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01/08/2011 1 MÉTODOS DE ANÁLISE E AMOSTRAGEM Prof. Mda. Ana Paula Cecatto 1 Indústrias: Universidades e Institutos de pesquisa: Órgãos Governamentais: IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE ALIMENTOS controle de qualidade, controle de processos em águas, alimentos, matérias-primas, produto acabado, embalagens, vida-de-prateleira (Shelf-life), etc; desenvolvimento de metodologia, controle de processos em pesquisas, prestação de serviços, etc. registro de alimentos, fiscalização na venda e distribuição, etc. 2 Existem três tipos de aplicações em análise de alimentos: Controle de qualidade de rotina: checar a matéria prima que chega, como o produto acabado que sai de uma indústria, além de controlar os diversos estágios do processamento. Fiscalização: é utilizado para verificar o cumprimento da legislação, através de métodos analíticos que sejam precisos e exatos e, de preferência, oficiais. Pesquisa: é utilizada para desenvolver ou adaptar métodos analíticos exatos, precisos, sensíveis, rápidos, eficientes, simples e de baixo custo na determinação de um dado componente do alimento. CLASSIFICAÇÁO DA ANÁLISE DE ALIMENTOS 3 Método de Análise Existem dois tipos básicos de métodos em análise de alimentos: Métodos convencionais Métodos Instrumentais não necessitam de nenhum equipamento sofisticado, isto é, utilizam apenas a vidraria e reagentes, e geralmente são utilizados em gravimetria e volumetria. EX: Titulação ácido-base, massa fresca e seca, etc. são realizados em equipamentos eletrônicos mais sofisticados. EX: Quantificação de minerais, determinação da atividade de água, etc. 4 ESCOLHA DO MÉTODO ANALÍTICO A escolha do método analítico vai depender de uma série de fatores: Quantidade relativa do componente desejado: Os componentes podem ser classificados em maiores (mais de 1%), menores (0,01 – 1%), micros (menos de 0,01%) e traços (ppm e ppb) em relação ao peso total da amostra. Exatidão requerida: métodos clássicos = exatidão de 99,9% = composto analisado se encontra + 10% na amostra. Quantidade <10% = exatidão cai. 5 ESCOLHA DO MÉTODO ANALÍTICO Composição química da amostra: presença de substâncias interferentes é muito constante em alimentos. As amostras são complexas, necessitando de uma extração ou separação prévia dos componentes a ser analisado. Recursos disponíveis: muitas vezes não é possível utilizar o melhor método de análise em função do seu alto custo, que pode ser limitante em função do tipo de equipamento ou até mesmo ao tipo de reagente ou pessoal especializado. 6 01/08/2011 2 ESQUEMA GERAL PARA ANÁLISE QUANTITATIVA Amostragem Sistema de processamento da amostra Reações químicas Mudanças físicas Separações Medidas Processamento de dados Avaliação Estatística 7 AMOSTRAGENS E PREPARO DA AMOSTRA NA ANÁLISE DE ALIMENTOS Porção do material - representar com exatidão, a composição média do material Quantidade de material é pequena 8 TODO AMOSTRAGENS E PREPARO DA AMOSTRA NA ANÁLISE DE ALIMENTOS Fatores para tirar uma amostragem: •Finalidade da inspeção: aceitação ou rejeição. avaliação da qualidade média e determinação da uniformidade; •Natureza do lote: tamanho, divisão em sub-lotes e se está a granel ou embalado; •Natureza do material em teste: sua homogeneidade, tamanho unitário, história prévia e custo; •Natureza dos procedimentos de teste: significância, procedimentos destrutivos ou não destrutivos e tempo e custo das análises. 9 “Amostra” é definida como “uma porção limitada do material tomada do conjunto selecionada de maneira a possuir as características essenciais do conjunto”. 10 Amostragem é a série sucessiva de etapas operacionais especificadas para assegurar que a amostra seja obtida com a necessária condição de representatividade. A amostra é obtida através de incrementos recolhidos segundo critérios adequados = Amostra bruta. Amostra de laboratório = redução da amostra bruta mediante operações conduzidas de maneira a garantir a continuidade da condição de representatividade da amostra. Amostra para a análise = porção menor da amostra de laboratório, suficientemente homogeneizada para poder ser pesada e submetida à análise. 11 Em resumo, o processo da amostragem compreende três etapas principais: •coleta da amostra bruta: •preparação da amostra de laboratório; •preparação da amostra para análise. Aspectos fundamentais para a amostragem: •a amostra deve ser representativa da totalidade do alimento; •a amostra não deve causar prejuízo econômico significativo; •a parte da amostra a ser analisada numa análise de contraprova deve ser representativa da totalidade da amostra. 12 01/08/2011 3 a. Coleta da Amostra Bruta • Deve ser uma réplica em ponto reduzida, do universo considerado, tanto no que diz respeito à composição como à distribuição do tamanho da partícula. • Amostras fluidas (liquidas ou pastosas) homogêneas; podem ser coletadas em frascos com o mesmo volume, do alto, do meio e do fundo do recipiente, após agitação e homogeneização. •Amostras sólidas, cujos constituintes diferem em textura, densidade e tamanho de partículas, devem ser moídas e misturadas. 13 a. Coleta da Amostra Bruta •Quantidades: o material a ser analisado poderá estar a granel ou embalado (caixas, latas, etc.); •No caso de embalagens únicas ou pequenos lotes, todo o material pode ser tomado como amostra bruta; •Para lotes maiores, a amostragem deve compreender de 10 a 20 % do nº de embalagens contidas no lote, ou 5 a 10% do peso total do alimento a ser analisado; • Lotes muito grandes: toma-se a raiz quadrada do nº de unidades do lote 14 • Colheita da amostras de Farelos, Farinhas, Rações e Grãos •Embalagens com peso unitário < 5 kg – uma amostra média. Se for em grande quantidade = número de sacos equivalentes à raiz quadrada do número de sacos do lote, isto é, 10 sacos de 100; 15 sacos de 225 e etc, ou então 5% do total (quando a produção for superior a 500 sacos). •Embalagens com peso unitário > 5 kg – quando o universo for menor do que 5 unidades, devem-se colher amostras de todas embalagens. E acima de 6 unidades, segue o quadro Quantidade de sacos Número mínimo de sacos amostrados De 6 – 100 6 a 10 De 101 – 200 10 a 25 De 201 – 2000 25 a 60 Acima de 2001 60 ou mais sacos 15 • Selecionar os sacos para amostragem de acordo com exposição dos mesmos, à razão de 40% dos mais expostos, 30% dos próximos menos expostos, 20% dos seguintes e 10% da porção menos exposta do lote. • De cada saco, retirar uma amostra a partir de um dos cantos diagonalmente, para o centro do saco, por meio de um Calador. • Repetir a coleta a partir do outro canto do saco. Proceder assim com todos os sacos a ser amostrado. • Coletar pelo menos 1 kg de amostra bruta. 16 CALADOR 17 •Material Armazenado a Granel – retirar no mínimo uma amostra média para 5 toneladas, ou seja, amostra parcial por toneladas estocadas. As amostras deverão ser colhidas no momento da descarga. Procurar amostrar todos os pontos. •As amostras parciais devem ser reunidas para serem homogeneizadas. • As amostras parciais têm que ser misturadas e em seguida, recolhe-se cerca de 1 kg que deverá ser colocada em um saco plástico bem fechado, devidamente identificado, para ser remetido ao laboratório. 18 01/08/2011 4 • PONTOS DE COLHEITA DE AMOSTRA A GRANEL Tipo de Carga Comprimento da sonda (m) Barcaças Graneleiras 3,65 Carro Caçamba 3,04 Graneleiros 1,82 Caminhões 1,82 Fundo de caçamba de caminhão 2,5 19 • Sonda na vertical o Sonda na posiçãoinclinada 20 b. Preparação Da Amostra Do Laboratório (Redução Da Amostra Bruta) •Alimentos Secos (em pó ou granulares): A redução poderá ser manual ou através de equipamentos. •Alimentos líquidos: misturar bem o líquido e retirar porções de diferentes partes do recipiente •Alimentos Semi-sólidos (úmidos) (queijos duros e chocolates): ralar e depois quartear •Alimentos Úmidos (carnes, peixes e vegetais): picar ou moer e misturar, passar pelo quarteamento. Estocar sob refrigeração. 21 •Alimentos Semiviscosos ou Pastosos (pudins, molhos, etc.) e Alimentos líquidos contendo sólidos (compotas de frutas, vegetais em salmoura e produtos enlatados em geral): picar em liquidificador ou bag mixer, •Alimentos com emulsão (manteiga e margarina): aquecer a 35 ºC em frasco com tampa , agitar. •Frutas: As frutas grandes - cortar ao meio, no sentido longitudinal e transversal (4 partes). As frutas pequenas podem ser simplesmente homogeneizadas inteiras no liquidificador. 22 c. Preparação Da Amostra Para Análise • Para extração de um componente da amostra, muitas vezes é necessária uma preparação prévia da mesma, a fim de se conseguir uma extração eficiente do componente em estudo. • O preparo da amostra por desintegração pode ser feito de três maneiras: a) Desintegração mecânica: amostras secas = moinho tipo Wiley (martelo) ou similar. Amostras úmidas = moedores para carnes ou liquidificadores. b) Desintegração enzimática: p/ amostras vegetais, com o uso de celulases, protease e carboidratases c) Desintegração química: vários agentes químicos (uréia, piridina, detergentes sintéticos, etc.) também podem ser usados na dispersão ou solubilização dos componentes dos alimentos. 23 Os fatores que influenciam na pós-colheita: * perda ou absorção de umidade; * perda dos constituintes voláteis; * decomposição química e enzimática (vitaminas, clorofila); * oxidação causada pela aeração durante a homogeneização; * remoção de materiais estranhos; * ataque por microorganismos, com deterioração das amostras; * contaminação com traços de metais por erosão mecânica nos moedores. 24 FATORES A SEREM CONSIDERADOS NA AMOSTRAGEM 01/08/2011 5 GARANTIA DE QUALIDADE EM LABORATÓRIOS DE ANÁLISE DE ALIMENTOS Prof. Mda. Ana Paula Cecatto 25 26 A confiabilidade dos resultados em um método analítico vai depender de vários fatores como: •Especificidade: relacionada com a propriedade do método analítico em medir o composto de interesse independente da presença de substâncias interferentes. •Exatidão: mede quanto próximo o resultado de um dado método analítico se encontra do resultado real previamente definido. •Precisão: é determinada pela variação entre vários resultados obtidos na medida de um determinado componente de uma mesma amostra •Sensibilidade: menor quantidade do componente que se consegue medir sem erro. 27 Os pontos críticos em um laboratório de análise estão resumidos nas seguintes áreas: a. Coleção e preparação da amostra; b. Método de análise da amostra; c. Erros; d. Instrumentação; e. Analista. 28 a. Coleção e preparação da amostra Envolve •amostragem; •documentação; •controle de contaminação; •preservação •transporte para o laboratório. 29 b. Método de análise da amostra; •deve possuir aqueles atributos essenciais como: •exatidão, •precisão, •especificidade •sensibilidade • além de ser prático, rápido e econômico. 30 Métodos oficiais: são os que devem ser seguidos por uma legislação ou agência de fiscalização métodos padrões ou de referência: são métodos desenvolvidos por grupos que utilizaram estudos colaborativos; Métodos rápidos: são utilizados quando se deseja determinar se será necessário um teste adicional através de um método mais exato; Métodos de rotina: são os métodos oficiais ou padrões que podem ser modificados conforme a necessidade e conveniência; Métodos automatizados: é qualquer um dos métodos citados acima, porém que utilizam equipamentos automatizados; Métodos modificados: são geralmente métodos oficiais ou padrões, que sofreram alguma modificação, para criar alguma simplificação, ou adaptação a diferentes matrizes, ou, ainda, remover substâncias interferentes. 01/08/2011 6 31 A comparação entre métodos é sempre feita em relação à exatidão e precisão. A precisão pode ser definida de três maneiras dependendo das fontes de variabilidade: Ø Replicabilidade: é expressa como desvio padrão e mede a variabilidade entre replicatas; Ø Repetibilidade: é expressa como desvio padrão e mede a variabilidade entre resultados de medidas da mesma amostra em épocas diferentes e no mesmo laboratório (estudo intralaboratorial); Ø Reprodutibilidade: é expressa como desvio padrão e mede a variabilidade entre resultados de medidas da mesma amostra em diferentes laboratórios (estudo interlaboratorial). 32 Tipos de erros em análise de alimentos: a. Erros determinados: possuem um valor definido, podendo ser medidos e computados no resultado final. a) Erros de método b) Erros operacionais: c) Erros pessoais d) Erros devido a instrumentos e reagentes b. Erros indeterminados: não possuem valor definido e, portanto, não podem ser medidos. Não podem ser localizados e corrigidos, entretanto podem ser submetidos a um tratamento estatístico que permite saber qual o valor mais provável e também a precisão de uma série de medidas, pois eles devem seguir uma distribuição normal (distribuição de Gauss). 33 c. Instrumentação: os instrumentos consistem de componentes óticos e eletrônicos e, portanto, seu funcionamento tende a se deteriorar com o tempo. Devemos, então, fazer freqüentes padronizações e calibrações de modo a monitorar este desgaste. Mesmo controlando os desgastes, pode ocorrer falhas de uso dos equipamentos como: Ø Verificação do nível na balança analítica; Ø Tempo de espera de aquecimento em alguns equipamentos etc. d. Analistas: o analista de laboratório deve conseguir determinar com exatidão e precisão componentes presentes em concentrações muito baixas e em matrizes muito complexas. A verificação das habilidades do analista pode ser feita pelo exame intralaboratorial e interlaboratorial de uma mesma amostra. 34 O estudo de eficiência de métodos de análise e controle de qualidade pode ser feito em três etapas distintas: •Utilizando material de referência •Relações interlaboratoriais •Iniciação ao controle de qualidade MEDIDAS DA EFICIÊNCIA DE UM MÉTODO ANALÍTICO 35 RESUMO DOS TERMOS MAIS UTILIZADOS Precisão: concordância entre os resultados de várias medidas efetuadas sobre uma mesma amostra e nas mesmas condições de análise. Exatidão: concordância entre o valor medido e o valor real. Sensibilidade: pode ser medida em um método ou em um equipamento e é definido como o cociente diferencial do sinal medido sobre o valor da propriedade a ser medida. Limite de detecção: é o menor sinal, expresso em quantidades ou concentração, que pode ser distinguido, com uma probabilidade conhecida. em relação a um branco medido nas mesmas condições. Repetibilidade: é a expressão da precisão, quando o mesmo operador aplica o mesmo método sobre a mesma amostra, no mesmo laboratório, com os mesmos aparelhos e os mesmos reagentes. 36 Reprodutibilidade: e a expressão da precisão, quando o método é realizado nas mesmas condições, mas em vários laboratórios diferentes. Robustez: qualidade de um método de conduzir a resultados que são pouco afetados pela variação de fatores secundários (por exemplo, volume e marca de um reagente, tempo de agitação etc.) não fixados dentro do protocolo do método. Especificidade: qualidade de um métodoque possui uma função de medida de um único componente da amostra sem medir outros componentes interferentes também presentes na amostra. 01/08/2011 7 37 Questionário 1) Em análise de alimentos, existem basicamente dois tipos de métodos analíticos para determinação da composição centesimal de uma alimento. Descreva-os brevemente e diga qual é o mais utilizado atualmente e por quê? 2) A escolha do método analítico adequado para cada tipo de alimento é de extrema importância, uma vez que os alimentos são amostras muito complexas e com muitos interferentes. Dessa forma, quais fatores deverão ser considerados na escolha do método a ser empregado? 3) A amostra é definida como uma porção limitada do material tomada do conjunto. Assim, defina amostragem e cite os fatores que devem ser considerados para se fazer uma amostragem adequada. 4) A amostra bruta é uma réplica, em pequena escala, do universo da pesquisa em questão. No entanto, mesmo sendo de tamanho reduzido, a amostra bruta é grande demais para ser trabalhada em laboratório, devendo ser reduzida novamente. A redução da amostra bruta em amostra de laboratório, ira depender do tipo de produto e da analise empregada. Dessa forma, comente como deve ser feita a redução para cada tipo de alimento. a) Alimentos secos b) Alimentos líquidos c) Alimentos semi-sólidos d) Alimentos úmidos e) Alimentos semi viscosos e pastos f) Alimentos com emulsão g) Frutas 5) Quais fatores devem ser considerados na amostragem de alimentos de origem vegetal? 6) Quais são os fatores para confiabilidade dos resultados no laboratório de analise de alimentos? Comente, com suas palavras. (no máximo 10 linhas). 7) Dentre os pontos críticos de controle de qualidade de um laboratório de alimentos, os erros operacionais, pessoais e erros devidos a instrumentos e reagentes são comuns. Comente formas ou alternativas de se evitar ou minimizar estes tipos de erro. 8) Diferencie com suas palavras: a) Precisão de exatidão b) Repetibilidade de Reprodutividade 38 REFERÊNCIAS CECCHI, H. M. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. 2.ed.rev. Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 2003. 207p. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas, métodos químicos e físicos para análise de alimentos. São Paulo: IAL, 1985, v.1, 371p.
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