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Distúrbios das Funções Hepatobiliar O fígado e o sistema hepatobiliar Maior órgão visceral Localizado abaixo do diafragma e ocupa grande parte do hipocôndrio direito Circundado pela cápsula de Glisson (fibroelástica) Anatomia 2 lobos grandes (direito e esquerdo) 2 lobos menores (caudado e quadrado) Veia porta (suprimento venoso) Artéria hepática (suprimento arterial) Os lóbulos são as unidades funcionais do fígado: (cerca de 50.000 a 100.000 lóbulos) Estrutura cilíndrica Anatomia Lóbulos: organizados ao redor de uma veia central Placas de células hepáticas troca de substâncias Sinusoides (capilares) Cálulas de Kupffer = remover e fagocitar Funções metabólicas do fígado Sintetiza gorduras, glicose, proteínas plasmáticas, desaminação dos aa, conversão da amônia em ureia e interconversão dos aa em outros compostos importantes para o metabolismo do organismo, produção da bile, armazenamento de cobre e ferro, metabolização de substâncias, produção de elementos de coagulação (heparina e protrombina). Sistema Hepatobiliar Fígado Vesícula Biliar Ductos biliares O fígado produz aproximadamente 600 a 1200 ml de bile amarelo-esverdeada por dia. A bile atua como veículo excretor de bilirrubina, do colesterol e de certos produtos do metabolismo orgânico, contém sais biliares que são essenciais à digestão de gorduras e absorção de vitaminas lipossolúveis. O fígado também remove, conjuga e secreta a bilirrubina da bile. Ocorre icterícia quando a bilirrubina acumula-se no sangue. Consequência de: Destruição excessiva dos eritrócitos, Incapacidade do fígado de remover e conjugar a bilirrubina, Obstrução do fluxo biliar Sistema Hepatobiliar Provas de Função Hepática Anamnese e exame físico Exames complementares Laboratoriais: Avaliação dos níveis séricos de enzimas hepáticas ALT (alanina transferase) AST (aspartato aminotrasferase) Elevação: lesão hepatobiliar aguda/hepatite viral, lesão hipóxica A bilirrubina sérica, a alfa glutamiltransferase (GGT) e a fosfatase alcalina medem a função excretora do fígado. doença hepatobiliar distúrbios do ducto biliar abuso de álcool Provas de Função Hepática Ultrassonografia (cálculos na vesícula biliar): tamanho, fluxo sanguíneo. TC avaliar estruturas RM Angiografia: circulação hepática ou porta Biópsia: amostras tecidual Distúrbios das Funções Hepáticas e Biliares Doenças Hepáticas As doenças do fígado podem afetar os hepatócitos ou o sistema de drenagem biliar. Doença hepática induzida por fármacos: Principal órgão envolvido no metabolismo e desintoxicação de substancias. Vários produtos naturais e de venda livre podem causar lesões hepáticas. Fatores (genética, dieta, consumo de álcool, utilização de múltiplos fármacos) Esses fármacos e substâncias químicas podem provocar lesão e morte dos hepatócitos, obstrução da árvore biliar ou diminuição da secreção de bile. Distúrbios Biliares Intra-hepáticos Interrompem o fluxo de bile através do fígado, causando colestase e cirrose biliar. Cirrose Biliar: Primária e secundária Cirrose Biliar primária Doença crônica do fígado Destruição autoimune dos pequenos ductos biliares e colestase. Mais comum em mulheres (40-60 anos) Fatores ambientais desencadeantes: infecções e agentes químicos Manifestações clínicas: Início insidioso (vagaroso/sem sintomas específicos) com cicatrização e destruição do tecido hepático. Fígado aumentado, esverdeado. Prurido, perda de peso, fadiga, urina escura e fezes claras. Icterícia: manifestação tardia Níveis séricos de fosfatase alcalina elevados Cirrose Biliar primária Tratamento: Sintomático, em sua maior parte. Colestiramina (ligação com ácidos biliares): tratar o prurido Colchicina: impede a migração de leucócitos Metrotexato (poder imunossupressor) Transplante de fígado é o único tratamento para a doença avançada (tratamento imunossupressor para evitar recidiva) Cirrose Biliar secundária Resulta de obstrução prolongada da árvore extrabiliar. Colelitíase é a causa mais comum Cirrose Representa o estágio final da doença hepática crônica Grande parte do tecido hepático funcional é substituído por tecido fibroso. Fatores: Alcoolismo Hepatite viral Reações tóxicas a fármacos e substancias químicas Esteatose hepática Obstrução biliar Acompanha, também, o depósito de minerais no fígado (hemocromatose/Fe e doença de Wilson/Cu) Cirrose Fibrose difusa Nódulos (micro e macronódulos) Comprometimento do fluxo de canais vasculares e de ductos biliares (hipertensão porta/colestase) Perda de células hepáticas Insuficiência hepática Cirrose Manifestações clínicas: Varia entre hepatomegalia e insuficiência hepática. Assintomática até a doença em estágio avançado. Perda de peso (as vezes mascarada por ascite) Fraqueza e anorexia. Diarreia Icterícia Dor abdominal (aumento do fígado) – epigástrica ou no quadrante superior direito, com sensação de plenitude. A hipertensão porta (12 mm Hg) resulta em esplenomegalia, ascite, varizes esofágicas. Insuficiência hepática Sangramentos Insuficiência Hepática Perda de 80-90% da capacidade funcional do fígado. Manifestações clínicas: Distúrbios hematológicos (anemia, trombocitopenia, defeitos de coagulação, leucopenia) Distúrbios endócrinos (síntese de hormônios esteroides) Irregularidades menstruais, perda da libido, esterilidade, queda dos níveis de testosterona, atrofia testicular) Distúrbios cutâneos (edema palmar, icterícia) Insuficiência Hepática Tratamento: Transplante (mais efetivo) Retirada do álcool Suprimento de carboidratos e calorias Correção de desequilíbrio eletrolítico Diminuição da produção de amônia com o controle de ingestão de proteínas Doença Hepática Induzida por Álcool Esteatose hepática Hepatite alcóolica Cirrose Nos EUA cerca de 2 milhões de pessoas e 14.000 mortes por ano. Esteatose Hepática Acúmulo de gordura nos hepatócitos. O fígado torna-se amarelado e aumenta de tamanho. Depende da quantidade de álcool consumido, da dieta, das reservas corporais de gordura. Hepatite Alcoólica Estágio intermediário entre as alterações gordurosas e a cirrose. Geralmente observada após aumento do consumo de álcool. Caracterizada por inflamação e necrose de células hepáticas. Acompanhada de: dor, anorexia, náusea, febre, icterícia, ascite e insuficiência hepática. Alguns pacientes são assintomáticos. A condição é sempre grave e potencialmente fatal. No estágio agudo a taxa de mortalidade é de 10%. Nos indivíduos que sobrevivem e continuam ingerindo álcool a fase aguda é seguida de hepatite persistente e pode evoluir para cirrose. Cirrose Alcoólica Resultado final de repetidas lesões hepáticas relacionadas ao álcool. Consiste em nódulos pequenos e uniformes (cirrose micronodular). Na cirrose avançada, os processos regenerativos tornam os nódulos maiores e irregulares, comprimindo as veias hepáticas, dificultando o fluxo sanguíneo para fora do fígado e produzindo hipertensão porta e colestase. Câncer de Fígado Dois tipos de câncer primário: hepatocelular e colangiocarcinoma derivado dos hepatócitos carcinoma dos ductos biliares (HBV, HCV, cirrose alcoólica) O carcinoma hepatocelular é o quinto câncer mais comum no mundo (terceira causa de morte). O fígado compartilha com o pulmão a característica de ser o local mais comum de tumores metastáticos. Distúrbios da Vesícula Biliar O trato biliar atua como via de passagem para a liberação da bile do fígado no intestino. As causas mais comuns de doenças do trato biliar são colelitíase e colecistite. Distúrbios da Vesícula Biliar Colelitíase: Formaçãode cálculos biliares (deposição de componentes da bile – bilirrubina e colesterol) Causas: Anormalidades na composição da bile Estase da bile Inflamação da vesícula biliar Distúrbios da Vesícula Biliar Colelitíase: muitas vezes assintomática A obstrução do fluxo biliar provoca... Indigestão, cólica biliar, icterícia. Distúrbios da Vesícula Biliar Colecistite aguda ou crônica Inflamação difusa da vesícula biliar. Muitas vezes associadas a cálculos biliares. Manifestações clínicas: dor (epigástrica ou quadrante superior direito) Febre baixa Anorexia Náusea e vômitos Contagem elevada de leucócitos Tratada com a remoção cirúrgica da vesícula biliar Distúrbios do Pâncreas Exócrino O pâncreas localiza-se transversalmente na parte posterior do abdome superior Não pode ser palpado Órgão tanto exócrino quanto endócrino. Pâncreas Exócrino: Consiste em lóbulos de células acinares que secretam enzimas digestivas. O ducto pancreático principal e o ducto biliar se unem para formar a ampola hepatopancreática. Secreta enzimas proteolíticas (tripsina, quimiotripsina) e amilase pancreática (amido), lipases (glicerol + ac. graxos). Pancreatite Aguda (PA) É um distúrbio inflamatório agudo do pâncreas associado a edema e graus variáveis de autodigestão, necrose e em alguns casos, hemorragia; Ocorre mais frequentemente em pessoas de ½ idade; Aproximadamente 80% dos casos se apresentam na forma benigna e autolimitada e os demais desenvolvem a forma grave. PA Leve Restrita ao pâncreas com edema intersticial; Disfunção orgânica ausente ou mínima; Toxicidade sistêmica autolimitada; Evolução clínica e laboratorial favorável; PA Grave Doença grave com necrose pancreática; Complicações locais; Disfunções orgânicas (insuficiência respiratória, insuficiência cardiovascular, insuficiência renal e hemorragia GI); Falência dos órgãos. Etiologia da PA 1. Afecções biliares (cálculos biliares); 2. Álcool; 3. microlitíase biliar e anomalias do sistema biliopancreático; 4. Drogas (morfina e derivados, corticoides e isoniazida); 5. Hiperparatireoidismo-hipercalcemia, trauma, cirurgia, infecciosa, vasculites e Ca de pâncreas. FATORES ETIOLÓGICOS Manifestações Formas leves: - Dor epigástrica - Náuseas e vômitos Formas graves: - Dor abdominal pancreática - Náuseas e vômitos - Febre, taquicardia, taquipneia - Disfunção de órgãos: IRA, IC, Íleo paralítico - Sintomas e sinais hemorrágicos: Sinal de Cullen, Grey-Turner - Ascite •Alterações hemodinâmicas (hipovolemia, desidratação, taquicardia e hipotensão ou choque); • Alterações pulmonares (15 a 30% dos casos: dispneia); •Outras alterações: leucocitose e febre. Sinal de Cullen (3%) Sinal de Grey-Turner (3%) Fisiopatologia da PA Fator desencadeante Lesão da célula acinar Ativação da tripsina Ativação da Kinina-calicreína Ativação da quimiotripsina Ativação da elastase Ativação da Fosfolipase-A Ativação da lipase Edema e Inflamação Edema e Lesão vascular Lesão vascular E hemorragias Necrose e coagulação Esteatonecrose (autodigestão do tecido pancreático) Ativação da tripsina = ativa uma variedade de enzimas digestivas = lesão pancreática = inflamação PANCREATITE AGUDA Diagnóstico laboratorial - Elevação de amilase, lipase - Hiperglicemia - Leucocitose - Aumento de transaminases, bilirrubinas - Hipertrigliceridemia - Hipocalcemia - Azotemia renal - Marcadores inflamatórios e de necrose (PCR) DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO - RADIOGRAFIA SIMPLES - USG - TC / CONTRASTE Diagnóstico Laboratorial da PA Amilasemia • Aumenta: 2 a 12 h após o início do quadro – atinge valores: 4/6x VR – Pico: 12 a 72 h – Normaliza 3-4 dias; • Níveis séricos não se correlacionam com a gravidade da lesão; • Casos de pancreatite podem se apresentar com amilasemia normal. Diagnóstico Laboratorial da PA Amilasúria • A excreção urinária dentro de 24 horas após a amilase sérica; • Níveis urinários mantêm-se elevados até 3 a 4 dias após a normalização da amilasemia. • Na PA a reabsorção tubular de amilase está ; Diagnóstico Laboratorial da PA Lipasemia • Aumenta: 4 a 8 h após o início do quadro (Pico: 24 h e Normaliza 8-14 dias); • A determinação da lipase na urina não é atualmente utilizada. • Hiperlipasemia não-pancreática (IR, infarto intestinal) Outros exames: • Contagem de leucócitos (>16.000/mm3); • Glicemia; • Cálcio sérico < 8 mg/dL. Hiperamilasemia Não-Pancreática Insuficiência renal por declínio na depuração; Neoplasias de pulmão e ovário; Lesões das glândulas salivares; Lesão anatômica progressiva e irreversível, caracterizada por destruição do parênquima glandular com substituição por fibrose, atrofia glandular e dilatação canalículo-acinar. Insuficiência pancreática (pancreatite, hemocromatose, fibrose cística do pâncreas); Caso clássico de PC (diabetes, calcificação pancreática e esteatorréia); Ocorre mais frequentemente no sexo masculino e em populações de > consumo etílico. Pancreatite Crônica (PC) Classificação e Etiologia 1. Pancreatite crônica calcificante (PCC) • Tipo mais comum caracterizado por calcificações no parênquima pancreático; • Causas: álcool, hereditária, nutricional e metabólica. 2. Pancreatite crônica obstrutiva (PCO) • Tipo mais raro caracterizada por obstáculos dificultando a drenagem do suco pancreático (atrofia glandular); • Causas: câncer de papila, câncer intra-ductal. Características Clínicas Dor abdominal contínua (epigástrico), com irradiação, podendo durar horas a dias (geralmente desencadeada por ingestão de gorduras ou álcool); Perda de peso (diminuição do apetite e má-absorção [esteatorreia]); Diabetes. Diagnóstico da PC Laboratorial Enzimas: • Amilasemia • Muito menos confiável que na PA; • ½ dos pacientes apresentam níveis normais; • Valores limítrofes ou ligeiramente aumentados. Pesquisa de gordura nas fezes Diagnóstico da PC Imagem Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) • Alterações radiográficas da morfologia do ducto pancreático podem sugerir a presença de PA, PC, carcinoma ou cisto pancreático; • Usada quando as provas bioquímicas clássicas são incapazes de diagnosticar. Obrigada!