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HISTÓRIA DA BOLÍVIA

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HISTÓRIA DA BOLÍVIA
Por ocasião da independência da região antes conhecida como Alto Peru, o nome Bolívia foi dado à nova república em homenagem a Simón Bolívar, o Libertador.
A Bolívia situa-se no coração da América do Sul. Com uma extensão de 1.098.581km2,   tem fronteiras a norte e a leste com o Brasil, a sudeste com o Paraguai, ao sul com a Argentina, a sudoeste com o Chile e a oeste com o Peru. A capital do país é Sucre, mas a sede do governo fica em La Paz.
Vários séculos antes da conquista espanhola, o altiplano boliviano era densamente povoado, desde o século VII, tornara-se o centro da cultura de Tiahuanaco, primeiro império andino que dominou os planaltos e a costa do Peru. Por volta do século XI, a região foi dividida em estados mais modestos, que mantiveram, porém, a mesma densidade demográfica e seu elevado padrão de civilização. No século XV, estava dividido em 12 nações de índios aimarás, que lutaram contra os quíchuas de Cuzco pelo controle da região. Embora os quíchuas tenham sido os vencedores, os aimarás converteram-se no principal grupo não-quíchua do império incaico. Como parte da política incaica de colonização, colonos quíchuas estabeleceram-se no território. Desde então o quíchua e o aimará são as duas principais línguas ameríndias da Bolívia.
Período colonial. A partir da conquista, os vales andinos do sul da Bolívia e o planalto central se converteram no núcleo da dominação espanhola, que se organizou em torno das grandes minas de prata de Potosí e das que mais tarde foram descobertas nas imediações da cidade de Oruro. Para a sua exploração era empregada a abundante mão-de-obra indígena. Foram então fundadas cidades para o abastecimento das áreas de mineração: Chuquisaca (hoje Sucre), em 1538, La Paz (1548) e Villa de Oropeza (hoje Cochabamba, 1571). Essa região andina, na época conhecida como Charcas ou Alto Peru, foi uma das mais ricas e mais densamente povoadas do império espanhol na América. Trabalhavam nas minas índios de toda a zona dos Andes, submetidos a um sistema de divisão forçada de trabalho denominado mita, também aplicado à agricultura e ao comércio. Nas duas últimas décadas do século XVIII, entrou em decadência a mineração da prata, em conseqüência do esgotamento dos veios mais acessíveis e ricos, do atraso das técnicas de extração e do desvio dos investimentos para o comércio internacional. Foi então que o centro intelectual e político da região se deslocou para Chuquisaca. As revoltas de Chuquisaca e de La Paz iniciaram as guerras de independência sul-americanas, embora tenha sido o Alto Peru a última região importante a se libertar do domínio espanhol. Depois da vitória de Antonio José de Sucre sobre as forças espanholas, em 1824, uma assembléia reunida em Chuquisaca em 6 de agosto de 1825 declarou o país independente. O nome escolhido foi República Bolívar, em homenagem a Simón Bolívar, mas posteriormente prevaleceu o de Bolívia. Sucre ocupou a presidência.
Independência e república. Foi a partir da independência que a Bolívia perdeu sua posição de potência econômica da América hispânica, ocupada por países do rio da Prata e pelo Chile, produtores de carne e de cereais. Além da sangria causada pela guerra, a Bolívia tinha necessidade de importar alimentos e, ao contrário de seus vizinhos, não dispunha de uma suficiente atividade comercial para financiar os gastos públicos, vendo-se forçada a recolher impostos de camponeses cada vez mais empobrecidos. No terreno político, essa situação econômica se traduziu numa sucessão de governos militares, entre os quais se destacou o marechal Andrés Santa Cruz, partidário da união com o Peru, que tomou forma de confederação em 1836 e se dissolveu em 1839, depois de uma guerra com o Chile. A partir dessa época os esforços se concentraram na integração das diversas regiões bolivianas, o que não foi alcançado por falta de recursos materiais e humanos. O reduzido capital do país era investido na mineração, o que fazia com que os demais setores só pudessem contar com capital estrangeiro.
Por volta de 1840 começaram a ser deslocados capitais anglo-chilenos para a exploração do guano da então província boliviana de Atacama, na costa do Pacífico. Na década de 1860, o investimento externo permitiu uma retomada da mineração, favorecida por novas tecnologias e pelas boas condições do comércio internacional da prata. Com a descoberta de nitratos na costa boliviana do Pacífico, a pressão chilena se intensificou. Por via diplomática, o Chile conseguiu concessões comerciais em território boliviano, mas em 1879, quando o governo boliviano tentou aumentar os impostos cobrados às companhias chilenas dedicadas à exploração de nitratos em seu território, o Chile invadiu a Bolívia, iniciando-se a guerra, na qual em 1873 o Peru se aliou à Bolívia. A guerra do Pacífico terminou em 1880, com a vitória do Chile na batalha de Tacna. A Bolívia perdeu seus territórios da costa do Pacífico e as possibilidades de comunicação e comércio com o exterior que estes ofereciam.
Entre 1880 e 1920, o país viveu um período de governos civis, iniciado com o do presidente Narciso Campero. De 1884 a 1899 o Partido Conservador se manteve no poder, até ser substituído pelo Liberal. O Conservador era ligado à elite de Chuquisaca, aos magnatas da prata. Ao tempo em que estiveram à frente do governo, os conservadores favoreceram a mineração, por meio do desenvolvimento de uma rede ferroviária internacional. Nessa mesma época entrou em declínio a mineração da prata e começou a surgir a do estanho, que só veio a adquirir importância econômica no final do século XIX. Por volta de 1900, o estanho representava mais da metade do valor das exportações bolivianas. Ao contrário do que ocorria com a mineração da prata, a do estanho era de propriedade internacional, absorvia grandes capitais e era muito produtiva.
O Partido Liberal, que governou de 1899 a 1920, tinha sua força máxima em La Paz, e seus dirigentes não faziam parte da oligarquia das minas. Sua ascensão coincidiu com o apogeu do estanho. A primeira tarefa enfrentada pelos governantes liberais foi a de buscar solução para problemas de fronteira. Em 1903 assinou-se o Tratado de Petrópolis, pelo qual era entregue ao Brasil o território do Acre, onde ocorrera uma rebelião autonomista com apoio brasileiro, na época mais produtiva da exploração da borracha. No ano seguinte, o país assinou com o Chile um tratado de paz que estabelecia a aceitação da perda dos territórios costeiros. Com as indenizações decorrentes dos dois acordos, foi iniciada uma etapa de ampla expansão ferroviária.
Por volta de 1920, estradas de ferro uniam a maioria das principais cidades bolivianas. La Paz estava ligada aos portos chilenos de Antofagasta e Arica, e novas linhas foram estendidas tanto para o lago Titicaca e a fronteira peruana quanto para Tarija e os limites com a Argentina. A etapa do governo liberal foi a mais tranqüila da história boliviana, dominada pela figura de Ismael Montes, que foi presidente em duas ocasiões. O êxito do Partido Liberal acarretou a divisão dos conservadores. O genuíno sistema bipartidarista não foi restabelecido senão em 1914, com a integração de políticos de diversas tendências no Partido Republicano.
Em 1920 os republicanos chegaram ao poder, mediante um golpe de estado incruento. No plano político ocorreu, no interior do partido governante, uma luta entre as facções de Juan Bautista Saavedra e Daniel Salamanca. A situação econômica passou por alterações. Depois da primeira guerra mundial, a indústria do estanho recuperou-se espetacularmente e em 1929 alcançou seu máximo volume de produção. Os preços, no entanto, passaram a cair com extrema rapidez e em 1930 ocorreu uma grave crise no setor. A época dos grandes investimentos tinha terminado.
Radicalismo. Um ano depois da revolta de 1930, Daniel Salamanca ocupou a presidência. As alterações mais importantes que promoveu foram relativas à situação econômica: a crise econômica mundial causara redução das rendas nacionais e o fechamento de grandeparte das minas. Para fazer frente ao mal-estar social e à oposição política, desviou-se a opinião pública para o exterior, iniciando-se um conflito de fronteiras com o Paraguai, pela posse do Chaco Boreal. A guerra durou de 1932 a 1935 e causou grandes perdas humanas e territoriais. A derrota do Exército boliviano, tido como mais bem preparado, provocou grande frustração nacional e uma profunda desconfiança frente aos poderes econômicos, às hierarquias políticas e militares. Desse descontentamento surgiram novos partidos, de caráter socialista e radical. Em 1936 foi instaurado o primeiro governo militar desde 1880, formado por veteranos da guerra do Chaco, representantes do que era chamado socialismo militar. As tentativas de reforma social tomaram corpo no confisco das explorações de petróleo pela empresa Standard Oil, na criação de leis trabalhistas e na promulgação, em 1938, de uma constituição progressista.
Na década de 1940 surgiram dois importantes partidos, o Movimiento Nacionalista Revolucionario (MNR) e o Partido de Izquierda Revolucionaria (PIR), o primeiro dos quais de orientação inicial fascista, e o segundo, marxista. Depois de várias revoltas violentas, o MNR chegou ao poder apoiado por camponeses e mineiros, quando já estava afastado de sua ala fascista e tinha incorporado a seus quadros o líder mineiro Juan Lechín.
Em abril de 1952 teve início a chamada revolução nacional boliviana. Em outubro do mesmo ano foram nacionalizadas as principais empresas mineradoras e criou-se um órgão público para administrá-las. Em agosto do ano seguinte teve início uma ambiciosa reforma agrária e foi abolido o regime de servidão dos índios, que receberam lotes de terras provenientes da fragmentação dos latifúndios. Instituiu-se o voto universal e foram criadas uma central sindical, e milícias de camponeses e operários.
Víctor Paz Estenssoro, líder do MNR, governou de 1952 a 1956 e pôs em prática a parte mais revolucionária do programa do partido. Os Estados Unidos, que durante a segunda guerra mundial tinham sido os únicos compradores do estanho boliviano e depois se converteram em donos do mercado internacional, tardaram em reconhecer o novo governo, mas finalmente lhe prestaram ajuda financeira e técnica, por temor da influência comunista e anarquista. Em 1956, chegou à presidência Hernán Siles Suazo, que levou a cabo uma política de estabilização econômica apoiada pelos Estados Unidos. Interrompeu-se a implementação dos aspectos socialmente mais avançados do programa revolucionário e iniciou-se a reconstrução do exército para equilibrar o peso das milícias populares, à medida que o governo se afastava dos mineiros. Em 1960, voltou à presidência Paz Estenssoro, que manteve a política moderada de seu antecessor.
O general René Barrientos, vice-presidente, assumiu o poder em 1964, dando início a uma nova fase de governos militares. Destruiu quase por completo a oposição sindical e até sua morte, em 1969, manteve restrições políticas e diretrizes econômicas conservadoras. Foi durante seu mandato que a guerrilha de Ernesto "Che" Guevara no país viu-se perseguida e subjugada.
Em 1971, o governo foi tomado pelo general Hugo Banzer Suárez, que enfrentou o movimento operário, determinou a ocupação das minas pelo Exército, suspendeu os direitos civis e proibiu o funcionamento dos sindicatos camponeses. A economia, contudo, experimentou um crescimento sem precedentes, favorecida pela elevação dos preços do estanho no mercado mundial e pelos efeitos de algumas das transformações básicas iniciadas em 1952, que tendiam a limitar o peso do minério na economia do país e propiciavam o surgimento de uma agricultura voltada para a exportação.
Banzer afastou-se em 1978 e poucos meses mais tarde assumiu o governo uma junta militar, no meio de caótica situação financeira. Siles Suazo, eleito presidente pelo Congresso em 1982, iniciou um programa de austeridade econômica que causou profundo mal-estar em amplos setores da população. Em 1984 foi seqüestrado pelos militares de direita, mas a tentativa de golpe fracassou.
Em junho de 1985 Paz Estenssoro foi eleito presidente. Sua política de contenção dos salários e dos gastos públicos fez baixar a inflação, que em meados da década de 1980 chegara a 24.000%, para cinco por cento ao fim de seu governo. Em 1989 sucedeu-lhe no poder o sobrinho Jaime Paz Zamora, membro do grupo oposicionista Movimiento de Izquierda Revolucionaria.

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