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CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1CAPÍTULO 1 
PROMOÇÃO DA SAÚDEPROMOÇÃO DA SAÚDEPROMOÇÃO DA SAÚDEPROMOÇÃO DA SAÚDE 
 
1. CONCEITUANDO PROMOÇÃO DA SAUDE 
www.saude.gov.br 
1.1 Carta de Bogotá sobre Promoção da Saúde 
Declaração da Conferência Internacional de 
Promoção da Saúde 9 a 12 de novembro de 1992 
A Conferência Internacional de Promoção da Saúde foi 
realizada sob o patrocínio do Ministério de Saúde da Colômbia e a 
Organização Pan-americana de Saúde (OPS), em Santafé de 
Bogotá, de 9 a 12 de novembro de 1992... Em suma, 550 
representantes de 21 países (Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, 
Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Espanha, 
Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, 
Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela) se reuniram 
para definir o significado da promoção da saúde na América Latina e debater princípios, 
estratégias e compromissos relacionados com o sucesso da saúde da população da 
Região. 
As conclusões da Conferência respondem os problemas específicos das nações 
latino-americanas, e incorporam significativamente resultados de reuniões internacionais 
anteriores e experiências na promoção da saúde de outras nações do mundo. 
A seguir a declaração elaborada e adotada pela Conferência. 
Promoção da saúde na América Latina 
A promoção da saúde na América Latina busca a criação de condições que 
garantam o bem-estar geral como propósito fundamental do desenvolvimento, 
assumindo a relação mutua entre saúde e desenvolvimento. A Região, desgarrada pela 
iniquidade que se agrava pela prolongada crise econômica e pelos programas de políticas 
de ajuste macroeconômico, enfrenta a deterioração das condições de vida da maioria da 
população, junto com um aumento de riscos para a saúde e uma redução de recursos 
para enfrentá-los. Por conseguinte, o desafio da promoção da saúde na América Latina 
consiste em transformar essas relações, conciliando os interesses econômicos e os 
propósitos sociais de bem-estar para todos, assim como trabalhar pela solidariedade e 
equidade social, condições indispensáveis para a saúde e o desenvolvimento. 
Setores importantes da população não conseguiram satisfazer as necessidades 
básicas para garantir condições dignas de vida. Estas complexas e agoniantes 
desigualdades tanto de tipo econômico, ambiental, social, político e cultural, como 
relativas à cobertura, acesso e qualidade nos serviços de saúde, tendem a acentuar-se 
em razão da redução histórica do gasto social e das políticas de ajuste. Portanto, é difícil 
enfrentar e resolver estes problemas com perspectivas a alcançar a saúde para todos. 
A situação de iniquidade da saúde nos países da América Latina reitera a 
necessidade de se optar por novas alternativas na ação da saúde pública, orientadas a 
combater o sofrimento causado pelas enfermidades do atraso e pobreza, ao que se 
sobrepõe o causado pelas enfermidades da urbanização e industrialização. A Região 
 2 
apresenta uma situação epidemiológica, caracterizada pela persistência ou ressurgimento 
de endemias como a malária, cólera, tuberculose e desnutrição; pelo aumento de 
problemas como o câncer e doenças cardiovasculares e pelo surgimento de novas 
enfermidades como a Aids ou as resultantes da deterioração ambiental. Dentro deste 
panorama, a promoção da saúde destaca a importância da participação ativa das pessoas 
nas mudanças das condições sanitárias e na maneira de viver, condizentes com a criação 
de uma cultura de saúde. Dessa forma, a entrega de informação e a promoção do 
conhecimento constituem valiosos instrumentos para a participação e as mudanças dos 
estilos de vida nas comunidades. 
Também na ordem política existem barreiras que limitam o exercício da 
democracia e a participação da cidadania na tomada de decisões. Nestas circunstâncias, 
a violência - em todas as suas formas - contribui muito na deterioração dos serviços, é 
causa de numerosos problemas psicossociais e constitui o fundamento onde se inscrevem 
numerosos problemas da saúde pública. 
O que se espera da equidade consiste em eliminar diferenças desnecessárias, 
evitáveis e injustas que restringem as oportunidades para alcançar o direito ao bem-
estar. Cada sociedade define seu bem-estar como uma opção particular de viver com 
dignidade. O papel que corresponde à promoção da saúde para alcançar este propósito 
consiste não só em identificar os fatores que favorecem a iniquidade e propor ações que 
diminuam seus efeitos, mas também em atuar além, como um agente de mudança que 
induza transformações radicais nas atitudes e condutas da população e seus dirigentes, 
origem destas calamidades. 
O desenvolvimento integral e recíproco dos seres humanos e sociedades é a 
essência da estratégia de promoção da saúde no continente. Em conseqüência, esta 
assume as tradições culturais e os processos sociais que forjaram nossas nacionalidades 
possibilitando, além de tudo, enfrentar criativa e solidariamente a adversidade, os 
obstáculos estruturais e as crises recorrentes. Reconhecer, recuperar, estimular e 
difundir estas experiências é indispensável para a transformação de nossas sociedades e 
o impulso à cultura e saúde. 
 
Estratégias 
No âmbito internacional, o movimento de promoção da 
saúde gerou propostas teóricas e práticas, dentre as quais se 
destaca o planejamento da Carta de Ottawa, pela sua claridade 
em definir os elementos constitutivos da promoção da saúde e 
os mecanismos para colocá-la em prática. A incorporação destas 
propostas se torna indispensável para a estratégia de promoção da saúde na América 
Latina. 
Impulsionar a cultura da saúde modificando valores, crenças, atitudes e relações 
que permitam chegar tanto à produção quanto ao usufruto de bens e oportunidades para 
facilitar opções saudáveis. Com eles será possível a criação de ambientes sadios e o 
prolongamento de uma vida plena, com o máximo desenvolvimento das capacidades 
pessoais e sociais. 
Transformar o setor saúde colocando em relevo a estratégia de promoção da 
saúde, o que significa garantir o acesso universal aos serviços de atenção, modificar os 
fatores condicionantes que produzem morbimortalidade e levar a processos que 
conduzam nossos povos a criar ideais de saúde, mediante a completa tomada de 
 3 
consciência da importância da saúde e a determinação de realizar ações transcendentais 
de impacto neste campo. 
Convocar, animar e mobilizar um grande compromisso social para assumir a 
vontade política de fazer da saúde uma prioridade. Este é um processo que tende a 
modificar as relações sociais de modo que sejam inaceitáveis a marginalidade, a 
iniquidade, a degradação ambiental e o mal estar que estas produzem. 
 
Compromissos 
O direito e o respeito à vida e à paz são os valores éticos fundamentais da cultura 
e da saúde. Torna-se indispensável que a promoção da saúde na América Latina assuma 
estes valores, cultive-os e pratique-os habitualmente. 
Impulsionar o conceito de saúde condicionada por fatores políticos, econômicos, 
sociais, culturais, ambientais, de conduta e biológicos, e a promoção da saúde como 
estratégia para modificar estes fatores condicionantes. 
Convocar as forças sociais para aplicar a estratégia de promoção da saúde, 
colocando os propósitos sociais à frente dos interesses econômicos, a fim de criar e 
manter ambientes familiares, físicos, naturais, de trabalho, sociais, econômicos e 
políticos que tenham a intenção de promover a vida, não degradá-la. 
Incentivar políticas públicas que garantam a equidade e favoreçam a criação de 
ambientes e opções saudáveis. 
Afinar mecanismos de concentração e negociação entre os setores sociais e 
institucionais para levar a cabo atividades de promoção da saúde, visando avançar até 
alcançar o bem estar, propiciando a transferência de recursos de investimentosocial às 
organizações da sociedade civil. 
Consolidar uma ação que se comprometa a reduzir gastos improdutivos, tais como 
os pressupostos militares, desvio de fundos públicos gerando ganâncias privadas, 
profusão de burocracias excessivamente centralizadas e outras fontes de ineficiência e 
desperdício. 
Fortalecer a capacidade da população nas tomadas de decisões que afetem sua 
vida e para optar por estilos de vida saudáveis. 
Eliminar os efeitos diferenciais da iniquidade sobre a mulher. A participação da 
mulher, genitora de vida e bem estar, constitui um elo indispensável na promoção da 
saúde na América Latina. 
Estimular o diálogo entre diferentes culturas, de modo que o processo de 
desenvolvimento da saúde se incorpore ao conjunto do patrimônio cultural da Região. 
Fortalecer a capacidade convocatória do setor de saúde para mobilizar recursos 
para a produção social da saúde, estabelecendo responsabilidades de ação nos diferentes 
setores sociais e seus efeitos sobre a saúde. 
Fonte: Ministério da Saúde. Data da Publicação: 06/02/2002 
 
 
 4 
 
1.2. Carta de Ottawa 
http://portalteses.cict.fiocruz.br 
Ao longo dos anos 70 e 80, as evidências da associação entre condições de vida, 
prosperidade e bom nível educacional se acumularam (Mendes, 1996 e Terris, 1992). 
Dessa forma foram criadas as condições para a organização da I Conferência 
Internacional em Promoção de Saúde, em 1996, em Ottawa no Canadá, patrocinada pela 
OMS, Ministério da Saúde e Bem Estar do Canadá e Associação Canadense de Saúde 
Pública. A Carta de Ottawa para a Promoção da Saúde, um marco fundamental na 
história da Saúde Pública, reconheceu como "pré requisitos fundamentais para a saúde: 
a paz, a educação, a habitação, o poder aquisitivo, um ecossistema estável, e 
conservação dos recursos naturais e a equidade" (WHO, 1986). 
A promoção da saúde foi conceituada como "o processo 
de capacitação na comunidade para atuar na melhoria da sua 
qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no 
controle deste processo". Segundo Buss et al. (1998: 11), a 
Carta de Ottawa "assume que a equidade em saúde é um dos 
focos da promoção da saúde, cujas ações objetivam reduzir as 
diferenças no estado de saúde da população, e no acesso a 
recursos diversos para uma vida mais saudável". Para Carvalho 
(1996: 117), o conceito de promoção da saúde passa a ser a 
espinha dorsal da nova saúde pública e é definido pela primeira vez em termos de 
políticas e estratégias, representando "um avanço em relação à retórica genérica da 
Conferência de Alma-Ata (1977), que estabelecera a consigna ‘saúde para todos até o 
ano 2000’, através da expansão da atenção primária". 
Para Ferraz (1994: 11), a Carta de Ottawa "significou a ampliação da concepção 
de promoção da saúde, incorporando a importância e o impacto das dimensões sócio-
econômicas, políticas e culturais sobre as condições de saúde. Houve um reconhecimento 
de que a promoção de saúde não concerne exclusivamente ao setor saúde, mas ao 
contrário, ela se constitui numa atividade essencialmente intersetorial ". 
As estratégias de ação propostas pela Carta foram: 1) estabelecimento de políticas 
públicas saudáveis; 2) criação de ambientes favoráveis à saúde; 3) reforço da ação 
comunitária; 4) desenvolvimento de habilidades pessoais; 5) reorientação dos serviços 
de saúde (WHO, 1986). 
A Carta de Ottawa tem sido o principal marco de referência da promoção da saúde 
em todo o mundo, como comprovam documentos oriundos das diversas conferências 
internacionais sobre o tema que se seguiram (Adelaide – 1988; Sundsvall – 1991; e 
Jakarta - 1997), e de conferências regionais, como a de Santafé de Bogotá, em 1992 
(Buss et al., 1998; Ministério da Saúde, 1995). Em Adelaide, o tema central foram as 
políticas públicas saudáveis; em Sundsvall, a ênfase foi dada à criação de ambientes 
favoráveis à saúde, com nítida influência de temas ligados à saúde ambiental e às 
questões ecológicas, muito em voga naquele momento. Em Jakarta, são destacados o 
reforço da ação comunitária e o surgimento de novos atores e novos determinantes da 
 5 
saúde, como os fatores transnacionais (globalização da economia e suas conseqüências, 
papel dos meios de comunicação e outros). Entre as conclusões desta última conferência, 
destacam-se a percepção de que os métodos de promoção da saúde baseados na 
combinação das cinco estratégias preconizadas pela Carta de Ottawa são mais eficazes 
que aqueles centrados em um só campo; e a de que diversos cenários – cidades, 
comunidades locais escolas, locais de trabalho – oferecem oportunidades para a 
execução de estratégias integrais. (Buss et al., 1998). 
 
 6 
CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2CAPÍTULO 2 
SITUAÇÃO DASITUAÇÃO DASITUAÇÃO DASITUAÇÃO DA SAÚDE NO BRASILSAÚDE NO BRASILSAÚDE NO BRASILSAÚDE NO BRASIL 
 
 
1. SAÚDE BRASIL 2004 – UMA ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE SAÚDE 
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/capitulo3_sb.pdf 
 
 
1.1 Introdução 
A análise da evolução da mortalidade permite acompanhar as 
mudanças no perfil epidemiológico de uma população por meio dos 
aspectos da sua estrutura, dos níveis e da sua tendência. 
A mortalidade no Brasil apresentou nas últimas décadas 
mudanças importantes, tanto no perfil etário quanto na distribuição dos 
grupos de causas. 
Em 1980, a principal causa de morte era a decorrente de doenças do aparelho 
circulatório, o que permaneceu em 2000. Dentre os dez principais grupos de causas, 
foram observadas algumas mudanças significativas no ranking entre 1980 e 2000. Uma 
dessas alterações é o aumento do peso da participação das neoplasias. Em 1980, essa 
causa correspondia ao 5o lugar, passando ao 3o em 2000. Outra mudança importante foi 
o aumento das mortes por doenças do aparelho respiratório e a redução das infecciosas e 
parasitárias (Quadro 3.1). 
A mortalidade geral no Brasil apresentou uma redução de 11,1% entre 1980 e 
2001, passando de 6,3 para 5,6 por mil habitantes no período, evidenciando uma 
redução, mas com diferenças importantes entre as regiões que serão descritas ao longo 
do texto. 
 
Quadro 3.1 – Ranking das principais causas de morte, Brasil. 1980 e 2000 
RAN 
KING 1980 
RAN 
KING 2000 
 
1 VII. Doenças do aparelho circulatório 
2 XVI. Sintomas, sinais e afecções mal definidas 
3 XVII. Causas externas 
4 I. Doenças infecciosas e parasitárias 
5 II. Neoplasmas 
6 VIII. Doenças do aparelho respiratório 
7 XV. Algumas afecções origin. no período perinatal 
8 III. Glând. endócr., nutriç., metab. e transt. 
imunit. 
9 IX. Doenças do aparelho digestivo 
10 VI. Sistema nervoso e órgãos dos sentidos 
 
 
1 I X. Doenças do aparelho circulatório 
2 XVIII. Sint., sinais e achad. anorm. Ex. clin. e 
laborat.(mal definidas) 
3 II. Neoplasias (tumores) 
4 XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 
5 X. Doenças do aparelho respiratório 
6 I V. Doenças endócrinas, nutricion. e metabolic. 
7 I. Algumas doenças infecciosas e parasit. 
8 XI. Doenças do aparelho digestivo 
9 XVI. Algumas afec. originadas no período 
perinatal 
10 XIV. Doenças do aparelho geniturinário 
 
 
1.2. AS PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE NO BRASIL 
Evolução da mortalidade proporcional 
 
Dentre os grandes grupos de causas, os que se destacaram nos anos 1980 
permaneceram ao longo dos últimos vinte anos. As doenças do aparelho circulatório 
 7 
foram a maior causa de mortalidade proporcional tanto na década de 1980 quanto na 
década de 1990. As causas relacionadas com os sintomas, os sinais e as afecções mal 
definidas foram a segunda causa mais freqüente, seguidas das neoplasias, das causas 
externas e das doenças do aparelho respiratório, respectivamente terceira, quarta e 
quinta causas de mortalidade proporcional, excluídasas outras causas de morte tomadas 
em seu conjunto. A doença do aparelho circulatório mostrou uma tendência de 
estabilização da proporção de óbitos; os sintomas, os sinais e as afecções mal definidas 
mostraram uma tendência de queda; as neoplasias e as doenças do aparelho respiratório 
mostraram uma tendência de aumento na mortalidade proporcional. As doenças 
infecciosas e parasitárias mostraram uma importante redução no período (35%), 
passando de 69.553 a 44.987 óbitos em 2001 (Figura 3.3). 
 
Nas regiões Norte e Nordeste, a representatividade foi menor. Por outro lado, as 
causas mal definidas destacaram-se nessas regiões, que em 1980 representaram 75% e 
em 2000 50% desse grupo de causas. 
Esses dados apontam que, apesar de o grupo de causas mal definidas ser 
significativo, vem ocorrendo redução ao longo do período, o que indica uma melhoria na 
qualidade das informações. 
Em 2001, as doenças do aparelho circulatório representaram 27% dos óbitos no 
Brasil, com a região Norte apresentando a menor participação, com 18%, enquanto a 
região Sul ficou com 32% (Tabela 3.3). 
Com relação às causas mal definidas, com 15% do total, as regiões Norte e 
Nordeste obtiveram participações maiores. Na região Norte, destacaram-se os Estados 
do Acre e do Pará, com mais de 25% das causas mal definidas. 
Na região Nordeste, apenas os Estados do Ceará e de Pernambuco ficaram abaixo 
dos 25%, tendo a Paraíba contribuído com cerca de 45% das causas mal definidas na 
região. Destaca-se aqui a evidente redução dos óbitos mal definidos no período, que 
ainda continuam elevados, evidenciando a necessidade de melhorias na qualidade da 
informação em todas as regiões. 
Em 1980, as causas externas estavam em 3º lugar, ficando em 4º no ano 2001. 
É interessante observar que, apesar de a região Sudeste representar mais da metade dos 
óbitos por esse tipo de causa, quando são analisados os dados em relação ao total de 
 8 
óbitos a região Centro-Oeste aparece em 1o lugar, com 17%, enquanto o Sudeste fica 
com 13%. Dentre os estados, chamam a atenção Rondônia e Roraima no Norte e Mato 
Grosso no Centro-Oeste, cuja representatividade ficou acima de 20% dentre o total de 
óbitos em cada região. 
As doenças infecciosas e parasitárias apresentaram expressiva redução (cerca 
de 46%) no período, sempre com maior concentração nos menores de 1 ano de idade. 
Quanto às doenças do aparelho respiratório, observou-se um aumento no período, 
passando a ser a 4a causa de óbito no país. Destaca-se aqui o aumento progressivo em 
praticamente todas as regiões. Na região Sul, além do aumento, percebeu-se um 
comportamento um pouco diferenciado, pela sazonalidade apresentada. Isso se deve 
provavelmente às mudanças climáticas que aconteceram em anos específicos. 
 
Evolução do risco de morte 
 
Entre 1980 e 2001, mudanças significativas foram observadas quanto à 
distribuição da mortalidade nos grupos de idade. Nesse período, houve redução de 65% 
dos óbitos entre os menores de 10 anos e aumento de 87% nos acima de 60 anos. Esses 
percentuais são resultado tanto da mudança no padrão demográfico quanto na 
mortalidade. 
 No grupo de causas mal definidas, foram observadas taxas de mortalidade mais 
elevadas nas idades acima dos 60 anos de idade no período 1980-2001. 
A região Nordeste apresentou maiores taxas em todos os grupos de idade, apesar 
da evidente redução ao longo do período. Um fato a ser destacado é o aumento nas 
taxas nessas idades na região Norte, se nivelando às do Nordeste em 1995. Em 2000 
houve redução em todas as regiões. Por outro lado, entre os menores de 5 anos, as 
taxas apresentaram uma redução significativa, chegando em 2000, com valores 
inferiores a 63 por 100 mil crianças (Figuras 3.4 e 3.5). 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A clara redução das taxas de mortalidade por causas mal definidas em 2000 
aponta uma melhora na qualidade do sistema de informação, principalmente nas regiões 
Norte e Nordeste, conforme apresentado na Tabela 3.3. 
 
As doenças infecciosas, que estavam em 3º lugar entre as principais causas de 
morte até 1995, passaram à 7ª posição. Houve um declínio considerável entre 1980 e 
2000, principalmente entre as crianças com menos de 5 anos de idade. Em 1980, a taxa 
de mortalidade nessa faixa de idade era de 282,6 por 100 mil, passando para pouco mais 
de 41 em 2000, tendo a região Norte, até 1990, apresentado as taxas mais elevadas. A 
partir de 1995, a região Sudeste teve taxas superiores. Entre as pessoas com mais de 60 
anos de idade, observou-se uma estabilização no país, mas na região Centro-Oeste as 
taxas de mortalidade para este grupo etário foram bem superiores às apresentadas pelas 
outras regiões (Tabela 3.4). 
 
Esses resultados levaram ao detalhamento deste capítulo. Após averiguação, 
destacaram-se quatro causas dentro da CID-10 Cap. 1 com participação em torno de 
80% em todos os anos analisados. Foram elas: infecções intestinais mal definidas, 
tuberculose pulmonar, septicemia e doença de Chagas (Tabela 3.5). 
 
Este quadro retrata diferentes momentos na evolução epidemiológica do país. As 
infecções intestinais mostram a evolução no acesso aos serviços dada sua redução 
significativa no tempo. A doença de Chagas, causa relevante principalmente na região 
Centro-Oeste, também remete ao passado, pois os óbitos por essa causa são 
conseqüentes de um padrão de mortalidade ainda existente, cuja tendência é 
desaparecer. Por outro lado, há o aumento das septicemias, que remetem à atenção para 
o futuro, uma vez que são causas decorrentes de problemas no atendimento hospitalar e 
alertam para a necessidade de prevenção. A tuberculose tem olhos para o passado e 
para o futuro. Em dado momento pode ser analisada como causa que acometeu a 
população jovem em um determinado período por falta de prevenção e que pode ser 
reduzida mediante intervenções médico-sanitárias. 
 
 10 
As causas externas têm um peso significativo dentre os óbitos no Brasil. Em 
1980, representavam cerca de 9% do total de óbitos, passando a 13% em 2000. O 
homens foram as principais vítimas, mas um contingente cada vez maior de mulheres 
também aumentou no período. Entre os anos 1980 e 2000, o volume de óbitos 
masculinos aumentou 78%, e o feminino, 32%. 
Considerando os homicídios, os suicídios e os acidentes de trânsito, os dados são 
preocupantes, pois revelam um incremento considerável de óbitos, mesmo se tendo o 
cuidado de observar a precariedade dos dados em 1980. 
Para melhor exemplificar esses fatos, considerou-se a capital de São Paulo, pela 
boa qualidade das informações já nos anos 1980. Os homicídios representavam, dentre 
essas três causas, 37% dos óbitos, passando a 83% em 2000. Comportamento 
semelhante verificou-se no país como um todo. 
Os diferenciais por sexo acentuam-se quando são analisados os óbitos por causas 
externas por faixas de idade. O limite máximo encontrado para as taxas por idade para 
as mulheres é inferior ao limite mínimo para os homens nas mesmas idades (Figuras 3.6 
e 3.7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
Outro fato que chamou a atenção foi o aumento dos óbitos masculinos com idade 
entre 15 e 29 anos e um declínio entre 30 e 39 anos. A redução deu-se em quase todas 
as regiões, exceto no Nordeste e no Centro-Oeste (Figuras 3.8 e 3.9). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entre as mulheres, a redução foi semelhante nas faixas de idade consideradas 
entre 1980 e 2000 em quase todas as regiões, exceto no Norte e no Nordeste entre 20 e 
29 anos, cujo aumento foi de 9% e 5%, respectivamente. 
 
Os acidentes de trânsito evoluíram com padrões semelhantes entre as regiões 
para homens e mulheres, mas com níveis muito superiores parao sexo masculino, com 
as regiões Centro-Oeste e Sul do país apresentando uma média de 50 óbitos por 100 mil 
homens a partir de meados dos anos 1980. Entre as mulheres, apesar da taxa bem 
inferior, as regiões Sul e Centro- Oeste destacaram-se, mesmo com a redução verificada 
no período 
Mesmo tendo cautela nas análises em razão da qualidade das informações nos 
anos 1980, são preocupantes os resultados encontrados para os homicídios, que 
apontaram o dobro de óbitos entre jovens do sexo masculino com 15 a 39 anos no 
período 1980 e 2000 (Figura 3.12). No caso das mulheres, também aumentaram. A taxa 
específica foi de 3,8% por 100 mil em 1980, passando a 6,7% em 2000. Chamou a 
atenção o aumento entre as meninas com 15 a 19 anos. 
 
As doenças do aparelho respiratório, circulatório e as neoplasias apresentaram 
taxas mais elevadas entre a população de 60 anos e mais, como era de se esperar. As 
neoplasias e os óbitos por doenças do aparelho respiratório aumentaram, enquanto os 
decorrentes do aparelho circulatório reduziram entre 1980 e 2000. 
As doenças do aparelho circulatório vêm declinando ao longo do período, com 
exceção do Nordeste, que apresentou taxas inferiores às demais regiões em todos os 
anos. Sul e Sudeste tiveram taxas superiores à do Brasil em todo o período, mesmo com 
a redução mencionada 
 
 12 
Os óbitos por doenças respiratórias foram mais concentrados nas regiões Sul e 
Sudeste, com proporções também maiores que a média nacional. Os dados apontaram 
maior ocorrência entre a população mais idosa, principalmente entre os indivíduos com 
mais de 80 anos. Até 1990, todas as regiões tiveram aumento nas taxas de mortalidade 
entre as pessoas com 60 anos e mais. A partir deste ano, o comportamento das taxas foi 
diferenciado. Por um lado, verificou-se estabilização no Sudeste, aumento continuado no 
Centro-Oeste e aumento mais acentuado nas demais regiões. Entre os menores de 5 
anos, o comportamento apresentado é de redução acentuada em todas as regiões, 
chegando em 2000 a taxas muito próximas. 
No Brasil, a mortalidade era de 161 óbitos por 100 mil crianças com menos de 5 
anos em 1980, ficando em 41,5 em 2000. Há redução significativa em todas as regiões, 
sendo mais acentuada no Sudeste (83%) 
Dentre as causas definidas, nos anos 1980 as neoplasias foram responsáveis por 
10% dos óbitos no país. Em 2000, sua participação passou a 15%, passando à 3ª causa 
de mortalidade. A população com mais de 60 anos apresentou taxas mais elevadas. Em 
1980, para 100 mil pessoas dessa faixa de idade, 456 morreram em decorrência das 
neoplasias. Em 2000, foram 522. As taxas de mortalidade dos idosos com mais de 80 
anos foram as mais altas em todas as regiões, principalmente no Sul e no Sudeste. Os 
homens tiveram maior participação no volume dos óbitos em quase todas as faixas de 
idade, exceto entre 30 e 49 anos, em que as mulheres apresentaram maior número de 
óbitos em todos os anos analisados (Figura 3.18). 
 
Neste grupo etário feminino (30 a 49 anos), as principais causas foram as 
neoplasias de mama e do colo do útero. Em 2000, dos 7.551 óbitos femininos desse 
grupo de causas, cerca de 30% corresponderam às neoplasias da mama e 18,2% às do 
colo do útero . 
 
Conclusões 
O Brasil experimentou nas duas últimas décadas uma mudança, para melhor, no 
nível de saúde medido pela mortalidade proporcional, que mostrou uma queda na 
proporção em menores de 1 ano e aumento da proporção de óbitos na faixa de idade de 
50 anos e mais. Esse fato reflete, provavelmente, o aumento da longevidade da 
 13 
população e a redução proporcional da mortalidade nas faixas etárias menores de 20 
anos. 
A redução da mortalidade deu-se de forma diferenciada entre as regiões, 
apontando momentos distintos na evolução epidemiológica do país: 
• Enquanto nas regiões Norte e Nordeste os óbitos por doenças infecciosas, 
perinatais e mal definidas tiveram uma representatividade maior, 
• nas regiões Sul e Sudeste são as mortes decorrentes de doenças do 
aparelho circulatório, respiratório e neoplasias que apresentaram maior 
proporção. 
• A região Centro-Oeste ficou em uma situação intermediária. Por um lado, 
tem altas proporções de óbitos por doenças infecciosas, como a doença de 
Chagas, por outro há uma proporção também considerável de mortes por 
causas cardiovasculares. 
Os dados sobre causas externas merecem destaque por descrever uma situação 
de risco elevado da população jovem, especialmente a masculina, destacando-se os 
homicídios. 
A redução das causas mal definidas retrata a melhoria nos sistemas de captação 
da informação em todo o país, mas regiões como Norte e Nordeste ainda precisam de 
atenção nesse quesito. 
Por fim, outro importante fato descrito é a elevada taxa de óbitos de mulheres 
decorrentes de neoplasias de mama, principalmente entre 30 e 49 anos. 
Todos esses resultados apontam um grande avanço e remetem à necessidade de 
políticas na área de saúde voltadas para a melhoria do atendimento hospitalar e para 
grupos de idade específicos, como os idosos. 
 
 
 
 14 
CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 2 ----bbbb 
A situação da saúde em mato grossoA situação da saúde em mato grossoA situação da saúde em mato grossoA situação da saúde em mato grosso 
http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/MT/MT_
Mato_Grosso_GeralUF.xls 
 15
Unidade da Federação: Mato Grosso - MT 
Unidade da Federação: Mato Grosso - MT 
 
Proporção de Moradores por Tipo de Abastecimento de Água 
 
 
 
 
Abastecimento Água 1991 2000 
Rede geral 57,5 63,6 
Poço ou nascente (na propriedade) 37,9 33,5 
Outra forma 4,5 2,9 
Fonte: IBGE/Censos Demográficos 
 
Proporção de Moradores por tipo de Instalação Sanitária 
 
 
 
 
Instalação Sanitária 1991 2000 
Rede geral de esgoto ou pluvial 5,2 15,4 
Fossa séptica 19,1 13,9 
Fossa rudimendar 55,7 60,0 
Vala 2,3 1,2 
Rio, lago ou mar - 0,4 
Outro escoadouro 0,5 0,7 
Não sabe o tipo de escoadouro 0,3 - 
Não tem instalação sanitária 16,9 8,4 
Fonte: IBGE/Censos Demográficos 
 
Proporção de Moradores por Tipo de Destino de Lixo 
 
 
 
 
Coleta de lixo 1991 2000 
Coletado 48,5 71,5 
Queimado (na propriedade) 31,0 20,9 
Enterrado (na propriedade) 2,2 2,5 
Jogado 15,3 4,3 
Outro destino 3,0 0,8 
Fonte: IBGE/Censos Demográficos 
 16
 
Unidade da Federação: Mato Grosso - MT 
 
Número e Proporção de Unidades por Tipo de Unidade Número e Proporção de Unidades por 
 Jul/2003 Tipo de Prestador 
Tipo de Unidade Unidades % Jul/2003 
Posto de Saúde 384 28,6 Tipo de Prestador Unidades % 
Centro de Saúde 202 15,0 Público Federal 39 2,9 
Policlínica 16 1,2 Público Estadual 22 1,6 
Ambulatório de Unidade Hospitalar Geral 60 4,5 Público Municipal 1.216 90,5 
Ambulatório de Unidade Hospitalar Especializada 7 0,5 Privado com fins lucrativos 35 2,6 
Unidade Mista 9 0,7 Privado optante pelo SIMPLES 20 1,5 
Pronto Socorro Geral 6 0,4 Privado sem fins lucrativos - - 
Pronto Socorro Especializado - - Filantrópico com CNAS válido 12 0,9 
Consultório 16 1,2 Sindicatos - - 
Unidade Móvel Fluvial/Marítima - - Universitários Públicos - - 
Clínica Especializada26 1,9 Universitários Privados - - 
Centro/Núcleo de Atenção Psicossocial 11 0,8 Não Identificados - - 
Centro/Núcleo de Reabilitação 60 4,5 Total 1.344 
 
100,0 
Outros Serviços Auxiliares de Diagnose e Terapia 99 7,4 Fonte: SIA/SUS 
Unid. Móvel Terrestre p/Atend. Médico/Odontológico 25 1,9 
Unid.Móvel Terr.Prog.Enfrent.às Emergênc.e Traumas 3 0,2 Consultórios Médicos e Equipos Odontológicos 
Farmácia para Dispensação de Medicamentos 1 0,1 Jul/2003 
Unidade de Saúde da Família 348 25,9 Instalação Número Nº por 
Centro Alta Complexidade em Oncologia III - - 10.000 hab 
Centro Alta Complexidade em Oncologia II 5 0,4 Cons. Médicos em unidades 1.765 6,7 
Unidades de Vigilância Sanitária 49 3,6 Equipos Odontológicos 689 2,6 
Unidades não Especificadas 17 1,3 Fonte: SIA/SUS 
Outros códigos - - 
Total 1.344 100,0 
Fonte: SIA/SUS 
 17
Unidade da Federação: Mato Grosso Unidade da Federação: Mato Grosso Unidade da Federação: Mato Grosso Unidade da Federação: Mato Grosso ---- MTMTMTMT 
Número de Hospitais e Leitos por Natureza do Prestador segundo Especialidade 
 Jul/2003 
Natureza Hospitais 
Leitos 
 Total 
Cirúrgic
os 
Obstétric
. 
Clín. 
Médic 
Crôn/ 
FPT 
Psiquiatr
. 
Tisiolo 
gia Pediatria 
Reabili 
tação 
Hosp/ 
dia Leitos UTI 
 
Públicos 49 1.678 422 244 524 15 59 13 367 - 34 28 32 
- Federal - - - - - - - - - - - - - 
- Estadual 5 388 172 20 57 2 53 3 77 - 4 6 3 
- Municipal 44 1.290 250 224 467 13 6 10 290 - 30 22 29 
Privados 101 4.620 905 915 1.587 42 531 9 631 - - 110 67 
- Contratados 82 3.218 619 669 1.112 28 453 5 332 - - 41 54 
- Filantrópicos 19 1.402 286 246 475 14 78 4 299 - - 69 13 
- Sindicato - - - - - - - - - - - - - 
Universitários 1 108 30 24 27 4 - 4 19 - - 10 1 
- Ensino - - - - - - - - - - - - - 
- Pesquisa 1 108 30 24 27 4 - 4 19 - - 10 1 
- Privados - - - - - - - - - - - - - 
Total 151 6.406 1.357 1.183 2.138 61 590 26 1.017 - 34 148 
 
Leitos por 1.000 habitantes: (Jul/2003 2,4 
Fonte: SIH/SUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18
Unidade da Federação: Mato Grosso - MT 
Número de Internações, Valor Total, Valor Médio, Média de Permanência, Número de Óbitos e 
Taxa de Mortalidade por Especialidade 
 (por local de internação) 
2004 
 Especialidade 
 Número de 
Internações % Valor Total R$ % Valor Médio R$ 
 Média de 
Permanência 
(dias) 
 Número de 
Óbitos 
 Mortalidade 
Hospitalar (%) 
 Clínica cirúrgica 41.688 21,3 29.417.356,99 32,5 705,66 4,0 591 1,4 
 Obstetrícia 40.888 20,9 13.983.532,76 15,5 342,00 2,0 6 0,0 
 Clínica médica 77.282 39,5 28.907.047,32 32,0 374,05 4,2 3.269 4,2 
 Cuidados prolongados (Crônicos) 25 0,0 43.949,59 0,0 1.757,98 23,0 7 28,0 
 Psiquiatria 2.171 1,1 2.659.362,92 2,9 1.224,95 35,7 7 0,3 
 Tisiologia 155 0,1 80.720,78 0,1 520,78 8,0 3 1,9 
 Pediatria 32.745 16,7 14.862.518,40 16,4 453,89 4,4 532 1,6 
 Reabilitação - - - - - - - -
 Psiquiatria - hospital dia 659 0,3 426.501,24 0,5 647,19 26,8 - -
 Total 195.613 100,0 90.380.990,00 100,0 462,04 4,1 4.415 2,3 
Fonte: SIH/SUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19
Unidade da Federação: Mato Grosso – MT 
 
Distribuição Percentual das Internações por Grupo de Causas e Faixa Etária - CID10 
(por local de residência) 
2004 
Capítulo CID Menor 1 1 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 49 50 a 64 65 e mais 60 e mais Total 
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 13,5 21,9 18,9 13,8 5,3 6,6 7,1 7,1 7,1 9,0 
II. Neoplasias (tumores) 0,5 2,3 3,4 4,5 1,8 4,7 6,8 4,9 5,5 4,2 
III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár 0,3 0,4 0,8 0,9 0,4 0,5 0,6 0,8 0,8 0,5 
IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 1,8 2,0 1,6 1,2 0,3 1,5 4,3 4,5 4,6 2,0 
V. Transtornos mentais e comportamentais 0,0 0,0 0,0 0,1 0,6 2,7 1,1 0,2 0,3 1,5 
VI. Doenças do sistema nervoso 1,2 0,8 1,0 1,6 0,5 1,1 1,2 1,1 1,1 1,0 
VII. Doenças do olho e anexos 0,2 0,3 0,7 0,7 0,2 0,5 0,5 0,4 0,5 0,4 
VIII.Doenças do ouvido e da apófise mastóide 0,1 0,2 0,4 0,6 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 
IX. Doenças do aparelho circulatório 0,2 0,3 0,7 1,7 0,9 6,7 24,8 30,6 29,5 9,1 
X. Doenças do aparelho respiratório 47,9 47,8 33,5 22,3 7,5 10,2 21,9 27,8 26,9 19,7 
XI. Doenças do aparelho digestivo 7,9 9,4 10,0 9,5 4,5 10,0 12,7 7,8 8,6 9,4 
XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 0,3 0,7 1,3 1,3 0,7 1,1 1,3 1,3 1,2 1,0 
XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 0,1 0,7 2,4 3,3 1,2 2,6 2,7 2,0 2,0 2,1 
XIV. Doenças do aparelho geniturinário 1,0 2,5 6,5 8,6 6,2 10,3 7,1 5,2 5,6 7,6 
XV. Gravidez parto e puerpério 0,0 - 0,0 10,3 62,1 30,3 0,1 0,1 0,1 20,9 
XVI. Algumas afec originadas no período perinatal 20,7 4,3 1,8 1,3 0,1 0,0 0,0 - 0,0 1,8 
XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas 1,9 1,6 2,1 2,0 0,4 0,4 0,9 0,3 0,4 0,7 
XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 0,5 0,5 0,5 1,0 0,4 1,0 1,3 1,3 1,3 0,9 
XIX. Lesões enven e alg out conseq causas externas 0,8 3,0 12,9 14,2 6,0 8,2 4,7 3,8 3,7 6,7 
XX. Causas externas de morbidade e mortalidade - 0,0 - - 0,0 0,0 - - - 0,0 
XXI. Contatos com serviços de saúde 1,2 1,4 1,6 1,0 0,5 1,5 0,9 0,8 0,9 1,2 
CID 10ª Revisão não disponível ou não preenchido - - - - - - - - - - 
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 
 
 
 
 
 
 20
Unidade da Federação: Mato Grosso - MT 
Informações sobre Nascimentos 
Condições 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 
Número de nascidos vivos 35.736 48.581 50.052 50.335 49.042 48.933 49.478 47.575 47.564 
% com prematuridade 4,5 4,0 3,3 3,6 4,1 3,5 5,8 5,3 5,2 
% de partos cesáreos 55,9 56,6 54,3 53,7 49,7 46,3 44,9 45,3 45,5 
% de mães de 10-19 anos 28,1 29,6 30,0 30,3 30,9 30,2 29,7 29,7 28,0 
% de mães de 10-14 anos 1,1 1,3 1,4 1,4 1,4 1,3 1,4 1,4 1,3 
% com baixo peso ao nascer 
- geral 7,0 6,4 6,5 6,2 6,5 6,3 6,4 6,3 6,4 
- partos cesáreos 5,7 5,4 5,4 5,1 5,3 5,3 5,3 5,8 6,0 
- partos vaginais 8,6 7,8 7,8 7,4 7,7 7,2 7,3 6,7 6,7 
Fonte: SINASC 
Evolução das Condições de Nascimento
0
10
20
30
40
50
60
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Ano
%
% com prematuridade
% de partos cesáreos% baixo peso - geral
% de mães de 10-19 anos
% de mães de 10-14 anos
 
 21
CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3CAPÍTULO 3 
SAUDE DA CRIANÇASAUDE DA CRIANÇASAUDE DA CRIANÇASAUDE DA CRIANÇA 
 
1.1. SITUAÇÃO DA INFÂNCIA BRASILEIRA 
http://integracao.fgvsp.br/BancoPesquisa/pesquisas_n48_2006.htm 
 
 
 O UNICEF - Fundo das Nações Unidas para Infância 
lançou no último mês os relatórios “Situação 
Mundial da Infância” e “Situação da Infância 
Brasileira 2006”. O foco do relatório Situação da 
Infância Brasileira são os primeiros seis anos de 
vida da criança. Já Situação Mundial da Infância 
2006 tem como tema os meninos e meninas 
invisíveis e excluídos, aqueles que não foram 
beneficiados pelos avanços mundiais obtidos nas 
últimas décadas. O documento traz um ranking de 
152 países baseado na taxa de mortalidade na 
infância. 
Segundo o relatório, o Brasil fez importantes avanços nos cuidados com crianças de 
até 6 anos de idade, tendo o Índice de Desenvolvimento Infantil (IDI) subido de 0,61 
para 0,67 entre 1999 e 2004. O IDI é composto pelo indicador de escolaridade dos 
pais, do acesso das mães ao pré-natal, das taxas de imunização e de acesso à pré-
escola para crianças de 4 a 6 anos. O Índice é voltado para o desenvolvimento nos 
primeiros seis anos de vida da criança. O Brasil tem hoje 23 milhões de crianças com 
até 6 anos de idade. 
Como signatário da Declaração do Milênio e do documento “Um mundo para as 
crianças”, o Brasil se comprometeu a melhorar significativamente seus indicadores em 
relação à infância. Embora a situação tenha avançado na maioria das áreas, os 
números ainda são preocupantes. 
Durante o lançamento em Brasília, a representante do Fundo no Brasil, Marie-Pierre 
Poirier, destacou a importância das políticas públicas atingirem regiões e grupos 
específicos que ainda apresentam altos índices de vulnerabilidade social. “Só será 
possível melhorar a situação da infância chegando às crianças que são invisíveis, 
esquecidas e excluídas”, disse. 
O relatório destaca, também, que trabalhar para que a situação da infância brasileira 
seja prioridade deve ser tarefa de toda a sociedade. Cabe ao poder público, nos três 
níveis de administração, parte importante da resposta. No entanto, não se deve 
esperar que o governo isoladamente forneça todas as soluções. O efetivo 
enfrentamento das dificuldades só ocorrerá quando os principais atores sociais 
atingirem um grau de conscientização que incentive uma ação coordenada e plural. 
Os relatórios estão disponíveis no site www.unicef.org.br. 
 
 
 22
 
Alguns números 
 
• A taxa de mortalidade infantil é um dos indicadores que, ao 
ser considerado de maneira histórica, mostra os importantes 
avanços ocorridos. Usadas como indicadores básicos de 
desenvolvimento humano, a taxa de mortalidade infantil, 
número de crianças que morrem antes de completar 1 ano 
de vida para cada mil nascidos vivos, e a taxa de 
mortalidade de menores de 5 anos, também chamada de 
taxa de mortalidade na infância, revelam muito sobre as condições de vida e a 
assistência de saúde em um país. 
Em 1980, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), era 
de 82,8 por mil. Em 2004, ano da estimativa mais recente, chegou a 26,6. No 
período de 1994 a 2004, houve uma queda de 32,6%, chegando a 26,6 por mil 
nascidos vivos. 
No entanto, uma comparação feita pelo UNICEF em 2005 revelou que o Brasil 
tem a terceira maior taxa da América do Sul, atrás da Bolívia e da Guiana. 
Em termos geográficos, a Região Nordeste é a mais vulnerável do Brasil quanto 
à mortalidade infantil. Sua taxa equivale a mais que o dobro das taxas 
verificadas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. 
As taxas de mortalidade infantil diferem também dentro de uma mesma região, 
de acordo com o grupo social. Em nível nacional, a taxa relativa aos 20% mais 
pobres era mais que o dobro da taxa dos 20% mais ricos em 2000. 
A raça é outro fator determinante. Entre os filhos de mulheres brancas, em 
2000, a taxa de mortalidade infantil era 39,7% menor que entre os filhos de 
mulheres negras e 75,6% menor que entre filhos de mulheres índias 
• Em toda a década de 1990, os acidentes e a violência, classificados 
internacionalmente como causas externas, destacaram-se como a principal 
causa de óbitos de crianças de até 9 anos de idade. 
De 1996 a 2003, eles foram responsáveis por 21,11% das mortes de meninos e 
meninas de 1 a 6 anos, segundo dados do Sistema de Informações sobre 
Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. 
• A desnutrição infantil é um problema de dimensões alarmantes em boa parte 
do mundo. Associada à pobreza e à desigualdade, é um expressivo fator de 
mortalidade de crianças nos países em desenvolvimento, apesar dos esforços 
realizados nas últimas décadas para reduzir esse índice. 
A proporção de crianças com baixo peso para a idade, principal indicador 
utilizado no Brasil, era de 18,4% em 1974, caiu para 7% em 1989 e chegou a 
5,7% em 1996. Esta última porcentagem é muito menor que a média estimada 
pela OMS para a Ásia (32,8%) e a África (27,9%) na mesma época, e também 
 23
menor que a média da América Latina (8,3%), porém é maior que os índices 
apresentados pelos países desenvolvidos, que são próximos de 1%. 
Um estudo mais recente, realizado pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), demonstra que a desnutrição infantil se 
mantém em queda no País nos primeiros anos desta década. O estudo utilizou 
dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (Siab), desenvolvido pela 
área de informática do Ministério da Saúde. As informações referem-se à 
população atendida pelo Programa Agentes Comunitários de Saúde (Pacs) e 
pelo Programa Saúde da Família (PSF). Dentro desse universo, que corresponde 
a cerca de 40% da população brasileira, foram consideradas as crianças 
menores de 2 anos, que representam o grupo mais vulnerável à desnutrição. 
Entre 1999 e 2004, a porcentagem de crianças com baixo peso para a idade 
caiu de 10,1% para 3,6%, no primeiro ano de vida, e de 19,8% para 7,7%, no 
segundo ano. 
A diminuição do número de casos de desnutrição infantil 
não significa que o problema esteja sob controle no país. 
Um dos pontos que merecem atenção é a forma como os 
casos de desnutrição infantil estão distribuídos pelo país. 
Em 1996, segundo a Pesquisa Nacional sobre Demografia e 
Saúde (PNDS), o problema era mais sério no Nordeste e no 
Norte do Brasil. Na região do Semi-Árido, que abrange 
municípios de todos os Estados do Nordeste, além do norte de Minas Gerais e 
do Espírito Santo, a proporção de crianças menores de 2 anos desnutridas é 
quase quatro vezes maior que nos Estados do Sul. Há diferenças também 
conforme o local de moradia das famílias. Na PNDS, a porcentagem de crianças 
com baixo peso para a idade nas áreas rurais (9,2%) era o dobro da relativa às 
áreas urbanas (4,6%) 
• Há uma década, creches e pré-escolas, então vinculadas à assistência social, 
foram oficialmente reconhecidas como um direito da criança: passaram a fazer 
parte da educação básica. 
Conforme a Síntese de Indicadores Sociais 2004 do IBGE, referente ao ano de 
2003, apenas 11,7% das crianças de até 3 anos freqüentavam creches. 
De acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira (Inep) relativos a 2004, e levando-se em conta a população 
segundo o Censo 2000, 55,1% das crianças de 4 a 6 anos estavam na pré-
escola. 
Segundo a Síntese de Indicadores Sociais, dos 20% mais pobres do país 
apenas 28,9% de meninos e meninas de até 6 anos freqüentam 
estabelecimentos de ensino. Já no grupo dos 20% mais ricos, mais da metade 
das crianças dessa faixa etária está na escola. 
Quando se avalia a etnia, a mais prejudicada é a indígena. De acordo com os 
dados do censo, 3,9%das crianças indígenas na faixa etária de até 3 anos 
estão na escola. As crianças de origem asiática são as mais atendidas (15,2% 
do total de meninos e meninas dessa etnia). As discrepâncias entre as taxas de 
atendimento a brancos (10,3%), negros (9,5%) e pardos (8,3%) são menos 
significativas. 
 24
Enquanto nas áreas urbanas 40% das crianças de até 6 anos freqüentam 
estabelecimentos de ensino, nas áreas rurais esse percentual é reduzido para 
27%. Dados preliminares da Sinopse Estatística da Educação Básica 2004 
mostram que o número de creches nas zonas rurais é insuficiente. Há 4.165 
estabelecimentos, distribuídos em 5.560 municípios. 
As crianças com deficiência também estão em desvantagem. A lei garante que 
meninos e meninas com deficiência podem freqüentar a educação infantil 
regular. Do total de 109.596 em creches e pré-escolas em 2004, 78,2% vão 
para escolas especiais. 
• A proporção de crianças sem registro de nascimento no Brasil é um problema 
que vem ganhando visibilidade desde a década de 1990, em debates e 
campanhas nacionais de conscientização. O grande número de crianças não 
registradas é um empecilho para conhecer a situação real da infância no país e 
criar ações e programas voltados para essa parcela da população. A falta do 
registro civil agrava ainda questões como o tráfico de crianças e o trabalho 
infantil, pois sem comprovação legal da existência de cada criança é mais difícil 
enfrentar esses problemas. 
Segundo estimativas do IBGE, com base em dados apurados até 2003, a cada 
ano quase 750 mil crianças brasileiras, mais de um quinto do total de recém-
nascidos, completam o primeiro ano de vida sem ter sido registradas e sem ter 
um documento no qual conste seu nome e o nome de seus pais. 
De 1993 a 2003, conforme estimativas do IBGE, o sub-registro se manteve 
entre 20% e 30% no Brasil. 
Fonte: Relatório “Situação da Infância Brasileira 2006” e ANDI 
 
 
1.2. PLANO DE AÇÃO DO GOVERNO RELATIVO A CRIANÇA 
ADOLESCENTE 
Presidente Amigo da Criança e do Adolescente - Plano de Ação –2004-2007 
 (transcritos partes dele). 
Apresentação 
... O Plano ora apresentado observa, ainda, os acordos 
internacionais relativos à criança e ao adolescente ratificados 
pelo Brasil na Convenção Internacional sobre os Direitos da 
Criança de 1989 e, particularmente, na Seção Especial pela 
Criança realizada pela ONU em 2002, que estabeleceu no 
documento “Um Mundo para as Crianças” os seguintes 
compromissos: 
1. Promovendo Vidas Saudáveis; 
2. Provendo Educação de Qualidade; 
3. Proteção contra Abuso, Proteção e Violência, e 
4. Combatendo HIV/AIDS.... 
 
 25
I - Introdução 
A Constituição Brasileira introduz uma nova dimensão às políticas públicas da 
infância e da adolescência ao declarar “prioridade absoluta” à promoção da proteção 
integral da criança e do adolescente, por parte do Estado, da família e da sociedade. 
Esta inovação tem provocado, desde então, transformações legais e institucionais, 
regulamentadas em diversas legislações, sendo a principal o Estatuto da Criança e do 
Adolescente – ECA (Lei Federal 8069 de 13 de julho de 1990). 
O ECA orienta-se pela doutrina da proteção integral às crianças e adolescentes 
contida na “Doutrina das Nações Unidas para a proteção dos direitos da infância”, a 
qual reflete, basicamente, quatro instrumentos: 
(I) a Convenção Nacional das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança; 
(II) as Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça dos 
Menores (Regras de Beijing); 
(III) as Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinqüência Juvenil; e 
(IV) as Regras Mínimas das Nações Unidas para a Proteção dos Jovens Privados de 
Liberdade. 
No Estatuto também foram incluídos dispositivos decorrentes da Convenção nº 
138 da Organização Internacional do Trabalho, de 1973, sobre a Idade Mínima de 
Admissão ao Trabalho, fixada em 16 anos, e da Convenção de Haia sobre a Proteção 
das Crianças em Matéria de Adoção Internacional, ratificadas pelo Brasil em 1999. 
O ECA garante à criança e ao adolescente todos os direitos constantes na 
Convenção sobre os Direitos da Criança e destaca o princípio democrático da 
participação e do controle da sociedade civil na formulação e na execução das ações 
públicas de promoção e de defesa de direitos. O Estatuto propõe-se a instituir um 
novo modelo de políticas públicas voltadas para a garantia dos direitos da infância e 
da adolescência, baseado em ações intersetoriais orientadas por alguns princípios 
fundamentais, como: 
(I) o direito à vida e à saúde; 
(II) o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade; 
(III) o direito à convivência familiar e comunitária; 
(IV) o direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer; e 
(V) o direito à profissionalização e à proteção ao trabalho. 
O cumprimento da legislação, que é considerada avançada por se constituir a 
única no contexto latino-americano adequada aos princípios da Convenção das Nações 
Unidas sobre o Direito da Criança, ainda é um desafio no Brasil, principalmente 
quando se consideram as características históricas que marcaram as ações de atenção 
à criança e ao adolescente no país, cuja prática enfatizava os aspectos caritativos e 
repressivos em detrimento da garantia de direitos básicos de cidadania para grande 
parte da população infanto-juvenil. 
As crianças e adolescentes brasileiros são ainda considerados a parcela mais 
vulnerável da população. Muitas delas se defrontam com problemas decorrentes da 
pobreza e dificuldades de acesso a serviços públicos de qualidade nas áreas de 
educação, saúde, esporte, lazer e profissionalização. Como agravante, a garantia de 
uma vida saudável é prejudicada pela baixa cobertura dos serviços de abastecimento 
de água e esgotamento sanitário, sendo as estimativas de que 19,1%, 
aproximadamente, das famílias brasileiras não são atendidas por rede geral de água e 
36% não têm acesso a serviços de esgotamento sanitário. 
 26
Alguns indicadores sociais expressam as conseqüências desse quadro de 
precariedade: 
• os elevados índices de mortalidade materna nas capitais, em torno de 
74,5 por 100 mil nascidos vivos; 
• as expressivas desigualdades regionais no que diz respeito à mortalidade 
infantil, sobressaindo-se a região Nordeste, com uma taxa igual a 44,2 
óbitos por mil nascidos vivos, e a região Sul, com 19,7 por mil; 
• a insegurança alimentar, que assola 23 milhões de brasileiros (14% da 
população); 
• a baixa qualidade do ensino, que leva a que 59% das crianças ainda 
sejam analfabetas após terem cursado pelo menos 4 anos de estudo; e 
• toda a sorte de maus tratos, abusos e violências, como a exploração 
sexual, o desaparecimento e o abandono, que fazem parte do cotidiano 
de grande parte das crianças e adolescentes brasileiros. 
...Foi com esse intuito que o Governo destacou entre os desafios prioritários do 
Plano Plurianual 2004- 2007 – PPA 2004-2007 – o de “reduzir a vulnerabilidade das 
crianças e de adolescentes em relação a todas as formas de violência, aprimorando os 
mecanismos de efetivação de seus direitos”. 
 
1.3. ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
ECONOMICAMENTE ATIVOS 
 
MINISTÉRIO DA SAÚDE 
http://dtr2001.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Diretriz_ultima_versao_170505.pdf 
Figuras: http://images.google.com.br 
 
 
...Introdução 
A gravidade e a complexidade da realidade das crianças e 
adolescentes em situação de trabalho no Brasil vem mobilizando 
diversos setores e instituições governamentais e não-
governamentais, na luta pela defesa dos direitos deste grupo 
populacional. Neste sentido, muitos foram os avanços no 
combate ao problema nos últimos anos, dentre esses podemos 
citar: o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho 
Infantil e Proteção do Trabalhador Adolescente, a implantaçãopelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do 
programa de transferência de renda intitulado PETI – Programa de Erradicação do 
Trabalho Infantil, e a elaboração de um plano nacional para a erradicação do trabalho 
infantil pela CONAETI (Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Infantil), 
coordenada pelo Ministério do Trabalho. 
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069/90) promoveu 
mudanças de conteúdo, método e gestão no panorama legal que trata dos direitos da 
criança e do adolescente, incluindo a questão do trabalho. Adotou a doutrina de 
proteção integral, segundo a qual, se dá o reconhecimento desses como sujeitos de 
direitos. Tem por base a descentralização político-administrativa e a participação de 
organizações da sociedade civil na formulação e co-gestão de políticas e propostas 
para atender a crianças e adolescentes. Cria os conselhos de direitos municipais, 
estaduais e nacional, e conselhos tutelares. Assim, o combate ao trabalho infantil 
 27
tornou-se uma questão de garantia de direitos e de responsabilidade de toda a 
sociedade. 
No que tange a área da saúde, o Ministério da Saúde através da Área Técnica 
de Saúde do Trabalhador (COSAT), elaborou e vem implantando uma Política Nacional 
de Saúde para a Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção do Trabalhador 
Adolescente. 
Como desdobramento desta Política podemos destacar a elegibilidade de 
crianças e adolescentes acidentadas no trabalho, como evento passível de notificação 
compulsória, segundo a Portaria GM 777 do Ministério da Saúde, de 28 de abril de 
2004. 
Tal Política entende que o SUS tem papel de extrema relevância na atenção 
integral a saúde das crianças e adolescentes trabalhadores, identificando-os, 
promovendo ações de educação sobre saúde e segurança no trabalho, avaliando a 
associação entre o trabalho e os problemas de saúde apresentados, realizando ações 
de vigilância em saúde e atuando de forma articulada com outros setores 
governamentais e da sociedade na prevenção do trabalho infantil, bem como, na 
erradicação do trabalho infantil perigoso conforme a legislação. Além disso, por estar 
amplamente distribuído em todo o país e atender um grande número de indivíduos 
abaixo dos 18 anos, o SUS é um sistema público de grande capilaridade com potencial 
para disseminar de forma eficiente esta Política. 
O trabalho infanto-juvenil está presente em vários países do mundo, 
apresentando configurações peculiares nos países de economia periférica. Segundo 
dados da PNAD (Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar) existem no Brasil cinco 
milhões e meio de crianças e adolescentes economicamente ativos entre 5 e 17 anos 
de idade (IBGE, 2001). A legislação nacional em vigor permite, em circunstâncias 
especiais, o trabalho para maiores de 14 anos na condição de aprendizes e para 
maiores de 16 anos na condição de trabalhadores, protegidos e com os direitos 
trabalhistas e previdenciários assegurados. Entretanto, há no país cerca de 2 milhões 
de crianças entre 5 e 13 anos em situação de trabalho. Dados oficiais indicam também 
que, cerca de 1 milhão e meio de adolescentes com idades entre 14 e 15 anos e, 2 
milhões com 16 a 17 anos têm trabalho remunerado (IBGE, 2003). Baseando-se em 
estimativas internacionais poder-se-ia inferir que, pelo menos metade dos 
adolescentes trabalhadores desenvolvem atividades definidas como perigosas 
No Brasil, entre as crianças economicamente ativas, 65,1% são homens, 33,5% 
trabalham 40 horas ou mais por semana, 48,6% não têm remuneração, mais da 
metade utiliza produtos químicos, máquinas, ferramentas ou instrumentos no trabalho 
e 80% combinam o trabalho com a freqüência à escola. A maior parte trabalha em 
atividade agrícola (43,4%), mas quando se considera as faixas etárias mais jovens 
estas cifras chegam a alcançar 75,9% no grupo de 5 a 9 anos, e 56% no grupo de 10 
a 14 anos 
Sabe-se também que, mais de 80% dos trabalhadores economicamente ativos 
estão inseridos no setor informal da economia, e que os serviços domésticos são 
provavelmente uma das atividades produtivas urbanas, que mais emprega as 
meninas. 
Embora apresentando números expressivos, pondera-se que os dados oficiais, 
referentes ao trabalho de crianças e de adolescentes em nossa sociedade ainda são 
parciais, dificultando o conhecimento de suas realidades de vida e trabalho. Para 
justificar tal afirmativa, destaca-se: o fato de muitas ocupações exercidas por estes 
grupos populacionais não serem consideradas como “trabalho”, embora tenham 
abrangência das atividades realizadas por adultos (o trabalho doméstico é um bom 
exemplo desta afirmativa) são denominadas como “ajuda” e, portanto, não entram 
nas estatísticas; além disto, as proibições legais e também o caráter intermitente 
destas atividades de trabalho, são fatores que dificultam a realização de pesquisas 
nesta área. 
 28
Convém ainda ressaltar, as peculiaridades existentes entre as várias regiões do 
país, entre as zonas rurais e urbanas, entre as diferenças de gênero, etnia e classes 
sociais quando se discute o trabalho infanto-juvenil, exigindo assim um estudo 
minucioso sobre o tema. Pondera-se também que, o setor informal da economia, onde 
há uma parcela não desprezível de trabalho infanto-juvenil, ainda permanece 
desconhecido pelos pesquisadores, pelas novas configurações que assume, no 
capitalismo contemporâneo. 
Outra questão que merece atenção refere-se à complexidade dos fatores, que 
contribuem para a inserção precoce no mercado de trabalho. Pode-se atribuí-la a duas 
ordens de fatores: a pobreza que obriga as famílias a adotarem formas de 
comportamento que incluem a oferta de mão-de-obra dos filhos menores de idade e, 
em especial o desemprego dos pais (Santana & Araújo, 2004) e; a estrutura do 
mercado de trabalho, que oferece espaços apropriados à incorporação deste 
contingente específico de mão-de-obra. 
Estes fatores são atrelados ao sistema geral de valores dominante na 
sociedade, e a regulamentação e controle por parte do Estado e da sociedade civil. 
Pondera-se ainda que, junto com a pobreza, existem aspectos de ordem cultural e 
ideológica levando ao ingresso precoce no trabalho. Um destes é referente à crença 
de que o trabalho constitua elemento disciplinador e preventivo da marginalidade, 
quando se trata daqueles inseridos nas camadas populares. Além disso, não podemos 
secundarizar o orgulho dos pais, em algumas situações, em transmitirem aos seus, o 
próprio ofício. 
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, as 
crianças e adolescentes trabalhadores fazem parte do grupo de 
"crianças em circunstâncias especialmente difíceis" (Salazar, 1993). 
Elas possuem certas qualidades e habilidades que o mundo do 
trabalho precisa ou busca, como a rapidez e a agilidade, e o 
destemor frente ao perigo. Ao mesmo tempo estão em desvantagem 
nas relações de trabalho, sujeitas a inadequadas condições de 
trabalho e a regras disciplinares próprias deste sistema que podem 
afetar sua saúde (Ventura et al, 1989). 
O trabalho diminui o tempo disponível da criança para seu lazer, vida em 
família, educação, e de estabelecer relações de convivência com seus pares e outras 
pessoas da comunidade em geral. Além disso, experimentam um papel conflitante na 
família, no local de trabalho, e na comunidade, pois como trabalhadores, adolescentes 
e crianças são levados a agir como adultos, porém não podem escapar do fato de que 
são sujeitos em desenvolvimento. Estes fatores são uma fonte de desgaste e podem 
afetar o desenvolvimento emocional, cognitivo e físico (Asmus et al, 1996; Meire, 
2000). 
Inscrevendo-se predominantemente na socialização daqueles inseridos em 
famílias pauperizadas, o trabalho de crianças e adolescentes acaba por lhes impor um 
custo social elevado, implicando freqüentemente na renúncia a um grau de 
escolarizaçãomaior, capaz de lhes garantir as condições necessárias para o 
desenvolvimento de suas potencialidades, e/ou numa sobrecarga de tarefas na 
conciliação entre trabalho e escola (Teixeira et al 2004; ischer et al, 2003; Oliveira et 
al, 1999). De acordo com Santana et al. (2005), a proporção de abandono escolar foi 
quase três vezes maior entre as crianças e adolescentes que trabalhavam quando 
comparados aos que não trabalhavam, e maior a freqüência de problemas no 
desempenho escolar entre os do sexo masculino, e de saúde entre as mulheres. 
Crianças e adolescentes vivem um processo dinâmico e complexo de 
diferenciação e maturação. Precisam de tempo, espaço e condições favoráveis para 
realizar sua transição, nas várias etapas, em direção à vida adulta. A exaustão 
corporal provocada por uma carga de trabalho além do “suportável” pelo organismo 
do indivíduo - fadiga ocupacional, muscular, visual - associada a um aporte nutricional 
 29
insuficiente, parecem ser os fatores precipitantes para o desenvolvimento das 
patologias (Asmus,2001). O rápido crescimento durante a adolescência impõe 
necessidades nutricionais muito grandes, especialmente durante um e meio a dois 
anos, quando o ritmo de crescimento chega ao máximo. Neste período as 
necessidades nutricionais podem chegar ao dobro do necessário durante o resto da 
adolescência (OPAS, 1995). 
Junto a isso, os acidentes e doenças relacionadas ao trabalho refletem as 
condições precárias em que este vem sendo exercido, independente da faixa etária do 
trabalhador. No Brasil, de acordo com os dados oficiais disponíveis, em 1997, foram 
registrados 4.314 benefícios, concedidos em decorrência de acidentes de trabalho 
para menores de 18 anos de idade. A gravidade dessa questão se evidencia frente ao 
achado de 218 óbitos por acidente de trabalho nessa faixa de idade, embora este 
número deva estar consideravelmente sub-registrado, na medida em que, nesta faixa 
etária, a maioria dos trabalhadores não tem registro profissional. Resultados de 
estudos de base comunitária mostram que a incidência de acidentes de trabalho entre 
jovens de 10 a 20 anos varia entre 13% para atividades na agricultura (Fehlberg et 
al., 2001) e entre 3,2% a 6,1% em áreas urbanas, reduzindo-se com o aumento da 
idade (Ribeiro & Barata, 1998; Santana et al, 2003). 
Esta diretriz se insere no conjunto de iniciativas, preconizadas pelo Ministério da 
Saúde, com o intuito de formar e dar suporte técnico ao Sistema Único de Saúde – 
SUS, para que este, com base em suas prerrogativas, se insira ativamente nas ações 
de prevenção e erradicação do trabalho infantil e proteção do trabalhador adolescente 
em todo o Brasil. 
Etapa I - Identificação de situação de trabalho 
Toda criança ou adolescente que procure um Serviço de Saúde deve ter sua situação 
de trabalho mapeada/identificada: 
Etapa II – Avaliação e diagnóstico. 
Todas as crianças e adolescentes trabalhadores ou com história pregressa de trabalho, 
independente da situação de trabalho (legal ou ilegal). 
Etapa III - Encaminhamentos 
Para todas as crianças e adolescentes em situação de trabalho: 
 
Recomendações 
1. Identifique a situação de trabalho e escolar de todas as 
crianças e adolescentes que comparecerem ao serviço de saúde. 
2. Utilize o conceito amplo de trabalho que inclua atividades 
informais, os trabalhos domiciliares, familiares, atividades 
consideradas “ajuda”, não-remunerado ou com benefícios 
secundários, como casa e comida. 
3. Use as definições presentes na legislação brasileira para 
determinar a ilegalidade do trabalho com especial atenção a condição de aprendiz. 
4. Consulte a lista do Ministério do Trabalho e Emprego sobre Trabalho Infantil 
Perigoso (TIP) na determinação da ilegalidade do trabalho na adolescência. 
5. Investigue a história ocupacional pregressa, visando o estabelecimento da 
possibilidade de nexo ocupacional, com atividades desenvolvidas previamente. 
6. Considere a exposição ocupacional a diversos tipos de estressores no trabalho que 
possam prejudicar a saúde dos adolescentes. Ex. agentes físicos (ruído, desconforto 
térmico-frio ou calor, umidade do ar, má ventilação, má iluminação, pisos 
escorregadios e ou irregulares, etc), biológicos (bactérias, vírus, protozoários, fungos, 
helmintos, animais peçonhentos), químicos (agrotóxicos, fertilizantes, poeiras, 
solventes e outros hidrocarbonetos aromáticos, tintas, etc), fisiológicos (sobrecargas 
 30
física e mental). Leve também em consideração a organização do trabalho (tais como: 
a duração da jornada, os modos de trabalharritmos de trabalho, a duração e 
freqüência das pausas inter e intra-jornadas, as más posturas corporais durante o 
trabalho, a repetitividade das tarefas, etc). 
7. Registre os riscos de acidentes do trabalho decorrentes das formas de transporte 
aos locais de trabalho e retorno à residência, das más condições dos ambientes de 
trabalho, tanto as citadas no item anterior, e outras tais como: o manuseio de 
ferramentas e ou equipamentos perigosos, o trabalho em locais insalubres, os 
múltiplos riscos inerentes às tarefas e à má organização do trabalho, à inadequação 
das exigências no trabalho com a idade e desenvolvimento do adolescente. 
8. Considere os fatores psicossociais no trabalho também como fatores de risco à 
saúde do adolescente. Segundo a Organização Internacional do Trabalho e a 
Organização Mundial da Saúde (1984) referem-se estes às interações entre: o 
ambiente de trabalho, o conteúdo do trabalho, as condições organizacionais, as 
relações no trabalho (com a chefia, colegas, tipo de contrato, tipo de remuneração, o 
assédio moral e sexual), as necessidades dos adolescentes particularmente no que diz 
respeito às suas tradições, à cultura, as repercussões do trabalho na convivência 
familiar, na freqüência e desempenho escolar, no acesso a atividades extra-
curriculares, nas possibilidades de lazer e de convivência do adolescente com seus 
pares. 
9. Promova ações para afastar imediatamente do trabalho crianças e adolescentes 
inseridos em formas inquestionavelmente piores de trabalho infantil. São elas: 
exploração sexual comercial, trabalho escravo, trabalho em atividades ilícitas, com 
especial atenção no tráfico de drogas, e trabalhos em circunstâncias suscetíveis de 
prejudicar a saúde, a segurança e a moral. 
10. Lembre que, segundo a Portaria 777, acidentes de trabalho com crianças e 
adolescentes devem ser obrigatoriamente notificadas no SINAN, sob o código do 
CID 10a Y96 (Circunstâncias relativas às condições de trabalho). 
11. As atividades de educação em saúde e segurança no trabalho são imprescindíveis 
em todos os níveis de atenção do SUS, mesmo quando crianças e adolescentes não 
estiverem inclusos no mercado de trabalho. 
12. Busque a articulação com escolas, empresas, programas de transferência de 
renda, programas de capacitação e treinamento para o trabalho, centrais de 
atendimento aos trabalhadores, órgãos responsáveis pela defesa dos direitos das 
crianças e adolescentes, setores de inspeção do trabalho e redes sociais de apoio. 
13. Empresas que empregam adolescentes devem ser objeto de sistemática vigilância 
nos ambientes e condições de trabalho. 
14. Todo adolescente aprendiz assim como aqueles vinculados a programas 
educativos de preparação para inserção no mercado de trabalho precisam receber 
orientação em saúde e segurança no trabalho 
15. Adolescentes em conflito com a lei, cumprindo medidas sócio-educativas de 
prestação de serviços à comunidade, não devem estar em situação de trabalho. No 
entanto, estas atividades necessitam de avaliação, para que não configurem 
exposição a riscos à saúde. 
16. As abordagens coletivas (famílias, comunidades etc) de erradicação do trabalho 
infantil se apresentam como mais efetivas do que as abordagens individuais. 
17. O investimento na formação de recursoshumanos da área de saúde é 
imprescindível para a implantação desta diretriz. 
 31
18. Deve-se conhecer o perfil das atividades produtivas locais, de modo a permitir um 
adequado planejamento das ações a serem implementadas. 
19. Faz-se necessário construir indicadores de avaliação, que permitam o 
monitoramento do impacto das ações na transformação do modelo de atenção 
vigente. 
20. Por se tratar de crianças e adolescentes, há que se cuidar especialmente dos 
aspectos éticos profissionais, como a questão do sigilo e confidencialidade das 
informações prestadas pela clientela, e a obrigatoriedade da notificação aos 
responsáveis, ou no caso da ausência destes, ao Conselho Tutelar. 
 
Modelos de Fichas (a serem incluídas no prontuário do paciente) 
 
Diretriz para Atenção Integral à Saúde de Crianças e Adolescentes 
Economicamente Ativos 
Perguntas Filtro para serem incluídas na Ficha do Acolhimento: 
Você tem ou tinha algum trabalho com salário? (0) não (1) sim 
Você faz ou fazia algum trabalho/ajuda sem receber dinheiro, para pais, parentes ou 
patrão? (0) não (1) sim 
Instrução: Caso o paciente responda sim a pelo menos uma das perguntas anteriores 
preencha a Ficha de Anamnese Ocupacional 
 
FICHA DE ANAMNESE OCUPACIONAL 
(As frases e perguntas em itálico são orientações ou perguntas para o profissional de 
saúde) 
Nome: ____________________________________________________________ 
Endereço: __________________________________________________________ 
Telefones: _________________________________________________________ 
Sexo: Conforme cadastro do paciente 
Etnia: Conforme cadastro do paciente 
Escolaridade: Conforme cadastro do paciente 
Nível econômico: Conforme cadastro do paciente 
Idade: (1) menos de 14 anos ver conduta 
(2) 14 a 15 anos 
(3) maior de 16 anos 
Se o trabalhador tem de 14 a 15 anos: 
Você está trabalhando como aprendiz? (0) não ver conduta (1) sim 
Para todos os trabalhadores que estão trabalhando atualmente 
Que tipo de trabalho você faz? (descrever as tarefas ou atividades)____________ 
__________________________________________________________________ 
 
Em que empresa, firma ou local você trabalha?____________________________ 
 
Quanto você ganhou no último mês? R$ __ __ __ __ __,__ __ 
 
Ramo Produtivo: (1) agricultura (2) comércio (3) trabalho doméstico 
(4) outro setor de serviço (5) indústria (6) construção (7) trabalho avulso 
(flanelinha, guardador de carro, etc) 
A ocupação ou tarefa é considerada Trabalho Infantil Perigoso? 
(0) não (1) sim ver conduta 
Avaliação das exposições no trabalho 
 
No seu trabalho você é: 
(1) empregado (2) autônomo (conta própria)/ biscateiro 
 32
(3) patrão (4) outro________________________________________________ 
Se empregado, você tem contrato ou carteira assinada? (0) não (1) sim 
Quantas horas você costuma trabalhar por semana? __ __ horas 
Você trabalha entre as 22 e 06 horas? (0) não (1)sim 
 
A temperatura em seu local de trabalho costuma ser: 
(1) boa (2) quente (3) muito quente (4) fria (5) muito fria 
O seu local de trabalho costuma ser abafado, pouco ventilado? (0) não (1)sim 
 
No seu trabalho costuma ter mudanças bruscas de temperatura? 
(0) não (1)sim 
Você tem que trabalhar a céu aberto, na rua? (0) não (1) sim 
 
No seu trabalho você tem contato com: 
Poeira ou pós (0) não (1) sim 
Fumaça ou gases (0) não (1) sim 
Vapor d’água ou umidade (0) não (1) sim 
Óleos, graxas, lubrificantes (0) não (1) sim 
Solventes, tiner, tinta (0) não (1) sim 
Colas (0) não (1) sim 
Desinfetantes, cloro e derivados, soda (0) não (1) sim 
Pesticidas, agrotóxicos (0) não (1) sim 
Asbesto, amianto ou sílica (0) não (1) sim (9) não sei 
Isocianatos (0) não (1) sim (9) não sei 
Benzeno, tolueno, xileno, estireno (0) não (1) sim (9) não sei 
Mercúrio (0) não (1) sim (9) não sei 
Compostos orgânicos (0) não (1) sim (9) não sei 
Outras substâncias químicas (0) não (1) sim, Quais?__________________________ 
Substâncias cancerígenas (0) não (1) sim (9) não sei, 
Quais?______________________________________________________________ 
Sangue ou outros líquidos do corpo (0) não (1) sim 
Lixo (0) não (1) sim 
Animais peçonhentos (0) não (1) sim 
 
Você tem que trabalhar: 
Em baixo da terra (0) não (1) sim 
Em baixo da água (0) não (1) sim 
Em locais fechados e estreitos (confinados) (0) não (1) sim 
Em altura, sem proteção (0) não (1)sim 
Com máquinas ou ferramentas que podem causar cortes, ferimentos, queimaduras 
(0) não (1)sim 
Com substâncias em altas temperaturas (0) não (1)sim 
Com que freqüência você trabalha em pé? 
(1)freqüentemente (2) às vezes (3)raramente (4) nunca 
Com que freqüência você trabalha sentado? 
(1)freqüentemente (2) às vezes (3)raramente(4) nunca 
Com que freqüência você trabalha agachado, ajoelhado ou com o corpo torcido 
(1)freqüentemente (2) às vezes (3)raramente (4) nunca 
Com que freqüência você tem que fazer suas tarefas de trabalho com muita rapidez? 
(1)freqüentemente (2) às vezes (3)raramente (4) nunca 
Com que freqüência você tem que fazer muita força? 
(1)freqüentemente (2) às vezes (3)raramente (4) nunca 
No seu trabalho você tem que repetir muitas vezes as mesmas tarefas? 
(1)freqüentemente (2) às vezes (3)raramente (4) nunca 
 33
Você tem tempo suficiente para cumprir todas as tarefas de seu trabalho? 
(1)sempre (2) às vezes (3)raramente (4) nunca 
Você tem possibilidade de aprender coisas novas em seu trabalho? 
(1)freqüentemente (2) às vezes (3)raramente (4) nunca 
Seu trabalho exige muita habilidade ou conhecimento especializados? 
(1)freqüentemente (2) às vezes (3)raramente (4) nunca 
Seu trabalho exige que você tome iniciativas? 
(1)freqüentemente (2) às vezes (3)raramente (4) nunca 
Você pode escolher como fazer o seu trabalho? 
(1)freqüentemente (2) às vezes (3)raramente (4) nunca 
Em seu trabalho existe um ambiente calmo e agradável? (0) não (1) sim 
Em seu trabalho você se relaciona bem com seus chefes? (0) não (1) sim 
No seu trabalho você tem que utilizar equipamentos de proteção individual como 
botas,luvas, máscara, capacete, protetor auditivo ou outros? 
(0) não (1) sim, este trabalho possivelmente é inadequado para menores de 18 anos 
O seu trabalho tem algum outro risco de acidente ou doença além dos já 
mencionados? 
(0) não (1) sim, quais? 
(1) ________________________________________________ 
De acordo com os riscos identificados promover ações de educação em saúde e 
segurança no trabalho 
 
Você está estudando? (0) não (1) sim, em que turno? (1) manhã (2) tarde (3) noite 
O trabalho atrapalha seus estudos? (0) não (1) sim 
O trabalho ajuda seus estudos? (0) não (1) sim 
Você tem tempo para se divertir? (0) não (1) sim 
 
O que você faz no seu tempo livre? 
a) pratica esportes (0) não (1) sim 
b) vê televisão, vídeo, DVD (0) não (1) sim 
c) vai a bailes (0) não (1) sim 
d) namora (0) não (1) sim 
e) participa de atividades religiosas (0) não (1) sim 
f) vai assistir jogo de futebol ou outros esportes (0) não (1) sim 
g) joga no computador, videogame (0) não (1) sim 
h) outras atividades__________________________________________________ 
 
Por que você trabalha? 
Precisa ajudar a família (0) não (1) sim 
Quer ser independente (0) não (1) sim 
Deixou de estudar (0) não (1) sim 
Outro motivo _______________________________________________________ 
 
Alguém na casa onde você mora está desempregado? (0) não (1) sim, 
Quem? pai (2) mãe (3) irmão(ã) (4) companheira(o) (5)outro 
Alguém na casa onde você mora está doente? (0) não (1) sim, 
Quem? pai (2) mãe (3) irmão(ã) (4) outro 
Seus pais são separados? (0) não (1) sim 
 
Nos dias de trabalho quantas horas costumas dormir? __ __ horas 
Você já trabalhou antes? 
 
Ramo Empresa Tarefa Riscos 
Você já se machucou, cortou, quebrou, queimou ou levou choque no trabalho? 
 34
(0) não (1) sim, quantas vezes? __ __ vezes 
Você já sentiu dor nas costas