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Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Agroalimentar Unidade Acadêmica de Tecnologia de Alimentos CRISTALIZAÇÃO Disciplina: Operações Unitárias II Professora: Morgana Canuto Produto comercializável - Forma de partículas sólidas. Sólido - Obtido pela concentração da solução até a saturação e pela formação de cristais da solução. Cristal - Configuração muito organizada de átomos, ou de moléculas ou de íons dispostos em redes espaciais tridimensionais. A escolha e o projeto detalhado do cristalizador são importantes não apenas pela economia e operabilidade, mas também pela influência sobre o hábito cristalino, sobre a distribuição de dimensões do cristal e sobre a colocação mercantil do produto. INTRODUÇÃO A Cristalização é uma operação de separação onde, partindo de uma mistura líquida se obtêm cristais de um dos componentes da mistura. Separação sólido-líquido em que ocorre transferência de massa de um soluto a partir de uma solução líquida para uma fase cristalina pura. A cristalização é uma operação unitária baseada, simultaneamente, nos mecanismos de transferência de massa e de quantidade de movimento. Na cristalização criam-se as condições termodinâmicas que levam as moléculas a aproximarem-se e a agruparem-se em estruturas altamente organizadas, os Cristais. Por vezes, as condições operatórias não permitem obter cristais 100% puros verificando-se a existência, nos cristais, de inclusões (impurezas) de moléculas que também têm grande afinidade para o soluto. CRISTALIZAÇÃO Cristalização do cloreto de sódio a partir da água do mar Fabricação de pigmentos Fabricação de sal de cozinha e açúcar Fabricão de sulfato de sódio e de amônio para a produção de fertilizantes Fabricação de carbonato de cálcio para as indústrias de pasta e papel, cerâmica e de plásticos Fabricação de ácido bórico e outros compostos para a indústria de inseticidas e farmacêutica Aplicações Figura 1 - Exemplos de cristais produzidos industrialmente. CRISTALIZAÇÃO O primeiro passo num processo de cristalização é a Nucleação. É necessário criar condições no seio da mistura para as moléculas se aproximarem e darem origem ao cristal. Para haver cristalização é necessário ocorrer agitação ou circulação da mistura líquida, a qual provoca a aproximação e choque entre as moléculas, ocorrendo transferência de quantidade de movimento. Nucleação Primária (as próprias superfícies sólidas do cristalizador podem ser agentes de nucleação). Uma vez formados os primeiros cristais, pequenos fragmentos desses cristais podem transformar-se também em novos núcleos (Nucleação Secundária). Muitas vezes, para tornar o processo de cristalização mais rápido, podem-se introduzir sementes (núcleos) no cristalizador. CRISTALIZAÇÃO Região A: a região A é delimitada pela curva de supersaturação e é muito instável. Nessa região os cristais se formam rapidamente e de forma espontânea. Esta nucleação espontânea é chamada de nucleação primária. Região B: compreende a área entre as curvas de saturação e supersaturação, e é chamada região metaestável. Nessa região a taxa de iniciação da cristalização é baixa e os agregados de moléculas formados se dispersam novamente, não havendo crescimento de cristais, ao menos que "sementes" de cristais sejam adicionadas à solução e sobre as quais é depositado o soluto da solução até que a solução atinja a saturação. Essa nucleação, a partir da semeadura, é chamada de nucleação secundária e é mais efetiva e usada que o método anterior. Região C: essa região é estável e apresenta uma única fase. É limitada pela curva de saturação e a solução se encontra insaturada. CRISTALIZAÇÃO Uma das características do processo de cristalização é a de que o mesmo composto pode dar origem a formas cristalinas diferentes (polimorfismo) dependendo das condições de operação. Os diferentes tipos de cristais, que correspondem a condições termodinâmicas, no estado sólido, diferentes para o mesmo composto, terão propriedades distintas (velocidade de dissolução, ponto de fusão, forma, etc.) e, como tal, correspondem a produtos diferentes. É o caso, por exemplo, da produção do carbonato de cálcio, por cristalização, o qual pode ser fabricado em diferentes formas cristalinas. O controle da forma cristalina do composto a separar é um aspecto fundamental e extremamente difícil da cristalização industrial. CRISTALIZAÇÃO Relações de solubilidade Na cristalização ocorre transferência de massa da solução para a superfície do cristal. A concentração necessária à formação dos cristais e à separação das espécies químicas pode ser determinada num diagrama de fase em termos da temperatura contra a composição, que é muitas vezes denominado um diagrama de solubilidade. Os dados da solubilidade dos compostos sólidos nos solventes, em função da temperatura, podem ser encontrados na maioria dos manuais. Nos cálculos de cristalizadores, nos quais a temperatura final é conhecida e nos quais não há evaporação, é possível determinar, a partir do diagrama de solubilidade, a concentração da solução saturada, a massa de cristais para uma dada massa de carga inicial de concentração conhecida e a espécie de cristais precipitados - (Balanço de massa apropriado). Nos problemas de cristalização que envolvem balanços de energia, como aqueles nos quais existe vaporização, ou aqueles nos quais não se conhece a temperatura final de um cristalizador adiabático, é preciso dispor de dados de solubilidade e também de entalpia. Nestes casos, o diagrama conveniente é o de entalpia-composição. BALANÇOS DE MASSA E DE ENERGIA NOS CRISTALIZADORES O balanço de massa dará o rendimento do processo – a massa dos cristais formados a partir de certa massa da solução. Admitindo que este processo opera em estado permanente, com a carga líquida inicial e o magma do produto contendo os cristais e a solução característicos do conteúdo do cristalizador, o balanço de massa do soluto pode ser escrito: so lu to n a ca rg a = so lu to n o s cr is ta is d o p ro d u to + so lu to n a so lu çã o d o p ro d u to ' ' ' 1 a h a F F h h M M M F x C F x V C X M M ' ' ' ' 1 F F h a a h h F x V X F x C M M M X M M A Equação (1) pode ser reescrita: Onde: C – massa dos cristais no magma produzido por unidade de tempo Ma – massa molecular do soluto anidro Mh – massa molecular do cristal hidratado xF - fração mássica do soluto anidro na carga X’ - solubilidade do material na temperatura do produto expressa como a razão ponderal do sal anidro para o solvente F – massa total da carga por unidade de tempo V – evaporação em unidades de massa do solvente por unidade de tempo Este balanço de massa é aplicável a todas as unidades de cristalização a estágio simples ou a unidade multiestágios de onde se retira o produto líquido-sólido ou apenas um deles. No cálculo do soluto na solução final, deve-se levar em conta o solvente perdido por evaporação e o solvente perdido como água de cristalização. A velocidade de cristalização depende de quatro fatores: Viscosidade - A viscosidade diminui à medida que se aumenta a temperatura do mel a cristalizar. E, quanto maior for a viscosidade do mel, mais lenta será a cristalização. Temperatura - a temperatura reduz a viscosidade e, portanto, aumenta a velocidade de cristalização. É por esse motivo que fazemos a cristalizaçãoa 70ºC como forma de reduzir um pouco o efeito da viscosidade durante a formação dos cristais. Supersaturação - A velocidade de absorção dos cristais é maior à medida que aumenta a supersaturação. Pureza - A velocidade de cristalização diminui bastante à medida que diminui a pureza do licor mãe (mel que envolve os cristais). Reatores e equipamentos Os reatores empregados na cristalização podem ser visualizados como tanques de dimensões adequadas, com dispositivos que facilitem a troca de calor e a agitação. A retirada física dos cristais da solução pode ocorrer por filtração, mas a decantação é um método industrial muito interessante. Assim, filtros e decantadores também são utilizados nestas operações. Para se evitar que a solução que molha os cristais recuperados contamine o produto pode-se lavá-los (num passo intermediário); para isso é interessante que eles tenham dimensões relativamente grandes. Os cristalizadores podem ser classificados convenientemente em termos do método usado para se obter o depósito de partículas. Os grupos são: Cristalizadores que conseguem a precipitação mediante o resfriamento de uma solução concentrada e quente. Neste grupo estão os resfriadores de tabuleiro, os cristalizadores descontínuos com agitação e o cristalizador contínuo Swenson-Walker. Cristalizadores que conseguem a precipitação mediante a evaporação de uma solução. Neste grupo estão os evaporadores no qual a cristalização e também a evaporação ocorrem simultaneamente: são os evaporadores-cristalizadores, os cristalizadores com tubo de tiragem e os cristalizadores Oslo. Cristalizadores que conseguem a precipitação pela evaporação adiabática e pelo resfriamento. Neste grupo estão os cristalizadores a vácuo. EQUIPAMENTOS DE CRISTALIZAÇÃO A escolha de cristalizadores depende da economia de cada situação particular e das limitações impostas sobre o produto pelas condições gerais do mercado. Cristalizadores que conseguem a precipitação mediante o resfriamento de uma solução concentrada: Cristalizadores descontínuos sem agitação; Cristalizadores descontínuos com agitação; Cristalizador contínuo Swenson-Walker. Exemplos: Raramente usados; Ocupam muito espaço; Produtos de baixa qualidade; Exige muita mão-de-obra. Contêm serpentinas de resfriamento; Baixo custo de instalação; Operação simples; Baixa capacidade. Cristalizadores descontínuos sem agitação: Cristalizadores descontínuos com agitação: Cristalizador de resfriamento com operação contínua; • consiste de uma calha grande semicilíndrica, com 24 in de largura e 10 ft de comprimento; • possui uma camisa de água de resfriamento; • possui um misturador de fitas que gira a cerca de 7 rpm. Cristalizador contínuo Swenson-Walker A solução quente, concentrada, é introduzida continuamente numa das extremidades do cristalizador e flui lentamente para a outra extremidade enquanto vai sendo resfriada. Princípio de Funcionamento do Cristalizador Swenson-Walker Função do agitador: Raspar os cristais das paredes frias da unidade e agitar os cristais na solução, de modo que a precipitação ocorre principalmente pelo acúmulo de material sobre os cristais formados anteriormente, em lugar de ser fruto da formação de novos cristais. Cristalizador Oslo Figura – Cristalizador Krystal para a produção de sulfato de amônio. O equipamento é um evaporador com circulação forçada, com um calefator externo contendo uma combinação de filtro para o sal e de classificador de partículas no fundo do corpo do evaporador. A unidade é especialmente adaptada para produção de cristais uniformes, grandes, que são usualmente um tanto arredondas. O fluxo de líquido ascende pelo aquecedor externo. O tubo de escoamento, que transpassa o corpo do cristalizador, vai até o fundo do coletor e classificador de cristais. As partículas maiores são as que atingem o fundo do classificador. Os cristais finos e a solução saturada saem pelo topo do leito e são reciclados. Cristalizador a vácuo Podem ser operadas continuamente em um ou mais de um estágio, ou podem ser operadas descontinuamente. Na cristalização a vácuo em operação contínua, a solução salina aquecida é enviada a um vaso que opera sob vácuo, onde ocorre a evaporação do solvente (pela redução da pressão) e a conseqüente queda de temperatura - dessa forma, cristais do soluto são produzidos pelo aumento da concentração e também pela redução da temperatura. O incrustamento das paredes do cristalizador cria depósitos, que conduzem as seguintes consequências ao processo: Necessidades de uma limpeza da instalação, que é muito penalizante para instalações que funcionam de modo continuo; Diminuição da produtividade por transferência térmica do aparelho; Dificuldades de saída e entupimento do depósito interveniente dos elementos de saída e tubagens de transferência. Temos assim dois tipos de incrustamento possível: Incrustamento sobre a parede fria, em que há uma nucleação primária heterogénea e crescimento dos núcleos sobre a parede de arrefecimento; Depósito de cristais em zonas mal agitadas provoca o assentamento para criar a sobressaturação. Este problema resulta de uma má agitação, tem-se assim que aumentar o grau de homogeneidade do cristalizador. Diagrama de Bloco do Processo de Fabricação do Açúcar
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