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Título 
Introdução ao Estudo do Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
4 
Tema 
Fundamentos do Direito 
Objetivos 
·   Introduzir as diversas concepções acerca do direito natural; 
·   Discorrer a respeito das correntes jusnaturalistas; 
·   Apresentar o movimento positivista jurídico e sua polêmica com os jusnaturalistas; 
·   Explicitar os postulados kelsenianos do normativismo jurídico; 
·   Apontar as críticas formuladas à teoria pura do Direito; 
·   Discorrer sobre o culturalismo jurídico e a Teoria Tridimensional do Direito.   
 
Fundamentos do Direito 
1.   A ideia do Direito Natural. O jusnaturalismo; 
2.   O Positivismo Jurídico; 
3.    
4. Crítica à Teoria Pura do Direito; 
5. A estrutura tridimensional do Direito. 
  
Referências bibliográficas: 
  
  
NADER, Paulo .Introdução ao estudo do direito .30. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro:Forense, 2008. ISBN 9788530926373 
  
Nome do capítulo: Capítulo XXXVII  A ideia do direito natural 
N. de páginas do capítulo: 10  
  
Livro:REALE, Miguel. Lições preliminares de direito .27. ed. Ajustada ao novo Código Civil, São Paulo: Saraiva,  2009.  ISBN  8502041266 
  
Nome do capítulo: Capítulo VI  Conceito de Direito -  sua estrutura tridimensional. 
N. de páginas do capítulo: 5  
  
Poderão ser utilizados os seguintes Métodos e Técnicas Didáticas Individuais: 
  
Leitura Dirigida -  É o acompanhamento pelo grupo da leitura de um texto. O professor fornece, previamente, ao grupo uma ideia do assunto a ser lido. A leitura é feita 
individualmente pelos participantes, e comentada a cada passo, com supervisão do professor. Finalmente, o professor dá um resumo, ressaltando os pontos chaves a serem 
observados. 
  
Solução de Problemas  - Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática. 
 
  
Sugerimos ao professor que introduza o tema a partir da ideia de direito natural e como foi sendo desenvolvido pelas diversas correntes do pensamento jusnaturalista. 
Pode-se iniciar a partir da afirmação de que a Teoria do Direito natural é muito antiga, estando presente na literatura jurídica ocidental desde a aurora da Civilização 
Europeia. Na descoberta ateniense do homem, parece encontrar-se a semente desse movimento, que atende ao anseio comum, em todos os tempos, a todo os homens, por 
um direito mais justo, mais perfeito, capaz de protegê-los contra o arbítrio do governo. 
Considerado expressão da natureza humana ou deduzível dos princípios da razão, o direito natural foi sempre tido, pelos defensores desta teoria, como superior ao direito 
res publica) assim era 
concebido. Direito que, através dos tempos, tem influenciado reformas jurídicas e políticas, que deram novos rumos às ordens políticas europeia e norte -americana, como, 
Lê-
encontrar a sua presença na Declaração Universal dos Direitos (1948) da ONU. 
Assim, o jusnaturalismo é a corrente tradicional do pensamento jurídico, que defende a vigência e a validade de um direito superior ao direito positivo. Corrente que se tem 
-
direito natural como direito justo por natureza, independente da vontade do legislador, derivado da natureza humana (jusnaturalismo) ou dos princípios da razão 
 
  
O ponto comum entre as diversas correntes do direito natural tem sido a convicção de que, além do direito escrito, há uma outra ordem, superior àquela e que é a 
expressão do Direito justo. É a ideia do direito perfeito e por isso deve servir de modelo para o legislador. É o direito ideal, mas ideal não no sentido utópico, mas um ideal 
alcançável. A divergência maior na conceituação do Direito natural está centralizada na origem e fundamentação desse direito. O pensamento predominante na atualidade é 
o de que o Direito natural se fundamenta na natureza humana. 
  
Tradicionalmente os autores indicam três caracteres para o direito natural: ser eterno, imutável e universal; isto porque, sendo a natureza humana a grande fonte desses 
direitos, ela é, fundamentalmente, a mesma em todos os tempos e lugares. 
O Direito Natural persegue a justiça e inspira o Direito Positivo, que está ligado a um lugar e a um tempo. 
  
Ex: O conceito de justiça do Empregador é completamente diferente do conceito de justiça do empregado. 
de caráter universal, eterno e imutável. (Paulo Nader). 
  
O Positivismo Jurídico 
Em relação ao Positivismo jurídico, sugerimos que o professor comente com a turma que esse é a manifestação, no campo do direito, do positivismo, ou seja, da doutrina de 
Comte, na forma apresentada no seu Cours de Philosophie Positive. Dando grande importância à ciência no progresso do saber, restringindo o objeto da ciência e da filosofia 
 
  
No domínio jurídico, pondo de lado a metafísica, definindo o direito positivo como fato, passível de estudo científico, fundado em dados reais, o positivismo jurídico tornou -se 
a doutrina do direito positivo. Nesse sentido tem razão Bobbio, quando diz ser o positivismo jurídico a corrente do pensamento jurídico para a qual ?não existe outro direito 
senão aquele positivo?. Consequentemente, opõe- 
  
-na pela Teoria Geral do Direito, 
idealizada pelos alemães, ou pela Analytical Jurisprudence 
  
Fora da experiência, do fato ou do direito positivo, direito algum existe para o Positivismo Jurídico, que se caracteriza por identificar o direito positivo com o direito estatal 
natural; por ser antijusracionalista, negando o poder legislativo da razão, encontrando somente na vontade do legislador ou do juiz, manifestada na sentença, a fonte 
imediata do direito, e por afastar os valores e o direito natural da ciência jurídica e da filosofia do direito, reduzida à síntese dos resultados da ciência do direito.  
Identificando o direito com a lei ou com o código, com os precedentes judiciais, ou ainda, com o direito estatal, escrito ou não escrito, o positivismo jurídico resultou, na 
França, no culto da vontade do legislador e dos códigos, considerados sem lacunas.  
  
Desse culto, resultou a escola de exegese, apegada aos textos, defendendo a subordinação do juiz à vontade do legislador. Já o positivismo jurídico alemão, acolhendo as 
lições do historicismo jurídico, não se preocupou com as relações do direito com o legislador, mas em delinear a teoria do direito positivo, que, partindo dos direitos 
históricos, acabasse formulando as noções jurídicas fundamentais.  
 
-se todas as teorias que consideram expressar o direito a vontade do legislador, definindo-o como comando e reduzindo-o ao direito do 
Estado. Esse positivismo tem sido rotulado de positivismo estatal ou positivismo normativista, por dar preponderância à lei sobre as demais fontes do direito ou ao 
Estado, manifestação, portanto, de sua vontade.  
  
O positivismo se caracteriza, portanto, por ser antimetafísico e antijusnaturalista, por ser empirista, por afastar do estudo científico do direito os valores e por considerar o 
direito positivo o único objeto da Filosofia e Ciências jurídicas. As várias formas de positivismo encontram no fato social, na autoridade, nas razões de Estado, no poder ou 
nas necessidades decorrentes das relações humanas o fundamento do direito. 
  
Francesco Carnelutti  situa o positivismo como um meio-termo entre dois extremos: o materialismo e o idealismo. Para o materialismo, a realidade está na matéria, 
-se distante da polêmica. Ele 
-a irrelevante para os fins da ciência. 
  
Para o positivismo jurídico só existe uma ordem jurídica: a comandada pelo Estado e que é soberana. Eis, na opinião de Eisnmann, um dos críticos atuais do Direito Natural, 
positivismo jurídico se satisfaz plenamente com o ser do Direito Positivo, sem cogitar sobre a forma ideal do Direito, sobre o dever -ser jurídico. Assim, para o positivista, a 
lei assume a condição de único valor. 
  
-se alheio à sorte doshomens. O direito não se compõe exclusivamente de normas, como pretende essa corrente. As regras 
-se tão somente ao concreto, 
ao materializado. Os limites concedidos ao direito foram muito estreitos, acanhados, para conterem toda a grandeza e importância que ele encerra. A lei não pode abarcar 
todo o jus . A lei, sem condicionantes, é uma arma para o bem ou para o mal. Como sabiamente salientou Carlenutti , assim como não há verdades sem germes de erros, 
 
  
O Normativismo Jurídico (A Teoria Pura do Direito) 
  
A Teoria Pura do Direito (Normativismo Jurídico) 
  
Direito, os ideais de toda a ciência: objetividade e exatidão. É com esses termos que o autor apresenta a primeira edição de sua obra mais conhecida. Para alcançar tais 
objetivos, Kelsen propõe uma depuração do objeto da ciência jurídica, como medida, inclusive, de garantir autonomia científica para a disciplina jurídica, que, segundo ele, 
 
A ousadia do pensamento kelseniano, desqualificando a importância do jusnaturalismo como teoria válida para o direito e pretendendo dar caráter definitivo ao monismo 
jurídico estatal, fez de Kelsen o alvo preferido das teorias críticas no Direito, inconformadas com os déficits éticos do pensamento jurídico assim purificado e com o 
consequente desinteresse dos juristas em realizar cientificamente um direito atrelado a critérios de legitimidade não apenas formais. 
  
Ocorre que, atuando no marco do paradigma positivista, não poderia ser diferente o projeto kelseniano: uma ciência das normas que atingisse seus objetivos 
epistemológicos de neutralidade e objetividade. Era preciso expulsar do ambiente científico os juízos de valor, aliás como já   haviam feito as demais disciplinas científicas. O 
plano da teoria Pura era, assim, atingir a autonomia disciplinar para a ciência jurídica. Essa é a grande importância de seu pensamento, isto é, seu caráter paradigmático. E 
se de fato estamos vivendo um novo momento de transição paradigmática, nada melhor do que bem compreender as bases desse paradigma que se transforma. Esse é o 
objetivo deste texto e, para tanto, iremos analisar a formulação de Kelsen, na Teoria Pura, da relação entre ciência e direito, procurando, a partir de uma perspectiva crítica 
ao positivismo que a caracteriza, vislumbrar as limitações dessa formulação. A relação entre direito e ciência na Teoria Pura do Direito de Kelsen começa pela definição do 
objeto da ciência do direito, que para ele é constituído, em primeiro lugar, pelas normas jurídicas e mediatamente pelo conteúdo dessas normas, ou seja, pela conduta 
humana regulada por estas. Assim, enquanto se estudam as normas reguladoras da conduta, o Direito como um sistema de normas em vigor, fica-se no campo de uma 
teoria estática do Direito. Por outro lado, se o objeto do estudo desloca-se para a conduta humana regulada (atos de produção, aplicação ou observância determinados por 
normas jurídicas), o processo jurídico em seu movimento de criação e aplicação, realiza-se o que ele chama de teoria dinâmica do Direito. Esse dualismo, entretanto, é 
apenas aparente, já que a dinâmica está subordinada à estática por uma relação de validade formal, pois os atos da conduta humana que desencadeiam o movimento do 
Direito são, eles próprios, conteúdo de normas jurídicas, e só nesta medida é que interessam para o estudo da ciência jurídica. 
Kelsen apresenta o ordenamento jurídico positivo - conjunto das normas válidas - como uma pirâmide de normas, onde se articulam o aspecto estático e o aspecto dinâmico 
do Direito. A noção de validade formal é o elemento que integra esses dois aspectos, pois, nesse arranjo, cada norma retira de uma outra, que lhe é superior, na escala 
hierárquica do ordenamento jurídico, a sua existência e validade. Assim, por exemplo, no momento em que é criada ou aplicada (dinâmica), para que seja considerada 
válida a norma, é preciso verificar se as condições de sua produção ou aplicação (capacidade e/ou competência dos agentes, além do procedimento de produção e 
validade é o que Kelsen chama de norma fundamental - pressuposto lógico do sistema normativo. 
  
-ser) 
 
Segundo Kelsen, o que se denomina princípio da imputação(responsabilização) tem, nas proposições jurídicas, função análoga à do princípio da causalidade em relação às 
(imputação). A diferença consiste, no entanto, no fato de que, na proposição da ciência jurídica, a ligação entre os elementos fáticos (conduta como pressuposto e 
ou social desses fatos, qualificando imperativamente as condutas a que se refere (atribuindo responsabilidades, conferindo poderes, ou interditando condutas). Mesmo assim, 
tais relações jurídicas, uma vez constituídas por essa imperatividade formalmente autorizada, devem ser apenas descritas pelo cientista, na medida em que compõem uma 
relação de imputabilidade.(8) O conteúdo das normas (fatos e valores) deve permanecer intocado. 
 
Criticam-
- saber se esta é ou não vivenciada como regra social  -, pois aí estaria forçada a emitir juízos da ordem do ser, 
juízos sobre a realidade. Assim, segundo ele, não cabe à ciência jurídica dizer se uma norma é ou não justa, ou se é ou não obedecida, mas sim se é válida formalmente, se 
tem vigência. 
Kelsen ressalva, ou alerta, que embora se utilize da expressão dever-ẅśẁổ Ų ẅśŧΆŕŲ ŕśẅẅĂ śηǿẁśẅẅĎŲ ⅞ẁĂν ŧĂ ǿẁŲǿŲẅīŇĎŲ ŕĂ ľīŤŧľīĂ ŅΡẁĭŕīľĂ ΡŦ ľĂẁĄ⅞śẁ ŦśẁĂŦśŧ⅞ś ŕśẅľẁīΆήŲổ 
ainda que o objeto dessa descrição - a norma jurídica - não seja um fato da ordem do ser, mas também um dever-ser. O jurista científico - afirma - apenas descreve o 
- enfatiza Kelsen - são uma descrição alheia a valores. 
-ser), mas apenas a sua 
descrição científica. 
durante a leitura, em que não se sabe bem de que lado está o quê, principalmente quando Kelsen recorre à analogia com as ciências naturais para justificar as funções que 
-
ser): nesse momento a norma jurídica equipara-se a um objeto reificado, uma coisa a ser descrita, um dever-ser -que é válido formalmente - ressalte-se. Mas aqui reside a 
primeira confusão, pois para ele, embora sejam realidades ontologicamente diversas, prestam-se ao mesmo tipo de apreensão cognitiva, isto é, podem ser descritas pelo 
conhecimento científico, desde que, entretanto, sejam aplicados princípios explicativos diferentes: causalidade e imputação. Portanto, são ciências diferentes, peculiares, mas 
comungam da mesma metodologia positivista. 
  
A moldura interpretativa kelseniana 
A moldura interpretativa é a maior criação do pensamento kelseniano nessa matéria e foi elaborada para solucionar os casos de indeterminação das leis. 
Segundo Kelsen, ?o Direito a aplicar forma, em todas estas hipóteses, uma moldura dentro da qual existem várias possibilidades de aplicação, pelo que é conforme ao 
Direito todo ato que se mantenha dentro desse quadro ou moldura, que preencha esta moldura em qualquer sentido possível?. Kelsen considera que a norma superior forma 
uma moldura determinante de um campo de ação para a norma inferior, onde há várias possibilidades legais de aplicação do direito. Pode -se visualizar a moldura como uma 
figura geométrica, dentro da qual cabe ao órgão aplicador do direito escolher dentro das possibilidades oferecidas previamente pela norma superior. 
E como é estabelecida claramente a moldura? Ela é determinada através de um ato objetivo do órgão aplicador, com a finalidade de conhecer a moldura e as alternativas 
que lhe são oferecidas. Só posteriormente, no momento de escolher qual dos caminhos a seguir e transformar a escolha em direito positivo, é que o intérprete realizaria um 
ato voluntarístico de caráter subjetivo. 
Em suma: num primeiro momento, o intérprete manter-se-ia neutro, realizando um ato meramente cognoscitivo (desprovido de vontade) para conhecer a moldura e as 
possibilidades de sua ação. Posteriormente, através de uma volição, o intérprete escolheria qual o caminho a seguir e aplicaria o direito. 
  
  
Críticasao Normativismo Jurídico 
  
O processo de conhecimento do direito  como ato ideológico do intérprete 
  
Todas as críticas à teoria da interpretação positivista do direito baseiam-se na nossa concepção do ato intelectivo (ato através do qual conhecemos as coisas), que é 
diferente da concepção kelseniana. Segundo Kelsen, o ato cognoscitivo tem um caráter de objetividade e sua função é ?determinar? as coisas, sem interferência do agente. 
Equivale a uma apreensão objetiva da coisa examinada. 
Em opinião diversa, não só o ato voluntarístico, mas também o ato intelectivo está impregnado de ideologia (significando aqui um conjunto de ideias, crenças, valores etc., 
que forma a cultura de cada indivíduo), pois ela acompanha o homem desde o instante em que ele nasce até o momento de sua morte. 
Quando o sujeito realiza um ato de cognição, imprime, nos espaços axiológicos indeterminados ou lacunosos do objeto a conhecer, a sua ideologia. Isso ocorre 
principalmente nos objetos construídos pelo homem, em contraposição aos objetos dados pela natureza, pois o construído possui uma finalidade de ser, que é um valor, e 
por isso suscetível de invasão da ideologia do ser que promove o ato de conhecer. 
Tobias Barreto já dizia que o Direito não é produto do céu, mas sim da criação da cultura humana; ele é enquanto deve-ser, isto é, o Direito é uma realidade ontológica, mas 
com uma finalidade deontológica. 
Porém, o que mais contribui para transformar as normas jurídicas em terreno propício ao ataque ideológico é o seu meio de expressão: a linguagem. 
A linguagem jurídica está repleta de termos vagos e ambíguos, o que causa debates acerca do significado correto de cada palavra. Todos os conceitos têm uma certa fluidez, 
não havendo conceitos prontos, acabados e imutáveis. 
  
A impossibilidade de uma neutralidade pura do cientista do direito 
Da argumentação exposta, segue que a concepção de Kelsen sobre o caráter e o papel do estudioso do Direito não pode ser aceita. Kelsen defende que o cientista deve ter 
o caráter de absoluta neutralidade perante o Direito, e que seu papel é o de determinar cognoscitivamente 
as possíveis interpretações da norma superior. 
De fato, seria muito bom se a realidade fosse simples e modelada conforme o ideal de imparcialidade kelseniano. Porém, o ser humano não é uma máquina; a sua mente é 
um feixe axiológico onde se integram os valores que formam a ideologia do indivíduo. 
O papel do cientista do Direito não é apenas interpretar o direito positivo para ?conhecer? a moldura da norma, como se fosse um mero comentador de Códigos e legislação; 
ele deve também contribuir para a formação de novos significados dos termos indeterminados das normas. A norma não deve ser estudada como uma estrutura 
 
Das críticas feitas, os autores extraem algumas conclusões: 
a)    Não só os atos de vontade, mas também os atos intelectivos estão impregnados do subjetivismo e da ideologia do intérprete; 
b)    -se que o ato de interpretação do cientista do Direito 
 
c)   
formação da moldura. Daí deduz-se que a moldura não pode ser rígida e hermética, sendo maleável e aberta; 
d)   O Direito evolui permanentemente através dos atos contínuos de interpretação e, como prova disto, temos a Jurisprudência dos Tribunais e a doutrina, onde há sempre 
 
  
Finalmente, seria interessante ao professor da disciplina enfatizar a importância de uma moldura maleável e flexível para a evolução do Direito e para a concretização da 
justiça. Devido à maleabilidade da moldura interpretativa, o Direito pode receber contribuições dos mais diferentes matizes ideológicos para o seu processo de permanente 
evolução e pode aspirar a uma verdadeira busca da equidade, aplicando-se ao caso concreto a interpretação possível mais apropriada. 
  
Noções sobre a Teoria Tridimensional do Direito.  
  
O fenômeno jurídico, na lição do mestre Miguel Reale , pode ser considerado sob três aspectos ou dimensões distintos, a saber: fato, valor e norma .  
  
Buscou o jurista demonstrar, em sua tese, que o Direito é uma realidade tridimensional, compreendida, através das seguintes dimensões básicas: fato, valor e norma. Para 
Miguel Reale, os três elementos dimensionais do Direito estão sempre presentes na substância do jurídico, ao mesmo tempo em que são inseparáveis pela realidade 
dinâmica do próprio Direito, formando o contexto do chamado tridimensionalismo ?concreto?, que virtualmente se opõe ao tridimensionalismo ?abstrato? que o antecedeu. 
  
Segundo Reale, há um mundo do ser que aprecia a realidade social como ela de fato é; há um quadro de ideias e valores; e, finalmente, um modelo de sociedade desejado 
(mundo do dever-ser) à medida que a norma deseja reproduzir o ser, podemos afirmar que nos encontramos diante de uma sociedade de essência conservadora; ao 
contrário, quando o dever-ser procura modificar o ser, pode ser entendida como verdadeira a afirmativa de que nos confrontamos com uma sociedade eminentemente 
progressiva. 
O fenômeno jurídico, na lição de Miguel Reale, qualquer que seja a sua forma de expressão, requer a participação dialética, do fato, valor e norma, que são dimensões 
essenciais do direito, elementos complementares da realidade jurídica. 
  
Consequentemente, o Direito não é puro fato, não possui uma estrutura puramente factual, como querem os sociólogos; nem pura norma, como defendem os normativistas; 
nem puro valor, como proclamam os idealistas. Essas visões são parciais e não revelam toda a dimensão do fenômeno jurídico. O Direito congrega todos aqueles 
elementos: ?é fato social na forma que lhe dá uma norma segundo uma ordem de valores?.  
  
Assim, segundo Miguel Reale, em qualquer fenômeno jurídico, há um ?fato subjacente? (fato econômico, geográfico, demográfico, de ordem técnica etc.), sobre o qual incide 
um ?valor? que confere determinado significado a esse fato, inclinando ou determinando a ação dos homens no sentido de atingir ou preservar certa finalidade ou objetivo; 
e, finalmente, uma ?regra ou norma?, que aparece como medida capaz de fazer a integração de um elemento ao outro, ou seja, do fato ao valor. Toda vez que surge uma 
regra jurídica, há certa medida estimativa do fato, que envolve o fato mesmo e o protege. A norma envolve o fato, e, por envolvê-lo, valora-o, mede-o, em seu significado, 
baliza-o em suas consequências, tutela o seu conteúdo, realizando uma mediação entre o valor e o fato. 
 
 
  
  
 
  
O ?Fato? é uma dimensão do Direito, é o acontecimento social que envolve interesses básicos para o homem e que por isso enquadra-se dentro dos assuntos regulados pela 
 
O ?Valor? é o elemento moral do Direito; se toda obra humana é impregnada de sentido ou valor, igualmente o Direito: ele protege e procura realizar valores fundamentais 
da vida social, notadamente, a ordem, a segurança e a justiça (conferindo ao fato determinada significação que deve ser preservada).  
A ?Norma? consiste no padrão de comportamento social imposto aos indivíduos, que devem observá-la em determinadas circunstâncias (relação ou medida que integra o 
fato ao valor) . 
 
  
Ex.: O Direito Cambial (norma) dispõe sobre transação comercial (fato de ordem econômica) e visa assegurar o crédito aposto numa nota promissória ou duplicata (valor).  
  
Ex.: ?Matar alguém? - pena de 6 a 12 anos (norma) - dispõe sobre um fato de matar uma pessoa (fato social) e visa assegurar a vida (bem maior do homem - valor). 
 
Ex.: Os pais devem prestar assistência a seus filhos (norma) - dispõe sobre a proteção aos menores (fato social) e visa assegurar a educação e o bem estar do menor, com 
vistas ao progresso social (valor). 
  
Ex.: ?Aquele que (...) causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano? (norma) - dispõe sobre a proteção dos bens alheios (fato econômico) e visa assegurar esse 
patrimônio (valor). 
 
  
 
  
·   Eficácia      (Fato   =>Ser   =>   Sociologia Jurídica) 
· Vigência     (Norma   =>  Dever Ser  =>  Ciência do Direito) 
·   Fundamento (Valor  => Poder Ser  => Filosofia do Direito) 
  
A Sociologia do Direito ocupa-se do Direito enquanto fato social. 
A Ciência do Direito ocupa-se do Direito enquanto norma. 
A Filosofia do Direito trata dos valores do Direito, dos ideais de justiça que são representados nas normas jurídicas e da finalidade última destas normas. 
 
CASO CONCRETO 
mais cedo em casa sem avisar e descobre que é traído pela esposa, por isso entra em profunda depressão que o leva a perder o emprego e por este motivo deixa de pagar os 
valores acordados. MarceloJosé, com base na Lei 8.245/91 (Lei de Locação), entra com ação de despejo cumulada com cobrança dos alugueres em atraso, recuperando, após 
a decisão do juiz, a posse direta de seu imóvel. 
Após a leitura do texto, responda: 
a)    Qual o fato determinante do despejo de João Otávio? 
 
c)Podemos dizer que esta norma contida na Lei de Locação descreve um fato para preservar um valor? Justifique. 
vÜ9{Ç%h h.W9ÇLë! 
1) Para que haja um fenômeno jurídico é necessário existir fato, valor e  norma. Com a criação da norma, o fato e o valor ficam interligados e entram no mundo jurídico como única 
coisa. O Direito ilumina o fato relevante. 
O disposto acima consagra o seguinte: 
a) Jus Naturalismo; 
b)Jus Positivismo; 
c)Teoria Tridimensional do Direito; 
 
 
 
Plano de Aula: Introdução ao Estudo do Direito 
Estácio de Sá Página 1 / 4
Título 
Introdução ao Estudo do Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
4 
Tema 
Fundamentos do Direito 
Objetivos 
·   Introduzir as diversas concepções acerca do direito natural; 
·   Discorrer a respeito das correntes jusnaturalistas; 
·   Apresentar o movimento positivista jurídico e sua polêmica com os jusnaturalistas; 
·   Explicitar os postulados kelsenianos do normativismo jurídico; 
·   Apontar as críticas formuladas à teoria pura do Direito; 
·   Discorrer sobre o culturalismo jurídico e a Teoria Tridimensional do Direito.   
 
Fundamentos do Direito 
1.   A ideia do Direito Natural. O jusnaturalismo; 
2.   O Positivismo Jurídico; 
3.    
4. Crítica à Teoria Pura do Direito; 
5. A estrutura tridimensional do Direito. 
  
Referências bibliográficas: 
  
  
NADER, Paulo .Introdução ao estudo do direito .30. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro:Forense, 2008. ISBN 9788530926373 
  
Nome do capítulo: Capítulo XXXVII  A ideia do direito natural 
N. de páginas do capítulo: 10  
  
Livro:REALE, Miguel. Lições preliminares de direito .27. ed. Ajustada ao novo Código Civil, São Paulo: Saraiva,  2009.  ISBN  8502041266 
  
Nome do capítulo: Capítulo VI  Conceito de Direito -  sua estrutura tridimensional. 
N. de páginas do capítulo: 5  
  
Poderão ser utilizados os seguintes Métodos e Técnicas Didáticas Individuais: 
  
Leitura Dirigida -  É o acompanhamento pelo grupo da leitura de um texto. O professor fornece, previamente, ao grupo uma ideia do assunto a ser lido. A leitura é feita 
individualmente pelos participantes, e comentada a cada passo, com supervisão do professor. Finalmente, o professor dá um resumo, ressaltando os pontos chaves a serem 
observados. 
  
Solução de Problemas  - Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática. 
 
  
Sugerimos ao professor que introduza o tema a partir da ideia de direito natural e como foi sendo desenvolvido pelas diversas correntes do pensamento jusnaturalista. 
Pode-se iniciar a partir da afirmação de que a Teoria do Direito natural é muito antiga, estando presente na literatura jurídica ocidental desde a aurora da Civilização 
Europeia. Na descoberta ateniense do homem, parece encontrar-se a semente desse movimento, que atende ao anseio comum, em todos os tempos, a todo os homens, por 
um direito mais justo, mais perfeito, capaz de protegê-los contra o arbítrio do governo. 
Considerado expressão da natureza humana ou deduzível dos princípios da razão, o direito natural foi sempre tido, pelos defensores desta teoria, como superior ao direito 
res publica) assim era 
concebido. Direito que, através dos tempos, tem influenciado reformas jurídicas e políticas, que deram novos rumos às ordens políticas europeia e norte -americana, como, 
Lê-
encontrar a sua presença na Declaração Universal dos Direitos (1948) da ONU. 
Assim, o jusnaturalismo é a corrente tradicional do pensamento jurídico, que defende a vigência e a validade de um direito superior ao direito positivo. Corrente que se tem 
-
direito natural como direito justo por natureza, independente da vontade do legislador, derivado da natureza humana (jusnaturalismo) ou dos princípios da razão 
 
  
O ponto comum entre as diversas correntes do direito natural tem sido a convicção de que, além do direito escrito, há uma outra ordem, superior àquela e que é a 
expressão do Direito justo. É a ideia do direito perfeito e por isso deve servir de modelo para o legislador. É o direito ideal, mas ideal não no sentido utópico, mas um ideal 
alcançável. A divergência maior na conceituação do Direito natural está centralizada na origem e fundamentação desse direito. O pensamento predominante na atualidade é 
o de que o Direito natural se fundamenta na natureza humana. 
  
Tradicionalmente os autores indicam três caracteres para o direito natural: ser eterno, imutável e universal; isto porque, sendo a natureza humana a grande fonte desses 
direitos, ela é, fundamentalmente, a mesma em todos os tempos e lugares. 
O Direito Natural persegue a justiça e inspira o Direito Positivo, que está ligado a um lugar e a um tempo. 
  
Ex: O conceito de justiça do Empregador é completamente diferente do conceito de justiça do empregado. 
de caráter universal, eterno e imutável. (Paulo Nader). 
  
O Positivismo Jurídico 
Em relação ao Positivismo jurídico, sugerimos que o professor comente com a turma que esse é a manifestação, no campo do direito, do positivismo, ou seja, da doutrina de 
Comte, na forma apresentada no seu Cours de Philosophie Positive. Dando grande importância à ciência no progresso do saber, restringindo o objeto da ciência e da filosofia 
 
  
No domínio jurídico, pondo de lado a metafísica, definindo o direito positivo como fato, passível de estudo científico, fundado em dados reais, o positivismo jurídico tornou -se 
a doutrina do direito positivo. Nesse sentido tem razão Bobbio, quando diz ser o positivismo jurídico a corrente do pensamento jurídico para a qual ?não existe outro direito 
senão aquele positivo?. Consequentemente, opõe- 
  
-na pela Teoria Geral do Direito, 
idealizada pelos alemães, ou pela Analytical Jurisprudence 
  
Fora da experiência, do fato ou do direito positivo, direito algum existe para o Positivismo Jurídico, que se caracteriza por identificar o direito positivo com o direito estatal 
natural; por ser antijusracionalista, negando o poder legislativo da razão, encontrando somente na vontade do legislador ou do juiz, manifestada na sentença, a fonte 
imediata do direito, e por afastar os valores e o direito natural da ciência jurídica e da filosofia do direito, reduzida à síntese dos resultados da ciência do direito.  
Identificando o direito com a lei ou com o código, com os precedentes judiciais, ou ainda, com o direito estatal, escrito ou não escrito, o positivismo jurídico resultou, na 
França, no culto da vontade do legislador e dos códigos, considerados sem lacunas.  
  
Desse culto, resultou a escola de exegese, apegada aos textos, defendendo a subordinação do juiz à vontade do legislador. Já o positivismo jurídico alemão, acolhendo as 
lições do historicismo jurídico, não se preocupou com as relações do direito com o legislador, mas em delinear a teoria do direitopositivo, que, partindo dos direitos 
históricos, acabasse formulando as noções jurídicas fundamentais.  
 
-se todas as teorias que consideram expressar o direito a vontade do legislador, definindo-o como comando e reduzindo-o ao direito do 
Estado. Esse positivismo tem sido rotulado de positivismo estatal ou positivismo normativista, por dar preponderância à lei sobre as demais fontes do direito ou ao 
Estado, manifestação, portanto, de sua vontade.  
  
O positivismo se caracteriza, portanto, por ser antimetafísico e antijusnaturalista, por ser empirista, por afastar do estudo científico do direito os valores e por considerar o 
direito positivo o único objeto da Filosofia e Ciências jurídicas. As várias formas de positivismo encontram no fato social, na autoridade, nas razões de Estado, no poder ou 
nas necessidades decorrentes das relações humanas o fundamento do direito. 
  
Francesco Carnelutti  situa o positivismo como um meio-termo entre dois extremos: o materialismo e o idealismo. Para o materialismo, a realidade está na matéria, 
-se distante da polêmica. Ele 
-a irrelevante para os fins da ciência. 
  
Para o positivismo jurídico só existe uma ordem jurídica: a comandada pelo Estado e que é soberana. Eis, na opinião de Eisnmann, um dos críticos atuais do Direito Natural, 
positivismo jurídico se satisfaz plenamente com o ser do Direito Positivo, sem cogitar sobre a forma ideal do Direito, sobre o dever -ser jurídico. Assim, para o positivista, a 
lei assume a condição de único valor. 
  
-se alheio à sorte dos homens. O direito não se compõe exclusivamente de normas, como pretende essa corrente. As regras 
-se tão somente ao concreto, 
ao materializado. Os limites concedidos ao direito foram muito estreitos, acanhados, para conterem toda a grandeza e importância que ele encerra. A lei não pode abarcar 
todo o jus . A lei, sem condicionantes, é uma arma para o bem ou para o mal. Como sabiamente salientou Carlenutti , assim como não há verdades sem germes de erros, 
 
  
O Normativismo Jurídico (A Teoria Pura do Direito) 
  
A Teoria Pura do Direito (Normativismo Jurídico) 
  
Direito, os ideais de toda a ciência: objetividade e exatidão. É com esses termos que o autor apresenta a primeira edição de sua obra mais conhecida. Para alcançar tais 
objetivos, Kelsen propõe uma depuração do objeto da ciência jurídica, como medida, inclusive, de garantir autonomia científica para a disciplina jurídica, que, segundo ele, 
 
A ousadia do pensamento kelseniano, desqualificando a importância do jusnaturalismo como teoria válida para o direito e pretendendo dar caráter definitivo ao monismo 
jurídico estatal, fez de Kelsen o alvo preferido das teorias críticas no Direito, inconformadas com os déficits éticos do pensamento jurídico assim purificado e com o 
consequente desinteresse dos juristas em realizar cientificamente um direito atrelado a critérios de legitimidade não apenas formais. 
  
Ocorre que, atuando no marco do paradigma positivista, não poderia ser diferente o projeto kelseniano: uma ciência das normas que atingisse seus objetivos 
epistemológicos de neutralidade e objetividade. Era preciso expulsar do ambiente científico os juízos de valor, aliás como já   haviam feito as demais disciplinas científicas. O 
plano da teoria Pura era, assim, atingir a autonomia disciplinar para a ciência jurídica. Essa é a grande importância de seu pensamento, isto é, seu caráter paradigmático. E 
se de fato estamos vivendo um novo momento de transição paradigmática, nada melhor do que bem compreender as bases desse paradigma que se transforma. Esse é o 
objetivo deste texto e, para tanto, iremos analisar a formulação de Kelsen, na Teoria Pura, da relação entre ciência e direito, procurando, a partir de uma perspectiva crítica 
ao positivismo que a caracteriza, vislumbrar as limitações dessa formulação. A relação entre direito e ciência na Teoria Pura do Direito de Kelsen começa pela definição do 
objeto da ciência do direito, que para ele é constituído, em primeiro lugar, pelas normas jurídicas e mediatamente pelo conteúdo dessas normas, ou seja, pela conduta 
humana regulada por estas. Assim, enquanto se estudam as normas reguladoras da conduta, o Direito como um sistema de normas em vigor, fica-se no campo de uma 
teoria estática do Direito. Por outro lado, se o objeto do estudo desloca-se para a conduta humana regulada (atos de produção, aplicação ou observância determinados por 
normas jurídicas), o processo jurídico em seu movimento de criação e aplicação, realiza-se o que ele chama de teoria dinâmica do Direito. Esse dualismo, entretanto, é 
apenas aparente, já que a dinâmica está subordinada à estática por uma relação de validade formal, pois os atos da conduta humana que desencadeiam o movimento do 
Direito são, eles próprios, conteúdo de normas jurídicas, e só nesta medida é que interessam para o estudo da ciência jurídica. 
Kelsen apresenta o ordenamento jurídico positivo - conjunto das normas válidas - como uma pirâmide de normas, onde se articulam o aspecto estático e o aspecto dinâmico 
do Direito. A noção de validade formal é o elemento que integra esses dois aspectos, pois, nesse arranjo, cada norma retira de uma outra, que lhe é superior, na escala 
hierárquica do ordenamento jurídico, a sua existência e validade. Assim, por exemplo, no momento em que é criada ou aplicada (dinâmica), para que seja considerada 
válida a norma, é preciso verificar se as condições de sua produção ou aplicação (capacidade e/ou competência dos agentes, além do procedimento de produção e 
validade é o que Kelsen chama de norma fundamental - pressuposto lógico do sistema normativo. 
  
-ser) 
 
Segundo Kelsen, o que se denomina princípio da imputação(responsabilização) tem, nas proposições jurídicas, função análoga à do princípio da causalidade em relação às 
(imputação). A diferença consiste, no entanto, no fato de que, na proposição da ciência jurídica, a ligação entre os elementos fáticos (conduta como pressuposto e 
ou social desses fatos, qualificando imperativamente as condutas a que se refere (atribuindo responsabilidades, conferindo poderes, ou interditando condutas). Mesmo assim, 
tais relações jurídicas, uma vez constituídas por essa imperatividade formalmente autorizada, devem ser apenas descritas pelo cientista, na medida em que compõem uma 
relação de imputabilidade.(8) O conteúdo das normas (fatos e valores) deve permanecer intocado. 
 
Criticam-
- saber se esta é ou não vivenciada como regra social  -, pois aí estaria forçada a emitir juízos da ordem do ser, 
juízos sobre a realidade. Assim, segundo ele, não cabe à ciência jurídica dizer se uma norma é ou não justa, ou se é ou não obedecida, mas sim se é válida formalmente, se 
tem vigência. 
Kelsen ressalva, ou alerta, que embora se utilize da expressão dever-ẅśẁổ Ų ẅśŧΆŕŲ ŕśẅẅĂ śηǿẁśẅẅĎŲ ⅞ẁĂν ŧĂ ǿẁŲǿŲẅīŇĎŲ ŕĂ ľīŤŧľīĂ ŅΡẁĭŕīľĂ ΡŦ ľĂẁĄ⅞śẁ ŦśẁĂŦśŧ⅞ś ŕśẅľẁīΆήŲổ 
ainda que o objeto dessa descrição - a norma jurídica - não seja um fato da ordem do ser, mas também um dever-ser. O jurista científico - afirma - apenas descreve o 
- enfatiza Kelsen - são uma descrição alheia a valores. 
-ser), mas apenas a sua 
descrição científica. 
durante a leitura, em que não se sabe bem de que lado está o quê, principalmente quando Kelsen recorre à analogia com as ciências naturais para justificar as funções que 
-
ser): nesse momento a norma jurídica equipara-se a um objeto reificado, uma coisa a ser descrita, um dever-ser -que é válido formalmente - ressalte-se. Mas aqui reside a 
primeira confusão, pois para ele, embora sejam realidades ontologicamente diversas, prestam-se ao mesmo tipo de apreensão cognitiva, isto é, podem ser descritas pelo 
conhecimento científico, desde que, entretanto, sejam aplicados princípios explicativos diferentes: causalidade e imputação. Portanto, são ciências diferentes, peculiares, mas 
comungam damesma metodologia positivista. 
  
A moldura interpretativa kelseniana 
A moldura interpretativa é a maior criação do pensamento kelseniano nessa matéria e foi elaborada para solucionar os casos de indeterminação das leis. 
Segundo Kelsen, ?o Direito a aplicar forma, em todas estas hipóteses, uma moldura dentro da qual existem várias possibilidades de aplicação, pelo que é conforme ao 
Direito todo ato que se mantenha dentro desse quadro ou moldura, que preencha esta moldura em qualquer sentido possível?. Kelsen considera que a norma superior forma 
uma moldura determinante de um campo de ação para a norma inferior, onde há várias possibilidades legais de aplicação do direito. Pode -se visualizar a moldura como uma 
figura geométrica, dentro da qual cabe ao órgão aplicador do direito escolher dentro das possibilidades oferecidas previamente pela norma superior. 
E como é estabelecida claramente a moldura? Ela é determinada através de um ato objetivo do órgão aplicador, com a finalidade de conhecer a moldura e as alternativas 
que lhe são oferecidas. Só posteriormente, no momento de escolher qual dos caminhos a seguir e transformar a escolha em direito positivo, é que o intérprete realizaria um 
ato voluntarístico de caráter subjetivo. 
Em suma: num primeiro momento, o intérprete manter-se-ia neutro, realizando um ato meramente cognoscitivo (desprovido de vontade) para conhecer a moldura e as 
possibilidades de sua ação. Posteriormente, através de uma volição, o intérprete escolheria qual o caminho a seguir e aplicaria o direito. 
  
  
Críticas ao Normativismo Jurídico 
  
O processo de conhecimento do direito  como ato ideológico do intérprete 
  
Todas as críticas à teoria da interpretação positivista do direito baseiam-se na nossa concepção do ato intelectivo (ato através do qual conhecemos as coisas), que é 
diferente da concepção kelseniana. Segundo Kelsen, o ato cognoscitivo tem um caráter de objetividade e sua função é ?determinar? as coisas, sem interferência do agente. 
Equivale a uma apreensão objetiva da coisa examinada. 
Em opinião diversa, não só o ato voluntarístico, mas também o ato intelectivo está impregnado de ideologia (significando aqui um conjunto de ideias, crenças, valores etc., 
que forma a cultura de cada indivíduo), pois ela acompanha o homem desde o instante em que ele nasce até o momento de sua morte. 
Quando o sujeito realiza um ato de cognição, imprime, nos espaços axiológicos indeterminados ou lacunosos do objeto a conhecer, a sua ideologia. Isso ocorre 
principalmente nos objetos construídos pelo homem, em contraposição aos objetos dados pela natureza, pois o construído possui uma finalidade de ser, que é um valor, e 
por isso suscetível de invasão da ideologia do ser que promove o ato de conhecer. 
Tobias Barreto já dizia que o Direito não é produto do céu, mas sim da criação da cultura humana; ele é enquanto deve-ser, isto é, o Direito é uma realidade ontológica, mas 
com uma finalidade deontológica. 
Porém, o que mais contribui para transformar as normas jurídicas em terreno propício ao ataque ideológico é o seu meio de expressão: a linguagem. 
A linguagem jurídica está repleta de termos vagos e ambíguos, o que causa debates acerca do significado correto de cada palavra. Todos os conceitos têm uma certa fluidez, 
não havendo conceitos prontos, acabados e imutáveis. 
  
A impossibilidade de uma neutralidade pura do cientista do direito 
Da argumentação exposta, segue que a concepção de Kelsen sobre o caráter e o papel do estudioso do Direito não pode ser aceita. Kelsen defende que o cientista deve ter 
o caráter de absoluta neutralidade perante o Direito, e que seu papel é o de determinar cognoscitivamente 
as possíveis interpretações da norma superior. 
De fato, seria muito bom se a realidade fosse simples e modelada conforme o ideal de imparcialidade kelseniano. Porém, o ser humano não é uma máquina; a sua mente é 
um feixe axiológico onde se integram os valores que formam a ideologia do indivíduo. 
O papel do cientista do Direito não é apenas interpretar o direito positivo para ?conhecer? a moldura da norma, como se fosse um mero comentador de Códigos e legislação; 
ele deve também contribuir para a formação de novos significados dos termos indeterminados das normas. A norma não deve ser estudada como uma estrutura 
 
Das críticas feitas, os autores extraem algumas conclusões: 
a)    Não só os atos de vontade, mas também os atos intelectivos estão impregnados do subjetivismo e da ideologia do intérprete; 
b)    -se que o ato de interpretação do cientista do Direito 
 
c)   
formação da moldura. Daí deduz-se que a moldura não pode ser rígida e hermética, sendo maleável e aberta; 
d)   O Direito evolui permanentemente através dos atos contínuos de interpretação e, como prova disto, temos a Jurisprudência dos Tribunais e a doutrina, onde há sempre 
 
  
Finalmente, seria interessante ao professor da disciplina enfatizar a importância de uma moldura maleável e flexível para a evolução do Direito e para a concretização da 
justiça. Devido à maleabilidade da moldura interpretativa, o Direito pode receber contribuições dos mais diferentes matizes ideológicos para o seu processo de permanente 
evolução e pode aspirar a uma verdadeira busca da equidade, aplicando-se ao caso concreto a interpretação possível mais apropriada. 
  
Noções sobre a Teoria Tridimensional do Direito.  
  
O fenômeno jurídico, na lição do mestre Miguel Reale , pode ser considerado sob três aspectos ou dimensões distintos, a saber: fato, valor e norma .  
  
Buscou o jurista demonstrar, em sua tese, que o Direito é uma realidade tridimensional, compreendida, através das seguintes dimensões básicas: fato, valor e norma. Para 
Miguel Reale, os três elementos dimensionais do Direito estão sempre presentes na substância do jurídico, ao mesmo tempo em que são inseparáveis pela realidade 
dinâmica do próprio Direito, formando o contexto do chamado tridimensionalismo ?concreto?, que virtualmente se opõe ao tridimensionalismo ?abstrato? que o antecedeu. 
  
Segundo Reale, há um mundo do ser que aprecia a realidade social como ela de fato é; há um quadro de ideias e valores; e, finalmente, um modelo de sociedade desejado 
(mundo do dever-ser) à medida que a norma deseja reproduzir o ser, podemos afirmar que nos encontramos diante de uma sociedade de essência conservadora; ao 
contrário, quando o dever-ser procura modificar o ser, pode ser entendida como verdadeira a afirmativa de que nos confrontamos com uma sociedade eminentemente 
progressiva. 
O fenômeno jurídico, na lição de Miguel Reale, qualquer que seja a sua forma de expressão, requer a participação dialética, do fato, valor e norma, que são dimensões 
essenciais do direito, elementos complementares da realidade jurídica. 
  
Consequentemente, o Direito não é puro fato, não possui uma estrutura puramente factual, como querem os sociólogos; nem pura norma, como defendem os normativistas; 
nem puro valor, como proclamam os idealistas. Essas visões são parciais e não revelam toda a dimensão do fenômeno jurídico. O Direito congrega todos aqueles 
elementos: ?é fato social na forma que lhe dá uma norma segundo uma ordem de valores?.  
  
Assim, segundo Miguel Reale, em qualquer fenômeno jurídico, há um ?fato subjacente? (fato econômico, geográfico, demográfico, de ordem técnica etc.), sobre o qual incide 
um ?valor? que confere determinado significado a esse fato, inclinando ou determinando a ação dos homens no sentido de atingir ou preservar certa finalidade ou objetivo; 
e, finalmente, uma ?regra ou norma?, que aparece como medida capaz de fazer a integração de um elemento ao outro, ou seja, do fato ao valor. Toda vez que surge uma 
regra jurídica, há certa medida estimativa do fato, que envolve o fato mesmo e o protege. A norma envolve o fato, e, por envolvê-lo, valora-o, mede-o, em seu significado, 
baliza-o em suas consequências,tutela o seu conteúdo, realizando uma mediação entre o valor e o fato. 
 
 
  
  
 
  
O ?Fato? é uma dimensão do Direito, é o acontecimento social que envolve interesses básicos para o homem e que por isso enquadra-se dentro dos assuntos regulados pela 
 
O ?Valor? é o elemento moral do Direito; se toda obra humana é impregnada de sentido ou valor, igualmente o Direito: ele protege e procura realizar valores fundamentais 
da vida social, notadamente, a ordem, a segurança e a justiça (conferindo ao fato determinada significação que deve ser preservada).  
A ?Norma? consiste no padrão de comportamento social imposto aos indivíduos, que devem observá-la em determinadas circunstâncias (relação ou medida que integra o 
fato ao valor) . 
 
  
Ex.: O Direito Cambial (norma) dispõe sobre transação comercial (fato de ordem econômica) e visa assegurar o crédito aposto numa nota promissória ou duplicata (valor).  
  
Ex.: ?Matar alguém? - pena de 6 a 12 anos (norma) - dispõe sobre um fato de matar uma pessoa (fato social) e visa assegurar a vida (bem maior do homem - valor). 
 
Ex.: Os pais devem prestar assistência a seus filhos (norma) - dispõe sobre a proteção aos menores (fato social) e visa assegurar a educação e o bem estar do menor, com 
vistas ao progresso social (valor). 
  
Ex.: ?Aquele que (...) causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano? (norma) - dispõe sobre a proteção dos bens alheios (fato econômico) e visa assegurar esse 
patrimônio (valor). 
 
  
 
  
·   Eficácia      (Fato   =>   Ser   =>   Sociologia Jurídica) 
· Vigência     (Norma   =>  Dever Ser  =>  Ciência do Direito) 
·   Fundamento (Valor  => Poder Ser  => Filosofia do Direito) 
  
A Sociologia do Direito ocupa-se do Direito enquanto fato social. 
A Ciência do Direito ocupa-se do Direito enquanto norma. 
A Filosofia do Direito trata dos valores do Direito, dos ideais de justiça que são representados nas normas jurídicas e da finalidade última destas normas. 
 
CASO CONCRETO 
mais cedo em casa sem avisar e descobre que é traído pela esposa, por isso entra em profunda depressão que o leva a perder o emprego e por este motivo deixa de pagar os 
valores acordados. MarceloJosé, com base na Lei 8.245/91 (Lei de Locação), entra com ação de despejo cumulada com cobrança dos alugueres em atraso, recuperando, após 
a decisão do juiz, a posse direta de seu imóvel. 
Após a leitura do texto, responda: 
a)    Qual o fato determinante do despejo de João Otávio? 
 
c)Podemos dizer que esta norma contida na Lei de Locação descreve um fato para preservar um valor? Justifique. 
vÜ9{Ç%h h.W9ÇLë! 
1) Para que haja um fenômeno jurídico é necessário existir fato, valor e  norma. Com a criação da norma, o fato e o valor ficam interligados e entram no mundo jurídico como única 
coisa. O Direito ilumina o fato relevante. 
O disposto acima consagra o seguinte: 
a) Jus Naturalismo; 
b)Jus Positivismo; 
c)Teoria Tridimensional do Direito; 
 
 
 
Plano de Aula: Introdução ao Estudo do Direito 
Estácio de Sá Página 2 / 4
Título 
Introdução ao Estudo do Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
4 
Tema 
Fundamentos do Direito 
Objetivos 
·   Introduzir as diversas concepções acerca do direito natural; 
·   Discorrer a respeito das correntes jusnaturalistas; 
·   Apresentar o movimento positivista jurídico e sua polêmica com os jusnaturalistas; 
·   Explicitar os postulados kelsenianos do normativismo jurídico; 
·   Apontar as críticas formuladas à teoria pura do Direito; 
·   Discorrer sobre o culturalismo jurídico e a Teoria Tridimensional do Direito.   
 
Fundamentos do Direito 
1.   A ideia do Direito Natural. O jusnaturalismo; 
2.   O Positivismo Jurídico; 
3.    
4. Crítica à Teoria Pura do Direito; 
5. A estrutura tridimensional do Direito. 
  
Referências bibliográficas: 
  
  
NADER, Paulo .Introdução ao estudo do direito .30. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro:Forense, 2008. ISBN 9788530926373 
  
Nome do capítulo: Capítulo XXXVII  A ideia do direito natural 
N. de páginas do capítulo: 10  
  
Livro:REALE, Miguel. Lições preliminares de direito .27. ed. Ajustada ao novo Código Civil, São Paulo: Saraiva,  2009.  ISBN  8502041266 
  
Nome do capítulo: Capítulo VI  Conceito de Direito -  sua estrutura tridimensional. 
N. de páginas do capítulo: 5  
  
Poderão ser utilizados os seguintes Métodos e Técnicas Didáticas Individuais: 
  
Leitura Dirigida -  É o acompanhamento pelo grupo da leitura de um texto. O professor fornece, previamente, ao grupo uma ideia do assunto a ser lido. A leitura é feita 
individualmente pelos participantes, e comentada a cada passo, com supervisão do professor. Finalmente, o professor dá um resumo, ressaltando os pontos chaves a serem 
observados. 
  
Solução de Problemas  - Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática. 
 
  
Sugerimos ao professor que introduza o tema a partir da ideia de direito natural e como foi sendo desenvolvido pelas diversas correntes do pensamento jusnaturalista. 
Pode-se iniciar a partir da afirmação de que a Teoria do Direito natural é muito antiga, estando presente na literatura jurídica ocidental desde a aurora da Civilização 
Europeia. Na descoberta ateniense do homem, parece encontrar-se a semente desse movimento, que atende ao anseio comum, em todos os tempos, a todo os homens, por 
um direito mais justo, mais perfeito, capaz de protegê-los contra o arbítrio do governo. 
Considerado expressão da natureza humana ou deduzível dos princípios da razão, o direito natural foi sempre tido, pelos defensores desta teoria, como superior ao direito 
res publica) assim era 
concebido. Direito que, através dos tempos, tem influenciado reformas jurídicas e políticas, que deram novos rumos às ordens políticas europeia e norte -americana, como, 
Lê-
encontrar a sua presença na Declaração Universal dos Direitos (1948) da ONU. 
Assim, o jusnaturalismo é a corrente tradicional do pensamento jurídico, que defende a vigência e a validade de um direito superior ao direito positivo. Corrente que se tem 
-
direito natural como direito justo por natureza, independente da vontade do legislador, derivado da natureza humana (jusnaturalismo) ou dos princípios da razão 
 
  
O ponto comum entre as diversas correntes do direito natural tem sido a convicção de que, além do direito escrito, há uma outra ordem, superior àquela e que é a 
expressão do Direito justo. É a ideia do direito perfeito e por isso deve servir de modelo para o legislador. É o direito ideal, mas ideal não no sentido utópico, mas um ideal 
alcançável. A divergência maior na conceituação do Direito natural está centralizada na origem e fundamentação desse direito. O pensamento predominante na atualidade é 
o de que o Direito natural se fundamenta na natureza humana. 
  
Tradicionalmente os autores indicam três caracteres para o direito natural: ser eterno, imutável e universal; isto porque, sendo a natureza humana a grande fonte desses 
direitos, ela é, fundamentalmente, a mesma em todos os tempos e lugares. 
O Direito Natural persegue a justiça e inspira o Direito Positivo, que está ligado a um lugar e a um tempo. 
  
Ex: O conceito de justiça do Empregador é completamente diferente do conceito de justiça do empregado. 
de caráter universal, eterno e imutável. (Paulo Nader). 
  
O Positivismo Jurídico 
Em relação ao Positivismo jurídico, sugerimos que o professor comente com a turma que esse é a manifestação, no campo do direito, do positivismo, ou seja, da doutrina de 
Comte, na forma apresentada no seu Cours de Philosophie Positive. Dando grande importância à ciência no progresso do saber, restringindo o objeto da ciência e da filosofia 
 
  
No domínio jurídico,pondo de lado a metafísica, definindo o direito positivo como fato, passível de estudo científico, fundado em dados reais, o positivismo jurídico tornou -se 
a doutrina do direito positivo. Nesse sentido tem razão Bobbio, quando diz ser o positivismo jurídico a corrente do pensamento jurídico para a qual ?não existe outro direito 
senão aquele positivo?. Consequentemente, opõe- 
  
-na pela Teoria Geral do Direito, 
idealizada pelos alemães, ou pela Analytical Jurisprudence 
  
Fora da experiência, do fato ou do direito positivo, direito algum existe para o Positivismo Jurídico, que se caracteriza por identificar o direito positivo com o direito estatal 
natural; por ser antijusracionalista, negando o poder legislativo da razão, encontrando somente na vontade do legislador ou do juiz, manifestada na sentença, a fonte 
imediata do direito, e por afastar os valores e o direito natural da ciência jurídica e da filosofia do direito, reduzida à síntese dos resultados da ciência do direito.  
Identificando o direito com a lei ou com o código, com os precedentes judiciais, ou ainda, com o direito estatal, escrito ou não escrito, o positivismo jurídico resultou, na 
França, no culto da vontade do legislador e dos códigos, considerados sem lacunas.  
  
Desse culto, resultou a escola de exegese, apegada aos textos, defendendo a subordinação do juiz à vontade do legislador. Já o positivismo jurídico alemão, acolhendo as 
lições do historicismo jurídico, não se preocupou com as relações do direito com o legislador, mas em delinear a teoria do direito positivo, que, partindo dos direitos 
históricos, acabasse formulando as noções jurídicas fundamentais.  
 
-se todas as teorias que consideram expressar o direito a vontade do legislador, definindo-o como comando e reduzindo-o ao direito do 
Estado. Esse positivismo tem sido rotulado de positivismo estatal ou positivismo normativista, por dar preponderância à lei sobre as demais fontes do direito ou ao 
Estado, manifestação, portanto, de sua vontade.  
  
O positivismo se caracteriza, portanto, por ser antimetafísico e antijusnaturalista, por ser empirista, por afastar do estudo científico do direito os valores e por considerar o 
direito positivo o único objeto da Filosofia e Ciências jurídicas. As várias formas de positivismo encontram no fato social, na autoridade, nas razões de Estado, no poder ou 
nas necessidades decorrentes das relações humanas o fundamento do direito. 
  
Francesco Carnelutti  situa o positivismo como um meio-termo entre dois extremos: o materialismo e o idealismo. Para o materialismo, a realidade está na matéria, 
-se distante da polêmica. Ele 
-a irrelevante para os fins da ciência. 
  
Para o positivismo jurídico só existe uma ordem jurídica: a comandada pelo Estado e que é soberana. Eis, na opinião de Eisnmann, um dos críticos atuais do Direito Natural, 
positivismo jurídico se satisfaz plenamente com o ser do Direito Positivo, sem cogitar sobre a forma ideal do Direito, sobre o dever -ser jurídico. Assim, para o positivista, a 
lei assume a condição de único valor. 
  
-se alheio à sorte dos homens. O direito não se compõe exclusivamente de normas, como pretende essa corrente. As regras 
-se tão somente ao concreto, 
ao materializado. Os limites concedidos ao direito foram muito estreitos, acanhados, para conterem toda a grandeza e importância que ele encerra. A lei não pode abarcar 
todo o jus . A lei, sem condicionantes, é uma arma para o bem ou para o mal. Como sabiamente salientou Carlenutti , assim como não há verdades sem germes de erros, 
 
  
O Normativismo Jurídico (A Teoria Pura do Direito) 
  
A Teoria Pura do Direito (Normativismo Jurídico) 
  
Direito, os ideais de toda a ciência: objetividade e exatidão. É com esses termos que o autor apresenta a primeira edição de sua obra mais conhecida. Para alcançar tais 
objetivos, Kelsen propõe uma depuração do objeto da ciência jurídica, como medida, inclusive, de garantir autonomia científica para a disciplina jurídica, que, segundo ele, 
 
A ousadia do pensamento kelseniano, desqualificando a importância do jusnaturalismo como teoria válida para o direito e pretendendo dar caráter definitivo ao monismo 
jurídico estatal, fez de Kelsen o alvo preferido das teorias críticas no Direito, inconformadas com os déficits éticos do pensamento jurídico assim purificado e com o 
consequente desinteresse dos juristas em realizar cientificamente um direito atrelado a critérios de legitimidade não apenas formais. 
  
Ocorre que, atuando no marco do paradigma positivista, não poderia ser diferente o projeto kelseniano: uma ciência das normas que atingisse seus objetivos 
epistemológicos de neutralidade e objetividade. Era preciso expulsar do ambiente científico os juízos de valor, aliás como já   haviam feito as demais disciplinas científicas. O 
plano da teoria Pura era, assim, atingir a autonomia disciplinar para a ciência jurídica. Essa é a grande importância de seu pensamento, isto é, seu caráter paradigmático. E 
se de fato estamos vivendo um novo momento de transição paradigmática, nada melhor do que bem compreender as bases desse paradigma que se transforma. Esse é o 
objetivo deste texto e, para tanto, iremos analisar a formulação de Kelsen, na Teoria Pura, da relação entre ciência e direito, procurando, a partir de uma perspectiva crítica 
ao positivismo que a caracteriza, vislumbrar as limitações dessa formulação. A relação entre direito e ciência na Teoria Pura do Direito de Kelsen começa pela definição do 
objeto da ciência do direito, que para ele é constituído, em primeiro lugar, pelas normas jurídicas e mediatamente pelo conteúdo dessas normas, ou seja, pela conduta 
humana regulada por estas. Assim, enquanto se estudam as normas reguladoras da conduta, o Direito como um sistema de normas em vigor, fica-se no campo de uma 
teoria estática do Direito. Por outro lado, se o objeto do estudo desloca-se para a conduta humana regulada (atos de produção, aplicação ou observância determinados por 
normas jurídicas), o processo jurídico em seu movimento de criação e aplicação, realiza-se o que ele chama de teoria dinâmica do Direito. Esse dualismo, entretanto, é 
apenas aparente, já que a dinâmica está subordinada à estática por uma relação de validade formal, pois os atos da conduta humana que desencadeiam o movimento do 
Direito são, eles próprios, conteúdo de normas jurídicas, e só nesta medida é que interessam para o estudo da ciência jurídica. 
Kelsen apresenta o ordenamento jurídico positivo - conjunto das normas válidas - como uma pirâmide de normas, onde se articulam o aspecto estático e o aspecto dinâmico 
do Direito. A noção de validade formal é o elemento que integra esses dois aspectos, pois, nesse arranjo, cada norma retira de uma outra, que lhe é superior, na escala 
hierárquica do ordenamento jurídico, a sua existência e validade. Assim, por exemplo, no momento em que é criada ou aplicada (dinâmica), para que seja considerada 
válida a norma, é preciso verificar se as condições de sua produção ou aplicação (capacidade e/ou competência dos agentes, além do procedimento de produção e 
validade é o que Kelsen chama de norma fundamental - pressuposto lógico do sistema normativo. 
  
-ser) 
 
Segundo Kelsen, o que se denomina princípio da imputação(responsabilização) tem, nas proposições jurídicas, função análoga à do princípio da causalidade em relação às 
(imputação). A diferença consiste, no entanto, no fato de que, na proposição da ciência jurídica, a ligação entre os elementos fáticos (conduta como pressuposto e 
ou social desses fatos, qualificando imperativamente as condutas a que se refere (atribuindo responsabilidades, conferindo poderes, ou interditando condutas). Mesmo assim, 
tais relações jurídicas, uma vez constituídas por essa imperatividade formalmente autorizada, devem ser apenas descritas pelo cientista, na medida em que compõem umarelação de imputabilidade.(8) O conteúdo das normas (fatos e valores) deve permanecer intocado. 
 
Criticam-
- saber se esta é ou não vivenciada como regra social  -, pois aí estaria forçada a emitir juízos da ordem do ser, 
juízos sobre a realidade. Assim, segundo ele, não cabe à ciência jurídica dizer se uma norma é ou não justa, ou se é ou não obedecida, mas sim se é válida formalmente, se 
tem vigência. 
Kelsen ressalva, ou alerta, que embora se utilize da expressão dever-ẅśẁổ Ų ẅśŧΆŕŲ ŕśẅẅĂ śηǿẁśẅẅĎŲ ⅞ẁĂν ŧĂ ǿẁŲǿŲẅīŇĎŲ ŕĂ ľīŤŧľīĂ ŅΡẁĭŕīľĂ ΡŦ ľĂẁĄ⅞śẁ ŦśẁĂŦśŧ⅞ś ŕśẅľẁīΆήŲổ 
ainda que o objeto dessa descrição - a norma jurídica - não seja um fato da ordem do ser, mas também um dever-ser. O jurista científico - afirma - apenas descreve o 
- enfatiza Kelsen - são uma descrição alheia a valores. 
-ser), mas apenas a sua 
descrição científica. 
durante a leitura, em que não se sabe bem de que lado está o quê, principalmente quando Kelsen recorre à analogia com as ciências naturais para justificar as funções que 
-
ser): nesse momento a norma jurídica equipara-se a um objeto reificado, uma coisa a ser descrita, um dever-ser -que é válido formalmente - ressalte-se. Mas aqui reside a 
primeira confusão, pois para ele, embora sejam realidades ontologicamente diversas, prestam-se ao mesmo tipo de apreensão cognitiva, isto é, podem ser descritas pelo 
conhecimento científico, desde que, entretanto, sejam aplicados princípios explicativos diferentes: causalidade e imputação. Portanto, são ciências diferentes, peculiares, mas 
comungam da mesma metodologia positivista. 
  
A moldura interpretativa kelseniana 
A moldura interpretativa é a maior criação do pensamento kelseniano nessa matéria e foi elaborada para solucionar os casos de indeterminação das leis. 
Segundo Kelsen, ?o Direito a aplicar forma, em todas estas hipóteses, uma moldura dentro da qual existem várias possibilidades de aplicação, pelo que é conforme ao 
Direito todo ato que se mantenha dentro desse quadro ou moldura, que preencha esta moldura em qualquer sentido possível?. Kelsen considera que a norma superior forma 
uma moldura determinante de um campo de ação para a norma inferior, onde há várias possibilidades legais de aplicação do direito. Pode -se visualizar a moldura como uma 
figura geométrica, dentro da qual cabe ao órgão aplicador do direito escolher dentro das possibilidades oferecidas previamente pela norma superior. 
E como é estabelecida claramente a moldura? Ela é determinada através de um ato objetivo do órgão aplicador, com a finalidade de conhecer a moldura e as alternativas 
que lhe são oferecidas. Só posteriormente, no momento de escolher qual dos caminhos a seguir e transformar a escolha em direito positivo, é que o intérprete realizaria um 
ato voluntarístico de caráter subjetivo. 
Em suma: num primeiro momento, o intérprete manter-se-ia neutro, realizando um ato meramente cognoscitivo (desprovido de vontade) para conhecer a moldura e as 
possibilidades de sua ação. Posteriormente, através de uma volição, o intérprete escolheria qual o caminho a seguir e aplicaria o direito. 
  
  
Críticas ao Normativismo Jurídico 
  
O processo de conhecimento do direito  como ato ideológico do intérprete 
  
Todas as críticas à teoria da interpretação positivista do direito baseiam-se na nossa concepção do ato intelectivo (ato através do qual conhecemos as coisas), que é 
diferente da concepção kelseniana. Segundo Kelsen, o ato cognoscitivo tem um caráter de objetividade e sua função é ?determinar? as coisas, sem interferência do agente. 
Equivale a uma apreensão objetiva da coisa examinada. 
Em opinião diversa, não só o ato voluntarístico, mas também o ato intelectivo está impregnado de ideologia (significando aqui um conjunto de ideias, crenças, valores etc., 
que forma a cultura de cada indivíduo), pois ela acompanha o homem desde o instante em que ele nasce até o momento de sua morte. 
Quando o sujeito realiza um ato de cognição, imprime, nos espaços axiológicos indeterminados ou lacunosos do objeto a conhecer, a sua ideologia. Isso ocorre 
principalmente nos objetos construídos pelo homem, em contraposição aos objetos dados pela natureza, pois o construído possui uma finalidade de ser, que é um valor, e 
por isso suscetível de invasão da ideologia do ser que promove o ato de conhecer. 
Tobias Barreto já dizia que o Direito não é produto do céu, mas sim da criação da cultura humana; ele é enquanto deve-ser, isto é, o Direito é uma realidade ontológica, mas 
com uma finalidade deontológica. 
Porém, o que mais contribui para transformar as normas jurídicas em terreno propício ao ataque ideológico é o seu meio de expressão: a linguagem. 
A linguagem jurídica está repleta de termos vagos e ambíguos, o que causa debates acerca do significado correto de cada palavra. Todos os conceitos têm uma certa fluidez, 
não havendo conceitos prontos, acabados e imutáveis. 
  
A impossibilidade de uma neutralidade pura do cientista do direito 
Da argumentação exposta, segue que a concepção de Kelsen sobre o caráter e o papel do estudioso do Direito não pode ser aceita. Kelsen defende que o cientista deve ter 
o caráter de absoluta neutralidade perante o Direito, e que seu papel é o de determinar cognoscitivamente 
as possíveis interpretações da norma superior. 
De fato, seria muito bom se a realidade fosse simples e modelada conforme o ideal de imparcialidade kelseniano. Porém, o ser humano não é uma máquina; a sua mente é 
um feixe axiológico onde se integram os valores que formam a ideologia do indivíduo. 
O papel do cientista do Direito não é apenas interpretar o direito positivo para ?conhecer? a moldura da norma, como se fosse um mero comentador de Códigos e legislação; 
ele deve também contribuir para a formação de novos significados dos termos indeterminados das normas. A norma não deve ser estudada como uma estrutura 
 
Das críticas feitas, os autores extraem algumas conclusões: 
a)    Não só os atos de vontade, mas também os atos intelectivos estão impregnados do subjetivismo e da ideologia do intérprete; 
b)    -se que o ato de interpretação do cientista do Direito 
 
c)   
formação da moldura. Daí deduz-se que a moldura não pode ser rígida e hermética, sendo maleável e aberta; 
d)   O Direito evolui permanentemente através dos atos contínuos de interpretação e, como prova disto, temos a Jurisprudência dos Tribunais e a doutrina, onde há sempre 
 
  
Finalmente, seria interessante ao professor da disciplina enfatizar a importância de uma moldura maleável e flexível para a evolução do Direito e para a concretização da 
justiça. Devido à maleabilidade da moldura interpretativa, o Direito pode receber contribuições dos mais diferentes matizes ideológicos para o seu processo de permanente 
evolução e pode aspirar a uma verdadeira busca da equidade, aplicando-se ao caso concreto a interpretação possível mais apropriada. 
  
Noções sobre a Teoria Tridimensional do Direito.  
  
O fenômeno jurídico, na lição do mestre Miguel Reale , pode ser considerado sob três aspectos ou dimensões distintos, a saber: fato, valor e norma .  
  
Buscou o jurista demonstrar, em sua tese, que o Direito é uma realidade tridimensional, compreendida, através das seguintes dimensões básicas: fato, valor e norma. Para 
Miguel Reale, os três elementos dimensionais do Direito estão sempre presentes na substância do jurídico, ao mesmo tempo em que são inseparáveis pela realidade 
dinâmica do próprio Direito, formando o contexto do chamado tridimensionalismo ?concreto?, que virtualmente se opõe ao tridimensionalismo ?abstrato? que o antecedeu. 
  
Segundo Reale, há um mundo do ser que aprecia a realidade social como ela de fato é; há um quadro de ideias e valores; e, finalmente, um modelo de sociedade desejado 
(mundo do dever-ser) à medida que a norma deseja reproduzir o ser, podemos afirmar que nos encontramos diante de uma sociedade deessência conservadora; ao 
contrário, quando o dever-ser procura modificar o ser, pode ser entendida como verdadeira a afirmativa de que nos confrontamos com uma sociedade eminentemente 
progressiva. 
O fenômeno jurídico, na lição de Miguel Reale, qualquer que seja a sua forma de expressão, requer a participação dialética, do fato, valor e norma, que são dimensões 
essenciais do direito, elementos complementares da realidade jurídica. 
  
Consequentemente, o Direito não é puro fato, não possui uma estrutura puramente factual, como querem os sociólogos; nem pura norma, como defendem os normativistas; 
nem puro valor, como proclamam os idealistas. Essas visões são parciais e não revelam toda a dimensão do fenômeno jurídico. O Direito congrega todos aqueles 
elementos: ?é fato social na forma que lhe dá uma norma segundo uma ordem de valores?.  
  
Assim, segundo Miguel Reale, em qualquer fenômeno jurídico, há um ?fato subjacente? (fato econômico, geográfico, demográfico, de ordem técnica etc.), sobre o qual incide 
um ?valor? que confere determinado significado a esse fato, inclinando ou determinando a ação dos homens no sentido de atingir ou preservar certa finalidade ou objetivo; 
e, finalmente, uma ?regra ou norma?, que aparece como medida capaz de fazer a integração de um elemento ao outro, ou seja, do fato ao valor. Toda vez que surge uma 
regra jurídica, há certa medida estimativa do fato, que envolve o fato mesmo e o protege. A norma envolve o fato, e, por envolvê-lo, valora-o, mede-o, em seu significado, 
baliza-o em suas consequências, tutela o seu conteúdo, realizando uma mediação entre o valor e o fato. 
 
 
  
  
 
  
O ?Fato? é uma dimensão do Direito, é o acontecimento social que envolve interesses básicos para o homem e que por isso enquadra-se dentro dos assuntos regulados pela 
 
O ?Valor? é o elemento moral do Direito; se toda obra humana é impregnada de sentido ou valor, igualmente o Direito: ele protege e procura realizar valores fundamentais 
da vida social, notadamente, a ordem, a segurança e a justiça (conferindo ao fato determinada significação que deve ser preservada).  
A ?Norma? consiste no padrão de comportamento social imposto aos indivíduos, que devem observá-la em determinadas circunstâncias (relação ou medida que integra o 
fato ao valor) . 
 
  
Ex.: O Direito Cambial (norma) dispõe sobre transação comercial (fato de ordem econômica) e visa assegurar o crédito aposto numa nota promissória ou duplicata (valor).  
  
Ex.: ?Matar alguém? - pena de 6 a 12 anos (norma) - dispõe sobre um fato de matar uma pessoa (fato social) e visa assegurar a vida (bem maior do homem - valor). 
 
Ex.: Os pais devem prestar assistência a seus filhos (norma) - dispõe sobre a proteção aos menores (fato social) e visa assegurar a educação e o bem estar do menor, com 
vistas ao progresso social (valor). 
  
Ex.: ?Aquele que (...) causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano? (norma) - dispõe sobre a proteção dos bens alheios (fato econômico) e visa assegurar esse 
patrimônio (valor). 
 
  
 
  
·   Eficácia      (Fato   =>   Ser   =>   Sociologia Jurídica) 
· Vigência     (Norma   =>  Dever Ser  =>  Ciência do Direito) 
·   Fundamento (Valor  => Poder Ser  => Filosofia do Direito) 
  
A Sociologia do Direito ocupa-se do Direito enquanto fato social. 
A Ciência do Direito ocupa-se do Direito enquanto norma. 
A Filosofia do Direito trata dos valores do Direito, dos ideais de justiça que são representados nas normas jurídicas e da finalidade última destas normas. 
 
CASO CONCRETO 
mais cedo em casa sem avisar e descobre que é traído pela esposa, por isso entra em profunda depressão que o leva a perder o emprego e por este motivo deixa de pagar os 
valores acordados. MarceloJosé, com base na Lei 8.245/91 (Lei de Locação), entra com ação de despejo cumulada com cobrança dos alugueres em atraso, recuperando, após 
a decisão do juiz, a posse direta de seu imóvel. 
Após a leitura do texto, responda: 
a)    Qual o fato determinante do despejo de João Otávio? 
 
c)Podemos dizer que esta norma contida na Lei de Locação descreve um fato para preservar um valor? Justifique. 
vÜ9{Ç%h h.W9ÇLë! 
1) Para que haja um fenômeno jurídico é necessário existir fato, valor e  norma. Com a criação da norma, o fato e o valor ficam interligados e entram no mundo jurídico como única 
coisa. O Direito ilumina o fato relevante. 
O disposto acima consagra o seguinte: 
a) Jus Naturalismo; 
b)Jus Positivismo; 
c)Teoria Tridimensional do Direito; 
 
 
 
Plano de Aula: Introdução ao Estudo do Direito 
Estácio de Sá Página 3 / 4
Título 
Introdução ao Estudo do Direito 
Número de Aulas por Semana 
 
Número de Semana de Aula 
4 
Tema 
Fundamentos do Direito 
Objetivos 
·   Introduzir as diversas concepções acerca do direito natural; 
·   Discorrer a respeito das correntes jusnaturalistas; 
·   Apresentar o movimento positivista jurídico e sua polêmica com os jusnaturalistas; 
·   Explicitar os postulados kelsenianos do normativismo jurídico; 
·   Apontar as críticas formuladas à teoria pura do Direito; 
·   Discorrer sobre o culturalismo jurídico e a Teoria Tridimensional do Direito.   
 
Fundamentos do Direito 
1.   A ideia do Direito Natural. O jusnaturalismo; 
2.   O Positivismo Jurídico; 
3.    
4. Crítica à Teoria Pura do Direito; 
5. A estrutura tridimensional do Direito. 
  
Referências bibliográficas: 
  
  
NADER, Paulo .Introdução ao estudo do direito .30. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro:Forense, 2008. ISBN 9788530926373 
  
Nome do capítulo: Capítulo XXXVII  A ideia do direito natural 
N. de páginas do capítulo: 10  
  
Livro:REALE, Miguel. Lições preliminares de direito .27. ed. Ajustada ao novo Código Civil, São Paulo: Saraiva,  2009.  ISBN  8502041266 
  
Nome do capítulo: Capítulo VI  Conceito de Direito -  sua estrutura tridimensional. 
N. de páginas do capítulo: 5  
  
Poderão ser utilizados os seguintes Métodos e Técnicas Didáticas Individuais: 
  
Leitura Dirigida -  É o acompanhamento pelo grupo da leitura de um texto. O professor fornece, previamente, ao grupo uma ideia do assunto a ser lido. A leitura é feita 
individualmente pelos participantes, e comentada a cada passo, com supervisão do professor. Finalmente, o professor dá um resumo, ressaltando os pontos chaves a serem 
observados. 
  
Solução de Problemas  - Os casos e questões de múltipla escolha deverão ser abordados ao longo da aula, de acordo com a pertinência temática. 
 
  
Sugerimos ao professor que introduza o tema a partir da ideia de direito natural e como foi sendo desenvolvido pelas diversas correntes do pensamento jusnaturalista. 
Pode-se iniciar a partir da afirmação de que a Teoria do Direito natural é muito antiga, estando presente na literatura jurídica ocidental desde a aurora da Civilização 
Europeia. Na descoberta ateniense do homem, parece encontrar-se a semente desse movimento, que atende ao anseio comum, em todos os tempos, a todo os homens, por 
um direito mais justo, mais perfeito, capaz de protegê-los contra o arbítrio do governo. 
Considerado expressão da natureza humana ou deduzível dos princípios da razão, o direito natural foi sempre tido, pelos defensores desta teoria, como superior ao direito 
res publica) assim era 
concebido. Direito que, através dos tempos, tem influenciado reformas jurídicas e políticas, que deram novos rumos às ordens políticas europeia e norte -americana, como, 
Lê-
encontrar a sua presença na Declaração Universal dos Direitos (1948) da ONU. 
Assim, o jusnaturalismo é a corrente tradicional do pensamento jurídico, que defende a vigência e a validade de um direito superior ao direito positivo. Corrente que se tem 
-
direito natural como direito justo por natureza, independente da vontade do legislador, derivado

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