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Aula 12.Clima e Solo para o Feijoeiro

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INSTITUTO AVANÇADO DE ENSINO SUPERIOR DE BARREIRAS - IAESB 
FACULDADE SÃO FRANCISCO DE BARREIRAS - FASB 
CURSO DE AGRONOMIA 
AGRICULTURA I 
 
 
Florício Pinto de Almeida 1 
 
 
Clima e solo para o feijoeiro 
 
Generalidades 
Apesar da sua ampla adaptação e distribuição geográfica, o feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) é muito 
pouco tolerante a fatores extremos do ambiente, sendo uma cultura relativamente exigente no que diz 
respeito à maioria das condições edafoclimáticas. Dessa forma, algum conhecimento a respeito das 
características agroclimáticas da região e das exigências e limitações do feijoeiro é de fundamental 
importância para a escolha de um ambiente onde a cultura possa crescer, desenvolver-se e produzir 
bem, aproveitando ao máximo o potencial do cultivar utilizado, as respostas à adubação e o benefício 
das outras práticas ou tecnologias empregadas. 
 
Temperatura 
A temperatura média ótima durante o ciclo cultural é de 18 a 24 oC, sendo 21 oC a ideal (Vieira, 1967 
apud Andrade et al., 2006). Fancelli e Dourado Neto (1999, citados por Andrade et al., 2006), 
consideram aptas para a cultura regiões com temperatura média entre 15 e 29 oC. 
A ocorrência de temperaturas acima ou abaixo da faixa ótima, dependendo da frequência e da 
duração, pode ocasionar sérios prejuízos ao estabelecimento, crescimento e desenvolvimento da 
cultura, resultando em baixo rendimento de grãos. 
 
Baixas temperaturas 
Se as baixas temperaturas ocorrerem imediatamente após a semeadura, podem impedir, reduzir ou 
atrasar a germinação das sementes e a emergência das plântulas, resultando, possivelmente, baixa 
população de plantas e, conseqüentemente, baixa produtividade. Durante o crescimento vegetativo, 
baixas temperaturas reduzem a altura da planta e o crescimento de ramos, conduzindo à produção 
de pequeno número de vagens por planta (Portes, 1996 apud Andrade et al., 2006). Trabalhos 
realizados por Farlow (1981) em ambiente controlado, além de mostrarem redução no número de 
vagens por planta em temperaturas inferiores a 11,4 oC, também evidenciaram aumento do número 
de sementes abortadas a partir de 12,8 oC por efeito de baixas temperaturas na germinação do grão 
de pólen e no crescimento do tubo polínico. 
 
Altas temperaturas 
Alta temperatura talvez seja o fator climático que exerce maior influência sobre aborto de flores, 
vingamento e retenção final de vagens no feijoeiro (Portes, 1988 apud Andrade et al., 2006), sendo 
também responsável pela redução do número de sementes por vagem. Comumente, a taxa de 
abscisão dos órgãos reprodutivos no feijão atinge 50 a 70% do total de flores abertas (Mariot, 1989 
 
1
 Engº. Agrº. M. Sc. Irrigação e Drenagem. Profº. Faculdade São Francisco de Barreiras – FASB. E-mail: floricio@fasb.edu.br 
Clima e solo para o feijoeiro 
apud Andrade et al., 2006), mas pode aumentar em temperaturas superiores a 30 oC durante o dia e 
25 oC durante a noite (Kay, 1979 apud Andrade et al., 2006). De acordo com Stobbe et al. (1966), em 
temperaturas próximas de 35 oC, não ocorre praticamente nenhum vingamento de vagens. É provável 
que esta maior abscisão dos órgãos reprodutivos em altas temperaturas esteja associada à maior 
produção do regulador de crescimento etileno (Portes, 1988). 
É importante ressaltar que altas temperaturas também podem ser decisivas na ocorrência de diversas 
enfermidades que acometem a cultura do feijão, principalmente se associadas à alta umidade relativa 
do ar. 
 
Umidade do solo 
A água constitui outro fator limitante do rendimento da cultura, pois interfere diretamente nos 
processos básicos da planta, como absorção e translocação de nutrientes, fotossíntese, translocação 
de assimilados, transpiração, respiração e, em última análise, no crescimento e na produção de grãos 
(Guimarães, 1988 apud Andrade et al., 2006). 
Por esse motivo, a cultura do feijão requer boa disponibilidade de água no solo durante todo o ciclo, 
principalmente nas etapas mais críticas como germinação/emergência, floração e enchimento do 
grão. 
 
Deficiência hídrica 
Os efeitos da deficiência hídrica iniciam-se quando a taxa de evapotranspiração é superior à de 
absorção de água pelas raízes. Como o sistema radicular do feijoeiro é bastante superficial, 
pequenos veranicos ou mesmo irrigações mais espaçadas podem reduzir o conteúdo de água na 
camada superficial do solo, reduzindo ou impedindo a sua absorção. 
Quando o défict hídrico instala-se no período compreendido entre a semeadura e a emissão da 
quarta folha trifoliolada, há prejuízo na germinação, na emergência e na sobrevivência de plantas, 
resultando em baixo estande, o que irá se traduzir em redução no rendimento de grãos. 
Durante o período de estabelecimento da cultura, o excesso de água no solo prejudica a germinação 
e limita o desenvolvimento das raízes, tornando ainda mais superficial o deficiente sistema radicular 
do feijoeiro. Além disso, pode favorecer a incidência de doenças radiculares, reduzindo a 
sobrevivência das plântulas. 
As etapas de florescimento e frutificação são as mais sensíveis à má aeração do solo (Moreira et al., 
1988 apud Andrade et al., 2006). A inundação no período de florescimento por dois, quatro ou seis 
dias pode ocasionar reduções de produção da ordem de 48%, 57% ou 68%, respectivamente (Silva, 
1982 apud Andrade et al., 2006). 
Excesso de água no solo na fase de maturação do feijão pode ainda prolongar o ciclo cultural e 
atrasar as operações da colheita, além de provocar a brotação e o aparecimento de manchas no 
grão, principalmente em cultivares de hábito de crescimento semiprostrado ou prostrado, nos quais 
as vagens podem ficar em contato com o solo. 
 
Chuvas 
No caso da agricultura não-irrigada, as chuvas devem suprir as necessidades dos feijoeiros, sem que 
haja, durante o ciclo, a ocorrência de condições extremas relacionadas à umidade do solo. 
Clima e solo para o feijoeiro 
A necessidade de água para a máxima produção pode variar de acordo com o local (clima e solo), da 
época de semeadura, do cultivar (ciclo cultural, sistema radicular entre outros), do manejo da cultura 
e do solo (Silveira e Stone, 2001), mas, de maneira geral, a cultura do feijão é bem mais sucedida 
quando as precipitações, durante o ciclo, situam-se entre 300 e 400 mm (Kay, 1979 apud Andrade et 
al., 2006). Estudos realizados em Minas Gerais, por Silveira e Stone (1998), comprovam que as 
melhores produtividades do feijoeiro foram obtidas com lâminas de água que variaram de 340 a 471 
mm. 
 
Umidade relativa do ar e ventos 
Baixa umidade relativa do ar associada a altas temperaturas aumenta a demanda de água pela 
planta, que passa a transpirar mais, apresentado, assim, elevada tensão hídrica, o que reduz o 
pegamento e a retenção final de vagens (Portes, 1988 apud Andrade et al., 2006). Este efeito é 
agravado pelo vento (Davis, 1945). Em lavouras irrigadas por aspersão, devem ser evitados os 
horários de vento para se realizarem as irrigações, pois a distribuição de água fica bastante 
desuniforme. 
 
Textura do solo 
O feijoeiro pode ser cultivado em solos com textura que pode variar de arenosa leve a argilosa 
pesada (Wallace, 1980 apud Andrade et al., 2006), mas os solos argilosos e de mal drenados 
deverão se evitados nas semeaduras de outubro a novembro, assim como as baixadas úmidas ou 
sujeitas à inundação ou ao encharcamento. 
Em solos argilosos pesados, são mais freqüentes os problemas ocasionados por fungos de solo e a 
formação de crosta superficial, que dificultam a emergência do feijoeiro, reduzindo a população de 
plantas. Da mesma forma, os solos pesados são também os mais sujeitos à formação de camada 
compactada na subsuperfície (o chamado pé-de-grade), proveniente do excesso de operações com 
máquinas sobre o terreno e de efeitos desastrosos para o crescimentodo sistema radicular do 
feijoeiro (Andrade et al., 2006). 
 
Compactação do solo 
A compactação do solo, geralmente, está relacionada a menor aeração, menor fluxo de água e maior 
resistência à penetração de raízes, sendo normalmente atribuída ao intenso tráfego de máquinas e 
implementos (Alves et al., 2003a apud Andrade et al., 2006). As raízes, quando impedidas de 
penetrar em solos com alta resistência mecânica, tendem a desviar-se e crescer horizontalmente 
sobre a camada compactada, inibindo a sensibilidade em curtos períodos de seca (Dexter, 1986 apud 
Andrade et al., 2006). Além disso, a compactação pode reduzir o comprimento radicular, o que, às 
vezes, é acompanhada de certa compensação em diâmetro, que se tornar maior (Vepraskas, 1994), 
reduzindo a eficiência na absorção de água e nutrientes. 
 
Fatores químicos do solo 
Não havendo limitações climáticas, nem impedimentos físicos para o desenvolvimento das raízes, o 
crescimento e a produção do feijoeiro dependem das características químicas do solo. Além da 
reação ou acidez do solo, é importante a sua capacidade em suprir os nutrientes nas quantidades 
adequadas para o crescimento normal das plantas (Moraes, 1988 apud Andrade et al., 2006). 
Clima e solo para o feijoeiro 
Reação do solo 
De acordo com a maioria dos resultados de pesquisa disponíveis, o feijoeiro apresenta máxima 
produtividade numa faixa de pH de 5,5 a 6,5 (Moraes, 1988; Fageria et al., 1996; Rosolem, 1996 
apud Andrade et al., 2006). Quanto menor o pH do solo, maior o efeito de íons tóxicos (Al+3, Mn+2 e 
H+) que limitam o crescimento radicular, o desenvolvimento da parte aérea e a produção. 
Devido à sensibilidade do feijoeiro, solos com acidez excessiva poderão ser utilizados desde que se 
faça calagem com antecedência de pelo menos 30 dias em relação à semeadura (Rosolem, 1996 
apud Andrade et al., 2006). Entretanto, solos recentemente corrigidos ou com supercalagem 
decorrente da aplicação superficial de calcário (muito comum no plantio direto) podem apresentar 
problemas de disponibilidade de micronutrientes (Lopes, 1999). 
 
 
 
 
Literatura consultada 
ALVES, V.G.; ANDRADE, M.J.B.; CORREA, J.B.; MORAES, A.R.; SILVA, M.V. Comportamento de 
genótipos de feijoeiro em latossolo vermelho distroférrico típico com diferentes graus de 
compactação. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.27, n.1. p.36-43, 2003. 
ANDRADE, M.J.B.; CARVALHO, A.J.; VIEIRA, N.M.B. Exigências edafoclimáticas. In: VIEIRA, C.; 
PAULA JÚNIOR, T.J.; BORÉM, A. (Eds.). Feijão. 2. ed. Atual. Viçosa: Ed. UFV, 2006. p.67-86. 
DAVIS, J.F. The effects of some environmental factors on the set pods and yield of white pea bens. J. 
Agric. Res. 70:237-249, 1945. 
DEXTER, A.R. Model experiments on the behavior of roots at the interface between a tilled seed-bed 
and a compacted sub-soil. I. Effects of seed bed aggregate size and sub-soil strength on wheat roots. 
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FAGERIA, N.K.; OLIVEIRA, I.P.; DUTRA, L.G. Deficiências nutricionais na cultura do feijoeiro e 
suas correções. Goiânia, Embrapa-CNPAF-APA, 1996. 40p. (Embrapa – CNPAF. Documentos, 65). 
FARLOW, P.J. Effect of low temperature on number and location of developed seed in two cultivars 
of french beans (Phaseolus vulgaris L.). Austr. J. Agric. Res. 32:325-330, 1981. 
FANCELLI, A.L.; DOURADO NETO, D. Estresses de água e temperatura na cultura do feijão. In: 
FANCELLI, A.L.; DOURADO NETO, D. (Eds.). Feijão irrigado: estratégias básicas de manejo. 
Piracicaba: Publique, p. 155 – 169. 1999 
GUIMARÃES, C.M. Efeitos fisiológicos do estresse hídrico. In: ZIMMERMANN, M.J.O.; ROCHA, M.; 
YAMADA, T. (Eds.). Cultura do feijoeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba, Potafos, 
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KAY, D.E. Food legumes. London, Tropical Products Institute, 1979. 435p. 
LOPES, A.S. Micronutrientes: filosofia de aplicação e fontes. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, 
P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds.). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em 
Minas Gerais – 5ª Aproximação. Viçosa: CFSEMG, p.79-86. 1999. 
MARIOT, E.J. Ecofisiologia do feijoeiro. In: O feijão do Paraná. Londrina: IAPAR, p.25-41. 1989. 
(Circular, 65). 
Clima e solo para o feijoeiro 
MORAES, J.F.V. Calagem e adubação. In: ZIMMERMANN, M.J.O.; ROCHA, M.; YAMADA, T. (Eds.). 
Cultura do feijoeiro: fatores que afeta a produtividade. Piracicaba, Potafos, p. 259-301. 1988. 
MOREIRA, J.A.A.; AZEVEDO, J.A.; STONE, L.F.; CAIXETA, T.J. Irrigação. In: ZIMMERMANN, 
M.J.O.; ROCHA, M.; YAMADA, T. (Eds.). Cultura do feijoeiro: fatores que afeta a produtividade. 
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PORTES, T.A. Ecofisiologia. In: ZIMMERMANN, M.J.O.; ROCHA, M.; YAMADA, T. (Eds.). Cultura do 
feijoeiro: fatores que afeta a produtividade. Piracicaba, Potafos, p. 125-156. 1988. 
PORTES, T.A. Ecofisiologia. In: ARAÚJO, R.S.; RAVA, C.A.; STONE, L.F.; ZIMMERMANN, M.J.O.; 
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ROSOLEM, C.A. Calagem e adubação mineral. In: ARAÚJO, R.S.; RAVA, C.A.; STONE, L.F.; 
ZIMMERMANN, M.J.O.; (Eds.). Cultura do feijoeiro comum no Brasil. Piracicaba, Potafos, p. 353-
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SILVA, E.L. Suscetibilidade do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) cv. Goiano Precoce a inundações 
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SILVEIRA, P.M.; STONE, L.F. Irrigação. In: VIEIRA, C.; PAULA JR., T.J.; BORÉM, A. (Eds.). Feijão: 
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SILVEIRA, P.M.; STONE, L.F. Requerimento de água. In: SILVEIRA, P.M.; STONE, L.F. (Eds.). 
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STOBBE, E.H.; ORMROD, D.P.; WOOLEY, C.J. Blossoming and fruit set patterns in Phaseolus 
vulgaris L. as influenced by temperature. Can. J. Bot. 44:813-819. 1966. 
VEPRASKAS, M.J. Plant response mechanisms to soil compaction. In: WILKINSON, R.E. Plant-
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VIEIRA, C. O feijoeiro comum: cultura, doenças e melhoramento. Viçosa, UFV, Impr. Univ. 1967. 
220p. 
WALLACE, D.H. Adaptation of Phaseolus to different environments. In: SUMMERFIELD, R.J.; 
BUNTING, A.H. (Eds.). Advances in legume science. Londo, Kew, Royal Botanic Gardens, 1980. 
p.349-351.

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