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Hanseníase: Causas, Sintomas e Classificação

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SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO
CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 
CURSO TÉCNICO EM ENFERMAGEM
HANSENÍASE
TRABALHO DE CLÍNICA MÉDICA
Chapecó
2016
1 INTRODUÇÃO
A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo principal agente etiológico é o Mycobacterium leprae (M. Leprae). Esse bacilo tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos (alta infectividade), no en­tanto poucos adoecem (baixa patogenicidade). Estas propriedades não ocorrem em função apenas de suas características intrínsecas, mas dependem, sobretudo, da relação com o hospedei­ro e o grau de endemicidade do meio, entre outros aspectos. A doença atinge pele e nervos periféricos podendo levar a sérias incapacidades físicas. O alto potencial incapacitante da hanseníase está diretamente relacionado ao poder imunogênico do M. leprae.
A hanseníase parece ser uma das mais antigas doenças que acomete o homem. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procede da Ásia, que, juntamente com a África, são consideradas o berço da doença. A melhoria das condições de vida e o avanço do co­nhecimento científico modificaram o quadro da hanseníase, que há mais de 20 anos tem tratamento e cura. No Brasil, no período de 2007 a 2011, uma média de 37.000 casos novos foram detectados a cada ano, sendo 7% deles em menores de 15 anos. A hanseníase é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional e de investigação obrigatória. Os casos diagnosticados devem ser notificados, utilizando-se a ficha de notificação e investigação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação/Investigação.
1.2 CAUSAS
 O M. leprae é um bacilo álcool-ácido resistente, em forma de bastonete. É um parasita in­tracelular obrigatório, uma espécie de microbactéria que infecta nervos periféricos, especificamente células de Schwann. Esse bacilo não cresce em meios de cultura artificiais, ou seja, in vitro. O ser humano é reconhecido como a única fonte de infecção, embora tenham sido identifi­cados animais naturalmente infectados – o tatu, o macaco mangabei e o chimpanzé. Os doentes com muitos bacilos (multibacilares-MB) sem tratamento – hanseníase virchowiana e hanseníase dimorfa – são capazes de eliminar grande quantidade de bacilos para o meio exterior (carga bacilar de cerca de 10 milhões de bacilos presentes na mucosa nasal).
1.3 FISIOPATOLOGIA
A classificação da hanseníase se fundamenta em quatro aspectos: a baciloscopia, a clínica, a imunologia e a histopatologia. Portanto a doença pode ser dividida em quatro tipos: indeterminada (quando não há comprometimento dos troncos nervosos), tuberculóide (quando já há distúrbios de sensibilidade), dimorfa (que é uma forma de transição) e virchowiana (que é o único tipo contagioso). Outra forma de se classificar esta doença é através da resistência ao bacilo e ao seu número de lesões, constituindo os casos paucibacilares (PB) e os casos multibacilares (MB), sendo o último a forma de maior transmissão da doença.
A hanseníase é doença de manifestação clínica espectral. Segundo Ridley e Jopling (1966), os polos desse espectro são ocupados de um lado pela forma mais localizada denominada tuberculóide, associada à resposta imunológica do tipo Th1 (celular), e do outro pela forma virchowiana (assim denominada no Brasil em substituição ao termo “lepromatosa” da classificação original), sistêmica, e associada à resposta imunológica do tipo Th2 (humoral), com três formas clínicas intermediárias ou borderline. Os polos tuberculóide e virchowiano correspondem aproximadamente às formas paucibacilar e multibacilar criadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para fins de orientação terapêutica.
2 SINAIS E SINTOMAS 
A maioria das pessoas que entram em contato com o bacilo não desenvolve a hanseníase. Somente cerca de 5% das pessoas adoecem. A maior ou menor resistência à doença parece ligada a fatores genéticos. O período de incubação da doença é extremamente prolongado e variável, indo de alguns meses a alguns anos. Basicamente, a hanseníase é uma doença cutânea, mas eventualmente pode afetar os olhos e os nervos periféricos. Nos indivíduos que contraem a doença, os sinais e sintomas principais são: manchas pardas na pele, às vezes pouco visíveis e de limites imprecisos (lepros em grego quer dizer manchas na pele); sensação de formigamento nas extremidades; insensibilidade térmica, à dor e ao tato, nessas áreas, o que pode ocorrer também em áreas da pele aparentemente normais; ausência da secreção de suor nessas áreas; caroços e placas em qualquer local do corpo; diminuição da força muscular, etc.
A bactéria tem preferência por instalar-se no lóbulo da orelha, joelhos, cotovelos e nos nervos periféricos. Frequentemente há alterações da musculatura esquelética e do tônus muscular, causando deformidades dos membros ou extremidades do corpo, como nariz e orelhas. Antigamente a hanseníase provocava muitas mutilações. Pode provocar feridas e lesões neurais que resultam na chamada “mão em garra” ou na perda dos dedos, das mãos e de outras partes do corpo. A insensibilidade das regiões afetadas impede que o paciente sinta dor quando exposto a ferimentos e isso serve de porta de entrada para várias infecções.
2.1 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da hanseníase é feito por meio da avaliação clínica do paciente e por testes de sensibilidade cutânea, palpação de nervos, avaliação da força motora, etc. O médico pode também fazer uma biópsia da área suspeita, que permite verificar a presença do bacilo e estabelecer a forma clínica e a gravidade da doença.
2.2 TRATAMENTO
O Tratamento é gratuito e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Antibióticos são usados para tratar as infecções, mas o tratamento completo é em longo prazo. Nas formas mais brandas (paucibacilar) demora em torno de seis meses, já nas formas mais graves (multibacilar) o tempo é de um ano ou mais.
Há alguns medicamentos específicos e combinações que são prescritas pelo médico. Alguns não podem ser tomados por grávidas, por isso avise o médico em caso de gravidez. É fundamental seguir o tratamento, pois é eficaz e permite a cura da doença, caso não seja interrompido. A primeira dose do medicamento já garante que a hanseníase não será transmitida.
A melhor forma de prevenir a doença é mantendo o sistema imunológico eficiente. Ter boa alimentação, praticar atividade física, manter condições aceitáveis de higiene também ajudam a manter a doença longe, pois, caso haja contato com a bactéria, logo o organismo irá combatê-la. Outra dica importante é convencer os familiares e pessoas próximas a um doente a procurarem uma Unidade Básica de Saúde para avaliação, quando for diagnosticado um caso de hanseníase na família. Dessa forma, a doença não será transmitida nem pela família nem pelos parentes próximos e amigos.
2.3 CUIDADOS DE ENFERMAGEM
Durante o tratamento da doença, o enfermeiro deve oferecer apoio, atendendo às ansiedades relacionadas ao impacto do diagnóstico de hanseníase, e prestar todo esclarecimento acerca da doença, bem como orientar quanto à prevenção de incapacidades, autocuidado e todo desconforto decorrente do tratamento. A consulta de enfermagem se torna essencial no estabelecimento do vínculo entre enfermeiro e a pessoa com hanseníase. Se o enfermeiro, durante a consulta, constrói um processo de confiança e compromisso com o usuário, motivando-o e, ao mesmo tempo, corresponsabilizando-o, em todas as fases do processo de cuidado, a probabilidade de abandono deste é reduzida.
Para melhoria das condições de vida do paciente, o plano de cuidado volta-se para ações como: Encorajar o paciente a identificar seus pontos positivos; Recompensar ou elogiar o progresso do paciente na direção das metas; Determinar as expectativas do paciente sobre imagem corporal com base no estágio de desenvolvimento; Auxiliar o paciente a determinar a extensão das reais mudanças no corpo e seu nível de funcionamento; Observar características da lesão;Ensinar o paciente ou familiares os procedimentos de cuidado com a lesão; Determinar a motivação para a mudança do paciente; Encorajar a substituição dos hábitos indesejáveis por hábitos desejáveis; Identificar o problema do paciente em termos comportamentais. Cuidado com lesões; Cuidado com o local; Controle da nutrição; Cuidado com a pele; Tratamento tópicos. Realização de exercício/treino para fortalecimento; Controle de energia; Assistência no autocuidado; Controle da dor; Controle do ambiente. Apoio à tomada de decisão; Assistências em exames, procedimento/ tratamento.
3 CONCLUSÃO
A hanseníase causa grande prejuízo para a vida diária e as relações interpessoais, provocando sofrimento que ultrapassa a dor e o mal-estar estritamente vinculados ao prejuízo físico, com grande impacto social e psicológico. Fazem-se, portanto, necessários abordagem multidisciplinar ao paciente, ações que visem não só à eliminação, mas também à prevenção de incapacidades, estímulo à adesão ao tratamento e combate ao estigma social, a fim de minimizar o impacto da doença sobre a vida do indivíduo. 
REFERÊNCIAS 
BACCARELLI, R. BVS. Teses. Hanseníase. Disponível em: http://hansen.bvs.ilsl.br/textoc/teses/BACCARELLI_ROSEMARI_1/PDF/intro.pdf
BRASIL. Vigilância de A a Z. Hanseníase, 2014 Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/705-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/hanseniase/11294-descricao-da-doenca
CAIRES, A. Dissertação UNIFAP - Universidade Federal do Amapá. Hanseníase. Macapá- AP, 2013. Disponível em: http://www2.unifap.br/ppcs/files/2013/07/Dissertacao-andrew-caires.pdf 
SBD-Sociedade Brasileira de Dermatologia. Hanseníase. Disponível em: http://www.sbd.org.br/doencas/hanseniase/

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