste órgão o entendimento das atribuições delegadas a ele. Pós-Graduação | Unicesumar 107 Verificamos que sem ir a campo, sem coletar dados é quase que impossível se planejar com foco na melhoria, por isso a coleta de dados deve ser calcada em objetivos e ações. Também é importante ressaltar que o campo de atuação é complexo, mas, ao mesmo tempo, capaz de ser minerado e lapidado. Por isso, a gestão pode ser realizada, e é apenas compreendendo a realidade local que é possível conduzir tal gestão. Mas como? Você ainda está se questionando? O como se resume em planeja- mento, nunca se esqueça de planejar, pois é por meio dele que qualquer modelo de gestão acontece, seja gestão estratégica, seja gestão por processos, seja gestão por qualidade, seja gestão por desempenho. Eu posso gerenciar utilizando vários métodos, basta tentar integrá-los e entendê-los. Como eu já citei, muitas cidades brasileiras já iniciaram a busca por melhores formas de gerenciamento, e isso se deu graças à municipalização, porém em número muito maior são as cidades que ainda estão engatinhando quando o assunto é gerencial. Consequentemente, o Administrador e o Gestor de Trânsito deve focar nas ne-cessidades locais estabelecer as melhores diretrizes, estas centradas nos cidadãos, que desejam a confiabilidade do sistema de trânsito, e também a todos os envol- vidos com a prática administrativa, pois é fundamental a preparação dos mesmos e a integração entre eles, o que certamente resultará na otimização dos recursos. Administração e Gestão de Trânsito 108 Quem nunca ouviu o seguinte questionamento: Quem veio primeiro: o ovo ou a galinha? Parece sarcasmo de minha parte utilizar tal termo, porém este me faz questionar quem veio primeiro: a cidade ou o trânsito? Pois bem, um depende do outro, uma aglomeração de pessoas transforma o ambiente e neste há a ne- cessidade de locomoção. O trânsito faz parte deste meio, por isso, os caminhos são decisivos para determinar a importância e influência de uma cidade em uma região, como citou Borsagli (2010), a manutenção de uma cidade ou região, em parte sempre foi devida aos caminhos que a ela levam. Entender os elementos que transformaram estes caminhos, que são muitos, é fundamental, pois ao compreendê-los, enxergamos a forma de crescimento de cada região, sendo possível balizar a necessidade do planejamento das mesmas de forma a oferecer qualidade de vida aos seus habitantes. Para planejar, o que é preciso? Basta apenas a boa vontade de algumas pessoas para tal? Quantas pessoas são necessárias para este planejamento? Em que estas pessoas poderão se basear para ter um norte a seguir? Para a cidade se planejar é preciso que esteja fundamentada no governo federal, que rege leis para as ne- cessidades de toda a nação. Estas leis demoraram a serem desenvolvidas, mas no ano de 1988 foi estabelecida a Constituição da República Federativa do Brasil visando instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvi- mento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida. Esta constituição trabalhou em prol da integração dos recursos existentes em cada elo da rede de cidades do país, levando a formação de um estatuto que consolida um melhor embasamento aos gestores compreendendo as responsabilidades em âmbito federal, regional e local. Este estatuto foi nomeado Estatuto das Cidades e funciona como elemento-chave para política urbana local, visando realizar o sonho de todo o povo brasileiro na busca de uma sociedade justa e igualitária. conclusão Pós-Graduação | Unicesumar 109 Nesta busca, os gestores devem entender o estatuto das cidades e visar com certeza na melhoria da qualidade de vida e isto refletirá diretamente na melhoria do trânsito nas mesmas, porém não basta apenas compreende-los e não atuar eficazmente para o alcance destes resultados. A seção XII do Estatuto das Cidades se refere ao Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). Este estudo ajuda na gestão ambiental urbana, promovendo uma melhor gestão do trânsito e do sossego público, que são os fatores que causam mais impacto na qualidade de vida. O estatuto das cidades também diz que os representantes do poder público local devem fornecer transporte público de qualidade e que locais (espaços urbanos) que provoquem um aumento no fluxo de trânsito devem passar por uma avaliação do poder público para que o trânsito no local seja otimizado. Nesta atuação, mesmo que o estatuto das cidades obrigue a apenas uma parcela destas ao desenvolvimento do plano diretor, os gestores devem buscar a elaboração deste plano, pois é somente por meio dele que se é possível utili- zar as regras do estatuto das cidades e possibilitar que as nossas cidades sejam planejadas para o futuro baseadas em dados e fatos para decidir como melho- rar as condições de vida de todos os cidadãos. Embora nem todas as cidades possuam a obrigatoriedade de ter o plano diretor elas possuem a obrigatoriedade de serem municipalizadas e com estrutu- ra para desenvolver atividades de engenharia de tráfego, fiscalização de trânsito, educação de trânsito e controle e análise de estatística, ou seja, realizar a gestão do trânsito no município em sua totalidade. Os munícipes devem participar da melhoria da qualidade do trânsito a partir do momento que exigem mais segu- rança, uma melhora da sinalização de trânsito e um aumento da mesma, caso seja necessário. Isso faz com que o órgão de trânsito evolua, de forma a implantar leis e sinalizações mais eficientes. Por todas essas razões expostas, municipalizar o trânsito não se tornou uma opção e sim, uma obrigação e para isso cabe aos que trabalham neste órgão o entendimento das atribuições delegadas a ele. Administração e Gestão de Trânsito 110 Verificamos que sem ir a campo, sem coletar dados é quase que impossível se planejar com foco na melhoria, por isso a coleta de dados deve ser calcada em objetivos e ações. Também é importante ressaltar que o campo de atuação é complexo, mas, ao mesmo tempo, capaz de ser minerado e lapidado. Por isso, a gestão pode ser realizada, e é apenas compreendendo a realidade local que é possível conduzir tal gestão. Mas como? Você ainda está se questionando? O como se resume em pla- nejamento, nunca se esqueça de planejar, pois é por meio dele que qualquer modelo de gestão acontece, seja gestão estratégica, seja gestão por processos, seja gestão por qualidade, seja gestão por desempenho. Eu posso gerenciar uti- lizando vários métodos, basta tentar integrá-los e entendê-los. Como eu já citei, muitas cidades brasileiras já iniciaram a busca por melhores formas de gerencia- mento, e isso se deu graças à municipalização, porém em número muito maior são as cidades que ainda estão engatinhando quando o assunto é gerencial. Consequentemente, o Administrador e o Gestor de Trânsito deve focar nas necessidades locais estabelecer as melhores diretrizes, estas centradas nos cida- dãos, que desejam a confiabilidade do sistema de trânsito, e também a todos os envolvidos com a prática administrativa, pois é fundamental a preparação dos mesmos e a integração entre eles, o que certamente resultará na otimização dos recursos. Pós-Graduação | Unicesumar 111 referências ABIKO, Alex Kenya; ALMEIDA, Marco Antonio Plácido de; BARREIROS, Mário Antônio Ferreira. UrBaniSMo: HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO. São Paulo, 1995. Apresentado ao Curso Urbanização de Favelas, ministrado por ABIKO, A.K. et al. FDTE/EPUSP. ABREU, A. M. M.; LIMA, J. M. B.; ALVES, T. A. 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