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Títulos de crédito

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Títulos de crédito
Origem: Feudo- Idade média
No direito romano, era difícil a circulação de crédito. A obrigação se constituía, em princípio por um elo pessoal entre o credor e o devedor e esta obrigação se aderia ao corpo do devedor. No primitivo direito romano o credor não podia cobrar nos bens do devedor; daí a forma de cobrança mais cruel, admitida na lei das doze tábuas, mata-lo ou vende-lo como escravos. Com a Lex Papiria, a garantia passou a ser seu patrimônio. Embora muito formal, a transmissão do crédito através da cessão, que importava, a notificação do credor.
Na idade média, devido a maior intensidade do desenvolvimento e do tráfico mercantil, procurou-se simplificar a circulação de capitais, através do aperfeiçoamento dos títulos de crédito, surgindo as letras de câmbio. Desde então difundiu-se o uso dos títulos de crédito sob vários tipos e espécies.
O que é título de crédito- Documento
O título de crédito, documento necessário ao direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. [Definição dada pelo código civil que o disciplina entre os direitos das obrigações].
Características: Literalidade (vale por si mesmo), autonomia e cartularidade (documento)
Para Vivante além destes três requisitos básicos ainda haveria o elemento da independência ou substantividade que não é geral.
Literalidade: Sua existência se regula pelo teor de seu conteúdo e se anuncia em um escrito. Somente o que nele está inserido se leva em consideração. 
Autonomia: Diz-se que o título de crédito é autônomo, não em relação à sua causa, mas porque o possuidor de boa-fé exercita um direito próprio, que não pode ser restringido ou destruído em virtude das relações existentes entre os anteriores possuidores e o devedor. Cada obrigação que deriva do título é autônoma em relação às demais.
Inoponibilidade – a segurança do terceiro de boa-fé é essencial na negociabilidade dos títulos de crédito. Daí o devedor não poder alegar em seus embargos matéria de defesa estranha à sua relação direta com o exequente, salvo provando má-fé do referido.
Abstração: Documentos abstratos, sem ligação com a causa a que devem sua origem. A causa fica fora da obrigação, como no caso da letra de câmbio e das notas promissórias. Ocorre quando o título está em circulação, isto é, quando põe em relação duas pessoas que não contrataram entre si, encontrando-se em frente uma da outra, em virtude apenas do título.
Cartularidade (documento necessário): Para o exercício do direito resultante do crédito concedido torna-se essencial a exibição do documento. Sem a sua exibição material não pode o credor exigir ou exercitar qualquer direito fundado no título de crédito. 
Características eventuais
Independência: São títulos de crédito regulados pela lei, de forma a se bastarem a si mesmos. Não se integram, não surgem nem resultam de nenhum outro documento. Não se ligam ao ato originário de onde provieram. É o caso da letra de câmbio. Não se admite a independência como uma característica geral, pois existem muitos títulos de crédito que se referem a contratos que lhes deram origem, como as ações das sociedades anônimas, que se fundam e se vinculam ao ato de constituição da sociedade anônima.
Importância: São caracteres do título de crédito, o consumo da coisa vendida ou emprestada e a espera da coisa nova destinada a substituí-la. O crédito importa um ato de fé, do credor e não é mais do que permissão de usar o capital alheio. 
A ilusão de que o crédito multiplica o capital se deve precisamente à criação dos títulos de crédito, este torna-se negociável. É um capital de certa forma, pois o detentor pode transformá-lo novamente em dinheiro. Não constitui dinheiro para a massa global de um país. E permite a possibilidade de se obter, em sua troca, outro capital em substituição àquele que se tinha emprestado anteriormente.
Sem dúvida, devido à criação dos títulos de crédito, os capitais, pela rápida circulação, tornam-se mais úteis e, portanto, mais produtivos, permitindo que deles melhor se disponha, a serviço da produção de riqueza. Compreende-se, assim, a enorme importância que adquiriram os títulos de crédito na economia atual.
Classificação:
A partir da circulação
Títulos ao portador: Os títulos emitidos ao portador não revelam o nome da pessoa beneficiada. Têm inserida a cláusula “ao portador” ou mantêm em branco o nome do beneficiário ou tomador, que é o titular do crédito. A sua circulação se processava com extrema facilidade, pela simples tradição manual. Quem os detinha presumia-se proprietário legítimo. Era usado geralmente para os títulos emitidos em massa. Por isso, com o advento da Lei Uniforme de Genebra (nº 528 infra), não são admissíveis em nosso direito a letra de câmbio ou nota promissória ao portador. O desatendimento da forma nominativa implica a inexigibilidade do débito representado pelo título irregular.
Títulos nominativos: São títulos nominativos, os emitidos em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente; e o emitente não está obrigado a reconhecer como proprietário senão quem figure no registro nessa condição. Pretende esse Código que os títulos nominativos somente possam ser transferidos através de endosso em preto, efetuada a averbação no livro do emitente.
À ordem: Se transferem mediante endosso
Títulos à ordem são os emitidos em favor de pessoa determinada, transferindo-se pelo endosso. Diferenciam-se, portanto, dos títulos nominativos porque são transferíveis pelo simples endosso, sem qualquer outra formalidade. Se a um título de crédito nominativo for inserida pelo emitente a cláusula à ordem, o título perde a sua natureza de puro título nominativo, para adotar a segunda forma, passando então a circular pelo endosso. Se o endosso for em branco, sua circulação pode prosseguir como se fora simples título ao portador.
Não à ordem: Não admitem transmissão por endosso
Repasse do título nominativo à ordem: Podem ocorrer de forma cambiária e civil
Endosso em preto: Em nome de pessoa determinada
Endosso em branco: Sem nome de pessoa determinada
A partir da hipótese de circulação
Títulos abstratos: Ex. Cheque, s/ negócio jurídico subjacente
Os títulos abstratos são os mais perfeitos como títulos de crédito, pois deles não se indaga a origem. Vale o crédito que na cártula foi escrito.
Títulos causais: Negócio jurídico subjacente, ex. duplicata
Títulos causais são aqueles que estão vinculados, como um cordão umbilical, à sua origem. Como tais, são imperfeitos ou impróprios. São considerados títulos de crédito pois são suscetíveis de circulação por endosso, e levam neles corporificada a obrigação. A duplicata, os conhecimentos de transporte, as ações, são deles exemplo.
A partir da natureza
Próprio: Representa obrigatoriamente promessa de pagamento, ex. Nota promissória
Próprios são aqueles que representam os requisitos essenciais (cartularidade, autonomia e literalidade) e criam uma típica relação cambial entre credor e devedor, revestindo-se adicionalmente, de executividade. 
Impróprio: Representa obrigatoriamente ordem de pagamento, ex. Cheque
Títulos impróprios são aqueles instrumentos jurídicos que, em virtude de sua disciplina jurídica, aproveitam somente em parte os requisitos essenciais e as características dos títulos de crédito próprios. 
Teorias do título de crédito
Existe a teoria da criação e a da emissão, ambas foram adotadas pelo nosso código civil de forma eclética.
A teoria da criação afirma que o direito deriva da criação do título. O subscritor dispõe de um elemento de seu patrimônio; o emissor fica ligado a sua assinatura, e obrigado para o futuro portador, credor eventual e indeterminado. Só com o aparecimento desse futuro detentor é que nasce a obrigação. Assim, para Kuntze, com a entrada em circulação do título é que nasce a obrigação, com a concepção do escrito nasce, apenas, o título. 
A consequência dessa teoria é que em mãos do subscritor do título já é um valor patrimonial e prestes se tornarfonte de direito de crédito. A vontade do devedor já não importa para tal efeito obrigacional: o título é que o produz. O título cria a dívida e a única condição que se impõe a sua eficácia é a posse pelo primeiro portador, qualquer que seja ela.
A teoria da emissão afirma que o ato da criação, isto é, da assinatura do título, não pode surgir vínculo algum, porque a redação e a subscrição não patenteiam ainda a vontade de se obrigar. Só após o abandono voluntário da posse, seja ato unilateral, seja por tradição, é que nasce a obrigação do subscritor. Sem emissão voluntária não se forma o vínculo. Se o título foi posto fraudulentamente em circulação, não subsiste a obrigação.

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